CINEMA LATINO-AMERICANO FEITO POR PESSOAS NEGRAS
ESCOLA DE PRODUCAO C AUDIOVISUAL MEMORIAS 2023
Uma parceria entre a APAN (Associação dos Profissionais Negros do Audiovisual) e a Manos Visibles (Mãos Visíveis)
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EQUIPE FOCO
Tatiana Carvalho, Presidente APAN Paula Moreno, Presidente Manos VIsibles Melina Bonfim, Coordenadora de Treinamento da APAN Valeria Brayan, Gerente de Cultura e Novas Narrativas Manos Visibles Laura Asprilla, Gerente de Audiovisual da Manos Visibles Daniel Rumana, Tradutor
APAN apan.com.br
A APAN é uma das principais organizações do ecossistema audiovisual brasileiro dedicada à promoção, valorização e difusão de produções audiovisuais realizadas e protagonizadas por pessoas negras, bem como à promoção desses profissionais no mercado audiovisual. Os pilares estruturais da APAN incluem a valorização da negritude e a defesa de seus interesses a partir de uma perspectiva inclusiva e da abordagem racial em todos os elos da cadeia audiovisual (criação, produção, distribuição e exibição). Conta com mais de 1000 associações e indivíduos filiados em diferentes regiões. Suas linhas de ação são: (i) defesa de transformações sistêmicas junto aos setores público e privado; (ii) capacitação para o setor audiovisual (ex.: laboratórios, escolas); (iii) circulação e mercado, como o Festival Internacional do Audiovisual Negro (FIANB) e a plataforma TodesPlay.
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Manos Visibles (Mãos Visíveis) manosvisibles.org
A Manos Visibles é uma organização sem fins lucrativos que, desde 2010, impactou mais de 25.000 pessoas na construção de uma rede de lideranças e organizações de vanguarda que empoderam identidades e geram soluções sistêmicas para reduzir as desigualdades culturais, educacionais e econômicas a partir de uma perspectiva racial e territorial. Uma de suas linhas de trabalho é cultura e novas narrativas, na qual desenvolveu, desde 2020, a estratégia Ethnic Audiovisual Power, que busca o protagonismo da liderança audiovisual afro-colombiana no cinema colombiano, em diálogo com a diáspora africana por meio de sua estratégia AFROINNOVA. Para isso, foram fortalecidas as empresas de produção e as organizações comunitárias, foram concedidas bolsas de estudo de pós-graduação em gestão e produção audiovisual, foram desenvolvidos laboratórios de roteiro e alianças para coproduções, bem como a defesa do Ministério da Cultura e do Fundo de Desenvolvimento Cinematográfico para a criação de uma categoria de longa-metragem para a igualdade racial.
NOSSO FOCO
As memórias da Escola de Produção Audiovisual FOCO têm a estrutura de uma história dividida em três atos, I, II e III. Comumente conhecidos como início, meio e fim, de acordo com a dramaturgia, nesses três atos um personagem é transformado, algo acontece e a história se move do ponto A para o ponto B. Embora a história da FOCO continue, ela não tem um fim preciso, tem sido um caminho de transformação para as pessoas que fizeram parte dela, os participantes da Escola FOCO, sem dúvida, não são mais os mesmos que eram no início deste filme.
PRELÚDIO Brasil e Colômbia: o álbum de fotos de uma América Latina que não quer se ver ATO I Outras academias: Escuela Foco ATO II Que cinema queremos ver na Colômbia e no Brasil feito por pessoas negras? ATO III Os personagens e suas histórias UM FINAL ABERTO. O QUE VEM A SEGUIR?
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FOTO: DIEGO ARMANDO CASSERES NAVARRO
“O passado se torna nossa fonte de inspiração, o presente um palco para respirar e o futuro nossa aspiração coletiva” Ngugi wa Thiago 4
PRELÚDIO
BRASIL E COLÔMBIA: O ÁLBUM DE FOTOS DE UMA AMÉRICA LATINA QUE NÃO QUER SER VISTA Brasil e Colômbia, os dois países com as maiores populações afrodescendentes da América Latina, compartilham uma história comum de invisibilidade narrativa dessa população. As imagens em movimento têm um efeito permanente sobre a desigualdade, sobre a estagnação das populações afrodescendentes no continente, mesmo que tenha havido avanços na representação nos últimos anos. A América Latina tem mais de 150 milhões de afrodescendentes, que constituem um público que não é representado em sua diversidade ou com dignidade. Na Colômbia, estima-se que essa população chegue a 20% e, no caso do Brasil, a 56%. Nosso foco é o poder da imagem negra nas Américas não apenas para mudar narrativas, mas realidades. Portanto, uma parte essencial de todo o processo de treinamento foi analisar e discutir as imagens, os textos, os sons e as relações de poder que moldam e perpetuam as realidades. Também estudamos as tecnologias ancestrais dos movimentos negros, seus métodos, conquistas e demandas, a fim de estabelecer mapas futuros para o audiovisual afro-latino.
Durante as sessões da Escola, os participantes da Colômbia e do Brasil conheceram a história de seus países, mesmo em contraste com uma história eurocêntrica, lembrando os pioneiros, as figuras de liberdade e luta que reivindicam as primeiras narrativas e representações dos negros. Por exemplo, no Brasil, conhecemos o importante trabalho de Zozimo Bubul e o teatro experimental negro; na Colômbia, abordamos o primeiro roteiro de longa-metragem escrito por Manuel Zapata Olivella. Em ambos países, reconhecemos os esforços dos artistas e do movimento social afro nas artes e no cinema. Naiara Leite, do ODARA (Instituto da Mulher Negra do Brasil) e Francisco Floréz (historiador), levantaram questões que permanecem em aberto: Qual é o retrato do movimento negro atual no Brasil? Qual é o retrato do movimento atual na Colômbia? Que história estamos perdendo? Que futuro? A produção audiovisual deve ser entendida como uma decisão política que influencia e transforma. Ao pensar em imagens, é essencial pensar nos sentimentos e no poder que queremos gerar nos corpos negros para dar a eles o valor e a relevância que devem ter na América Latina.
