Maranduba, 25 de Janeiro de 2012
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Disponível na Internet no site www.jornalmaranduba.com.br
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Ano 3 - Edição 33 Foto: Emilio Campi
Pico do Corcovado
1.160 metros de aventura e mistério
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Jornal MARANDUBA News
Editorial:
No meio do caminho havia um artista...
Um bairro que está geograficamente em dois municípios é a Tabatinga, cortado pelo rio de mesmo nome. O local está na condição do primo pobre e o primo rico, mas um dia foram iguais. De um lado, um dos primos resolveu se empenhar e levar a sério o que lhe cabia, do outro o primo continuou sem fazer nada, aliás persegue quem busca melhorar ou quem fala a verdade dos fatos sobre o que (não) anda fazendo. O primo rico, sério, inovador, resolveu as coisas aos poucos e de fato devolveu devagarzinho a dignidade, o calçamento, o asfalto de primeira qualidade, o imposto justo, os investimentos necessários em infra-estrutura. Alguns dizem que fez apenas o que era da sua competência, nestes dias de vaca cega, surda, muda e perseguidora, fazer a obrigação já é um grande avanço. O primo pobre resolveu fazer seu povo viver das migalhas, a brigarem pelo resto, de forma que todos possam estar ocupados quando alguém leva serra acima os tributos, impostos e taxas pagas no “lixo”. Ah! Vocês querem um exemplo prático, sigam até a Tabatinga por dentro e vejam, ou melhor lamentem, a diferença entre o lado de lá e o lado de cá. Lá tem calçamento, cá tem buracos. O lado
O jovem Sérgio Alves de Jesus, 36 anos, quando criança não tinha a menor idéia do dom que possuía com as mãos e a imaginação. Como nunca freqüentou curso nenhum sobre artes, desenho ou pintura, é considerado pelos amigos autodidata na matéria. A imaginação é o limite para suas obras, realizada ainda com um acabamento e personalização da imaginação de seus clientes. No caminho da cachoeira,no numero 365, existem dois cocos enormes desenhados no muro de sua casa. O desenho é tão realista que algum desavisado de ressaca poderá tentar beber a água que jorra pra fora do coco, o artista avisa que seu ateliê tem água de coco de verdade e se alguém tentar beber a do muro, bem ima-
A água da piscina do vizinho é sempre mais limpa
de lá tem investimento, o de cá apenas impostos e taxas. O pior é saber que o lado de cá tem ruínas, praias maravilhosas, trilhas, quilombos, etc..., que qualquer outro povo, até mesmo o primo rico (que já foi pobre), faria dinheiro com tanta história, tanta beleza e tanta oportunidade. O primo agora é rico porque respeitou seu povo. Se o povo da Tabatinga de cá pudesse falar, sairia de cena e ía para o lado de lá para ser tratado com dignidade e respeito. Do lado de lá o povo colabora com os impostos, taxas, investimentos e não reclama de pagar o que deve, pois tem retorno. O primo rico (que já foi pobre) deu o exemplo. Cabe a nós parar de achar que a água da piscina do vizinho é sempre mais limpa e botar a mão
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Emilio Campi Colaboradores:
Adelina Campi, Ezequiel dos Santos e Fernando A. Trocole Os artigos assinados são de inteira responsabilidade de seus autores e não refletem a opinião da direção deste informativo
na massa (ou água?) e fazer uma faxina na nossa piscina. Trocar essa água suja, esverdeada com o limo do descaso, com fungos da incompetência e com parasitas do dinheiro público por uma água nova, corrente, limpa e cristalina. Cabe a nós transformar nosso primo em um empreendedor valente, para fazer com que o primo rico tenha como vizinho outro primo rico, e junto com seu povo trazer o progresso para a região. Para quem não entendeu essa história recomendo que faça um passeio pela Tabatinga, entrando pelo lado de Ubatuba, seguir pela estrada das galhetas, passar a ponte e sair pela orla da Tabatinga (do lado de lá), até a rodovia. O contraste é intenso! A vergonha também... Emilio Campi - Editor
gine em que situação ficará o indivíduo. Sérgio é bem conhecido na região como “Filé” e realiza várias atividades artísticas como desenho, pintura e aerografia (spray). Com estas técnicas realiza trabalhos personalíssimos em tatuagem de henna, pranchas de surf, personalização de capacetes, quadros, camisetas, parede, muros e cartazes. Filé utiliza para a moldura de seus quadros material de reuso ou descartes. Ele é membro do Motoclube Dose Letal, quem vem junto com outros MCs locais realizando várias ações sociais, educacionais e de transito. Lembre-se no caminho da cachoeira existe um artista, existe um grande artista no caminho da cachoeira, que você tem que conhecer.
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Nossa Senhora do Mel visita fiéis da região sul EZEQUIEL DOS SANTOS Nos últimos dias 7 e oito de janeiro, visitou a região sul de Ubatuba a imagem peregrina de Nossa Senhora de Fátima vinda de Mirassol, interior de São Paulo. A imagem ficou a disposição dos fiéis na Matriz Cristo Rei, na Lagoinha e no Sertão da Quina. A ilustre visitante havia sido anunciada pelo padre Carlos Alexandre meses antes e sua chegada foi uma grande festa. Na tradicional missa e procissão do dia 8, no Morro do São Cruzeiro, milhares de fiéis, moradores e turistas, tentaram tocar em sua beleza. Considerada por muitos um dos sinais mais “doces” da Virgem Imaculada, famílias inteiras vieram ao seu encontro. O padre convidado Dimas Eugenio, de Paraibuna, conduziu a missa no monte e a descreveu como “Nossa Senhora do Mel” e que de fato o mel é um dos quatro sinais dados pela Imaculada. Outros sinais são a água, o sal e o azeite. Muitos curiosos também foram visitar a imagem “para crer com os próprios olhos”. A imagem visita todo o Brasil e já foi matéria da revista Veja e Fantástico da Rede Globo. Feita de gesso, a imagem foi trazida de Fátima (Portugal) em 1991 por encomenda de uma família da cidade de Mirassol. No dia 13 de maio de 1993 começou a lacrimejar mel. Muitos atribuíram fraude ao acontecimento, então a imagem passou por estudos no gesso e por uma ultrassonografia computadorizada, no resultado não foi encontrada a causa científica das manifestações. Em cada região, seu corpo apresenta uma manifestação diferente e de seus olhos vertem mel, sal e azeite. A quem diga que a imagem que
esteve em Ubatuba verteu sal e azeite, mas em grande parte verteu apenas mel. Ela foi estudada pelo padre e parapsicólogo Juarez Farias, 35 anos, da Diocese de Ilhéus, na Bahia, que passou três semanas na região de Rio Preto para investigar a Santa do Mel. O padre segue as orientações da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). Em matéria publicada na internet e na revista Veja a Igreja atesta que não há fraude, mas continua a investigar os fenômenos. A imagem que
visita também presídios e escolas é acompanhada por Rosalina Mano Ramos e Cristina Baff de Oliveira, que dizem serem mulheres comuns, pessoas normais. Muitos afirmam que o fato de a imagem verter ou não alguma substancia não altera a fé que possuem, ao contrario, é mais um sinal da graça da Mãe Imaculada. Na missa, no Emaús, muitos fiéis se emocionaram e ela, ao final, foi demasiadamente fotografada. Foram distribuídas ainda milhares de copinhos com gotas
do mel vertidos pela imagem. Segundo as guardiãs, ela mostra manifestações com mel, que significa a doçura de Maria, o sal, que simboliza a sabedoria, a água que simboliza o dom da vida e o azeite, que é a unção do sacramento. Como ela já havia aparecido neste território em 1915, talvez o mel representasse mais que alguma mensagem a região. Padre Carlos se mostrou feliz com a visitação de fiéis a imagem e que, segundo ele, é mais uma bênção a este solo sagrado.
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Polícia descobre desmanche no Sertão da Quina Aberto concurso: “Crie um logo para enfrentar o tráfico de pessoas”
Durante policiamento pela BR 101, Rodovia Rio/Santos, em Ubatuba, a Polícia Rodoviária Federal descobriu um desmanche de veículos. O fato ocorreu no dia 23 de janeiro de 2012, por volta das 11h15, quando os policiais receberam uma queira de furto de veículo. Ao patrulhar a região, o
veículo VW Parati de placas HVJ9025/BA foi encontrado em frente a uma oficina de desmanche de carros., o que motivou uma averiguação ainda maior, onde foi encontrado o VW Parati de placas BOX0376/SP, também com queixa de roubo. Os policiais da PRF ainda
encontraram quatro motores com indícios de adulteração, placas de identificação com lacres rompidos, e mais três veículos com restrições judiciais. Os fatos foram relatados à autoridade de plantão no Distrito Policial que, em diligência, acionou a perícia técnica, para apurar os fatos.
