AD VENTURUM

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neu volpato

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Direitos Reservados V961P VOLPATO , Irineu AD-VENTURUM, Poesia, 2014 Santa Bárbara d´Oeste, SP. BRASIL Renard Ediç. 108 p, 21 cm. 1. Literatura Brasileira 1.. Título CDD:968.615 Capa - do Autor Papeis – Capa – Chamois 180 Miolo Pólen 80 TiposPerpetua Titling/New Roman/Geórgia/ Arial/Stencil

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no moldurar indo esses anos IV

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os poemas deste volume foram catados dos cadernos da coleção 2013 mais

põe-me silêncio em teu colo

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houve um dia em meu peito que certa janela se abriu e alguém veio espiar 1/3 de viver é sendo vida o mais somam-se invernias a nos testar por que-me ir rolar em pedras que nunca comigo serão ? naquele entrecho em que se obriga beber tantas águas por onde nossa sombra passou e quem nos sorocos da vida não torna enxergando avantesmas que um dia inventou ? ô saudade - uma estrada estirada se perdendo longe da gente...

que saudade é isso da gente sempre passando e largando pedaços nossos pra trás chega tempo em que se ama longar noutras gentes dessas coisas que não se encontra nome a guardar era junho como sempre de manhã as pombas iam mas nesse dia esqueceram de voltar

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por que esse pavor que nos toma sempre que percebemos que perdemos nossa bengala ? inda bem que tanta coisa só brinca o juízo da gente meramente imaginando

quando nos embramam veredas da vida ou nosso tirocínio não alcança vislumbrá-las... ... e coração para verdar carece idade ? gostoso no ir da noite entre nesgas da janela um ventozinho falhando legítimo é só o que ficou-me daquela Ponta de Morro reserva uma nódoa de tinta na ponta de teu pincel para uns retoques afinais enquanto os deuses nos amam deixemos que eles guiem nosso timão nesses mares quanta vez esta vida faz-que se fique a esperá-la desnoar andar andar criando errando nossos acertos que forças me aguentarão 7


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nessa aí viagem adiante ? vamos catar perfumes desses capins depois das chuvas na estrada nunca desminta criança que passa inventando a vida e faça como rio que se pedra lhe impede a rota abraça-a dengo e vai embora deixa que nossos êxtases nos ponham acontecer quanto tempo gastou nosso avô gostando pobre uma roça ? tempo de árvore costurar de verde os trajes a dizer ser primavera quando a praça com seu discurso de pedras e seus bancos velhados costumava dormir enrodilhada de inverno quanto amável era encontrá-la trazendo sua alma videira plena de uvas maduras e a gente sabia que em seu coração batiam tambores de Deus na Vila nossa rua Rui Barbosa inteira inventava-se sibipirunas e calçadas invernizadas de risos e quem de nós ali não era pobre ? mas sem gente largada na rua 8


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um picuá de pano cinzado me baldeava ano inteiro por ternuras verdes dum campo ao arco-íris da escola agosto - as pastagens do Cateto tingiam-se desses juás amarelos ali se sangrava o Salto chuando descosturado saltando enternecido de espuma quem enfeitou Marianinha com aquele rosto de aurora mais seu olhandozinho de pássaro com frestas no coração ? quando fores debulhar tuas gavetas livra-te das fitas das fotos em especial umas feitas em que ambos quando-nos juntos quem qual quando quantos cujos não deu sujo nos 17 anos mas sorte foi empurrando cada um para seu lado - acaso o mundo quebrou-se ?

não quero estar à banda na sarjeta a bater palma aos que venceram e passam e a gente nem da por isso que nossa velhice se amassa a partir das bordas do moço

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é que vez em quando esta vida passa nos dando apenas réstias de suas notícias feliz o que aprende rir dos próprios desassossegos e aquela bolotinha de gente com seus olhinhos de fome... e essas vozes de chumbo embebedadas nas ruas cada fim de madrugada... quando não mais prestares para algo escolhe ir pinchar-se às ravinas que se penham para o mar corguinho de águas pequenadas decorria atrás de casa... ia pro nada que eu treine de dizer dessas palavras despenhadas de oração enquanto vida não desacelera onde irei guardar minhas bolas de gude estilingue carretéis essas nobrezas pra quando eu passar pra lá de morrer onde encontrá-las? ligeiras prostitutas lelés ou vagamundos - vamos deixá-los ser herois desses seus mundos era árvore de abio ali na esquina do recreio onde a gente de brincar ia esconder-se 10


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por mais facínora um seja que lhe sobre nessa alma migalha íris um harpejo da obra suprema de Deus vamos doçar nossos peitos de Natal pra que os que nos visitarem aprendam se doçar cadê torres da matriz de nossa Vila? pouco importa a linda igreja em seu lugar - aqueles sinos tinham nossas vozes quanta estrada desenhava o Paraíso só por uma nunca fui que era assombrada - a daquele Sobradinho quanto copada era estrada que ia pra Covitinga procissão de arcos de bambus cobriam-na quilômetros se indo

picadinha sem-vergonha muito à-toa nos tirava de Santana de Itapé volumar por que as nossas dores além das sombras que se tem ? - há gente purgando piormente a nosso lado conseguindo-se sorrir a vida se indo e velho mundo na sua discursando para nós 11


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duende nossa alma passa fabulando transitório de viver sei que vou amá-la sendo rosa e que devo costumar-me a seus espinhos sei lá se rio queria ali suicidar-se ao pinchar-se 300 m em nossa serra não se esqueça dum odre e muita água quando tentar travessia em seu deserto bom quando esta vida chega avivando-nos os sonho vamos ufanar essas areias que passem absintas nossos pés desses demos e raivas de nós mesmos como dia aquele dia em que tudo dera azar e vadio cão veio lamber-lhe a mão - o céu trocou de cor e dor-lhe e quem consegue voltar catar brisas que enfunavam nossas velas aos 15 anos... por que não parar e ouvir a vida dizendo aqueles verdes que sempre a gente quis ? era uma gaivota na beirada maleita do rio cuidando salmo dos ventos

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ah não fora as mulheres na madrasta vida da gente... por que cassandra anda inventar na vida novos desaventos além dos que os ventos já nos trazem ? por que não somar nossa carta a uns cantos de renunciação ? vamos desenhar no nascer de novo ano paisagem de campo em sol se erguendo no horizonte e verdes derrubados longes prados ano em que vim somar 80 - descontadas umas pendengas duns em mim já se gastando - e minha alma resiste-me infância outro ano - outra vez ter que aprender novo meu o que sobrava naquela tristeza da gente de indo a tarde espiar o risco prata no vale de nosso Araquá pass(e)ando seu indo é que a gente pra prestar há-se que noviçar cada dia vamos deixar que nossos odes olhos se ardam de arco-íris por que não profanar vez em quando silêncio das palavras ? e quando vamos aprender gume 13