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ATO I
OUTRAS ESCOLAS: ESCUELA FOCO A Escola Foco tem como foco a narrativa audiovisual a partir e com uma perspectiva negra, para incentivar obras audiovisuais com possibilidades reais de participação em um mercado competitivo, onde o enfoque racial e suas histórias mais cotidianas possam aumentar suas audiências na América Latina e no mundo. Nosso FOCO busca uma equidade representativa que transcenda os estereótipos, que naturalize a presença e valorize as múltiplas nuances de ser negro nas Américas, bem como a subjetividade que se imprime nas diferentes realidades sociais a partir das perspectivas afrodescendentes. Abrindo o olhar, expandindo as narrativas, buscamos abordagens intencionalmente renovadas e sistêmicas. Dessa forma, a FOCO como escola foi e será um espaço de troca de experiências, onde tutores e módulos correspondem a uma perspectiva própria, urgente, necessária e disruptiva das escolas audiovisuais tradicionais, que têm perpetuado a desigualdade de quem narra e quem é narrado, quem tem acesso e quem não tem. Por essa razão, a FOCO cria sua própria academia, que, com conhecimento universal e especializado, valoriza a experiência, a história e a subjetividade, confrontando os imaginários do audiovisual afro-latino para ampliar o panorama das narrativas. 6
Nosso FOCO é uma geração diversificada de referências do cinema negro e da imagem negra a partir de uma perspectiva afro-latina. Em vez de um cinema de nicho que se isola, nossa grande aposta é naturalizar a presença afrodescendente como universal. Portanto, embora se baseie em elementos culturais, não se limita a eles, mas a partir daí pensamos no cinema colombiano ou brasileiro com uma perspectiva expansiva para a diáspora africana (1,5 bilhão de pessoas dentro e fora do continente africano), bem como para o mundo em geral. Dessa forma, as fronteiras estéticas são expandidas, conversando e ocupando lugares de relevância no mundo audiovisual em nível global. A escola abordou perspectivas sobre a cultura política do audiovisual a partir da perspectiva da igualdade racial na América Latina e no continente africano, além de se aprofundar em tópicos como roteiro, produção, indústria e distribuição. Cada módulo tinha uma estrutura conceitual que abria espaço para profundos dilemas éticos, estéticos e práticos. Por exemplo, desmistificar o documentário, entender seu início como uma prática colonialista e questionar como podemos nos apropriar desse formato fora dessa colonialidade. Da mesma forma, foi analisado o mito da Jornada do Herói, como um método universal para a criação de personagens baseados na universalidade do homem branco europeu, questionando até mesmo a estrutura aristotélica em nossas histórias, já que nossas narrativas não partem dessa linha, mas começam
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com nossas avós e mães, ancestralidade, nossa vida cotidiana e modernidade como pessoas transatlânticas. A FOCO nos convidou a criar nossas teorias, modelos narrativos e a citar nossos pensadores no trabalho que realizamos. A partir da distribuição, analisamos os desafios de preencher a lacuna entre o cinema e os audiovisuais que são vistos em territórios onde a maioria é afrodescendente ou está à margem da sociedade. Qual é o sentido de fazer filmes se as comunidades não têm acesso? Como alcançar espaços mais comerciais, como cinemas, plataformas de streaming, televisão privada aberta e por assinatura, para nichos de público na televisão pública, sites e redes sociais, bibliotecas e escolas, entre outros? Muitas questões foram levantadas com o objetivo de diversificar as respostas ao longo do tempo com a liderança criativa e disruptiva de cada participante, que constrói sua própria experiência a partir do aprendizado compartilhado pelos tutores e diferentes membros do programa.
“Tenho um papel cultural como cineasta. Se eu não estiver interessado em minha história, quem mais vai se interessar” Sarah Maldoror
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UM MODELO DE TREINAMENTO PARA FORTALECER A LIDERANÇA AUDIOVISUAL PARA A IGUALDADE RACIAL A partir da FOCO, nos propusemos a olhar para o próximo nível de audiovisuais diaspóricos e particularmente afro-latinos. Queríamos explorar as possibilidades de construção audiovisual que o Brasil e a Colômbia encontram na etnicidade, buscando explorar narrativas com bases estéticas renovadas com uma agenda e agência do visual e do audiovisual na América Latina. É por isso que nosso modelo tinha três eixos:
CONSCIENTIZAÇÃO: por meio de perguntas e reflexões diretas sobre a produção cinematográfica e audiovisual de e com pessoas negras, a partir da diversidade de olhares sobre o continente africano e sua diáspora. Como os filmes feitos no Brasil e na Colômbia têm pensado sobre as pessoas negras? Quais são os pontos de referência da diáspora africana? De onde estão sendo pensados os filmes colombianos e brasileiros feitos por pessoas negras? Abrimos um diálogo sobre as semelhanças e os contrastes nas comunidades criativas negras de ambos os países. QUALIDADE: criar e produzir produtos capazes de conquistar espaços de posicionamento global para o audiovisual afrolatino. Quais são as histórias que precisamos contar? Como contar não apenas o ancestral, mas também o futuro? Quais são os elementos-chave dessas histórias para atingir um público global? Como encontrar novas formas de produção que nos permitam ser mais visíveis a cada dia? Como fazer de nossa carreira um exercício de dignidade e bem-estar profissional sustentável? IMPACTO: a partir do intercâmbio e do trabalho articulado entre criadores, técnicos e empreendedores audiovisuais do Brasil e da Colômbia, incentiva-se um maior posicionamento da produção cinematográfica afro-latina, com produtos de visão transnacional que ampliam o público. 9
ATO II
QUE CINEMA QUEREMOS VER NA COLÔMBIA E NO BRASIL FEITO POR PESSOAS NEGRAS? Quais são os espaços, os temas e as propostas que não foram abordados nos audiovisuais colombianos e brasileiros? Como podemos nos estabelecer como uma comunidade étnica criativa? Quais são as possibilidades de construção de novos imaginários que realmente incluam questões étnicas e de gênero? Quais criações audiovisuais interessam a diversos públicos na Colômbia, no Brasil e no mundo?
