Maranduba, 25 de Fevereiro de 2012
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Disponível na Internet no site www.jornalmaranduba.com.br
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Ano 3 - Edição 34 Foto: Ezequiel dos Santos
Praia Mansa
Recanto divino do litoral paulista
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Jornal MARANDUBA News
Prestando Contas
Editorial:
Do luxo ao lixo Felizmente luxo é uma palavra agradável de pronunciar, todos se lembram de carrões, mansões, caviar, grandes barcos de passeio e até o etc. de luxo deve ser diferente, mais requintado,seu ponto ortográfico deve ser com champagne. Mas existe o luxo que foi criado através do lixo, melhor, o lixo que deixou muita gente no luxo e quanto mais lixo mais cifrões, principalmente para aqueles, que dizem por aí, usam relógios de pulso que podem chegar a mais de R$ 15 mil reais. Ubatuba é um caso “quase” parecido. Nos tempos áureos turistas vinham constantemente de avião apenas para saborear os frutos do mar de que Ubatuba dispunha. Falar de Ubatuba era como pronunciar “Cancun” ou outro paraíso na terra. Os campeonatos de surf, os estrangeiros, o artesanato, tudo era valorizado e visto. Mas por conta do luxo, principalmente nos últimos anos, muita gente deixou de olhar para seu povo, entregando a eles o lixo para ficar com o luxo. Carros novos, casas novas, dinheiro no banco seria uma coisa normal não fosse pela foram que “ad-
Queima de Fogos na Praia da Maranduba 2011/2012
quiriram”. O lixo, aliás, é um dos carros chefes para o luxo. Claro! Ainda bem que isso não acontece por aqui! Na televisão vimos problemas com o tal transbordo e penalidades. Na estrada vemos sempre caminhões transportando os mau cheirosos objetos cobertos com uma lona preta, no canto da caçamba um liquido escorre e corre pela pista deixando um rastro como se dizendo: “Olha a caca que
to fazendo, siga-me que você vera pra onde vou e saberá porque to indo.” O lixo que se deu ao luxo de virar muita grana são materiais e objetos físicos, mas o lixo que falamos é no que se transformou algumas pessoas, aquelas que usam de artimanhas e mentiras para encobrir a irresponsabilidade, o descaso, a incompetência. Ubatuba só não esta em cima de um ca-
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Emilio Campi Colaboradores:
Adelina Campi, Ezequiel dos Santos e Fernando A. Trocole Os artigos assinados são de inteira responsabilidade de seus autores e não refletem a opinião da direção deste informativo
minhão por conta dos poucos sobreviventes que aqui amarraram seu coração. Ubatuba para estas pessoas de coração é o luxo que “aquelas” pessoas não podem pagar. É a vida que Deus lhe deu. Tem muita gente constrangida quando ouve e vê a verdade, começam a se debater, irritar e buscar formas escusas de fazer as coisas acontecerem, mesmo que machuquem alguns, pois o luxo é seu único objetivo. Ubatuba é um dom de Deus, a natureza é o luxo que todos queriam ter. Sua história é o recheio que faltava neste maravilhoso lugar. Porque é que as coisas não mudam então? Será que ainda tem gente que pensa que quanto pior, melhor para o luxo... deles é claro. Se existe união parece ser só do açúcar, mas dá para mudar: de postura, de caráter, de lado (o bom, é claro), de opinião e trabalhar para um único objetivo: Ubatuba. Quem quer mudar pensa no luxo que Ubatuba merece, e quem não quer, olha apenas o próprio umbigo, esse deveria estar no lixo. São tempos de mudanças, há males que vem pra bem! Emilio Campi Editor
Total de R$ 13.500,00 arrecadado conforme livro de Ouro aberto para tal, em mãos da Sra. Maria Cruz, para qualquer averiguação. Agradecimentos A todos os que acreditaram na idéia, e nos ajudaram a fazer a queima de fogos deste ano. Pedimos desculpas, pela exigüidade do tempo que tivemos para organizar a situação. Trabalho organizado por Cecília (Marbela), Marcelo (Revlar), Maria Cruz, com a colaboração de: Restaurante Sinha Posto Sereia Bar da Praia Bruno - Chalés Sapé Brisamar - Isaura Pousada Maranduba Condominio Aruba - Mirassol Flores Camar - Camilo Boemio - Salete Quiosque Gaucho Teluo Inai - Esquisitinho Denilson - Carrinho Moises - Carrinho Emilia Vinicius Bel - Tererê Brian Cecilia - Marbela Ricardo - Geladeira Ref. União Conceição Maria Cruz
Fernando - Sorveteria José Carlos - Ondas do Mar Celia De Roupas Palmar Marcio - Flora - Kiosque 27 Chales Four Seasons Chales Oktopus Kanemar Marcelo ReviLar Manoel Silva mar Mar Virado Pousada Comercial Blessa Lojão do Sertão Quitanda Maranduba Chalés Lorrana Helio Fernanda - Jardim do Mar Lourdes Recanto Maranduba Soga Hotel Maranduba Emilio Pousada Kaliman Gustavo Praia e Pesca Giovana e Rogerio Frediani Marcio Camarão Joel Helio B Santos Chalé - Lohanna Jardim do Mar - Fernando Recanto Soga Recanto Soga Maranduba Osmar U Lima Marlene Graf Condominio Maranduba Recanto Maranduba Condominio Jequitibá e outros Hidrel --------Cecilia Revilar
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Projetos de Frediani em defesa da moral, ética e meio ambiente tem veto do prefeito derrubado pela Câmara Municipal Numa sessão ordinária acalorada, o prefeito municipal havia devolvido a Câmara Municipal projetos em defesa do meio ambiente, do resgate dos valores éticos e da saúde. Todos foram derrubados pelos vereadores na última terça, dia14 de fevereiro. Na pauta havia ainda outros projetos de autoria da atual administração que causaram discussão e até preocupação dos vereadores presentes. Os vetos, quase todos com textos de mesmo teor e conteúdo, chegaram a causar indignação de alguns vereadores. Frediani se indignou ter um projeto que fala de Resgate de Valores Morais, Sociais, éticos e culturais no Município negado pelo prefeito. O Programa deverá envolver diretamente a comunidade escolar, a família, lideranças comunitárias, empresas públicas e privadas, meios de comunicação, autoridades locais e estaduais e as organizações não governamentais e comunidades religiosas, por meio de atividades culturais, esportivas, literárias, mídia, entre outras. O projeto prevê firmar convênios e parcerias articuladas e significativas,
com Órgãos Governamentais e sociedade civil, para a plena execução no cumprimento das ações e seguintes objetivos: promover o resgate da cidadania, o fortalecimento das relações humanas e valorização da família, da escola e da cultura como um todo. O projeto visa à reflexão sobre a necessidade da revisão dos valores morais, sociais, éticos e espirituais. No texto do veto o projeto foi comparado ao Programa Leve Leite. “O leite a pessoa leva, é uma situação física, que pode acarretar despesa, o programa trata de valores que serão instituídos, é um programa educacional para que as nossas crianças tenham maior discernimento de saber com melhor clareza o que é certo ou errado, para mim o prefeito que deveria dar o exemplo é contra o projeto, é o fim do mundo ser contra a estes valores”, desaba Frediani, autor do projeto. Outro projeto que veio com decisão contraria do prefeito foi a que autoriza o executivo a criar o Programa “Olho D’água”, que trata da identificação, catalogação e preservação de nascente de água
no Município. Para Frediani é uma ferramenta para podermos discutir com governos e interessados políticas públicas em preservação da água. “Com estes dados temos como proteger o pequeno que tanto cuida das nascentes, não é só criar mecanismos punitivos, é criar ferramentas que possibilitem vantagens a população”, comenta o autor do projeto. Frediani fala ainda que Ubatuba não possuí o número e muito menos a localização exata das nascentes. “Ubatuba tem nascentes em todos os lugares, temos que saber onde elas estão para trazer investimentos e não problemas a cidade”, discute Frediani. Outro importante pedido de Frediani aprovado foi o Requerimento 02/12 que trata de informações sobre experiências bem sucedidas no trato e na devolução da dignidade a moradores de rua. Frediani solicita ao governador da Bahia, Jacques Wagner, informação sobre o Programa Qualifica Bahia que formalizou ações que capacita moradores de rua, oferecendo inclusão social e recuperação da dignidade. “É um trabalho espetacular, foi a forma en-
contrada por aquele governo para tratar do moradores de rua daquela região, vem dando muito certo, tanto é que
muitos empreendimentos tem contratado mão de obra indicados por aquele programa”, finaliza Frediani.