Bom exemplo!
Jovem toma iniciativa de recolher o lixo na praia da Maranduba.
No último dia do ano de 2011, o JMN não poderia de deixar de citar um bom exemplo de manutenção, limpeza e cuidado com o nosso patrimônio natural. Neste dia, os jovens César Marcolino, Gustavo Alves, Rubens e Fernando por iniciativa própria recolheram todo o lixo entre um quiosque e um bar na Praia da Maranduba. Segundo os jovens “É uma tristeza ver praia lotada de lixo, quem traz o lixo deveria levá-lo e não deixar num local belo onde todos usufruem”.
A iniciativa se deu por dois fatores: por ver que na Praia Grande a prefeitura disponibiliza equipe uniformizada para sua limpeza e pela quantidade de lixo que os visitantes, turistas e até alguns comerciantes deixam na praia. Foi apenas um pequeno trecho, mas se todos fizessem um pequeno trecho todos os dias, aplicassem um pouco de educação e bom senso não haveria lixo no chão. Ai está um dos bons exemplos que muitos não dão valor, mas tem quem veja e reconhece
O Comitê Regional Interinstitucional de Prevenção e Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas do Litoral Norte informa que estão abertas as inscrições para a seleção de um logotipo oficial que identifique o Comitê Regional, cujo tema é “crie um logo para enfrentar o tráfico de pessoas”. As inscrições poderão ser realizadas na Diretoria de Ensino de Caraguatatuba, Secretaria de Assistência Social de Ilhabela, Secretaria da Educação de São Sebastião e na Secretaria da Educação de Ubatuba. Os trabalhos poderão ser entregues nos locais determinados no edital até o dia 02 de março de 2012. Para que o candidato possa ter mais informações sobre o tema basta acessar o site do Conselho Regional de Psicologia e da Secretaria de Justiça e da Defesa da Cidadania do estado de São Paulo. Poderá participar do Concurso qualquer morador do Litoral Norte, devendo
no ato de inscrição comprovar seu local de residência por meio de cópia de conta de luz ou extrato bancário. Não poderão participar os membros da comissão e parentes (filhos, cônjuges, pais, tios ou primos) e os menores de 18 anos deverão ter assinada a ficha de inscrição pelos pais ou responsável. Cada participante poderá inscrever apenas um logotipo, tamanho 10 x 10, gravado em cd com 300 dpi em jpg, tif ou pdf e uma cópia impressa, em versão preto e branco e/ou em cores. A apuração terá duas etapas: a municipal e a regional. Haverá premiação como maquina fotográfica, bicicleta, celular para os quatros primeiros ganhadores. Vale a pena participar. O acesso ao “Edital do Concurso” poderá ser feito pelo e-mail do “Comitê Regional Interinstitucional de Prevenção e Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas do Litoral Norte”: comitelitoralnorte@gmail.com
Canção Nova realiza programa de TV na região MATHEUS RUFINO Na última quinta feira, 12, cerca de 30 integrantes do grupo de jovens participaram da gravação do programa “Juntos Somos Mais” da rádio e TV Canção Nova no bairro do Sertão da Quina. Os produtores do programa pesquisaram na internet sobre o grupo da região e sobre a histórica capela de Nossa Senhora das Graças e para cá vieram em busca de mais informação.
O grupo se reuniu no antigo Morro do São Cruzeiro e seus integrantes foi quem realizaram o bate-papo e as entrevistas. O jovem Natan se fez de repórter na ocasião entrevistando os próprios amigos. Os produtores tiraram fotos do Emaús e da capela. O programa ainda não tem data definida para ir ao ar, mas o grupo será comunicado com antecedência quando haverá sua exibição.
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Petrobras responde a Rogério Frediani sobre inclusão de Ubatuba no Pré-sal No último dia 4, a Petrobras através de sua Gerencia de Meio Ambiente da Unidade de Operações de Exploração e Produção da Bacia de Santos encaminhou documentos em resposta ao Oficio CMU-RF 81/11 do vereador Rogério Frediani-PSDB na qual responde aos questionamentos sobre a inclusão de Ubatuba e demais municípios do Litoral Norte no Pré-Sal. Frediani solicita a revisão do EIA-RIMA (Estudo Prévio de Impacto Ambienta-Relatório de Impacto Ambiental) baseado em estudos do especialista da Unicamp, João Paulo Macieira Barbosa, apresentado no XVII Simpósio Brasileiro de Recursos Hídricos na qual descreve sobre a evolução dos eventos extremos de precipitação no setor paulista da serra do mar. Em audiência pública em Ilhabela, a Petrobras mostrou a comunidade do litoral norte um estudo na qual transferiu ao litoral sul a base de operações por conta das condições metrológicas serem mais favoráveis de que Ubatuba. Na realidade falou-se das condições climáticas no uso do aeroporto, que neste caso seria de Ubatuba, mas a Petrobras optou pelo de Itanhaém, litoral sul de São Paulo. Itanhaém é responsável pelo transporte dos funcionários da Petrobras até a Plataforma de Merluza (184 km de distância da costa paulista) e a Plataforma de Mexilhão (320 km), a 50 minutos de helicóptero. No local, a Petrobras produz gás natural e condensado de petróleo. Tendo em vista o estudo que aponta Ubatuba com melhores condições pluviométricas a Petrobras, por ordem do próprio Ministro de Minas e Energia Edison Lobão,
encaminhou os documentos de Frediani para análise e estudos. Em resposta, Marcos Vinicius de Mello, Gerente Setorial de Meio Ambiente, através do oficio UO-BS/SMS/ MA 0397/2011 da Petrobras informa que não vê óbice na inclusão de Ubatuba e demais municípios do litoral norte no Eia/RIMA. O gerente informa ainda que aguarda a manifestação do IBAMA para que tal inclusão seja formalizada, de modo que tal Estudo, enviado por Frediani, seja revisto nos termos que regem os processos de licenciamento ambiental para o atendimento ao vereador. Na resposta o gerente afir-
ma que assim que o IBAMA se manifestar a cerca da inclusão de Ubatuba e demais municípios do litoral norte, o vereador e demais secretarias envolvidas serão comunicadas para que tomem conhecimento de tal inclusão e que para os demais esclarecimentos a unidade está a disposição do vereador. No documento de Frediani fala da importância de sua economia fundamentada na quase totalidade no turismo e no veraneio, principalmente em possuir o único aeroporto do litoral norte, o Gastão Madeira. Tamanha importância dos questionamentos do vereador que os documentos enviados pela Câmara de
Ubatuba passaram por várias secretarias e departamentos dentro do ministério para ciência e conhecimento do estudo enviado por Frediani. “Sabíamos que Ubatuba não estava incluída no Pré-sal, corremos atrás para que esta situação pudesse ser invertida, o que está acontecendo. Estando favorável a Ubatuba, esta situação vai gerar recursos para o município e todo o litoral norte, agora é aguardar os detalhes para que a inclusão se efetive em definitivo e que todos possam ganhar com isso, quero aproveitar para agradecer as pessoas que me ajudaram nesta empreitada, esta colaboração foi fundamental”, comenta Frediani.
O vereador espera que o Executivo Municipal tome ciência do que acontece e que, com isto, possa arrecadar o máximo possível para o desenvolvimento sustentável de nossa cidade.
