VIAGEM POÉTICA

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Viagem Poética ESIO ANTONIO PEZZATO 1988


Viagem Poética

Se eu morresse amanhã, como Azevedo, Talvez Varela me fizesse um cântico, E Casimiro, com amor e medo, Também dissesse que minh’alma é triste. E se Tereza me dissesse adeus, Castro Alves cantaria a minha dor, E num poema de teor romântico, Com mágoas cantaria o meu amor. Com brancos sonhos alvos e diáfanos Canto a simbologia em Cruz e Souza E Alphonsus me oferece um Kyrie Eleinson Enquanto faz Ismália enlouquecer. Porém, Augusto, com seus versos íntimos, Numa psicologia de vencido Canta a tragicidade e canta o horror.

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Tropeço numa pedra colocada Propositadamente no meu verso, Enquanto que Drummond, todo mineiro, Com José dança valsas vienenses... Bandeira – libertino e sempre tísico, Para o esculápio fala – trinta e três! E montado na estrela da manhã Viaja para as praias de Pasárgada. Além mar, nas pessoas de Pessoa, Álvaro para mim guarda rebanhos, E entre bairros modernos eu passeio De braços dados com Cesário verde, Com sentimentos de um ocidental. Só, sempre só, lamento-me com Nobre, Mas com Guerra Junqueiro caço melros E à amada musa cedo um mês de férias. Porém, com João de Deus canto o lirismo, Andando no arredor de Nazaré. Bilac ouve as estrelas lacteanas,

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Raimundo sofre de algum mal secreto, Vicente escandaloso canta o mar, Alberto vinga-se batendo a porta, E Menotti costura as suas máscaras Na alegre arlequinada de Martins. Numa tripa de terra jaz Neruda Após cantar canções desesperadas; Enquanto Thiago canta em seu escuro, Guilherme olha o relógio e dança as horas. Cervantes diz que sou um D. Quixote E monto em meu cavalo Rocinante, Com moinhos de vento me debato Para ganhar o amor de Dulcinéia. Canto a Rimbaud vogais de várias cores, De Stechetti meus versos ficam póstumos, No cárcere de Reading, junto a Wilde, Passamos solitárias noites juntos. Com Kipling minha vida é eterno se... E não se faz completa a realidade

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Sem as ternas canções de Lamartine. Debato-me na dúvida de séculos: – Ser ou não ser! – porém, outra é a questão... O meu reino darei por um cavalo! E com William, nas ruas de Verona, Serei Romeu em busca de Julieta. Com Laurindo do tempo tomo conta E junto a Jorge sigo pelas ruas Para acender milhares de lampiões. Porém, com João Cabral de Mello Neto, Morro de morte e vida Severina. Lorca me ensina uma canção sonâmbula, E eu quero o verde que te quero verde; E junto de Leoni em serenata, Vibra o céu numa luz mediterrânea. Machado canta em versos de falenas E um círculo vicioso me oferece, Ao qual procuro, sobretudo amar,

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Para depois sofrer, amar, sofrer... Na agonia de todos os sentidos Enforco-me com Mário Sá-Carneiro. Antes, porém, releio com Gustavo Os versos de seu Último Evangelho. No alto mar absoluto de Cecília Da inconfidência fico romanceiro. Porém, numa canção trágica e triste, Volto com minhas duas mãos quebradas! Não sendo triste e alegre muito menos, Contudo, sendo apenas – um Poeta! Libidinoso, bêbado constante, Poe triste canta corvos e a Lenora Soluça negramente:– never more! Milton no paraíso vai perdido Enquanto Dante ri numa comédia. Com Olegário vou ouvir cigarras Com Vitti vou viver de alma desnuda. No mar de inolvidáveis pensamentos

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Fico a ouvir os noturnos de Villalba, Enquanto aprendo junto a Carla Ceres, A deixar meu soneto decomposto. Camões salva no mar um Livro a nado! Bocage ri do mundo e ri de todos! Hugo canta em baladas e romances Os miseráveis sonhos da esperança! Eu nos sertões de Euclides ardo e queimo, Porém, pasto nos campos de Gonzaga. Me sei Dirceu para beijar Marília, Até cair no mar em Moçambique. Com Gullar meu poema fica sujo, Com Bomfim minha praia é de sonetos. E até acredito que Vinícius vive Numa imortalidade que perdura. Vou caçar papagaios com Cassiano, Com Andrade vou ser Macunaíma, E no concreto puro destes Campos, Sedimento de vez minha Poesia!