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das comédias com suas máscaras ? vamos deixar que as infâncias apenas vivam a vida sem perder ternura das manhãs

às vezes carecemos dessas pausas da sorte à cata de achar-nos me lembra dona Alzira já velhinhazinha feito roca que não conseguia mais fiar era uma tarde convés de nuvens se enfeitejando de quando vida nos despojou dos acessórios e passa nos roubar dos principais o jeito é zelar meu candeeiro já que não sobrou-me dote para lustres lampadários janeiro - quando as chuvas amolecadas desciam derrubadas das encostas na serra dos padres sei não - mas que esses meus quebrantos são gralhas que esqueci nesses meus ½ caminhos a vida nunca desmente mas nos errados da gente ela nos larga pra trás e segue esquecendo em frente 14


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inda bem que a mestra vida não perde tempo ensinando só mostra como se aprende em dia em que se despediu pedi que demorasse uns mais pra que se noitecesse em meus olhos janeiro - nessas horas do dia velhecendo com nuvens nervosas sobrando uma tarde é triste sonhar-se tanto e de quando se vai apalpar se sente a pouquinhez que sobrou bom às vezes é nada dizer apenas derrubar-se no empuxo dum abraço há quanto tempo em meu quieto não se ouve qualquer rastro dalgum humano dizendo ? nem me lembra quando foi-que saudade nos trombou nalguma esquina pode até não ser geografia mas quanto alma da gente galopa horizonte em frente será que se conhece tanto esses recantos lá dentro ? e quem não reza quando sofre com azares na esperança de esquecer ?

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tomara Deus nunca perca de tomar conta da gente

naquela hora em que sono nos deserta do sonho e a gente se põe em conversa com outro lado da gente ... coração só escutando largaram lá no Quadrado casas velhas cheirando outrora somando meu tempo de Cateto Ressaca nas colônias tenho que ali velhei-me quase setena de anos e a gente quanto se perde emprestado por nossas manias ciúme seria quando dianho incita navegar través nossos não-sei vez em quando a vida nos obriga passar a limpo uns rascunhos

que a lua fique esperando lá fora careço inda trocar afagos com minha amada aí quando cômputo de nossa alma se acha de desarranjar-se... e por que quando se pode não ir rezando uns excessos pra quando a vida encurtar ? 16


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quanta gente paisagem repassa ante nossos olhos nem sempre nos largando saudade ? que Deus na minha velhice não venha bisonhar-me repondo estragado ao trotar dos ensinados se crendo nas escrituras não passamos desses entes que aqui restamos emprestados quanto desemboque nos oferta a vida e a gente medando na escolha não seria esse nosso tempo previsto há dois mil anos em Petrônio - tecnologia nos fazendo idiotas com auras de inteligência que teria acontecido se naquele cruzamento eu catasse outro rumo e caminho? talzinho a vida da gente esses nublados enfezados de trovoadas e raios que empurram as tempestades e uns ventos os carregam embora... que a vida quando velhar não me largue nesses largos cheios de nada da sorte Caiapiá quando tornei por lá não passava dum ruado coitado de casinhas taperando

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triste é sentir-me um jaó piando só dentro de mim e me adianta ser apressado loucando correndo a vida e lá adiante ter que esperar e além do mais bem cansado ? quem se incomodou do frio no tombadilho em paisagem esperando tarde astral desenhar-se de nuvens emburradas ? quantos remendos desenhavam nossas roupas na miséria da Ressaca ? é que um dia se costuma com o rumor do silêncio lá de dentro impressão que na curva da serra vento desistia de chegar e tintava ar bravejado de trovões foram essas ruas da Vila que me viram velhecendo brincando minhas infâncias desses afetos que a gente nunca sabe se são ou estão com a gente apenas a ajudar-nos travessar dessas pinguelas é que muitos dos afetos já chegam errados na gente nesse silêncio sozinho já ando dizendo coisas pra mim sem me importar com endereços 18


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por que normal nos perturbam importâncias do vizinho ? que tal pensar que nosso próximo nem vale a corda em que tenta se enforcar ? por que ficar aí de tonta cabra olhando estátuas desses deuses ? e quem é que não tenta moldar o mundo a próprio talante ? seu semblante em cama de hospital trazia um cansaço de esperança de mais de ano definhando dessas horas que vão somando a gente... não conseguia soletrar em meus olhos o dronho desastre em câmera lenta dum carro pencando 100 metros ao mar assim como se é jogado além dos trovões há dias que nem vendavais nos torcem outros cada casa velha trepada em encosta mania-me saudade dum Quadrado era dessas uma tia nossa que parece a vida passoulhe desgrenhando a cara riscada de mágoas e magros 19


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por que não ir catar carocinhos de quando vida se empaca ? ruim quando nossa saudade costuma demorar-se certos seus longes tomara nunca me sinta aprontado viajar para o céu bom quando a gente se criança e sai catando impunemente pensamento com as mãos na casa antiga quando entrei não encontrei sequer um saudade tiquinha que me viesse abraçar uns sonhos que hoje levo em algibeira são daqueles que andei rejuntando aqui no mato era a menina de mais beleza de nosso entrecho de escola - pena que só namorava tristezas hora de sol largar seu serviços com dia já se sujando de tarde dês nanica Maninha trazia mania de chuviscar uns chorinhos pra conseguir-se na vida aquele Eugênio da Nhana parente nosso de longe era tão desencadernado como esses livros estragados 20


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nesse dia tiaPepa chorou dois ancorotes de água pelo filho que aos 5 anos morria da raiva dum cão que bom se aprender a vida sem se inventar de precários era Antero - um que morava vizinho num esticado de casas e que empacava na escola mas sabia dizer histórias com muitas palavras sozinhas num derrubado de vale entre a gente e São Lourenço até os paus dum capão se vestiam com barbas hoje outro amigo meu se mudou Zé...rou-se a vida nem lhe deixou outro dia manhecer e quem não rezou que os céus devolvessem saúde pra mãe - ah essas ordens de Deus...

quando se sente que última flor que verdava desfolhou seu coração... - mas por que jogar alegrias nos jacás dessas tristezas?

