Poemantos
POEMANTOS
IRINEU VOLPATO
1994
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"Ore legar populi siquid habent veri vatum praesagia" (Si praesagia vatum habent aliquid veri, ore populi legar)Metamorfoses-OvĂdio
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120694 Não que eu não queira ter meus olhos para ver os dias que desmancham a meu redor olhos que odeiam ver passar fome escabujando entre restos esperança que perdeu por esperar que as veredas do destino estão sem luz que escada de subir está inibida e o descompasso da fortuna é sempre mais que os tempos estão cumprindo profecias e há perplexo embaraço névoa em tudo que eu também estou cursando essa tigüera... Mas temperaria dizer de dores a quem sofre ou incitar do cão dormindo caïnho instinto ou tolher cores, descorar céu matar as flores, sonhos e esperas e rabanhar-me à cáfila penada? E o poeta onde encovaria se seu é fado acender em cada dia lampiões que acorçoem a humanidade? 4
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120194 E meus olhos sorriram de paisagem quando mar brincou entre meus pés Sol de praia ardia sobre mim com nuvens visitando horizontes montes se empinavam azul de negro e prego de descanso me aprazia Era mel a manhã de brisa e mar Assuntar por que nessa preguiça? Liças as joguei atrás das serras ao varar por veredas da Juréia e vir molhar meus pés em Cananéia.
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060194 E meus olhos não mais quando insistirem haverei de somar paisagens de terras que desnudei caminhos que convivi Pecados que recorri não somarão penitência Ardências que consumi serão lembranças das cinzas que mais não incomodarão. Farei do quieto só paz já incapaz me verter quando meus olhos enganarem a manhã do anoitecer.
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160194 A madrugada persiste não consentir o meu sono e pertinåcia sustenta instâncias poemas Chopin num piano eterno tocado Desespero-me tateando aguar-me pelas veredas que meus fantasmas se percam E a noite rola-vaindo Em espiral de funil vou me perdendo esvaindo Quanto eu queria esta noite perder-me que sou remitindo.
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180194 Trotávamos de dois a tentar ambos limpar nossas almas que pesavam A manhã era de campo mordia verde de sol azul abraçava céu e nuvens se compraziam de branco nas serras longes Éramos dois insulados Eu quebrado de pecados ele pecado e perdido Não barganhávamos ouvidos -eito que perseguia era díspar em sua vereda (nem sempre dores algures inflamam as mesmas chamas) Apenas dois a trotar sós tão sós no que achar.
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240194 Manhã de cara amarrada por chuva comprometida Serra ao longe em S Pedro mais negra que iracunda atalaia me via passar Estradas barro piçarra corriam com corgos em pontes Horizontes de verde longo pincelados canaviais Compromisso sou caminho alma inteira regozijo ato e fato descuidado me obrigado de pulsar alma só dando graças.
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240194 Meus olhos se lavam em cÊu com fardos de nuvens debruadas tantas louvadas no azul Meu cansaço vou pousar nos campos que vão comigo ouvindo dos horizontes cochichos de suas sagas. Saudades deixei doadas quero ouvir vento dizendo caminhos que inda me aguardam.
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240194 Girassois olhos assustados vigiam caminhos que vou.
De pez era o cĂŠu caligem seu vulto SilĂŞncio esperava borrasca ruir.
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300194 Primeiro eram seus olhos que sorriam que luziam que vertiam Depois houve o sorriso quase flor pejo-rubor tão-tão amor Um vulto de graça de riso de vida Um dia trocou-se de nossa querência Ah vácuo vazio ardido de ausência quanto oca certeza não ter Nossos olhos desmedem buscar e as mãos que deixaram escapar... o-lá-dentro nem vale suster!
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240294 Serra do Mar se veste de quaresmeiras lilás parece guardar confete que sobrou de carnaval. Manhãzinha sol dormindo quando vales sonham brumas serra vai se distraindo lavando pés por espumas.
Sol de dia sol de quente por estradas luminadas que furam pelo seu ventre
a serra paramentada sorri aos olhos de gente que lhe travessa pressada. Em maio com manacás em junho com os ipês a serra se vestirá abençoando mercês. 13
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070394 Passeio meus passos de sozinho em ruas que nunca foram minhas Olhos me quebram estrangeiro em jeito e cor Janelas que me espiam suas luzes estranhadas Cotuco por semelhanรงas nos ares que caminham meu redor Nem medo ou alegria me contristam Vou-me apenas gulosando meus olhos novidade estranho a estranhar essa cidade a viver mais um dia que apontei.
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080394 Esse hoje está como esta estrada chuva desbotada paisagem sem de ver Sem céu sem os meus lados suspendo-me somente no compasso canto-chão dum limpa-brisa a não perder-me das guias do caminho Despenso lembranças longe-estadas näo bambeio meus olhos que se cansam Preciso onde chegar horas que importam a demora tem paciência de conter-me Motor e engrenagens pois me levam e música que alerta esta viagem Sei que há anjos excitando meus ouvidos e de ouvi-los persigo eitando estradas Quando pegar o fim quero esquecer e repetir-me amanhã esse andarilho que vota andar arrepia manecer.
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180394 noite acompanhou-me de caminho solitário em ruas quietas A cidade assim silêncio quase excita-me Os passos de meus passos entram vagos e meu vulto viandando engana as luzes Espio janelas já dormindo e portas que trancaram descansar Só esquinas são minhas convivas convidando meus passos vadiar Empurro-me andando sem quê mais por gostar desse ventinho saltimbanco a soprar meus cabelos despentear Estou ainda sou lembrares que me somam enquanto vou que importam? me levo, como sempre ficam atrás.
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0394 E se real fosse um deserto esse sozinho que estou? Acaso iria trocar esse silêncio que sou? Por que veredas viria quando o sonho se acordou? Por que esse susto de só ao perceber-me sozinho se asinho momento antigo a presunção de vizinho não me angustiava do só? Ah bicho gente reato que só cuida por imagem e se planta caricato! O só do sozinho que sou a não conceber-me só sequer muda o que sou?
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220394 Há cheiro morno de mata por essas tardes suadas Sol vadiou escandindo vai dormir noite ordenada Lindam nuvens ao sonoite aves bordam cuneiformes rabiscos de encontro o céu Hora frouxa em cisma estar intermezzo de idos-que-vêm galerias retratos entrouxados repedaços de sonhos travados Riosinho serpeiro se indo pra um qualquer onde quer Ah pudéssemos seríamos esse bom de recorrer!
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210394 Fecundarei areias com meus passos invitarei mar me acompanhar Borrando de silêncio nosso idílio Companhia só sol de matizar ou lua doando-nos vagar Nuvens e estrelas colheremos ao compasso de caminho passear Coisas de nós segredaremos e escaninhos propondo-nos trocar Quando fatigarmos nos estar devolverei meus passos de voltar e o mar sobejará o sempre mar Sem recadar obrigação permanecer nos partiremos até outro dia acontecer.
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300394 Casinholas relando encostas com sorrisos aos vales que passam Sobra céu espaços um tempo pra o de ser desses sítios caipiras Os meus olhos que obram estradas a correr sempre atrás do que espero se apessegam do ardido contraste a flagrar essas fotos que eu levo pra num vago qualquer quando estou me causar lembranças poemas.
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300394 Que vontade errar voltando tudo desnudar-me das roupas que me tolhem Que vontade resser-me sem pecados e grego refazer-me inteiro ser deslumbrando infante que sorria por esse tesoureiro reamassado que hoje enfara sabor de cada dia Que vontade ah, quanta-quanto eu daria reganhar-me com todos os pecados e inocĂŞncias apenas deslumbrado Despido de qualquer malĂcia ciĂŞncia e ser apenas ser comum humano sem motivos de diversos desenganos.
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300394 Por que insistir-me formiga desconhecendo a cigarra em que fui me repartido? Dia não se distrai entre sol e lua de prata? A ordem não se faz dos extremos que se fecham? Por que ater-me um só olho por que escolher-me só um passo por que teimar-me nas coisas e acreditar no só meu? Por que ajustar-me trabalho e cego esquecer do sonho que brinca me distraindo? Por que no verão trocar-me cigarra vã cantadeira da formiga que obrigou-me a brigar na vida inteira? 22
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300394 Esses olhos de fome que invadem meu repasto esses passos maltrapilhos que perturbam meu caminho esse olhar entre não pedido e ódio que povoa cada espaço que sobra de vagar e que me punge o sono me proibe mastigar... Esse painel só de soma os nadas que só sobraram que explodem sem cessar e que os ateus lhes apontam veredas de sem chegar negando ao prometer fechando por não ser dar... Quando salmo recitado de se há por resgatar os lírios as aves os homens recansados de contar? 23
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090494 As pedras que topei em meu caminho juntei-as pedestal sobre maré salvando-me das águas angustiadas e ondas ressentidas em meus pés Albatroz que seguiu-me vôo-condor foi motivos de abrolhar-me contra o mar Dias-dias fragoraram-me incauto enquanto zelos de viver me desnuavam Século cansado que ora celebro sem conta pelas gretas que me rasgam sobrou-me pertinácia elmo-rosto que ao sorrir se pinta de sol posto e perdeu de chorar penhando pedras.
