Maranduba, 29 de Outubro de 2012
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Disponível na Internet no site www.jornalmaranduba.com.br
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Ano 3 - Edição 42
Foto: Ezequiel dos Santos/PROMATA
Fé no Quilombo
História, cultura e religiosidade na reinauguração da Capela da Caçandoca
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Jornal MARANDUBA News
Ubatuba em primeiro lugar
A democracia definiu um novo prefeito para Ubatuba. Desejamos que o novo governo possa de fato aplicar aquilo que prometeu em sua campanha. Há muito tempo Ubatuba não progride. Está parada no tempo em relação às cidades vizinhas. Se o povo pediu mudança, essa mudança tem que acontecer. Não é uma tarefa fácil porém com transparência, competência e compromisso com a cidade, esperamos que Mauricio Moromizato faça as coisas acontecerem. A Região Sul nunca recebeu a atenção merecida do executivo municipal se comparado aos recursos que gera para o município. Está na hora de retornar em forma de benfeitorias os impostos, taxas e valores arrecadados na região. Se somados todos os recursos arrecadados, inclusive com a cobrança de estacionamento, o que retornou em benefícios às nossas comunidades? Outra preocupação é a mu-
dança de governo numa data delicada: em plena temporada de verão, réveillon, uma das datas que Ubatuba recebe seu pico de turistas e visitantes. Em outras trocas de governos houve problemas em alguns setores, principalmente na coleta de lixo. Isso prejudica a imagem de Ubatuba, que já está bastante desgastada pela inércia da atual administração. Nossa função principal é promover a região, sua beleza, sua cultura, sua história e principalmente seu povo, que anseia por uma melhor qualidade de vida. Muitas ações básicas, simples até, poderiam causar um impacto positivo imediato nessa qualidade de vida desejada pelos moradores da Região Sul. Agora só nos resta aguardar. Faltam ainda dois meses para que isso aconteça. Há uma temporada chegando. Esperamos que todos tenham bom senso e trabalhem para um único objetivo: Ubatuba. Emilio Campi Editor
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Litoral Virtual Produção e Publicidade Ltda.
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Emilio Campi Colaboradores:
Adelina Campi, Ezequiel dos Santos e Fernando A. Trocole Os artigos assinados são de inteira responsabilidade de seus autores e não refletem a opinião da direção deste informativo
Cartas Saneamento Básico Tivemos acesso aos investimentos da SABESP no município de Ubatuba, referentes aos Serviços de Saneamento Básico (água e esgoto) para os próximos anos. Verificamos que as obras previstas para esta nossa Região Sul do Município (Maranduba, Sapê, Lagoinha e Sertões) estão previstas para se iniciarem apenas em agosto de 2015, e terminarem em agosto de 2018! De todas as Regiões de Ubatuba, A NOSSA ESTÁ NO FIM DA FILA, SENDO A ÚLTIMA A SER CONTEMPLADA POR ESSAS OBRAS! Teremos que continuar a conviver com as doenças e mortes causadas pela FALTA DE SEANEAMENTO BÁSICO, ESGOTOS A CÉU ABERTO e FALTA DE ÁGUA EM TEMPORADAS, ATÉ O FINAL DE 2018, isto se as previsões se concretizarem! Vamos tentar nos unir (Associações de Bairros, líderes comunitários, Igrejas, condomínios, etc) para mostrarmos nosso desconforto com esta situação e criarmos um movimento “SANEAMENTO BÁSICO JÁ!”, pedindo ao Governo do Estado que antecipe as obras de nossa Região e mostrando a real importância dela. Gostaríamos que você, que tem um tremendo veículo de comunicação em suas mãos
e que sempre lutou pelas causas desta Região, abraçasse conosco esta causa. Se permanecermos em silêncio, nada vai acontecer! Para quaisquer outras informações,favor entrar em contato com o Sr. Juari Ramalho de Oliveira, nosso Administrador. Contamos com sua ajuda, meu caro Emílio! Atenciosamente Manoel Del Valle Neto Diretor Financeiro
Agradecimento II
Agradecimento I Agradeço a todos que acreditaram na minha proposta e me confiaram seus votos. Giovana Frediani Maranduba
Manezinho da Lagoinha agradece os seus eleitores pelos 616 votos dado ao mesmo em 7 de Outubro. Manoel Ribeiro da Silva “Manezinho” da Lagoinha
Agradecemos a DEUS pela oportunidade da disputa. Agradecemos a todos que nos confiaram os quase oito mil votos. Agradecemos a todos que de fato acreditaram em nós. Tenham a certeza de que não perderam o seu voto. A todos vocês o nosso carinho e sincero MUITO OBRIGADO! Rogério Frediani e Americano.