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quantas vezes a gente queria que o dia de hoje já tivesse manhecido amanhã por que sossego da gente se encapela de repente de arruinadas tempestades ? morreu primeiro a mais nova das irmãs atrás lhe foi o pai outra irmã a mãe - quando se viu ia sozinha abraçada de saudade era dessas almas alegres que parece já nasceram vesprando algum dia santo e que tal a gente aprender levar pautando a vida sem pressas nem raivas de se apressar pra chegar ? quando vida o caçoava escolhia se ir esconder entre pés de samambaias donde podia espiar os longes em que se baldeavam os vales minha Ponta do Morro nem bonita se vestia - mas foi ali que nasci me ficou só o nome Pinhão duma parelha de burros com que pai arava suas terras qual era nome do outro com seu jeitão de coitado? ali dia demora ir dormir 22


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esperando sol se esconder entre corcovas da serra cantar - nem sempre é alegrar mas comumente consegue nos desemendar dessas tristezas na gente nem sempre se está feliz sem o estorvo de afeto bom é se ter vivido bastante aprendido nos rebatidos da sorte e guardar assunto ciência de nunca tediar uma prosa um dia me olhei por ela e achei que suas verdes uvas inda não eram pra mim costumávamos chegar juntos eu e sol nas manhãs quando trepávamos a estrada renovando outro dia dessas promessas e juras quantas delas voltamos encontrar descorando nas cercas de nossos antigos caminhos ? de repente o regime do mundo não se parelha com nosso e aquela sua risada em formato de seus beiços em lavanda... da Jacutinga se avistava uma capela se dourando de sol numa colina contra azul de céu e um vale que verdeava indo embora 23


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me lembro que na Ressaca pai me ensinou beber golinhos de velho e de nunca sair chifrando a vida com rompantes mesmo zangado sempre em janeiro céu de nosso vale amava vir porcalhar-se de chuva Tomezinho nascera copiado do pai até no vesgado canhoto dos olhos minha saudade sempre ornou aquela Ponta de Morro mas razão tinha a mãe - tudo ali era ruim de pobre e feio que dês neném quando mãe me embornava em bacia pra ficar lavando roupa nas pedras dum Charqueadinha eu dengava de ficar espiando em céu urubus que desenhando há dias em que as dúvidas passam por nós como espiando-nos quando ela despediu-se joguei fora tudo que foi-lhe e não ficasse saudade nem tristeza me estorvando no fogão umas achas e suas brasas eu e pai à luz do fogo em dois bancos poitados dizendo pautadas saudades

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quantos sonhos chegam desertando-nos a alma e despovoando as mãos lhe ajudavam pacientar que a vida a vida não lhe era assim tão má e que um dia lhe acalmaria dos ruins - nem deu tempo Matias migrou durante pra distantes desfins chegou tocando sua viola com aquele sotaque mineiro e quem um dia nos azares da sorte não tentou negociar com a vida ? e saímos manhãzinha pisando as canjicas de orvalho não gaste sua valentia se dela não precisar

passaram por nós pela estrada desembestados vaqueiros montados em seus galopes demoravam ali no alagado uns buritis e seus cabelos vassouras se deitou na rede largando que cansaço o descansasse - e silêncio da tarde o dormiu e daí que quando eu morrer vou deixar muita coisa que fazer ? literatura é esse modo de não 25


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pendurar palavras gastando apenas as cabais duns deserdados da sorte em quem a gente olha já com bênçãos de dó é que já se vinha devindo das terras do Pico Alto e chuva nos alcançou com raios troadas - essas mágoas coração nunca se velha apenas fica empacado essas vezes era dessas bonita de imediato e ajeitadinha nas peças imagina não houvera desses longes pra nossa alma escapar quando vida nos esgrima... domingo pra gente na roça era depois de comidos sentar à sombra das amoreiras com pai tecendo jacás e mãe desenhando remendos em roupas que nos ornavam que zica é a que fica na gente quando todos se vão e silêncio nos resta malhando insolente voz de dona Amélia trazia uns toados de viola rasqueando choro de antiga cantiga

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naquela fase inquieta da gente quando se espera que a vida apenas nos seja fazeja de quanto tamanho era a sala naquela casa em Ressaca onde candeia mal lumiava trepada nos arcos das portas de novo estamos a entrar no tempo de verdes se desmaiarem pra outono trocar seus trapos onde se esqueceram as cores daqueles seus olhos menina ? é que às vezes carece da gente ir catar velhos panos pra se limpar dos amargos como varrer as saudades de afetos que já arrancamos da gente ? hei-de inda fotografar perfumes dessas manhãs há tempo vinha sofrendo das suas tábuas do peito asmava por uma dor que o curvava ao meio ama-se ou não - por que sair catando rascunhos antigos de páginas rasgadas da amada ? pois é - neguinha de repente vida remoinhou-se na gente 27


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e ficou com essa saudade tua nossos fracassos na vida são sempre esses uns que a gente perdeu de lá trás os prever é quando se percebe uns olhos óleos na mulher que sempre se gostou... foi tanta raiva ficada que tentou limpar da alma toda saudade encalhada e nas folhas das verduras aquelas malditas joaninhas furando nas folhas vermelhas vez em quando parava cismado no escuro da alma a catar lembrar que lembrava é quando se encontra aqui dentro tristezas umas encalhadas de muitos não conseguidos de repente sei lá na gente desembestam dessas solenes cruéis tempestades é que nem sempre na vida nossos dias se desenham dessas lindas claridades e quem não levou na vida seu bornalzinho de tolo ?

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de repente nossos olhos humanos se sujam com suas cataratas além dos ratos que barulhavam nos paus que sustinham o telhado nossas noites na Ressaca pouco inventavam outros medos sempre é bom espiar outra dúvida antes de por a cabeça ao pilão tem gente que o sofrimento se envelha nos cabelos de quantos brinquedos brincava-se naquela pobreza de infância que a gente tudo inventava com os nadinhas sobrando será por que nossos olhos se desmedem esganados quando-nos pomos infelizes ? será que quando se morre a gente vai ter saudades de quanto não nos aconteceu ? é a saudade que nos larga sozinhos ou sozinhos nos pinchamos saudades ? é que às vezes a sorte é um baraço com muito derredor cerração essas rugas que plugam nossas faces seriam soma das fugas desses já entas dos anos ?