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16.01.1995

Canção de Amor Necessário se faz amar o amor Na possibilidade dos sentidos! Na amplitude geral nos sustenidos Nos dias de mormaço e de calor! Necessário escandir todo o louvor E chamá-lo por nomes e apelidos, Ficar atento aos sons, aos alaridos, Às mudanças do céu, da luz, da cor! O amor tem pressa para ser amado! Se não se traz no peito o amor feliz, Ele fica esquisito, amedrontado... O amor é uma canção e ele nos diz Que age nos passos que tenhamos dado, E age nos corações pedindo bis! 14.04.1994

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Balada para um grande amor

Todo este amor que nos invade E que nos deixa tão felizes, É feito de sinceridade Por isso tem fortes raízes. Sozinhos somos só metade Mas juntos somos uma vida... E é com fremente intensidade Que eu só te chamo de querida! Um outro amor assim quem há de? Um céu azul é nossas crises, Se o amor é feito de amizade Em nós não há quaisquer deslizes. E cada dia é mais vontade E cada dia é mais florida Esta canção em densidade

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Que eu só te chamo de querida! Talvez a nossa mocidade Encontro um dia outros matizes E fique presa em outra grade Que até nos cause cicatrizes... Mas eu irei sentir saudade Desta existência colorida, Por isso é com felicidade Que eu só te chamo de querida! Oferta: Esta balada é só vaidade, Outra maior não me intimida, E é com enorme alacridade Que eu só te chamo de querida.

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Balada da esperança

Penso num grande amor florido Que em minha vida irá chegar, Deixando multicolorido Meu coração que espera amar. Quando este sonho iluminar Meu coração à luz da lua, Eu irei pô-lo num altar E a alma de angústias terei nua. Hoje que trago entristecido Este meu sonho secular, Inda procuro o bem querido: – Minha esperança tutelar. Sofrendo tanto e apesar De ter no p eito a dor que amua, Ainda sei que irei cantar

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E a alma de angústia terei nua. O amor é um sonho de bandido, Parece sempre se ocultar, Atira flechas de Cupido E de maneira irregular. Mas a distância olho o luar Seu brilho intenso me tatua: E irei sorrir a este manjar, E a alma de angústias terei nua. Oferta Se o amor é fruto de um pomar, E sorrateiro se insinua, A paz terei para lhe dar E a alma de angústias terei nua.

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Balada outonal

Os crepúsculos outonais Sempre me dão melancolia. Minh’alma, em sufocantes ais Solta lamentos de agonia. Do sol – a claridade é fria E quase não contém calor; Falta-me o encanto da magia, Falta-me o encanto de um amor... As folhas caem... espectrais Lembram fantasmas que algum dia Ao meu viver foram mortais Marcando minha fantasia... E hoje minh'alma se associa À solidão, á angústia, à dor... Falta-me a luz que me alumia,

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Falta-me o encanto de um amor... Rajadas frias e ferais De lacerante ventania Arquejam altos bambuais Numa estonteante sinfonia... E eu vou chorando esta elegia No mais patÊtico rancor; Falta-me o canto da alegria, Falta-me o encontro de um amor... Oferta Minha esperança se abrevia E o vento ruge num tremor, Falta-me sua melodia, Falta-me o encanto de um amor...

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Pantum em Redondilhas Quero mundos conquistar Numa simples caravela, Pois existe tanto mar E este vida é tão bela. Numa simples caravela Quero meus sonhos domar E esta vida é tão bela Que vale a pena sonhar Quero meus sonhos domar Sem ter medos, sem cautela, Que vale a pena sonhar Quando estou nos braços dela. Sem ter medos, sem cautela Quero um sonho para amar... Quando estou nos braços dela Nem vejo a vida passar.

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Quero um sonho para amar Da maneira mais singela. Nem vejo a vida passar Debruçado na janela. Da maneira mais singela Direi meu modo de amar: Debruçado na janela Passo tardes a cantar. Direi meu modo de amar... Numa canção terna e bela Passo tardes a cantar De maneira bem singela. Numa canção terna e bela Ficarei olhar o mar, De maneira bem singela Visitarei o luar. Ficarei olhando o mar Numa simples caravela Visitarei o luar

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Lembrando os encantos dela. Num simples caravela Quero meus sonhos domar, Lembrando os encantos dela Quero mundos conquistar. 12.06.1997

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Num Álbum Pedes-me um canto. Na aurora Tento a inspiração sonora Para esse canto compor. Em sinfonias suaves Fico atento olhando as aves Trilando versos de amor. No chão a relva molhada Diz adeus à madrugada E espera o sol ressurgir. Respingam de cada galho Mil gotículas de orvalho E tudo fica a sorrir. No jardim uma roseira Lembrando fada trigueira Desabrocha mil botões. Juntos, os botões de rosa Numa alegria radiosa Parecem mil corações.