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Espécimes raros são registrados por Grupo de Base Comunitária Ezequiel dos Santos No último dia 17, os “Promateanos” Robson, Karu e Roberto conseguiram realizar o registro de uma família de muriquis (mono carvoeiro) em nossa mata. Como parte das atividades do Promata, a observação de avifauna e flora superaram neste dia as expectativas, já que turistas conduzidos pelo grupo também puderam se deslumbrar com esta grata surpresa. Os visitantes foram categóricos em dizer que já haviam visitados inúmeros locais mundo afora, porém, vivenciar uma experiência destas foi a primeira vez, portanto, consideraram aquele dia o melhor passeio de suas vidas. Deliciando os frutos de um gigantesco Jataízeiro, o maior primata de nossas florestas mostrava seus filhotes aos observadores. De galho em galho o macho alfa observava com cuidado cada passo dado pelos guias e visitantes. Os sons deste primata são altos e belos, sinalizando a vida de que os antigos conheciam neste habitat. É uma sinfonia de agudos e graves misturados a outros sons da natureza. Pra quem não conhece é susto na certa. O local não é divulgado a fim de proteger a espécie e para que a liberdade destes animais não seja interrompida. No inicio de nossa colonização por uma necessidade de consumir proteína animal esta espécie foi muito procurada como alimento. Segundo os antigos, um dos fatores do manejo sustentável de plantas e animais no passado foi à obediência de um período natural do tempo das coisas, isto é, nesta região foi a lógica da utilização do calendário natural, o tempo certo para cada atividade (caça, coleta, pesca,
Foto: Roberto de Oliveira/PROMATA
salga, plantação, resguardo, artesanato...), que culminava com o calendário religioso cristão, onde ambas as coisas moldou o etnoconhecimento e a etnoproteção deste povo e do que utilizavam. No passado, os antigos eram categóricos em explicar a cada nova geração o período correto para o abate das espécies, inclusive de muriquis como o que foi fotografado. A lenda Moradores explicam em fragmentos de recordações de que há muito tempo, referindo-se a primeira geração, que na busca por proteína animal, homens se aventuraram na captura de qualquer animal que encontrasse. Eram moradores desobedientes, que saíram fora da “épa” da caça. No caminho encontraram um bando de muriquis, o mais afoito disparou sua cartucheira 40 carregada pela boca Henrique Laport em direção a uma fêmea, que ao se esquivar do chumbo deixou que o filhote pudesse ser alvejado. A mãe apavorada pegou seu filhote e de galho em galho “soverteu” (desapareceu) na mata. Horas mais tarde o grupo de caçadores viu a mãe com folhas a mão levando a boca e passando carinhosamente ao local do ferimento, na altura do ombro esquerdo. Todos entraram em choque quando viram aquela cena, o filhote se recuperou e o grupo nunca mais foi atrás de primatas, de nenhuma espécie. Ao chegarem em casa cada um deles viu a esposa aliviando as dores do filho que havia se acidentado no ombro esquerdo dentro da floresta. As espingardas destes homens viraram relíquias. Dizem que são coisas do Capitão do Mato,
que protege quem da floresta tira apenas o sustento e os animais que vivem nela. Quem sou... Meu nome é Muriqui, cuja tradução do nome é “povo pacífico da floresta”, neste nosso lugar sou popularmente conhecido como “Mono Carvoeiro”, porque parece que passei carvão na minha cara. Possuo
a pelagem espessa e macia, de cor marrom-amarelada. Sua cara é negra e desprovida de pêlos, algumas vezes apresentando despigmentações, com contornos de anel de pêlos mais claros. A pele das minhas mãos, pés e planta da cauda são negras. Sou do gênero Brachyteles, da espécie arachnoides, pertenço à família Atelidae,
gênero monotípico da subfamília Atelinae, à qual pertencem os gêneros Ateles sp. (Macaco-aranha), e Lagothrix sp. (Macaco-barrigudo), sou considerado como o maior Primata das Américas e posso ser encontrados do sul da Bahia ao norte do Paraná. Sou Classificado como em perigo e criticamente em perigo de extinção, respectivamente.
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Escolas expõe fotos de aves Promata colabora com registros de aves para vencedoras do concursos AVISTAR cidades do Vale do Paraíba e Litoral Norte
Observadores de aves da região sul de Ubatuba vem nos últimos meses colaborando no aumento de registros de aves para os municípios de Caraguatatuba, Pindamonhangaba, natividade da Serra e Campos do Jordão. No ranking de registro estas cidades ainda encontram-se distante dos primeiros colocados. Com a colaboração espontâDurante a semana que antecede o aniversário de Ubatuba as escolas municipais Nativa Fernandes, Sertão da Quina e Agostinho Alves da Silva, Lagoinha expuseram vários painéis com fotos dos registros fotográficos dos vencedores do concurso Avistar de 2006 a 2011. São imagens de aves de
todo território nacional, algumas delas freqüentam ou habitam a região. Na escola da Lagoinha ficou exposta o painel que mostra o Tangará Dançador, ave símbolo de Ubatuba reconhecida por lei municipal. Os painéis são da Secretaria Municipal de Meio Ambiente de Ubatuba e percorrem todo o município.
nea, além do aumento das espécies, a qualidade das fotos, melhorou em tempo recorde o ranking através dos registros realizados. O município vizinho já sinalizou possíveis parcerias com a Promata para os trabalhos de base comunitária. As fotos foram realizadas pelos observadores Toninho da Chica, Fábio de Souza, Rodrigo de Oliveira e Bárbara dos Santos.
Com sede na divisa dos municípios o Promata tem colaborado substancialmente com poder público e as comunidades envolvidas nos trabalhos de base comunitária, Turismo Rural e desenvolvimento sustentável, em parceria com a Secretaria Municipal de Meio Ambiente, UbatubaBirds, Cati, Apta e o Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais.
Grupo de Turismo Rural do interior visita Região Sul No último domingo 28, aniversário de Ubatuba, o Grupo Promata, junto ao Sindicato de Trabalhadores Rurais e instrutores do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural receberam os alunos de Técnico em Turismo Rural da cidade de Piracaia, interior de São Paulo.
O evento faz parte da troca de experiência entre litoral e interior e é parte do aprendizado sobre oportunidades, atrativos e novos mercados. Pela manhã tomaram um café típico caiçara, visitaram o “Morro do Emaús”, a capela, as cachoeiras por fim o tão es-
perado almoço no Sitio Lama Mole. Alguns puderam trabalhar e entender a observação de aves, um novo mercado que pode ser estendido ao interior do estado. Na despedida o grupo do interior levou presentes e parabenizou os grupos do litoral pela recepção.
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Turismo sustentável no Bonete Seguindo as tendências do turismo sustentável e de base comunitária, duas experiências turísticas com escolas de São Paulo-SP e Cuiabá-MT foram realizadas com êxito no Roteiro do Bonete no mês de outubro. A atividade permite que os alunos percorram a trilha de acesso a praia e lá visitem uma fazenda de mexilhão, conhecendo todo o processo de produção e conceitos que vão do ecológico ao econômico e que estão presentes na maricultura. Além de agregar valores à visita dos alunos, a atividade envolve a comunidade gerando renda para a comunidade, valorização de sua cultura e incentivo a conservação dos recursos marinhos. A iniciativa faz parte do Projeto Ecotuba, que incentiva o ecoturismo em Ubatuba como ferramenta para a valorização da cultura caiçara, geração de renda e conservação dos ambientes visitados.
