Maranduba, 25 de Junho de 2012
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Ano 3 - Edição 38 Foto: PROMATA
Cachoeiras do Seu Agostinho Um complexo de quedas d’água escondido em meio a floresta na Lagoinha
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Jornal MARANDUBA News
Editorial:
Tecnologia & Etnoconhecimento Com o advento da Rio+20, de repente todos se fizeram olhar como olham os povos da floresta. Desde que o mundo é mundo os povos tradicionais, indígenas e quilombolas se utilizam daquilo que pode ser reproduzido naturalmente. Quem entende de cultura sabe da importância de se preservar certas tradições que nos remete ao circulo completo da tal sustentabilidade. Nunca se falou tanto em consumir as coisas naturais, manuais e tradicionais. Junto a elas cientistas sérios (que são poucos) trabalham no aprimoramento daquilo que foi aprendido por séculos e que não é mais possível ser transmitido porque não está no dicionário. Com as mentiras sendo desvendadas nas últimas décadas, a cultura tem pago o preço do descaso e da oportunidade mercantilista em novas tendências ditas para a salvação da terra. Alguém quer ganhar mudando uma cultura inteira, as vezes dizimando um povo, um modo de pensar, de fazer e de produzir porque outros, a milhares de quilômetros, levantam uma plaquinha de que aquilo não pode. O pior são os pobres que pagam o pato. Ricos não desmatam, não poluem, não desperdiçam. Claro que nem todos são assim, é uma questão de cultura. Tudo que os poderosos fa-
zem está baseado em projetos, que só eles podem pagar. Aos rélis mortais resta tentar acreditar que Papai Noel desta vez virá de azul. Se não houver mobilização séria e constante, respeito a estes povos e trabalho, isto é, melhorar o que eles sabem, sempre na busca de suas aptidões naturais, a pseudo sustentabilidade vinda da capital não irá funcionar, só trará mais conflitos. A Rio+20 quase não emplaca por que os chefes de estado estão preocupados com o capital, única e exclusivamente com o sistema financeiro. Em parte é compreensível. Como conseguirão votos se a economia vai mal? É uma questão de cultura, daquela costumeira inversão de valores. Por cá sem dinheiro sabemos fazer muito, é a tal da “tecnologia da escassez”, ou a verdadeira sustentabilidade que agora precisa ser rentável, aprimorada e respeitada. Chega de fotos destes povos como culpada de tudo, como precursora do desmatamento, enquanto houver fome e desrespeito haverá conflitos, principalmente a aqueles que não sabem diferenciar um poodle de um carneiro e se dizem salvadores do planeta. Quem diria que um rancho de canoa um dia seria objeto intruso numa praia. Emilio Campi - Editor
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Adelina Campi, Ezequiel dos Santos e Fernando A. Trocole Os artigos assinados são de inteira responsabilidade de seus autores e não refletem a opinião da direção deste informativo
Cartas Sputinik de Ubatuba Os acontecimentos ruins do Litoral Norte, na grande maioria são efeitos da falta de educação dos protagonistas, assim, o feito científico pioneiro a partir de uma escola pública - Escola Municipal Tancredo Neves, de Ubatuba, noticiado com destaque nos meios de comunicação do Brasil, Estados Unidos, Japão e outros países (colocou Ubatuba no mundo durante longo tempo no ano passado), deve ter a maior repercussão possível no Litoral Norte, para revertermos o cenário ruim e termos exemplos positivos a serem seguidos pelos jovens, a partir de um bom resultado da Educação. Pelo exposto, proponho que incentivem a mídia impressa do Litoral Norte, a fazerem como o Jornal Fôlha de São Paulo, que na edição de domingo, 17 de junho, publicaram uma matéria com 3/4 de página, o que demonstra a importancia do feito e que deve ter a maior repercussão entre nós do Litoral Norte. Antecipadamente agradeço. Saudações Científicas Luiz Carlos Lima Maranduba - Ubatuba Nota do Editor: Leia na página 15 desta edição matéria citada nesta carta.
Cantinho da Poesia O espelho Por que me fitas com esse olhar senil? Mudaste drasticamente a maneira de me ver. Antigamente esse teu olhar era juvenil, E me vias como na puberdade devemos ser. Já participaste de minhas alegrias e tristezas Como companheiro mudo, mas que tudo acompanha. Já viste um dia em meu rosto todas as belezas Que irrompem na juventude com toda a sanha. Documentaste meus momentos de furtivas lágrimas Que dos olhos me caíram salgando os meus lábios. E te peço que desse seu histórico nada suprimas, Pois foram lágrimas que compuseram meus alfarrábios. Fotografaste também os meus arroubos de alegria Que desenharam uma saudosa parte de minha vida. Sem esses momentos de que nossa existência valeria, Se apenas tristezas tivéssemos por ela abrangida? Sou-lhe grato, meu leal e discreto companheiro, Pois ao longo do tempo acompanhaste minhas rugas. Tua verdade é una, não te compra nenhum dinheiro! E documentar a verdade é o verbo que melhor conjugas. Manoel Del Valle Neto
CONVITE Participe da grande Festa Julina na EM Agostinho Alves da Silva no bairro da Lagoinha-07 de julho de 2012 - Bingo, Quadrilhas, muita alegria e diversão para toda família Participe e traga os amigos Rodovia SP -55 Km 72,5 Direção da Escola EM Agostinho Alves da Silva
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Moradores se mobilizam para criar Associação de Micromineradores da região EZEQUIEL DOS SANTOS Após vários anos de perseguição, constrangimentos, descaso e até preconceitos, cerca de 40 moradores dos bairros do Corcovado, Praia Dura e Folha Seca se reuniram para criar a Associação de Micromineradores do Corcovado em atendimento a Lei Municipal no 3.533/12 que trata da disposição sobre critério diferenciado para o licenciamento municipal à extração de areia artesanal de modo simplificado. As reuniões aconteceram na sede da Associação de Moradores do bairro do Corcovado, região sul de Ubatuba. O projeto realizado pelo vereador Rogério Frediani e sancionado pelo prefeito municipal poderá tirar homens honestos da categoria de bandidos já que são tratados como tal pela policia militar
ambiental. Moradores buscam poder sustentar suas casas com dignidade, por isso se organizam para buscarem o licenciamento. Varias reclamações foram levantadas sobre a poluição, criminalização da atividade, e de uma grande mineradora regional que carregam cerca de 60 mil quilos de areia nas estradas do litoral, poluindo e destruindo a natureza bem debaixo dos olhos da polícia que coíbe a atividade artesanal sustentável. Na ocasião foi lido oficio da visita oficial do Superintendente do Departamento Nacional de Produção Mineral em São Paulo, Sr. Ricardo de Oliveira Moraes para o próximo dia 27 de junho que tratará dos procedimentos e competências do DNPM para o licenciamento simplificado à micromineraçao artesanal e sustentável.