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Gestores do INEA/RJ buscam experiência sobre observação de aves de moradores da região sul EZEQUIEL DOS SANTOS No último sábado dia 21, gestores do INEA/RJ – Instituto Estadual de Meio Ambiente do Rio de Janeiro (o equivalente a Fundação Florestal de São Paulo) se reuniram com moradores da região sul que fizeram o curso de observação de aves. O encontro aconteceu na área da cantina da capela Nossa Senhora das Graças e estava presente o professor de observação de aves Carlos Rizzo, a caiçara Patrícia Maciel e a guia de turismo e intérprete Sylvia Junghahnel, de Paraty. Do Rio de Janeiro vieram os gestores João Emilio Fernandes Rodrigues, Ricardo Wagner, Felipe Lima Queiroz e Luana Almeida Bianchini, que representam os Parques estaduais cariocas de Cunhambebe, Desengano e Concórdia. Os gestores ouviram atentamente doze moradores que possuem qualificação para a atividade de observadores de aves e algum envolvimento ou decepção direta ou com familiares em relação à criação do Parque Estadual da Serra do Mar. Foi dado destaque a questão cultural e ao reconhecimento e valorização do etnoconhecimento como ferramenta de transformação da comunidade. O dado mais aguardado foi sobre a importância da atividade de observação enquanto comunidade e na conservação da cultura e da biodiversidade. A eles foram explicadas as condições de que a observação transformou suas vidas de “bandidos
Festa e ação social no aniversário do Motoclube Dose Letal
Fotos: Afonso Rosário
ambientais” a um povo que tem valor e reconhece o meio ambiente em que está inserida, que tem de protegê-lo, reconhecendo os laços culturais e de fraternidade entre as pessoas. Foi dito ainda que a iniciativa da Lei (única no mundo) que reconhece a atividade de observadores de aves partiu da região. A conversa foi muito boa e outros detalhes sobre a transição, qualificação e envolvimento das pessoas em transformar o que sabem em uma atividade legal, prazerosa e rentável também foram abordados. Várias opções e ações foram descritas sobre o passado, a grande maioria da população já havia tentado conversar com as autoridades, porém não havia voz e nem vez. Esta atitude transformou moradores considerados referencias em criminosos o que culminou num problema familiar e localizado transformando-o em um pro-
blema regional e constrangedor aos formadores do processo civilizatório nacional. Atualmente existe uma grande valorização das atividades que se inserem no que é chamado Turismo de Base Comunitária o TBC, que é da maior relevância econômica, social, cultural e principalmente ambiental. Por conta do passado negro enfrentados por comunidades inteiras, muitos moradores ainda não acreditam no seu poder transformador de uso, manejo e “ganha pão”. Com o conhecimento adquirido e as belezas preservadas, como os exemplos das aves, do modo tradicional exclusivo e genuinamente caiçara hoje existe público que paga para ouvir e ver este conhecimento. Na despedida houve o convite aos gestores para acompanharem as atividades dos observadores da região, além de conhecer melhor as comunidades envolvidas e conhecer o nosso delicioso café caiçara.
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Nos últimos dias 26 e 25 de novembro 2011, os integrantes do Motoclube Dose Letal realizaram no campo de futebol do Sertão da Quina a sétima edição de seu aniversario. O evento contou com quatro toneladas de som, duas mega tendas, sorteios de brindes, rifas, troféu alusivo ao evento, além de muito rock in rol. No gramado tinha ainda varias barracas: pastel, salgados, esfiha, yakissoba, churrasco, doces, caldo de cana, churros, bebidas. Uma ambulância da capital paulista estava a disposição do evento, uma concessionária de veículos também mostrou seus produtos nestes dias. O rock ficou por conta das bandas Teorema, Blackout, Original 80, 48 Horas e Banda dose Letal. No primeiro dia até as 22 horas foram contados cerca de 500 pessoas e 162 motos e 70 veículos. Todo material descartado foi doado aos catadores da região e as latinhas de alumínio ficaram para a Associação dos Protetores de Animais da Região Sul. Embora houvesse um megaevento em Caraguatatuba e São Luiz do Paraitinga, festas pra todos os lados a diretoria comenta que o saldo foi positivo. Para a entrada foi cobra-
do um quilo de alimento não perecível, com isto foi possível arrecadar 35 cestas básicas. O alimento arrecadado está sendo distribuídas entre as igrejas e famílias carentes da região. Uma parte dos alimentos foi entregue na Aldeia do Promirim, Região Norte de Ubatuba para a ceia de natal. O evento alavancou o nome da região mais uma vez. Nesta edição do aniversario foi dado a partida para uma nova idéia de trabalho sócio-educativo, que é o projeto de relacionado a cidadania e orientação de transito. A equipe pretende trabalhar 2012 com o projeto “Ciclista Mirim Dose Letal”, que trabalhará adolescentes a partir de 14 anos sobre, orientação, legislação e a formas de conduzir ciclomotores e bicicletas, a importância do uso consciente, a educação na sua condução e uso, além de trabalhos de respeito aos cidadãos. O trabalho tem previsão de ser aplicado no período escolar e tem a parceira de comércios locais e a da Base de Segurança Comunitária da Maranduba, parte importante da aplicação das metodologias escolhidas. Alguns cadastros já foram realizados, agora é aguardar.
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Filho da região apresenta Projeto da Casa Emaús EZEQUIEL DOS SANTOS No último dia 13 de dezembro o caiçara e Aluno de Arquitetura e Urbanismo João Carlos dos Santos, 40 anos, apresentou seu trabalho de conclusão de curso nas Faculdades Módulo em Caraguatatuba. O tema é um velho conhecido da Região Sul de Ubatuba, do litoral norte a até do Brasil- A casa de Emaús e o local de uma das aparições de Nossa Senhora das Graças no bairro do Sertão da Quina. O autor nasceu, cresceu e viveu sua vida inteira aos pés do Morro do Emaús (Antigo Morro do São Cruzeiro), lá participou de vários eventos religiosos e sociais, tendo, pois, conhecimento suficiente para falar e recriar o espaço que fez parte de sua vida, história e religiosidade. “Quando entrei no primeiro ano de faculdade já pensei no assunto, mas o trabalho mais difícil foi o deste último ano (2011). Sempre pensei no resgate da cultura e das tradições religiosas daquele território”, comenta o autor. João também é descendente direto das meninas que presenciaram o aparecimento físico da Santa naquele morro. Comenta ainda das lembranças da época de escola, das atividades de educação física que era realizado no morro em uma quadra de barro. João, quando adolescente, chegou junto com seu irmão Paulo, a ajudar o pai a limpar os vãos dos bloquetes em frente a capela tirando o mato que insistia em nascer ali. “O meu sonho foi fazer da Casa de Emaús um projeto novo já pensando na realidade de hoje, mas sem deixar morrer a história do passado e principalmente respeitando a vontade de Nossa Senhora das Graças, que nas suas aparições disse que ali seria construída uma casa de conversão, e pensando nisso mergulhei de cabeça no projeto” diz o arquiteto sobre seu antigo sonho.
Um dos atores consultados foi o idealizador da Casa de Emaús na década de 1970 Frei Vitório Fantini, que segundo o autor, foi de muita importância ao engrandecimento do projeto. Segundo Frei Vitório “a casa de retiro é um local onde as pessoas vão buscar a sua paz interior, vão buscar Cristo, e nos retiros eles descobrem que Cristo sempre esteve com eles, só bastavam eles olharem pra si mesmo. Disse ainda sobre a simplicidade da casa, principalmente dos dormitórios que são desprovidos de luxo”. O autor não mexeu na imagem e na capela de pedra apenas mudou o desenho do telhado atendendo ao projeto antigo idealizado pelo Frei. O projetista fez um estudo que em 2025 a Diocese poderá dobrar o número de paróquias, que hoje possui 16. Portando o estudo foi baseado no aumento de paróquias e fiéis, de forma que possa atender esta demanda. O projeto da Casa atende a 200 pessoas e possui requintes de detalhes, alguns muito específi-
cos que atendem os portadores de mobilidade reduzida e cadeirantes, conta com dormitórios acessíveis, tanto masculinos como femininos. Com palco, solarium, garagem, salas e para os dias de missa e procissão como ocorre no dia 8 de cada mês, foi reservado um espaço para a realização das missas campais onde o palco dividi-se com o auditório da casa, utilizando assim o mesmo camarim e sala de som, podendo até transformar o auditório interno em uma grande sala de espera para dias de grandes eventos. Também na disposição de 6 salas que podem ser utilizadas durante a semana (período em que nas maiorias das vezes não há realizações de encontros). Essas salas poderiam ser utilizadas tanto na formação de curso profissionalizantes quando para a catequese. Também foi pensado num estacionamento para 60 veículos e 3 ônibus , e um espaço para ambulância também foi reservado. “Tudo que vivi naquele local eu tentei colocar nesse novo projeto, pensando sempre
nas palavras de Nossa Senhora e resgatando a história do povo daquele lugar”. Finaliza o arquiteto e urbanista João Carlos. Na universidade sua apresentação ficou para o final, os que já haviam se apresentado permaneceram para ouvir os últimos trabalhos, sorte foi a deles que presenciaram a grandeza e a importância do projeto apresentado por João Carlos. No final da apresentação todos subiram ao palco para parabenizá-lo, geralmente as pessoas cumprimentam os autores na data de colação de grau. João faz um agradecimento especial ao artista José Alberto Fernandes, o “Zé Carambola”, que também foi um cursilhista da Casa de Emaús na década de 80, convidado a pintar um quadro para a capa deste trabalho, aonde sabendo da grandeza do conjunto da obra, mesmo com a saúde debilitada, não mediu esforços e assim o fez em apenas 10 dias. Felizmente seo Zé terminou a pintura, porém, não viu o término deste trabalho, pois faleceu no dia 26 de outubro de
2011. Seu Zé é sogro do arquiteto e quando solicitado não mediu esforços para fazer parte desta grande obra a Deus. Vale lembrar que o autor foi aluno bolsista do PROUNI. Ele fez o Enem em 2007 e conseguiu bolsa de 50%, mais um incentivo as pessoas que não tem condições financeiras de fazer uma faculdade e para que os jovens levem a sério o Enem. Nos traços, linhas e levantamentos de seu trabalho, João faz questão de lembrar-se de seu passado na região e que muitas das coisas que viveu ajudou a planejar seu trabalho de futuro, vindo de família tradicional não esqueceu suas raízes e voltou para presentear os gloriosos do passado com uma espetacular obra de arte, que embora ainda no papel foi sonho dos antigos, testemunhas oculares de uma acontecimento mágico, religioso e especial naquele Sertão da Maranduba, pedaço de chão sagrado, que renasceu em 8 de novembro de 1915 após o rosário das 18 horas na casa do Capelão Luiz Félix.