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Nesta manhã clara e bela Vejo no céu uma estrela Que ainda teima em brilhar. Porque está tão bonita Esta manhã infinita Que ela não quer se apagar. Tudo fulgura de encanto, A sabiá sola um canto Que lembra um cano feliz. Logo após, bandos alados, Vindo de todos os lados, Milhares de colibris. Beijando as flores vermelhas Vejo centenas de abelhas Buscando gostas de mel. E juntas, nesta alegria, Inspiram-me esta poesia Com gotinhas de hidromel. Adoro a vida no mato...

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Agora vejo um regato De água pura de cristal. À água pura e cristalina A minha fronte se inclina E sinto a paz sem igual. E neste êxtase tão puro Sem passado e sem futuro Que mais de bom pode haver? Em meio a estas minhas frases Será que existe outro oásis Que me dê maior prazer? Nesta infinita alegria Ouço:– “Esio!...” É a Ana Maria Que me chama e a ela me vou. E feliz se contagia Lendo esta minha poesia Que seu amor me inspirou. 11.11.1996

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Seu nome –“Qual o seu nome?” Eu perguntei à bela Visão que aos olhos meus se oferecia. Apaixonado, fiz-lhe uma poesia Mas não fiquei sabendo o nome dela Uma tarde, em que o azul do céu morria, Ela surgiu pintada numa tela... E eu, totalmente apaixonado a ela, Cantei-lhe uma suave melodia... Mas ela novamente foi embora... Fiquei tonto de amor, preso na grade De uma paixão por essa atroz Senhora. Ainda hoje me debato em ansiedade, E agora eu descobri seu nome, agora, Eu sei seu nome muito bem:– Saudade! 23.10.1997

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Incógnita Ela chega quietinha e mansamente Da nossa vida vai tomando conta... E a alma, em mil rodopios fica tonta Tal como o corpo num valsar se sente. Às vezes, deixa o coração doente E o pensamento, em transes, amedronta. Mais parece um punhal de fina ponta Que fere e sangra inopinadamente. E descobri seu nome por acaso... Olhando o sol a se esconder no ocaso Senti-me preso em invisível grade... Tentei gritar seu nome á branda aragem, Porém, o tempo se tornou selvagem E bem baixinho soletrei: s-a-u-d-a-d-e! 23.10.1997

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Canção Ingrata Saudade é uma canção bastante ingrata: Uma só vez ouvimos o seu canto E ela, com arte de magia e encanto Nos prende da maneira mais abstrata. E sem querer, estamos sós, à cata Das lembranças perdidas nalgum canto Do coração, que marca com seu pranto As notas musicais desta insensata. Às vezes, no silêncio e na quietude, Ela dedilha-se em necessidade E invade os céus em mágica amplitude. E esquecer sua voz, oh, quem é que há de? Por quanto mais o coração se ilude, Mais ele sente falta da Saudade. 23.10.1997

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No Silêncio das Sombras No silêncio das sombras, escondidos, O que dizem os ternos namorados? Os olhares em êxtases, calados, Não falam, mas sussurram em gemidos. Quem entende a linguagem dos sentidos? – Somente os corações apaixonados! Os lábios que em murmúrio são beijados, E os mil beijos que são retribuídos. E a mansidão entende esta linguagem, Na volúpia da carne que flameja E no desejo que se faz selvagem. O corpo em transe que vigor deseja, Os lábios que não param e mais agem, A boca que sussurra enquanto beija! 25.06.1996

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Herança O homem agride a noite, o homem revida As vontades de Deus, o homem investe Contra as leis que dominam sua vida E se mostra no mundo um cafajeste! Azar do homem! De vento ele se veste E marcha num caminho de suicida. E talvez no amanhã, nada mais reste Do que sua esperança carcomida! Na barganha que faz incontrolada Contra a indefesa e linda natureza, No fim de tudo o homem mais lembra um odre... E ao final da ganância, um simples nada Ao homem restará desta certeza, Não restando sequer, um fruto podre. 13.10.1996

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O pensamento

O pensamento, em transe, vai e vem... Até parece estar numa estação, Onde – momento sim – momento não, Sempre na hora marcada, chega o trem... O pensamento sempre traz alguém Que um dia povoou nossa ilusão, Fez diabruras em nosso coração Colocando alegrias ou desdém... O pensamento como sempre dói... Se, é de tristeza o coração corrói, Se, é de alegria não a temos mais. De saudade – ficamos a chorar, De esperança – ficamos a lembrar, Mas sempre com torturas e com ais. 11.08.1993