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poesia ensinou-me viver com esses silêncios pausados de quantas vezes a gente carece corrigir-se e se alevantar das mazelas que amam nos derrubar ? de que vale estropiar-se de afeto cujo o metro é apenas o egoísmo ? ah esses epicenos sentimentos abstratos que passam pela gente sem poder fotografar é que estou desaprendendo de novo a desimportância das coisas nunca tive cachorro que fosse à minha frente ladrando gostoso da gente viver como se estando de sempremente abraçado dali dava pra ver as serras peregrinamente escrevendo seus meandros para o norte naquele sozinho de casa num pasto demorava nhô Bento - que benzia da beirada da casa corria até o rio aléia em bambus que choravam quando noite se encantava foi dessas namoradas - Anatrude que vestia uns olhos marrons

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dumas gentes que só restando por perto já prestam de aprendermos comprou aqueles palmos de terras ruins em que nem arrozava capim e quanta vez na vida a gente acaba mascando fel de carqueja pra demorar-se vivendo gente quanta na vida vai manuseando a miséria se equilibrando de trapos de se não desaparecer bambus uns que residiam à beira de nosso Araquá vestiam-se dum amarelo quarado e aquela chuvinha amanhando com bulha de vento em palha secando quanta gente se velha de nunca aprender na vida vazar-se da casca da alma nos dias em que nossa alma costuma botoar-se de triste em cores de angústia e tardes dessas mulheres molduras que se costuma de olhar com todo trem que se tem roubaram aba do rio pra ali plantar uma estrada

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tomara nenhum dia as palavras larguem gostar de mim demorei meus sete anos de infância naquele sertão de lugar um só coqueirinho desses capiaus em campo escampo consegue desenhar melancolia duma tarde a morrer emocionada é quando se sente que vai nesses ¾ de vida com tudo já economizando na gente uns que desde tenra infância já se conhecem nascerem com licença de vadios é que nossos sonhos da noite conseguem somar misturados o que foram nossos dias quando bate segunda parte da noite é que silêncio teima ensinar-nos saudade é esse saber enfeitar uns quantos dentro da gente de se lamber de lembrar amava sovar silêncio assim massa de bolo de assar e outra garça se ergueu daquela pedra do rio com tanta preguiça de voo e quantas árvores que femininamente se enfeitam 32


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vez em quando aqui perto na noite acontece o gosmar duns piados urutaus que se inventam assustar sempre decorri a vida carecendo um colo que me ninasse ou espantasse fantasmas tempo das carambolas madurarem pressadas de se pinchar ao chão com cheiro de mel enjoado e os flaflos arrepios urubus tropelados de carniça e naquela borrasca ia vento arrancando plantas como se nas agarrassem levando-as pelos cabelos gostoso se ver silêncio molequemente se derreando por becos eu meu pai a gente tinha calado entender vamos deixar que palavras se recuem velhadas cedendo tempo pra gente de repente caiu entre nós épico silêncio de nem deixar-nos corar não vamos deixar que a bondade que levamos nos ponha desamparados

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lindo de vê-la deliciosamente tênue debruar-se a balanço do corpo largue a pressa pra crianças e jovens decorrerem que nos velhos tudo se consegue empacado de noite águas dos rios ralentam beirando as margens como querendo dormir quanta vez a gente sonha que vida se acatedralasse em manhãs nos acordando com psiuzinho assovio tempo das manhãs acontecerem atoladas de cerração pendengandas de frio dumas caras que a vida além de não ajudar põe ruinmente enjeitá-las duns quantos desenhos errados é que nossos ouvidos criança anexavam bulhas da noite em nossa Ponta do Morro abril quando os coqueiros agradecem com coquinhos a avenida a vida ali entendiava-se mugida de cheiro de bois é que passamos séculos redondando redores dos homens e pouco lembramos suas almas 34


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nossas vidas escorregavam das ladeiras do Quadrado pra empacar em Pito Aceso e não é a vida sempre separando-nos trocados pra novos lugares ? morrer seria nos devolver ao nada que nunca largamos quando vida nos pincha em tranqueiras que falta faz o trapinho dum sorriso ou gesto gente ? é por isso que se ama tanto saudade que quando torna nos refaz do mesmo barro ? era dessas de boneca cinturinha outra vez tempo de ipês se derrubarem outono é que a gente costuma deixar um golinho de saudade pra alguns momentos ruins bom a gente treinar de às vezes virar estrela quando a vida inventa nos doer aquelas águas nos uniam em ambas beiras do rio sei que a vida veio-nos trocando horizontes da gente alcançar florando 35


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as árvores de cada idade é quando até Deus arrepia dessa nossa covardia de esperar que tudo se faça amar - ô verbo danado pra judiar mas que é gostoso largar nossa alma desarmada sem nada a questionar n/em que pedreira quebrar-se? nossos pais nos amaram do jeito que conseguiram inventar que nome o da menina da estação que me espiava entre cortinas duma sala ver-me sair da escola indo embora tropicando em dormentes pelos trilhos onde trem costumava de passar ? bom quando a vida mãemente nos sogiga à transubstanciação eucarística da vida rio - rio mesmo é o Tietê que ensinou nossa gente bandeirante ser São Paulo já sustentei-me à beira de barrancos que trancos desta sorte vão me desapear viver ? quando Deus nos nega àsvezesmente é porque adivinha bem à nossa frente

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meu silêncio é a bulha do vento que passa arrulhando nas folhas das plantas que aqui cercam-me a casa quantos lugares que já nos foram outonos invernos primaveras... e sonha nosso romance com últimas páginas roubadas... é que careço inda de vela pra viajar minha alma é preciso destruir o propósito das pontes que teimam unir opostos que se esquecem de tarde quando pai vinha da roça soltava Pinhão no pasto que com 2 cambotas no chão esse burro se limpava do cansaço de outro dia que bom se acordar sabendo que o mundo hoje vai conseguir-se amanhã tristar por que nosso sorriso só por não conseguir entender muitas curvas do horizonte ? que não murchem em meu peito as flores quando vierem saber de ti não seria mais prático ir sentindo cada dia uma saudade que esperar amanhã pra lembrar ? bom que sempre sobra um sonho pra vencer a trilha dos juncais 37


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vem com teu sorriso roçar sedas nas horas em que vida se endurar hoje sol é uma saudade girassol das que a vida recortou dentro de mim ah morrer queimando essas bandeiras desfraldadas revoltando faina de nossa alma em chama é quando a gente sente as portas já distantes que o velhar nos quebra derrubados vem esconder-te nas sobras de meus sonhos pra que teus sonos não sejam tão bisonhos ah se quando a vida derramar-se nos sobrasse inda o sonho... é que de repente faltou guia que nos levasse e nossa viagem evanesceu-se ah conseguisse a gente ser ave em suave voo prazer vamos deixar que se invente suave nosso enredo que transubstanciação é o afeto que eu possa ser tu inda me sendo e me sendo sejas tu me manescendo

