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Laerte Temple ...........................................................................................................65 e

Foto: Wikipédia do que chegaram bem, Tokyo era linda etc. e o trabalho ia começar. Recomendaram que vissem a abertura pela TV, às 8 da noite. Talvez eles aparecessem. Em vez de retornar ao trabalho na produtora de vídeo após o almoço, as irmãs não perderam tempo e foram para o estúdio da firma às margens da represa. Elas e mais 4 atores amadores, garanhões e sarados, passariam o fim de semana gravando cenas para um filme pornô, livres dos babacas, comendo, bebendo e participando da olimpíada sexual com verdadeiros maratonistas. E ainda por cima, com boa remuneração! É pódio na certa. Após horas de gravação intensa e cansativa, Zoraide pediu pizza e ligou a TV para ver a abertura dos jogos. Seria divertido se vissem os babacas no evento enquanto jantavam com atletas sexuais de alto desempenho. - Eles mal falam português – lembrou Jaima. Que trabalho farão? - Sei lá, limpar banheiro, recolher lixo, catar cocô no hipismo. - Foi tudo muito rápido e estranho. Aí tem coisa! - Mas veio a calhar. Pelo menos não precisamos escapar durante o almoço para transar no almoxarifado, nem inventar hora extra no sábado para gravar cenas pornô ao ar livre. O telejornal estava quase no fim, mas o que viram foi apenas um resumo da cerimônia de abertura e das primeiras provas. Desconfiada, Zoraide checou no Google. Um voo direto entre São Paulo e Tokyo dura mais de 20 horas, fora a espera no embarque, o desembaraço na chegada etc. É impossível sair de casa num fim de tarde e na manhã seguinte estar em Tokyo. E ainda tem a questão do fuso horário. - É isso – disse Jaima – o fuso horário! - O que é que tem? - Eles mandaram mensagem meio dia e trinta. Com doze horas à frente, meia noite e meia no Japão. Pediram prá gente assistir a abertura às 8 da noite, ou seja, 8 da manhã no Brasil. Foi hoje cedo. O telejornal estava no fim quando a conversa foi interrompida por uma notícia de última hora, com imagens ao vivo do local: “Incêndio destrói inferninho. O Cabaré Tokyo, no Jardim Japão, zona norte de São Paulo, está em chamas. Testemunhas disseram que dois fregueses simulavam carregar uma tocha olímpica quando um deles, bêbado e pelado, tropeçou, caiu e derramou álcool no colchão, iniciando o fogo. Um teve queimaduras leves e o outro coma alcoólico. Atendentes e clientes tiveram de sair à rua seminus para fugir do incêndio. Voltaremos a qualquer momento com mais informações.” - Zô, se veste, vamos embora. - Por que Jaima? Ainda temos muito trabalho pela frente. - Olha o Afrodísio e o Zanella entrando no carro do Resgate. Vão para o Pronto Socorro e em seguida levarão os babacas para casa. Nem para trair esses otários prestam. Cortou nosso barato. - Pôxa! Agora que a gente ia gravar a prova de revezamento.

A história do Zé Bode e Dona Maria dos ausentes

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Tony de Sousa Cineasta

O nome verdadeiro de Zé do Bode era José Alexandre. José casou-se com dona Maria dos Ausentes um pouco antes da seca de 1877. Esse apelido surgiu pelo fato dele quando mais moço, exalar um cheiro forte pois estava sempre suado devido a labuta no sol e a escassez de água. Moravam no Município de Santana, mas durante a dita seca de 77 mudaram-se para Piató, no vale do Açu. Lá progrediram e Zé do Bode passou a tomar banho direito, a se perfumar e não se falava mais no antigo apelido. Era chamado de seu José Alexandre. Conhecido nos pagodes e intimo das pagodeiras.

A esposa, Dona Maria dos Ausentes, morria de ciúmes. Toda vez que ele saia de casa inventando que ia comprar fumo e tomar uma cachacinha, ela fazia um escândalo. Ela sabia que ele ia mesmo era pros bailes. E o pau quebrava. Muita troca de acusações e o dois se pegavam com tapas e pontapés . Para variar, a mulher acabava sempre levando a pior. Ficava chorando em casa e o marido se mandava pra rua.

Numa noite de lua cheia, depois que o Zé do Bode saiu, Maria dos Ausentes criou coragem e começou a seguir o marido escondendo-se nas sobras dos arvoredos.

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