Jornal Maranduba News #46

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Maranduba, 25 de Fevereiro de 2013

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Disponível na Internet no site www.jornalmaranduba.com.br

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Animais retomam hábitos antigos e são avistados por moradores

Ano 4 - Edição 46


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Jornal MARANDUBA News

Editorial

Veiculo é resgatado do Rio Maranduba

Chove chuva... chove sem parar. Parodiando uma musica muito conhecida em nosso país, a natureza parece ter seguido a canção e despencado agua neste período. Muitos reclamam, outros abençoam, porém tendo em vista os últimos acontecimentos foi muita desgraça e até mortes. Todo ano é a mesma coisa em regiões diferentes, as mesmas histórias, problemas e catastrofes. Muitas delas não sabemos onde pode ocorrer, já outras é mais do que previsivel. Então o que fazer? Taí uma pergunta a ser respondida pela própria sociedade, por autoridades e setores organizados. Não é só punir, não é só discriminar, todos tem de ter peito para enfrentar o problema sem aquela de ganhar dinheiro para sair bem na foto. Tem de ter responsabilidade e coragem de assumir que também é parte do problema, assim quem sabe diminui o “empurra-empurra” das responsabilidades. A chuva veio por algum motivo, os problemas estão na terra, na atitude das pessoas, ou na falta delas. O trato e o cuidado com a natureza deve ser real, não apenas para efeitos burocraticos. Enquanto se carimbam papéis, catastrofes acontecem. Emilio Campi

Cartas a Redação Carta a Manoel Del Valle Neto Venho através deste veículo dizer-lhe o quanto admiro seu trabalho. De alguns meses para cá tenho acompanhado teus poemas e poesias e confesso: é uma fonte inspiradora que me diz para não parar. Tento escrever as coisas que, não sei como explicar... É! Sinceramente irei te poupar de meus comentários.

Apenas vos digo que como há muito joio em um trigal, penso e acredito que há poemas e poesias belas no meu acervo, embora acho ser muita pretensão de um principiante. Finalizo agora para não aborrecer-te, uma seria para mim conhece-lo. Que Deus te abençoe. Wellington Gomes de Oliveira Sertão da Quina

Pedra do “Gato” No último dia 08 uma caminhonete foi retirada do Rio Maranduba após cair na manhã do dia anterior. A espera causou maiores prejuízos ao veiculo, já que no dia em que caiu o rio estava em seu nível normal, e, para a retirada segundo moradores, bastava ser puxado por um caminhão. O local é conhecido como Morro do Foge e revela muitas histórias, lendas e mistérios, registrados em documentos antigos ainda do período das fazendas da época do império do Brasil. O veiculo é da frota de um comercio local de pedras e

granitos e saiu totalmente destruído. Na tarde e noite anterior ao resgate choveu muito e as águas subiram substancialmente, o que fez o veiculo deslocar para parte mais profunda do rio dificultando ainda mais sua retirada. Com o acesso paralisado, muita gente foi ao local para ver seu içamento. Foram várias as câmeras que registraram o infeliz acontecido sem vitimas. Ninguém sabe ao certo se foi ocasionado por falha humana ou mecânica, resta aguardar as autoridades que irão apurar os fatos.

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Emilio Campi Colaboradores:

Adelina Campi, Ezequiel dos Santos e Fernando A. Trocole Os artigos assinados são de inteira responsabilidade de seus autores e não refletem a opinião da direção deste informativo

O morador da Lagoinha conhecido como Elias enviou uma foto a qual mostra uma pedra que parece com a cara de um gato, segundo ele, foi tomar banho em um rio da região e teve a sensação de que algo o observava. Após olhar bem pelo local ele descobriu um “gato de pedra” olhando atenciosamente para ele.

Então trouxe a pedra para sua casa e terminou o serviço que a natureza havia começado. Na foto em cima da cara do gato uma pedra que se assemelha a uma bolinha de gude, daquelas de vidro. Ela foi polida de tanto ser trabalhada pela correnteza de um outro rio da região.


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Promata colabora com documentário da BBC EMILIO CAMPI O grupo Promata foi selecionado pela equipe da Unidade de História Natural da BBC (British Broadcasting Corporation) para trabalhar e colaborar na seleção e captura de imagens para a série-documentário que será transmitida pela BBC a todo o mundo. O primeiro contato havia sido feito pelo observador de aves Carlos Rizzo, que indicou o grupo de turismo de base comunitária do Sertão da Quina. Intitulado Wild Brazil (Brasil Selvagem), o documentário está em fase de captura de imagens e contará com três partes com previsão de ir ao ar em 2014. Por e-mail o Produtor Sênior da Unidade de História

Natural, Sr. Adam White, informa que o propósito é mostrar em detalhe a incrível fauna selvagem do Brasil, acompanhando as vidas destes animais de maneira única. As imagens serão realizadas em Ubatuba e falam das belezas da fauna e flora da Mata Atlântica. A equipe da Promata pode ver em primeira mão algumas imagens realizadas na região norte do Brasil, elas impressionam pela qualidade e pelos detalhes capturados. Ainda segundo White, o documentário pretende oferecer aos espectadores do mundo todo um olhar íntimo, privilegiado, de algumas das criaturas mais singulares do planeta. O documentário esco-

lheu poucos lugares no Brasil para destacar a vida selvagem e uma delas foi à região sul de Ubatuba. Na última sexta, 22, o casal Ted Giffords e Emily Walmsley esteve com integrantes do Promata visitando alguns locais para realizar a filmagem. Faltam ainda detalhar os cronogramas para os locais mais distantes entre praias, cachoeiras, picos e vales. Na caminhada puderam observar a variedade e o colorido da avifauna atlântica, mesmo em regiões baixas próximas a praia. Ao que parece o casal ficou satisfeito com o tratamento e o conhecimento dos integrantes do grupo sobre a floresta, animais e aves

Comunidades tradicionais são ouvidas em diagnóstico para um litoral sustentável EZEQUIEL DOS SANTOS O Instituto Polis através de um convenio com a Petrobras realizou um amplo estudo sobre o diagnóstico socioambiental e programa de desenvolvimento sustentável com inclusão social para o Litoral Norte paulista. O trabalho foi realizado em 2012 e conta com cadernos de oito paginas especificas para cada cidade do litoral. O que chama a atenção neste estudo é que desta vez em Ubatuba as comunidades foram ouvidas, com isto foi realizada uma leitura comunitária, considerada de extrema importância para a conclusão dos estudos que ficaram mais próximos do real neste território. Para este tipo de leitura foram entrevistados lideranças de diferentes setores, isso possibilitou perceber a avaliação dos moradores sobre os processos de transformação em curso no litoral, suas perspectivas quanto ao

desenvolvimento do município e expectativas quanto ao futuro. O estudo levantou que os canais efetivos de comunicação entre os conselhos e a sociedade civil são considerados insuficientes e não chegam a estimular a mobilização e a participação mais ampla nos mecanismos de controle da gestão pública. Ao lado de uma sociedade civil dispersa, com baixo nível de autonomia e de participação, coexistem organizações autônomas, críticas e participativas, como as comunidades de caiçaras e pescadores, quilombolas, indígenas que lutam pela preservação de sua história, cultura e tradições, seus direitos e modo de vida. Na agenda destas organizações estão o desenvolvimento sustentável e os trabalhos de base comunitária através do apoio à pesca artesanal, ao turismo ecológico e cultural, à exploração equilibrada e o uso sustentável dos parques

e unidades de preservação ambiental da Serra do Mar, que se sobrepôs há décadas em cima do meio de vida e cultura destas comunidades. A leitura técnica envolveu o estudo da economia do município, suas fragilidades e potencialidades, a análise urbanística e jurídica do processo de ocupação do território e de suas contradições, o destaque foi para temas como as condições de moradia, o acesso a infraestrutura urbana, as condições de mobilidade local e regional, as questões relativas às áreas ambientais protegidas e às possibilidades de crescimento e adensamento urbano, e o impacto dos grandes projetos em curso no litoral. O diagnostico aponta ainda que as políticas públicas têm de aproveitar as potencialidades do município para alavancar o desenvolvimento econômico baseado fortemente num projeto de turismo

sustentável. Tal projeto requer garantir infraestrutura de recepção aos turistas e de turismo ecológico e cultural, com a inclusão das comunidades do território. Supõe, também, o fortalecimento da cadeia de agricultura familiar com manejo sustentável nas comunidades estabelecidas em áreas de parque, incluindo a suspensão da proibição do plantio roças na área dos quilombos. O estudo agradou as comunidades da região sul de Ubatuba, lideranças ouvidas sentiram-se orgulhosas porque o documento nada mais trata do que solicitações pleiteadas há décadas e que se aplicadas desde o período proposto desestimularia o números de oportunistas, daria maior dignidade a estas comunidades e credibilidade ao município. O estudo também aponta situações de loteamentos irregulares, PIB do município, evolução da marcha urbana, acesso desigual aos serviços públicos, a

manifestação da cultura como alternativas viáveis e fala ainda da regulação para culturas tradicionais. Aponta ainda que a Lei Orgânica de Ubatuba (LOU) e o Plano Diretor Municipal regulam grande parte dos princípios e diretrizes da política urbana do município. A LOU regula, por exemplo, a proteção a Aldeia Boa Vista, no Sertão do Prumirim, e a proteção aos quilombos, garantindo assistência social e jurídica, demarcação de terras, bem como apoio ao resgate cultural e histórico. O Plano Diretor, por sua vez, efetiva a demarcação de um Macrozoneamento de Gestão Compartilhada das Populações Tradicionais. Existem outras leis e projetos aprovados pela Câmara Municipal que tratam do estimulo, organização, incentivo e reconhecimento destas tradições milenares da cultura de Ubatuba, falta agora colocar em pratica todo esse diagnóstico.