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Cachoeira da Água Branca: patrimônio de um povo pluriétnico Com cerca de 200m de caída de água pura e cristalina a cachoeira da Água Branca, como é mais conhecida, mostra-se incrível e imponente, de beleza inigualável. Seu paredão rochoso de granito verde e suas trilhas escondem ainda muito mistério e beleza, além de muitas histórias em torno de seu nome. Cuidada pela população local como ícone do seu processo de existência. Água Branca nasce das águas do Rio do Brilhante, já nas proximidades do Vale do Paraíba, foi sem duvida ponto de parada e descanso dos índios que aqui viviam ä séculos, depois pelos desbravadores europeus e negros indígenas, rota do trafego negreiro (assim como a Pedra Preta que ainda possui dois fornos de carvão para uso das fazendas da Cacandoca e Ruínas da Lagoa). Com cerca de 9 km, a trilha e realizada aproximadamente 9 horas de caminhada (ida e volta). O local possui várias trilhas que levavam ao Vale do Paraíba, com dados mais frescos ainda do período escravocrata, do ciclo do café, da cana de açúcar e da troca de mercadorias. Em seu trajeto não é difícil encontrar vestígios deste período, basta observar trechos do caminho que afundou de tanto servir de passagem. É de fácil visualização as orquídeas e bromélias que enfeitam o acesso e as aves
e animais que habitam a mata atlântica. Alguns deles como o Tangará Dançador, ave símbolo do município de Ubatuba, sua plumagem é da cor da bandeira do município (vermelho, preto, azul e branco) e seu ritual de acasalamento é um espetáculo a parte. Inúmeras vezes há uma parada para um delicioso banho, pois além de quedas de águas pelo caminho encontramos poços de águas cristalinas e convidativas para um banho relaxante. Com nível de dificuldade alta e é recomendada a contratação de um guia local. Vários outros procedimentos têm de ser seguidos, principalmente pela segurança dos visitantes e a conservação da mata. Obedecendo as regras de segurança você terá sem duvida uma dos melhores passeios de sua vida. Energia Hidroeletrica No ano de 1957, alguns moradores foram contratados pelo governo para trabalhar em uma sondagem nas paredes de granito verde Ubatuba no entorno da cachoeira da Água Branca para fins de implantar um gerador de energia hidroelétrica ligada à represa de Paraibuna. Foram mais de um ano e cinco meses de pesquisas, utilizaram-se dois motores que gastavam cerca de 100lts de combustível, um a gasolina e outro a diesel, ate dinamites foram
Foto: Afonso Rosário
utilizados no local. A comida saia do Sertão da Quina as 09h30min da manha para chegar ao local das sondagens às 11h30min, pelo caminho ainda recolhiam bananas do bananal do então Manoel Correia (Pai da Tia Rita, do Ditinho Correia, Maria Correia, da Iolampia, Zé Correia Velho, Tio Guido). O alivio foi quando o projeto da hidroelétrica ficou realmente ao lado da atual represa, já que a saída de água poderia ser para o lado do litoral, o que numa vasao de água da represa poderia inundar as casas e as rocas do Sertão da Quina
e Maranduba. Trabalharam nas sondagens Sebastião Pedro de Oliveira, Antonio Pereira, Manoel correia de Oliveira, Guido Correia, Emidio Luiz de Deus, Manoel Santana Benedito Luiz de Deus-Nanzinho, tio Kito. Vale lembrar de que desde a construção da rodovia federal muitos tentaram tomar terras dos moradores locais e não diferente tentaram cercar as terras no entorno da Água Branca, a população não deixou e vários capangas foram expulsos, os últimos que tentaram foram ainda no inicio da década de 1980.
Recomendações Contrate um guia local. Planeje bem sua caminhada e informe a alguém sobre seu passeio. Não leve lembrança que seja indesejável a floresta e a segurança do grupo. Evite fazer barulho, desfrute dos sons da natureza. Tire apenas fotos. Traga todo o seu lixo de volta, deixe apenas pegadas. Só leve o que puder trazer. Proteja-se do sol, mosquitos, pernilongos. São comuns chuvas repentinas. Cuidado para não causar incêndios na floresta. Não corte nenhuma vegetação, consulte o guia. Lembre-se o salvamento em áreas de floresta e muito caro e complexo. Mantenha-se sempre na trilha, se for sair comunique o guia. Leve seu próprio suprimento de alimentos (alguns guias já oferecem o lanche de trilha). Equipamentos necessários tênis para trilha (não deve ser novo), capa de chuva, lanterna, repelente, protetor solar, recipiente para armazenar água, toalha, mochila pequena, troca de roupa e maquina fotográfica. Um bom guia fará varias perguntas sobre a sua saúde e condições emocionais para avaliação dos procedimentos de segurança e precaução para realizar o passeio. Para isto o guia poderá solicitar a revisão dos objetos a serem levados pelo turista.
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Pico do Corcovado: 1.160 metros de aventura e mistério
Paredão de pédra na face sul do Pico do Corcovado
Ezequiel dos Santos Considerado ponto de relevante interesse cultural e ambiental. Marco divisório entre o Vale do Paraíba e o Litoral Norte. Sonho de consumo de fotógrafos amadores e profissionais, o pico que leva o nome do bairro é testemunha da formação histórica do município, este elevado de rochas já foi tema de dramaturgia e romances, fonte de inspiração de escritores e historiadores e palco de especulação dos mistérios e segredos que rondam a localidade.