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A VISÃO OPOSICIONISTA PARA GERAR A REVOLUÇÃO
Reflexões de Rodrigo Antonio, Diretor de Treinamento e Inovação do Mincultura Brasil A primeira sessão foi conduzida por Rodrigo, que falou sobre a longa trajetória de sua carreira e também sobre as motivações que, aos poucos, contribuíram para a criação da Escola FOCO na companhia da Manos Visibles. “É importante pensar na construção da memória do movimento negro, no arquivo, na preservação, na própria falta de um arquivo físico, para entendermos de onde viemos, quem somos. Estamos diante da necessidade de uma memória física de nós mesmos, confrontando um sistema capitalista e colonialista que negou nossa existência e formas de nos afirmarmos no mundo. Neste momento, estamos em um processo de redescoberta”. Manifesto Antonio durante esse espaço.
FOTO: JORGE ALDAIR PÉREZ
A partir do desenvolvimento dessa sessão, buscamos construir reflexões sobre a representação negra no audiovisual, a função da arte na construção de significados comunitários, a construção do eu coletivo de artistas negros e apontar para a possibilidade de sistematização de referentes negros em prol de metodologias afrocentradas de ficção criativa. O que é o cinema colombiano feito por pessoas negras? O que é o cinema brasileiro feito por pessoas negras? O que é a literatura colombiana contemporânea escrita por pessoas negras? As imagens fixam a memória, como podemos recuperar essa imagem muitas vezes distorcida e estereotipada? Por esse motivo, é fundamental mudar o foco e analisar de onde vêm as histórias e até onde elas podem chegar. Para encerrar a reflexão, é lida a obra “Cartas a um jovem poeta”, de Rainer Maria Rilke, e nosso tutor a adapta para “Cartas a um jovem cineasta”, um trecho abaixo: 11
Cartas para um jovem cineasta
“Você é tão jovem, ainda está passando por tudo, por isso gostaria de lhe pedir que tenha paciência com tudo o que ainda está pendente para ser resolvido em seu coração, procure respostas que não podem ser dadas agora, porque você ainda não pode vivê-las e tudo tem que ser vivido”(...) Extraído de: Cartas a um jovem poeta. Rainer Rilke Rodrigo nos convida a vivenciar as perguntas a partir de uma perspectiva e visão afro-centradas, antecipando que os participantes do FOCO poderão vivenciar as respostas em um futuro muito próximo. Ele nos convida a aceitar com confiança tudo o que está por vir, respeitando o tempo dos processos, o caminho percorrido. Na FOCO, estamos aqui para semear essas perguntas, essas sementes, para que elas sejam respostas no futuro. Este é um espaço de celebração dessas perguntas e caminhos que chegarão aos nossos corpos, a partir da ancestralidade e do dom que temos de estarmos juntos. Faremos os filmes que
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gostaríamos de ver e criaremos os arquivos físicos que não temos. Vamos sentir esse caminho criativo, a partir do peso, mas também da liberdade de nossa existência polivalente do que é ser uma pessoa negra no mundo. A beleza e a contradição de ter que lidar com essa responsabilidade.
“O que estamos procurando não está nos arquivos, o que estamos procurando está no fundo do oceano” Rodrigo Antonio
FOTO: ANA MARÍA JESSIE SERNA
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DESCOLONIZANDO AS TELAS: HISTÓRIA E CRÍTICA DO CINEMA AFRICANO Reflexões Janaina Oliveira, Pesquisadora
A história dos cinemas africanos e suas singularidades contribuem para uma compreensão crítica dos discursos e imagens atuais sobre a África, as africanidades e o mundo. A trajetória da cinematografia africana nos ajuda a entender as produções contemporâneas e como o cinema funciona naquele continente. Analisar o cinema africano a partir de uma conquista das vanguardas estéticas é fundamental, como o Afrofuturismo, por exemplo. Janaina ressalta que a câmera, de uma perspectiva africana ou africanista, é uma ferramenta espiritual e comunitária. A narrativa repetida de uma África atemporal que não está na história, muito menos na história da arte, entendendo o cinema como uma estrutura que gera imaginários históricos, Janaina se pergunta: Como seria o cinema se não fosse uma prática colonial? Fazemos parte da história do cinema colombiano ou da história do cinema brasileiro? Isso significa uma leitura crítica da história, para imprimir intencionalidade no futuro, para escrever a história do futuro. Isso implica uma gramática de intervenção do cinema, um cinema no qual a pobreza tem sido frequentemente romantizada e os traumas perpetuados que nos atravessam, mas não nos definem. Janaina nos convida a analisar a transição de
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uma África cinematográfica para uma África cinematográfica. Em seguida, ela nos leva a um passeio histórico por essa evolução com imagens em movimento, que está resumido abaixo: De uma África cinematografada para uma África cinematográfica: •
África cinematográfica: colonialismo e a organização do mundo visível. Experiências cinematográficas, os primeiros filmes anticolonialistas e os pioneiros do cinema africano.
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África cinematográfica I: O primeiro cinema africano, circulação e distribuição de filmes, os primeiros festivais de cinema e o cinema africano feito por mulheres.