Produtores culturais e musicais visitam quilombo no carnaval Desde o último sábado até segunda de carnaval estiveram acampados no quilombo Caçandoquinha vários atores ligados ao movimento artístico da negritude nacional. Dentre eles representantes da agencia cultural Solano Lopes, o rapper Du Guetto, Sarau do Brito, Sarau da Vila Fundão, da Luta Popular e da Banda Som D`Zion. Entre eles o engenheiro florestal Clodoaldo Cajado
que conhece bem a história de lutas e conquistas daquele território. A excursão foi organizada por Junior, produtor cultural e musical da capital paulista e voluntário das causas do movimento negro. A proposta também foi mostrar o potencial para as excursões etnoculturais a serem realizados neste quilombo. Cajado fala de uma proposta de turismo diferenciado ligados
ao Turismo de Base Comunitária onde a cultura está muito presente, além da preservação das praias. Para muitos que nunca haviam pisado em nossas areias foi uma experiência maravilhosa e muito produtiva. A equipe pretende voltar para trocar mais informações e trabalhar de fato o turismo que tanto esta comunidade merece e precisa para preservar sua história, cultura e dignidade.
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Cetesb multa Sabesp e prefeitura por danos ambientais na cidade SAULO GIL A Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb) emitiu recentemente duas multas “pesadas” contra a Prefeitura de Ubatuba e contra a unidade da Sabesp no bairro das Toninhas, por danos ambientais. Apesar de serem ocorrências diferentes, somadas, as autuações ultrapassam o valor de R$ 200 mil. A multa mais alta foi aplicada à prefeitura de Ubatuba por problemas nas instalações e na operação do transbordo do lixo municipal. A penalidade da Cetesb foi estipulada no valor de 8 mil Ufesp, o que representa cerca de R$ 145 mil. As infrações foram constatadas durante vistoria de rotina no local. De acordo com relatório da Cetesb, verificou-se problemas nas instalações, como a falta de cobertura, além de falhas na operação da estação. “Constatou-se operação inadequada do Transbordo de Resíduos Sólidos Domiciliares, com lançamento de chorume atingindo o corpo d`água local, devido à obstrução do sistema de drenagem de percolados. Também foi constatada a ausência de cobertura com telhado da área de transbordo, podendo tornar as águas e o solo impróprios, nocivos à saúde, à fauna e à flora, causando inconvenientes ao bem-estar público, bem como às atividades normais da comunidade”, disse a nota da Companhia. Para a solução dos problemas apontados, além da multa, a Cetesb emitiu documento com exigências técnicas a serem tomadas pela prefeitura e ressaltou o risco de autua-
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ções mais graves. “É necessário adequar as instalações da Estação de Transbordo de Resíduos Domésticos, conforme Projeto licenciado pela Cetesb, sob pena de aplicação das demais sanções legais”. Os representantes da prefeitura informaram que a obra para sanar os problemas já foi licitada. Segundo técnicos da Cetesb, foi apresentado um cronograma de trabalhos prevendo a instalação de cobertura com brevidade. Já a multa aplicada à Sabesp ubatubense, por problemas na ETE Toninhas, foi um pouco mais branda: 4 mil Ufesp, ou cerca de R$ 70 mil. A autuação foi emitida após a realização de uma vistoria motivada por reclamação da própria população, que alegou mau odor no rio do bairro, próximo à Estação. Durante a visita de averiguação, constatou-se problemas de operação, inclusive, com risco de o dano ambiental ter se estendido até a Praia das Toninhas. “Foi verificada a operação inadequada da Estação de Tratamento de Esgotos, ocasionando o lançamento de resíduos (lodo) e espuma, pelo
efluente final lançado ao corpo d`água, alterando a coloração das águas e atingindo a Praia das Toninhas, podendo tornar as águas impróprias, nocivas à saúde, inconvenientes ao bem-estar público e às atividades normais da comunidade”. Como exigência a Cetesb determinou à Sabesp que a Estação de Tratamento de Esgotos do Bairro deverá ser operada adequadamente, conforme o projeto licenciado pela Cetesb, de forma a manter as características do efluente final dentro dos padrões de emissão estabelecidos pela legislação vigente. Apesar dos problemas contatados no início do ano, em vistorias posteriores, realizadas em 23 de janeiro e 2 de fevereiro não foram constatadas irregularidades na ETE Toninhas. No último dia 8, Cetesb e Sabesp promoveram uma reunião para discutir os assuntos relacionados à solução efetiva dos problemas constatados. A Sabesp informa, através da Assessoria de Imprensa, que a empresa ainda não foi notificada para tomar as devidas providências. Fonte: Imprensa Livre
Moradores indignados com mortandade de peixes
No último dia sete de fevereiro, moradores da Maranduba acordaram com uma triste surpresa. O Rio do Boi mostrava a cores e ao vivo uma mortandade de peixes nunca vista ainda neste século. Moradores seguiram o rio até o ponto mais provável da causa da mortandade. Os peixes mortos se espalharam pelas laterais do rio e também nos bancos de areia acima do trecho da ponte de acesso ao Sertão do Ingá. Naquele dia o rio estava com um odor insuportável e sua coloração era próximo ao negro. No local havia muita espuma comenta populares que lá estiveram. Alguns dizem que haviam caminhões limpa fossa circulando o local, mas não souberam informar se despejavam a sujeira no rio. Nas ruas próximas ao local também é possível observar canos enterrados que levam os dejetos de residências e chalés, sufocando ainda mais o rio. Ë grande o numero de casas que não possuem rede de esgoto e captação de água, o que agrava ainda mais a situação da qualidade dos rios. Subindo o Rio Maranduba infelizmente é comum, principalmente em épocas de temporada, observar canos jogando líquidos sujos no
rio em plena luz do dia. Não é a primeira vez que moradores da região vêem uma cena deprimente como esta. Nos rios do sertão da Quina e do Araribá foram levantados mortandades de peixes antes do inicio da temporada. Moradores contam que os camarões e peixes ficam atordoados como se o rio estivesse sem oxigênio, parece que despejavam algo que não deviam diretamente no rio. No Araribá também houve reclamação sobre esta pratica, onde os peixes ficavam na flora da água e os camarões e caranguejos subiam as pedras e os bancos de areia para se livrarem daquele mal. O vereador Rogerio Frediani encaminhou fotos e documentos a Policia Ambiental e a Cetesb solicitando providencias quanto ao caso. Até o momento não obteve resposta. Os moradores de bem da região encontram-se mais do que indignados, encontram-se irritados com tamanha covardia. Com uma rica área de água ainda existente em nossa região, faz-se necessário um trabalho eficaz e permanente para evitar e conscientizar os poluidores que trazem problemas a eles próprios podendo enfrentar a justiça por este mau hábito.