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090494 Capiau com raiz na Capital desquecido de som áspero das vozes enredeiras corruiras das risadas alaridas joão-de-barro e saudade voz sinistra bacurau... Afeito aos berros dos motores das buzinas lazarinas e paisagem cimento cinza e cal... Comoveu-me alcançar hoje manhã o vôo desgraçado anum-desses branqueiros lorpa em piado a chofrar-se em árvore escoteira caixilhada visão minha janela. Sei lá! se agulha de saudade ou do tempo que rediz passado em bom olhar me agüou soma-piedade e boliçou moleque o coração.
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190494 Ah, dor ser temporâneo finito transitivo de tempo marcado sonhar lume de fogo excitado sendo apenas flama de um grito...
Há acaso outro jeito ditado? Olhos tensos nas Parcas transito. Mal um Alef me creio redito, apercebo-me um zeta anunciado.
Vocifero em dor-zanga à procura da resposta, que sei-a, pressaga -consumir-me matéria fatal.
Valeria saber-me criatura e conter essa psique pervaga abrasado, impoder, um mortal?
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200494 Jaraguá hoje parou a meditar Mandou dizer ao sol para não vir convidou as nuvens de guardar Acha-se gasto continuar ser testemunha e liame entre a terra e divindade Há dias demais sujos passando disparados e ventos que lhe trazem mágoas novas Jaraguá parou hoje a meditar Deixemos esse avoengo reconvir como a nossa sua mágoa irá passar.
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200494 Um sabiá matreiro acostumou-se dividir meu quintal, tão liberado, que o cão-lobo que vive ali trancado, da ave, me parece, enamorou-se.
Vivem ambos contínuo lado a lado. O cão a lhe jogar uns olhos doces, mudado, da alegria que lhe trouxe brincalhão sabiá endiabrado.
E inquieto sabiá por sua vez desleixado de sua viuvez (pedrada que acertou a sua fêmea)
matou seu infeliz, achando um cão a amansar-lhe o bicho coração e que talvez lhe supra a alma gêmea.
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240494 E a formiga insistia em sua faina de subir e descer levando nacos que cortara de lindo pé de paina e escondê-los fiel nalgum buraco.
Persistente, tenaz seguia teimosa a repetir-se sem nunca questionar. Nascera assim insana, laboriosa, que motivo faria de mudar?
Sozinho, ri, lembrando-me de quando em tempos que eu corria atazanado, cenho duro, olhar esgazeando,
tonel de inquietaçöes, soma de urgente, até que arrebentei-me esbandalhado e dor, refiz vereda, resser gente. 29
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280494 Voz de tarde lembrando outros tempos vem dizer-nos vermelha idos dias Aurabrisa sempre dela parceria prui gosto fazer alma dobrar A entrega a nĂłs proposta dessa hora nĂŁo diz da dor que dela apenderĂĄ furtando nosssa noite madrugada falindo-nos em ocos desse nada e doloridos exaustos precisar entregar-nos a novo dia que nos pĂľe obrigar nova jornada.
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280494 Cinco pares d'olhos olhando o nada em pose que tínhamos ou sabíamos Que importância foi a vida depois disso? Entre morte sobrevida que hoje somos desafetos que desfeitos nos fizeram o tom sépia da foto que guardamos não redime desamor que sempre fomos?
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290494 Meia tarde Um sol que vadia Só paz de gado a pastar nos verdes matizes escampos Riosinho modorna sossego de sorriso é brisa que brinca Por que vir-me ralar-me das dores e raivar meus olhos em porquês num teatro sozinho essa tarde? Há demais duendes diáfanos e numéricos numes miriando demasias grandezas da vida pra eu perder uma tarde e prender-me apreçando-me dor singular.
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020594 Nossos ícones não morrem se quebram! Criatura de tato de formas olhos feitos de imagem figura e saudades de só geometria Essa alma vadia que medita e restrita só soma conceitos forma jeito imagem de si Quando elege o mito fanal deus mortal como a si a si mesma esma insana criá-lo imortal Dia quando o ícone esvai e qualquer mortal também morre se socorre de tropos avença sua crença jurar que seu deus não morreu ao azar se quebrou!
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040594 Enquanto a dor caminhava cangada toda saudade montando esquife de heroi corguinho que sempre foi a lindar por mesma estrada do pranto desavisado companheiro prosseguia sem toar da companhia do triste passo dum povo desconformado da morte. A saudade irรก passar irรก brandar essa dor mas do corguinho andador todo detrito descaso quem farรก a cor tornar?
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040594 Ah mundo, em que obrigados dividimos nosso pão, nossas prendas, nossos passos! Sócios do azar que nunca consentimos engulhamos revezes e fracassos.
Cada qual é uma caixa de egoismos e cada alma se borra de seus traços. Em defesa ardilamos nossos ismos e vingamos cobrar dos embaraços.
Forçados pelos fados ser social, a glória do vizinho nos faz mal, usurpá-la pudéssemos faríamos.
Vez do riso que rimos, vez do gabo um fero rosto, sevo menoscabo, se covardes não fôssemos, poríamos. 35
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060594 Grasnam gansos que passam na noite e meu sono se assusta de agouro Onde irei esconder meus ouvidos de nĂŁo ter meus fantasmas antigos? SerĂĄ lua encantada de luz que acordou esses gansos voar? Grasnam gansos na noite se indo que prenĂşncios esses gritos pressentem desses sonos odiados esperar?
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080594 Vão-se os grãos debulhando penitentes obrigados no estreito dum gargalo de ampulheta, pautando os intervalos do tempo, que se esvai incomplacente. Não há como suster a eternidade. Somos fatos da soma dos momentos marcados ao nascer de finamento, malgrado nossa gana longidade. Jacta alea! Se na vida que se escoa, ponderássemos ruim que nos magoa, permeado do bom que ressaltamos, tempo que escai, que tanto obsecramos faria nos viver menos saudades para frutarmos mais dadas idades.
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090594 Paisagem de lua com miçangas de triste seperdidas. Aspero agreste Compartindo mesmo chão gente com bicho Céu de sol malvadeia quase escárnio bebendo nas cacimbas mal-bastantes Estrada que caminha a pé de serra é memória de riozinho que viajou 'A espaço uma cafua onde se apoia em pé de xique-xique cardo-santo um caboclo esmando no copiar finca olhar indefinido rumo a nada Entre favelas um bode rouco esgoela Nem o vento quer viagem nestes ermos Noite e dia no agreste um só entrecho Sol que passa dia de esquecer esmaece em lua que repete seu luar tristecendo com almas de fantasmas aspero agreste em noite arrepiar.
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120594 Mantiqueira compassa comigo vindavolta de estrada regresso Eu de passo automovel passando Ela indo galopes pra Minas dispersando morretes no vale e colinas moldura de encostas Companhia de nuvens a abraça Viés sol da tarde colore entretons seus píncaros agudos Os meus olhos divisos entretêm-se pelo rumo da estrada e o teatro que a serra propõe nesse ocaso.
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120594 Sol nesta tarde transbordou seu gĂŞnio de pintor predestinado CĂŠu e serra postaram-se de tela e sol se mergulhou brotando cores de dores fincadas nostalgias de saudades multiplos sabores tristes que nos pegam tarde assim Sol de pintar os pĂncaros da serra e constrastar encostas morros vales de nuvens irisar afadigou-se Foi dormir nos confins de nosso olhar esquecendo uma agonia entremeada de tantas fantasias dando nada.
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120594 Paraiba se obriga entre vales para o norte a moldar-se entre montanhas corredeiras Já sem barcos canoas que levar visita inda quintais hoje cidades Espiando segue estradas que o perseguem (ferrovia que como ele envelheceu e inqueita rodovia que o sucedeu) Persegue espelhando céus paisagens a inundar roças e pastagens repetido sempre mesmas águas indiferente a risos em suas mágoas Rio apenas se obrigando ir passar História a quem lembrar contar.
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130594 Nuvem vadia desssas viajeiras cochichou à velha Mantiqueira que a leste era o mar mar infindo como o céu rude como a vida e lindo parceiro das almas cismadoras dos inquietos corações aventureiros mar azul verde todo cor variegado Mantiqueira aguou-se de vontade (ah, determinismo prego ser montanha e fincada restar sempre plantada) Desse dia passou arder entranhas enfiou-se pelos vales incorporou colinas e persistiu assim milênios nessa faina Um dia, irmã, com ares de menina lá estava grimpada Serra da Bocaina Olhando mar azul ouro variegado talequal um dia por nuvem foi cantado.
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190594 Um velho sótão assim de casa-outrora a olhar sua janela para a rua e a arrepiar-se à noite quando em lua, perpassava seu tempo se indo embora.