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Reunião Familiar

A minha Mãe não gosta muito quando Ponho em versos as cenas corriqueiras De nossa casa... Diz que falo asneiras E eu devia outras coisas ir lembrando... “Mas vejam o que a Mãe está falando!... Quer cortar do quintal nossas mangueiras, Vá na Escola de Mães às quartas-feiras, Ou fique os guardanapos engomando...” “O Rege, a Mãe não tá lelé da cuca? Olha, só, Dalva, a Mãe está maluca. Veja só como está com tanto arroubo!” “E não é que ela agora está enfezada?” –“Leninha, pare com isso. Esio, seu bobo, Aqui mando eu. Vocês não mandam nada!...” 23.06.1996

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Horta Faço brotar a saudade Nos canteiros que semeio, Mas o perfume que evade Me faz palpitar o seio. Cada semente que planto É uma semente que nasce. E eu a orvalho com o pranto Que rola da minha face. Assim, quando ela floresce Em pétalas coloridas, Dos meus lábios sai a prece Das esperanças perdidas. 25.07.1995

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Do Verbo Amar Amo! E é tamanho o amor que n’alma sino, Que a todo o instante vivo a soletra (Não sei se é por mania, ou por instinto) Canções do verbo amar! Se, ouço um pássaro, faço-lhe dueto, E ele também, feliz, fica a cantar Como a orquestra em dobrados no coreto, Canções do verbo amar! As pessoas andando pela rua Num sem querer começam-me a imitar, Fico feliz, flauteando à luz da lua, Canções do verbo amar! As árvores plantadas nas calçada, Felizes, mexem folhas a bailar, Ficam também ouvindo, apaixonada, Canções do verbo amar! Buquês de flores, nas floriculturas, Insistem em tomar o seu lugar;

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E soletram contentes, em venturas, Canções do verbo amar! E eu na alegria, vou imaginando Que a qualquer hora, quando eu te encontrar, Lábios em beijos estarão cantando Canções do verbo amar! 12.10.1994

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À Minha Marília

Maior amor que o meu não há no mundo, Nem pode um outro haver maior que o meu; Pois meu amor tem o esplendor profundo Dos versos à Marília de Dirceu. E amo tanto e amo tanto e tanto e tanto, Que perco o próprio rumo de viver. E a cada dia invento um novo cano Para cantar, do amor, o seu prazer. Olho com mais carinho a própria vida E tudo para mim tem mais valor! Sigo por uma estrada colorida, Onde as aves, no céu, cantam o amor. Sou igual ao Poeta do passado, Que em Ouro Preto, há séculos, viveu... Lembrando esse Poeta apaixonado, Escrevo este soneto todo meu:

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“Marília amada, quem me dera agora, Eu livre, ser, para feliz, voar Além deste Infinito e deste Mar E te encontrar logo ao luzir da aurora. “A solidão da vida me apavora E nada existe para me alegrar. Ah! Se eu pudesse, em êxtase, te dar O imenso amor que no meu peito mora. “Eu sonho ainda feliz contigo, Pois sem o teu amor vivo tristonho E a vida para mim, é eterno breu. “Vem, pois, eu quero ser o teu abrigo, Ao teu lado viver sempre risonho, E ser, eternamente, o teu Dirceu!” 28.09.1979

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Barcarola Tarde da noite caminho Por um estranho deserto. Como sempre estou sozinho, – Não tenho ninguém por perto. No alto céu as nuvens dançam Num balé encantador. Brilhantes de lua lançam Reflexos de muita cor. Como pequenina vela Um singelo pirilampo Brincando de ser estrela Ilumina todo o campo. E as estrelas tagarelas Também querendo brincar, Pensam que são Cinderelas E também brincam de amar. A lua fica brincando De amarelinha no espaço,

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E eu então fico cantando E tento dar-lhe um abraço. Imensa alegria invade De pronto o meu coração. Invoco a felicidade Nas rimas de uma canção. Um sem-fim canta a distância E apenas ouço o seu canto... De um jasmineiro a fragrância Na min’alma põe encanto. A noite é suave e fresca, Embora faça calor. O orvalho tênue refresca As pétalas de alva flor. A natureza é divina, Parece estar encantada! E eu carrego na retina Raios da noite enluarada. Rezo a Deus por ser Poeta

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E minhas rimas tecer, Pois minh’alma estå repleta De alegria e de prazer! 30.06.1994

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Nossa Senhora Aparecida Minha Nossa Senhora Aparecida Mãe do Menino Deus, Nosso Senhor! Olha pelos teus filhos nesta vida Para que haja no mundo mais amor! Oh, nossa Santa Mãe estremecida, Nós, Cristãos, e louvamos com fervor! Te queremos na crença mais florida Te exaltando antes as garras do agressor! Se hoje a teus filhos, mártir, apareces, E pedes penitência, e em prantos, preces, Ao Teu Filho pregado numa cruz, Nós também te pedimos, oh, Senhora, Que nos protejas pelo mundo afora, E intercedas por nós junto a Jesus! 12.10.1996