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Ubatuba tem o imposto mais caro do estado De acordo com uma recente pesquisa do Creci-SP (Conselho Regional de Corretores de Imóveis de São Paulo), os imóveis usados de Ubatuba têm o metro quadrado mais caro do Estado de São Paulo. O metro quadrado custa R$ 7,5 mil nas casas de quatro dormitórios de bairros da área nobre. Para fazer o levantamento, o Creci-SP pesquisou valores em 1.617 imobiliárias de 37 cidades do Estado. Para se ter uma ideia, apenas em nível de comparação, Bauru é a cidade paulista com o metro quadrado mais barato entre as 37 pesquisadas. Segundo o Creci-SP, o metro quadrado das casas de dois dormitórios localizadas em bairros da região central da cidade foi vendido pelo valor mínimo de R$ 333,33 e máximo de R$ 1 mil. A empresária Teru Gonçalves Ikegami disse estar horrorizada e que ficou assustada ao receber o carnê do IPTU neste ano. “Estou horrorizada! Meu IPTU chegou e estou inconformada! Me cobraram taxa do lixo lote 19 R$ 621,38, lote 18, R$ 879 mais R$ 121 de taxa da limpeza. Em 6 anos que estou no meu estabelecimento, nunca limparam a frente da minha loja!. Sou eu e meus companheiros de serviço que carpimos, jogamos produtos para o mato, porque se eu depender da prefeitura, a minha loja vira uma “selva”. Isso é um roubo. Nem adianta me pedir voto pois não voto em mais ninguém chega de roubalheira estou cansada!”, disse a empresária que é do ramo automotivo. Segundo o coordenador do Grupo de Pesquisas do Conselho Regional de Corretores de Imóveis, técnico em Tran-
Praia da Maranduba: o IPTU alto é recolhido mas não retorna com as benfeitorias necessárias
sações Imobiliárias e diretor Comercial da Gobbo Imóveis em Ubatuba, Ozéias Amaro de Oliveira, muitos são os questionamentos do valor do IPTU (Imposto Predial Territorial Urbano) em Ubatuba. “Não bastasse isso, esse ano os contribuintes foram surpreendindidos com o recebimento do Carnê para pagamento em dez parcelas com reajuste no importe de quase 7%. As dúvidas quanto aos lançamen-
tos é de que não se sabe do porquê o valor atribuido num imóvel de classe alta é praticamente o mesmo lançado em outro de classe baixa. Praticamente não há diferença, o que não deveria ser uma vez que o imposto deveria ser lançado de acordo com a capacidade contributiva do contribuinte, localização e estado de conservação do imóvel”, diz Amaro. Amaro afirma que o IPTU de Ubatuba é considerado um do
mais altos do Estado de São Paulo e não é por acaso que se pensem assim. “Para se ter uma idéia e reforçar essa afirmativa, fiz uma pesquisa em Taubate com imóveis que possuem terreno em média de 310,00m2 e área construída de 200,00m2 (em área nobre) tem seu imposto anual atribuido em R$ 939. Já em Ubatuba, esse mesmo valor é atribuido há um imóvel de classe baixa, qual seja em
meio lote com área de terreno de 160,00m2 (meio lote) e área construida de 75,00m2 tem seu imposto anual lançado em R$ 905 no final do bairro do Pereque-Açú. Sem dúvidas, é preciso refazer esses lançamentos pois, os contribuintes querem pagar seus impostos num valor justo, porém, os lançamentos são exorbitantes comparando com outras cidades da região”. Fonte: ACIU
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Staff das causas quilombolas são fundamentais na devolução de terras a Cafundó EZEQUIEL DOS SANTOS No último dia 2, quinta-feira, o staff das causas quilombolas do estado de São Paulo encontrou-se numa das maiores festividades de reconhecimento e entrega de títulos a uma comunidade quilombola neste estado. O encontro foi na comunidade do Cafundó, comunidade quilombola situada em Salto de Pirapora, no interior de São Paulo. No local existem pouco mais de 100 pessoas pertencentes a 24 famílias de descendentes de escravos. Estiveram Mario Gabriel do Prado, Coordenador da Federação Quilombola do Estado do Estado de São Paulo e Presidente da Tucanafro de Ubatuba, Antonio Antunes de Sá, Presidente da Associação União dos Morros (quilombo Caçandoquinha), membro do Conselho Estadual da Comunidade Negra e Indígena da Secretaria da Justiça estadual, da Tucanafro de Ubatuba, representantes da Assembléia Legislativa, advogados e o Sr. João Bosco do Instituto Luiz Gama, Maria do Carmo do Rio da Prata, Dona Maria da Caçandoca, Wagner Alexandre Coordenador de políticas para juventude da federação e membro da Tucanafro de Ubatuba, políticos locais e lideranças comunitárias daquela região. A festa foi por conta do resultado de uma reintegração de posse promovida pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), que devolveu aos quilombolas 122 hectares de terra que haviam sido tomados ao longo das últimas quatro décadas pela ação de grileiros. A Federação, o Instituto Luiz Gama e o Conselho estadual haviam mantidos, nos últimos
Membros do Instituto Luiz Gama, Dr Camilo, Dr Silvio, Mário Gabriel da Federação, João Bosco e representante da Assembléia Legislativa
anos, discussões acaloradas junto ao ex-superintendente do INCRA. O atual superintendente regional do Incra-SP, José Giacomo Bacarin, explica que as terras passam imediatamente ao controle da Associação Remanescente de Quilombo Kimbundu do Cafundó.
“Foram idas e vindas ao Incra pra cobrar os direitos de nosso povo” Mario Gabriel
“Toda questão que envolve terras demora muito para ser resolvida no Brasil, mas neste caso conseguimos um desfecho justo. Essa é, no entanto, apenas uma vitória”, afirma. “Existem 45 comunidades de descendentes de escravos no estado de São Paulo e algumas delas nem sequer têm a titula-
ção de comunidade quilombola ainda. Nessas áreas, os conflitos com os grileiros são constantes”, complementa. As negociações na qual participaram os integrantes de Ubatuba e o Instituto Luiz Gama foram decisivas para este desfecho positivo. “Foram idas e vindas ao Incra pra cobrar os direitos de nosso povo”, desabafa Mario Gabriel da federação. “Há seis meses coloquei o Presidente do Conselho estadual, Antonio Zito, cara a cara com Regina Aparecida Pereira, uma das líderes da comunidade, naquele momento percebi que a conversa havia sido muito produtiva”, relembra Antunes do Conselho estadual. Na ocasião, os membros de Ubatuba foram destaque nas filmagens e entrevistas realizadas pela TV TEM, afiliada da Rede Globo na região de Sorocaba e Jundiaí A federação foi instituída num evento histórico na Caçandoquinha e que de lá para cá foram varias articulações e conquistas passo a passo.
O FORMA - Programa de Formação para o Emprego e Renda de Ubatuba é uma iniciativa da Associação Comercial de Ubatuba- ACIU em capacitar pessoas maiores de 16 anos. O programa oferece cursos gratuitos de Técnicas e práticas em vendas, Atendimento ao cliente, Garçom, Matemática básica e financeira. As aulas são ministradas sempre de 2ª à 5ª feira na sede administrativa da ACIU. (Exceto os cursos de Matemática que sempre acontecem no Colégio Dominique) As turmas da manhã são sempre das 9h00 às 12h00, da tarde das 14h00 às 17h00 e da noite das 19h00 às 22h00. As entregas dos certificados sempre são realizadas no fim do mês com uma confraternização. As inscrições são gratuitas e deverão ser feitas pessoalmente da ACIU: Rua. Dr. Esteves da Silva, 51- Centro. As vagas são limitadas. “Todos nós que vivemos em Ubatuba sabemos que a cida-
de precisa criar mais desenvolvimento, mais empregos e oportunidades para a população. Diversos setores da cidade precisam avançar como o turismo, comércio, indústria. Precisamos trazer novos investimentos, novas empresas, mas precisamos também capacitar profissionalmente as pessoas, para que possam aproveitar as vagas hoje existentes e as novas oportunidades que pretendemos criar. Isso é importante porque muitas pessoas tem a chance de um novo emprego, mas não tem formação ou treinamento necessário”, diz o idealizador e diretor do FORMA, Alfredo Corrêa Filho. O presidente da ACIU, Ahmad Khalil Barakat contou que a ACIU sempre se preocupou com o assunto e está iniciando esse novo programa para que resulte em mais empregos para Ubatuba e mais oportunidades para todos. Inscreva-se: Telefone (12) 3834-1449 imprensa@aciubatuba.com.br
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O bom filho a casa retorna
Na escola nossa simplicidade era uma redação
Com larga experiência no ramo de farmácia, Darci Ribeiro da Silva, 58 anos, volta a Maranduba depois de passar por um período difícil da sua vida. Trabalhando em Caraguatatuba e após três anos de luta contra um câncer, passado por uma cirurgia, vence a batalha e “graças a Deus” retorna são e salvo onde tudo começou. Diferente do xará e antropólogo famoso, nosso Darci não se enveredou pela política, mas fez de sua boa vontade e dedicação uma política pública de qualidade no atendimento as pessoas quando aqui chegou. Nascido em Itapetininga começou a trabalhar no ramo aos 13 anos, depois veio Caraguatatuba e por incentivo do casal Sena e Clemente, há 38 anos, abriu o 1º “Posto de Medicamentos” da região. Depois virou “Pharmacia”, quando os remédios eram manipulados em recipientes de vidro, médico naquela época era uma raridade. Saudoso também ele confessa da sua felicidade de ser recebido de braços abertos pelos amigos e clientes. Fala da satisfação de quando a praia era deserta, apenas os pescadores habitavam o lugar, de quando ia a pé ou de bicicleta atender as pessoas, desde o Corcovado, passando pelo Bonete, indo a Caçandoca,
CRISTINA DE OLIVEIRA Era normal ver aqueles coleguinhas com sacos de arroz “Ki-Jóia” como mochila, dentro dele uma pequena embalagem de cuecas ou calcinhas para guardar os toquinhos de lápis, que tinham borracha de tampinha que encaixavam na parte superior do lápis e apontador de ferro, que por vezes nos acompanhavam no castigo atrás da porta. O estudo era sério, a professora era autoridade, era modelo de lisura, sabedoria, era nela que espelhávamos como vestir e se comportar. Na minha época nem todos sabiam o que era redação, mas sabíamos fazer e bem feito. A professora nos perguntava como era a nossa vida e muito, em nosso mundo, se assemelhava a cartilha “Caminho Suave”. Depois era só passar para o papel de pão. Um dia contei a ela que gostava de acompanhar minha vózinha lavar roupa no “ribeirão”. Ela esfregava, batia nas pedras e deixava para “coroar” no sol, depois lavava bem e punha na bacia, enquanto isso, eu, pequena, ía caçando camarão debaixo das pedras. Ela estendia a roupa no varal que era amarrado entre um pé e outro de goiabeira e com o tempo a roupa ia secando, cheirosinha e limpinha. Meu quintal era ladeado por um pomar. Entre as fruteiras, as flores de mamãe eram tantas e tão bonitas quanto eu podia avistar. Gostava de dias de chuva, era a oportunidade certa para nadar no rio, o tronco de bananeira era nossa bóia, descíamos a correnteza até mamãe nos chamar, desenhávamos o olho de boi no chão do quintal pra parar de chover, já que com sol e rio cheio a
chegando ao Massaguaçu. “Muitos clientes na época me pagavam com galinha caipira, peixe e farinha, não tinha luz na rua, apesar da dureza eram tempos bons”, comenta Darci. Relembra também da saudosa Maria Balio que emprestou um canto ao lado do confessionário da Capela da Maranduba para atendimento ao público e venda de medicamentos, foi la que começou. Naquela época era comum ele receber presentes como a Folia de Reis. De 1975 a 1982 foi dirigente, técnico e quase jogador do Esporte Clube Maranduba. De volta a terra natal, por assim dizer, relembra nomes de um passado glorioso e de incentivadores como Maria Balio, João Oliveira, João Zacarias, Antonio Pereira, Zezinho Balio, Maria da Caçandoca, Manoel Rosendo, Dona Renata da Cachoeira, Rogério Frediani, Maria Pia, Argemiro Parizzoto, Natanael, Chico Romão. “Não dá pra lembrar-se de todos, mas foi muita gente que conheci”, finaliza Darci. Pode-se dizer que é um homem privilegiado por ter conhecido a região da Maranduba como poucos e que pode desfrutar de sua mais bela pureza. Seja bem vindo Darci. A família Maranduba está feliz com seu retorno.