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Bingo realizado por instituições supera expectativas EZEQUIEL DOS SANTOS No último dia 09 o grupo Promata com a colaboração de membros da Pastoral da Criança, amigos e voluntários realizou um bingo em prol da reforma do antigo prédio da ASEL no bairro do Sertão da Quina. O bingo aconteceu na cantina da Capela de Nossa Senhora das Graças, que embora realizado em período de carnaval, superou as expectativas de público e arrecadação. O espaço servirá para atendimento aos trabalhos e serviços de desenvolvimento sustentável, história, geração de emprego e renda, cultura e de atendimento as crianças da região, com isto o local contará como sede dos trabalhos da Pastoral e da Promata. O evento levou um mês para ser organizado e contou com muitos colaboradores, patrocinadores e incentivadores. O valor arrecadado ultrapassou os cinco mil reais e já tem destino certo. Naquela noite aconteceu o retorno do leilão, pratica tradicional ainda apreciada por vários moradores, principalmente os mais experientes. Foram leiloados cachos de bananas, galinha garnizé, abóbora, entre outras prendas tradicionais. Vários foram os voluntários que colaboraram com o sucesso do bingo e leilão. Os organizadores marcarão uma reunião com padre Carlos Alexandre que incentivou e colaborou para que tudo isso acontecesse. No dia 23 o grupo começou a executar os trabalhos para a reforma e melhorias do local. Os Organizadores do evento agradecem a contribuição efetiva de cada colaborador e voluntario que diretamente e indiretamente ajudou para que este dia pudesse sair do papel.

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Amigos realizam festa a moda antiga

Na foto, o amigo Nilson balança a champanhe ao aniversariante Domingos que esta ao lado da esposa Fátima

Toninho da Chica leiloa doação de produtor

EZEQUIEL DOS SANTOS No último dia 02, o morador Domingos Alves fez 60 anos de vida e vários amigos e familiares realizaram uma festa de aniversario ao estilo antigo. Naquele sábado um punhado de gente puxou lona, armou tendas, prepararam churrasqueiras, colocaram as bebidas para gelar, tudo para alegrar o patriarca. Os amigos Nilson e Rose deram a maior força para esta grande festa, até fogos

de artifício foram lançados em homenagem ao aniversariante irmão do histórico “tenente”. Em ritmo de alegria e verdadeira confraternização muita gente apareceu para dar o ar da graça. Sempre ao lado da esposa e companheira Fátima, o aniversariante agradeceu a todos e sorriu o tempo todo observando o grande numero de convidados neste evento fraterno e amigável, como uma grande família.

Secretario de turismo visita Promata

Grupo PROMATA e parceiros iniciam mutirão da Sede Própria

PRESTAÇÃO DE CONTAS A Promata e entidades associadas vem a público e a comunidade colaboradora prestar contas do bingo/leilão realizado no último dia 09 de fevereiro, também agradecer ao Padre Carlos Alexandre e a todos os colaboradores, parceiros, patrocinadores e doadores, aos que doaram tempo, mão de obra e apoio: Total do bingo/leilão: R$ 6.370,00 Despesas: R$ 1.093,00 Líquido: R$ 5.277,00 Organizadores do Bingo/Leilão

No último domingo, 27 de janeiro, o Secretario Municipal de Turismo Gerson Peres Campos, participou de um encontro informal com o grupo de turismo de Base Comunitária e Observadores de Aves Promata do bairro do Sertão da Quina. A visita havia sido solicitada pelo secretario e mesmo com as fortes chuvas daquele dia o encontrou aconteceu. O grupo ouviu as propostas, as possibilidades, e a intenção deste novo governo sobre o turismo e observação de aves.

O Secretario explanou sobre as questões de inicio de mandato e que vem mantendo contatos com os governos estadual e federal nesta área. Colocou a secretaria a disposição da comunidade e ouviu propostas do grupo sobre o turismo e observação de aves na região, as possibilidades de parcerias e trabalhos a qual o grupo colocou-se a disposição. Sem data definida ficou aberta a possibilidade de outros encontros, inclusive com a presença do Secretario Municipal de Meio Ambiente.


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Campo da Lagoinha é reativado com melhorias

EZEQUIEL DOS SANTOS No último sábado dia 16, aconteceu no campo de futebol da Lagoinha um amistoso entre Sertão da Quina e Lagoinha reestreando as recentes melhorias no local. O futebol, embora brigado minuto a minuto não escondeu a admiração e contentamento de atletas, torcedores, pais e visitantes que viram o espaço totalmente reformulado. Atualmente o espaço conta com alambrados novos e modernos, grama bem aparada, vestiário reformado, novas dependências, água e luz instaladas e uma geral no entorno do campo de futebol ampliando ainda mais o espaço de aprendizado, lazer e bem viver. A nova diretoria resolveu assumir o campo em meados de junho de 2012 e conta com dez membros na diretoria e 68 associados que colaboram R$ 10,00 mensais. Toda a diretoria é formada por voluntários e não faltam a nenhum evento. O alambrado no entorno do campo foi colocado em 25 dias

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graças à eficiência dos colaboradores e patrocinadores que apostaram no projeto. No local já foi realizado um “Dia das Crianças” como contribuição social e comunitário de vários moradores e da diretoria do clube. Diretores falam que a única coisa que não foi doada foi a colocação da logomarca do clube estampada na parede do vestiário, de resto, lembra um dirigente, foi tudo doado. Enquanto rolava o amistoso um caminhão “papa entulho” colocava entulhos em buracos na rua que dá acesso ao local

como forma de contribuição a comunidade e ao clube. Moradores ajudam a espalhar o material para seu melhor proveito. O resultado do amistoso ficou assim classificado, a categoria sub 16: Sertão 3 x 1 Lagoinha, a categoria sub 12: Sertão 4 x 3 Lagoinha. Dirigentes, organizadores e moradores aguardam que a prefeitura mande para a região um professor para dar continuidade aos trabalhos nos campos de futebol e fora dele, que de fato conheça as necessidade e potenciais destas crianças.

Quilombolas recuperam trechos de estrada municipal

No último dia 03, domingo, moradores do quilombo Caçandoca/Caçandoquinha se organizaram para recuperar trechos da estrada municipal que se encontra deficitária. A força tarefa havia começado no dia 25 de janeiro com a colocação de material das laterais no leito do acesso. Entre o natal e o ano novo um morador pagou uma pessoa para que se fizesse de “cantoneiro” no intuito de recuperar os pontos mais críticos da estrada. Neste domingo tiveram a colaboração de uma maquina pá carregadeira e um caminhão para ajudar nas tarefas, o que faltou foi material para todo trecho. Os pontos mais altos da estrada foram plainados para preencher os buracos que dificultam a chegada de moradores, visitantes e turistas à comunidade quilombola. A semana foi tensa já que moradores contavam com uma maior colaboração da prefeitura para o serviço, o que gerou certa discussão. Por outro lado a prefeitura informou que não dispunha de verbas e material para realizar o serviço, além do mais os equipamentos deixados na regional não se encontram em condições de realizar algum trabalho. No ano passado a Associação

dos Moradores da Praia Pulso se dispos a realizar a melhoria do acesso e também contava com maquinários da prefeitura, o que não aconteceu, porém algumas melhorias foram realizadas pela associação. Turista que por lá passavam apoiaram a iniciativa, alguns até fotografaram para mostrar o que a comunidade realiza para prestar um bom atendimento aos visitantes de Ubatuba. Há algumas décadas um morador resolveu recuperar outro acesso municipal, esta ação gerou discussão e muita polemica, mas ao final os moradores se mostraram satisfeitos. Não é a primeira vez que a comunidade se mobiliza para realizar esta tarefa, segundo moradores toda vez é a mesma história. A extrema necessidade e o caráter emergencial fizeram com que a comunidade se mobilizasse para esta empreitada, os quilombolas buscam parcerias e agradecem aos colabores deste domingo que deixaram suas famílias para atender a mais esta necessidade que é de responsabilidade do poder público. Ao final um grande encontro entre amigos e um almoço foi serviço a estes valorosos homens que doaram seu tempo a uma causa comum.