O projeto foi idealizado por Nei, Técnico em Turismo, Guia de Ecoturismo, Monitor Ambiental e conta com a parceria de um seleto grupo de experientes profissionais da área, como a Tecnóloga em Turismo e Guia credenciada pelo Ministério do Turismo, Caru Lemos, presente nas duas atividades do mês de outubro no Bonete. Os roteiros foram montados de acordo com as necessidades dos professores de cada grupo, Colégio Livre Porto ensino médio de Cuiabá-MT e da faculdade Oswaldo Cruz, curso de Engenharia Ambiental de São Paulo capital. Com o objetivo de “estudo do meio” os alunos percorreram as trilhas que foram interpretadas pelos guias que explanaram sobre a geografia de Ubatuba, mata atlântica, ocupação territorial, cultura caiçara entre outros assuntos específicos ao interesse de cada grupo. Na praia grande do Bonete,
assistiram a uma palestra com o “Fazendeiro de mexilhões” Marcelo que também é guia de turismo e mora na comunidade. Marcelo contou sobre seu dia a dia e mostrou aos alunos as técnicas usadas na maricultura, especialmente na criação do mexilhão, com barcos da comunidade, todos puderam visitar a área da fazenda no mar e conferir de perto a produção. Retornando e em terra já, os grupos foram bem recebidos no Barco Iris, quiosque da moradora Cláudia, onde tiveram a oportunidade de degustar o marisco fresquinho, cozido no bafo e temperado com limão. Alunos que nunca tinham provado o molusco aprovaram a experiência! Dando seqüência ao roteiro os grupos conheceram o interior da comunidade, as histórias do “tablado”, se deliciaram com o tempero caiçara da Dona. Lurdes, provaram a “concertada” e levaram como
Alunos do Colégio Livre Porto ensino médio de Cuiabá-MT e da faculdade Oswaldo Cruz, curso de Engenharia Ambiental de São Paulo capital
lembrança o livro Saíras do Bonete que conta a história e os costumes das mulheres da comunidade. Exemplo bem sucedido e de baixo impacto a atividade conseguiu movimentar a economia da comunidade, valorização de sua cultura, conservação dos recursos na-
turais e satisfez as necessidades educacionais aguardadas pelos grupos, se mostrando um bom modelo de atividade ecoturistica para a região. O projeto Ecotuba divulga suas atividades através de sua página no facebook, no endereço www.facebook. com/ecotuba
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Mini Festa do Gengibre e bazar beneficente no Araribá Peça “Os Homens Querem Casar O sítio Recanto da Paz promoveu nos últimos dias 20 e 21 uma confraternização rural e sustentável em forma de mini festa e bazar beneficente. No evento houve desfiles de miss e mister mirim Araribá, banda, barracas diversas, artesanato e bingo. Da arrecadação foram entregues R$ 600,00 a uma casa de recuperação, materiais diversos e uma cadeira de rodas para banho. Dez alunos, das escolas Tiana Luiza e Nativa Fernandes receberão R$ 25,00 por mês como auxílio bolsa escola. No sábado o evento começou às 16 horas e só finalizou as 22, uma hora depois do previsto, já no domingo ven-
deu mais bingo por conta das chuvas. Muitos turistas visitaram o evento, dentre os quais as pessoas que costumam visitar as feiras e ver os produtos gengibre de Ubatuba. Para
moradores da região foi uma grande confraternização entre amigos. O Centro de Integração Rural agradece a todos os cola-
boradores da organização do Bazar Beneficente e Mini Festa do Gengibre de Ubatuba, em especial a Loja Flórida de Ama Cen, Ana Chen Kamiyama e Paulo, Sandra, Márcio e Regina Kamiyama, Atelier Cláudia Oguishima, Neuza e Helenice, sr. Emiko Shirai;, aos srs. Japa do Bar, Dailson do Quiosque, Wagner do restaurante Niguiri Sushi, D. Miriam do Pastel e Doces, Neide do Artesanato, Equipe do Amarildo Pazelli da Silva, Jairo do correio, Maurício Laje e Roberto Igarashi e Sebastião Rodrigues, a Associação Nipo Brasileira de Ubatuba, aos músicos e Grupo do Taiko. A todos que prestigiaram o evento, nosso muito obrigado.
e as Mulheres Querem Sexo” no TMC
O Espetáculo conta a história de Jonas, uma rapaz que tenta de todas as maneiras encontrar uma mulher para casar. Durante essa busca, muitas mulheres passam pela sua vida deixando muitas histórias. Frequentador assíduo de casamentos,de conhecidos e desconhecidos,ele briga por todos os buquês e enfeites de bolo. Depois de mais uma tentaiva frustada,ele resolve ir para um
lounge de casamento,beber e desabafar com seu lado feminino,e é aí que sua vida muda. Quem chega para assistir o espetáculo, recebe um adesivo(verde) solteiro e (vermelho) comprometido e com isso formamos casais na platéia. A peça será apresentada no teatro Mário Covas no dia 24 de Novembro às 21 horas. Informações: Antonio Adder (11) 2408.0624 - 9177.5348.
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Projeto circo teatro se apresenta em escolas municipais EZEQUIEL DOS SANTOS O projeto circo teatro Aries Marioto se apresentou no último dia 19 no complexo esportivo Geraldo Salles de Oliveira da escola municipal Nativa Fernandes de Faria. O grupo é formado por uma família de circenses e possui seus objetivos voltados à educação e com “pitadas” de graça, humor e profissionalismo tratam de forma interativa temas atuais como bulling, racismo, tráfico de crianças, seqüestros, entre outros conforme a idade, público e demandas. No dia anterior estiveram na escola Agostinho Alves da Lagoinha, no dia seguinte iriam para a escola municipal da Picinguaba. Dentre os trabalhos mais recentes estão os do projeto Gincana da Solidariedade realizada pela Vanguarda TV, demais trabalhos do grupo podem ser encontrados no face book circoariesmarioto. Na apresentação
do dia os palhaços arrancaram muitos sorrisos das crianças e adultos que lá estiveram. Num dado momento os alunos escolheram para uma brincadeira a professora Márcia, considerada por eles a mais corajosa dentre os educadores, abriu o presente surpresa, depois foi a vez de todo corpo docente literalmente por a língua para fora na brincadeira da máquina de escrever. C om piadas, malabares e pegadinhas foi fácil receber os aplausos sinceros e alegres do público infantil. O grupo que se apresenta graciosamente busca ainda patrocinadores para os materiais que utilizam, como por exemplo, a maquiagem. No encerramento foi declamada uma poesia sobre o palhaço, em seguida foram realizados vários registros fotográficos com a criançada e os palhaços que animaram aquela tarde chuvosa.