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qual foi mesmo o acorde que nos fez afeição ? larguemos demorar ouvindo nessas tardes os líricos tons que um dia fomos uma onça me espia na beira do rio onde as águas na amarrilharam mania de aracuãs estraçalhar de berreiros as matas em que passeia o rio um barco poitava na preguiça do dia uns olhos cansados seguiam a linhada nadando nas águas duas garças no céu em adeus indo embora vez em quando dessas árvores vaidosas se empinam altas no serrado em baixo o carrascal pantanal bom quando pescar é largar alma a rodar nas águas nos levando onde quer algazarra das aves nas manhãs em beiras do Miranda semelha recreio de crianças em primeiro dia de aula nas escolas fim das férias ia naquela hora em que sol resvala 15 graus no espelho d´água e os assuntos das águas 39


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que não cessam indo o rio nesse dia Paraguai não gostou que ali pescássemos nervoso de chuva e ventania suspendia suas águas de raiva alevantadas que surpresa dumas férias em Pantanal é no vir embora em que a saudade se derruba sobre a gente também eu um dia hei de carecer estar humanamente além de meus percalços como judia ter que tornar catar os cavacos que já fomos se a cada ano nos fizéssemos como ipês da gente se limpando de seus galhos... somos nós ou as saudades que mais mentimos na gente ? que ao menos sobre minha obra quando céu vier cobrar-me andaime que me emprestou casa da Ponta do Morro era inteira de madeira que nunca foi suja de demão dalguma tinta a gente poeta é que nem carpinteiro que ama entalhar as tábuas que prestem lindar a vida poeta só fica bom na sua arte quando simples a trabalhou sem carecer dizer mais

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como despir-me do que me plasmaram se o barro que aprendeu-me já secou ? que afinal as nuvens neste inverno acharam de tornar bordar os céus tenho que esses biguás não têm brevê por de voarem tão mal quanto mais nossa alma é simples mais beleza na vida ela desenha não foi a ânsia de ganhar a vida que inventou esperas de nunca ficar ? quando eu morrer seria ´té divertido - se os padres que soubessem latim viessem orar sobre mim de eu me trepar para o céu... que pena nessas sepulturas quando só o esquecimento dos matos ficam a comemorá-las e que nos sobre o trato duma tarde infanciamente em que ambos de mãos dadas pudermos descansar os pés em águas correntes dalgum corgo e daí que a vida é breve o que importa é saber arremedá-la respeitemos as crenças que nos cercam que o afeto que nos move pode estar nalgumas delas sol ia nas colinas 41


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na tarde caindo assim bêbado celebrando suas garrafas no caminho dessas horas que se carece apagar com taças de bom vinho ali atrás ficou um jovem que esqueceu uma criança que perdeu muitas suas crenças que sobraram baldadas em seus sonhos minha sorte hoje acordou amarrotada de nem perceber que o dia ali ao lado sorria até parece que a morte pena pena os seus mortos paziguando-lhes as caras como se pra algo prestasse é que às vezes a vida tem seus compassos virtuosos que nosso grosso egoismo não sustenta acompanhar e quem disse que as estrelas não passam dumas sardas que mancham o céu que sonhamos ? que é bom de vez em quando se esquecer pelos caminhos que se espinhar nos espinhos nessa náusea de viver ? nós todos na vida trazemos como disfarce um picuá de pecados lotado

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matriz de nossa Vila tinha campanário dum só sino e duas torrinhas mochas ladeando como se enfeites e um adro com palmeiras moldurava uma pracinha com desenhos pobremente tão pobre era igreja de Tanquinho que nem degrau tropeçava sua entrada que moleque desse tempo não guardava na algibeira tampinhas de garrafas bolas de gude mixarias que achava outros não tinham ergueu no pincho dum morro uma capela que do vale remedava alguma prece sozinhando de 2 palmos

cadê imagem de outono de plantas pelando folhas debulhadas-se de ventos arrastando ? – ah meus trópicos barrocos da torre de igreja mainam paisagens de Minas aos galopes em Ouro Preto nossa vida nesse tempo era tanto despojada que nosso mundo a calçada 43


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seus brinquedos patacoadas adultos pouco diziam do mundo pra gente - e que importava ? criança só servia pra criançar sítio de Minas onde um dia me esconderia seria Ouro Preto - com lapas demais onde isolar-se era sempre mesma Amábile que magra e amarga se postava em portas de bares nas tardes para bêbado catar seu Paraná é quando cabéça na gente uns assustados de ciúmes desenho de tio Nelson era um riscado de magro em casa quando criança se não se fosse ranhento quem que ligava pra gente ? será que hoje ser gente inda paga qualquer coisa nesses embates da sorte ? foi dessas noites maldosas de judiar tanto da gente com sustos fantasmas gemidos coitadinho dum nosso vizinho Afonso que acabou derroído dos bofes e tísico minguou-se cuitelinho 44


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é não é burro da gente ficar a chulear tristezas ? o mês boliçava setembro ipês brancos mal vinham florando naquela quantia de paisagem céu lindo de bordado - seus azuis vermelhões alguns abóboras bordando as margens azinhavres... quantas tardes assim morriam naqueles confins de Ressaca anda demorando demais este inverno suas maldades é que nem sempre nossos pais sequer arremedavam de combinar com a gente sei lá mas acontece vez em quando na gente essas demãos de medo é quando nem lembramos que cada um de seu jeito tem horário de carecer venerar é quando na noite acontece de se perder ponta da corda que ia trazer-nos sonhar vez em quando é bom de se tropeçar na dúvida pra não se lamear nos errados as chuvas lá na Ressaca nos chegavam de soslaio 45


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e as lágrimas empoçaram os olhos de minha amada - é que o pai lhe morreu filha de seu Ornelas vizinho do lado esquerdo era borrifada de sardas e inchados cabelos vermelhos André Louco ali morava rente do rio de maloca pau-a-pique um telhado de sapé é bom ir cevando os sonhos - que quem sabe do dia amanhã ? quantas nossas tempestades somos nós mesmos que armamos bom quando vida nos oferta sua teta de piedade nos azares naquela entrância do homem quando vinha perdendo os temperos

devo cuidar de não me tornar outro poeta repet/eco desta terra duns que acham que inventam o que vieram dizendo outros vates per omnia saeculorum saecula