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Crença

Eu acredito em Deus. Eu acredito No Deus com D maiúsculo, no Deus Que mora no vastíssimo Infinito E é chamado de Elias, entre hebreus! Num Deus que traz a mim tanto conflito, Que fez Sansão vencer os filisteus, E nesta crença às vezes eu me irrito Ante os Mistérios e os desejos Seus! Acredito num Deus que fez o mundo, O Infinitíssimo e o Indeterminado, Que fez a flor, o inseto e o Orbe profundo! Num Deus que deu ao Homem Sua imagem E pode, num espelho ser olhado Na simples semelhança da miragem! 12.11.1995

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Canção da Ausência mais Sentida

“Meu filho partiu... meu filho Da vida perdeu o trilho E foi em busca do além... Por que, meu filho, partiste, Deixando mundo triste, Sem esperanças também?... Meu filho partiu... minh’alma Que outrora sorria calma, Hoje tem laivos de dor. E tua ausência, querido, Faz que fique entristecido Em meu coração – o amor. Vazio o meu Universo Ao ver vazio o teu berço... Por que te foste de mim? A vida hoje está vazia... Minh’alma está fria, fria,

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Minha angústia não tem fim... Se voltasses, o meu pranto Se faria eterno canto E eu viveria por ti. – Não vens... nem virás tão cedo... Ai, meu filho, eu tenho medo Em não te sentindo aqui. Razões de vida procuro... Tristonho olho o meu futuro, Vejo um sonho que morreu. E morta estou me sentindo Pois quando te vi partindo Quem partiu, creia, fui eu. Outrora um riso inocente Deixava todo contente Meu materno coração... Eras tão novo, filhinho, Que nem ouvi teu carinho Ao ver morrer-me a ilusão.

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– Mamadeiras, fraldas, cueiros, Chupetas e travesseiros Compunham teu enxoval... E agora – em peça por peça Tento ver se encontro, impressa, Tua impressão digital. Apenas um retratinho Guardo com muito carinho De ti – ainda bebê. Olhando-te me consolo... – Se era tão quente meu colo Por que partiste? Por quê? Quando ficaste doente Meu coração inocente Não pensava em te perder. Porém, veio a noite... o frio... Que te causou arrepio – E eu não pude te aquecer...

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Distante de meu carinho No céu – agora és anjinho E minha esperança é vã... Por ti eu faço uma prece E meu coração te aquece – Macacãozinho de lã! Por isso, querido filho, Nos olhos eu trago o brilho De amargura e ingratidão... E se peço a tua volta Sinto a trágica revolta Dominar-me o coração. Por quê? por que tu morreste Meu pequeno anjo celeste? Outras mães, iguais a mim Todas plenas de carinhos Passeiam com seus filhinhos Entre as sombras de um jardim... Os lábios com os dentes mordo...

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Quando vejo um seio gordo E um lábio nele mamar, Vêm-me á boca aromas ácidos Ao ver os meus seios flácidos Pois precisei esgotar. Depois minhas noites frias... Passando as mãos nas estrias No ventre que te gerou, Fico sozinha no quarto E recordo a hora do parto ... E a hora que o sonho acabou... Revolta... apenas revolta... Meu desespero se solta E praguejo contra os céus... Minha angústia chega ao cúmulo Ao te ver num frio túmulo Num silêncio sem adeus... Com minhas desesperanças Eu olho em outras crianças

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Para tentar encontrar Um outro olhar tão bonito... Porém, estás no Infinito E não consigo te achar... Embora sofrendo tanto Minh’alma ainda tenta um canto Numa canção de ninar... Estás meu ouvindo, meu Filho? – Se em meus olhos há um brilho É uma lágrima a rolar... .......................................... Mas do rosto movo os músculos E abro os olhos aos crepúsculos Que tingem de fogo os céus... E uma esperança me volta Desta trágica revolta Pois te vejo junto a Deus! Estás na Eterna Morada Onde uma luz aureolada

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Te cinge com esplendor... Com outros anjos te envolves Os meus problemas resolves E me lanças teu Amor. Entendo tua partida... Precisavas de mais vida E não a achavas aqui. És livre, meu filho, voa... Os meus lamentos perdoa Porque preciso te ti!...” 28.07.1991

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Nova Visão dos Mortos

Novamente o Poeta abre seus olhos E não crê na vergonha que aqui infesta: Um suor frio brota de seu rosto E Ele, com alvo lenço, limpa a testa... Castro Alves, o Poeta dos Escravos, Como um fantasma vem da Imensidão; E outros mortos, das tumbas saltam lívidos, Da lua pálida ao fatal clarão! Um exército negro segue-o junto, São os escravos mortos nas senzalas, Com correntes nos braços e nas pernas, Com os corpos furados pelas balas. Todos com vestimentas brancas, límpidas, Carregam a Justiça pela mão; E vêm cantando em coro à Liberdade, Da lua pálida ao fatal clarão! Vêm os soldados mortos nas trincheiras