Fundação Florestal abre inscrições para programa de voluntariado no Litoral Norte Podem concorrer os estudantes universitários de graduação ou pós-graduação, de instituições particulares ou públicas, de diversas áreas A Fundação Florestal, por meio dos parques estaduais da Serra do Mar - núcleos Picinguaba e Caraguatatuba, e da Ilha Anchieta, abriu inscrições para o Programa de Voluntariado “Amigos do Verde”, previsto para acontecer entre os dias 27 de dezembro de 2012 e 28 de fevereiro de 2013. As inscrições podem ser feitas até o dia 15 de novembro. Ao todo, serão oferecidas 38 vagas para estudantes de diversos cursos, divididos em grupos de, no máximo, sete voluntários por unidade, em períodos diferentes. Os voluntários atuarão em áreas diversas, como progra-
mas de Pesquisa, de Uso Público, de Interação Socioambiental e de Gestão. Podem concorrer às vagas, estudantes de graduação e pós-graduação nas áreas de ciências agrárias, biológicas, econômicas, humanas, administração, biblioteconomia, turismo, ciências da terra, comunicação e direito. O edital completo e a ficha de inscrição estão disponíveis no link http://www. ambiente.sp.gov.br/amigosdoverde/cadastro/. O objetivo do programa “Amigos do Verde” é capacitar estudantes por meio de vivências, quanto ao tema Planejamento e Manejo de Áreas Naturais Protegidas; além de
fortalecer a relação entre os parques e o universo acadêmico e otimizar as ações do parque, sobretudo no período de alta temporada, diante da grande demanda de turistas na região. Pré-seleção Os candidatos inscritos passarão por uma pré-seleção curricular e, em seguida, os pré-aprovados serão chamados para uma semana de capacitação no Núcleo Picinguaba e no PEIA, onde acontecerá o processo final de seleção. A participação na semana de capacitação é quesito indispensável à realização do trabalho voluntário. O treinamento e a seleção final
dos candidatos será realizada entre 10 e 14 de dezembro de 2012, nas respectivas Unidades de Conservação.
A participação da semana de capacitação é quesito indispensável à realização do programa de voluntariado.
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Caçandoca reinaugura capela com missa inculturada PROMATA Foi comemorada no último dia 12, a tradicional festa a Nossa Senhora Aparecida, padroeira da comunidade da Caçandoca. Nem as fortes chuvas atrapalhou o andamento da inauguração da capela. A novidade desta vez foi à chegada da cruz em motor romaria. Em clima de festa e muita emoção, os fiéis, que lotaram a capela, puderam admirar e contemplar a reinauguração da capela a beira mar. Com cobertura, parte da iluminação, piso, janela e pintura nova, muitos não seguraram a emoção de ver de pé este símbolo de luta, história e religiosidade nacional. Como de costume a imagem da Mãe Negra chegou de barco conduzida por pescadores do quilombo, após a procissão pelas areias da praia chega num buzinaço conduzida pela moto romaria a cruz da capela, única sobrevivente do vandalismo e trágico atentado que assolou a antiga capela. No inicio da celebração Padre Carlos lembrou da paroquiana Vitória guardiã da cruz sagrada até a recondução atual. Salientou da falta que faz neste ato de recolocação, “infelizmente Vitória não pode presenciar a recondução da peça neste local restaurado”, disse o padre. Na oportunidade lembrou-se das pessoas que deram a vida para erguer esta comunidade. No pequeno salão pode ser notada a presença de fiéis da região, da cidade, turistas e visitantes de vários locais, até de fora do estado. As ofertas foram frutos diversos e pães produzidos por crianças e mulheres da comunidade, conduzidos por musicas típico afro religioso e
pétalas de flores jogadas com muito carinho no caminho das ofertas. A instrumentação musical ficou por conta dos cavaquinhos, atabaques, pandeiros e berimbaus, instrumentos de louvor da mãe África adaptados a cultura nacional brasileira, já as músicas acompanham a programação da Pastoral afro, que ganharam um toque a mais na vestimenta de seus integrantes. No decorrer da celebração foi realizado o batizado de uma jovem da comunidade e felicitações pelo aniversário de uma paroquiana. Na realidade a missa inculturada recorda a luta e o sofrimento deste povo quilombola, que via na fé sua maior inspiração. Ela faz jus à lembrança de suas raízes históricas, culturais e religiosas, até porque, segundo os sobreviventes, o local foi palco de uma das cinco aparições de Nossa Senhora entre 19151917 e anos mais tarde foi motivo de peregrinação. Contribuíram com o sucesso do evento integrantes de moto clubes da região, grupos de capoeiras, da Promata, membros das comunidades, das várias associações, empresários e prestadores de serviço que participaram deste evento histórico, aonde se tratou do maior e mais importante evento neste território quilombola. Agradecimentos especiais e particulares foram estendidas as mulheres da cozinha, que na maioria são evangélicas e que participam ativamente desta grande festa. Após a celebração ocorreu a distribuição de brinquedos e a degustação do tipico prato caiçara Azul Marinho regada a música ao vivo. Vários outros acontecimentos foram cance-
Fotos: PROMATA
lados por conta da chuva. Pastoral Afro A pastoral que costumeiramente engrandece celebrações com este tema em nosso litoral, foi convidada de honra em 2006 pela administração da Basilica de Aparecida para
organizar o Encontro Nacional da Pastoral Afro no Santuário Nacional naquela cidade em homenagem a Padroeira do Brasil. Num total foram realizados cerca de cinco mil convites e delegado funções a várias pastorais no território
nacional. Críticos, colaboradores e admiradores comentam do sucesso desta celebração temática em caráter nacional. Foram os devotos da Mãe Aparecida daqui que engrandeceram os devotos de todo território nacional.