A solicitação da visita foi através do gabinete de Frediani para dar andamento aos esclarecimentos sobre o licenciamento da atividade. Trabalhadores se mobilizam para participar deste evento oficial e esclarecer dúvidas sobre uma atividade legal regulamentada por lei federal e reconhecida pelo órgão maior da mineração no Brasil. Os moradores receberam toda assistência de membros da Promata que indicaram trabalhos que envolvem ações de educação ambiental, de base comunitária, observação de aves, atividades sustentáveis nas escolas e na própria comunidade, de forma a mostrar e a valorizar o outro lado desta comunidade, que por si só é ordeira e carece de uma oportunidade para mostrar seu valor sem preconceitos e discrimação.
Escola da Lagoinha: compromisso Morador da região participa do Caragua Jazz Festival O morador Paulo Roberto com a defesa do ecossistema Acompanhando as atividades do III Festival da Mata Atlântica a escola municipal Agostinho Alves da Silva da Lagoinha apresentou durante a semana temática varias atividades em comemoração ao festival. Os alunos, professores e colaboradores realizaram coleta de lixo na praia da Lagoinha e a confecção de objetos com o lixo retirado, exposição de maquete intitulada “como nasce uma tartaruga”, reciclagem de garrafas pet e confecção de brinquedos, objetos realizados com embalagens, cartazes informativos sobre a mata atlântica, oficina de sabão caseiro. Também na noite do dia
5 de junho integrantes do grupo Promata de observação de aves realizaram palestras aos alunos do EJA sobre aves da região e curiosidades históricas sobre o tema. A partir deste projeto houve proposta para trabalhar atividades relacionadas ao projeto “Horta”. A equipe gestora e os alunos se mostraram satisfeitos com os resultados e aguardam mais oportunidades para trabalhar atividades extracurriculares. A equipe também agradece os colaboradores e apoiadores que transformaram estes trabalhos em mais um sucesso alcançado.
Hauschild, participou da 1ª edição do Caragua Jazz Festival realizado na praça de eventos de Caraguatatuba. O evento aconteceu nos últimos dias 25, 26 e 27 de maio e reuniu bandas de Ubatuba, Caragua e São Sebastião. O evento apresentou jazz, MPB e choro. Os organizadores esclarecem que não se trata de competição e sim da apresentação e da mostra da musicalidade destes brasileiros e dos ritmos anunciados. Paulo é aluno da escola de musica E - Brasil a um ano em Caraguatatuba e mora no Sertão da Quina. Outro morador do bairro e aluno do E - Brasil, Gabriel de Oliveira, se apresentou em 2010 no teatro Mario Co-
vas. O evento foi sucesso de publico e critica e mostra um pouco das aptidões musicais que a região possui.
O evento foi organizado pela Companhia Popatapataio e pela Secretaria Municipal de Turismo de Caraguatatuba.
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Comunidade da Lagoinha realiza plebiscito histórico às próximas eleições EZEQUIEL DOS SANTOS No último dia 3 de junho foi realizado no bairro da Lagoinha um plebiscito para definição do apoio a uma candidatura única ao legislativo municipal em 2012. Segundo os organizadores foram realizados 464 cadastros de moradores com endereços da Lagoinha. O intuito principal foi buscar dentre a população um pré-candidato único a cadeira do legislativo às próximas eleições, com isso aumentar as chances de um representante direto ser eleito pela região. O evento aconteceu das 9 às 16 horas daquele domingo, além dos votantes, fiscais, candidatos, outras pessoas estiveram no local para acompanhar o processo. O processo todo durou cerca de 40 dias. A idéia surgiu de um grupo de moradores que se reuniram para discutir outros assuntos, porém com a aproximação do período eleitoral o tema foi colocado em pauta. Um dos organizadores disse que por varias eleições era discutida a possibilidade de escolher um único candidato para o legislativo e na pratica nada acontecia. “Sempre achamos que tinha muito candidato para poucos votos”, finaliza um dos organizadores. As regras foram divulgadas ao público, numa reunião com a comunidade.
Antes do plebiscito foi divulgado um documento a todos os interessados sobre as regras gerais do evento. Aprovados por todos partiram para a execução das idéias. Partidários e políticos estiveram observando a organização e os acontecimentos daquele momento. Em regras gerais ficou claro que para votar bastava ser morador, apresentar RG, possuir mais de 16 anos e ter propriedade no local, construída ou não. Não havia necessidade de apresentar o titulo de eleitor já que ficou combinado que para participar deste processo democrático teria de ser morador e/ou proprietário e/ou comerciante do local. Foi realizada uma pesquisa de intenção de votos que apontaram cinco possíveis nomes de moradores ao pleito. Ao final da apuração o primeiro nome recebeu 192 votos, segundo 140 votos, terceiro 78 votos, quarto 17 votos e o quinto 13 votos, nulos somaram 24 votos. Dos cinco prováveis nomes, apenas três compareceu a reunião inicial e somente dois acompanharam todo o processo. Todos foram notificados através de convites e carta aberta, cada nome indicou dois fiscais para acompanhar o processo. Ao final os fiscais decidiram não realizar a re-
contagem dos votos, tamanha transparência e seriedade de todo processo. O voto foi colocado na urna frente aos fiscais e a população. Duas senhoras se deslocaram a pé do Bonete para votar, os organizadores comentam que a atitude das senhoras não tem preço. Dos moradores, 90% que pretendiam votar e haviam esquecido os documentos retornaram as casas para buscá-lo e realizar este ato democrático. O segundo colocado, publicamente declarou apoio ao primeiro colocado solicitando que os 140 moradores que o haviam escolhido direcionassem seu voto ao primeiro colocado em real beneficio da Lagoinha. Para os organizadores a comunidade saiu da zona de conforto e resolveu fazer alguma coisa, fazer história. Criticas foram muitas, porém as pessoas de bem entenderam a necessidade de fazer a Lagoinha ter voz diretamente, comentam. Muitos moradores de outras localidades buscaram os organizadores solicitando que realizem ato idêntico em suas comunidades, o que foi negado, na realidade foram orientados a tomar para si a responsabilidade com o futuro de sua comunidade e não ficar esperando que alguém faça por eles.