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por que apear em nosso nome terras de outros que ganharam ? sei lá – mas tenho que gostar é fatiar alma da gente dando-a inteira a cada outro sem ter que estragá-la no seu todo em dia antes de se chegar acabar que tal enrolar as saudades e feliz com todas elas ir pinchá-las no nada que sobrar ? bom dia mar maré maria paginemos de alegria outro dia de gostar de se viver a gente que lambeu sempre as beiradas da pobreza guarda inhaca de poucamente arriscar triste quando as coisas que ganhamos vão não estando mais nas mãos da gente pois quem castiga a gente nem é Deus mas os tortos que nossos avessos inventam acaso amanhã solidão vier morá-la cate uma saudade e vai gastá-la é justo obrigar-se além de nossos desesperos ? dessas mulheres com tudo nelas bem feito nosso olhos ficam 47


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pecando só de encará-las a gente sabe que não se pode ganhar sempremente que um dia é do tatu como são grandes as horas quando a alma vai danada é o que acontece na gente quando a vida nos desbota Batista se vinha visitar-nos na Ressaca costumava se assentar avontadinho num toco junto à porta da cozinha donde desfiava os recados que trazia duns que passam andorinhando sem estanciar lugar nenhum ,ali no vale dos padres com Barbosa em pano de fundo trovões escolhiam ribombar desses dias em que de repente passam custar uma vida nossa inteirinha e que tal se livrar do entender pra gente voltar-se menino ? é que a gente como as aves quando tristamos nosso gorjeio escurece sábio é o que não se deixa embramar pelos rojões doidos das coisas 48


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quanta vez a vida se desvira em mentira de parecer-se formosa e essas corujas uuus na noite querendo dizer sobre o quê? negociar é com mineiro que sabe trotar nas pontas palavras e segurá-las distantes deviam ser mui antigos caminhos do Paraíso roídos entre barrancos estragados de carroças e quantos carros de boi dessas mulheres que quando a gente as encontra acabam em nós as saudades que nem se sabia que tínhamos onde é que nas noites essas águas de rios se moitam dormir ? era quando as tardes vinham igrejando canto-chão nosso vale às vezes sinto preguiça de me obrigar perdoar ô Araquá quando vais poder baldear-me pra outras bandas onde me possa esquecer ? é que vez em quando nos sobram desses vãos de tornar nos roubar meninice 49


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... é que cada dia traz sua pressa de passar olhou-me ouviu falei de afeto - apenas sungou ombros assim num que-me-importa bom quando sol ½ dia judia folhas da amoreira e ela galante aroma pátio de perfume incenso almiscarado Ressaca depois que noite deitava a gente só ouvia silêncio se despencando no vale a passeio para as bandas do Recreio atrás dum desamor sempre demora o despeito do quanto inconseguimos uns pastos é que me ensinaram os rumos de ir pra escola é que nos fizeram propriados pra somar humores do mundo - aí a questão quanta vez não fui quanto podia e outras não fiz o que queria - talvez por isso esses meus olhos gris-se-derrubados? até dizem que morrer é acreditar-se poesia - será ?

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e que dia que não nos é assim tão de repente ? ficara ali a implorar pelo mel duma risada que limpasse o tristemente setembro quando arrozinho dos capins já está nos campos gorjeando impressão que vento punha as mãos pra cariciar arrozal que já granava é bom de vez em quando se descer dos pensamentos e largar alma a sapatear no barro lindo meu quintal a brincar passarinhozinhos que vêm almoçar minhas amoras há um gado de galinhas minhas vizinhas que costumam matar fome em meu quintal tarde descora-se na noite - hora de silêncios acordarem esses guardados

bom quando vento vem cochichar na gente trazendo tantos cheiros de lembranças tarde ia tão linda que parecia desses borrões saudade

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foi quando se velhado meu pai achou de sozinho ir catar terceira margem da vida e num hospital se internar era quarta quando em quinta se trocou deixou que sua alma viajasse de encontrar-se nunca mais será que a vida é sempre esse soprando que tenta apagar nosso lampião ? 3 dias que chovia sem cessar e a gente preso à sala - tocados da cozinha pela vó sem poder ir a quintal por suas lamas e cada um formulando nossas artes vez em quando espiando morros na janela e nossas saudades desses longes e sol voltou dando risada no quintal pós 3 dias de brumas chuvaradas gostoso quando a gente molecada se juntava deligentil pra tarefa de brincar sempre inventando gostoso é ver gente dessa que traz cara e voz de sempre sorrir continuo caçar a vida das palavras que lamparinam minha poeta ignorância e quem não se estrela de raiva nos cachorrandos da vida ? por que se vai deixar de inventar uma história de amor - vai que de repente se faça tão linda... 52


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era quando ronco do salto pororoquejava recheado derrubando-se em indo rio embora sei lá mas vez em quando quanto é bom se empinar em pontinhas de saudades... que minha imagem se sobrar seja aquela dum capiau a espiar mundo que sempre o inspirou ruim quando nossos deuses se nuam e vaziam em nós sua santidade quem além do sol consegue-se mais épico num painel de por-de-tarde ? quanta vez se vai nossos sozinhos por veredas desse mundo vagalume ? o que quase não sobrou dum coqueirinho abandonado ô meu anjo da guarda quanto tempo não batemos bafo em figurinhas e eu dizendo de minha humanidade ? já abri mão de tanto nesta vida e meu anjo não me larga perder esse saibo de saudade será que Machu Pichu se fez naquela pedrastal altura só pra enfeitar voo dos condores ?

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e essas planuras da Argentina portenha que não propõem um desenho de serra ou montanha ilustrando horizonte... dia sem silêncio em Pito Aceso era domingo dês cedo a vida ali gritava seus barulhos que morriam fim do tardecer descambando pra segunda

com 50 já definira que a vida não restava e a sorte o trambelhava sem seguintes mais prestando que lembro foi no dia dos passarinhos que ela coraçãomente me sorriu vestia meigo vestido azul naquele dia que nunca mais esqueci bom acordar nesses matos entrecantos coloreados de enquantos passarinhos lindo ver dia acordar em ligeiro vagarinho soletrando desenho desses morros é que nossa alma costuma se enroscar empacada em quanto largamos para trás

desses inesquecíveis repentes que passam durar a vida toda 54


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que dá pra imaginar os olhos gulosos dos nautas português es em frota de Cabral com 3 meses secos de viagem pelo mar ver de repente aqueles roliços maços de índias nuas a desfilar em praia - ah mar maravalhas maravilhas quem pinchou João Ramalho aqui solito em terras litorais desse Brasil ? que é sempre tempo de rasgar nossa avareza e ir atrás de outros vinhos para onde foram nossas caravelas de papel que embarcamos aos 8 anos no Araquá ? e quando esse arcanjo vai devolver meu anjo que um dia me tomou emprestado ? deixai-os Senhor enquantolhes a vida é uma risada quando então carecemos devolvernos ao trágico silêncio nosso não bem ali onde até os muros tutelares da cidade eram mirrados ...e agora que nos humilharam à servidão do sal ? e nessa hora quantos sinos estão sorrindo aís afora ? há silêncios que demoram 55