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África cinematográfica II: Dimensões contemporâneas da produção cinematográfica no continente africano. Nigéria e Nollywood, narrativas queer africanas, afrofuturismo e vanguardas estéticas.
“A África é imensamente rica em potencial cinematográfico. É bom para o futuro do cinema que a África exista. O cinema nasceu na África, porque a própria imagem nasceu na África. Os instrumentos, sim, são europeus, mas a necessidade criativa e racional existe em nossa tradição oral. Como eu disse às crianças antes, para fazer um filme, basta fechar os olhos e ver as imagens. Abra os olhos e o filme estará lá. Quero que essas crianças entendam que a África é uma terra de imagens não apenas porque as máscaras africanas revolucionaram a arte em todo o mundo, mas, simples e paradoxalmente, como resultado da tradição oral. A tradição oral é uma tradição de imagens. As palavras falam diretamente à imaginação, não ao ouvido. A imaginação cria a imagem e a imagem cria, por isso estamos em uma linhagem direta como país do cinema”. (Ukadike, 2)
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Após essa análise, Janaina pergunta: Qual é a construção audiovisual diaspórica e não africana? Quais são as questões africanas? Quais são as questões diaspóricas? Fazendo um paralelo com o Brasil, ela menciona os filmes de Zozimo Bubul e sua contribuição para o desenvolvimento do cinema negro no Brasil, a fim de fazer uma pergunta adicional: Qual é o repertório, o arquivo, o repositório que estamos construindo? Para quê? E aqui ela se aprofunda na importância do público, fazendo um apelo para que conheçamos o público e nos perguntemos constantemente: Por que as pessoas não vão ao cinema? A reflexão final se conecta ao propor a descolonização do lugar da curadoria, enfatiza: “Eu vejo a curadoria como uma oferta, comecei levando para faculdades, universidades, escolas, para todo mundo eu oferecia cinema”. 16
FOTO: GUSTAVO CABEZAS
QUILOMBO CINEMA E AQUILOMBARSE REFLEXÕES TATIANA CARVALHO
Presidente APAN, Professora Universitária, Pesquisadora. O curso Cinema de Quilombo propõe uma abordagem da cultura cinematográfica e da produção audiovisual por meio da noção de quilombo em sua dimensão conceitual, a partir das formulações de Maria Beatriz Nascimento e Abdias do Nascimento, e suas consequências para a compreensão da dimensão disruptiva da ação do negro no cinema brasileiro contemporâneo. Curtas, médias e longas-metragens e trabalhos de pesquisa, crítica, curadoria e outros campos de reflexão serão abordados a partir do pensamento de intelectuais negros brasileiros e de outros países que destacam o lugar do “sujeito universal” e apontam possibilidades de descolonização na cultura, em uma aplicação desse pensamento às práticas do e com o cinema e o audiovisual. A genealogia da palavra “Quilombo”, como afirma Tatiana. “Por mais dominante que seja um sistema social, é possível que dentro dele se crie um sistema diferenciado e esse é o quilombo” e os vários significados que adquiriu no Brasil ao longo dos anos. O termo quilombo originou-se como um conceito de resistência trazido pelos povos africanos para a colônia portuguesa. Ao contrário da noção de família, o quilombo se concentrava na
ideia de compartilhamento, definindo qualquer moradia de negros fugitivos que abrigasse mais de cinco pessoas como um espaço de resistência. Esse conceito está entrelaçado com outros termos, como “Palenques”, “Cumbés” e “Cimarrones”, que representam negros fugitivos que estavam se libertando da opressão colonial. A história do movimento audiovisual negro no Brasil tem sido uma busca de liberdade por meio da afirmação do eu como sujeito negro. Isso envolveu a sistematização de trabalhos e reflexões dentro do movimento negro e feminista, traduzindo-os em histórias, roteiros e filmes. Por meio desse trabalho, o objetivo é recuperar a autoimagem a fim de reconstruir a identidade e torná-la visível. Nas palavras de Beatriz Nascimento, “Ficção Corporal” tornase um status estético-político que abrange a complexa e flutuante existência negra, historicamente representada e frequentemente excluída pelo cinema. Viver na diáspora negra se torna um ato de autoficção, em que as experiências pessoais se entrelaçam com uma narrativa mais ampla de resistência e empoderamento, introduzindo o conceito de “Quilombismo”, que representa um projeto de emancipação social para os negros por meio da imersão em sua própria
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história e cultura e da construção de uma sociedade em que os negros são protagonistas. Esse movimento também tinha um componente ideológico relacionado à correção da nacionalidade e à luta pela cidadania plena em um contexto de ausência de direitos civis. Ao final desse módulo, enfatiza-se a necessidade do “Aquilombamento”, conectando a história dos quilombos no Brasil com o processo de união dos povos negros na América Latina em uma abordagem artística e audiovisual coletiva. “O coletivo se sobrepõe então ao particular, como operador de formas de resistência social e cultural que nos reativam, restauram e reterritorializam”, enfatiza Tatiana. Ela também questiona: “Vamos permanecer na narrativa da dor, nossa existência não é apenas permeada pela violência, o que fazemos com as imagens da violência? Temos uma hiperpresença de imagens violentas, estamos hiperexpostos a imagens de morte e destruição, como propor narrativas que nos chamem à vida, que não invoquem esse lugar historicamente construído? Tatiana nos convida à arte de aquilombarse, que implica renovar as formas de pensar e fazer o audiovisual, porque não somos apenas espectadores, a recuperação da imagem como uma revolução comunicacional que muda as formas de produzir e consumir o audiovisual.