gente aproveitava mais. As laranjeiras ao abrirem as flores embelezavam o entardecer, seu perfume era um presente. Quando a lua banhava minha casinha, a lenha já crepitava no fogão e o mais importante do dia era no radio: a hora da Ave-Maria, ao lado um copo de “água benta”. Ao brilho da luz de lamparina meus pais se recolhiam. Víamos o vai-e-vem das lagartixas até o sono nos embalar... A professora pedia mais. “E aí?”, perguntava ela curiosa. “Fessora, lá pelos lados do “capoeirão”, tinha um “córgo” d’água donde a “sapaiada” fazia “orquestra”, os grilos, se entusiasmavam e começavam a cantoria. Meus pais diziam que os sapos estavam fazendo canoas, a gente pensava, mas a esta hora da noite? Com a lua “tão brilhosa”, o “Curiango” e o “Arutau” mostravam seu canto saudoso, fazendo a gente ficar quietinha pra não deixar de admirar. Ouvia-se permanentemente o som da água que descia pela bica. Vez ou outra ouvia-se ao longe o latido de um cão perdigueiro “cilando” uma caça. Eu e minha irmã, em nossa cama de madeira, com cobertor de esteira sonhávamos com o outro dia. É que pela manhã iríamos enfrentar uma pequena estrada, entre o capinzal e o cambará, com flores tão cheirosas, para ir a escola no Sertão e “contá”, se ela pedir, tudo pra” fessora”. Um dia fui toda prosa a escola, havia ganhado um tamanquinho de madeira, lá ía eu “toc-toc” me sentindo “toda-toda”. Eu gostava de ajudar a professora no mimeógrafo, era bom aquele cheiro de álcool no papel. Na escola descobri o valor da simplicidade,
nossos desenhos eram ricos em detalhes, os trabalhos fazíamos a mão, a leitura era realizada com satisfação, o melhor da sala, declamava em frente ao mastro da bandeira do Brasil. As notas enchiam nossos pais de orgulho, fazendo com que todo o esforço deles de fato valia a pena. O que posso dizer que eu e meus irmãos formos criados na simplicidade, aonde o sentido de valor significava outra coisa. O maior dos dons era o amor incondicional, daquele que não se troca por cheque, cartão, viagem ou roupa nova. Este valor era moralmente respeitado e reconhecido por todos, alunos, professores, pais e comunidade. A nossa simplicidade e a observação do mundo real nos fazia bons de descrição. Nossos mestres aprimoravam nosso conhecimento. Acho que talvez gostassem de fato de serem professores e nós de sermos alunos deles. Com o tempo aquela oportunidade de descrever, tanto no papel, quanto na oratória, me fizeram mais observadora, mas para um mundo real, daquele perceptível ao toque, ao cheiro, aos sabores. Faça um teste, um simples teste: Você já abraçou alguém hoje? Qual foi a sensação? Se não sentiu nada, ou não sabe o que sentiu realmente você continuará a escrever a redação da vida dos outros e nunca terá nota boa, pois, como no mundo real, você só sabe o que acontece no mundo virtual e com as coisas mundanas. Pra mim a redação nunca teve regra e sim sentimentos verdadeiros que foram explorados com a ajuda de meus primeiros mestres.
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Praia Mansa – recanto divino do litoral paulista EZEQUIEL DOS SANTOS Partindo do bairro da Tabatinga (Barro Branco), com média de duas horas de caminhada pela estrada da Figueira, depois até canto esquerdo da Praia da Ponta Aguda alcança-se uma trilha centenária. Mais 20 minutos chega a este pedaço do paraíso - A praia Mansa. Pelo mar também é possível chegar ao local. Esta praia está bem de frente a Ilhabela e é comum avistar em épocas de férias e temporada um número significativo de lanchas de recreio lá fundeadas. Suas águas são transparentes e límpidas e parece ser desta cor por encomenda de Deus. Em seu interior um berçário marinho explodindo em sua biodiversidade, com seus corais e pequenos peixes é o local ideal ao aprendizado do mergulho em apnéia (sem equipamentos), também para os nadadores de final de semana, ou até mesmo os que se arriscam em suas primeiras braçadas. É possível praticar o N-A-D-A, nada para fazer, apenas relaxar e curtir paz e tranqüilidade. Ma vale o alerta, como se trata de mar todo cuidado é pouco-“Água pelo umbigo, sinal de perigo!”. O percurso, de nível médio, guarda muitas surpresas ao longo de seu trecho, existem mirantes apontando para os dois lados deste paraíso. A diversidade da avifauna regional é um atrativo a parte, no caminhar é possível perceber a diferença de temperatura em poucos metros de trilha, a flora e a fauna tão presentes. A cobertura das arvores nos presenteia, dependendo do período do ano, com folhas magníficas, frutos deliciosos e
junto a tudo isto, caraguatás, bromélias, orquídeas, trepadeiras, aves e pequenos viventes que nos observam com curiosidade. Do acesso até a Mansa, passamos pela Praia da Figueira e Ponta Aguda, ambas ainda guardam parte da pureza e a beleza nativa, conhecidas intensamente pelos antigos povos desta região e seus colonizadores. No caminho existem pontos de abastecimento de água doce, fresca e pura. Adiante, por entre as brechas das arvores, pontos estratégicos de observação. Um deles é possível avistar a Mansa: pequena e bela. Após transpor a
Aguda, subindo pelo caminho centenário, muitas árvores frutíferas se misturam as samambaias de espinho. O trecho que é por cima da costeira é um tanto perigoso e necessita de cuidados específicos. O local é propicio ao aparecimento de cobras de nossas matas, por isso se faz necessário o acompanhamento de um guia local, principalmente os inseridos no Turismo de Base Comunitária. O som das ondas batendo nas pedras contrasta com as água silenciosas e rasas da Praia Mansa. Em seu entorno grandes arvores plantadas ainda no período dos
escravos nos oferecem uma deliciosa sombra. Suas águas cristalinas parecem ser de outro mundo, seu frescor e sua beleza são inimagináveis e indescritíveis. O ar respirável alimenta a alma e o espírito tanto dos aventureiros tanto dos atletas de “alterocopismo” (levantadores de copos e controle remoto). A areia é tão pura que sua coloração parece ser dourada, as conchas espalhadas pela areia, em seu lado direito, enfeitam o local como num toque divino. Ao fundo a mata que desce o paredão chega até o jundu e a areia, dentro deste trecho jabuticabeiras, bananei-
ras, bambueiros, mangueiras, coco jarobá, pindóba, jaca, abricó, araçá, mostram que o local já foi de intensa atividade, o que é verdade. Ë uma verdadeira obra de arte, parece uma pintura. No canto uma pequena água doce e vestígios de residência e flores num jardim cuidadas por mãos humanas. É tudo o que um homem de Deus precisa para repor as energias. Se não fotografar vai parecer que você sonhou, que não teve num lugar como este. Lá só não vale deixar sujeira no trajeto, na praia, tirar plantas, porque o resto é desejar a você bom passeio!