Parecia esperar quem embora fora, triste servindo as pombas de cafua. Inda hoje abandonado continua a espiar cada dia o vir da aurora
Esse sótão em meus tempos de poesia era sonho a sonhar, pudesse eu um dia ali viver poeta(em meus transpasses)
vendo a vida través sua janela e á noite poetar á luz de vela esquecido do mundo e seus impasses. 43
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190594 O roxo dos ipês ganham as calçadas boliçando nossos olhos Amando nossos pés caminhos mansos sem machucar as flores dos ipês que esperam no chão a nos sorrir Ventinho maio-outono que acorda nossos sonhos vem debulhar flores dos ipês vem buscar folhas de brincar e amansa o triste nosso olhar que das buzinas se cansou do imprevisto das esquinas e do cinzendo cru cimento em paisagem suja cal .
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210594 Prisioneiro dum vaso na sacada por mais de quatro anos, pé-caqui cada manhã que abro a janela, ali me saúda de verde sua risada.
Plantei-o de semente degustada num vaso abandonado e me esqueci. Dia qualquer, nem lembro quando, vi uma verga expontando, um tico , um nada.
E de cuidado em cuidado me apeguei a esse pé de caqui que ali plantei. 'A tarde quando torno para o lar
despindo-me do dia que passei na sacada lá está ele a me espiar verde, rindo, adoçando meu voltar.
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210594 Há pincéis borrando verde na paisagem que passeia mareando nos meus olhos. Canaviais multiplicados em refolhos, atropelados de vento seguem viagem.
Sol de céu limpo passeando sobre tudo estradinha de chão cru redisparadas, longehorizontes de serras magoadas e outono sem dizer, passando mudo.
Me distraio procurando alguma flor que pudesse variegar, sorrir, compor algum grito dissonante nesse rés.
Nada! Só verde, mais verde sem nuança. Tinha perdido dos olhos a esperança quando dei num miosótis entre meus pés.
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220594 Deus, esse Deus que eu pensava adormecido procurou-me dia desses entre seus filhos. Não me expressei-lhe por ter-me confundido 'té me desculpei por meus errados trilhos.
Conversamos como amigos, conhecidos, Ele despido de seus supremos brilhos, eu estorvado de humanos empecilhos. Fomos andar por caminhos esquecidos.
Dois humanos. Mas só eu sombra levava. Deus nada dizia, apenas celebrava esse convívio que tanto delongara.
Como saber quão durou esse advento? Soube apenas que partir desse momento Deus não foi que me esquecera, eu que esgarrara.
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050594 Não sei porque pecados acabei lá na Pavuna. Noite escura como escuras são as ruas rostos de lá. E pó vias descalças percalços de quem nada sabe dali andei medos que plantaram-me na noite até abrigar-me em hotelzinho que nem vale apreciar. Lá desnudei-me contra o pó alongado do cansaço num dia mais quanta jornada. Amanhã serei de novo estrada Da Pavuna só quero deslembrar
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240594 Entre vontade de ir não saber se um dia voltar fui deixando meus pedaços nos dormentes que ficaram naquele caminho de ferro Misturei novas paisagens às saudades que filtravam As caras que acompanhavam era inócuas como a minha A tarde que se enfeitava com os apitos do trem não conseguia resolver meu coração dividido Voltar nunca mais voltei Paisagens esperdicei Mas travo dum dia voltar desse nunca me livrei.
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300594 A tarde tenta dar cor no dia que foi esmaiado e brinca tantos pincéis de entretons coloreados
Meus olhos de dia jornado cansados de tanta espreita não consente nem rejeita essa tarde alvoroçada
Mas se dia foi chinfrim têm culpa os deuses os fados Tão fizeram-se aplicados por que me desdar tarde assim?
E rendo me enternecendo desimportado das penas amando sol que me acena desobrigado morrendo.
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310594 Nuvens passeiam montanhas durante serra vadia Os vales cochicham verde Rio-riacho rancoroso se despendura da serra Horizontes que se encoucham Caminhos de desconfiados vão se perdendo rabiscos nas aquarelas paisagem O céu abusa de unção tecendo azul nos confins De coração pequenino e olhar estático espanto fico a somar nos meus poucos -surrão de inveja impoder louvando os olhos de olhar um coração só de amar... ...e o verbo inane peco. 51
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010694-Mariana-MG A lua amedronta as torres barrocas, escorre nas telhas luar de silêncio As casas se juntam vizinhas de medo e as ruas visitam janelas portais de pisos de pedras poidos de passos Lampiöes enganados de luzes acesas vigiam a noite que vai vadiando Passeio silêncio de sombras mosaicas atento a vultos que mentem na noite Sonhando encontrar esquina janela de vielas sombrios sobradões o Guima, Alphonsus Henrique da Costa chorando de Ismália nas dores da Virgem pascuando seus crentes em campos de amor firmando que a morte tão só é assunção -poeta não morre, encanta-se em som!
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020694 Esses caminhos que andei cambiando climas paisagens curtiram meus olhos indo vontade de acompridar Um dia sei será quando? sombra minha aquietará Dês então meus pés medrosos leves passos são cuidar Já de olhos catacegos despendurados de olhar repruirei minhas fotos datando andares casos Serei meu barco vogar proando pra esses confins que ninguém soube voltar.
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020694 Esses tons rubro-cinza fumaçados que esmaiam cÊu entretelhados nesse ir de inverno pelas tardes... Esse vento-brisa-sopro insossegado me machuca raleados meus cabelos de caminhos que me obrigo veredar... Esse entreato de dia-quase-noite instantes cavos puchando-me cismar... Esse despojo que a tarde quase anima de passos que me estiro dia-jornada... Meus cenhos se amaciam retransidos e descansam minha noite ir sonhar.
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040694 Nunca busque saber o que passa aqui dentro de mim quando ouço essa Eli de Camargo a cantar Te Amo-Muito com voz de só dela Que o cigarro em meu dedo se queime quem estiver de chamar não me atenda Não obrigue meus olhos rasgar Nessa hora não sei quem mais sou ou se sou os quantos perdidos nos desvãos de tudo que amei.
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130694 Tentei resser pós tanto e marco me achegar a novos tempos debulhado de pedaços de meus eus Para ater-me temporâneo vim polindo os traços desconformes que compus e tanto e só e tempo e traços hei de tentar resser-me após tantos.
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160694 Era um cão como os quantos são -neste caso um bom perdigueiro. Dividia um quintal de meeiro com galinhas e um burro meão.
Olhos mansos, até quietarrão ao viver o seu dia costumeiro. Quando em caça partia, o primeiro a acuar o inhambu chororão.
Meu avô mais que filho o gostava, minha avó, quando a vida a magoava, com o cão mussitava abraçada.
A família parece minguou-se quando o olhar desse cão apagou-se. Desse dia ninguém quis mais nada.
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160694 Manh達 de neblina cerrada Tenho estrada Onde foram meus dias de sol? Eu me espero nos vultos difusos seperdidos fantasmas na estrada e os conjuro indicar-me o caminho Me perdido os enganos me atentam por saber-me t達o s坦 despojado Ah, essa hora em que os medos se vestem dessas quantas ravinas que somos -impoder ser humano chinfrim E a manh達 de neblina cerrada se passeia desinteressada de querer conhecer vir saber do que vai aqui dentro de mim.
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160494 Manhã se abraçava ao lago numa quanta alegria de aurora Boliçavam árvores inquietas à faguice de ventos vadios despertados com gritos do sol As bauínias coçavam nos olhos o albor que as pintava nas águas Uma estrada que ia de viagem escovava orvalho da noite O silêncio dormido encovava ao repique dos pássaros todos Os meus olhos dum dia somado ternecidos passeavam abraçando prodígio dum dia nascendo das entranhas maternas manhã.
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200694 Casinholas embrulhadas em neblina resistem na manhã sono do vale Sol está coçando olhos na serra obrigando novo dia se realizar Preguiça tropical abre bocejos Aroma de café vaza telhados Um cão incomodado troca passos a coçar-se de pulga em carreador E' a vida essa rotina que comete sem ninguém maravilhar-se do que é. Por que rezar milagres que hão por vir se há milagre alhures de fartar?
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210694 Não lembro nenhum vaso ornado de flores que enfeitasse alguma das janelas das casas que trocamos Meu pai era impaciência de ficar ardia-lhe demorar o mesmo chão Nossos teres conheciam muita estrada e cada muda perdiam-se menores Minha mãe pedra lascada perdera de somar suas fantasias untava dias com olhos desperdidos noutro vir Além dos vasos que faltavam nas janelas quantos vagos me pregaram dentro em mim desses riscos ir-e-vir ricocheteados dum infância que nunca conclui?
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220694 Tarde indo sol se despedindo nos contornos da serra de S Pedro Cansado dia brabo meu pai desencilhava da charrua burro nosso Pinhão e rafazia caminho nossa casa Juritis cortavam espantadas Se aquietava no vale paisagem Bobagem era sonhar naqueles ermos Meu pai chama sustentava sentava-se pós varrida sua missão em degraus de escada contra a tarde e chorava na emoção duma requinta A tarde em tintas recopiava tons de sua alma quase ardido coração.