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além do quebranto dessas tardes derrame um sorriso no olhar duma criança que o que vai-lhe sobrar é seu augusto de viver acho já estou nesse tempo mariposa de toar voando em torno duma vela bom quando a vida é esse afã de lírios vermelhados como um barco apagado ao mar na noite sob açoite do vento indo embora ela se foi sem um lenço adejando na amurada e quem na juventude não partiu de seu Restelo adejando o velo indo encontrar sua Atlântida brincando com a loucura apeando-se de bravo ? de que cor imos tintar nossos sonhos antigamente ? e quem não é esse mosaico sub-solo dos que nos antecederam ? nada tenho a cobrar da vida que tudo ofertou-me de mãemente se não frutei – é que falhou-me tirocínio em hora azada me sobraram saudades dos caminhos que nos iam até o Cateto 56


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a gente dividia com um bode as cabras vizinhas do Quadrado largue que sol desenhe as paisagens dessas tardes que fazer com esses heróis hoje dormindo os mármores ? só que a gente tem que aprender a chatidão da vida sobrou-se só tapera e quem na visita é só abandono te preparaste nos pés para andar o cansaço da jornada ? qual armadura usar para domar nossas paixões ? aproveitemos o cânon dos trigais para corar nossas tardes e quem humano um dia não vaga na aventura dos escombros ? e dia chegará nos obrigando descansar nossas sombras e que infinito não se mede em côvado sonho de criança ? enquanto a vida por aí sorrir deixemos as carruagens trotando que nos levem 57


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foi quando se puseram tristecer o olhar de minha nonna na estação de sendo velha e quem não vestia pobreza naquele canto da Vila ? estragaram os lindos dos velhos pra remoçar nossa Vila quantas dores e alegrias nas brigas que cometemos pra conhecer a nós mesmos que poeta se permeie de encanto poesia e candelabro saia na noite lumiando os que levam alma precisando ah uns verbos que às vezes simplesmente nos plantam intransitivos quanto mais pobre mais se briga por trapos doa suavemente teu rosto aos que te buscam sem que dos teus olhos nenhum triste se derrame espera o por da tarde quando as andorinhas retornam desenhando balé de dormir até quando vai sobrar-me lenha de eu resistir me queimando ? 58


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desses caminhos que acontecem com a gente de nem sempre ajeitadinhos a cada nascer de inocente costuma o mundo inventar-se raposa que se demora assuntando não surpreende o galinheiro e nossos segredos sagrados que largamos morando na infância ? é que sempre em literatura sobraram talentos mirrados muita pose e tanto pasmo ladrando como cultura será que açucarando a vida a gente não consegue adoçá-la ? e resolveu recolher-se naquele rascunho de serra para se curtir duns vividos quando entra o afeto - atrapalha que a gente se encalha entre segundas e sábados chega a vida e num dia nos descostura inteirinhos então larga a gente de aprender remendar é que as idades costumam ir desbotando o gênio da gente dessas paisagens passagens 59


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que a gente põe rabiscadas lá dentro para que nunca prossigam nos esquecer quanta vez nos apincha a vida nesse amém de trevas estreito já ia naquele tempo-ê-tempo de não afobar-se com pressa minha mãe não quis que a vissem se despedindo da vida - partiu um dia se-antes em sua barra de velho seu Zuza o que aprendeu é amassar as mãos nesses misteres de roça ...é quando a velhice começa estragar mocidade na gente

e nos dias em que a desalegria vem desgasalhar alma da gente que recado das almas os ventos trazem ao passar uivando essas frestas ? lindo ver na cacunda da serra grossas nuvens coçando seus altos mais uns tempos e nossas risadas vão ficar jejuando na horta até vida voltar alegrar-nos será que as mulheres entendem que os homens no xucro seu entrecho 60


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de gente-gado carece tanto do leite e da vaca é que Deus pra gente saber da nossa pequenez nos mete a nanicos ante as grandezas divinas

dumas paredes idosas já carecidas de cal casarão tão antigo venerava seu limo e quem não quer ver-enxergar atrás do que vai nos outros olhos aquilo que esses olhos escondem ? e quem diz que o azar de vivendo carece empacar prazer de se ser ? inda bem que vez em quando a vida vem emprestar uns trapinhos de agüentar- se vivendo por que a maldade do adulto de medar alma infantil ? por que há uns que tristemente só aprendem a vida sofrendo ?

há uns dias que alma da gente vira vésperas azuis era hora em que nonna catava seu pito de barro e se ilhava detrás do paiol 61


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pra limpar sua alma das raivas sempre amei desfolhar esses atlas e vadiar os tamanhos deste mundo reencontrei-a quando já perdia os orvalhos de suas galas e trazia bateria bem arriada quantas surras se tem que saber pra entender alma da gente ? é que Deus nunca proíbe da gente ser assoprado urgente até nos espera lá adiante ver no que deu nossa pressa

um quero-quero corguinho que ninguém sabia inho donde vinha regava o vale dos padres e compunha poças de se aprender nadar naquela viagem primeira de carroça até Charqueada de volta olhei pra trás e vindo vi meus sete anos já velhecendo a estrada tomara a gente consigase além das tempestades no afeto aquela nossa vontade da alma querer saber o dentro miolo do outro... por que largar no bagaço 62


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derradeiro sumo do gosto ? de quando perfume e mulher chegam ambos nos arrulhando o faro contentar-me com que tenho exultar com meus empenhos - pra que mais à paz da vida ? eram uns muros onde luz dos postes não chegavam que gostosamente se praticavam namoros anos 50 impressão que me restei sozinho em bico de funil éramos quantos anos 90 no Brasil a trocar literatura? quanta vontade engolia minha infância em roça da Ressaca espiando espiral de estradinha que subia indo embora pra cidade neste novembro andam molhados demais nossos dias e que as chuvas amam antes derrubarem-se em trovões é quando se vai gostando mais da vida que ela nos velhece em Caiapiá até os pés de sassafrás tremuravam de maleita - aí nasci tarde hoje morreu sem entusiasmo cara e jeito de caipira recansado que malhou todo dia durante a roça 63