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Pequena no tamanho e grande na História Com apenas cem metros de extensão, é um daqueles recantos possíveis de observar, sentir que tem algum segredo no ar. O local se manteve belo por estar parado no tempo. Inegavelmente sua beleza mostra vestígios de rotas das antigas fazendas da região, ainda do período do império. Partindo da Praia Mansa até ao canto bravo da Lagoa, existe um caminho de carroças carregadas de café, que vinham da Praia do Simão, da Fazenda da Lagoa, do topo da serra (divisor de águas entre Tabatinga-Lagoa) para todo interior, Santos, São Sebastião do Rio de Janeiro, Bahia, demais portos do Brasil e também à Europa. Praia Mansa ainda é selvagem, pouca explorada, mas nos mostra cicatrizes de um passado recente. Calma e relaxante não reflete o estado de espírito do povo lá morou, viveu e trabalhou. O caiçara Henrique Mesquita, 76 anos, nos conta que havia muitos caminhos às varias fazendas, principalmente para o transporte do café, muitas delas a natureza se incumbiu de escondê-la, mas ele lembra onde estão. Pela tradição oral, dizem que o mais antigo e último morador daquele local foi o negro José Cardoso, conhecido como Zé da Lagoa. Filho de escrava com português, lá viveu e faleceu em 1961 aos 125 anos. Quando o navio Príncipe das Astúrias afundou em Ilhabela, um corpo encalhou na Mansa, Zé da Lagoa tratou logo de avisar o pessoal. Ele contava que se tratava de um homem alto, branco, por volta de 45 anos, tinha um grande anel de ouro na mão esquerda e um cinto incomum. Os moradores da
redondeza não mexeram no cadáver que foi levado a Santo Antonio de Caraguatatuba. Lá as autoridades descobriram que de fato se tratava de um passageiro do navio, logo após nada mais foram informados sobre o “branquelo” que apareceu na praia. O local abrigava vários ranchos de canoa, pelo menos três cercos havia no local: o de Luiz Passos, de Eduardinho e do Acácio. Certa vez, “davam uma redada” (puxavam rede) no local os pescadores Reginaldo Quintino e Mané Barbosa, quando na rede ficou grudado um peixe meio amarelado, que eles nunca haviam visto, balançaram a rede e dizem que este entrou pela areia, passou pelo jundu e foi em direção a terra. Mesmo assustados os pescadores foram saber do que se tratava, mexeram com a ponta do remo onde terminava a marca do “tatu-de–escamas” por assim dizer, descobriram, em dez metros depois da areia, ossos de um passado muito distante, o local tinha a característica de um antigo cemitério. Muitos fizeram roça de subsistência por ali, um deles foi Aristides Benedito dos Santos que plantou de tudo. Embora fosse dura a vida dos moradores daquela região, havia de tudo. Seu Henrique relembra que quando menino ainda ouvia os conselhos de Dona Maria Francisca de Jesus. Ela era parteira da Praia da Lagoa e esposa de Sebastião Custódio, encarregado da fazenda. Ela dizia: “Qsintão! Qsintão! Vai chegar um tempo em que o dinheiro não vai ter mais valor. O povo hoje planta 5 litros de feijão e colhe dez “arquere” (alqueires), um dia vai plan-
tar um litro e não vai colher nada!”, talvez se referindo as normas que beneficiaram apenas ao excesso da especulação de terras, a quebra da cultura regional, legislação ambiental restritiva e não produção das roças remanescentes. Neste período eram raros os médicos na região, mas num período negro da história vieram alguns de Santo Antonio vacinar o pessoal no combate a “maleita” (malária). Nesta época muitos conheciam a injeção pela primeira vez, não foi uma boa experiência, já que muitos no momento da aplicação pediam ao “dotô que parasse de espetá a bunda”, realmente não foi uma primei-
Fotos: Grupo de Observadores de Aves da Região Sul
ra experiência muita agradável. Lá faleceu Maria Pretinha, Maria Antunes de Sá, mãe de Dolores da Mata, ela foi colocada numa canoa grande e levada até a Ponta Aguda, de lá foi até Santo Antonio para ser sepultada. Outros dizem que no tempo do rancho do Acácio, um pescador de nome Dito Garcez havia ficado no rancho fazendo a comida aos companheiros, um dado momento ficou só e via ao longe, vinda da Ponta Aguda, uma luz que se movia acompanhando o balanço das ondas próximo a costeira. A luz foi chegando perto e entrou na praia onde estava Garcez, ele assustado se
conteve silenciosamente por entre os petrechos de pesca. A luz rodeava o local de derrubava as coisas que lá estava. Ela só sumiu quando os companheiros chegaram da lida e puderam ver a baderna deixada pelo objeto estranho. O local guardou o ranchos dos pescadores Erundino, Januário Luiz-pai, Luiz Januário-filho, Antonio João de Oliveira (Antonio Barra Seca), dentre muitos outros que se fartaram do que a natureza lhes oferecia e em troca guardavam seus segredos e cuidavam deste meio ambiente. Cem metros de praia que escondeu muita história e ainda falta contar muitas delas.
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A pesca do “cerco” como extensão da vida do caiçara EZEQUIEL DOS SANTOS Desde muito tempo, desde que o homem se lembre de exercer alguma atividade existe a pesca. Ela sempre fez parte de nossas culturas, não só como fonte de alimento, mas também como modo de vida, fornecendo identidade a inúmeras comunidades de que conhecemos. A Bíblia traz bons exemplos das citações desta atividade, ela tem várias referências à pesca e o peixe tornou-se um símbolo dos cristãos desde os primeiros tempos. Querendo ou não, São Pedro, o primeiro Papa, virou protetor destes trabalhadores. Uma cultura artesanal que vem morrendo é a da pesca do cerco flutuante, o dito “proteção ambiental” é um dos fatores de maior desistência da atividade e punição destes trabalhadores, suas famílias e sua cultura. Algumas variantes da rede de emalhar deram origem às redes de cerco flutuante que tem como característica principal sua estratégia para cercar os peixes. Esta técnica esta relacionada à preservação de espécies de pescados e a cultura de vários povos no mundo, cada lugar tem seu jeito particular de trabalhar, mas a grosso modo o principio é o mesmo. Segundo o caiçara quilombola Horácio Marcolino, 65 anos, sendo 35 deles só no cerco da Ilha Anchieta, as redes são montadas de maneira com que os peixes passem por uma pequena entrada que se afunila até chegar a um grande círculo, o “sacadô”, como diz Horacio, cercado por uma grande rede. Essa forma de pesca é considerada uma das menos agressivas ao meio ambiente, pois os peixes menores passam pelas
malhas e quando entra uma tartaruga os pescadores conseguem tirá-las sem nenhum ferimento, isto é um verdadeiro manejo sustentável, já que existe a possibilidade de separar os peixes manualmente, com isto há a possibilidade de devolvê-los, se for o caso, vivos ao mar. Para o pescador tirar os peixes do cerco é necessário apenas recolherem as redes, com isso vão acurralando os peixes até que eles fiquem totalmente no sacadô, de onde são jogados para dentro da canoa. Horácio fala ainda que para colocar o cerco na água cinco pessoas e duas canoas dão conta do recado. “Usei muita ancora caiçara em minha vida, são feitas de galhos de arvores e pedras, que no ponto escolhido “nóis” pinchava ela na água, mas tinha jeito de jogar, senão ela não tinha serventia nenhuma”, comenta o pescador quilombola. Historicamente a pesca e a agricultura forneceram a esta população, além de alimento, única fonte de economia. Portanto uma cultura rica ligada diretamente ao manejo da terra e da água, seguindo o calendário natural e religioso. Mas quando veio cerco para Ubatuba? Um relatório técnico-científico, intitulado “A Pesca de Cerco Flutuante na Ilha Anchieta, Ubatuba, São Paulo, Brasil”, realizado pelo Instituto de Pesca em Ubatuba conta que o cerco veio a Ilhabela por volta de 1920 trazidos por imigrantes japoneses, depois se espalhou por outras praias e restantes do Brasil. Moradores antigos contam que no inicio havia a hegemonia dos japoneses, que a partir da segunda guerra foram proibidos de exercer as atividades. Muitos caiçaras assumiram esta tarefa, praticando a pesca
Seu Horacio diz ter “sodade” desta atividade. Abaixo esquema de um cerco.