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Símbolo da fé que resiste ao tempo Construída a cerca de meio século, a construção abrigava na fé uma das mais povoadas comunidades. Na época com mais de 50 familias constituidas no entorno da capela, fora as do Saco das Bananas e Raposa, era parte da simbologia da identidade religiosa desta localidade. Firmava também a existência de um povo, de sua cultura, sua religiosidade e seu modo de vida particular. Seu inicio se deu com a coleta de pedras na “ Padaria” , um remanso de pedras depois da Praia da Caçandoquinha, onde um grupo de pessoas colocava as pedras em uma canoa, esta vinha até a frente da capela e era descarregada por crianças que levavam até a obra, suas paredes foram erguidas em tijolo, as cores e tamanho ainda mantem-se as originais. O primeiro sino foi trazido pelo Frei Pio, que foi roubado, era ele ainda o responsável por trazer a estas terras jo-
Vista da capela da Caçandoca. A nova geração se integra com tradições afro para celebração religiosa
vens brasileiros e estrangeiros para interagir com a comunidade, havia para a apresentação de filmes um pequeno gerador que era a alegria de todos. Padre Pio tinha uma residência na Praia da Lagoa e caminhava sempre com seu “embornal” em visita as comunidades. Por seis anos a capela ficou destruída e todas as celebrações eram realizadas embaixo de uma imensa amendoeira. Neste ano com as chuvas
todos puderam adentrar a capela como se a padroeira do lugar dissesse “a chuva foi providencial para que todos possam enfim adentrar a minha casa”. Neste canto do paraíso, assim como a Capela da Praia grande do Bonete, aconteceu mais um evento histórico, cultural e religioso digno de reconhecimento e peça fundamental nos trabalhos turísticos de base comunitária no fomento e reconhecimento destas comunidades.
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Gente da Nossa História: Manoel EZEQUIEL DOS SANTOS Não se sabe ao certo a data de seu nascimento, porém deduz-se pelos relatos que tenha nascido pelas bandas da Praia Grande do Bonete na década 1880, onde o sal e o sol comia a pele dos homens, foi personagem de uma infância toda virada para o mar. Em sua comunidade a roça de coivara (de toco), a caça e a coleta era uma coisa natural, de quando usavam a espingarda “espera que já vou” pra caçar. Vida simples regada a respeito e honestidade ajudou a moldar este homem tranqüilo, pacifico e ordeiro. Dizem que seu pai Antonio Barbosa da Silva foi proprietário de 42 alqueires de terras na Prainha do Perez, local onde nunca se estabeleceu. “Namoradô”, boa praça, “bão” de bate-pé, “função”, enviuvou-se por duas vezes, sendo a segunda falecida a Dona Maria Tereza, por fim casou-se com a caiçara Joana Maria de Jesus, a qual ficou até os seus últimos dias. Dos três matrimônios nasceram Maria, Lucila, Dionísia, Benedito e os já falecidos Elói, Mauro e Antonio Soares, o Tica. Nosso personagem navegou este marzão de Deus sempre acompanhado de grandes amigos como Tião Romão, Tião Pedro, Jerônimo da Mata, Benedito Gaspar velho, Baldoíno e principalmente do inseparável amigo de pesca João Zacarias. Manoel era daqueles que não tinha parada, morou na Maranduba, Enseada, Saco da Ribeira, Sertão da Quina, mas gostava mesmo era do mar, da brisa, das tempestades, da briga com o peixe bravo. Homem esguio, de porte grande, trabalhador, até assustava com o tamanho, porém, sua amada irmã Paula, antes de falecer, contou-nos que era um homem amoroso com os filhos e esposa. Quando chovia, ascendia o fogão a lenha e ficava em volta abanando as roupas molhadas das crianças para secarem com o “bafo” (calor) do fogo, tudo para que os filhos não ficassem com as roupas molhadas
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Barbosa da Silva: condutor da última Voga
no dia seguinte. Vale lembrar que as roupas eram feitas de sacas de café e/ou açúcar geralmente, de vez ou outra que aparecia um cortes de fazenda (tecidos) compradas na vila. O velho Barbosa não era apegado às coisas materiais, o que gostava mesmo era do mar, conta-nos os antigos que se tratava de um homem valente, costumava pescar com o amigo Zacarias por todas as bandas, principalmente no limite do “mar de fora” (fora do alcance de terras). Pescou muitas vezes por fora da Ilha Vitória, lá contam que, após remarem por horas, largavam varias redes de tresmalhos e malhões e traziam, na maioria das vezes, caçoas, melros, cherne, o tal do cação “babaqueiro” e o “tintureira”, só peixe grande, também os pequenos e costumeiros da época. Diziam que os peixes daquela “épa” eram mais mansos. Os amigos Manoel e Zacarias tinham uma canoa de Voga, quando o vento ajudava erguiam o traquete, esticavam o pano e vinham ao seu sabor, principalmente no retorno da pescaria. Quando pegavam um noroeste, deitavam-se no fundo e de vez enquando usavam o remo pra prumar a voga e rezar para que não aconteça mais nada. A canoa tinha todos os mantimentos, comida reserva, remos de voga, vela, as redes, facão, fogão, e o mais importante a fé, a coragem e a esperança destes desbravadores, verdadeiros heróis de um tempo passado. Com os peixes mais mansos Manoel chegou a estender oito caçoas fora do comum embaixo da amendoeira na Praia da Maranduba, próximo da casa onde vivia,
nas proximidades da antiga escolinha, hoje próximo ao quiosque Valerine. Naquele local cansou de puxar rede e trazer milhares de Cangauás e Gonguitos, que de tanto, além de dar aos moradores, separar um “quinhão” (porção, tanto) para a salga, chegavam a enterrar boa parte dos pescados. Todos afirmam que o pescado antigamente interagia com os pescadores, cada
um sabia seu papel. Não só de pesca vivia a voga de Manoel, também transportava pinga, farinha, mantimento, pessoas e outros itens da época, era o ônibus da época. Por muitos anos foi camarada de Hilário do Prado (esposo de Maria Balio), lá trabalhava recebendo a “paga” no valor de oito “mirréis” (mil Réis) por dia do nascer ao por do sol. Começou capinando, limpando o “canaviá”, cuidando das “criação”, depois para a voga e ao final foi promovido a “destiladô” oficial do alambique. Os camaradas tomavam às vezes a cachaça direto do “botóquio”