Acima reunião inicial para organizar o plebicito. Abaixo dia da votação na comunidade da Lagoinha.
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Inauguração do Diretório do PSDB de Ubatuba reúne cerca de 1.500 pessoas Mesmo com vários bairros às escuras em Ubatuba, na última segunda-feira, cerca de 1.500 pessoas compareceram ao evento de inauguração do Diretório Municipal do PSDB. Vindo de todas as regiões da cidade, o público lotou o novo diretório e em alguns momentos chegou a invadir a avenida Av. Iperoig, no Centro. O evento contou com a presença de todos os pré-candidatos do partido, da Executiva, de várias autoridades regionais, representantes da comunidade negra, o representante da Comissão Estadual das Comunidades Negras e Indígenas, Antonio Antunes
de Sá, o cacique guarani, Milton Awerá, que apresentou dança típica de seu povo, presidentes e representantes de vários partidos políticos de Ubatuba, empresários, agricultores, pescadores e profissionais liberais. Em discurso de abertura, o presidente do PSDB de Ubatuba, Rogério Frediani e o vice-presidente Marcílio Lopes ressaltaram a força do partido em todas as classes sociais e nas minorias. O trabalho do vereador Frediani - com mais de 6 mil atendimentos apenas neste mandato - também foi lembrado. Mensagens de congratulações chegaram de várias cidades da região.
FDE anuncia investimentos em escolas estaduais de Ubatuba Na manhã do dia 30, esteve em visita ao município o assessor da presidência da Fundação para o Desenvolvimento da Educação (FDE), Eng. Emerson Tanaka, o fiscal de acompanhamento de obras, Eduardo Serente, com a finalidade de levantar a situação das escolas estaduais no município e atender às solicitações do vereador Frediani junto ao FDE. O vereador havia cobrado pessoalmente o presidente da FDE, José Bernardo Ortiz (PSDB), respostas às solicitações de Ubatuba encaminhadas à FDE. No Deolindo a visita durou cerca de uma hora e foi acompanhada pelas diretoras Vivian Clara Marchiori, Elizabeth Aparecida e Isis Alvarez, e funcionários do colégio. Antes da visita, no gabinete do vereador Frediani, o representante da FDE anunciou, em primeira mão, que no dia 29 último, a presidência da FDE havia liberado cerca de um
milhão de reais para melhorias de outros colégios estaduais no município, com os seguintes investimentos: Áurea Moreira Rachou, Sertão da Quina – R$ 242.708,95, Florentina Sanchez, Pereque-Mirim – R$ 207.292,73, Idalina do Amaral, Ipiranguinha – R$ 433.730,17, Semíramis Prado, Lázaro – R$ 184.766,99, além de outros investimentos, totalizando R$ 2.940.000,00 apenas nas escolas estaduais de Ubatuba. Ao final, por telefone, o presidente da FDE, Bernardo Ortiz, disse que se empenhará para atender também a demanda do Colégio Capitão Deolindo. Frediani destacou a importância dos investimentos do Governo Estadual no município. “O melhor prefeito de Ubatuba é o Governo do Estado, pena que o executivo municipal não acompanha a desenvoltura das ações – o que não é o caso de cidades vizinhas”, disse Frediani.
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Grupo Promata participa de atividades do III Festival da Mata Atlântica
Como brincadeira, Carlos Rizzo pede a todos se deem um grande abraço EZEQUIEL DOS SANTOS O grupo de observação de aves da região sul participou das atividades de celebração do maior evento em celebração à Mata Atlântica do Litoral Norte. Com uma extensa programação, teve seu encerramento no ultimo dia 9. Observadores tiveram registros de aves a disposição de visitantes expostas no centro da cidade. Na Lagoinha membros do Promata realizaram palestra ao EJA sobre a atividade de observador e mostra das aves da região na escola municipal Agostinho Alves da Silva.
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No bairro do Corcovado o grupo reuniu-se com o Gestor do PESM André Martius, Luciana Reze, Fernando Novaes e o observador Carlos Rizzo da SEMA. Lá além de um bom bate papo sobre projetos de parcerias entre comunidade e unidade de conservação, foi realizado atividades de caminhada, visita a cachoeira, ao sitio antigo, observação e fotografia, além de uma confraternização entre os integrantes. O festival também acontece em comemoração a algumas datas especiais: o Dia Nacio-
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nal da Mata Atlântica (27 de maio), o Dia Mundial do Meio Ambiente (5 de junho) e o Dia Mundial dos Oceanos (8 de junho). A realização do Festival da Mata Atlântica, que já virou parte do calendário oficial de eventos da cidade, conta com a participação de escolas, entidades ambientalistas, Parques Estaduais, Secretarias Municipais, Sabesp, entre outros parceiros, oferecendo uma ampla programação com cursos, palestras, caminhadas, oficinas, apresentações musicais, trilhas e muitas outras atrações.
TODO MUNDO LÊ. ANUNCIE: (12) 9714.5678
Alunos do Nativa em dia de campo no Festival da Mata Atlântica
Os alunos do 5º ano da Escola Municipal Nativa Fernandes de Faria realizaram no último dia 5 de junho uma caminhada em direção a Praia do Bonete. Embora a manhã parecia chuvosa, o dia se mostrou bom para uma caminhada. Os 17 alunos mataram curiosidades sobre a biodiversidade litorânea e puderam observar curiosidades especificas da história, da cultura, dos patrimônios e principalmente da
biodiversidade regional junto às comunidades. Os trabalhos tiveram a coordenação das professoras Claudia Maria e Ana Paula Zacarias e do professor de educação física Buiú. Assim como as outras escolas, o Nativa participou ativamente do III Festival da Mata Atlântica, sendo a caminhada até o Bonete única atividade fora da escola. Os alunos se deliciaram com a experiência, perguntando as professoras quando será aproxima saída.