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Caiçara apresenta trabalho cientifico sobre plantas medicinais EZEQUIEL DOS SANTOS O biólogo William Roberto Santos Onofre, 23 anos, do bairro do Sertão do Ingá, apresentou na Faculdades Módulo um Trabalho de Conclusão de Curso que trata do levantamento Etnobotânico de plantas utilizadas para o controle de diabetes, hipertensão, obesidade e inflamações em comunidades caiçaras de Ubatuba, utilizando moradores das comunidades tradicionais da região sul. O trabalho foi apresentado no final de 2012 e teve como orientadora a Profª Drª. Marli Pereira Botânico daquela universidade. Além dos acadêmicos da cidade, William agradece a família, a bióloga Juliana Ramos, a professora Camila, a todos os caiçaras por compartilhar seus conhecimentos e aos Drs. Marcus Rodrigues da Costa e Camilo de Lellis, que é morador da região. Segundo William, “o estudo visa investigar e catalogar o conhecimento da população caiçara sobre o uso de plantas com potencial terapêutico no tratamento de Diabetes, Hipertensão, Inflamações e obesidade”. Foram entrevistadas 10 pessoas (5 em cada bairro), 82% são de sexo feminino e 18% do sexo masculino, a faixa etária variou entre 51 a 86 anos. Das 48 plantas citadas, 44% são utilizadas com a finalidade de cura ou cicatrização de inflamações; as plantas utilizadas para o controle de Hipertensão e Diabetes obtiveram a mesma porcentagem 25 % e as plantas utilizadas para o controle de obesidade obtiveram a menor porcentagem 6 %. Das formas de preparo a mais utilizada é o chá com 77%, seguida pela infusão e

Folhas de Carqueja (Baccharis trimera) utilizadas na forma de chá para tratamento da obesidade

maceração em água 6%, maceração 5%, secagem ao sol 4% e por ultimo com cozimento e maceração em álcool 1%. Dentre os órgãos mais utilizados para o preparo dos medicamentos as folhas representam 69 %, seguido dos frutos 16%, casca 6%, raízes 4 %, sementes 3% e flor 2%, respectivamente. Nesse trabalho das 48 espécies de plantas citadas, apenas 15 possuem citações em revistas cientificas. As informações etnobotânicas avaliadas nesse trabalho colaboram com informações científicas publicadas e confirmadas para determinadas doenças. De todas as espécies analisadas nesse estudo se nota que a literatura apresenta dados relevantes sobre as que tratam do diabetes. Para o pesquisador Camilo de Lellis, “William fez um tra-

balho excelente, sobretudo a maneira como foi discutido. Tive a honra de contribuir com a concepção inicial do projeto e sugeri que o trabalho focasse em plantas utilizadas no tratamento de doenças metabólicas. Essa pesquisa tem um valor significativo para nossa comunidade local bem como para a comunidade científica, que atualmente tem investido em pesquisas direcionadas para a busca de fármacos a partir das florestas brasileiras. Os dados obtidos demonstram o sábio conhecimento de nossa região, que ficou registrado no trabalho do aluno. Essas informações são protegidas por lei, conhecidas como ‘conhecimento tradicional associado’. A lei garante que parte do lucro gerado nas vendas de novos fármacos, descobertos através da sabedo-

ria de comunidades de base, seja repassada para própria comunidade. Muitos povos indígenas já foram explorados por pesquisadores que roubaram informações preciosas, faturaram milhões de reais e negaram a contribuição dos índios. E o conhecimento dos caiçaras? Sendo o aluno um caiçara, automaticamente estamos protegendo nossos conhecimentos.” O conhecimento das espécies citadas e as formas de utilização das mesmas são repassados à população de geração em geração. Para o estudioso é necessário um estudo mais detalhado que esclareça melhor o potencial medicinal dessas plantas, com o intuito de preservação das áreas estudadas. O resultado é de fato digno de ser apreciado e que possa ser utilizado como ícone

de pesquisa cientifica e como garantia da continuidade dos saberes e fazeres tradicionais. William que está genealogicamente ligado a formação histórica e cultural da região, é participante da identidade caiçara, diz que embora conheça os caminhos naturais e o potencial dos entrevistados “é gratificante trabalhar com nossas comunidades, o conhecimento que estas pessoas possuem a respeito da natureza é de fato incrível.” O biólogo fala ainda que a Organização Mundial de Saúde (OMS) define plantas medicinais como espécies vegetais que possuem em um de seus órgãos, ou em toda a planta, substâncias que se administradas ao ser humano ou a animais, por qualquer via e sob qualquer forma, exercem algum tipo de ação farmacológica e isto os moradores entendem bem. William é colaborador dos trabalhos de base comunitária, embora tenha o tempo tomado pelos estudos, participa, mesmo que ao longe, ativamente dos movimentos na comunidade. É mais um morador que transformou o conhecimento de seus antepassados em documento, valorizando ainda mais o conhecimento nativo de sua comunidade e colaborando para literatura cientifica. Camilo reforça ainda que um aspecto deve ser lembrado, fazer um levantamento de plantas medicinais não significa que os resultados nos tratamentos já foram cientificamente comprovados. Dessa forma, a utilização de chás como solução para cura de doenças é uma prática bastante arriscada, pois efeitos colaterais tóxicos podem acompanhar os efeitos benéficos do chá.


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Bibi defende municipalização do cais velho e mudança da feira hippie Imprensa CMU O vereador Reginaldo Bibi (PT) defendeu da tribuna da Câmara, a municipalização do cais do porto da Ponta Grossa, considerado por ele patrimônio local abandonado. Ao denunciar a desfiguração da orla do Itaguá ele pediu a transferência da feira de artesanato da praia do Cruzeiro para outro local, sugerindo recuperação da área para lazer. Lendo texto escrito, o vereador reclama de “elefantes brancos ou estruturas postadas em locais privilegiados do município mas que, sem os devidos cuidados, acabam sofrendo danos”. Para Bibi, o chamado “cais velho é um ícone da história de Ubatuba, por onde era escoada grande parte das mercadorias vindas do Vale do Paraiba e de Minas Gerias, vindas em lombo de burro”. Ao defender a municipalização, o vereador argumenta que “do porto, localizado a apenas 3 km do centro da

cidade, na Ponta Grossa, se tem uma visão completa da magnífica baía de Ubatuba, do Itaguá, Cruzeiro e prainha do Matarazzo, local estratégico para a pesca, pesquisa e turismo”. A área é sede do Instituto de Pesca do Estado e o cais é da Marinha. O vereador falou “da tristeza em que se encontra aquele belo lugar, dos sobreviventes da época de ouro da sardinha que veem aquela estrutura abandonada”. Ele concluiu defendendo planejamento na adoção de medidas que promovam a integração do velho cais aos equipamentos de lazer e turismo, à vida econômica da cidade”. O entorno do porto ainda conta, hoje, com construções antigas que servem de base ao Instituto de Pesca do estado, semi-abandonados. Feira hippie Lembrando o caráter histórico da praia do Cruzeiro e seu passado de área de convivência da comunidade, Bibi

Foto: Emilio Campi

criticou a desfiguração da área ocupada pelas barracas onde licenças são concedidas por critérios discutíveis enquanto o verdadeiro artesão é colocado para escanteio cedendo lugar a produtos “movidos a pilha”, da rua 25 de março, em São Paulo.

Os vereadores Claudnei Xavier (DEM) e Biguá (PSD) apoiaram as ideias mas com a ressalva de que a descaracterização da orla vem de décadas, das várias administrações. “Hoje não se enxerga mais a Praia Grande, o Tenório, as Toninhas, tantos são

os quiosques”, disse Claudnei. Quanto à feira hippie ambos apoiam a ideia de uma revisão mas com a ressalva de que é necessário preservar o ganha-pão de uma centena de famílias que ali trabalham, evitando localizá-los longe do afluxo de turistas.