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quem sabia do Natal no Cateto ? de 8 casas disparadas pelo pasto luz alguma nesse dia demorava ir dormir além das comuns de outros dias e ninguém era infeliz nesse pequeno nada-tendo apenas a vida nos valia mesmo caipirando-se na gente no vale um alagado nos Andrades ajudava enfeitar os tons da tarde onde dava pra ver sol derrubar suas pinceladas no dia que morrendo definir algo é como se a gente também estivesse velhecendo é que ando demorando demais que antigamente - e me incomoda pena que a vida não acordou-nos em tempo hábil de se aprendesse armazenar para préstimos futuros lá em baixo a cidade em cores de chuvas tempestades - é dezembro - gente por que se arrepiar ? era daqueles namorados que fazia já parte da família amava cortar fios costurando com a gostosa risada seus dentes 64


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hoje dia malandrou dessas crianças manhosas de demorar ir dormir e restou lambuzando tarde seus desenhos picassos e quando dia começa já pigarrando com promessas de chuva trovoar ? não é solidão que me espaventa mas o restar-me só quase bolor e ver quantos por mim já tropeçaram bom Nicolau se lembra nesse Natal derrubar em meu quintal qualquer porqueira nadinha que me faça bruar filho de Deus paixão não é quando duas pessoas ajudam se extasiar de comoção ?

lindo olhar esses trigais espigados a encapelar ventados nas tardes é que pra cada um esta vida escande suas demoras e que nem sempre a sorte nos cede a chave de achar-nos uma ilha ? é quanto sempre buscamos dês que a vida inaugurou-nos e os céus às vezes esquecem 65


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de vir persignar-nos ventura que não me elejam para acolitar-me arcanjo algum prefiro desses anjos moleques boca-suja mas que sentam comigo em pomares a comer frutas sem lavar se carecemos celebrar nossos sonhos lembremos do vinho que irá lecionar-nos espiar além de nossa grossa crosta humana qual o recheio-gente que meu pai escondia sob aquele jeito tosco de ítalo-caipira ? ah o viço desses cios com que a vida nos edita seriam os poetas sobras do que deuses em férias argamassam em graal ? ...é o estado d´alma duns que prazerosamente inquietos ardem e não conseguem se arrancar do círculo em que pearam-se ? inda quero ouvir a rubra voz do mar que infinita os mapas deste mundo há um entrecho em que vida consegue descorar nossa graça de criança de nunca mais se achar

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e sei lĂĄ donde veio humildezinha bater Ă minha porta - chovia e gotas de alegria sorriam no seu rosto - pediu emprestado xĂ­cara de pĂł e nunca mais tornou

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Ad-Venturum – Irineu Volpato

Escobar Flanelas (*) “A arte é o que faz a vida mais interessante que a arte”. Robert Fillou abriu as cortinas para aquilo que a Arte propôs ser-se na sociedade contemporânea. Arte, enquanto poiesis - potência criadora inicial de todo indivíduo – deve (e é) a centelha distintiva de que o homem é um animal cultural, logo, interfere em todo meio social por onde pensa, vive e anda. Traduzindo de outra maneira – o homem não usa a linguagem para se manifestar, é a linguagem que se manifesta. Essas palavras inaugurais deste texto são para contextualizar Irineu Volpato, poeta. Mas quem é Volpato ? Homem da Sesmaria (a sua Pasárgada bandeiriana ?), ensimesmado nos rincões, já não tão bucólicos de sua Santa Bárbara d´Oeste ( o nome da cidade já é um verso sintético e complexo), Irineu é mais, ele é a própria Poesia. Também advogado, ensaísta, tradutor, petroleiro, administrador e fotógrafo, assim que aposentou-se, pegou seu embornal e embrenhou-se no mato e de seu sítio (http://paginadoirineuvolpato.blogspot.com.br) lança suas floradas que colorem, musicam, pintam – embriagam - enfim todos aqueles que se dispõem visitá-lo. Assim como Guimarães Rosa, Mia Couto, Manoel de Barros ou Uilcon Pereira sua trama textual lembra a confecção de um gabbeh, a leitura de seus textos oferece pratos de sabores sempre renovados, indefinidos e infinitos. Em seus textos surgem formas inusitadas da compreensão dessa linguagem em que texturas desviam o olhar acondicionado no óbvio para que sejam sentidas outras aclimataçõe.

andar andar criando errando nossos acertos (p.7) Renovador da estética poética, Volpato oferece desde o título Ad Venturum, desafiador, um exemplo do rio piscoso de delírios semânticos. Pois se na Roma antiga já entendia-se a ventura, como coisa por acontecer, deduzimos aqui que temos em Irineu Volpato um poeta/profeta que vaticina sua condição humana. Para isso, tomou emprestado as terminologias latinas ad e venturum para designar a sua sublimação, catarse, êxtase, espanto. Essa vocação para a ventura explicita assim de modo simbiótico e paradoxal os modus operandi et vivendi do artista:

inda bem que a mestra vida não perde tempo ensinando só mostra como se aprende (p.19)

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Mas Volpato ousa inda mais. Em suas linhas deduz-se lanços de depuração filosófica:

seriam os poetas sobras do que deuses em férias argamassam em graal ? (p. 101) renovação homonímica:

e aquela chuvinha amanhando (p. 45) e os flaflos arrepios urubus (p. 48) mãemente nos sogiga (p.53) em Caiapiá até os pés de sassafrás (p.97) rompantes líricos :

ama-se ou não - por que sair catando rascunhos antigos de páginas rasgadas da amada ? (p. 39) mudanças morfológicas dentro da estrutura, musicalidade personalizada no trato dos versos:

que

acentuam

a

quem além do sol consegue-se mais épico num painel de por-de-tarde ? (p. 81) inversão de sentidos:

na casa antiga quando entrei não encontrei sequer uma saudade tiquinha que me viesse abraçar (p. 27) Assim, mais que dissecar a flor desse autor tão peculiar, o que poderia provocar o movimento contrário de distanciamento da obra que queremos promover, importa-nos “bebê-lo” em haustos licorosos no oásis que ele oferece aos nossos sentidos súplices e sequiosos:

que forças me aguentarão nessa aí viagem adiante ? vamos catar perfumes 69


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desses capins depois das chuvas na estrada nunca desminta criança que passa inventando a vida

e faça como rio que se pedra lhe impede a rota abraça-a dengo e vai embora deixa que nossos êxtases nos ponham acontecer quanto tempo gastou nosso avô gostando pobre uma roça ? tempo de árvore costurar de verde os trajes a dizer ser primavera (p. 8) Tim-tim !

(*) no que você pensar em arte e inteligência Escobar já meteu colher e se deu bem

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endereço do autor e-mail volpato.irineu@gmail.com http://paginadoirineuvolpato.blogspot.com r otávio angolini, 235 – cruzeiro 13459-467 santa bárbara d´oeste sp BRASIL 2014/6

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