do cerco no lugar dos japoneses. Depois do fim do conflito mundial, devolveram aos seus verdadeiros donos, destes uma grande parte se tornaram sócios e bons amigos. Seu Horacio diz ter “sodade” desta atividade. Segundo ele, não sabe fazer mais nada a não ser pescar e que sua vida se resume ao cerco flutuante. Foi nesta lida que criou sua família, fez amigos e aprendeu uma profissão. Ele lembra bons momentos e nos diz que já chegou a pegar oito toneladas de peixe galo num cerco. Uma tintureira (cação) de 280 quilos também faz parte desta história de vida. Conta que contou com três pessoas para domar a fera. Isto que dá estar na hora certa e local certo e descobrir que estes homens simples foram e são verdadeiros heróis de nossa tradição. Esta matéria é fruto de “um dedo de prosa”, com um homem considerado biblioteca
ambulante, que reflete a sabedoria, a vontade e a necessidade de preservar a rica cultura do litoral. Seu Horacio faz parte de um seleto grupo de etnoprotetores. * * * Verificar significado da palavra “cerco” no Dicionário de vocábulos e expressões caiçaras (Pág. 13).
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Maranduba Abaré (do Tupi, “histórias de viagem por e sobre o homem branco”)
Maior espaço aliado a um melhor atendimento em ponto estratégico
Não podemos deixar morrer essa imensa história, que com os pés descalços, povos sem roupas para vestir-se e sem alimento, sem moradia, entre outros fatores. O povo de Maranduba lamenta-se o descaso e a falta de vergonha que o nosso prefeito tem para conosco. A falta de ter seus olhos voltados para o lado ruim que esta enraizada no seu sangue. Há possibilidade e espaço com certeza para o prazer de todos. Lamento enxergar o lado bom dessa história, por ser uma guerreira desde 1990, quando me entrei na faculdade de Jornalismo, hoje com apenas 22 anos de profissão, Perita, Preparadora Física, Corretora de Seguros PSIX, presidente de uma organização Não Governamental desde 1995, na segunda maior favela da America Latina, Heliópolis, além de ser mãe de uma pequena de apenas Três anos e 10 meses de idade. Ex. jogadora de futebol profissional, esquerdinha. Ex. namorada do Raí, ex, esposa do Caco Barcellos da TV Globo. E trinta anos de idas e vindas para a extraordinária praia de
Para atender melhor ao cliente Hidrel passou para um ponto mais visível e estratégico. Com 15 anos de experiência no mercado do litoral, sendo oito meses na Maranduba e três no novo prédio, o espaço possui 1.200 metros quadrados que agora comporta milhares de itens: hidráulica, elétrica. Ferragens, ferramentas, tintas, produtos para piscina e muito mais. Doze pessoas compõem a equipe de atendimento da empresa. Bem humorados e moradores da região conhecem de fato as necessidades
Maranduba, onde hoje tenho uma propriedade. Hoje busco esforços em prol a Comunidade de Maranduba que eu almejo.
Então sei o quanto a mídia esta voltada para outros pontos turísticos e nem sabe que aqui, existem refúgios maravilhosos para que o seu dia tenha plena Paz e energia. Com certeza, pretendo convidar os meus grandes e eter-
nos amigos, como Amado Baptista, Raí, Vanderlei Luxemburgo, Marcos goleiro do Palmeiras, Jorginho, Estevam Soares, Caco Barcellos, agencia produtora, que trabalha em São Paulo, somente as estrelas da musica brasileira. Somente pessoas que acredita que aqui com certeza, existem povos de luta, que cuida e ama dessa vida pacata. Fica aqui o meu eterno lamento. Quem sabe, dessa maneira o nosso prefeito não muda a sua conduta e começa a enxergar que por aqui, existem pessoas, que o trata tão bem, doando o seu voto de graça para que ele tenha uma cadeira cativa no PODER. Porque o nosso POVO, esta de olhos bem abertos e enxergando com mais clareza. Então peço não deixe que o nosso POVO, comece a repensar na HORA de entregar o seu valiosíssimo voto, com a sua assinatura de mais sagrado, na mão de uma pessoa que com certeza irá vestir a camisa rasgada e comer no mesmo prato sem ter medo de ser feliz. Luzia Ferreira / Lukanduchy
do mercado. A Hidrel faz entregas em domicílios e às vezes existem promoções que vale a pena conferir. Se você precisa de alguma peça ou material que esteja ao alcance dos fornecedores da empresa fale com o pessoal. A Hidrel possui estacionamento próprio e lá dentro tem sempre um cafezinho fresco. A beira da rodovia, o local é de fácil visualização. Com um bom atendimento vale a pena fazer uma visita, aproveite e confira os preços e a forma de pagamento. A família Hidrel está esperando você.
Página 12 Gente da Nossa História EZEQUIEL DOS SANTOS Nascido pelas mãos de parteira em 28 de fevereiro de 1933, no bairro do Rio da Prata, Venceslau Manoel de Oliveira mal sabia que seria peça importante da cultura caiçara. Considerado um dos poucos sobreviventes desta forma de viver, nos oferece em pouco tempo o mais puro espírito de grupo de uma fase de formação à consolidação dos povos do litoral brasileiro. Ele, filho de Anésio Onofre de Oliveira e Zaíra Emilia Conceição, tem seis irmãos: Valdomiro, Laudelino, Jandira, Dilma, Emilia e Maura. Venceslau fala com orgulho de seus avós Onofre Manoel de Oliveira e Benedita Conceição, primeiros proprietários de terras daquela região. Diz ele que de primeiro havia apenas um “carrero” por onde as pessoas passavam, de resto era só “prantação”. Onde hoje é a estrada existia um baita atoleiro. Quando criança aprendeu a lidar com a roça, com as criações e o mais importante com o devido respeito aos antigos. “Na minha épa todos pediam a benção aos mais velhos, acabou-se o respeito”, comenta Venceslau. De menino acompanhava os mais velhos na caça, sua primeira arma foi um bodoque, que o acompanhou por muitos anos até sua primeira espingarda. Apesar da idade, ainda é bom batedor, conhece como ninguém toda a mata da localidade. Na conversa ele aponta o inicio de uma trilha que sai na Caçandoca e encontra-se com outras trilhas centenárias da região. Para quem não conhece Venceslau ele é descendente direto dos donos daquela enorme casa de pau-a-pique que existe no meio do bairro do Rio da Prata, que segundo ele, faziam parte de 12 “arquere” de terra até o rio, tudo cadastradinho no INCRA. “Do rio pra cá é meu, fiz minha casinha e em 1952 casei-me com dona Aurora de Oliveira”, com quem tem quatro filhos: Manoel, Carlos, Flávio e Mar-
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Venceslau Manoel de Oliveira
lene. Para que o casamento acontecesse houve muitos desencontros. Ë que o pai da noiva não concordava com o casório. O pai dela, Pedro Barra Seca, no dia combinado do casamento não compareceu, as testemunhas, os amigos de os noivos frustrados tiveram de voltar, a noiva que havia caminhado todo o “carrero” vestida de noiva por entre o mato acabou indo embora com o noivo. Passados três dias chegou o recado ao noivo que o sogro ia assinar o dito documento. Foram todos ao cartório novamente, só que ao chegarem constataram que o pai dela não estava, só depois descobriram que Pedro havia assinado o documento e partido em direção a sua casa. O “home” do cartório falou que não sabia o que estava acontecendo e que, da primeira vez, teria mandado a
policia buscá-lo até a cidade para assinar o documento em Caraguatatuba. Mesmo com um inicio espinhoso em suas vidas, não existe magoas contra o sogro e sim muita admiração. Fala-nos que o sogro era um homem sem estudo, porém muito “sabido”, que chegou a ir a Brasília falar com o Presidente da República e foi ferrenho lutador contra a instituição do condomínio naquele lugar. Enfrentou muita gente poderosa e até capangas, não quis, “de jeito maneira” vender a sua parte aos ricos e como falou uma vez, morreu onde nasceu. Pedro é irmão de Leopoldo, João e Leodônio Barra Seca. Venceslau só pescou uma vez e como escorregou na costeira, nunca mais foi, tamanho susto que passou. Revela que conheceu a pessoa que “adquiriu” as terras que depois