(orifício por onde era colocado a cachaça) do barril. Na voga transportava cerca de dois mil litros de pinga, que eram engarrafados e colocados 25 unidades em cada saco de estopa ou linho. Era pelo menos uma viagem a cada quinze dias a Enseada para abastecer a venda de Benedito do Prado e o Bar Anchieta no centro. Depois abastecer a venda do Félix na Caçandoca, Venâncio na Lagoinha, Bernardino Lourenço na Praia Dura, Moacir, Bastião e Ité Carlota no Massaguaçu. Ainda havia encomendas esporádicas para festas e casamentos. Manoel quando destilador e condutor da voga, chagava a trocar no Saco da Ribeira, quatro garrafas de pinga e mais quatro “mirréis” com pelo menos seiscentas sardinhas “Zabelha”, já que na época não havia a “Lumbuda”. Negócio da China já que um cento de sardinha custava os quatro “mirréis”. Tião Pedro diz que quando apontavam com a voga na Ponta do Cedro, tocavam uma buzina caseira e o pessoal já ia pra “préia” pra comprar sardinha. Uma parte era vendida por Hilário do Prado aos camaradas e compradores de costume, outra dividida em “quinhão” entre os canoeiros, relembra Tião Pedro com apenas 12 anos. Manoel tinha o costume de trocar goles de cachaça com feixes de cana e ou madeiras para o forno, funcionava assim, quem queria tomar um pouco de cachaça levava o “pau” de lenha ou as canas que era trocado por um generoso “quinhão”- um tanto de cachaça na cuia de coco. Os dados sobre a pesca e a voga puderam ser confirma-
dos através dos relatos orais e de uma foto tirada em sete de abril de 1950 (sentado), onde em seu verso existe uma dedicatória a João Zacarias e Manoel Barbosa. A foto mostra Zacarias de pé e Manoel sentado próximo ao fogão e sobre seus pés o material necessário para uso e segurança neste tipo de embarcação. Outros nomes também foram mencionados como sendo de seu rol de amigos: João Rosa, Sebastião Pedro, Hilário do Prado, Maria Balio, Pedro Baitaca, Deoclécio, Tio Kito. Quando veio para o Sertão da Quina, isto é quando não mais trabalhava no alambique e já havia falecido, a Ordem dos Vicentinos (que na época eram de 50 integrantes) ajudaram a construir uma casa para a esposa e os filhos, foi uma das primeiras a receber telhas de barro, fornecidas pelo Deoclécio. Casa esta onde hoje está a residência do “Miguézinho” na Rua da Cachoeira. Lembrando ainda de que o filho Benedito Barbosa, esposa da tia Hilda da Lojinha nasceu na casa onde hoje se encontra o terreno alto em frente ao Bar do D´Menor há mais de sete décadas. Nosso personagem também trabalhou por um tempo na abertura da rodovia, ajudando a abrir o trecho do Lamberto, entre o Perequê-Mirim e Ribeira. Os mais velhos dizem que Manoel morreu de velhice em sua última residência no inicio da década de 1960. Na época todos recorriam ao Seu Juquinha, porque médico era uma raridade mesmo na cidade. A viúva, cunhada de Benedito Antonio Elói, chegava a “fornear” três vezes por “somana” para sustentar os filhos e a casa. Existe uma foto dela ainda sorrindo socando um pilão, uma das últimas fotos da esposa de Manoel Barbosa registradas pela missionária Claudie Perreau. Confesso em público a inveja que tenho dos viventes que conheceram em carne e osso este importante personagem de nossa rica história, mais um herói daquele tempo.
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A fé da Princesa Isabel em Nossa Senhora Aparecida Ezequiel dos Santos Conhecida por poucos, a história entre a Princesa Isabel e Nossa Senhora Aparecida é muito bela do ponto de vista da fé e da devoção. Devota fervorosa da Mãe Aparecida, ela tinha o sonho de ser mãe do herdeiro do trono no Brasil. Isabel filha do último imperador do Brasil, D.Pedro II, nasceu em julho de 1846 e aos 18 anos casou-se com dom Luiz Felipe d´Orleans - o conde d´Eu, foi governante do Brasil por três vezes, na última assinou a Lei Áurea. Nossa princesa queria ser mãe de qualquer jeito, teve vários abortos e a primeira vez que conseguira chegar aos nove meses nascia uma menina morta depois de um árduo trabalho de parto de 50 horas. Para aumentar o sofrimento foi utilizado um procedimento médico na época chamado de craniotomia, que consistia em perfurar o crânio da criança para reduzir o volume cerebral facilitando assim a passagem do bebe. Triste e desolada não viu outra forma de ter seu sonho realizado senão pedir a mãe do Brasil. Fervorosa na fé, persistente na devoção, a princesa pedia a Nossa Senhora Aparecida que lhe concedesse um filho, em troca dedicava-se a caridade bem como a limpeza e adornação, com flores colhidas na hora, todos os dias a igreja de Petrópolis no estado do Rio, local onde morava. Após um ano de devoção ao Sagrado Coração de Maria, o sonho pode ser realizado. Com longas treze horas de trabalho de parto, no dia 15 de outubro de 1875, nascia para alegria da princesa o filho D. Pedro de Alcântara. Nos anos seguin-
tes mais duas surpresas - D. Luiz Maria e D. Antonio. Assim cumprindo sua promessa foi por duas vezes foi ao santuário de Aparecida como romeira da santa e não como princesa. Isabel ofereceu presentes, em 1868 foi um manto azul com 21 brilhantes, representando os 21 estados do império, em 6 de novembro de 1884 uma coroa de ouro, cravejadas de brilhantes, aquela em que foi coroada Rainha do Brasil em 1904. Por assinar a Lei Áurea, nossa princesa recebeu do Papa Leão XIII a rosa de ouro pelo nobre motivo, portanto, Isabel foi a única brasileira a receber a rosa de ouro em toda a história do país. As outras duas rosas foram dedicadas ao santuário pelos Papas Paulo VI e Bento XVI. A corrente caiu no chão Quem não se lembra a história do escravo Zacarias, que em 1857 fugiu de Curitiba e veio a Bananal, preso e algemado, ao passar pela basílica pediu ao feitor que adentrasse a capela para ver Nossa Senhora Aparecida. Ao fazer seu pedido por liberdade, ajoelhou-se e pediu com muita fé, vários foram as testemunhas oculares que viram a corrente cair e tinir sobre o chão de pedras. Outro escravo sabendo das vontades do doce coração de Maria também pediu para ver a
Santa Negra. Triste e decepcionado pôs-se a chorar por não ter seu pedido atendido dentro da capela, porém descendo a antiga rua da Calçada, atual Ladeira Monte Carmelo, viu a comitiva real. Ajoelhou-se frente
a princesa e pediu sua benção. Esta ordenou que lhe tirasse os grilhões dos pulsos e dos tornozelos, posto em liberdade o escravo logo percebeu o porquê a santa não o libertou dentro da capela como Zacarias, a Mãe do
Brasil havia tocado o coração da princesa, com isto Isabel recebeu o titulo de Redentora. A triste história foi que nossa princesa foi esquecida por 32 anos, vindo a falecer em Paris no dia 14 de outubro de 1921.