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MAPA DA DIFUSÃO DO CINEMA NEGRO NO BRASIL
Imaginar o que não pode ser verificado (Hartman, 2018)
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SOU UM ROTEIRISTA? NARRANDO MUNDOS MELHORES REFLEXÕES DE MAÍRA OLIVEIRA Roteirista
¿Sou roteirista? é a pergunta que é respondida neste módulo, que se aprofunda nas narrativas e técnicas úteis desde a concepção da ideia até a escrita do roteiro. Maira Oliveira responde a essa pergunta, é claro, enfatizando que o principal desafio para roteiristas negros em diferentes espaços é mudar a visão estereotipada dos negros. Além disso, sair de um lugar de objeto para sermos os criadores de nossas histórias.
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Maira destaca o poder do roteiro, que define o impacto da história e atinge o público, aprofunda termos como o conceito no audiovisual que descreve o tom do projeto e a proposta estética, bem como a importância dos personagens, enredos, locações, iconografia, música, entre outros. Maira enfatiza a importância de desenvolver esses elementos em detalhes para cada gênero. Finalmente, Maira aborda os parâmetros do roteiro, as salas de roteiro e a estrutura para desenvolver uma história. Ela enfatiza que cada roteirista tem seu próprio método para desenvolver uma história, mas a chave é organizar as ideias, com um bom ponto de partida para chegar a um logline e, mais tarde, a um esboço do enredo. Por fim, ela compartilha o código de honra dos roteiristas e cineastas, lembrando que o filme é como escrever com a câmera, a câmera é o olho e há códigos entre aquele que vê e aquele que é visto.
FOTO: FRAY MIGUEL BLANCO PALACIO
A COMPOSIÇÃO FOTOGRÁFICA COMO UMA FORMA DE AFIRMAR O MUNDO QUE EU REIVINDICO REFLEXIONES DE FLÁVIO REBOUÇAS Fotógrafo
Junto com Flavio, realizamos um processo de reflexão no qual abordamos por que o cinema é feito de imagens (visuais e sonoras). A imagem visual nasce na apreensão da relação limítrofe entre sombra e luz. É nessa gradação de tons, gerada por esse encontro, que há mais de um século o cinema vem sendo utilizado como meio de representação e expressão cultural de ideais, valores, conceitos de beleza. Por isso, a premissa desse workshop foi a importância da fotografia no cinema, articulando como um tripé o papel da estética, da ética e da técnica no processo de criação de imagens e construção da memória.
FOTO: DANIEL MAURICIO RODRÍGUEZ GUZMÁN
Flávio compartilhou sua experiência como diretor de fotografia e pósprodutor de imagem em filmes como Murciélago, Praia Formosa ou o documentário Racionais MC. Ao mesmo tempo, ele fez uma viagem comparativa com as artes visuais no Brasil e as representações tradicionais de ser negro. Enfatizando como temos que mudar a história da arte e seus cânones tradicionais em nossos países.
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DIREÇÃO, PROCESSOS CRIATIVOS E DIÁLOGOS LATINO-AMERICANOS
REFLEXIONES DE EVERLANE MORAES Diretora e Produtora
O diálogo com a Everlane propôs a construção de novos olhares, a partir da perspectiva de um cinema não hegemônico, que representa diferentes espaços e experiências atravessadas pelo contexto de colonização em que estamos inseridos. A intenção foi fazer uma navegação pelas formas, elementos que compõem o filme, o cinema, os conceitos que giram em torno da realização de um filme, como pensar o assunto, como materializar esse assunto em um projeto, como ter um método para filmar, escolher personagens, etc.? O ângulo definido por Everlane abordará questões filosóficas do cinema e do documentário, com o objetivo de fornecer uma abordagem das questões que envolvem o universo do autor/diretor e suas decisões éticas, estéticas e políticas no momento da filmagem. Everlane levanta a importância de entender e abordar os conceitos de estética, ética e política para dar uma abordagem integral às nossas produções audiovisuais, 22
pois como ela menciona “Toda decisão estética é uma decisão moral”, o que implica entender como todos os elementos que compõem nossos filmes têm uma interação que vai além do produto final, é todo um processo que foi desenvolvido antes, durante e depois da produção. Nessa linha, Everlane levanta a importância de se entender o cinema a partir de uma perspectiva inter, trans e multidisciplinar, pois é a única arte que reúne todas as linguagens artísticas em um único espaço, o que fala das amplas possibilidades de construção de mensagens a partir daqui, e da quantidade de decisões estéticas, morais e éticas que são tomadas na abordagem e narração das histórias, como elas estão sendo produzidas em contextos históricos específicos e os aspectos de raça, classe e gênero que atravessam as pessoas que as produzem. A Everlane nos convida a pensar o trabalho artístico ligado ao fator político, entendendo que nossas produções serão vistas por outros e a partir delas há a intenção de entregar um conceito, para isso é necessário fazer uso da estética como ponte para traduzir ideias em formas, entender a estética como uma maneira de traduzir o pensamento, onde a intenção e o gesto têm papel principal, e a partir disso inaugurar novas possibilidades de leitura, modificar percepções, onde a universalidade e a especificidade de temas e experiências geram uma nova história, uma nova visão.
TRAÇOS DE MEMÓRIA REFLEXÕES DE FABIO RODRIGUES Pesquisador e produtor audiovisual
Nesse espaço, Fabio compartilhou um método em construção, que consiste em forjar uma ferramenta capaz de operar o corte por justiça ao ator e à atriz negros no cinema brasileiro. Como compor uma história do cinema à luz do ator e da atriz negros? Como ver e pensar os agenciamentos, os exercícios de resistência ou mesmo as contra-estratégias de introdução ou subversão de significados por artistas negros? Como tecer uma história que honre o legado dos atores negros? Nesse espaço, Fabio propõe a noção de RASGO para pensar essa tensão na abertura do tecido narrativo, que, uma vez ampliado e colocado em relação, revela uma luta histórica em torno das imagens. Assim, tal método envolve um trabalho de remontagem com arquivos e análise das obras orientadas pelos atores (trajetória, performance e depoimentos). Ao longo do encontro, foram realizadas discussões sobre a construção de arquivos, formas de trabalhar com a montagem como um projeto de justiça e dignidade, bem como intervenções na história por meio da memória negra.