Bom de verso e prosa
vendeu ao Condomínio Costa Verde, o senhor Carlos Lacerda. Lá trabalhou 28 anos, mesmo antes de aterrar aquele “manguezá”. Trabalhou no combate ao borrachudo, já que conhecia como a palma da mão todas as nascentes e pontos de criação da larva. Lembra de ter trabalhado com um japonês de nome Hiroshi Kamyiama, segundo ele, trabalhavam realizando topografia na região. “Era um homem muito bom, digno de todo nosso respeito, ele repartia o “armoço” com a gente”, comenta. Também trabalhou com outro japonês, um tal de Sr. Kango. Fala que além de seus pais, “de primero”, havia a Sra. Mariana e o Jerônimo Ezídio. Sobre o porquê do nome Rio da Prata ele disse que desde pequeno o local já se chamava assim e que o próprio nome
já deve explicar sua origem. Fala com satisfação dos camaradas que participavam dos mutirões, lembra do “bitirão-dijutório” pra “barreá” a casa de seu pai, que vieram vários amigos do Sertão da Quina, papai gostava muito desse povo. Seu Venceslau é um homem que não consegue ficar parado e que ainda cuida de sua roça. Mostra que a vida não era só trabalho, pois ele participava das Folias de Reis, toque de viola, bate-pé que eram sempre na casa de seu pai. Em seu canto, ao lado do fogão a lenha, relembra da época em que as praias eram quase desertas, vez ou outra apareciam algum pescador. “Os filhos respeitavam os pais e que não havia vagabundos a solta, todos podiam trabalhar, ninguém ia preso por fazer uma roça pela “florestá””, desabafa o caiçara. Lembra que nas terras de seu pai havia um Guapuruvu gigantesco, que o pescador Chico Romão queria comprar para fazer uma canoa, um “batelão”, a “floresta” foi na casa de meu pai encher o saco dele “porcausa” daquele “pédiárve” (pé de árvore). Ele diz chateado que a canoa não foi realizada, muita gente deixou de trabalhar, os costumes antigos não foram passados ao povo mais novo, os encontros não aconteceram e a arvore caiu de velha e agora não serve nem para adubo. Enquanto se conversa é possível admirar os petrechos de trabalho e observar o cuidado com as ferramentas. As roçadeiras muito bem amoladas, um quintal que conta realmente a história viva de nossa região. Infelizmente a prosa tem que ter um final, mas fica a saudade e a vontade de retornar para mais um dedo de conversa. Agradeço a Deus por esta oportunidade e a seu Venceslau que me mostrou que ainda existem bibliotecas ambulantes de nossa cultura e que como ele, muita gente tem de ser respeitada e valorizada. Obrigado por tudo seu Venceslau.
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Dicionário de vocábulos e expressões caiçaras - Parte 6
CARRêRA - (s.f. ) - levar uma carreira; levar um bronca; levar um passa-fora. CARRêRO - ( s.m.) - trilho percorrido habitualmente pela caça. “ armêmo o mundéu bem no carrêro da paca “ CARUDO - ( adj.) - do rosto grande, inchado; com a cara grande. CARUNCHO - ( s.m. ) - um tipo de inseto que corrói as madeiras e os cereais. CASá OBRIGADO - ( loc. ) casar na marra; casar porque engravidou a mulher. CASA DE FARINHA - ( s.f.) - o mesmo que aviamento. ” Ë iguá sapê. Ë iguá a casa, que eu fiz lá..., da farinha, minha”. É, lá pá frente; pá trais daquele bananá, lá é a casa de farinha ”. CASA DE MATERIá - ( s.f. ) - casa de alvenaria; casa de cimento; telhas e tijolos. CASA DE TABOADO- ( s.f. ) casa de madeira; casa de tábuas. ASQUêRO - ( s.m. ) - mesmo que sambaqui. CATERETê - ( s.m. ) - espécie de dança no fandango. CATINGA - ( s.f.) - cheiro forte e desagradável. CATINGUELê - ( s.m. ) - Esquilo brasileiro, menor que o europeu e com um tufo de compridos pêlos nas orelhas.
Caxinguelê, caitité, quatipuru, serelepe. CATIRA - ( s.f.) - espécie de dança do fandango; dança de sítio. CATUêRO - ( s.m. ) - tipo de lança com anzol na ponta, para içar peixe grande. CATURRA - ( s.f.) - espécie de banana ( banana- caturra ). CATUTO - ( s.m. ) - o ninho da vespa. CAUCULAMENTO - ( s.m.) cálculo; avaliação; previsão . “ uns quatro a cinco quilo, a gente dá um cauculamento anssim pra esses pexe “ CAUDO - ( s.m.) - caldo. CAúNA - ( s.f.) - um tipo de madeira boa para lenha. CAVA DA ONDA - ( s.f. ) - reentrância sem espumas, formada pela onda, ao quebrar na praia ou em suas imediações. CAVACO - ( s.m. ) - uma iguaria feita de massa de farinha de trigo, semelhante a um pastel, frita, com canela em pó ou geléia, para tomar com café. CAVACO - ( s.m. ) - pedaço ou lasca de madeira; cavaquinho ( instrumento musical ). CAVERNAME - ( s.m. ) - ossada do peixe ou da caça; uma alusão ao conjunto das cavernas da embarcação. CAXêRO - (s.m.) - balconista; empregado de estabelecimento comercial. CAXêRO-VIAJANTE(s.m.) -nome antigo do atual representante comercial. CAXêTA - ( s.f.) - pau de viola; madeira semelhante ao pinho, mole e fácil de lavrar, muito empregada em peças do artesanato caiçara . CAXINGUELê - ( s.m. ) - mesmo que serelepe. CAXOTE - (s.m.) - o mesmo que gaiola ou caixão da roda. CEBOLãO - ( s.m. ) - mesmo
que patacão ; relógio de bolso muito grande. CEGUêRA DA GALINHA - ( s.f.) - mesmo que lusco-fusco; diz-se do período do crepúsculo vespertino.” Essas hora anssim na CENTO DE LENHA - (s.m.) medida correspondente a cem achas de lenha. CERCADO - (s.m.) - chiqueiro de área espaçosa, onde se confina a criação. CERCO - ( s.m. ) - armadilha para peixes, feita de taquara, em forma de labirinto. O “cerco fixo”, é uma armadilha para peixe, composta de uma estrutura arredondada ( cordiforme ) de taquara ( a “ casa do peixe “) ligada à uma paliçada também de taquara ( “ espia “ ) de comprimento variável e que liga a “ casa do peixe “ à margem ou costeira vizinha, formando assim, um obstáculo à movimentação do peixe ao longo da margem. De cada lado a união da espia com a “ casa do peixe “, dispõe- se duas paliçadas menores em forma de ganchos ( as “ asas ” ou “ ganchos “ ) cujo conjunObra to é denominado “ varanda “ e que se destina a confundir o peixe, conduzindo-o à entrada da “ casa do peixe “, abertura essa denominada “ porta “ a qual, pela sua elasticidade, permite a entrada do peixe, porém dificulta a saída do mesmo, uma vez tendo este penetrado no cerco propriamente dito. O conjunto de mourões ou paus mais reforçados que forma a estrutura básica da armadilha, é denominado “ mouroada “, sendo a paliçada de taquara trançada com arame galvanizado, chamada de “ panos “. Os panos são fixados aos mourões básicos por meio
de segmentos de arame, chamados de “ botões “ e que, freqüentemente , precisam ser fixados com o auxilio de mergulhadores . A mouroada vertical , fincada no lodo do fundo, com o auxilio de um “ batedor “ ( pedaço de madeira em forma de palmatória) é ligada entre si , por meio de varas flexíveis , denominadas na parte inferior de “ rodapé “ e na parte posterior , na altura da porta , de “ rodamão “. O perímetro da “ “ casa do peixe ““ denominase “ rodo “ , isto é, o comprimento linear da estrutura cordiforme ( arredondada ). A armadilha propriamente dita é a “ casa do peixe “ , que com suas duas extensões ( os “ ganchos “ ) dirigidas para a costa , é ligada a costa pela “ espia “, que serve para barrar o caminho habitual do peixe, ao longo da costeira, dirigindo-os para a “ casa “, que tem uma “ porta “ constituída de duas esteiras e taquara em forma afunilada, que é a parte mais importante da armadilha a qual, uma vez transposta pelos peixes, não os deixa mais sair. O cerco foi introduzido na região de Cananéia na década de 30 a 40 , supostamente por um pescador de Santos -SP, sendo muito difundido em toda a costa brasileira, a partir de São Paulo para o norte , onde é encontrada até o Maranhão , sob as denominações de “ cercadas; cacurys; curraes e tapagens Fonte: PEQUENO DICIONÁRIO DE VOCÁBULOS E EXPRESSÕES CAIÇARAS DE CANANÉIA. Obra registrada sob nº 377.947Liv.701. Fls. 107 na Fundação Biblioteca Nacional do Ministério da Cultura para Edgar Jaci Teixeira – CANANÉIA –SP .