O Pico do Corcovado possui um trecho bastante íngreme, seu cume alcança 1.160 metros do nível do mar, de onde é possível avistar as maravilhas do litoral e do planalto. Com um nível de dificuldade alta, pela aldeia possui um percurso aproximadamente de 5 kms, com duração em média de 10 a 12 horas ida e volta, é necessário um certo preparo físico e boas condições psicológicas para alcançar o cume. Seu paredão imponente nos convida a desistir da subida, mas ao olhar para os
lados e para trás se vê uma beleza rara, as montanhas e as praias como se fossem pinturas por baixo de um imenso vidro, principalmente no nascer e por do sol, é um espetáculo recompensador. É possível avistar o pico ainda do trecho final da Rodovia Oswaldo Cruz, já chegando ao município de Taubaté. Espetáculo a parte, vale lembrar que o mirante do seu pico foi utilizado para o lançamento de um modelo de veículo, peças foram içadas de helicópteros e montados apenas a carcaça do veículo para uma tomada espetacular. Já abaixo, onde hoje se encontra a aldeia, foram erguidas uma réplica de uma aldeia tupinambá para rodar o filme sobre o alemão Hans Staden, participaram atores consagrados como Stenio Garcia e muitos outros do próprio município. Existem quatro rotas conhecidas para se chegar ao cume, o mais utilizado e recomendado é por baixo do pico, pelo território indígena da Aldeia Renascer, existem outros que saem do Ipiranguinha, do Sertão da Quina, do Sertão do Ingá e pelo Núcleo Santa Virgínia no Vale do Paraíba, que é necessário agendar para o acompanhamento de um guia do núcleo, o serviço é gratuito. O Corcovado que foi importante fazenda de café e açúcar abrigou muitos contos e mistérios, muitos deles relatados por historiadores da região. O local também
Fotos: Claúdia Félix e Silas Fileto
Visual do nascer do sol no Pico do Corcovado: beleza sem igual
Campanha publicitária levou carcaça de automóvel ao Pico do Corcovado para foto e filmagem
foi importante fornecedor de bananas e mandioca, a localidade mantém propriedades com as “digitais” de todos os processos de desenvolvimento históricos e culturais, algumas famílias mantêm, timidamente, costumes ligados aos períodos coloniais, que vem diminuindo por conta das restrições ambientais. A visita requer muita atenção e cuidados, quer seja pela segurança dos visitantes, pelo respeito às populações da localidade, pela manutenção do trecho de reserva da Mata Atlântica. Em seu entorno existem várias cachoeiras. Não existe uma legislação específica para acampamen-
tos no pico, mas serve como diretriz o bom senso e outros cuidados com a segurança, nada de cortes na vegetação, abandonar lixo no local, sujar ou pixar as rochas, produzir fogos e brincadeiras que possam levar alguém a cair de lá de cima. Não raros foram os casos de pessoas perdidas na floresta, que se aventuraram sem as precauções devidas. O local já foi passagem dos Tupinambás, primeiros habitantes deste trecho de litoral, depois dos negros índios e dos colonizadores europeus, por último, após a decadência do café, foi artéria importante para o contato com as comunidades tradicionais do litoral ao Vale do Paraíba, ainda utilizada até hoje. A visita ao pico do Corcovado é uma experiência indescritível e única, lá realmente tem-se a sensação de poder tocar o céu, tirar as estrelas de lugar e segurar a lua, já na subida nota-se a mudança do tipo de mata, além da grata surpresa em fotografar animais e flores lindíssimas. Lendas e fantasmas a parte, vale a pena conferir mais um espetáculo desta Terra Tamoia.
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Depois de 50 anos caiçara fala de seu sequestro e dos filhos com a “Capóra” EZEQUIEL DOS SANTOS e WAGNER JOSE Braz Manoel de Oliveira, 72 anos, natural do Sertão da Quina, caiçara típico dos sertões, quando jovem matou onça, enfrentou touro bravo, morou no mato, pescou de tudo e aos 18 anos foi trabalhar para a Petrobras abrindo a picada do caminho que liga Caraguatatuba a Salesópolis. Os nativos diziam que o lugar era assombrado, como desbravadores gostavam do que faziam. Eles acompanhavam uma máquina que ia rasgando a floresta e abrindo um caminho, que existe até hoje. Era 1958 e os camaradas viviam alertas por conta dos bichos que viam na floresta. “O povo de “primero” (antigamente) era até bão (bom), a gente só tinha receio de bicho, principalmente de onça”, comenta Braz Manoel. Valente como um Tupinambá enveredava sem medo por grotões e espigões da floresta, era o primeiro a passar o facão em algo que não conheciam ou chumbo grosso a quem mostrasse algum perigo. Mas tinha algo que eles temiam, viam, atiravam, mas não conseguiam acertar. Diziam na época que para matar um destes era necessário derreter vela benta no chumbo. Segundo ele por varias vezes o grupo viu algo como humanos se mexerem na floresta, percebia que estes seres vinham sempre por volta das seis da tarde e os observavam. Braz que além de valente é curioso nato, aproximou-se de três destes seres, era por volta do “cerão da noite”, eles não esboçaram nenhuma reação, portanto parecia que não eram agressores. Por três dias eles fizeram o mesmo ritual,
Foto: Wagner José
só que no dia seguinte Braz resolveu chegar mais perto. Começa aí uma história de contos de aventura, um dos seres o capturou e o levou a uma caverna. No escuro, preso pelos fortes braços do “ser” e viajando em alta velocidade pela floresta não conseguia marcar o “carrero” (caminho) do bicho para voltar, caso tivesse êxito na fuga. Pela manhã estava aninhado no fundo de uma caverna escura sobre um acolchoado de palha e folhas, a sua volta utensílios de cozinha feitos de madeira e conchas, frutas e bicho do mato para
saciar a fome. “Comi, tava com fome”, quando saiu viu a sua frente seu algoz - uma Capóra, em carne, osso e cabelos. “Era um ser alto, forte e veloz, tinha cabelos até os tornozelos, não falava, comunicava-se através de ameaços com os braços e mãos, pés para traz e era uma fêmea, só dava para ver partes do rosto, olhos, nariz e boca quando afastava os cabelos”, descreve o aventureiro. Braz como bom caçador, se fez de caça, ficou pra observar seus costumes, seu ritual, seu jeito, os horários de saída e chegada, o local onde estava,
sempre planejando uma rota de fuga. Por outro lado, os companheiros de serviço e a empresa empreitaram busca ao seu valente funcionário. Mas foi em vão! Com o tempo todos pensavam que Braz havia morrido. Ele descobriu que o ser tinha medo de água da chuva, do rio e do mar e que suas unhas serviam como navalhas e que com o tempo ganhava liberdade para tomar banho no rio e colher frutas. Caçar ela não deixava, buscar lenha também, com o tempo ele foi sendo mais bem tratado e que ela era na realidade uma mulher que não falava de cabelos longos. “Tinha tudo que uma mulher tinha e tava tudo em cima, só que tinha os pé virado, me botava no colo, trazia comida, botava eu pra dormir, trazia lenha, frutas, caça”, alguns destes detalhes não puderam ser publicados. Sem noção do tempo ele foi ficando e acabou descobrindo a direção do mar. Conta que em um dado momento pintou até um romance, um clima e com ela teve dois filhos. Segundo Braz também havia Capóra macho, que seqüestravam mulheres. Para ele os seres buscavam companheiros para procriarem e que, no caso dele, no momento da procriação era “igualzinho a uma mulher que conhecemos” e que até a amamentação e o trato das “coisas” (partes intimas) parecia muito com a dos humanos. “Um dia avoei no mato, não quis saber, acompanhei o rio e quando cheguei na préia via ela atrás vindo a galope, me pinchei na água do mar e lá fiquei, ela me mostrou a criança, com o braço me chamava, margulhei bem fundo e ela foi-se embora”, descrevendo a fuga. Nadei
pra outra praia, achei a picada de Ubatuba a Santos e segui “adiente”, encontrei uma casa simples, dentro uma senhora me socorreu barbudo e com fome. “A sopa d’água estava uma delicia, fazia tempo que eu não comia algo tão gostoso”, desabafou pra senhora. Ele contou o caso à dona da casa que falou da existência da Capóra e que seria o único humano que conhecera com vida fugido das garras deste ser da floresta. Braz conta que uma mulher também cabeluda havia aparecido na Ilha do Montão de Trigo em São Sebastião, ela havia fugido de uma Capóra macho e chegou a ilha com vida. Aos 21 anos Braz se reapresenta a empresa, recebe todos os anos atrasados e recomeça a vida em outra função. A vida segue e agora em 2012 confessa que a Capóra foi sua primeira mulher e que sente falta dos filhos que com ela teve. Já tentou voltar, mas sua mãe não permitiu. Braz teve mais cinco mulheres, a última o acompanha por 41 anos e que o fez “segurar o facho”. Braz é conhecido como Braiszinho do Fidencio, cujo pai, assim como o filho tem também muita história para contar. Braz deu dicas de várias outras aventuras, que para deleite de nossos leitores publicaremos em outras edições.