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E os heróis cruelmente assassinados, Um Pataxó queimado na cidade, Da Candelária vêm os favelados. Vem Herzog com seu cavalo negro Empunhando o Estandarte da razão. E na outra mão tem uma flor que brilha, Da lua pálida ao fatal clarão! Os heróis do passado estão voltando Em busca da Verdade e da Justiça, Porque da Eternidade estão sentindo Aqui na Terra o cheiro de carniça. Os oprimidos sofrem – mas calados, Pois o que dizem fica na opressão. – Os fantasmas cavalgam pelos ares, Da lua pálida ao fatal clarão! Quevara ressuscita na Bolívia E luta pela América ferida, E armado com as armas da Esperança Busca ver a existência mais florida. Neruda em muitos cantos generales

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Procura a paz nas rimas da canção, E de mãos dadas com Allende Da lua pálida ao fatal clarão. Exilados renascem do sal grosso E gritam – “Liberdade, ainda que tarde!” E da floresta em fogo vem chegando Ouro duende em pavoroso alarde! Quem é esse que chega desvairado E vem causando enorme confusão? – É Geraldo Vandré, que vem num touro Da lua pálida ao fatal clarão! E vem Disparada pelo campo Acenando a Bandeira da Vitória. Tem no seu peito, estrelas fumegando, – Na fronte traz os louros de áurea glória. Sua viola toca a melodia Que me soando alto em seu refrão: “Pra não dizer que não falei das flores...”

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Da lua pálida ao fatal clarão! Todos a postos numa grande fila Esperam a chegada de ouro forte: E de uma estrela pura e cintilante Vem chegando o Poeta lá do Norte. E John Lennon, o Beatle desvairado Que três tiros tomou no coração, E vem cantando uma canção sublime Da lua pálida ao fatal clarão! Todos em fila partem redivivos Cantam hinos de paz e de esperança, Tentando derrubar a Sociedade Que se perde em raízes da vingança. As armas – são canções de paz á Terra E muito amor em cada coração. Esperam dissipar o ódio no mundo Da lua pálida ao fatal clarão! Porém, nada conseguem nossos ídolos, Que massacrados gemem dominados.

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Aqui na terra o império é da vergonha E o caos domina os corações alados... Reunidos a distância deste mundo Os fantasmas em grande convulsão, Seguem calados, pela estrada etérea, Da lua pálida ao fatal clarão!

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Flash no Engenho (Cena ocorrida no Engenho Central)

Uma chuvinha miúda Suaviza a tarde quente... Minh’alma em êxtases muda Contempla pela janela A chuva que cai, singela, Mansamente, mansamente... Sobre o flamboyant copado A sabiá laranjeira Solfeja doce trinado... Coleirudo tico-tico No seu canto abrindo o bico Diz que a chuva é passageira. – Tico-tico estava certo: A chuva passou de pronto. Agora no céu aberto O sol doirado fustiga:

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Tecendo minha cantiga No rimário fico tonto. Lá fora agora, em dueto, Sabiá e tico-tico Brincam num canto repleto De notas ternas, variadas... E eu, ouvindo tais toadas, De alma apaixonado, fico. O flamboyant se engalana Em mil flores coloridas, E suave essência emana E toda a tarde perfuma. Não há verso que resuma Tantas belezas contidas. E o tico-tico não pára Com seu cano que alucina, Pois a sinfonia rara Tem cheiro e gosto de mato Da água lerda do regato

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Que corre pela campina. A sabiá vai embora Em busca do namorado, Mas a lembrança sonora Soando, fica-me n’alma Que traduz ternura e calma Ao Poeta apaixonado. 16.11.1997

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Manhã no Centro (ecos de Cesário Verde) Rua Governador. Em pleno centro, em pleno Coração da cidade... e tudo aí palpita: Desde cedo o rumor das casas de comércio Parece muito mais com um mercado pérsio Onde tudo tem vida, onde a cidade grita. Manhã. E já começa o burburinho infrene: Automóveis em fila andam em marcha lenta; Enormes caminhões estão fazendo entrega, Um funcionário grita e a homens rudes delega Onde depositar a carga que o atormenta... Um guarda tem pôr ordem nesta balbúrdia... Apita, gesticula e ninguém lhe obedece. Nervoso, quer multar os que vão apressados, Mas os carros, porém, com os vidros embaçados, Alheios vão passando e ele perde o interesse. As lojas vão abrindo enormes portas d’aço... Rostos cheios de sono adentram pelas portas...