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230694 O mar se pintava de céu pra dizer desse olhar que me olhava Ah, esse elo que se fia entre seres há milênios somaram estilaram -a mulher graça mel sedução -no macho a tesura do flato quixote a leitura que ambos treinaram nesse lúdico brinco viver (ofertar negacear receber) é o que rende da vida essa graça Fato-amor motivo de ser Quando uns olhos adivinham outros olhos é que céu os fados os mares mentem cores ao nosso sabor E que importa se a cor engenhada só consiste no interno do amor?
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230694 Duas lágrimas louvavam a saudade que os olhos despediam ao trem partir As linhas das linhas ferrovia somavam última curva contra o nada Que importava destecer vincos da face quanto vento e fogo internos se abraçavam? Dizer quem diz na despedida quando a mágoa de saudade intrometida nos rouba presença acalantada? Dor tece uma tarde derrubada nossos olhos que corriam atrás da estrada e perdiam horizontes contra o nada cerravam apenas gosto sal azebre A febre angusta que nos prende se rende em lágrimas que esvaem... agonia por não chegar.
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260694 Rebentam meus pensamentos assim faulhas doidadas quando silêncio não dorme e vadia madrugada Ah, guerras que eu não pensava cismas que eu não pedi galopes desembestados por campos que recorri Por que me obriguei zagal de paixões longes de mim? Queimam fogos que me abrasam eu não consigo fluir Vai vagando madrugada ai, quanto votava dormir!
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270694 Era vaidosa tanto e tanto pintava-se que quando se levantava deixava marcado o assento do batom que exagerava.
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280694 Ardia madrugada uivando frio e aquelas mãos etéreas me tocando acompanhá-la a contar pelas calçadas tantos sonhos rebentados em corpos de mendigos maldormidos Silêncio pós-pecado me tomava a mirar aqueles trapos confundidos Meus excessos de coisas malsomadas só gosto ter-por-ter que eu juntara quebravam-me perante tanto nada E frio que madrugava me queimava punha-me resto entre os restos que ali estavam. 67
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280894 A proa dum barco se afoga num mangue Morreu viajar Só garças vadias descansam sua popa de raiva voltada olhando pro céu Quem lembra viagens de ir de levar? O mar que brigou com ele de ondas em noites borrascas e se ria do grito do apito-agonia do barco errático a esgrimir nevoaça que noite tingia O mar não o esquece e em tardes sol-pôr somando maré vem dizer das saudades que barco marcou de tantas viagens singrando nas águas que mar lhe doou.
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Poemantos
300694 Ela veio bordada de lindo numa tarde carência que eu era Sendo sós não fazia competirmos Nos olhamos, nos rimos, falamos e somados ambos dois dividimos o caminho que íamos de andar E conosco também foi o tempo Não colhemos conjunto algum fruto que alongasse sombra nós dois
Mas afeto que fez-nos somados quando ela se fez outro lado se ficou. No caminho que sigo ouço-a passos seguindo comigo a espreitar-me sendas da vida e dizer-me - inda estar sendo ida.
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Poemantos
300697 Agua minguava na ponta do morro Cada tarde sol caindo noite vindo mĂŁe pendurava dois baldes ao "bigolo" e caĂa pro vale. Ao tornar noite entrada cansada tinha alma de avivar o braseiro lumiar candieiro e cantar suas modinhas de tempos antanhos que os vales ecoavam assustando silĂŞncio dormindo no escuro. 70
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010794 Estaria onde Bastiana, mucama que meou seu dar-se comigo em suas tetas ferteis de vida mais os filhos de si que bojara? Mudou-se pro céu verteu-se uma estrela daquelas que espiam viagens cansadas? Ou consumindo estaria que Deus lhe devia nalgum espaço de sonho que aqueles olhos macios encontrariam acertar? Essa alma que levo e me leva -entretanto escorpião que nasceusabe a mel do leite sugado dessa preta mucama, Bastiana!
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010894 E a alma manchou-se em noite quando deu eira-caminho inteiro todo moinho pedaços não resolvidos coração cacos frangido Não era dor que doia sim agonia do transe de se ir amando estar e para estar urgia ir Ah, razão de mil razões! Ah, coração só de paixões!
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010894 E os ipês, hein, de novo em festa! Minha rua se parece crianças fechando escola ou festa que foi embora legando flores no chão Ah, os ipês luxuriantes de roxo-rosa exaltado ensolarado amarelo desvelo branco-boninas Pontificais pelas matas fastígio nas alamedas medas forrando chäo dosseis invejando céus De alma velha criança assento-me nas calçadas peito em flor como a florada coração um pé de ipê.
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280794 Machucava sol meio-dia paisagem consumia névoa-cinza Estrada bamboleava em meus olhos redobrando cada vez mais infinita alcançada outra lomba mais um morro Arfava motor que me levava zoado constante sustenido e me impunha pertinácia não dormir Laborava-me em cantos assobios de esticar meus olhos acordados Céu limpo azul já bem lavado me negava motivos estar atento Vento que urgia minha janela tíbio modorrava mais me estar E a pressa o voto de chegar o prazo a promessa...ah, viajar! Como tanto nessa vida também tem seus bons emboras uns entretanto...
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040892 O vento provocava-me silêncio entre ondas que pediam me falar O mar convidava-me infinito Barco singrava me levando malmequeres da vida que esgotei Brincava no mastro vã gaivota no céu perseguia-me albatroz Onde chegar pra que? eu não cuidava que ventos ondas pudessem onde levar Soidão de ser só já não dizia e dores de sozinho que algum dia nodaram-me com garras desespero luiram-se roradas sem porfia A hora era o mar e eu sozinho um barco águas mil caminhos e nos olhos um gosto de silencio e infinito.
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Poemantos
040894 Vasto mar! Me acudo infinito cavalgando silêncio de ondas Nos meus olhos ecos de nada Noite inquieta minha ânima andeja lá sei quantos cenários somados E vem lua do ventre das águas invocando caminho de mel mão de prata preando meus pés Me despojo de ismos malgrados Dissoluto cor-canto falua remo velas de encontro quimeras desleixado meus tidos meus eras a ofertar-me amante da lua.
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040894 Passa tarde enquanto rio meandros sepassa Vilasinha mal borrada de casas branquinhas escorre as colinas Poitada igara remeda das águas em vão canto-chão Arde ar e brisa nem bole Onde vozes de gentes de bichos? Eu que aqui me aprouvera concertar-me vir meus pedaços... Estou refluindo mormaço do quieto do triste deserto dessa vila paz desconserto que ressecou ainda mais meu coração descoberto.
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080894 De viés sol vem fustigar em luz verde do jardim variado em cor A rua a mesma sempre rua enjoada folhas secas neste outono Vizinhos cuidando em que viver e pardais de buzinas meu silêncio Sol parece adivinhou meu sozinho e veio dividir sua emoção nesse canto verde meu jardim Valeu perder-me viajando entretons de luzes e de cores sentir-me além dos meus humores e suscitado cuidar gostar das pequenezas tantas durezas perdido a cultivar
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Poemantos
090894 O dia consumia-se e a tarde gostava de borrar por sol se indo Serras rabiscavam horizontes Em mim doía cada tarde que se ia Sei lá porque demônios me sentia ficar menos cada dia que engolia E um sino que mordia a rogar Ave-Maria quanto ardia! Eram tardes que triste me faziam ou era o triste que tinha e não dizia? 79
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150894 As chinelas dormiam na areia esquecidas e passos descalços seguiam pro mar A noite bordava de lua estrelas e águas mareavam na orla a zoar Desnua dançou entre areia espumada oficiando de luta um rito de adeus Chamou-se pras águas das águas do mar e passos e gestos vagar vagarinho sorveu-se nas ondas das águas luar As águas restaram tecendo na praia a lua vagou lorena no céu Quando sol acordou por rés oriente exaltando nos vultos ademãs da manhã os passos diziam da ida pro mar as chinelas na areia dormiam esperar.
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Poemantos
150894 Suas janelas fecharam-se aos quinze Silêncio derruiu dentro de si Oca de luz paralelos referências poida cacos trapos e farrapos quis desser
Viver sem ver
sonhar supor sofrer... Despenhou-se ao fundo não querer E um dia trancada no seu eu ouviu sutil canário pio-repio entrando na janela Ardeu-lhe chama inda estar viva ergueu-se pôs juntar todos os cacos coseu-se dos farrapos
Viveria
divinharia cada hora de seu dia seria sem ver o gozo de viver cumpriria os fados que seria Ato fato vigente serventia Morrer por que? Um dia a vida disso cuidaria? 81
Poemantos
170894 Esses gestos pequenos cometidos in memoriam quem nunca vai saber... Esses atos pressentidos que guiam nossa homenagem realizar e desimportam se o afeto saiba que os fizemos e os fazemos porque a alma comoveu-nos celebrar... Essa oblação... Ah, nosso coração como se faz moleque imaginando os alegres risos comoções que nosso afeto-espelho louvaria fazendo e recolhendo essa oração... Esses átimos excelsos... Como vale viver amando ser!