Parceria entre Prefeitura e PRF garante Ambulância de Resgate para Ubatuba Comunicação PMU Uma parceria entre a Prefeitura de Ubatuba e a Polícia Rodoviária Federal fará com que a cidade ganhe mais uma ambulância de resgate para o atendimento ao longo do município. O convênio, que ainda precisa ser homologado pela Câmara dos vereadores, estabelece que o município ofereça os recursos humanos (motoristas e atendentes) necessários para a operação de uma Unidade Móvel de Suporte Básico, cedida pela Polícia Rodoviária Federal. Com a iniciativa, o município contará com um veículo da PRF, especializado no atendimento pré-hospitalar de

urgência e emergência, na frota de resgate. Para a secretária de Saúde de Ubatuba, Ana Emília Gaspar, a parceria com a 7ª Delegacia da Polícia Rodoviária Federal é mais um passo no sentido de melhoria do atendimento ao cidadão ubatubense. “Com os carros do SAMU e mais essa ambulância da PRF, temos, ao todo, 5 veículos devidamente equipado para prestar o primeiro socorro a qualquer cidadão que precise deste serviço em Ubatuba. É ordem do prefeito não medir esforços para melhorar a saúde pública de Ubatuba e uma parceria como essa só nos aju-

da a superar esses desafios”, ressalta Ana Emília. O Chefe da 7ª Delegacia da Polícia Rodoviária Federal de Ubatuba, Marcelo Annunziato Ramos ressalta que com a nova ambulância será possível diminuir o tempo de resposta para a Região Norte em pelo menos 15 minutos. “Com nosso veículo de resgate localizado no Posto Rodoviário da Praia do Félix, todo o atendimento na região Norte terá uma redução de 10 a 15 minutos até a chegada da equipe à ocorrência. Segundo estudos, essa redução é fundamental para a recuperação da vítima, já que a chance de sobrevida

aumenta em 80%, se as medidas certas forem realizadas na chamada “hora de ouro”, que são os primeiros minutos após algum acidente”, explica Annunziato, ressaltando que a nova ambulância não ficará restrita apenas às ocorrências rodoviárias, podendo também atender chamados nas estradas vicinais e nos bairros ubatubenses. Para a parceria se tornar um real benefício à população local, resta apenas a aprovação do projeto de lei na Câmara dos vereadores. De acordo com o presidente do Legislativo local, Eraldo Todão, o Xibiu, a proposta entra

na pauta da Casa já na próxima sessão. “O projeto vai pra votação na terça-feira (26) e acredito que todos os vereadores votarão favoráveis a esta iniciativa que visa melhorar o atendimento no setor de Saúde Pública da cidade”, concluiu o presidente da Câmara.


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Animais retomam hábitos antigos e são avistados por moradores EZEQUIEL DOS SANTOS No último mês aconteceu um grande avistamentos de animais na região, foram de varias espécies e nos mais variados locais. Alguns puderam ser fotografados outros nem tanto a fim de mante-los longe de curiosos. Muitos dizem ser pelo fato repressivo da legislação ambiental, outros dizem que apenas as pessoas voltaram a respeitar os ciclos naturais de uso, preservação e interação com a natureza, por isso os animais retornaram. Embora crescesse consideravelmente a expansão com características urbanas, alguns sinais de respeito à natureza ainda acontecem. Além das aves que são cada vez mais procuradas para contemplação, outros animais como mamíferos, roedores, anfíbios que não eram vistos com frequência voltaram a dar o ar da graça. O fato incide com a retomada da cultura de pequenos núcleos resistentes de moradores tradicionais o que facilita o manejo e o respeito ao que “Deus deixou na terra”. O excesso de pessoas e falta de infraestrutura adequada remetem as pessoas a ter outro foco em suas vidas, um que de fato traga qualidade de vida e bem estar, daqueles mais firmes com as potencialidades naturais, culturais, religiosas e turísticas. Muitos moradores viram a possibilidade de ganhar dinheiro com estas belezas, com sua forma de vida, com seus saberes naturais, tudo aliados a pratica tradicional de uso sustentável. Os olhos destes moradores voltam-se as coisas mais simples e natural, voltam-se a qualidade de vida em relação a natureza e sua intera-

Foto: Wagner José

Foto: Antonio Antunes

Foto: Fábio de Souza

Foto: Fábio de Souza

tividade, não a natureza como obrigação para meros relatórios e dados. O que acontece na pratica é que a legislação ambiental não respeitou os moradores formadores do processo civilizatório nacional e com isto criou diretrizes diferentes das realidades culturais e dos ciclos naturais destes povos em cada microrregião. Portanto na pratica, um morador tradicional é considerado criminoso a qualquer tempo, com a sabedoria dos ciclos ou não. Ao contrario do movimento “ambientalóide”, muitos

moradores gostariam de ver cada vez mais animais silvestres rondando o seu quintal, quem não quer acordar com o canto de sabiás? Talvez não os que queiram ganhar status ou dinheiro direcionando os animais em um único local, para que estes (os engravatados) continuem a manipular informações, o patrimônio comunitário, a vida das pessoas atrasando o processo de desenvolvimentos de comunidades sérias e comprometidas com a vida, com a cultura e o meio ambiente. Os animais os remetem a

transferir histórias e conhecimentos, daquelas esquecidas nas últimas quatro décadas, que uniram a comunidade na sua própria cultura quando se formou. Quem sabe chegará o dia em que a própria comunidade venha a administrar seu patrimônio natural, idéia esta já dita por antepassados tradicionais há quase meio século, basta entender sua história. Os animais avistados recentemente são a prova do empenho das pessoas que vivem na pele de tudo isso. Como diz um ditado antigo “mais ajuda quem não atrapalha”.

Foto: Ezequiel dos Santos


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Aves de difícil visualização são registradas Fotos: Fábio de Souza

PROMATA Nas últimas semanas de fevereiro integrantes do grupo Promata realizaram dois importantes registros de aves. Foram eles uma Saracura Lisa (Amaurolimnas concolor) e uma Mocho-diabo (Asio stygius), esta última da família das corujas. A Mocho-diabo é uma bela ave e tem aspectos interessantes, algumas delas ligadas a cultura de vários povos, por conta de sua aparência o mocho-diabo recebe esse nome, que é pelo fato a sua coloração escura com duas “orelhas” eretas e pela cor vermelho brilhante dos olhos ao refletir a luz incidente, lem-

brando a figura de um “demônio”. Uma curiosidade é que os machos são normalmente menores e mais leves do que as fêmeas. Ela tem o dorso preto, mosqueado e barrado, face escura, íris amarela e bico preto. Pode pesar entre 591 até 700 gramas e chega a atingir 38 cm de comprimento, possuindo grandes penachos na cabeça.Na França ela é chamada de “Hibou maitre-bois”, na Alemanha de “Styxeule” e na Espanha de “Búho Negruzco”. Alimenta-se de pequenos mamíferos, incluindo morcegos, e aves até o tamanho de pombos. Inclui-se também outros pequenos vertebrados e

insetos. Tem como hábito de caça a investida à presa vinda de um poleiro, os morcegos são caçados em pleno voo. Em árvores, usam ninhos de gravetos abandonados por aves de grande porte. A fêmea bota geralmente dois ovos brancos, que são exclusivamente incubados por ela. Os filhotes são alimentados pelo casal. Coruja estritamente noturna. Esconde-se durante o dia em densa folhagem ou galho de árvore coberto com epífitas, geralmente perto do tronco. Raramente ela é avistada em áreas urbanas arborizadas, a foto que ilustra esta matéria foi realizada pelo observador Fabio

de Souza e Antonio de Oliveira (tio) e justamente em uma área urbanizada com belas arvores. Moradores contam que haviam visto uma coruja desta na rua atrás do campo de futebol no Sertão da Quina, o que é um dado positivo a comunidade. A Saracura lisa mede cerca de 24 centímetros e é considerada fantasma da floresta, já que muita gente só conseguiu gravar seu canto e raras as vezes em que se deixa ser observada. Sua plumagem é uniformemente achocolatada. Arranca minhocas do chão úmido. Captura pequenos vertebrados, principalmente lagartixas, matando-as a bicadas.

Constrói seu ninho em forma de taça a 1 metro de altura do solo em meio à vegetação densa, chocando 4 ovos creme, manchados de marrom e tons purpúreos. Ocorre na borda de matas primárias e secundárias e em capoeiras principalmente no interior de mata fechada em córregos margeados por bambuzais e helicônias e também em restingas. No passado era usada como fonte de proteínas aos moradores, hoje ainda é apreciada, porém como forma de conhecimento, fortalecimento da identidade de um povo, fonte de renda com a observação e continuidade do conhecimento e dos ciclos naturais. Digamos, hoje é chique entender a história e a cultura do povo que formou o Brasil e conhecer os ciclos naturais da forma que as salas de aulas não ensinam. Fonte: Wikiaves, Carlos Rizzo, Guia de Campo – Aves de São Paulo.