A CRIATIVIDADE COMO FORMA DE OTIMIZAR OS RECURSOS DE PRODUÇÃO REFLEXIONES DE JOYCE PRADO Diretora e roteirista
Joyce nos convidou a refletir sobre a importância do envolvimento do processo criativo no exercício da produção audiovisual, entendendo que o acesso a recursos que garantam autonomia na execução de seus produtos é um cenário com diversos desafios onde sua otimização é uma das chaves para o sucesso. Para isso Joyce nos convida a refletir sobre nosso papel como diretores e produtores, os lineamentos das histórias que queremos contar, as audiências que queremos atingir e impactar e os debates que você quer instigar local e globalmente com suas produções. Joyce levanta esses elementos como aspectos básicos para o design de nossas produções, questionando de que maneira queremos fazer nossas histórias e, a partir da resposta a essa pergunta, começa o desenvolvimento de decisões criativas que constroem um senso crítico em nossas produções. Para isso, é essencial focar em uma das funções do campo audiovisual e ter clareza sobre quem 23
são os atores do ecossistema audiovisual com os quais podemos trabalhar como aliados para otimizar recursos e ampliar nossa visão. Durante toda a reunião, a criatividade foi considerada como um aspecto integral desde a fase de desenvolvimento até a distribuição, orientando e cruzando diretamente com as decisões de produção executiva que interferem na trajetória da obra e têm impacto direto na qualidade do desenvolvimento de uma narrativa e na produção da obra.
A FOCO, já com os títulos das aulas, prometia que seria um processo interessante. Para mim foi inspirador participar de um processo com metodologias estruturadas, aulas feitas com carinho, com a dedicação total de cada uma das pessoas que tornaram isso possível. A escola é um encontro de sonhos, de ideias, de visões que começam a pensar em nossa imagem de forma descolonizada” Leonardo Rua, Bogotá (Colômbia)
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COMPARTILHANDO PARA EXISTIR, CINEMAS NEGROS EM DIÁLOGO COM SEU PÚBLICO REFLEXÕES DE TALITA ARRUDA E MARINA TARABAY
Talita e Mariana propõem uma estrutura para o desenvolvimento de novos espaços de circulação e distribuição de obras audiovisuais desenvolvidas por cineastas negros. É necessário desenvolver e inovar os esquemas de distribuição para atingir novos públicos. Em seu trabalho, como agência de distribuição, eles insistem no desenho de públicos como um exercício desde a fase de criação, enfatizando: “o público como uma bússola”, que, uma vez que o produto audiovisual esteja pronto, será fundamental em sua
distribuição e comunicação. Analisa-se o momento de crise do audiovisual nos formatos tradicionais de distribuição, como cinemas ou festivais, e a partir daí destaca-se o papel educativo, de representação e entretenimento do mesmo, o que permite a geração de novos espaços.
quintais nos bairros brasileiros, espaços para sonhar e construir. Assim, em sua obra cinematográfica, ele traz naturalmente o fato de ser negro, como algo que não precisa ser explicado, que é normal, que é tão comum quanto o branco. Histórias que vão além do trauma, histórias novas, que não defendem nada, mas que dão a liberdade de ser ao criar.
ESTUDO DE CASO DO FILME MARTE UMA REFLEXÃO DE GABRIEL MARTINS
Diretor de cinema e sócio da produtora “filmes de plástico”. Gabriel Martins nos convidou a explorar diversos universos criativos que contam as histórias das populações afrodescendentes a partir de uma perspectiva que abrange sua vida cotidiana e, portanto, aponta para a universalidade de sua narrativa. Gabriel descreve Marte Um como um filme que é uma amostra de outros raios X brasileiros, que explora o que somos e o que podemos ser, com uma imagem expansiva, a imagem de uma família em transformação. A história de um menino que quer ir para outro planeta, buscando sua promessa além do futebol para se tornar um astrofísico e para destacar o valor dos
FOTO: TOMADA DE PELÍCULA MARTE UM
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PAISAGENS LIVRES PARA SENSIBILIDADES INVENTIVAS QUAL É O NOSSO COMPROMISSO COM AS CRIANÇAS NEGRAS? REFLEXÕES DE MELINA BOMFIM E ÉLLEN CINTRA A partir desse espaço, Melina e Éllen nos remeterão a refletir sobre a importância de desenvolver espaços seguros e de pertencimento com crianças, jovens e comunidades. A partir da análise de diversos espaços como a casa, a escola e os territórios, elas propõem estratégias curatoriais e pedagógicas na proposição de imagens e metodologias que ampliem o imaginário negro livre e ilimitado de crianças e comunidades. Essa conversa foi um chamado à ação antirracista, informada pela Lei nº 10.639/03 no Brasil. A partir desse espaço, propõe-se desafiar as lentes estabelecidas e imaginar futuros negros.
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ESPELHO COLÔMBIA
COMO PRODUZIR CINEMA NEGRO PARA O CINEMA COLOMBIANO? Reflexões de Jhonny Hendrix Jhonny Hendrix, diretor e produtor colombiano, conhecido por seus filmes Chocó, Candelaria e Saudo. Ele falou sobre sua carreira como pioneiro no cinema afro, o longo caminho que é a produção e também a direção na Colômbia. Um dos aspectos que ele enfatizou como uma barreira é a qualidade estética dos filmes em termos de fotografia e arte, e ele se aprofunda nisso como uma barreira a ser transcendida, assim como a qualidade do som. Em termos de indústria, ele reflete sobre a necessidade de ocupar espaços de tomada de decisão dentro dos sistemas que têm poder audiovisual no país e no mundo, levando em conta os recursos econômicos necessários para fazer filmes. Até mesmo para poder explorar estratégias de investimento no cinema, a fim de ter maior liberdade criativa.