Parar-me vez em quando olhando ontem e recolher pedaços que plantei e descansar caminhos que levei 82
Poemantos
e redizer histórias que senti e refazer-me sonhos que enguli e ressomar somas que desdei e reconvir pecados que perdi... Ah, amanhãs que ainda ponho! A matula de sonhos que persegue-me desaba-me encontrões desarvorados e esperdiça-me em cacos soletrados que me obrigam catar futuro ontem!
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Poemantos
250894 Os dias se vestem de inverno com manhãs má vontade acordar. Há de passos pressados na rua E a incerteza neblina avantesma soltos vultos se vão de passar Uma cria de gato brevia desespero-arranhões minha porta. Olho o dia com olhos de queixa sendo inútil sarcasmo que dou Esse dias espectros de inverno me revoltam memórias malditas Quanta dor nos meus ossos ardiam e de fome quanto fel me vazei?
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310894 Tanto tempo que estamos apartados que estou me acostumando ao meu sozinho, já aprendi andar só esse caminho e amando meus espaços dilatados.
Jeitei-me ser meu eco, meu vizinho e meus aferros sempre exagerados, já fiz por consegui-los controlados e vou vivendo cansim o meu destino.
As noites agitadas já abrandaram, meus jeitos divididos atalharam, decorei meu sozinho, meu instante.
Ruim somente meus sacos de memórias, que teimam recontar-me idas histórias. De resto já aprendi ser meu bastante.
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010994 Que dizer numa carta, separados, que deixamos de ser os mesmos passos, que a distâncias impôs-nos embaraços e somos dois planetas divididos?
Será, entenderias eu dissesse de coisas, de pessoas simultâneas, que comigo pervagam consentâneas, obrigados, atrás da mesma messe?
Que sabor essa carta levaria? Diria de saudades, falaria de casos e de coisas que negaram?
Que triste é uma folha nas mãos ter nalma tanto nada pra dizer, dos nadas que vivemos,que passaram! 86
Poemantos
020994 Não resistiu ao último tropeço. Cavou por tais caminhos sua agonia, brigou com qualquer arma que trazia e ao lutar, defendia-se possesso.
Sonhava com suprema altanaria, urgia a glória mesmo pelo avesso. Se perdia tornava do começo. Ceder, falhar, perder nunca anuía.
Amigos só os que lhe eram oportunos, tratava aos demais comuns reiunos, importância de sua vida era ter.
Foi, ontem, numa tarde como tantas. Por certo nem fechara suas contas. Apagou-se esse João, como um qualquer.
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20994 O mar vinha abusar ali na praia, desnuando-se em ondas obscenas. O sol já no horizonte fímbria-raia rubro excitava o mar vascas-verbenas.
No céu participavam açucenas nuvens. E como pedra de azagaia a lua trepava o céu entre dezenas serras, transverberada de cambraia.
Viola e violeiro à porta dum palhal cantavam em voz dolente gutural uma saudade mistér anodoada.
A noite veio, foi. Ficou o mar salaz, ondas na praia a se saciar, enquanto acontecia a madrugada. 88
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030994 Esse olhar meu ardido olhando espelho, compondo uma persona que não sou, seria sombra-espelho de meu velho pai, que em mim assaz pontificou?
Ou ecoaria a disciplina-relho de jejuna paidéia que moldou esse meu ar de triste escaravelho e hoje repete concha que o marcou?
E os risos que eram meus? As alegrias, a graça, que seriam meu quinhão, em que desvão da vida escondi-as?
Ao bispar-me esse ar de tinhorão, olhar ardido, penso entre estrias, quanto eu daria,ali meu coração!
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030994 O rio se ia na tarde roubando ouro do sol, meandro em sua sem pressa sabendo o dia morrer. Nas barrancas de preguiça assuntavam as ingazeiras. Garças marrecas palreiras inda insistiam pescar. Fiada nuvens sesteiras aninhavam-se quietinhas ouvindo sol se afogar. O silêncio era essa hora que a gente apaga musambo, um sentimento de quando despenha no coração.
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Poemantos
040994 Então desdirei de idos caminhos porque minhas veredas discursaram. Verdades que me ataram sopezado debulhei-as pelos vãos de mãos vazias Afetos que cegaram decisões e pearam horizontes de eu ser a sorte despejou-os sem vogais E campo propiciado primavera surdi ninguém-mais-em-mim sozinho semeando minhas vozes e inventivas por cismas desidérios almas vadias Hoje sou quando como em voz presente E se apenas um olhar se ater meus verbos será mercê bastante ter medrado verdes sendas carecidas que reiterei. 91
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070994 A tarde viaja nos meus olhos com distâncias de serras galopando Somo dia que desfiz meus compromissos procuro junto a zero descontar-me amando que me coa vagos dedos esquecendo meu vadio a trote manso O sol diz por mim as cores sujas nas serras que embebedam entremeadas E sons que latem tristes e chaminÊs que fumam de pobreza voos vadios de andorinhas ziguezadas e malho de martelo uma araponga Ah, bom sentir-me benfazejo e contar-me sem ódios de desejos! 92
Poemantos
110994 Metade da lua me olha em céu a noite vadia em féria ao domingo silêncio me planta desnu contra mim Doei minhas ânsias podei-me de sonhos saudades plantei-as em charco ruim Querências de ter vontades por ser deitei-as poidas ao vento da tarde Agora só noite consolo-me lua erguida metade nos ombros da serra que segue viagem por nuvens do céu roubando meus olhos meninos miragem por campos promessas que vou ressonhar.
93
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130994 Vereda cansada pela noite empurro-me de compasso matungo em tíbio velho A lua me esguelha espichando-me sombras arrepio da noite vem brincar meu chapéu paisagem de prata se dorme em macega e sombras difusas se põem desconfiadas Lá vão meus cuidados de já bem cansados Que léguas se foram recém abivaque? Bocado na boca me sabe de último café quase aguado acorda-me dia Poldro tange-me exato escanchado Nossas sombras se somam viés de ir passar Chegar. Ah, quanto é bom recontar de chegar inda-inda os caminhos se briguem reiterar!
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Poemantos
130994 Quando vinha seus passos barganhos enfiada na noite que urgia se escondia seu rosto entremez Mais que andar seu andar refluia Eu de espera picava-me angusto sempre susto atalaia na noite E que vinha chegava eu dizia só espera que ardia moia Mal chegada sorriso abraçava-me e espera por tanto guerreada se fazia de então num jardim E a noite era azul só de lua entre dar nos fazer. Nos pungia a manhã que acordava e ela se ia.
95
Poemantos
160994 Manhã entre neblina e vento inverno Cidade se estremunha olhos de sono Rodas metais se arrastam pelo asfalto e saudade de papel rolam nas ruas Esperanças em olhos maldormidos cruzam passos de esquinas megalópolis Sob teto de viaduto cinza lixo casal de ser mulambos olha vida escanchados em carrinho mal jambrado ocando olhos de caça em circunstâncias O sol arranha espaços entre nuvens que navegam repejadas contra o dia. Outro dia de penas agonias outra aurora apesar de esperas e emboras.
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Poemantos
160994 A noite vai passeando pelas ruas e garoa engana chuva que não veio Passeio meus desvelos contra o nada calçadas me acompanham sujas poças
Queria me estar longe outros pagos Pervago mui caminhos que me tomam Somam cuidados de idos já se idos sentido de sozinho entoo passos
Meus olhos trás de lentes de molhados desolados catam vultos que se coam Ecoam quadros gastos sei lá quantos
Se chorar desatasse eu choraria mitigaria essa saudade que me estua que pelas ruas a noite vai passeando.
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Poemantos
180994 Salmos ladainhas canto-chão Nos esconsos que vão dentro de mim mais que os severos cilícios franciscanos troam vozes preludiadas de latim Manhãs inda sol longe éramos messe Cada etapa em longo dia finava em prece A noite acontecia em vozes preces preces salmodiadas de latim Canto-chão ladainhas dentro em mim Como me espiar desse latim?
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Poemantos
200994 Será que o pranto que rola é de dor por quem foi embora ou é paga que já nos adiantamos quando bater nossa urdida hora?
99
Poemantos
200994 Rendeu-se como todos inexorável e expôs-se em toda solidão de féretro à espera de jazigo Amigos da familia advenas ar-de-pena a comupungir-se em deserta espera de murmúrios Ou seria da desvalia derrubada ante o nada silêncio dessa vida? Saber ser marcado a não ser e de haustos ir coando-se exausto sem quando da hora anunciada nos enquando da vida partilhada perdemos de dizer pensar render Vez em quando quer a vida ser lembrada nem pergunta-nos se fora exagerada tira leva aluga outra morada de pedaços bem intimos de nós
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Poemantos
190994 Conversávamos eu a terra nos comenos da charrua arando de passo tardo O sol indiscreto ardia Paisagem consumia-se em desperdício horizonte Burreiro que me/eu levava desimportava do trato que a terra comigo urdia A terra em me cobrava amanho e afeto eu servia em troca me dava messe Vez em quando me zangava quando tento não casava Mãe terra aí me empurrava à sombra qualquer aroeira vadiava brisa banzeira uma tarde ar de saudade Coração se amolentava 101
Poemantos
alma partia remanso e mรกgoa solvia-se mel Noutro dia me repetia caminho de meu fiel Assim eu passava ia trocando com minha terra as cismas que tinha em mim.