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Região perde dois ilustres personagens de sua história
Faleceram no último dia 9, segunda-feira, dois ilustres moradores tradicionais e queridos caiçaras da Maranduba e da Praia do Pulso, a senhora Maria Elisa do Prado, 87 anos e o pescador Bernardino Cesário do Prado, 70 anos, da praia do Pulso. Ela, de causas naturais, ele decorrência do diabetes. Ela carinhosamente conhecida por “Dona Santa”, deixa oito filhos, netos e bisnetos. Ele deixa esposa, dois filhos e netos. Os dois deixam um legado de persistência, independência, trabalho duro e honesto, amizade
verdadeira e o bem da família e da comunidade. Nesta triste data, fecharam-se as páginas da história de dois grandes personagens de nossa história de lutas e conquistas, biblioteca ambulante e uma grande enciclopédia do patrimônio formador do povo brasileiro. Ela, mãe dedicada, mulher parceira, avó presente e bisavó carinhosa, seu cheiro, sua voz, seu abraço fará muita falta aos que a conheciam. Ele, pai dedicado, esposo presente, pescador nato, batalhador e paciente, espalhou alegria na última
Convite à Comunidade
década de sofrimento físico e de alento espiritual. Os dois que são primos em primeiro grau amaram e dedicaram suas vidas ao local, a fé original e ao povo que conheceu. Ele, no local que nasceu, cresceu, dizia que só sairia morto, o que fato aconteceu. A comunidade da região sul de Ubatuba lamenta estas grandes perdas e se manifesta verdadeiramente solidária aos familiares de Dona Santa e Bernardino. Nestes últimos dias as dores sofridas por familiares e amigos foram compartilhadas por toda a comunidade.
A AMASQ convida à todos para reunião com o secretário municipal de Saúde, Clingel Frota, na sede da associação dia 13 de fevereiro de 2012 às 19:00h. Participe AMASQ Associação de Moradores e Amigos do Sertão da Quina
ACESSE
JORNAL MARANDUBA NEWS NA INTERNET
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Página 12 Gente da Nossa História EZEQUIEL DOS SANTOS
Com certidão de nascimento preenchida a mão, Maria Balio e Hilário Antonio do Prado levava ao cartório para registrar uma menina branca, que em nossa região deixaria um legado de trabalhos em prol da formação e a educação de gerações. Era a filha Maria Apparecida, isto mesmo com duas letras “p” no sobrenome, mais conhecida por Cida Balio. Ela nasceu na Ilha Anchieta no dia 9 de dezembro de 1937. Cida tem como irmãos o Tião, José, Ceci, Antonio, João, Benedito, Terezinha, Julia e Otilia. Na década de 1940 seu pai era proprietário de um alambique, por onde hoje é o posto de saúde e o colégio do Sertão da Quina. Além da “marvada”, lá se produzia de tudo a sobrevivência dos familiares e dos trabalhadores. Quando criança viu pela janela, junto com o irmão José, seu pai e os amigos João Rosa e Balduíno queimarem um Judas com as roupas de Adolf Hitler. Na época o alambiqueiro oficial era o Jerônimo Cabral. Anos depois ela acompanhou a perda do pai. Ele havia se envolvido em um desentendimento com o compadre Dito Gomes, este, que estava “sapecado” (bêbado), desferiu um golpe com uma garrafa de vidro no braço de Hilário, que ocasionou um corte profundo aonde perdeu muito sangue. Lá também ela viu um acidente com o camarada Eleonel, que num descuido cortou o braço nas engrenagens do alambique. Com a morte de seu pai, sua mãe não viu outra saída senão vender a propriedade, que era grande e tinha muitas culturas a cuidar. Na época o Sr. Idomeu do Prado, tio de Cida, doou uma área a sua mãe Maria Balio na Maranduba. Na época a terra tinha outros valores, o de sobrevivência e não o de especulação. Ela, que estudou nas escolas da região, resolveu ir a Taubaté e iniciar seus estudos. Lá ficou com o irmão José até se mudar a Pirassununga onde deu continuidade aos estudos. Em Pirassununga ficou na casa de sua antiga professora da Maranduba, a dona Helena. Cida trabalhava com tudo, na casa, na venda de doces que eram feitos por dona Helena Cera, nos trabalhos temporários, era considerada membro da família. Seu irmão relembra de um episódio em que empurrou a irmã e chegou a quebrar seu braço. Lembra ele que Cida era triste, os dois brigavam muito. “Era na época do banco de carpintaria, ela brigava mui-
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Maria Apparecida do Prado to comigo, perdi a paciência e a empurrei do banco, a gente era muito pequeno e arteiro”, comenta o irmão Zézinho Balio. Quando voltou prestou concurso e passou assumindo o cargo de professora primaria efetiva. O documento do governo estadual de São Paulo que diz “Certificado de Sanidade e Capacidade Física”, nº 247.849 de 15 de julho de 1964, informa que Cida Balio possui boa saúde e capacidade física para o cargo pretendido. Este e outros documentos ainda estão guardados com familiares como relíquias e testemunhas de uma lutadora. No dia 8 de julho de 1967, na Capela da Maranduba, Cida se casa com José Manoel dos Santos, Zeca Pedro. O casamento foi realizado pelo saudoso Frei Pio. Deste matrimonio nasceram Geraldo, Josué e Julio César. Sua carreira começou na 1ª escola agrupada Sertão da Quina. Cida não estava satisfeita, enquanto ensinava as primeiras letras do alfabeto, vinha pensando numa forma de melhorar as condições de ensino daquela população e sabia que seu fardo seria duro e pesado, dela dependia a melhoria da qualidade de vida e a educação formal das gerações futuras. Ela muito colaborou com os coros, cantos, teatros e promoção de festas na escola. Quem não se lembra dos ensaios da quadrilha na rua entre os dois prédios da escola, ainda sobre o som chiado de um disco de vinil naquela vitrola portátil de marca Delta de cor azul clara que virava uma maleta -“Pula fogueira iaiai...”, do mimeografo quando chegou, dos recitais em frente ao mastro da bandeira, da leitura em sala de aula, das aulas de caligrafia, que contava pontos para passar de ano, do avental-guarda-pó, que vinha dobrado com o bolso a ser
A eterna professora
costurado, do sino para entrar e sair da sala, dos sacos de arroz e de cuecas onde eram levados os materiais. Cida Balio e Zeca Pedro cobraram do prefeito Nélio mais uma sala de aula, a prefeitura deu o material e a comunidade, em apenas um mês e sete dias, levantou, pintou e entregou pronta para o uso. Eles recebiam em casa várias autoridades, políticos e personalidades. Era dela a letra de uma música que fala de “Maranduba -
um pedaço do paraíso”. O refrão ainda é lembrado e dizia: “Você sabe onde fica esta terra, de mar azul, areia branca e céu de anil? Para vocês com orgulho vou dizer, é a Maranduba um pedaço do Brasil.” Os jovens da época junto com Cida Balio desciam até a “préia” para tocar e cantar a noite inteira a Dona Maria Balio, a ela era cantada desde sertanejo até serenatas. Numa confraternização do aniversario de Ubatuba, dentro do Tom Bar, Cida Balio e a mocidade do Sertão da Quina cantaram aos participantes e para surpresa de todos foram aplaudidos de pé. Na época o evento era aberto pelo famoso Edu da Gaita. Era gestão de Ciccillo Matarazzo. Cida sabia que seu povo era so-
fredor, sabia ainda que tinha de fazer alguma coisa para melhorar as condições de ensino e vida, por isso se dedicou a ensiná-los. Muitos alunos tinham a necessidade de ajuda para fazer o teste de admissão para entrar no 1º grau, ela se desdobrou e lecionou graciosamente a 10 alunos, foram pelo menos um mês de graça, era 1980. Muitos outros exemplos foram citados por moradores neste sentido. Uma aluna dedicada havia tido seu material queimado por um irmão menor, ela na tentativa de apagar o fogo queimou as mãozinhas, Cida vendo que se tratava de uma aluna dedicada forneceu um novo material e deu aulas em separado para a menina voltar ao ritmo dos outros alunos. Quantos alunos, alguns hoje são avós, levaram um pito de Cida para voltar aos estudos. Cida nunca fez discriminação dos alunos, era professora dura e rígida nos ensinamentos, muitos levaram puxão de orelhas dela, também ninguém era santo, quando vinha o exército para aplicar vacina os alunos fugiam pelo vão do vitrô, em dia de provas enchiam a sala com sapos e aranhas, ou quando não vinham molhados porque haviam “caído” no rio e assim por “diente”, jogavam carteiras no pé dos professores. Aos alunos era maravilhoso aprender com ela a colar as bandeiras de festa, os enfeites de natal, os pipas enfeitados. Ela deu aulas aos três filhos e na sala de aula os tratou como todo mundo. Numa época em que os alunos tinham de estudar na Ribeira o 1º grau, Cida se desdobrou em paciência e lutas por vários anos para trazer o primeiro colégio da região. Alguns a desestimulavam, uma porque não conseguiria trazer o colégio, outros, se o colégio viesse perderia seu cargo e em-
prego. Para ela não interessava o emprego, ela achava um absurdo as crianças terem de sair daqui naquelas condições. Hoje temos o Colégio Áurea Moreira Rachou, que graças ao empenho de Cida Balio, lá atrás, num passado distante tornou-se realidade. Quando começou a lecionar abria crédito nas “vendas” porque muitas vezes o salário vinha a cada três ou quatro meses. Ela se aposentou e uma das últimas atividades foi à presidência da Associação de Bairro, nesta época ela assinou um documento essencial em favor de Dona Clarice e seu Antonio Fernandes na Pedra Preta ao parque estadual falando de quem eram e que importância tinha à comunidade o casal e os filhos, foi homenageada numa prova natatória na Maranduba. Ela tinha 25 anos de aposentadoria como professora. Me revelou que não tinha muitas saudades do passado, era um período muito difícil, de muita miséria e de falta de recursos, falou também que iria escrever suas memórias, uma pena, o câncer a impediu de escrever belas histórias sobre nosso povo. No último ano enfrentou 21 sessões de quimioterapia, de 06 de abril até 20 de outubro de 2011. Seu aniversário foi no hospital e neste dia estavam os filhos, uma irmã, um sobrinho, duas amigas e um filho da amiga. Ela partiu um bolo de chocolate assoprou as velas de aniversário pela última vez. Antes, porém a encontrei caminhando na Maranduba em frente à capela e ela me revelou que estava de fato doente e que só Deus poderia saber seu futuro, aquilo me entristeceu. Dez dias depois de completar 74 anos de vida a noticia do falecimento de Tia Cida, minha eterna e amada professora. Falei com vários ex-alunos e todos são unânimes: ela foi uma professora espetacular! Em respeito todos a chamavam de Tia Cida. A noticia triste foi no dia 19 de dezembro de 2011, que por conta de um câncer, nosso quadro negro da história não mais escreveu, foi lecionar ao comando de Deus que a fez diferente, útil, empreendedora, sábia e humana. Esta eu falo que Deus me fez privilegiado por conhecê-la e que a ela agradeço o empenho que dispensou pra me ensinar. Literalmente o que sei, o que gosto, devo a minha eterna e primeira mestra Tia Cida Balio. Obrigado por tudo o que fez para nós Tia Cida! Seus ensinamentos fazem muita falta.