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Sabem que vão ficar em pé o dia inteiro, Que o patrão não lhes dá chances de ir ao banheiro E o dia irão passar como baratas mortas... O movimento cresce... e bandos de crianças Começam a catar caixas de papelão Que já não servem mais, nem têm utilidades... E as crianças se vão, com impetuosidades Cavando os seus reais para comprar um pão! Começam a surgir dezenas de mascates E nas calçadas vão armando as suas tralhas... – É o comércio que vem da zona paraguaia; Rádios, tvs, raybans, bronzeador para praia, Lâminas de barbear, alicates, navalhas... Um palhaço procura alardear os produtos De uma loja qualquer... outro, com voz troante, Diz que tal loja vende em oito pagamentos... –“Vejam, o guarda-roupa é somente duzentos...” Porém, eu mesmo estou de tudo tão distante... Chego em frente ao Mercado. O movimento é enorme.

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Passam perto de mim dezenas de carrinhos. Uns – vendem cheiro-verde, outros – laranjas pêra, Uma velha mulher sentada na cadeira Atrapalha quem vai fazendo esses caminhos. Nove horas da manhã. Numa farmácia ao lado Adentra uma mulher com seu filho no colo: –“O meu filho está... (diz a mulher aflita) É com dor de barriga. O que ele necessita Para ficar melhor?” Ai, dê0me algum consolo...” Súbito alguém me chama. É velho conhecido. É o Villalba que chega e diz-me:–“como vai?” Abre ele a sua agenda e em suas fantasias Começa a declamar dezenas de poesias Que escreveu quando foi até o Paraguai. E ficamos nós dois alucinadamente Numa alegre e feliz linguagem literária. Poesia é nosso pão! É o ar que respiramos! E inspirados nós dois damos nossos recamos Numa louca paixão que faz noss’alma paria.

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Sentimos no ar um cheiro e o convite sai mútuo: –“Vamos tomar café?” passa rápido um carro, E a Rua do Comércio atravessamos rindo, E o balconista diz:–“o café tá saindo, Já podem preparar e acender o cigarro...” Descontraidamente assumimos o riso, Tomamos o café, voltamos para a rua. –“Olhe só que engraçado, o sol já brilha forte, Porém, no céu azul, em lírico transporte, Fazendo serenata ao sol, cintila a lua!” Em conjecturas, nós sonhamos acordados... Mas Villallba por fim, despede-se sorrindo... Vai para o Democrata aceleradamente E perde-se no mar dessa ruidosa gente Que segue sem saber para onde vai seguindo... Eu continuo só, perdido em devaneios... Na Metodista paro e perdido também Despreocupadamente acento outro cigarro. Passa um carro por mim, depois, passa ouro carro,

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E eu me sinto perdido e não vejo ninguém... Passam minutos e eis que estou em plena Praça. – Sequer percebo como vim aqui andando. A manhã ainda é fria, a cerração é densa, A esguia Catedral de neblina se incensa, Como se um padre ali, a estivesse incensando Na banca de jornais atenciosos leitores Prendem num fixo olhar manchetes assassinas. Um engraxate diz:–“vai graxa nos sapatos? Só três reais, Dr.” mas como jeitosos tratos Eu digo-lhe que não e sigo errantes sinas. Pombos planam no céu... perto de um pipoqueiro Centenas deles vão em busca de alimento. Sorrisos infantis então soam na praça, Os pombos, percebendo a falta de ameaça Das crianças, por fim, pousam num vôo lento. Fico a brincar também, com esses lindos pombos. Compro milho moído e com as mãos atiro Bons punhados ao chão... e os pombos, atrevidos,

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Arrulam sem cessam, e chegam decididos, Depois partem num vôo a um seguro retiro. Eu sei que sou feliz!... e esta felicidade Mora em meu coração, pois o meu coração É o alvo ninho do amor, da ternura, da esp’rança. Tenho dentro de mim um tanto de criança Que sempre estou sorrindo ao som de uma canção. Sei que vivo feliz!... sigo pela cidade Olhando a multidão que caminha apressada. Executivos vão com seus rápidos passos, Numa imponência tal, com mil papéis nos braços, Com certeza pagar velha conta atrasada... Um outro – idiota! – vai com o celular no ouvido A conversar, talvez, uma conversa tola. Porém, parecer ser um negócio importante... Mas com certeza está a conversar com a amante Enquanto a mulher chora à acidez da cebola... Velho advogado sai de centenário prédio... Logo após ele, espavorida, afoita,