102
Poemantos
200994 Sorria seu sorriso de ter visto o quantum que seus "entas" lhe doara A paz da profética promessa cumpria-se em seu rosto e ademanes A luz da sábia ciência chamejava aqueles olhos mais sentir do que olhar Vaidades que incendeiam angústia nada enleios que ateiam almas verdes pegas de disputas arranhadas plantou-as ao longo ida estrada de brotar verde remanso que fluiria O céu hoje lhe falta aos olhos tardos as mãos erram distâncias calculadas mas o júbilo que é seu imo aluziado por que render-se a sendas despejadas?
103
Poemantos
220994 Somos peça do estoque em prateleiras ao dispor de vontades que não somos A vitrina que benfaz nossa vaidade dissimula cordeis que preconcertam Recheios desse andaime que não somos enfeitamos a acidade dessas visceras Disponiveis dês quando utilidade descartes nas raias dos excessos Família afeto sonhos patriotismo dosam-nos "ismos" apenas sendo préstimos bando-cáfila que a maior felicidade é concertar solidária do proveito entregando nossa voz nosso direito em prol de obsequiosa humanidade.
104
Poemantos
230994 Matias O rio descia
Paraná.
Um século mais trinta-trinta e quatro Seus olhos sem letras ali vivia vendo vida escorrer de rio passar Histórias? Cada dia quantas delas? Escravo pai escravo ruminava O mundo entrou por ouvidos e janelas Andou Caminhos foram quantos? Mas retrata cada canto em que rolou Saudades? Deixá-las! Bom as histórias Quanta gente soube nome e que morreu Quanta estrada hoje rua que cresceu Campo então cidade paisagens que não lembram era mais de nada A vida enlivrou tudo Sem letras seus olhos sempre leram -tempo ruim que pode acontecer -pé de planta que vale ali plantar 105
Poemantos
-se o rio nesse estio vai se zangar -ou se os passos pela noite diziam gente. Se a vida vezes dera impertinente desdeixou suas mรกgoas de magoar ia sentar-se beira-rio a bom cantar Os dias que lhe sobram ama-os longos Viveu quanto a sorte lhe deveu Agora vai da vida que seus olhos olham sem desejos de exaltar ama o rio que vem vai ali passar.
106
Poemantos
170994 A chuva se achegou assim um gato passos leves sem susto pela noite não deu comemorar a tanta espera Quando o dia devia acordar -manhã sabida cada janela que se abriu inda bocejo não cria na chuva que caía mansa esperada passeando na fuligem das calçadas brincando de saltar verde insistido das árvores que ao estio resistiram se imolar Aragem de manhã ungida d'água acordaram olhos-sono mais um dia Que bom aspirar melancolia da chuva mansinho que peneira olhando das janelas céu perdido que despechara enfim insto pedido.
107
Poemantos
280994 Debandei minhas dores que teciam de aranhas horizontes que eram meus E ganhei livre sol me iluminando Por que regar saudades que não eram? Os caminhos só de espinhos que ardiam circundaram-me fel ruim viver Lavei-me dos destroços que insistiam e fiz dos meus retalhos outra querença De então minha vida se forrou de telas-cores Amei de amar viver ser por estar e debruar meus olhos em novos planos e mel e risos e alegrias descansei minhas sombras onde havia nadas que judiassem mais minhas estradas.
108
Poemantos
290994 O jesuita que sou sempre ressumbra e cresce se afogueia e impa-se quando as luvas do repto concitam. Despenhos dos andares sofreados O verbo arde em termo acaçapado O argumento a prova arrazoada desmedem-se e a serena caridade encolhe-se medo da demonidade que me exaspera em gesto incomedido Ardidas vozes partindo sustenidos e olhos que não vêem fatos emoção. Ah, designios conter-me ser comum tenção pôr-me equação ambos os lados... Já me arrasto dos essenta mal somados... Que data me serei fogo amansado? 109
Poemantos
021094 Galopava silêncio comigo enquanto meus olhos fluiam em tarde que sol viajava As nuvens arranjavam-se sonhos que liguei-me por sendeiros de-idos As distâncias chamavam vontades postergadas em dias saciedade Nem de triste ou dor me quebrava só um vazio de vagas saudades judiava o silêncio estar só nessa tarde perdida em meus olhos muribunda apeando com sol. 110
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021094 Caminhos que íamos eram cedo De medo se enganavam nossas mãos e o susto que empurrava-nos fugir ateava nova chama de outra vez. Era um tempo que insabiamos de ser impostas sendas de lição da hora A vida assim fatal se pôs embora repartimos nossos rumos varia via Cada um seu gosto triste esmoendo sendo por ser dever continuar Como brasa se disfarça em cinza leve o tempo que susteve essas derrotas devolveu-nos hora qualquer numa saudade O medo respelhou-se o susto impou-nos retratos congelados tal passado enquanto aquela tarde convergia E sopro nosso afeto castigado esporeou a chama antiqua sopitada e rimos risos remidos de rever-nos Que importava o dia na calçada? 111
Poemantos
031094 Azul da liberdade nos chamava de ondas nossos campos 20 anos Que morava além das intenções que o verde nossa idade confundia? Açodo sermos jovens nos queimava Urgíamos tabula-rasa statu-quo Os dias peregrinos nos voravam Mas o tempo matreiro espreitava-nos provendo-nos de gás a chama têmpora calidoscópica a libar-nos águas mansas Hoje nossos passos são compassos O fogo nossa teima não se queima Mais que ver nosso olhar longe percebe Verde vermelho azul apenas cores Nossos cuidados têm outros temores O mundo a vida em torno se reitera.
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Poemantos
061094 Não vou me abdicar de ser palavras pra dizer das visões que vão em mim e estuar na busca mais exata do poema poesia que me toma Dormirei com tentações de imagem-por-imagem que me excitam de gestos simplesmente que desnodam com sons vertiginais que faceis tangem meu trânsfuga Arlequim e rebeldias cômodas de verbo de discurso. Todavia que inventiva eu seria poeta-em-poesia mendigar analogia a artes e simulacros? Ceder sacro doer de ter palavras signo-mimese-fônico-fonema de exprimir-entender significantemente inverter-transferir significadamente? Acho-me ainda insistirei palavras! 113
Poemantos
061094 A primeira flauta que brinquei gastei-a em três poemas que surtiram e deles outros poemas se amiudaram Troquei uma segunda achada ao léu Essa flauta me perdeu e devolvi-a seperdida ao lamaçal Saí catando flauta que sonhara Outra veio comigo em jeito de saudade E sua e minha idade destoaram em notas que teimamos ambos toar Nos dividimos qual e qual por seu acaso -ela se ofendida de abusada -eu de dor-fendida alma danada Recolhi-me no silêncio medianeiro a desdenhar meus poemas mais as flautas e cantoar-me solitário meu terreiro
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Poemantos
101094 O que sobrou-lhe - umas braças de terra cai-encosta. Em tapera de barrote telha-sapé ele abicou-se e a mulher pares de filhos. As galinhas - isso durante defendiam-se a dormir em galhos gastos dalgum velho alecrim Cuidou passim montar de cerca sua herdade. Um chiqueiro escorado com uns pés de mandioca limäo cravo E restou modornando sol em dias vadios preguiçando manhãs com ar de chuva. E deu ao tempo tanto tempo que os filhos ao se indo pois se foram assim as galinhas um bocorinho por último a mulher. Ficou sozinho Que importância! O mundo é mesmo assim... Continuou mesmo lugar braças de terra cai-encosta que sobraram-lhe Valia modificar? 115
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161094 Entradinha de portão em ripa larga com degrau tropeçando na calçada sacada um parapeito em muro liso para entrar uma porta de bandeira Janela espiadeira em duas metades Sem variar, tão quase tristes eram iguais as casinhas da colônia apoiadas uma-a-outra-economia. Diversas eram as caras que nela conviviam mas o novo-novidade era de todos. As cores das fachadas portas janelas amarelavam-se iguais de dias ecoados. E a vida era comum semprinha "quella".
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Poemantos
211094 Um trem só de saudade viaja contra o nada bordeia serra que grimpa de alcantis escapa vossorocas que teimam-no engulir e cai desabalado em mato ralo que vai por resistir em chã ruim Apito que machuca-se nas pedras assusta carcará que voa altivo Outra curva mais ganhará um seu destino - vilarejo que dorme sua história Ponto final De lá repetirá seu retorno Como antes como sempre gritando mais apitos para o nada que buscou repetirá.