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29 Outubro 2012
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Dicionário de vocábulos e expressões caiçaras - Parte 12
ESPECULA - ( s.f.) - pessoa muito abelhuda. ESPECULA DE RODINHA (s.f.) - resposta que se dá às pessoas abelhudas , quando não se quer responder ou explicar alguma coisa. “ O que é isso ? ; É especula de rodinha” ESPERá O JAJIGO - ( loc.v. ) aproveitar o balanço da onda do mar para colocar a canoa em movimento. “tamo isperando o jajigo pra sair, que é menos pirigoso “ ESPIA - ( s.m.) - pessoa que fica de guarda, no barranco ou no alto, para avisar os camaradas de rede, que estão sempre de sobreaviso; da chegada do cardume. ESPIá - ( v.t.) - observar a caça ou a ave silvestre, quando esta se empoleira nos galhos para dormir, para surpreendê-la e abatê-la a tiros de espingarda; “ Janjão foi espiá paca lá na seva do bananá, e Lauro cabô de saí pra espiá macuco no morro “ ESPIADA - ( s.f. ) - olhadela; dar uma espiada no baile; dar uma rápida olhada. ESPINHé(R) ( s.m. ) aparelho de pesca, que consiste num cabo sustentado por bóias de cortiça, do qual, de distância em distância, pendem linhadas com anzóis. O
espinhél pode ser deixado na espera ou ser “ assistido ” da canoa pelos pescadores . ESPINHELA CAIDA - (s.f.) designação de varias doenças da coluna vertebral. ESPINHO DE JUDEU- ( s.m. ) - espécie de cipó com grandes espinhos. ESPIRITEIRA - ( s.f.) - peça onde se coloca álcool para arder; pequeno fogão. ESPIRUCá R – ( v.t.d.) – escarafunchar, esgaravatar; remexer ou escarafunchar com as unhas ou com palitos. “ Minino dexe de ficá espirucando essa machucadura, senão vai virá firida” ESPIRRO DE PICA - (s.m.) pessoa muito magra ; coisa insignificante. ESPOLETA - ( adj. ) - diz-se da criança muito levada. ESPRAIADO - ( s.m. ) - espaço que a maré deixa ao vazar. ESPREGUIÇADEIRA - ( s.f.) cadeira preguiça. ESQUENTAMENTO - ( s.m.) gonorréia. ESTAQUEá A REDE - ( v.t.) deixar a rede de espera presa por estacas. ESTEIRA DE PIRI - ( s.f.) esteira feita de junco; de piri. ESTEIRA - ( s.f. ) - tecido de tabôas secas entrelaçadas, de tamanho variado, servindo de cama. Os gomos da tabôa oferecem um acolchoado macio e impermeável à umidade. Ela pode ser usada sobre um estrado de madeira ou colocada diretamente no chão batido do casa. ESTEIO - ( s.m. ) - escora; espeque; amparo. ESTICA - ( s.f.) - estar na estica; estar bem vestido. ESTICA E PARA - ( s.f.) - borracha sem elasticidade. ESTILINGUE - ( s.m. ) - forquilha de madeira, munida de elástico, com que as crian-ças
atiram os pelotes. ESTIVA - ( s.f. ) - revestimento feito com paus roliços ou varas, em terrenos alagadiços ou pantanosos. “ prá nóis passá nesse pantáno, tem de estivá ele cum vara grossa “ ESTOCADA - ( s.f.) - levar uma estocada; levar uma bronca; ser posto para fora. ESTORRICADO - ( adj. ) muito seco; quase assado; roupa muito apertada. ESTORVá - (v.t.) - incomodar; embaraçar. ESTORVADO - ( adj. ) - estouvado; estabanado; travesso; imprudente. ESTRALO - ( s.m. ) - ruído leve; estampido. ESTRANJA - ( s.f.) - estrangeiro; terras estrangeiras. ESTRéPE - ( s.m. ) - espinho ou lasca de madeira. ETA - ( interj. ) - indica admiração ou constatação. “ Êta pedaço de mato bão prá rocá e prantá “ EXPERIMENTE - ( s.m.) - querer um experimente ; uma lambujem ; querer uma chance. EXPRIMENTá - ( v.i ) - tentar; experimentar. “ É o popêro que vai exprimentano o lugá, intão a gente larga a rede, despois bate, vorta batendo e garra a colhê ela “ EXTRATO - ( s.m. ) - mesmo que água-de-cheiro; perfum FACHIá - ( v.t.) - pescar ou caçar à luz do facho. FACHO - ( s.m. ) - lampião; archote; luzeiro ; peça de taquara em fogo, utilizada para iluminação na pesca; farolete; lanterna a pilhas. FAÍSCA - ( s.f. ) - corisco; relâmpago, raio. “devéra de sê a faísca que lanhô esse pau no meio “ FALá - ( v.i.) - ação de emitir sons, produzidos pelos animais, compreenden-
do as aves e os pássaros. “ O surucuá vem no arremedo, pensa que é o filho que tá falando “ FALá - ( v.i.) - ação de emitir sons, produzidos pelos animais, compreendendo as aves e os pássaros. “ O surucuá vem no arremedo, pensa que é o filho que tá falando “ FAMILHAGE - ( s.f.) - os familiares ; a parentagem. FAMITO - ( adj.) - faminto; guloso; esfomeado. “o famito cumeu tuda comida“ FANDANGO - ( s.m.) - O Fandango era dançado em Portugal já no século XVII, vindo da Espanha e no século seguinte era considerado como dança nacional, animando os bailes da corte e chegando até às ruas. No Brasil, St. Hilaire presencia um Fandango no Paraná, em 1820 e vários autores se referem à sua presença nos festejos do Paço de São Cristóvão, no Rio de Janeiro. O Fandango de Cananéia é, antes de mais nada, um baile que reúne diversas danças regionais denominadas “ marcas de fandango “ , que tem coreografia própria e que se dividem em dois grandes grupos: as “ bailadas “ e as “ rufadas “ . Às primeiras, pertencem danças executadas por homens e mulheres “arrastando os pés “ ; às segundas, danças que entrem batidas de pés e mãos. Somente os homens “rufam “ , calçando tamancos, sobre um tabuado de madeira, enquanto as mulheres realizam evoluções mais discretas. Por fim, retiram-se, deixando aos homens o “arremate” , verdadeira prova de virtuosismo. Ao “Fandango Batido “ pertencem as seguintes “ marcas “ : Autoria, Manjericão,