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Uma bela mulher retocando a maquiagem... Ah! Com certeza os dois com muita malandragem Estiveram fazendo algo por trás da moita. Mas eu, de olhar atento, estou atento a tudo, E debocho baixinhos os deslizes humanos... E me distraio ouvindo uma canção antiga. Logo passa por mim uma pessoa amiga E eu me pego a fazer mirabolantes planos... Mas quase hora do almoço... o estômago me avisa... Da velha Catedral sinos ouço bater. Onze horas! E a manhã se foi rapidamente... Apressado rumor. Burburinho de gente. Vou-me embora almoçar e ouros sonhos viver! 12.04.1995

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Crepuscular

Agora que o inverno se aproxima Trazendo neve aos fios de cabelos, Que os sonhos são vencidos pesadelos E o passado é ilusão de grande estima; E a alma não se adequada a um novo clima E as mãos parecem mais tubos de gelos, E lembram esperanças os novelos De uma saudade que ficou cadima; Agora que o espetáculo já finda Uma vontade absurda se incendeia Dentro d’alma que sonha-se à berlinda... E á nova vida o coração anseia, E julga-a em êxtases e a clama linda, Bem sabendo, iludido, o quanto é feia! 09.09.1994

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Scenna Dominicale

Agora que passou a angústia mais aguda, Que noss’alma deixou em desespero muda, (Embora o coração esteja um tanto triste...) Minha Musa – com o pranto amargo gotejando Em vão tenta conter o espanto e o trauma quando Numa vídeo-tape insano, a tua morte assiste. Agora que és lembrança e trágica saudade, Convulsionada, a voz embargar-se na grade Do delírio cruel que foi tua partida. E minha voz se cala ante a tragédia horrenda, E o silêncio sem fim, em transe, reverenda, Dentro do próprio Sonho a destruição da Vida! Agora que és somente uma terna miragem, Eu me lembro de ti como Herói – personagem Que em êxtases de luz nossos sonhos povoa... E passas tão veloz nas curvas e nas retas Pg61 de 65


Que o pó da perfeição moldura as tuas metas Pois és raio de sol a inspirar este Loa! Monte Carlo aplaudiu por seis vezes teu gênio! – Máquina e Homem formando um só corpo homogêneo Conquistavam o mundo entre aplausos e vivas! – Espanha, Portugal, Japão, Austrália, França, Unidos numa voz, num Hino de Esperança Cantavam teu valor de formas expressivas. E o Brasil e queria além e mais que um ídolo! Quando o motor roncava em uníssono estrídulo A multidão num sonho, explodia de glória... Interlagos cantava e exaltava o teu vulto! E eu rosto, porém, num capacete oculto, Não nos deixava ver o pranto da vitória! Acelera, Campeão! Pisa fundo, acelera!... Deixa cantar feliz toda a imensa galera Que veio te aplaudir!... acelera, Ayrton Senna, Ronca forte o motor com todos os cavalos, Que os ouros para trás sofram cismas, abalos,

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– Ultrapassa um por um com tua raça plena... Quando a chuya caía aos borbotões na pista, Tu mostravas então teu talento de artista: – Se já eras o melhor, único tu ficavas... A vitória surgia – era questão de tempo, E enquanto homens incréus iam no contratempo, As cuvas, tão somente, eram tuas escravas. Dominavas o Circo enfeitiçando a todos... Arrojados – as mãos, os pés, com ágeis modos Ultrapassavas rindo o que surgia à frente. Como um deus do volante, uma força divina Sempre de prontidão guiava-te a retina Para a concentração estar sempre presente. Mas naquela manhã de domingo festivo, O Brasil acordou para um novo atrativo E desta vez seria em Ímola o cenário... Mas Deus confiava em ti e te deixou sozinho Um instante somente e a curva do caminho Apareceu veloz em teu itinerário...

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Em fração de segundo e qual trágico bólido A máquina explodiu naquele muro sólido E a vida te ceifou de forma rude e fria... O Herói dizia adeus aos fãs do mundo inteiro, E perdia o Brasil seu piloto guerreiro De maneira cruel que os sonhos abrevia... Aquele que hasteava, após cada vitória O Auriverde Pendão recoberto de glória, Despedia da vida em hórrido acidente... Em Ímola, morrendo, o capacete verte Sangue verde-amarelo, enquanto o corpo inerte Nada vê, nasa sofre e também nada sente... Parte o Campeão Herói! Ayrton Senna é morto! O silêncio é funéreo, é frio, é denso, é absorto, E o Brasil chora triste e envolve-se de luto... O mundo todo chora e o martírio, quem vence-o? Os ruídos do motor também fazem silêncio E rendem ao campeão o seu maior tributo! E hoje, somente resta a mágica saudade

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Do bólido veloz, que em tal velocidade Mostrava que o Brasil era sempre o primeiro. Se Ayrton “assenava” ao mundo a sua raça, Com Força, Amor e Fé, íamos nesta massa Mostrar todo o valor do povo brasileiro!

01.05.1995

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