117
Poemantos
161054 A serra de Säo José já medrontou Tiradentes com negro de suas pedras que nunca souberam brilhar Prometeu ter ouro oculto que muito chegou ofertar Sobrou-lhe feia carranca que inda posa ficar A serra de Säo José já deu nome ao arraial arraial que foi do rio nas Mortes que houve por lá A serra de Säo José carantonha de montanha ficou no seu transontem esgarando Tiradentes que jurou também ficar. 118
Poemantos
171094 Essa dor quase metade -que é a saudade ficou debulhada nas pedras calçadas dos becos de Tiradentes Uma Matriz empinada reza manhãs pelas tardes debruando quieta tristeza em silêncios que vagam vielas Em sobras de tantos idos dizem que aqui se escondeu padre ateu mais uns bandidos bandidos que hoje herois Regato que sempre é novo passa quieto feito povo e engole-se aos rio das Mortes Uma serra carrancuda noite e dia por ela espia as coisas de Tiradentes que ficou em tempo antanho cuidada dos entrementes 119
Poemantos
duma saudade meada quase dor na sua metade.
120
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181094 Dois barrancos que se miram em baixo vale cortado dum corguinho bem maroto tão sujinho já o coitado Num cimo mora uma igreja outra inveja oposto lado E casas desbarrancando pelos dois ambos costados Ai telhados coloniais com tombos por quatro lados Vielas se vão tentando alcançar os dois dobrados. E os campos que ali frequentam vão todos vossorocados. E' assimzinho um presépio a vilasinha dos Prados.
121
Poemantos
191094 E' aquela hora maldita em que o sol se põe coado de nuvens melancolia Não sei se dia cansado ou vozes de meus fantasmas saudades que cometi Sei só que somo-me trapo coração todo ralado viagens por tantos léus e uns véus de magoados olhos E pra sofrer mais a alma no quieto-calma entrenoite vem do mato açoite um canto numa tristeza puvi.
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Poemantos
111094 Essa alma que somando vai ardidos nas querelas secomuns de ter viver vez lá outra desconfiada da alegria ganha uma tarde de sorrisos variedades E tem que a via inda vale uns quês de alacridade descompasso Que importa outro silêncio de depois? É bom reiventar o de comum renovar a face que vestimos Os ardidos queimarão em nós de menos e gosto de gostar será mais fundo.
123
Poemantos
211094 Recolhi meus olhos desgostosos da paisagem só cidade e me cansavam e vim somar-me paz cá das montanhas vagueia verde vale e alcantis E busquei-me porque estou e pôr-me no que sou um regato uma flor ou pé de mato Ter o tempo inteiro nos meus olhos e devolver meu coração solo singelo Desvelos esparrodá-los nos desvãos Remir a minimez que foi a fonte e amar de viver o pouco em pouco Largo da canga do fastio temperar-me do inquieto de se ido. 124
Poemantos
211094 Sol esguelha acordando minha janela manhã toda preguiça de existir Domingo de sozinho sem espera demoro meus caprichos extravagados Há vazios em que não posso me encontrar Passeio por somados postulados inventando tantos eus que já somei Ruim é não poder domar esses caprichos que em nichos vai dispondo meus retalhos e quando dou estou doendo meus quebrantos que tanto e tanto pagava não lembrar.
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Poemantos
211094 Os diálogos-saudade que não tive de meu pai outros tempos numa roça e que bolem espinhando meus porquês visitam-me nos dias de silêncio. Escorro por veredas rematadas reando com meus olhos quase faro obscuros e claros remendo nacos pra concertar seguir sem tanta mágoa Mas o que pesa mais nesses meus ocos é suspeita que a receita que reclamo será não repeti pelas sombras dos filhos cravadas trás em mim?
126
Poemantos
211094 Onde foram meus vinte meus "entas" Desconverso comigo no espelho desmaiando as gelhas meus contornos que reponho retrato por vencido refingido de ontem inda era Renegando do ali meu concreto concerto estar vendo o de longe sempre adiado nas contas-vaidade Me enfeito no ontem suposto inda o rosto contado no espelho me assegure o cromo dum velho. 127
Poemantos
241094 Ela veio ver futuro estar comigo tentando romançar coisas deídas Nossas vidas que um dia se entreteceram e descoseram-se sem muito que guardar nosso trato que viveu tão poucas luas e que não soube de todo nosso sal imparidade que apenas compassou fabordão malsoante de surdo madrigal... Que saudade tentaria revocar do nada que pudemos dois juntar? Devolvi-lhe uns de olhos caridade e pedi-lhe não frustasse luz do sol que excelsa derramava àquela tarde.
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261094 Canoram cigarras no bosque por sabido novembro aí está Quanto conta o ziar das cigarras no que fui machucando na vida De doer de sorrir de suar a somar de pruir e lembrar Ai caminhos de longes escuros ai castelos de sol verdes campos e carrancas de serra alcantil Eu vivi viandei barganhei descansei meus olhos no tédio já meus pés embotei-os no chão Só novembro se ergue lembrar-me com cigarras rondós melopéias iterar me acordando escoar.
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271094 Essas árvores cansadas que nas noites assustam passos-medo com suas sombras e agasalham a rua onde moro... Essas árvores que dormem passarinhos e espiam por janelas nos sobrados... Essas árvores de segredos encovados de entremezes cochichados namorar... Essas árvores que sombram dias queimados e no outono sujam ruas folhas secas... Essas árvores paisagem avenidas melancólicas de tardes sol-se-indo... Essas árvores será se lembrarão tantos passos confundidos quantos olhos desfruidos que vagam por suas sombras-quietação?
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301094 Saudade esse rio remansado a escorrer manhã rumo além horizontes galopam chamando restam olhos de quão já fali Chilrear de ciagarras judiam tal novembro que cai sobre mim Ai silêncio de tarde que exaure Ror de verbos rolhados antigos seperdidos ensejos não tidos calçam vozes de nuvens vadias e a tarde que punge suas cores Ai saudade de rio remansado me varia em águas que vão ao não sei de qualquer desamão.
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311094 Desfolhava a tarde brincandinho retalhos de algodão em ouro tintos mais sorrisos que se iam pôr-de-sol Rasgões-sombras estiravam-se danados debruns de silhuetas entristeciam cansaço de cidade ir dormir Meus olhos de alegrias iam lavando vontades não bastante paziguadas Mais um dia de mim e outro de somar sonhar outro amanhã
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011194 Mas Ê tudo muito noite Nossos desvelos retidos meus olhos acometidos vagueiam esperar de ter Os seus recatos proibidos negasceiam conceder E nos demoramos exatos nossos tratos cada qual parando naquilo seu orçando haurir da fortuna enquanto escuna na noite ao acoite nossa espera se desespera adejando enquanto teimamos só olhar.
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011194 No caminho do morro eram pedras e alcançá-lo de sol todo dia como ardiam nossos pés só descalços E o caminho era só-iterário A escola morava no vale no vale a estaçäo foi plantada o empório a botica o ferreiro o seleiro os somenos as carências só no vale ficaram à mão Se as tardes manhãs apraziam nas moradas da ponta do morro descuidaram das pernas cansadas por vereda empinada até lá.
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011194 Terra arroteada compassava nosso jeito passos lassos de todos nascidos por lá De pastorear a charrua levada de burro chucro já da infância até ocaso obrigava-nos passos lassos Nossas trilhas mal devassas fundadas por bois escassos propunha-nos passos lassos Caminhos que só trepavam cada banda que se ia e nos obrigava cansaço obrávamos de passos lassos Passos lassos que assinaram a caipira nossa essência ora
por que mudar?
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021194 Aqueles olhos gelhados ardidos sob o chapéu sabiam coisas da vida gostavam coisas do céu O livro que nuca leu escola que nunca viu na pequenez resumida do pago que não saiu em nada lhe resumiu Se coisas se lhe negavam perguntava ao coração das bondades que prestavam Passou vivendo assuntando porquês da vida seus quando naqueles olhos gelhados de chapelão desabado. 136
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021194 Seus passos cambaios longavam caminhos de ir repetidos em querência ali que nasceu Vez lá outra questão duma tarde escanchado à soqueira do alpendre iam as pombas que partiam uns espinhos de febre gostavam de sonhar romaria qualquer -nem sabia pra onde querer E deixava que a noite dormisse no apagado cigarro mordido -Qual o quê! De querer de sonhar sempre é bom mas o chão é o chão, é o chão... 137
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071194 Vai minha saudade gastando-se perdendo antigos tamanhos com pedaços sem caber Me sinto ocos espaços de vãos já brancos calados que não lembram de contar Há névoas de tempo e olhos esmaiando quadros guardados nas arcas de meus deixados Como de somar hei meus vazios na tarde que precisar das minhas todas saudades pra eu me vingar no estio?
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101194 Estou catando meu tempo em descompassos de soma Ah, lenhas minhas saudades que só de saudade lenho! Previsões já não me tentam Amaciado do tempo, as horas deixo partirem desoras Resto colhendo das sobras nas dobras que resguardei Há pátina florando gestos Funesto descaso é a vida que me esbarra para ocaso Doi presumir-me de restos ressentir-me de termos impostos conjurando atávios viver. Me vou levando-me ócios desnegócios do que restam ainda que parcas frestas me sobrem para espiar. Estou!...ma fa presto,eh! 139
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111194 Seus olhos mais que diziam a que tentações conduziam? Vigiava entre nós cuidados quase de irmãos Que importava eu celebrá-la em meus sozinhos despojá-la em cios-escaninhos sabendo-a nunca saber! Por ela quem confiaria suas mudas madrugadas quando a fêmea disputava sua partição de se ser? Assim longávamos os dois presuntivos dum depois quebrados de nossos zelos Apelos - só nosso olhar.