Comunidade de quilombo realiza limpeza de trilhas centenárias No último sábado dia 01 de junho membros da comunidade do quilombo Caçandoquinha realizou a limpeza da trilha centenária que liga os bairros da Caçandoca à Tabatinga. A meta foi à limpeza até o Saco das Bananas. Este ano diminuiu o numero de colaboradores, porem a trilha foi mantida limpa como de costume e como os antepassados realizavam. Infelizmente no dia anterior motoqueiros haviam de-
formado a trilha e que tal ação demandou maior esforço para arrumar o trecho. Moradores do Sertão da Quina colaboraram no “dijutório”, “bitirão”. Desta vez o mato que cobria a trilha ultrapassava a altura de um homem adulto. Se não houver a limpeza o local se torna muito perigoso não só para moradores quanto para turistas. Moradores aguardam que a prefeitura realize a limpeza do restante da trilha.
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Curso de mecânica de bike
No último sábado do mês de agosto a Bicicletaria Scialfa Oficina de Bikes estará ministrando curso de mecânica e conservação básica de bicicletas para moradores e interessados. Serão explicados detalhes de montagem e desmontagem de pneus, regulagem de câmbios, posição correta para pedalar, como
lubrificar as partes da bicicleta e como identificar a qualidade dos componentes, quadros e acessórios, além de esclarecer dúvidas dos presentes. A Scialfa Oficina de Bikes solicita que os interessados confirmem presença diretamente na Rua Sargento Rubens Leite (Rua da Base 190) número 131.
1ª Copa Proerd rende troféu a aluno da região O aluno Gustavo de Oliveira da EM nativa Fernandes de Faria foi o destaque da 1ª Copa Proerd de Futsal de Ubatuba realizada entre as escolas municipais. Ele foi destaque na categoria sub-10 recebendo o troféu como melhor atleta do campeonato. Já a escola conquistou a segunda colocação perdendo a final para a escola Simeão por 2 a zero. Na semifinal a escola Nativa havia derrotado a escola Madre Glória por 7 a 2. O preparador do time professor Pérsio Jordano disse que os meninos ficaram empolgados
e esta interatividade é muito importante para o desenvolvimento deles, enfatizando ainda a importância do Proerd para as escolas. A diretora Adriana Araujo falou da importância da participação de todos na formação destes alunos, isto traz sempre resultados positivos. O mais difícil foi tirar uma foto de Gustavo com o troféu que, o que tem de espontaneidade e bom futebol, não demonstra na hora de ficar diante da câmera. Se o que vale é o bom futebol, para pais, professores e amigos que continue tímido para tirar fotos.
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Cachoeira do Seu Agostinho: atraente e perigosa PROMATA Próximo a rodovia, na junção de duas montanhas o conjunto de quedas d’água, poços e escorredeiras em meio as mata é um espetáculo a parte, daquelas que só são vistas por fotos ou quadros. Quando se adentra a floresta e depara-se com estruturas naturais belíssimas fácil de esquecer dos melindres, luxos e frescuras da vida urbana. Isso é o que acontece com a cachoeira do Seu Agostinho, que segundo informações faz parte do conjunto de paredões do Morro do Pontal e da Lagoinha. Do topo da segunda cachoeira é possível ver a praia da Lagoinha e o trecho mais belo a ser admirada é a Ilha do Pontal e o castelo dos Arautos, mas vistos de cima. Parece até que a ilha comunica-se com as quedas numa sintonia natural do tipo “namoro” entre as belezas. O local é relativamente perto, porém demanda cuidados específicos. Trata-se de um trecho muito liso e traiçoeiro, cheios de cipós, caules aéreos e arvores lisas. Possui locais com subidas íngremes e na maioria do dia está a sombra, por um lado mantém o local úmido e perigoso, de outro mantém a temperatura sempre agradável com uma leve brisa por conta da queda d’água. Beleza mesmo é o trecho de rio que liga as duas quedas d’águas, que num chute aproximado deve somar, em todo o trecho, uns quinhentos metros de paredão e queda. É uma das regiões mais escorregadias conhecida pelos mateiros. O primeiro paredão é extremamente difícil de subir, só dando a volta lá pelo lado das “furnas”, também difícil de realizar um registro fotográfico
por conta da mata fechada. Seu Agostinho quando “corria” cotia no paredão cansou de ver seus cães de caça escorregarem e morrerem por conta da queda. O lugar fica ainda mais belo quando chove, porém quase intransponível e com alto grau de periculosidade. Bom mesmo é ir ao local acompanhado com um bom guia, mateiro ou morador da localidade. A segunda queda possui uma estrutura de captação de água ainda de quando o local possuía oito casas na Lagoinha e próximo a atual igreja só a casa de Seu Agostinho. Naquela época, segundo o morador Waldomiro Alves da Silva, 59, havia tanta água que ninguém passava por lá, havia ainda uma névoa branca muito bela como no morro do brilhante. Para quem não conhece o lugar a pouca água não significa calmaria, em períodos de grandes chuvas é fácil ocorrer fenômenos como a tromba d’água desde sua cabeceira. É fácil observar que isso acontece por conta das marcas de corredeiras maiores na lateral do rio. Belos são os sons da natureza, as bromélias e aves, algumas árvores são desconhecidas do lugar. No caminho caraguatás, jejeres, umbaúbas e muitas frutas, no caminho foi possível descobrir o maracujazinho do mato amarelo que tralha por cima das arvores. Unanime é ouvir dos moradores que quando havia roças (bananas na maioria) era facile observar caças e aves. O caiçara e mateiro Ailton de Oliveira mostrou a equipe do JMN arvores que são derrubadas pelo vento e que seus troncos dão obras de arte e algumas belas canoas. Mostrou ainda
Fotos: PROMATA
um caminho antigo que foi da época das grandes derrubadas e dos fornos de carvão. Estrada esta que corta toda a montanha até a antiga fazenda Bom Descanso. Na casa do Seu Jacá foi possível ver uma foto de setembro de 1957 aonde já havia um risco na montanha mostrando o inicio das atividades de loteamento e o fim das belezas cênicas e da biodiversidade de área baixa.