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Gente da nossa história: Frei Ezequiel dos Santos João Donizete Cláudia Félix Ciro Enea Populin nasceu em 17 de fevereiro de 1913 na cidade de Buia, em Udne na Italia. Filho de Benedetto Populin e Argentina Pauluzzi Populin dividia a casa com nove irmãos. Aos dezenove anos já pensava em ser missionário, na China, porém durante a guerra, recebeu no convento uma ilustre visita, era o Dominicano Padre Acerbi, levando a todos a boa nova da terra que havia visitado - o Brasil. Entusiasmado com a descrição pediu transferência, foi negado. Quando trabalhava no Orfanato Villaggio Santo Antônio, a pedido do Frei Mariano Scaini, recebeu enfim a ordem para ir ao Brasil trabalhar na obra para crianças intitulada “Cidade da Imaculada”. Em 30 de outubro de 1958, Ciro Enea partia do Porto de Genova a bordo do navio Frederico “C” que aportou no Rio de Janeiro em dez de novembro daquele mesmo ano. No Brasil já chamado de Frei Pio, ficou em Santo André para aprender a língua do novo continente. Depois foi para Caçapava e por fim realizou duas visitas a Ubatuba, uma com o Frei Giocondo e outra com o Frei e pároco local Vitório Valentini. A partir daí, em 24 de julho de 1966, muita gente não só conheceu sua história como fez parte dela. Começa ele a visitar os rincões de Ubatuba, tendo ido varias vezes a Natividade da Serra e ao bairro das Palmeiras. Além das celebrações, batizados, confissões e casamentos ele, de uma forma inovadora e a frente de seu tempo, realizou um amplo inventario ouvindo as lideranças. Mas de que depressa buscou empreender ações na melhoria da qualidade de vida das pessoas. Ao que se sabe e informações colhidas por testemunhas oculares desta história, Frei Pio adquiriu, com a colaboração de particulares, um “chatão” e uma embarcação de nome Maria Sila, para a região norte de Ubatuba, tudo

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Pio – o homem do verdadeiro apostolado

para transportar o que dava para carregar: blocos, madeiras, remédios, comida, gente. A embarcação fazia pelo menos duas viagens por semana de Ubatuba até Camburi, levando e trazendo toda sorte de mercadorias e passageiros. Para os pescadores construiu o Estaleiro do Padre local que seria para construir barcos e comercializar os pescados. No estaleiro segundo moradores foi construído o barco para transporte de pessoal chamado Anita. O barco (“Deligencia”) rende muita história, varias delas cômica. No Ubatumirim mostrou todo o seu conhecimento de marinheiro, pé que ao conduzir sozinho o barco para vir ao centro da cidade, não se sabe como ele conseguiu arrancar a mangueira que serve para refrigerar o motor, e com isso adivinhem!... Só Deus sabe como conseguiu chegar a prainha do Matarazzo, já na cidade. No dia seguinte, os integrantes da equipe de trabalho, sem saber o que tinha acontecido, tinham de voltar com o barco ao Ubatumirim para trabalhar, ao saírem da Prainha, o volante do motor jogou água com óleo (parecendo um gêiser) até o teto, pois o barco já estava com quase dois palmos de água no fundo, ou seja, quase até o assoalho, os tripulantes tiveram de retornar e arrumar o barco. Outro episódio foi a do leite em pó, as pessoas fizeram uma força tarefa para distribuir o alimento nas casas da região norte de Ubatuba. Passado um mês pelo menos, voltaram às casas e um dos moradores reclamou se não

havia leite para seus filhos, já que o saco entregue no mês anterior ele havia caiado a parede da casa pra ficar “arvinha” (branquinha), pensando ser cal de pintura. Muitos não descobriram ao certo se ele tinha habilitação, na Avenida Maria Alves havia um canteiro no meio onde ficavam os postes. Dirigindo uma Kombi por essa Avenida um papelzinho resolveu voar do painel e cair no assoalho do veículo... e lá vai o Frei abaixar para pegar o papel, adivinha aonde ele parou? Como comentarista foi um fiasco, costumava carregar

um gerador para abastecer um aparelho de slides com filmes e jogos. Misturando seu Italiano com seu pouquíssimo português, radiava jogos com Pelé desta forma: “Carvãozinho (Pelé) vai bater penartiiii”. Numa tarde o frei se espatifou na areia da Prainha do Matarazzo, ele decidiu ajudar a descarregar o chatão, eram caixas de madeiras cheias de coisas e com a água pelos joelhos começou a envergar o corpo chegando a uma “Torre de Pizza” se esborrachando na areia, derramando toda a carga pela praia. Como perito bandeirante foi um desastre, ele se embrenhou num atalho que existia no caminho do Sertão, no antigo canavial da Fazenda

Maranduba, lá ele se perdeu, era noite. Perdido ficou aos berros, entre o bananal e o respectivo canavial, por quase toda a noite parecendo um andarilho. Embora são acontecimentos cômicos, ele tinha um preparo físico invejável, além de não esboçar medo algum. Os mais novos não acompanhavam seus passos. Subia pela serra do Sertão até Palmeiras e Vargem Grande, lugar onde construiu uma casa de descanso. Havia conseguido um caminhão que trazia material de construção, alimentícios e remédios de São José dos Campos, Santo André e São Paulo para atendimento dos moradores de Ubatuba. Resolveu criar um fábrica de blocos no Ubatumirim, cuja finalidade era melhorar as moradias da região norte, pois, as mesmas eram feitas de pau a pique, sendo que nem banheiros tinham. As missões com Frei Pio, também conhecidas como Caravana, reunia jovens para fazer evangelização e integração entre as comunidades e culturas, muitos eram estrangeiros e iam as praias e ilhas de Paraty até Ubatuba. Na época um jovem da região realizou uma viagem a capital, lá conheceu o lugar onde ele guardava seus pertences e saía a busca de colaboradores para seu projeto, eram na grande maioria compostas de turcos. Criou a ASEL (Assistência Social Estrela do Litoral) que atendia os locais mais distantes oferecendo as comunidades carentes posto de atendimento a saúde, com médico e dentista, muitos deles hoje foi reutilizada pela

prefeitura. Foi ele quem conseguiu o primeiro sino, que era usado, da Capela da Caçandoca, há pelo menos cinco décadas atrás. No dia 11 de abril de 1983 fundou uma das suas últimas obras a Creche Francisquinho que tinha como direção os trabalhos das irmãs Franciscanas Missionárias de Assis. Também um Centro de Encontros e Retiros a casa de Bethania ainda no Ubatumirim. Em 1987, criou a Ordem Franciscana Secular-OFS, que tem por finalidade um compromisso assumido diretamente com Jesus, na pessoa de São Francisco de Assis. Com sua missão sacerdotal, Frei Pio nos transmite o lema “o que queremos conseguir, precisamos ter perseverança, dedicação, arrojo, amor e uma grande cota de humildade.” Mesmo com criticas foi por varias vezes homenageado. Frei pio realizou e viveu o que de fato se propôs a fazer por estas terras: viver, segundo ele próprio o Evangelho de Jesus caminhando nas pegadas de São Francisco de Assis. Muitas outras histórias e acontecimento poderiam ser escritos sobre ele, porém as linhas são poucas e quem sabe você não começa a escrever o que sabem assim mais coisas poderiam ser publicadas. Não vivi sua época, mas ouvi de Claudie Perreau ser ele a pessoa que trouxe ela para cá, dos tios e amigos varias outras passagens que nestas linhas não cabem. Infelizmente ele faleceu dia 18 de novembro de 2009, aos 96 anos de idade. Viveu plenamente o espírito franciscano e a sublimidade da caridade cristã descrita pelo Apóstolo Paulo, em Primeira aos Coríntios, cap. 13. “Protótipo do homem enxugador de lágrimas, curador de feridas e criador de sabedoria e alegrias para auxiliar as pessoas mais necessitadas”. Não podemos esquecer o muito de suas ações e espírito empreendedor, onde dedicou, mais de 44 anos, a fazer o bem nestas terras.


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Desafetação de Picinguaba Imprensa CMU O vereador e presidente da Câmara, Eraldo Todão “Xibiu”, participou juntamente com o senador Eduardo Suplicy (PT) e o prefeito Mauricio Moromizato, de uma reunião em pleno carnaval com moradores e veranistas de Picinguaba, quando voltaram a discutir a desafetação do bairro da área do Parque estadual. Há várias ações de demolição em diversas locais no entorno que pedem “mais sensibilidade e urgência” no processo de desmembramento. Falando no evento, o vereador cobrou a presença de representantes dos moradores na comissão estadual que discute o tema. “Não tem um só morador de Picinguaba no grupo, nessa comissão que está lá em cima”, reclamou. Ele se comprometeu como vereador eleito e presidente da Câmara a verificar em que estágio se encontra este processo de desafetação da área do Parque, “para que não haja conflitos como já houve no passado entre a

comunidade de Picinguaba e o Núcleo, além de averiguar meios para evitar ou até parar as demolições que estão para ocorrer no bairro”. Evitar conflitos Dizendo que” não adianta colocar a fechadura depois da porta arrombada o vereador alertou para o fato de que, depois da primeira demolição, vão juntar 50, cem moradores para correr até o núcleo como aconteceu no passado. Então, é melhor chegar antes que aconteçam as demolições”. No momento os moradores estão impedidos até mesmo de trocar uma porta, janelas ou fazer qualquer outro serviço de manutenção no interior das residências, ainda que estas manutenções não causem danos ao Meio Ambiente. É necessário solicitar autorização à direção do Parque estadual mas a licença chega a demorar meses e até anos. O vereador lembrou, no entanto, que “mesmo sendo área de Parque, há recolhimento de impostos como o IPTU, água e luz regulamentado por parte da Prefeitura embora o Le-

gislativoe o executivo não tenham jurisdição sobre a área para nomear ruas, por exemplo. Processo se arrasta O Parque Estadual da Serra do Mar foi criado pelo Decreto Estadual nº 10.251 em 30 de agosto de 1977 mas a região norte do Parque, que abrange a Praia Brava da Almada, a Fazenda, Picinguaba e Camburi só foram incorporado 2 anos depois, pelo Decreto 13.313 em 1979. De acordo com o disposto na Lei, a vila de Picinguaba faz parte do grupo das Unidades de Proteção Integral, cujo objetivo principal é a preservação da natureza, permitindo apenas a permanência das populações tradicionais, já existentes quando da criação do

parque. Pela mesma lei “a desafetação ou redução dos limites de uma unidade de conservação só pode ser feita mediante lei específica”. No caso de Picinguaba, uma lei estadual, pois o Parque é uma unidade do Estado. Assim, o processo para esta desafetação se encontra na Assembleia Legislativa, em São Paulo. A seção de Pesquisas Jurídicas, vinculado à Secretaria Geral Parlamentar, prometeu localizar o processo e passar informações na próxima semana. Lixo e estrada Os moradores discutiram, ainda, o reasfaltamento da estrada que dá acesso à vila, que “e encontra em estado tão precário que uma simples