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051194 Quanto meus olhos estão vendo além do meu? Sabe-me vôo duma brisa ao calor empenho dum proêmio na conquista sorrisos paisagens sol-manhã espaços delivrados de meus sonhos vazio de silêncio possa eu ser o gosto de gostar e me sentir braços e minhas pernas de valer O tudo que é só meu e me resume os bens que me acrescem sem lidar Do onímodo que sei me aproveitar. Mas quando a vida presenteia-me por ter que dar, doar, ceder, prestar ser solidário, mão e caridade indulgência, perdão e piedade e confrange meu ego compartir por que meus olhos mentem perceber coração disfarça de picar e alma despede-se esconder ?
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211194 As rosas minhas vizinhas espiam-me pela janela De mim quase n達o cuidam como me cuido por elas Manh達 de sol que avizinha sol se colore nelas A brisa demora azinha de nelas ornar capelas E as rosas minhas vizinhas de cores t達o rumorosas que cansam dia sozinhas a repetirem-se rosas quando sol tarde definha as cores de tantas cores as rosas minhas vizinhas colorem minha janela apagam meus dissabores lembrando-me coisas...telas.
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41194 Meu silêncio são cadeiras esperando-me na sala enquanto claros vadios se insinuam das janelas Meu silêncio é frio espelho ecoando meu rosto só depois de passos trazidos andados por ruas de pó E vêm povoar-me saudades desquecidas continuar Meu silêncio é ver-me suspenso nos quadros em que me pintei a olhar-me olhos mudos paredes que pendurei Meu silêncio é esse não ser nem estar onde eu queria geografia é o acidente importa esse sentimento de valer-me só soento..
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251194 Os olhos da tarde estavam tristeza espichados no mar. O sol se afogava nos longes do dia pintando de mágoas as águas do mar E brisa vadia dizia de vozes de coisas já idas ou vidas partidas que em mim se repetem(sei lá?) As sombras estiravam-se esmavam caprichos inventados de sonhos tornados chinfrins Era triste do triste nos olhos da tarde ao sufoco do sol nas mágoas das águas ou tristeza de mim?
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291194 Por certo Deus-Criador deve estar comemorando alguma alegria sem par pra pintar que está pintando esta tarde em amplo céu. Beleza quanta que arde As cores do céu são tantas que entre espanto emocão coração da gente frange tange lá dentro orquestra de festa em nosso olhar Faz calar silêncio doce como fosse alma estalar Essa tarde esse ar de divindade -já que me esqueci de rezar concede-me ao menos molhar meus olhos em boa saudade.
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011294 O rio envergonhado já ter sido ido passa. Atando-se aos morros casario olha vales de verdes e longes argúindo de paz se indo pra onde Um igreja ora em graças altaneira tão ladeiras capelinhas respondem orações cifradas. Histórias que foi fluiram Santana nem conta mais elas Se espantam janelas inda tontas de esperar andeiras idas partindo saudades juntas bandeiras como se fossem voltar.
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011294 Os dias estão ficando mais velhos de curiosos os olhos já nem tanto espanto-bem quase nada Os olhos que já falecem aquecem-se mais lembrar Ficar-é soma prazer dizer-vale mais sorrir porvir-já com contas gastas que castas de sonhos animar? Os dias vão ficando velhos parelho tão pouco sobrou Por que excitar nossa brasa mansa por que ferver fogos inda mais? A paz-espera dessa só bonança já não é mercê nossa vez fugaz?
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031294 Um cão na noite passa sobre sombras que as coisas têm em luar de aço e prata A rua quieta de gente cata sons pelo silêncio Uma azaleia de branco embasbacada luar assusta orelhas no cão Ao chão vadiam papéis chutados vento-moleque Me esquecido minhas manhas passeio olhar às montanhas que seguram enluaradas cidade que quer passar. 148
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071294 Despenho-me pelo azul por negócios de ternuras Derriços que já náo eram acordaram-me de sol Entre tento incendimento concedo-me sursis teimar-me asas ainda que da brasa fogo imante Banzeio enleios afogar-me sem mais dores Mas tambores latem lanhos ardências inda recém Ah, vário querer desser ! O azul me diz funde o chão Coração tolo ternuras lá quer lembrar agruras que amanhã façam chorar?
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081294 Que fazer ora do azul que me enguliu tanto sol?
Meu coração tambor repassa noite montando tropeçando madrugada.
Os abraços da floresta ecoaram vôo gritado de bando de araçaris.
A preguiça das águas meio dia imbuia placidez duma anta a vogar.
Murmulho de rio calentava quebrantos de jacarés.
As garças assustam de branco 150
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o verde das matas ribeiras salmando réquiem ao sol.
Ao acabar-se do dia o rio passava de medo da floresta que o ornava.
Tuiuiús zelam de passos pra água não se magoar.
Maitacas escandalizam verde azul aconchegado do poema pantanal.
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081294 Vôo esairado da arara-vermelha viés pelo rio sangrava no verde.
Os rastros de meu cansaço desconfiavam de meus sonhos.
Será que por trás do azul há sonhos de se chegar?
Meus desejos eram pardos quando estrela chegou. Minha voz ficou na estrada, que mais podia eu louvar? Seus olhos se costuraram quando adeus se distanciou.
Poça d'água riu azul de minha pressa marcada. 152
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A estrada -um sonho que cavoucou.
Minha alegria corria com asas de minha infância Onde foram pedras de então?
A lua ia comigo desenhando meus fantasmas.
Sorriso lhe punha alma descarecida ser outra.
BĂŞbado cansou viver linha reta e tentou outro jeito de tentear.
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091294 O acaso da morte do poeta lavava opiniões em voz de rádio Emoções costuravam-se erradias Entre um poema, vozes-pasta, comoção despejavam-se águas corriqueiras com reclames de causas merceeiras. A vida se cansa emocionar.
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101294 Tarde tenta todos trunfos pra o sol não deixá-la só Arranca cores do sul e pinta tons sobre tudo desenha saudade em nada e banha-se nua nos rios se perde correndo ao léu com nuvens de brincadeira acreditando que sol reponha seus olhos nela tal e tal como antes fora bons tempos que amantes.
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121294 A tarde somava descanso de sombras na praça cansada Sol se vazava por frinchas de prédios nodoando vergões pelo chão E gente que ia gente que estava Trouxa de moleques coava canto escuso da praça catando sonhar vapores de cola ao desleixo da vida E ninguém para ver Só a tarde ninava esse espasmo de sonhos que o sol coloria e a vida escrachava.
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131294 Esse vitral com que me estampo de gótica janela contra o sol... ah, espelhasse o coração que se frange entre pegões verberando canto-chão!
Vontade de sonhar é tanta enorme que a fome desses jovens desperdidos se consome no aspirar vapor de cola que a esmola dum afeto nunca fez!
Esse azul-azul de tanto azul que me frange tantas partes seria o será - tanto busquei seixos rolados?
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171294 Sei que azul me sorverá entre galáxias mas meus olhos somarão fecundidade humano. O bosque que insista à janela de verde, sons, histórias as contas de rosário em nós das mäos prometiam que vida ainda podia entrementes ampulheta que fluia.
Trigal amarelourece longistantes derramados Sol soslaio em impado céu azul. Que prece merece mais que a messe que vai apascentando meus olhos?
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181294 Estrada consumia-se nos longes dos morros que fugiam Verão feria sol que tão ardia Aléns que me esperavam mochavam bonanças de distâncias que espraiavam.
Estou carecido de ídolos que estribem meu não ser Tábuarasaquietessência em que prego suster-me-ei?
O amplo fato me adumbra Dizem me mais ícones avulsos -um riso, olhar, surdo lamento aquele viés de sol cérceo de mar acarás de voos imprecisos. Ato-me a conceitos instantâneos a extratos consentâneos onde me segure navegar. 159
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181294 Ah, faces-sorrisos abastados! Sob pontes dormem olhos feridos de frio mordidos de fome.
Por que sortilégios pear-me se há horizontes tanto azuis?
Vamos voar por nossas asas o infinito do depois-além nos chama.
Lamparina sobre mesa bruxoleava enquanto lá meu dentro fragorava.
A tarde consumia-se saudade de vontade sempre fui nunca me estar.
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271294 As vozes da mata caiam cascatas meninas instaveis em meio verĂŁo. Caminhos onde iam? SilĂŞncio assustado andava na mata furado de sol. A paz dos chiados de cantos soltados alegria passarinho perseguiam comigo. Perdi-me de mim somei-me de outro deixei que esse dia me coasse os conflitos. 161
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291294 A tarde esse quieto campestre entre sol que repinta nas nuvens voos lerdos de aves e distâncias bolem fotos no dentro sempre gente recopiam lembranças seriam e vagar divagar nos dilui. Recompomos conosco essa hora ontem tal seria não tivemos talvez possa amanhã se vier.
FIM
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