Várias quedas d´água formam o conjunto de cachoeiras Seu Agostinho. Vista do Ilhote a partir do local
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Fornos de carvão: vestígios do período dos desbravadores Todo o trecho de onde envolve os paredões do Morro do Pontal a fazenda Bom Descanso é possível avistar fornos de carvão dos períodos das grandes derrubadas. O serviço se deu por arrendamento de Jamil Zantuti ao empreiteiro Valter Caran, proprietário ou sócio de uma carvoaria em Volta Redonda-RJ, possuía três caminhões Mercedez Benz “bicudinho” 1945-1947, carroceria de madeira e cambio seco, de vez enquanto aparecia uma motosserra a gasolina. Grande parte da derrubada era realizada no machado, dia e noite ouvia-se barulhos de arvores indo ao chão. Waldomiro conta que por volta de seus oito anos vendia palmito a beira da estrada, era uma banca de umbaúba lotado de palmitos. Quando sobrava era palmito no café, almoço e jantar. Havia um espaço de cem metros que era só para as bancas de palmitos, muita gente ganhava seus trocados com a venda desta espécie. O morador nos faz uma revelação, filho de Seu Agostinho, ele nos conta que mesmo com a derrubadas das arvores havia muito mais água nas cachoeiras, tinha época de não conseguirmos passar de um lado para o outro. Agora com a mata preservada a água diminuiu muito, comenta Waldomiro. O carvão da época viajava em caminhão a Caragua, subia a serra, pegava a Dutra e ia ao Rio, não havia o trecho ao RJ pelo litoral, por isso a viagem demorava muito. Mas para chegar ao caminhão eram colocados nas oito mulas de Antonio Marcelino que buscavam morro acima os sacos de carvão. Após a panha os sacos eram colocados nos pontos de
coleta e embarcados nos caminhões. Havia trechos que eram verdadeiras avenidas para facilitar o trabalho das mulas. Com o estilingue no pescoço, o moleque Waldomiro cansou de ver os morros pelados, sem árvores nenhuma. Conta-nos que os fornos trabalharam por volta de 1963 a 1970 e que um dos últimos sobreviventes desta época foi Seu Antonio Coutinho que faleceu há dois anos. Eram fornos de adobe cavados no barranco muito bem fechado para que não pegasse fogo, havia um respiro no meio e tijolos no interior. Alguns eram enormes e hoje poderiam facilmente abrigar cerca de dez pessoas em seu interior. Havia neste período alguns personagens interessantes, um deles era o Antonio Cemitério, contam que era uma figura assustadora. Num dado momento um camarada deu um tiro de cartucheira no peito de “cemitério”, ele tirava com as mãos os chumbo, pegou uma faca e ainda correu atrás do atirador, que “soverteu” do lugar. Também o Dito Andrade, irmão de Antonio Marcelino que nunca havia visto o mar, passou a mão na toa-
Fotos: PROMATA
lha e sabonete e foi “tirar um margulho” no mar, quando viu o guaruçá saiu correndo soltou um baita de um “Uai sô!” nunca tinha visto uma aranha branca daquele tamanho e correndo tanto. São histórias das outra muitas em que o local ainda esconde e aguarda ser desvendada.
Vistas interna e externa da entrada do forno de carvão. Abaixo o respiro e o teto de um dos fornos.
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Restaurador da santa é apresentado a comunidade Tradição e fé na solenidade de EZEQUIEL DOS SANTOS Na celebração do dia 20 de maio, o restaurador Gilmar Ribeiro Munhoz, 50 é apresentado a comunidade. Munhoz chegou ao Sertão da Quina a convite do morador e caiçara Manoel Celestino. Munhoz é de Santos e tem uma forte relação com Ubatuba. Responsável pela restauração das obras de Benedito Calixto, da Pinacoteca de Santos, Foi ele quem restaurou a imagem de Nossa Senhora das Graças em 2004. Artista completo, Munhoz é restaurador, escultor, pintor e artista plástico, seu envolvimento com Ubatuba começou no tempo dos concursos em escultura em areia. Naquela época eram escolhidos os melhores do litoral norte e sul paulista e Munhoz participou ativamente do concurso realizando obras nas areias de Ubatuba. “Tenho uma paixão muito grande por Ubatuba”, comenta o artista. Na ocasião, padre Carlos e Manoel Celestino apresenta Munhoz à comunidade anunciando os trabalhos futuros que fará em parceria com a paróquia, ele pretende realizar réplicas idênticas a imagem original para atender aos fiéis e visitantes que solicitam cópias da imagem produzida pelo artista Marino Del Fruero realizada no século passado. Outras tratativas estão sendo construídos entre o artista, o padre Carlos e membros da comunidade para ressaltar a cultura e principalmente a religiosidade histórica regional através da arte envovendo as paróquias.
Corpus Christi, missa e reza do terço
Neste mês de junho, além da tradicional reza do terço e missa do dia 8, a solenidade de Corpus Christi do dia sete não foi alterada por conta das fortes chuvas. Jovens e integrantes da comunidade paroquial se reuniram na comunidade Nossa Sra. das Graças para a confecção do tradicional tapete de Corpus Christi. À tarde, 16 horas aconteceu Missa solene e procissão celebrada pelo pároco padre Carlos Alexandre e concelebrada pelo padre Manoel Leite.
No dia seguinte, 8 de junho, a grata surpresa foi a visita de Dom Altieri que presidiu a Eucaristia. Na oportunidade o bispo falou da importância do sacerdócio na caminhada dos trabalhos religiosos, em seguida fez pessoalmente a entrega dos prêmios da Ação Solidária Diocesana 2012 que saíram para dois paroquianos: Sidnei (ganhador do notbook) e Felipe (ganhador da TV LCD 32’). Como sempre e mesmo com as chuvas fieis de todos os lugares vieram participar desta grande celebração.