“operação tapa buracos” é, hoje, impossível e não resolveria o problema. Também a coleta de lixo foi discutida já que “frequentemente os sacos depositados nas lixeiras são abertos por urubus e cães, espalhando-se os resíduos pelo chão, causando mau cheiro e problemas sanitários. Os moradores dizem que “até hoje não ficou bem claro qual o papel da Prefeitura na coleta. Falou-se, ainda em problemas de segurança, sugerindo-se a implantação de um posto policial no bairro e providências quanto a desmoronamentos na Rio-Santos que geram risco para moradores próximos à rodovia ou mesmo impossibilitando o acesso à vila em casos mais graves.

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Dicionário de vocábulos e expressões caiçaras - Parte 16

ISíPRA - ( s.f.) - esipra; erisipela. ISPIRUCá - ( v.t. ) - escarafunchar algo; quebrar com uma cavadêra a massa seca da mandioca, no tipiti já prensado pela arataca; esfarelar; esmigalhar. JACá - ( s.m. ) - balaio; casto de taquara de vários tamanhos, sendo que o usado no transporte da mandioca é grande e achatado, comportando mais de 100 quilos de raízes. JACU - ( adj. ) - tolo; bobo; palerma; idiota. “ Esse cara é um jacu, um bobo alegre. “ JAGUARA - ( s.m. ) - cachorro vira-latas; espécie de peixe ( pescada-jaguara ) JAHOJE - ( adv. ) - há pouco tempo ; mesmo que dejahoje. JAJIGO - ( s.m.) - espécie de calmaria do mar, com ondas fracas. JAMANTA - ( s.f.) - espécie de raia grande. JANGADA - ( s.f. ) - monte de paus podres dentro da água. “ Ai nessa jangada deve de tê robalo “ JARACUÇU – ( s. f / s. m. ) – mesmo que jararacuçu, cobra. JERIVá - ( s.m. ) - mesmo que jarivá ; espécie de palmeira

silvestre. JIÇáRA, JISSáRA - ( s.f. ) - palmiteiro, palmeira que fornece palmito doce. Esse coqueiro tem uma polpa fibrosa de excelente uso pelos caiçaras, especialmente em ripas para armação de paredes e o suporte da coberta de sapê. JIRAU - ( s.m. ) - estrado de varas sobre forquilhas, cravadas no chão, e que serve para guardar utensílios de cozinha, alimentos etc... JUá- ( s.m. ) - fruto de cor avermelhada, semelhante ao tomate, de um pequeno arbusto de folhas espinhosas e semelhantes à parreira, cuja medida não ultrapassa a 50 cm de altura. JUDEU ERRANTE - ( s.m. ) – mesmo que andarilho. JURURú - (adj.) encorujado; tristonho; melancólico; acabrunhado. “ Tá jururu anssim; encorujado num canto “ JURUPú – ( s.m.) – talo sêco da abóbora; individuo magro, seco, doente. “ O infiliz tá seco que nem um jurupú e não dexa de atentá a cabeça da gente “ JURUVA - (adj.) pessoa que anda com o corpo torto; que tem má postura; nome de uma espécie de pássaro. “ Endireita o corpo minina, tá parecendo uma juruva. “ LABRá – ( v. t d. ) – mesmo que lavrar; aplainar, preparar a madeira . LABRADO- (s.m.) – uma porção de cachaça num copo americarno. ” Mas que frio mais infiliz que ta fazendo.Seu Maneco, bote ai um labrado de pinga nesse copo pra mim.” LACAIO - ( s.m./adj. ) - espé-

cie de fantasia para carnaval; homem sem dignidade; desprezível. LADINO - (adj.) - astuto ; manhoso. LAGA-Má(R) - ( s.m.) - espaço onde a onda desliza na praia depois de estourar. O laga-mar modifica-se conforme a maré enche ou vaza. LAJE - ( s.f.) - o mesmo que parcel ; arrecifes. LAMBADA - ( s.f.) - mesmo que descompostura; raspe ; esbregue. LAMBIDO - (adj.) - indivíduo afetado; metido. LAMBISCAR - (v. t d ) – mesmo que beliscar; comer uma pequena quantidade de: LAMBUJA - ( s.f.) - lambujem; pequena vantagem que uma parte concede a outra no jogo ou negócio. LANÇá - ( v.int. ) - mesmo que vomitar. LANÇANDO - ( v.int. ) - vomitando. “ o piquininho amanheceu lançando “ LANCEá - ( v.t. ) - pescar com rede; dar lanço; cercar o cardume com a rede. “ Lanceá no mar é assim, a gente leva uma bóia, que nem isso aí, no calão da rede, chega aqui, arreia a rede e vórta prá praia prá puxá “ LANCHA DA CARRêRA - ( s.f.) - lancha de passageiros, que fazia o percurso entre Iguape e Paranaguá. LANÇO - (s.m.) - cada operação de pesca, que consiste em lançar a rede ao mar, recolhêla a bordo e colher os peixes nela malhados. “ Quando tá matando beim, a gente dá até vinte lanço “ LANGANHO - ( adj. ) - roupa mal ajustada ou mal feita; comida mal cozida; brejo lodoso.

“ Choveu muito anssim e o caminho tá um langanho “” Hum,mas esse arrois ta um langanho” LANHá - (v.t. ) – lanhar, cortar o peixe em lanhos; cortar transversalmente em postas proporcionais. “ Esse zinho aqui da prá lanhá em trêis. “ LANHO - ( s.m.) - corte rente; fenda; risco profundo,. LAPA - ( s.f.) - mesmo que lapo; grande; de tamanho avantajado. LAPADA - ( s.f.) - lambada ; bofetada. LAPADO - ( adj. ) - cheio até a boca; muito cheio; atopetado. LARANJA DO VASO - ( s.f. ) - espécie de laranja mexerica. LARANJINHA - ( s.f.) - brinquedo de carnaval, feito com borra de café. LARGá CACETE - ( loc.v.) meter a ripa; largar o sarrafo; apressar o serviço. LARGá - ( v.t.) - baixar a rede na água com a canoa em movimento; mesmo que arriar a rede. “ Essa daí de arrasto, larga prá fora e puxa prá praia “ LARGADO (adj.) abandonado; desprezado;separadseparado da mulher. “ agora tá anssim saído, que tá largado da mulher “ LARGATO - ( s.m. ) - lagarto. LARGO-SE ( v.t.d.) – largou-se; saiu apressado, saiu porque foi expulso..Do espanhol “larga-te daqui “ usado assim como ; sai fora, cai fora. LARGUESA - ( adj.) - sorte. “ Isso foi larguesa, foi muita sorte dele. “ LARGURA - ( adj./s.f.) - sorte ; mesmo que larguesa. LARICA - ( s.f.) - fome excessiva;esse é um termo muito antigo em Cananeia.