Sapo, Vilão, Sinsará, Gaivota, São Gonçalo. Ao “ Rufado “ , pertencem as “ marcas “ do Anu Paraguai, Anu Corrido, Tonta, Nhá Aninha, Serrana, Feliz, Chamarita, Queromana e Andorinha. O Bater do pés e mãos é sempre realizado em uníssono, sob as ordens do “ Mestre “ que dirige o baile. Antigamente, o Fandango era dançado sobre um tabuado em baixo do qual cavavam um grande buraco, que funcionava como caixa acústica e “ o rufar do Fandango se ouvia a léguas “. FARINHA D’ÁGUA - ( s.f.) - farinha feita de mandipuva. Coloca-se a mandioca num cesto dentro d ’água, espera apodrecer até soltar a casca e faz a farinha dessa mandioca quase podre. FARINHA DO BARCO - (s.f.) – farinha de mandioca que vinha da região de Santa Catarina, trazida pelo veleiro São José, hoje afundado defronte ao cais. FARINHA MANEMA - ( s.f.) -mesmo que a farinha d ‘água, só que coada um pouco mais grossa FARINHA DA TERRA - ( s.f.) farinha de mesa do caiçara. FARINHA DE MESA - ( s.f.) farinha comum de mandioca, branca e seca. FARINHA DE TAPIOCA - ( s.f. ) - pó granulado, constituído pelos resíduos da goma da massa sevada da mandioca torrada na lâmina do tacho de cobre no fabrico do biju. Fonte: PEQUENO DICIONÁRIO DE VOCÁBULOS E EXPRESSÕES CAIÇARAS DE CANANÉIA. Obra registrada sob nº 377.947-Liv.701. Fls. 107 na Fundação Biblioteca Nacional do Ministério da Cultura para Edgar Jaci Teixeira – CANANÉIA –SP .
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Você conhece a lenda do rito de passagem da juventude dos índios Cherokees?
O pai leva o filho para a floresta durante o final da tarde, venda-lhe os olhos e deixa-o sozinho. O filho se senta sozinho no topo de uma montanha durante toda a noite e não pode remover a venda até os raios do sol brilharem no dia seguinte. Ele não pode gritar por socorro para ninguém. Se ele passar a noite toda lá, será considerado um homem.
Ele não pode contar a experiência aos outros meninos porque cada um deve tornar-se homem do seu próprio modo, enfrentando o medo do desconhecido. O menino está naturalmente amedrontado.. Ele pode ouvir toda espécie de barulho.. Os animais selvagens podem, naturalmente, estar ao redor dele. Talvez alguns humanos possam feri-lo.
Os insetos e cobras podem vir picá-lo. Ele pode estar com frio, fome e sede. O vento sopra a grama e a terra sacode os tocos, mas ele não remove a venda . Segundo os Cherokees, este é o único modo dele se tornar um homem. Finalmente….. Após a noite horrível, o sol aparece e a venda é removida. Ele então descobre seu pai sentado na montanha perto dele. Ele estava a noite inteira protegendo seu filho do perigo. Nós também nunca estamos sozinhos! Mesmo quando não percebemos, Deus está olhando para nós, ‘sentado ao nosso lado’. Quando os problemas vêm, tudo que temos a fazer é confiar que ELE está nos protegendo. Apenas porque você não vê Deus, não significa que Ele não esteja conosco. Nós precisamos caminhar pela nossa fé, não com a nossa visão material.
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Coluna da
Cantinho da Poesia
“Meu Cruzeiro do Sul” Adelina Campi
As três árvores
Imaginemos três pequenas árvores que sonhavam o que seriam depois de grandes. A primeira queria ser o baú mais precioso do mundo, cheio de tesouros; A segunda queria ser um grande navio para transportar reis e rainhas. A terceira árvore queria ficar no alto de uma montanha e crescer tanto que as pessoas quando olhassem para ela, levantassem seus olhos e pensassem em Deus. Mas, a primeira árvore acabou sendo transformada num cocho de animais coberto de feno, a segunda virou um simples barco de pesca carregando pessoas e peixes todos os
dias e a terceira árvore mesmo sonhando em ficar no alto de uma montanha, acabou cortada em grossas vigas e colocada de lado num depósito. Mas numa certa noite, uma jovem mulher colocou seu neném nascido naquele cocho de animais e de repente a primeira árvore percebeu que continha o maior tesouro do mundo. A segunda árvore anos mais tarde acabou transportando um homem que acabou dormindo no barco, mas quando a tempestade quase afundou o pequeno barco o homem levantou-se e disse ao mar revolto: -”Sossega”; e entendeu que estava carregando o Rei
dos Céus e da Terra. Tempos mais tarde, numa sexta-feira, a terceira árvore espantou-se quando suas vigas foram unidas em forma de cruz e um homem foi pregado nela, pois fora condenado a morte mesmo sendo inocente. Logo sentiu-se horrível e cruel, mas no Domingo o mundo vibrou de alegria e a terceira árvore entendeu que nela havia sido pregado um homem para a salvação da humanidade e que as pessoas se lembrariam de Deus e de seu filho Jesus Cristo ao olharem para ela. “O coração do homem pode fazer planos, mas a resposta certa vem do Senhor.” Pense nisto
Com todos os meus desejos vulgares Caminhei por escaldantes desertos Na fúria de todos os sete mares Naveguei por rumos incertos Como um perdido andarilho Andei por inusitados caminhos Desprezando flores e vendo apenas espinhos Mas um dia encontrei de uma estrela o brilho Então saí do chão e me lancei aos ares Desta vez com alguém de mãos dadas Viajando por dantes desconhecidos lugares Onde só podem chegar duas almas amadas Assim realizei todos os sonhos meus Aos que amo levei para a imensidão do céu azul E nós cinco juntos, formamos meu Cruzeiro do Sul A mulher amada, meu casal de filhos, eu e Deus Manoel Del Valle Neto