REPRESENTAÇÕES E PROJEÇÃO INTERNACIONAL DE UNIVERSOS AFROCOLOMBIANOS Reflexões de Salym Fayad Como construímos uma nação? O cinema se torna uma ferramenta fundamental para a construção da nação. Nos últimos anos, o cinema na África tem sido permeado por identidades nacionais e pelo pan-africanismo. Durante esse espaço, Salym discutiu a importância de conectar os filmes da diáspora internacionalmente e tecer diálogos entre eles. Por outro lado, ele ampliou o diálogo para o processo que vem desenvolvendo desde a MUICA (Muestra Itinerante de Cine Africano).
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A IMAGEM NEGRA NA COLÔMBIA E SUA PRESENÇA NO CINEMA NACIONAL Astrid Gonzales, artista visual, e Gerylee Polanco, produtora Astrid Gonzales e Gerylee Polanco, ambas participantes da escola, compartilharam parte de seu trabalho e produção no campo artístico e audiovisual, explicando a interpretação que dão de cada área à representação das populações negras na Colômbia. Astrid analisou seu trabalho, explicando como seu processo criativo começa com uma reflexão sobre os processos históricos das comunidades afrodescendentes nas Américas e a fundamentação gráfica que ela dá a eles no contexto colonial, no racismo estrutural, no nascimento e na consolidação dos povos quilombolas e, finalmente, nos processos de branqueamento como paradigma de progresso e miscigenação nas Américas. Astrid compartilhou como seu trabalho articula diferentes disciplinas, como vídeo, fotografia e escultura, buscando dar forma aos discursos de racismo, invisibilização e hibridização cultural que, desde o século XVI, usam corpos afrodescendentes para perpetuar noções racistas. 28
Gerylee Polanco compartilhou parte de seu processo como produtora de grandes filmes colombianos, como El vuelco del cangrejo, Perro come perro e La Sirga, e como ela entendeu a importância de gerar representações que dignificam e dão conta da diversidade étnica presente no país. Gerylee compartilhou sua visão sobre a produção executiva na Colômbia, refletindo sobre a importância de abrir mais espaços para histórias escritas e dirigidas por populações afrodescendentes, além de reconhecer os desafios técnicos e financeiros envolvidos no desenvolvimento e na materialização dessas obras. Além de compartilhar as estratégias que tem utilizado para o desenvolvimento e circulação dessas obras, ela compartilhou conosco a importância de integrar uma perspectiva de gênero ao trabalho que realizamos, pois, embora a abordagem racial seja uma de nossas prioridades, é necessário compreender a importância de articular uma leitura de gênero que ajude a reduzir as lacunas presentes nesse campo.
“A FOCO tem um espírito político que falta a muitos processos de treinamento dos quais participei. É exatamente por isso que me conectei profundamente a ele, porque em minhas abordagens pedagógicas imprimo esse mesmo espírito” Gerylee Polanco Cali, Colombia
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ACTO III
OS PERSONAGENS E SUAS HISTÓRIAS “Não sou a pessoa que saiu de Salvador, mas também não sou a temporalidade das duras experiências da cidade de São Paulo, sou uma conexão das duas temporalidades e energias, narro de forma audiovisual quase sempre em primeira pessoa, quando faço um filme não faço só para o outro, faço para mim, os filmes precisam me transformar” Viviane Ferreira
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Rodrigo Antônio
NOSSOS TUTORES PIONEIROS
Produtor Audiovisual, Coordenador Audiovisual da Secretaria do Audiovisual do Ministério da Cultura do Brasil
Tatiana Carvalho Costa
Janaina Oliveira
Maíra Oliveira
Pesquisadora e curadora
Naiara Leite
Jornalista, mestre em comunicação. Coordenadora Executiva do Instituto da Mulher Negra Odara.