” Vamo simbora que to com uma grande larica de fome.” LATOEIRO - ( s.m. ) - indivíduo que faz peças de lata ou latão; funileiro. LAVADO - (adj.) - exposto ; devassado ; sem proteção. “ Aqui quando o vento bate, lava tudo “ LAVAREDA - ( s.f.) - mesmo que labareda. LAVORá- ( v.i. ) - jogar longe; atirar longe; arder em labaredas. ” O fogo vai por baxo do forno e lavora por dentro e esquenta o que tem por cima. “ LAVOROU - (v.i.) - lavorou longe; jogou longe ; atirou longe. LAZEIRA - ( s.f.) - pequena vantagem ; dianteira. LEIRA - ( s.f.) - elevação entre dois sulcos de terra, para plantar sementes; também é sujeira ( mistura de areia, suor e pó ) no pescoço. “ esse curê tá cuma lera no pescoço “ LEGUELHé- ( adj. ) - joão-ninguém ; mesmo que lagalhé. LENDIA - ( s.f.) - lêndea; ovo do piolho. LENGALENGA - ( s.f.) - narração fastidiosa; monótona. LENHA - ( s.f.) - porção de ramos, achas ou fragmentos de arvores, utilizados para fazer fogo. LENHá - ( v.t. ) - apanhar lenha no mato. LéS TRéIS - ( interj. ) - záz-trás ; dede afogadilho . “ e num lés tréis intrafulho tudo “ Fonte: PEQUENO DICIONÁRIO DE VOCÁBULOS E EXPRESSÕES CAIÇARAS DE CANANÉIA. Obra registrada sob nº 377.947-Liv.701. Fls. 107 na Fundação Biblioteca Nacional do Ministério da Cultura para Edgar Jaci Teixeira – CANANÉIA –SP .


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As taquaras de “veiz” CRISTINA DE OLIVEIRA Minha mãe tinha valores pela qual a fazia uma mulher muito forte e corajosa, destas experiências ela tirava sua sabedoria. Nunca teve medo do trabalho, de levantar bem cedo e cuidar da casa, nunca teve empregada, nem aparelhos modernos para ajuda-la. Ao cuidar da casa, dos filhos e do roçado era tudo com serenidade. Quando necessário fosse virava uma verdadeira leoa. Como mulher responsável que era guardava suas dores e assim fazia de tudo para que nada nos faltasse. Com este objetivo definido às vezes ficava frente a frente com o perigo assumindo riscos para cumprir sua palavra. Os filhos para ela eram tudo em sua vida, acima disto só a fé na mãe de Deus e no próprio Cristo Jesus. Muitos riscos eram por pura teimosia, assim como muita gente fazia na época. Numa encomenda de cestos (daqueles que na época não era crime, era apenas uma atividade histórica e cultural realizada através das mãos habilidosas dos antigos), ela percebeu que suas “taquaras” estavam acabando, então ela pediu que eu a acompanhasse no corte desta matéria-prima e assim lá fui eu bela e formosa atrás de minha mãe. Embora não tivesse estudo sabia o nome, função, utilidade e curiosidades de cada árvore, cada flor, raiz, seus aromas e sabores, das medicinais as que dão canoas, onde retirar a “imbira” para as tantas finalidades, cipós para cestos. Tanto era seu conhecimento que me fazia enxergar tudo das outras varias formas, daquelas que só se ensinam de pai para filho ou

com anos de experiência. Tudo era com muito respeito, tinha outros sentidos, não havia a necessidade de “citar nome, autor ou obra”. Na mata chegamos onde estavam as “taquaras de veiz”, daquelas que não iriam rachar ou estragar as peças. Com todo o cuidado começa o corte, puxa daqui e dali, em um determinado momento uma taquara resolveu ficar “engarranchada” entre um galho e outro de árvore. Era uma bagunça, um de “fianco”, outro de “esgueia”, um de “banda”, de “revestréis”. Por mim subia na arvore e metia o facão em tudo, mas minha mãe preferiria a paciência, a serenidade e a observância. Ela estudou o local e sabia que para retirar aquela matéria-prima poderia acontecer algo. Sabia ela que os “gomos” lá pendurados tinham grande valia, então ela resolve subir nos galhos na tentativa de tirá-los de lá. Fiquei desesperada, minha mãe uma senhora por entre galhos de arvores de uma altura assustadora para mim. De nada adiantou eu argumentar sua descida ela nem cogitou esta hipótese, quando necessário minha mãe dispunha de muita energia, parecia um furacão. Lá foi ela, subiu na árvore como uma onça, de repente um barulho, em seguida um silêncio, meu coraçãozinho quase saiu pela boca. Olhei para cima e vi sangue, quase desmaiei, ela havia cortado no bambu a cabeça do dedão, o sangue escorria por gravidade em seu braço, parecia que tinha cortado o braço inteiro. Em pensamento me perguntei por que eu não subi, sou leve e mais rápida. Pronta-

mente minha responde meu questionamento como se eu tivesse pensado em voz alta: “Eu sei o que tá pensando filha, no meu lugar você poderia ter se machucado feio, poderia ter morrido!”. Eu branca como uma vela, tremula como bambu no vento olhava muito para aquele sangue e ela pacientemente me dizia: “Vamos pare de frescura! Rasgue a manga de sua camisa e me de para eu fazer um curativo”. Diacho! Tremi tanto ao ver minha mãe juntar cuidadosamente as partes cortadas e “enlear” (enrolar) o pano em volta do dedo cortado. Como se nada tivesse acontecido terminou

de cortar as taquaras, separou os gomos, amarrou-os e voltamos para casa. Em casa tomou seus chás, lavou, desinfetou, passou unguento, babosa e melhorou o curativo, mesmo assim ela ficou com o dedão defeituoso. Com tudo isto ele havia terminado a encomenda e sorria, pois poderia mais uma vez prover os filhos com tudo que vinha da venda e também cumprir sua palavra a quem havia encomendado as peças. O mais importante pra mãe foi ver um filha inteira, sã e salva, sem ferimentos, machucados e traumas, isso para ela não havia dinheiro que pudesse pagar.


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Infome da AMASQ

ASSOCIAÇÃO DE MORADORES E AMIGOS DO SERTÃO DA QUINA No dia 1º de fevereiro de 2013, sexta-feira, estiveram reunidos alguns representantes da associação e assessores de governo da nova administração, para apresentação de vários ofícios (abaixo relacionado), com pedidos que também já haviam sido reivindicados anteriormente à Administração passada, protocolados e não atendidos. De inicio fomos assistidos pelo assessor de governo, SR.PEDRO, e logo após contamos com a presença do novo Administrador Municipal Ilustríssimo Sr. MAURICIO MOROMIZATO, que nos recebeu bem e demonstrou interesse em nossas solicitações, e grande carinho pela nossa região. Foi uma reunião demorada e muito proveitosa, pois nós, representantes da comunidade do Sertão da Quina, com alguns ofícios, estamos buscando melhorias também para outros bairros do Sul, pois entendemos que toda a região Sul sofre com a carência de atendimento, causada em parte pela distância em relação ao centro da cidade. Ofícios protocolados na referida reunião: Oficio nº 04/2013 – Solicitação de cobertura para a quadra próxima a entrada do Sertão do Ingá; Oficio nº 05/2013 – Construção de uma pista de skate ao lado da quadra próxima a entrada do Sertão do Ingá; Oficio nº 06/2013 – Ciclovia ao longo da estrada do Sertão da Quina; Oficio nº 07/2013 – Iluminação das Ruas Jacutinga, do Madruga e Quero-Quero (urgente).; Oficio nº 08/2013 – Iluminação da Rua Messias Manoel (urgente); Oficio nº 09/2013 – Melhorias nas Ruas Messias Manoel, Jose Pedro e Rua Arrastão, na Pedra Preta Oficio nº 10/2013 – Construção de uma praça próxima a “Ponte da Lage”; Oficio nº 11/2013 – Luminárias no trecho entre a Rua Luís da Rosa e a entrada da Vila

Santana; Oficio nº 12/2013 – Reforma da lombada da Rua Sargento Rubens Leite; Oficio nº 13/2013 – Iluminação em toda a Rua Maria José Cruz; Oficio nº 14/2013 – Alteração do local e manutenção de lombadas na estrada do Sertão da Quina; Oficio nº 15/2013 – Manutenção de lombadas na Rua Padre João Bayle, com urgência, devido à volta as aulas; Oficio nº 16/2013 – Asfalto na Rua Jose Pedro, da cabeceira da ponte até a Escola Nativa; Oficio nº 17/2013 – Construção de um abrigo em frente à escola Nativa; Oficio nº 18/2013 – Asfalto na Rua Santa Elisa ate a Rua Fujio Iwai; Oficio nº 19/2013 – Luminárias no morro de Emaús; Oficio nº 20/2013 – Aquecedor para a piscina da Escola Nativa; Oficio nº 21/2013 – Construção de uma sede própria para o posto de saúde; Oficio nº 22/2013 – Instalação de um aparelho de Raios-X para a unidade de saúde da Maranduba; Oficio nº 23/2013 – Luminárias na Rua Jabuti; Oficio nº 04/2013 – Melhorias na Rua do Boiadeiro; Oficio nº 04/2013 – Luminárias para Avenida Fuji Iwai; Oficio nº 04/2013 – Luminárias na Rua Agostinho Santos. SAÚDE No dia 18 de fevereiro do corrente ano, estivemos reunidos com a nova secretária de saúde, ANA EMILIA GASPAR, para apresentar e obter respostas sobre algumas das muitas necessidades da comunidade do SERTÃO DA QUINA e até da região Sul do município. O Sr. Mauricio de Souza, representante do COMUS (CONSELHO MUNICIPAL DE SAÚDE), iniciou a falando da importância da atuação deste conselho. A secretaria se apresentou a comunidade e expôs as dificuldades, salientou que alguns pedidos de urgência como a