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Cantinho da Poesia Seu corpo Seu corpo é aquela escultura perfeita Delineado por cinzel em pedra esculpida Que meus sentidos excita, abrasa e deleita Seu corpo é estrada com curvas sinuosas Que me leva até o real sentido da vida E me faz sentir as sensações mais perigosas Seu corpo é flor desabrochando na primavera De todas as flores, aquela eleita a mais querida Como em taça de champanhe a mais doce quimera Seu corpo é indomável sonho de uma noite acordado Como bálsamo que aquieta uma dolorosa ferida E como num fino tecido o mais delicado bordado Seu corpo é lágrima em meus olhos, não sei o porquê Talvez porque você é minha intangível lida E jamais vou derramar lágrimas, para não perder você! Manoel Del Valle Neto
Aviso a Comunidade AMASQ A AMASQ (Associação De Moradores E Amigos Do Sertão Da Quina), avisa a comunidade que esteve reunida com representantes da secretaria de saúde, Dr. Alessandro, e Sra. Elenice, Sra. Josiane, e nossa amiga Heide, do PSF do Sertão da Quina, no dia 13 de fevereiro, e conquistou para todos os moradores da Região Sul a garantia de aplicação de vacina antirrábica, também durante os fins de semana, procedimento que antes só era feito na santa casa
da cidade. Então agora, aqueles que forem mordidos por cães, devem se dirigir ao PA da Maranduba, situado junto a Regional Sul. Agradecemos ao Dr. Clingel Frota, por atender prontamente nossa solicitação, e convidamos a todos a participarem da nossa próxima reunião que será realizada dia 12 de março as 19:30, na sede da AMASQ situada a rua Manoel Gaspar, (em frente a escola Tia Tereza). Pauta: Sanepav (empresa de lixo). A Diretoria da Amasq
ACESSE
JORNAL MARANDUBA NEWS NA INTERNET
www.jornalmaranduba.com.br
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Coluna da
Observadores de aves de nível internacional trocam experiências na Região Sul
Foto: Antonio de Oliveira
Adelina Campi
A Bagagem
Quando sua vida começa, você tem apenas uma mala pequenina de mão. À medida em que os anos vão passando, a bagagem vai aumentando. Porque existem muitas coisas que você recolhe pelo caminho. Você pensa que elas são importantes. A um determinado ponto do caminho,começa a ficar insuportável carregar tantas coisas Pesa demais! Então você pode escolher, Ficar sentado à beira do caminho, esperando que alguém o ajude, o que é muito difícil. Todos que passarem por ali já terão sua própria bagagem. E você poderá ficar a vida inteira esperando. ou você pode aliviar o peso, esvaziando a mala. Mas, o que tirar? Comece tirando tudo para fora, e vendo o que tem dentro. AMIZADE, AMOR AMIZADE, AMOR, Nossa!!!Tem bastante. E não pesa nada!!! Mas tem algo pesado. Você faz força para tirar. É a RAIVA – como ela pesa!!! Aí você começa a tirar, tirar e aparecem, a INCOMPREENSÃO, o MEDO, o PESSIMISMO. Nesse momento, o DESÂNIMO quase te puxa pra dentro
da mala. Mas você puxa-o para fora comToda a força, e aparece um SORRISO que estava sufocado no fundo da sua bagagem. Pula para fora outro sorriso e mais outro, e aí sai a FELICIDADE. Você coloca as mãos dentro da mala de novo etira pra fora a TRISTEZA. Agora, você vai ter que procurar a PACIÊNCIA dentro da mala, pois vai precisar bastante. Procure então o restante: ENTUSIASMO ESPERANÇA CORAGEM FORÇA EQUILÍBRIO TOLERÂNCIA RESPONSABILIDADE FÉ BOM HUMOR Tire a PREOCUPAÇÃO, também, e deixe de lado. Depois você pensa o que fazer com ela. Então, Sua bagagem está pronta para ser arrumada de novo! Mas pense bem no que vai colocar lá dentro!!! Agora é com você. E não se esqueça de fazer isso mais vezes. Pois o caminho é muito, MUITO LONGO. Mas você poderá caminhar pela vida em paz. É só escolher o que levar na Bagagem.
EZEQUIEL DOS SANTOS No último dia 03 de fevereiro, os observadores de aves Antonio de Oliveira (Toninho da Chica) e Roberto de Oliveira (Pituí), da região sul de Ubatuba, receberam o casal de observadores de aves Rick e Elis Simpson. Rick é Inglês, reside em Ubatuba e é observador de aves há trinta anos. Elis é brasileira, mineira, esposa de Rick há dez anos, fotógrafa da equipe. O casal realiza visitas turísticas de observadores de aves do mundo todo, divulgando Ubatuba e o Brasil através de seu site Rick Simpson Birding Services (http:// www.rick-simpson.com). O casal chegou à região sul de Ubatuba por conta de fotos postados no Wikiaves, já que uma das fotos tratava-se de um registro inédito, ainda não catalogado. Surpresa mesmo foi para Toninho da Chica que posteriormente descobriu que era o primeiro fotógrafo a registrar a espécie. Eles haviam feito o registro (através de foto) do Canário do Campo (EmberizoidesHerbicola) no caminho do Sertão do Ingá. Na visita do casal para localizar a espécie, não foi possível realizar o registro esperado, porém, foi localizado um filhote (não identificado) que suspeitaram ser o filhote do canário do campo, a Maria-preta de penacho (knipo-
leguslophotes) e o Gavião Caboclo (Heterospiziasmeridionalis), aves interessantes para o casal, que informaram tratar-se de aves raras em áreas de mata atlântica, por conta do aumento do desmatamento. Logo após o casal foi levado para conhecer a casa de Emaús aonde foi contada parte da Historia de Nossa Senhora das Graças e curiosidades sobre o local. Em seguida foram levados ao Sitio Lama Mole (Araribá). Logo no inicio do caminho do puderam apreciar o canto do Tangará (ChiroxiphiaCaudata) e realizar registros do Tangarazinho (Iluciramilitaris). Foram recepcionados pelo caiçara, mateiro e Técnico em Turismo Rural Vital Celestino, que apresentou o espaço ao casal. Várias dúvidas foram tiradas pelo casal e para variar Vital contou alguns causos do qual participou. O Sitio Lama Mole foi muito elogiado pelo casal, principalmente pela Elis, que achou lindo o local e prometendo uma muda de uva (já entregue) para o anfitrião garantindo também outra visita futuramente. A gentileza foi transformada em mais experiência e conhecimento aos observadores da região. “O casal é espetacular e há muito ainda a aprender com eles, ganhamos novos amigos e professores”,
comenta Toninho da Chica. A visita foi considerada produtiva onde trocaram experiências. O casal forneceu varias dicas, entre elas o uso do binóculo, que é essencial esse começo de empreitada. A melhor parte depois de concretizado o curso de observador de aves para os participantes do curso, foi poder enxergar com outros olhos as pequenas criaturas, que embora abundantes em nossa região, tornam-se por vezes despercebidas aos olhos humanos. Com a expectativa de proporcionar uma nova ocupação, geração de emprego e renda sustentável a região e também oferecer aos jovens locais uma opção de projeto de vida, os observadores da região dedicam seu tempo disponível a procurar adquirir conhecimentos de pesquisa de campo, científicos e culturais sobre essas criaturas tão belas que vivem em nossa volta. Oportunidade ainda de aproveitar a experiência dos mais velhos, que detém um vasto conhecimento de avifauna regional, de forma que eles participem com o grupo, dos quais direta e indiretamente eles ajudaram a formar. Toninho e Roberto agradecem a visita de Rick e Elis e estendem as boas vindas aos que se interessam pelas aves, pela sustentabilidade e história de nossa região.