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Dicionário de vocábulos e expressões caiçaras - Parte 5
CABO DO FUSO - ( s.m.) - alavanca roliça de madeira, que atravessa a ponta inferior do fuso, e acionando em espiral, enrosca-o, ou parafusa-o na concha, imprensando o tipiti. CAÇA - ( s.f. ) - animal selvagem da região, que se constitua em presa comestível e objetivo de caçada.“ tivemo ai pelo sertão caçando tatêto “ CAÇá COM A PENEIRA - ( loc.v.) - simpatia feita com uma peneira, na sexta-feira,para tirar o medo das crianças. CACARECANDO - (v.t./i.)- cacarejando. CACEá - ( v.t.)- modalidade de pesca de vara, em que a canoa é deixada à deriva, levada (movida ) pela força da maré. CACHAÇO - ( s.m. ) - porco reprodutor. CACHORRA - (loc.v.) - estar com a cachorra; estar de péssimo humor; furioso; danado. CACHORRA DA CASA - ( s.f. ) - espécie de jirau, à guisa de armário, construido no vão da cobertura de sapê das casas de pau-a-pique; peça de madeira ou pedra que sustenta o forro ou beiral das casas; CACHORRO DO MANGUE - ( s.m.) - guaxinim . “ fica mariscando de lá e prá cá, correndo anssim, é cachorrinho do mangue, não serve pra comê “
CACHORRO DO MATO - ( s.m.) - guaxinim; CAÇIRóVA - ( s.f. ) - pombo silvestre de cor azulada, que se alimenta de banana. CACO - (s.m.) - traste sem valor; pessoa doente ou velha. CAÇôA - ( s.f. ) - não se trata da fêmea do cação, mas sim de uma espécie de cação, cujo peso atinge até cem quilos. É de índole mansa, e uma presa apreciada pelos pescadores, apesar de sua carne não ter quase valor. Há a crença de que este predador, mais a tintureira e o aniquim comem gente. CACUIA - ( interj.) - expressão que significa : pois olhe ; não é bem assim; CACUNDA - ( s.f.) - dorso; costas. CACURUTA - ( s.f.) - mesmo que cacuruto. CADêLE - ( loc. ) - onde está ? cadê ? “ cadele minha familia, cadele que fim levô “ CADE-LHA - ( loc.) - o que é dela ?; onde esta ela? “ a canoa , cadê-lha ? “ CADE-LHO - ( loc.) - o que é dele ? ; onde esta ele? “ fulano, cadê-lhe ? “ CAFé AGUADO - ( s.m.) - café fraco, ralo. CAFé COM ISCA - ( s.m.) café com mistura. CAFé COM MISTURA - (s.m.) - café acompanhado de iguarias; café-conosco; cafémedroso; café-gordo; café-com-isca; café-mastigado. CAFé CONOSCO - ( s.m.) café com mistura. CAFé DE GUARAPA - ( s.m. ) café coado com a garapa para adoça- lo. “ o sinhor vai istranhá o tar de café cum guarapa “ CAFé GORDO - ( s.m.) - café com mistura. CAFé INTIRUME - ( s.m.) -
café sem mistura. CAFé MEDROSO - ( s.m.) café acompanhado; café com mistura. CAFEADA - ( s.f.) - bule cheio de café ; muito café. CAGAÇO - ( s.m. ) - medo; susto. CAGUIRA - ( s.f.) - azar no jogo; estar azarado; medo; receio. CAIÇARA - (s.m.) – habitante da bera da praia; pessoa natural do litoral. CAíCO - ( s.m. ) - pequeno bote usado para levar passageiros da praia até o mar onde espera o barco costeiro. CAIDINHO - (adj.) - prostrado; abatido. CAIMENTO - (s.m.) - prostração; languidez; abatimento. CAITê - ( s.m. ) - espécie de vegetação. CAITITé-( s.m. ) – esquilo brasileiro; mesmo que catingu elê,caxinguelê,quatipurú. CAIXãO DA RODA- ( s.m.) - o mesmo que caixote ou gaiola. CALAÇARIA - ( s.f.) - malandragem; ociosidade. CALADA DA NOITE - (s.f.) horas mortas. CALAFATE - ( s.m. ) - indivíduo cujo oficio é calafetar. CALãO - ( s.m.) - pedaço de paus roliços onde estão amarradas as mangas das redes de pesca, tipo picaré e de arrasto. No picaré, os calões são empunhados por dois ou três camaradas que o arrastam pela praia e, na rede de arrasto, estão amarrados aos cabos que servem para puxa-lá para a praia; CALãO DE DENTRO - ( s.m. ) calão da rede que fica em terra ,na praia, na beira da água. CALãO DE FORA - ( s.m. ) calão da rede que fecha o lanço e prende o cardume. CALIÇA - ( s.f.) - pó ou fragmento de cal , que sai das pa-
redes em demolição CALINGA - ( s.f.) – carlinga; peça de madeira, onde se assenta o mastro da vela, na canoa. CAMARADA DE REDE - ( s.m. ) - várias pessoas, ou alguns familiares, proprietários de rede de pesca, que formam uma equipe para a pesca de arrasto em mutirão. CAMARãO - (s.m. ) - gatilho da arma de fogo; alavanca de detonação das espingardas tipo pica-pau. CAMARINHA - ( s.f.) - fruto silvestre; é também: na casa do caiçara, as dependências diferentes de sala, cozinha e corredor, são sempre camarinhas. Por vezes, corresponde ao quarto, não tendo porém porta; “ Cumpadre não s’incomóde; nóis durmimo na camarinha, que tá bom demás “ CAMBá - (v.t.d.) - virar a vela da embarcação, de um lado para outro. CAMBACICA - ( s.f.) - espécie de pássaro. CAMBADA - ( s.f.) - porção de peixe ou de objetos enfiados em alguma coisa CAMBAU - ( s.m. ) - peça de madeira, que se põe no pescoço dos animais, para impedi-los de atravessar cercas ; os cambau ; coisa nenhuma ; nada disso; nem pensar. CAMBETEá - ( v.i) - coxear; andar meio tonto. CAMBéVA - ( s.f. ) - peixe martelo; cação de menos de 10 kg, que tem na extensão da boca, um prolongamento do corpo, em forma de martelo. “o cação que dá mais aqui por terra agora, é esses machotinho anssim, é esses cambevinha“ Fonte: PEQUENO DICIONÁRIO DE VOCÁBULOS E EXPRESSÕES CAIÇARAS DE CANANÉIA. Obra registrada sob nº 377.947Liv.701. Fls. 107 na Fundação Biblioteca Nacional do Ministério da Cultura para Edgar Jaci Teixeira – CANANÉIA –SP .