falta de medico desta comunidade já havia sido atendido e que o mesmo estará na unidade quarenta horas semanal, e que os exames laboratoriais estariam passando por processo de pregão (licitação), para a contratação de uma empresa que prestará este serviço. Demonstrando boa vontade muita atenção à diretoria e ao presidente Sr. LUCIANO, e com todos os membros da comunidade, aliás, devemos salientar que a comunidade cumpriu seu dever de cidadão, comparecendo em peso para reivindicar seus direitos. Aos poucos, foram expondo aos poucos as necessidades de urgência e de emergência as mais variadas que existem: Falta de profissionais nas especialidades; Necessidade de se fazer viagens demoradas para buscar atendimento em outra cidade; Falta de treinamento em profissionais que atendem esses pacientes, entre outros pedidos. Após uma pergunta sobre medico pediatra, a secretaria expôs que esta especialidade médica não é oferecida pelo P.S.F., expôs ainda que as receitas para medicamentos de uso contínuo já estariam sendo assinadas pelo medico, o que antes não estava acontecendo. A Sra. Secretária agradeceu e pediu desculpas pelos atrasos, pois são muitos os problemas enfrentados, e que serão sanados em breve. Estiveram presentes os vereadores Sr. IVANIL FERRETI, Sra. FLAVIA PASCOAL e Sr. MANUEL MARQUES, que salientaram a alegria de ali estarem para somar com a região para tudo que for possível e que seus gabinetes estão à disposição.

Moradores no Programa bairro contra bairro em 1993 no cine Iperoig EZEQUIEL DOS SANTOS Entre maio e julho de 1993 a Fundação de Arte e Cultura de Ubatuba - Fundart realizou o primeiro e único programa “Som de Viola” que apresentou o quadro “Meu bairro é o melhor” que tinha como objetivo apoiar a cultura, oferecer lazer a comunidade, integração entre as pessoas, valorizar e descobrir talentos culturais e artísticos no município. O programa era realizado das oito às onze da manhã aos domingos e apresentado pelo folclorista Ney Martins, que também criou o regulamento das disputas. Entre os participantes o evento ficou conhecido como “bairro contra bairro” e era uma disputa saudável, com torcida organizada e tudo. As disputas entre as equipes eram de fato realizadas nos palcos do antigo cinema, muita gente se conhecia e até torcia uma às outras. Havia uma cobrança simbólica na bilheteria de apenas Cr$3.000,00 (três mil Cruzeiros), a arrecadação da bilheteria era dividida entre os bairros participantes das disputas. Em cada programa dois bairros eram os responsáveis pela arrecadação. As tarefas enfrentadas pelos bairros eram: jogo de perguntas, reportagem sobre sua comunidade, poesia, truco, imitador, talento musical, dança, dublagem, música sertaneja, rainha sertaneja, conhecimentos gerais, rainha da sucata e momento do gol.

Na região sul foram vários os participantes envolvidos, muitos deles parentes e amigos que por vezes se ajudavam. As premiações eram do primeiro ao quinto lugar e durante as disputas um ou outro comerciante oferecia um premio extra ao ganhador ou alguma equipe. Os nomes lembrados entre os moradores foram Tereza, Cidinha, Dail, Renato, Jairo, Gen, Elaine, Leila, Gelson, Ludmila, Beatriz, Antunes, Vitória, Tonhão, Maria Balio, Joel Félix, Balbina, Dito Félix, família da Dedé, do Diomar, do Nié, Grupo de Jovens Nova Geração e provavelmente outros nomes que infelizmente não foram lembrados. Para muitos foi um momento que proporcionou um maior conhecimento entre as pessoas. Uma kombi buscava e levava os participantes, todos aguardavam ansiosos o domingo, que agora depois de muitos anos se tornou de fato inesquecível.


25 Fevereiro 2013

Página 15

Jornal MARANDUBA News

Coluna da

Cantinho da Poesia

Viagem Adelina Campi

Viver como as Flores “Em um antigo mosteiro budista, um jovem monge questionava o mestre: - Mestre, como faço para não me aborrecer? Algumas pessoas falam de mais, outras são ignorantes, muitas são indiferentes, eu sinto ódio das mentirosas e sofro com as que caluniam. - Pois viva como as flores, orientou-lhe o mestre. - E como é viver como as flores? – perguntou o jovem monge. - Repare nas flores – ele falou apontando os lírios, que crescem no jardim – Elas nascem no esterco, entretanto são puras e perfumadas. Extraem do adubo mau-cheiroso tudo aquilo que lhes é importante, útil e saudável, mas não permitem que o azedume da terra manche o frescor de suas pétalas. É justo inquietar-se com as suas próprias imperfeições, mas não é sábio permitir que os vícios dos outros o perturbem. Os defeitos deles, são deles, não seus. Se não são seus, não há razão para aborrecimentos. Exercite, pois a virtude de rejeitar todo o mal que vem de fora. Isso é viver como as flores. Numa simples orientação, sem dúvida, uma grande nobre lição de bem-viver a nossa disposição.

Mas para viver como as flores, é preciso ainda observar outras características que elas nos oferecem, como exemplo. É importante notar que nem todas as flores têm facilidades, mas todas elas têm algo em comum: florescem onde foram plantadas. Seja em meio a pedregulhos, ou em jardins perfeitamente bem cuidados, as flores surgem para perfumar e embelezar a vida. Existem as flores heroínas, que precisam lutar com valentia, por um lugar especialmente feito ao sol. São aquelas que surgem em minúsculas trinchas, abertas em calçadas ou muros de concreto. Precisam encontrar com firmeza e determinação um espaço para brotar, crescer e florescer. Há flores, cujas sementes ficam sob solo escaldante do deserto por muitos anos, esperando que um dia as gotas da chuva tornem possível emergir e então surgem, por poucos dias, só para espalhar o seu perfume e lançar ao solo novas sementes que germinarão e florescerão ao seu tempo. Em campos cobertos de neve, há flores esperando que o sol da primavera derreta o gelo para despertar de sua letargia e colorir a paisagem em exuberância de cores e perfumes.

Ah, como as flores sabem executar com maestria a divina missão que o criador lhes confia. Existem ainda flores resignadas, que simulam na tentativa de tornar menos tristes as cerimônias fúnebres dos seres humanos, enfeitando coroas sem vida. Viver como as flores, portanto, é muito mais que saber tirar vida, beleza e perfume das coisas ruins. É muito mais do que florescer em desertos áridos ou terrenos inóspitos. É mais do que buscar um lugar ao sol, estando em uma cova escura. É mais do que suportar a poda e responder mais vida e mais exuberância. Viver como as flores, é entender e executar a missão que cabe a você, a mais bela e valorosa criação divina, para quem todas as flores foram criadas. Pense nisso, as flores são uma das mais velas e delicadas formas de expressão do divino artista da natureza. Parece mesmo que o criador as projetou e as colocou no mundo pra falar da grandeza do seu amor por nós e também como lições silenciosas, a nos mostrar como florescer e frutificar em meio a todas as dificuldades da vida. Pense nisso, quem sabe não é essa a hora de você começar a imitar as flores?”

Quem me dera poder ser conduzido pelo vento E sentir o ar me levando para novas paisagens Sob estrelas então poder dormir ao relento Com a imaginação me levando para inusitadas viagens Pairar de uma onda sobre a branca espuma Sendo por ela despejado em desconhecidas areias Sentindo no silêncio o rumor de coisa nenhuma Ouvindo apenas o som do sangue que me corre nas veias Pegar uma carona nas asas de uma fragata E com ela subir em uma corrente ascendente Pensando em como a natureza foi comigo ingrata Não me permitindo voar, embora sendo um ser inteligente Mergulhar na mais profunda quietude do mar E ver pequenos seres vivendo em eterna escuridão Como eu, eles não voam, e também não podem enxergar Então concluo que a natureza está com a mais plena razão Como broca giratória, gostaria de alcançar o âmago da terra E então estar ao lado do lugar onde nasce um vulcão Mas aqui minha hipotética viagem se encerra Abandono os meus sonhos e volto para a frieza do chão Manoel Del Valle Neto

25 para o meio dia

(para D. Renata H.H Jann) É incrível como na vida tudo acaba, tem seu fim; vão-se as pessoas queridas, e até quem em vida foi ruim. Meu anjo querido, que veio a falecer, este poema, para você eu fiz! não choro, para não te prender, voe para a eternidade, vá ser feliz. A saudade me aperta a alma, só quando penso em nós dois mas a simples idéia me acalma: quem ama em vida não sofre depois. E a verdade, mesmo tardia uma hora acaba chegando, agora 25 para o meio-dia, me calo e conformo, mas sigo te amando. Guy Jann Terra 15 anos – Sertão da Quina – neto de D. Renata



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