Visite o blog da sua paróquia: http://paroquiansgracas.blogspot.com.br
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Moradores do Araribá participam da exploração ao tesouro de Cavendish EZEQUIEL DOS SANTOS Intitulado “The Secret of the Island, the legend of Thomas Cavendish”, em português “O segredo da ilha, a lenda de Thomas Cavendish”, o DVD mostra a luta de uma equipe de exploradores em busca do tesouro do pirata Thomas Cavendish na Ilhabela. Dentre os exploradores estavam os caiçaras Marcio Rodolfo, 42 e Renato Isidoro, 39 do bairro do Araribá. Os trabalhos renderam reconhecimento e a sensação mais prazerosa para um explorador, um “gran finale”, a tão esperada descoberta. Segundo os moradores foram anos de planejamento e três meses de exploração aos rincões da Ilhabela: Cachoeira do Gato, Saco do Rosário, Pirabura, Castelhanos e Saco do Eustáquio. A equipe participou do grupo da Fada Ocean Explorer do empresário paulista Fábio Danieli. A equipe contou com um helicóptero, uma lancha, um barco de pesca, seis membros, dois detectores de metal, apoio médico e uma equipe de foto e vídeo. Os trabalhos foram conduzidos por moradores antigos da ilha e de registros documentais, alguns do exterior. Através da tradição oral e documentos pode-se traçar uma possível rota ao tesouro procurado. Por extensos três meses a equipe embrenhou-se na mata ficando até uma semana nos grotões procurando vestígios do pirata. O vídeo mostra belezas inimagináveis e curiosidades como um ninho de macuco com seus ovos azuis.
Marcio e Renato nos contam que o pior lugar foi o Pirabura, lá escutaram vozes os chamando em meio à madrugada, Marcio conta que o chamado foi tão nítido que ele respondeu. Também sobre a falha dos equipamentos eletrônicos, como a bussola que não funcionava “nem com reza brava” naquele espaço geográfico. Numa ocasião, conta Marcio, que na retaguarda do grupo ele sentiu o binóculo preso ao cinto da calça vibrar como um celular, pensou até que havia trocado o binóculo pelo aparelho telefônico. Um incidente com um dos integrantes não desanimou a equipe. O vídeo embora curto (27 minutos) é empolgante e conta trechos da história do maior pirata em terras Tupininabá. No final mostra a descoberta de uma ânfora e posteriormente uma caverna, onde são localizados ossos humanos e a grande surpresa: um baú enterrado em meios a vegetação. O empresário é chamado por Renato pelo radio que chegou ao local com o morador que deu a dica, daquelas ouvidas dos avós sobre a história do pirata. Dentro moedas, espadas, documentos e objetos valiosos. Marcio conta também que descobriu uma machado de pedra que não está no vídeo. Segundo os moradores foi um momento empolgante e para eles é gratificante participar de uma descoberta histórica que pra muita gente não passava de uma lenda perdida no tempo. * * *
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Gente da Nossa História: Benedito EZEQUIEL DOS SANTOS Nascido em quatro de janeiro de 1948 na Prainha do Perez, filho de Maria Tereza de Souza e Sebastião Pacifico Simeão. Benedito, mais conhecido como Jacá, teve uma infância igual as outras da localidade. Rodeado de pacas, peixes e bananais, viveu da cultura natural da época para o sustento físico e espiritual tanto necessário naquele período. Tendo como irmãos: Moisés, Manoel, Maria, Alfredo, Milton, Célia e Clodomiro cresceram e se desenvolveu como caiçara nato: aquele que sabe da natureza tudo tirar sem destruir. Lembra-se da roça de mandioca que tinha no recanto da Lagoinha, as pacas eram tantas que tinham de cercar a roça com bambus para não perder a colheita, em contrapartida quando necessitavam de carne para o sustento da família capturavam o suficiente para alimentarem-se naquele dia. Conta-nos que viu sua mãe pegar um tamanduá com a foice. Sua mãe cansou de falar das vezes que viu uma bonequinha de ouro quando lavava a caçarola na bica, era o que as pessoas conheciam como “mãe de ouro”. Lembra ainda das quantidades de peixes, dos “bate-pé”, das “função”, das cévas, dos mundéus, do galpão que servia como escola na Lagoinha e da outra escola no Bom Descanso.
25 Junho 2012
Jornal MARANDUBA News
Jordelino: da lua de mel para delegacia
Com ele estudou João, Júlio, Pelé, Tobias, Toninho Cláudio entre outros, Maria Balio e às vezes a filha Cida Balio é quem lhe puxava as orelhas. Também pudera Jacá tinha o costume de desmanchar casas de abelhas no caminho para que elas atacassem quem ao longe vinha caminhando. Lembra-se que com esta brincadeira quase matou o Sr. Leôncio e Dona Livina. Na escola cansou de levar nas costas as varas de marmelo, joelho no milho e palmatória. “Andejo” que só chegou a trabalhar na capital, Santos, Araraquara, Botucatu, São Carlos, mas retornou a terra natal. Em setembro 1957 ele se encontra ainda menino, com cara de sapeca, numa foto aonde a família Maiers aguardava junto com seu Mané Souza o caminhão do Pacheco “pau-de-arara” para a cidade de Caraguatatuba, a frente deles a bagagem e a mala chique de papelão. Naquele lugar havia uma pequena lagoa (onde existe o deposito, a imobiliária), tinha ainda uma valeta que ia até a barra seca na “préia”, passando por onde hoje estava o hotel Casarão. Esta valeta parecia um rio e lá é que havia um cemitério antigo, hoje só resta um morrote. Conta-nos que quando namorava com sua esposa, fazia o caminho da Lagoinha até o Bonete, no caminho via uma loira que nunca conseguiu
No destaque, Jacá em setembro de 1957 esperando o “páu-de-arara” do Pacheco rumo a Caraguatatuba
conversar, sempre acontecia alguma coisa para que Jacá não conseguisse estar cara a cara com a aparição. Isto aconteceu por longos cinco meses. Depois soube que algumas pessoas haviam conseguido falar com ela e no local retiram ouro, a marca existe até hoje próximo a ponta do Jarobá. Das ruínas fala que o primeiro a escavar o local foi um português, ele comprou terrenos só para esta finalidade. Depois do namoro o casório, que aconteceu em 11 de maio de 1974 com Marina Rosendo de Souza, moradora do Bonete. Desta união nasceram os filhos Fabio, Andréia, Adriana e Tiago. Casaram-se no civil no antigo “FORVM” (Fórum). O casório foi chique, foram de Landau vinho e os noivos de azul, o juiz de paz foi o Seu Pedrinho, conta a esposa. Na sala de sua casa existe a foto deste dia. Naquela semana falou com Hans Maiers para passarem a lua de mel na capital. Quando estavam caminhando na praia, provavelmente a caminho da casa do amigo alemão, uma advogada “iscou” os cachorros em cima dos dois, para se defender manteve-se firme protegendo a esposa.