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Cantinho da Poesia
Não é história de pescador Solidão
Solidão é acordar sem ter ninguém ao lado. É ficar diuturnamente perdido em pensamentos, Querendo falar com alguém, mas ficando calado. É a prisão do amor, dos anseios e sentimentos. Solidão é a colocação do mundo numa redoma Que te aprisiona sem querer ser aprisionado, Encarcerando de todos os teus desejos a soma, Como um pássaro proibido de dar seu trinado. Solidão é um passo dado numa noite escura, Sem ter uma luz que indique teu caminho. É a procura constante, das sensações a mais pura, Mas com a consciência de que se vai estar sozinho. Solidão é se perder sonhando no tempo e no espaço, É a vontade de gritar, mas permanecendo calado. É se deixar dormir, enfim, vencido pelo cansaço, E novamente acordar sem ter ninguém ao lado. Manoel Del Valle Neto
O pescador familiar Ernane dos Santos (Tibaco), 34 anos, pescou na manhã do último dia 29 de dezembro um Chérne de 45 quilos na Baía do Mar Virado. A técnica utilizada foi o espinhel (linha com vários anzóis em medida pré-determinada pelo pescador ao longo da linha, cabo ou corda). Por mais estranho que pareça a foto foi tirada em um ponto de ônibus, mais de oito quilômetros de onde foi pescado, é que o pescador mora no Sertão da Quina e estava indo para sua casa levando o peixe em sua bicicleta. A equipe do JMN registrou este momento para que num futuro distante, as crianças de amanhã não venha dizer que era história de pescador, e pior, que tinha testemunha.
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Coluna da
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Requerimento de Frediani colabora na criação da Resolução que desburocratiza licenciamento Adelina Campi ambiental a produtores rurais
Por que as pessoas sofrem? — Vó, por que as pessoas sofrem? — Como é, minha neta? — Por que as pessoas grandes vivem bravas, irritadas, sempre preocupadas com alguma coisa? — Bem, minha filha, muitas vezes porque elas foram ensinadas a viver assim. — Vó... — Oi... — Como é que as pessoas podem ser ensinadas a viver mal? Não consigo entender. Na minha escola a professora só me ensina coisas boas. — É que elas não percebem que foram convencidas a ser infelizes, e não conseguem mudar o que as torna assim. Você não está entendendo, não é, meu amor? — Não, Vovó. — Você lembra da estorinha do Patinho Feio? — Lembro. — Então... o Patinho se considerava feio porque era diferente. Isso o deixava muito infeliz e perturbado. Tão infeliz, que um dia resolveu ir embora e viver sozinho. Só que o lago que ele procurou para nadar havia congelado e estava muito frio. Quando ele olhou para o seu reflexo no lago, percebeu que ele era, na verdade, um maravilhoso cisne. E, assim, se juntou aos seus iguais e viveu feliz para sempre. — O que isso tem a ver com a tristeza das pessoas? — Bem, quando nascemos, somos separados de nossa Natureza-cisne. Ficamos, como patinhos, tentando aceitar o que os outros dizem que está certo. Então, passamos muito tempo tentando virar patos. — É por isso que as pessoas grandes estão sempre irritadas? — É por isso! Viu como você é esperta? — Então, é só a gente perceber que é cisne que tudo dará certo? — Na verdade, minha filha, encontrar o nosso verdadeiro espelho não é tão fácil assim. Você lembra o que o cisnezinho precisava fazer para poder se enxergar? — O que? — Ele primeiro precisou parar de tentar ser um pato. Isso significa parar de tentar ser quem a gente não é. Depois, ele aceitou ficar um tempo sozinho para se encontrar. — Por isso ele passou muito frio, não é, vovó? — Passou frio, fome e ficou sozinho no inverno. — É por isso que o papai anda tão sozinho e bravo? — Não entendi, minha filha? — Meu pai está sempre bravo, sempre quieto com a música e a televisão dele. Outro dia ele estava chorando no banheiro... — Vó, o papai é um cisne que pensa que é um pato? — Todos nós somos, querida. Em parte. — Ele vai descobrir quem ele é de verdade? — Vai, minha filha, vai. Mas, quando estamos no inverno, não podemos desistir, nem esperar que o espelho venha até nós. Temos que exercer a humildade e procurar ajuda até encontrarmos. — E aí viramos cisnes? — Nós já somos cisnes. Apenas temos que deixar que o cisne venha para fora e tenha espaço para viver e para se manifestar. — Aonde você vai? — Vou contar para o papai o cisne bonito que ele é! A boa vovó apenas sorriu!
Documentos do vereador Rogério Frediani - PSDB entregues ao longo de 2011 aos secretários estaduais de meio ambiente e agricultura colaboraram nos estudos que promoveram as duas resoluções assinadas no dia 27 de novembro de 2011 pelo Governador de Estado Geraldo Alckmin. Um deles é o Requerimento 116/11, de 86 páginas, que trata da discussão de políticas públicas e de reais melhorias ao setor no litoral paulista, principalmente em Ubatuba. As audiências foram agendadas pelo deputado federal Luiz Fernando Machado, que também tinha cópia dos documentos de Ubatuba e que acompanhou todo o processo. Outros documentos foram enviados ao deputado estadual Fernando Capez que encaminhou as secretarias os documentos de Ubatuba. Nas reuniões no gabinete de Capez, Frediani cobrou várias vezes o andamento destas questões. No início de novembro, Frediani foi informado que o governador reuniu-se com os secretários citados para elaborar um dispositivo que atendesse os produtores rurais, indígenas e quilombolas e que, dentre os documentos apresentados estavam os de Rogério Frediani. A cerimônia de assinatura foi realizada no Palácio dos Bandeirantes onde assinaram duas resoluções para a desburocratização do licenciamento ambiental, uma conjunta (SMA/SAA/SJDC Nº 01) e uma da Secretaria do Meio Ambiente (SMA Nº 74). Lá estavam o governador Geraldo Alckmin e os secretários estaduais Bruno Covas, do Meio Ambiente, Mônika Bergamaschi, de Agricultura e Abastecimento, e Fabiano Marques de Paula, secretário em exercício da Justiça e da Defesa da Cidadania. A resolução assinada entre as três secretarias autorizará a dispensa do licenciamento ambiental para empreendimentos agropecuários com
pequeno impacto ambiental. Para obter a dispensa o produtor deverá entregar na Secretaria da Agricultura e Abastecimento uma Declaração de Conformidade da Atividade Agropecuária e ficará então passível de fiscalização. Segundo o documento, caberá à Secretaria da Justiça, por meio da Fundação Instituto de Terras do Estado de São Paulo (Itesp), o recebimento da declaração para os beneficiários dos projetos da reforma agrária e para os remanescentes das comunidades quilombolas por ela assistidos. Segundo Bruno Covas, esse tipo de “licença declaratória representa a confiança do Governo de São Paulo no produtor rural”. Já a resolução de autoria da SMA dispensa a licença ambiental sem a necessidade da declaração. O documento lista uma série de atividades que não se enquadram como Projetos Agrícolas e não impactam o meio ambiente. A iniciativa foi elogiada pelo governador Geraldo Alckmin e que “a medida vai desburocratizar a atividade e facilitar a vida dos pequenos produto-
res, que normalmente são os mais prejudicados”, finalizou. A pedido de Frediani o deputado Luiz Fernando levou de Ubatuba ao Congresso Nacional o pedido do reconhecimento do pousio (técnica sustentável de agricultura) para estudos e discussões na tentativa de transformá-la em uma lei federal que reconheça esta pratica de cultivo e a trate como de relevante interesse social, o que facilitará não só os produtores de Ubatuba, mas os de São Paulo e de todo o território nacional. Frediani esteve no último dia 24 na capital conversando com lideranças políticas e autoridades para tratar de mais benefícios ao município e desabafa que “é muito satisfatório quando o trabalho nosso dá resultados positivos, a sociedade me paga para trabalhar, portanto é nosso dever buscar estas melhorias, muita gente colaborou para que o resultado fosse este e que continua acreditando, assim como eu, em nossa cidade, temos áreas boas para cultivo e o mercado está em nossa porta”. finaliza Frediani.