Professora universitária, pesquisadora. Presidente da APAN
Roteirista, dramaturga, escritora e educadora
Everlane Moraes Diretora e Produtora
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Gabriel Martins Director
Viviane Ferreira Advogada e cineasta
Joyce Prado Diretora, roteirista
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Flávio Rebolças Fotógrafo
Fabio Rodrigues Pesquisador, cineasta e curador
Melina Bomfim
Produtora audiovisual, pesquisadora, curadora e produtora de exposições e festivais
Talita Arruda
Distribuidora, pesquisadora e curadora
Marina Tarabay Distribuidora
Francisco Javier Flores
Historiador e pesquisador
Eu descreveria a FOCO como o quintal de uma casa em um dia ensolarado. Os professores convidados sentavam-se na mesma altura que nós e discutíamos os tópicos como alguém que mói espigas de milho para preparar uma refeição saborosa
Jhonny Hendrix Hinestroza Diretor e produtor de cinema
Astrid Liliana Angulo Cortés
Wilson Andrés Borja Marroquín
Milena Andrade da Rocha, Teresina, Brasil
Designer gráfico
Artista Plástica
Salym Fayad
Jornalista e fotógrafo documental
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COORTE FOCO 2023
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UM QUILOMBO-PALENQUE DE CINEASTAS E ARTISTAS AFRODESCENDENTES TRANSFORMANDO O CINEMA COLOMBIANO E BRASILEIRO • Alfredo Manuel Marimon Carcamo (Cartagena, Bolívar) • Allan David Guerrero Moreno (Cali, Valle del Cauca) • Ana María Jessie Serna (San Andrés y Providencia) • Angélica María Pérez Vega (Riohacha, Guajira) • Astrid González (Bello, Antioquia) • Carlos Alberto Mera Jiménez (Santander de Quilichao, Cauca • Daniel Mauricio Rodríguez Guzmán (Tumaco, Nariño) • Diego Armando Casseres Navarro (San Basilio de Palenque, Bolívar) • Fray Miguel Blanco Palacio (Manaure, La Guajira) • Gerylee Polanco Uribe (Cali, Valle del Cauca) • Gustavo Antonio Cabezas Tenorio (Tumaco, Nariño) • Harold Enrique Tenorio Quiñones (Tumaco, Nariño)
• Jorge Aldair Pérez Cáceres (Barranquilla, Atlántico) • José Luis Guzmán Alvear (Villa Rica, Cauca) • Katherine Ortiz Sánchez (Cali, Valle del Cauca) • Laura Camila Flórez Castellanos (Santa Marta, Magdalena) • Laura Yineth Asprilla Carrillo (Bogotá D.C) • Leonardo Rua Puertas (Bogotá D.C) • Sara Johana Asprilla Palomino (Bahía Solano, Chocó) • Yaqueline Esthefanía Preciado Ordóñez (Yumbo, Valle del Cauca) • Zulay Karina Riascos Zapata (Bogotá D.C)
• Ruan Jones Souza Ribeiro Assaggi Piá Conceição do Almeida - BA • Milena Andrade da Rocha Teresina - PI • Gustavo Monção Carneiro Faria Rio de Janeiro - RJ • Nataraney Nunes Recife - PE • Sandra Alves Florianópolis - SC • Christiane Da Dilva Gomes Krika Niterói - RJ • Cledison da Conceição Pereira Planaltina-DF • Daianade Souza Macaé - RJ • Rafael Anaroli Condado - PE • Carlos Eduardo Marques Mendes São Luís - MA
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UM FINAL ABERTO: O QUE VEM A SEGUIR? Sem dúvida, o FOCO foi um espaço de encontro, aprendizado e intercâmbio para os membros da diáspora, onde o audiovisual foi o motivo para se encontrar e se conectar a partir de novas perspectivas. Buscamos capacitar toda uma nova geração de cineastas, escolas e produtoras afro-latinas com produtos de alto nível que reflitam a produção crítica e a responsabilidade étnica que incentivamos desde esse processo de treinamento, uma geração que dialogue com seus pares e encontre espaços de intercâmbio e promoção em nível nacional e internacional. Nossa visão está ligada a continuar apoiando e gerando incentivos para que os cineastas afro-latinos se conectem e fortaleçam seu processo narrativo por meio do diálogo, do acompanhamento e do financiamento. Agora, nosso objetivo é continuar desenvolvendo esses espaços e fortalecendo os participantes por meio de acompanhamento e mentoria que nos permitirão materializar os trabalhos dos participantes, aqui está uma lista de suas apostas. 36
Participante
País
Proyecto
Formato
Alfredo Manuel Marimon Carcamo
Colombia
Agua de la Virgen
Documental dramatúrgico.
Allan David Guerrero Moreno
Colombia
Ruts of da bit
Cortometraje - documental
Ana María Jessie Serna
Colombia
El hombre Coral
Documental etnoficción
Angélica María Pérez Vega
Colombia
Frontera Negra
Cortometraje - documental
Astrid González
Colombia
Drexciya
Cortometraje - ficción
Carlos Alberto Mera Jiménez
Colombia
DÍAS DE GLORIA
Largometraje de ficción
Daniel Mauricio Rodríguez Guzmán
Colombia
Rostros
Documental
Diego Armando Casseres Navarro
Colombia
Catalina Loango: La historia que nunca te contaro
Cortometraje - drama/suspenso/misticismo
Fray Miguel Blanco Palacio
Colombia
Sal Negra Pueblo Blanco
Cortometraje -documental
Gerylee Polanco Uribe
Colombia
El Nido de las Alas
Largometraje de ficción
Gustavo Antonio Cabezas Tenorio
Colombia
La Tunda
Cortometraje - fantástico/mitológico
Harold Enrique Tenorio Quiñones
Colombia
Videoclip animado, La Visita
Videoclip musical
Jorge Aldair Pérez Cáceres
Colombia
El Cuento de las Almas
Largometraje - drama/fantasía
José Luis Guzmán Alvear
Colombia
EL VUELO CAPITÁN
Cortometraje - drama
Katherine Ortiz Sánchez
Colombia
El Precio de Crecer
Cortometraje - drama
Laura Camila Flórez Castellanos
Colombia
El bullerengue es del cielo
Cortometraje - documental ficcionado
Laura Yineth Asprilla Carrillo
Colombia
El retiro de la Ninfa
Cortometraje ficción
Leonardo Rua Puertas
Colombia
Estilo libre
Cortometraje - musical de ficción
Yaqueline Esthefanía Preciado Ordóñe
Colombia
Revelaciones
Cortometraje - ficción/fantasía
Sara Johana Asprilla Palomino
Colombia
Mis amigos están bien lejos.
Cortometraje - ficción/drama/comedia
Zulay Karina Riascos Zapata
Colombia
Nos dejaron ir al mar
Largometraje de ficción
“Foi um “Buen Viaje” de descobrimentos nos por narrativas contadas no Brasil e na Colômbia. Uma imersão que estimula um pensamento cinematográfico em que confabulamos imaginários partindo das nossas vivências e memórias. Referenciados pelos cinemas africanos e pelo nosso cinema feito no interior e na periferia do Brasil com histórias tão nossas, que se inclui no cinema diaspórico brasileiro e colombiano.” Milena Andrade da Rocha, Teresina, Brasil
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