A advogada soltou a corrente que prendia um dos cachorros e veio desferir golpes em Jacá recém-casado. Na oportunidade certa e de mão fechada ele “pinchou” a advogada na areia que desmaiou, com tamanho murro no pé da orelha da abusada. O final disto foi que em vez de ir a lua de mel teve de prestar depoimento na delegacia, lá chegou ainda outro morador que havia matado um dos cachorros da madame e jogado em seu jardim, reflexo da foram em que a advogada tratava os moradores nativos. Jacá foi um dos personagens da grande ventania que assolou o litoral do país, só em nossa costa morreram 33 pescadores, no Bonete foram três. Era 1962 e conta-nos que o dia 1º de novembro, dia de todos os santos, por voltadas cinco horas da manhã ficou marcado para sempre. Estava com os amigos pescando num ponto próximo a outros pescadores quando percebeu a água ferver. “Tião o má tá fervendo!”, comentando com seu colega Tião Zacarias. Era uma manhã linda, de fato quando puseram a mão na água perceberam o borbulhar da linha da água. Estavam juntos em várias canoas
o Ismael, Domingos Soares, José Rosendo, Jacá, Tião Zacarias, Benedito David. Ligaram o motor catarinense dois tempos a gasolina e “soverteram” rumo a “préia”. O sudoeste veio por cima do morro da Caçandoca levando galhos, telhas e areia da Caçandoca até o Bonete. “A canoa subia sozinho a préia, sem a necessidade dos rolos, tamanha força”, comenta Jacá. Foi um vento de uma hora e meia, depois a calmaria. Após este evento foram encontrados muitos peixes boiando no mar, era o fruto da pescaria dos barcos “emborcados”. Jacá conta que chegou a ver uma traineira sem a casaria que havia levado pelo vento. Domingos Soares não ouviu os outros dizendo para não tirar o remo da água, quando ele tirou, sumiu no mar. Este foi achado morto no Massaguaçu, Ismael na Praia Vermelha do Sul e Dito David não foi encontrado. Zé Rosendo prendeu seu braço ao banco da canoa com o cinto da calça emborcou-a, desta forma de cabeça para baixo, dentro do bojo da canoa manteve-se vivo até ser resgatado no boqueirão da Ilha Anchieta. Jacá tem saudades da liberdade que tinham era possível atravessar a nado a barra da Lagoinha e ir pelado até a Maranduba, lá colocava a roupa, também das roças, dos peixes, quando pegou 10.800 quilos de Albacora (da família do Atum), das função, das festas, da fartura, não precisava dinheiro. Quem vê Jacá costurando redes na Lagoinha ou andando de bicicleta por aí não imagina o tanto que este homem conhece e que aliado as outras mentes tradicionais daria para realizar vários documentários. Pena que são poucos e que eu tenho o privilégio de conhecê-los. Muito obrigado por este dedo de prosa e pelo bom papo, pelos ensinamentos históricos que a gente aprende de graça e para muitos ainda não tem valor, mas ajudaram a formar um povo: o brasileiro.
25 Junho 2012
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Jornal MARANDUBA News
Morre aos 100 anos “Tia Maria Fidencio”, testemunha ocular da história EZEQUIEL DOS SANTOS Faleceu no último dia 15 Maria Gaspar dos Santos, que faria no próximo dia 29 de junho 100 anos de vida. Nascida em 1912 era a última testemunha viva da aparição de Nossa Senhora das Graças no Morro do São Cruzeiro, como costumava chamar o Emaús. Dona de uma fé verdadeira e original baseada nos ensinamento da mãe de Cristo deixou um legado de religiosidade e fé a quem quisesse aprender. Simples na vida e poderosa na fé verdadeira foi a única que guardou orações, cânticos e lembranças de um período belo e obscuro de nossa micro história. Ela aprendeu tudo em sonhos e a poucas pessoas contou sobre o acontecido. Participou das belezas e dos cheiros de flores quando aparecia a “jovem mulher”, também do período de perseguições, chacotas e aborrecimentos por parte de curiosos e descrentes. Foi ela quem muito colaborou para a montagem do DVD que conta partes da história do aparecimento de Nossa Senhora das Graças. Embora muito pequena lembrava-se de momentos dos acontecidos que foram muito importantes para desmistificar as falsidades que tento falam sobre o acontecido. “Tia Maria” deixou órfã uma região inteira sem os conselhos dos verdadeiros ensinamentos da mãe de Deus. Por sorte alguns moradores possuem gravações de suas orações, cânticos e músicas ainda inéditos. Filha de Maria, membro do Sagrado Coração de Jesus e Irmandade de São José levou com ela segredos inimagináveis sobre a aparição do século passado. Seu cortejo foi acompa-
nhado de muita dor, tristeza e um pouco de alegria em saber que ela irá se encontrar com suas amigas e com Deus, como ela mesmo falava. Lágrimas sinceras na fila até seu sepultamento é fruto da importância desta mulher numa sociedade matriarcal que foi formada pela mais bela de todas: Maria - mãe de Deus. Respeita-
da por todos vai faltar sua bênção especial, daquela que ia até a esquina nos acompanhando. Tia Maria foi visitada pelo padre local que a ela fez uma oração, em seguida ela retribuiu dizendo ao padre que não se esquecesse de rezar o “exercício da noite”, uma oração belíssima e antiqüíssima. Maria faleceu de vários peque-
nos problemas de saúde. Na missa o padre disse que Maria partiu santa e que ela evangelizou até seu último momento. Quem viveu, a conheceu, a respeitou pode sim sentir-se um privilegiado. A região está de luto por esta perda, onde mais uma página de nossa história se fechou, para sempre.
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25 Junho 2012
Jornal MARANDUBA News
Blofor: uma empresa familiar com trinta anos de existência
Em 1982, com um pouco de areia, cimento, algumas maquinas e um caminhão Chevrolet 68, nascia a Blofor (bloco forte) atendendo uma demanda crescente na época. Seu idealizador, após encerrar
as atividades com o Shalon, começou timidamente a fabricar blocos, fornecer areia de pedras para construção. Com o aumento das obras na região e atendendo a pedidos de proprietários e construtores fez
uma parceria com o depósito Indaiá do bairro Massaguaçu em Caraguatatuba. Dos materiais que vendia recebia comissão que ficava como credito no Indaiá. Depois de conquistar uma clientela abriu o primeiro
deposito de materiais de construção na região e utilizou os créditos para montar seu estoque. Segundo seu idealizador foram muitas crises econômicas e muitos empregos diretos e indiretos, além de grandes amigos nestas décadas de atendimento. Hoje a empresa ainda mantém seu caráter familiar e oferece do básico ao acabamento, além da entrega em domicilio. Foram muitos sonhos e famílias construídas com o apoio e atendimento da família Blofor. A Blofor está ao lado do campo de futebol do Sertão da Quina e pretende, segundo seus proprietários, assoprar pelo menos velas de aniversários por mais 30 anos.
25 Junho 2012
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Sputnik de Ubatuba
Coluna da
Alunos do ensino fundamental de SP montam satélite que será lançado em 2013 nos EUA
Adelina Campi O problema de um é problema de todos
Um rato, olhando pelo buraco na parede, vê o fazendeiro e sua esposa abrindo um pacote. Pensou logo no tipo de comida que poderia haver ali. Ao descobrir que era uma ratoeira ficou aterrorizado. Correu ao pátio da fazenda advertindo a todos: - Há uma ratoeira na casa, uma ratoeira na casa !!! ” A galinha, disse:“- Desculpe-me Sr. Rato, eu entendo que isso seja um grande problema para o senhor, mas não me prejudica em nada, não me incomoda.” O rato foi até o porco e lhe disse: - Há uma ratoeira na casa, uma ratoeira !!!” - Desculpe-me Sr. Rato, disse o porco, mas não há nada que eu possa fazer, a não ser rezar. Fique tranqüilo que o senhor será lembrado nas minhas preces.” O rato dirigiu-se então à vaca. Ela lhe disse: - O que Sr. Rato? Uma ratoeira? Por acaso estou em perigo? Acho que não! ” Então o rato voltou para a casa, cabisbaixo e abatido, para encarar a ratoeira do fazendeiro.
Naquela noite ouviu-se um barulho, como o de uma ratoeira pegando sua vítima. A mulher do fazendeiro correu para ver o que havia pego. No escuro, ela não viu que a ratoeira havia pego a cauda de uma cobra venenosa. E a cobra picou a mulher… O fazendeiro a levou imediatamente ao hospital. Ela voltou com febre. Todo mundo sabe que para alimentar alguém com febre, nada melhor que uma canja de galinha. O fazendeiro pegou seu cutelo e foi providenciar o ingrediente principal. Como a doença da mulher continuava, os amigos e vizinhos vieram visitá-la. Para alimentá-los o fazendeiro matou o porco. A mulher não melhorou e acabou morrendo. Muita gente veio para o funeral. O fazendeiro então sacrificou a vaca, para alimentar todo aquele povo. Na próxima vez que você ouvir dizer que alguém está diante de um problema e acreditar que o problema não lhe diz respeito, lembre-se que, quando há uma ratoeira na casa, toda a fazenda corre risco. O problema de um é problema de todos.
GIULIANA MIRANDA Bruna Sakamoto já fez cursos de eletrônica, tem certificação para soldar componentes nas especificações da Nasa e trabalha na construção de um satélite. Ela é uma engenheira experiente? Não, é uma aluna de 13 anos do ensino fundamental. Assim como ela, outros 16 alunos da Escola Municipal Tancredo Neves, em Ubatuba, revezam-se entre as tarefas escolares e a construção de um nanossatélite. O grupo, com integrantes de 12 a 15 anos, está entre os mais jovens do mundo a participar integralmente de um projeto espacial. A ideia foi do professor de matemática Candido de Moura, após ler uma reportagem sobre a venda de kits para satélites. “Achei que seria uma boa oportunidade para ensinar ciência na prática. Eu só não imaginava que fosse ser tão complicado!”, diz ele. A Interorbital, empresa da Califórnia que vende os kits, adorou a ideia de ter um grupo tão jovem, sobretudo vindos de uma escola pública do Bra-
sil -a maioria dos interessados nos chamados TubeSats são alunos de pós-graduação em engenharia. A companhia, porém, alertou para as dificuldades. “O kit não é uma caixinha com todas as peças, em que você só precisa juntar tudo. Ele contém apenas o projeto, os componentes eletrônicos principais e o direito de lançamento. Todo o resto teria que ser desenvolvido pelos alunos”, explica o professor. Ou seja: as crianças precisariam preencher basicamente o “recheio” do satélite que, apesar do tamanho -pesa 750 g e é mais ou menos do tamanho de uma lata de leite em pó-, necessita de tecnologia de ponta. Afinal, o espaço é um ambiente inóspito para os componentes eletrônicos. Além da radiação cósmica, as grandes variações de temperatura também são um problema. Um empresário da cidade doou os US$ 8.000 para a compra do kit. O Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) também abraçou o projeto. Além de mi-
nistrar cursos para os professores, o instituto ainda permite o uso de suas instalações no projeto. Pesquisadores do Inpe também ajudam nos experimentos das crianças, que já fizeram vários cursos e aprenderam na prática conceitos de física que ainda estão distantes do currículo escolar. “Nós acabamos aprendendo muita coisa antes de ver em sala de aula”, diz Bruna, que assim como seus colegas fala com naturalidade sobre a interferência da eletricidade estática no equipamento. Batizado de Tancredo 1, o dispositivo ficará três meses em órbita. Ele transmitirá uma mensagem-a ser escolhida em um concurso- que poderá ser captada por rádio. O lançamento está previsto para o início de 2013. Imprevistos, porém já adiaram essa data desde 2010, quando o projeto começou. “Atrasos sempre acontecem nos programas espaciais”, diz o professor, que, já começa os esforços para montar um novo satélite. Dessa vez, com alunos ainda mais jovens da escola.