Maranduba, Novembro 2016
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Disponível na Internet no site www.jornalmaranduba.com.br
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Ano 7 - Edição 90
Protetores das comunidades, do meio ambiente, de áreas marinhas e costeiras, procuradores e promotores apontam irregularidades no ZEE
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Lava Rápido na Maranduba
A região sul de Ubatuba, mais precisamente na Maranduba, conta agora com um serviço que só era encontrado em postos nos centros de Ubatuba e Caraguatatuba: A “Lava Brothers” lavagem completa de carros, caminhões e motos. Uma parceria entre Thiago Frediani e Eduardo Nascimento oferece esse serviço no Auto Posto Frediani, localizado entre as praias de Maranduba e Tabatinga. O local já é conhecido pelos serviços disponíveis para atendimento ao cliente como restaurante self-service, auto peças, banco 24 horas entre outros. A dupla realiza lavagem completa, aspiragem, limpeza geral interna, lavagem de motor e ducha rápida. Funciona das 9:00h às 17:00h, de segunda a sábado, fone 99750.3636. Conheça mais sobre a Lava Brothers no Facebbok: www. facebook.com/lavabrother
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Término de obra do píer da Ilha Anchieta vence em dezembro O píer, dentro do Parque estadual da Ilha Anchieta – PEIA encontra-se em fase final de acabamento, pelo menos é o que diz a placa colocada na UC da Ilha Anchieta sobre a obra. Com um custo de R$ 2.760.686,08 ela prevê a reforma e adequação do píer de atracação, sendo este considerado uma das mais importantes estruturas no lugar deste o início das atividades governamentais naquele território. A vencedora da chamada pública foi a empresa ENGESEC da capital. A obra teve inicio em julho deste ano com previsão de entrega em dezembro. A obra, segundo o site da Fundação Floresta, foi financiada pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento BID (através de um acordo de empréstimo nº 2376/OC-BR (BR-L1241), edital Licitação Publica Nacional nº 001/2016) e gerenciado pela Secretaria Estadual do Meio Ambiente/SP através da Fundação Florestal. Preocupação O PEIA reduziu o número de vigilantes e monitores colocando em risco o cumprimento de suas atividades, a segurança dos funcionários e terceirizados e também dos visitantes. O efetivo atendimento ao público fica comprometido ocasionando o desvio de função e finalidade dos servidores da ilha, comenta a associação de operadores do turismo náutico local e os guias de turismo (Cadastur) que recebem reclamações dos visitantes, tanto nas embarcações quanto nas trilhas e praias. Outra questão levantada pelos turistas, que já haviam visitado o local, é em relação a aparência de abandono
Acima: Funcionários da contratada trabalhando na reforma do pier sem Equipamento de Proteção Individual - Abaixo: canteiro de obras
Detalhes do investimento
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Dia das crianças com fé, alegria e Infância Missionária No último dia 12, ao lado da capela Nossa Senhora das Graças, pais, amigos e voluntários realizaram o dia das crianças para o grupo Infância Missionária - grupo que evangeliza adultos e crianças o ano todo. Muitas destas que não fazem parte da equipe também vieram se divertir. Do lado de fora as crianças brincaram no escorregador, no pula pula, participaram de brincadeiras, gincanas e muito mais. Do lado de dentro cantaram, dançaram, fizeram fila para o cachorro-quente e principalmente para o bolo e o picolé. A animação ficou por conta de Tino e sua filha Poliana. Também muita oração e pedidos. Não faltaram os devidos agradecimentos a Deus e Sua Mãe. O dia foi proveitoso e as crianças já aguardam a próxima festa. Alegria mesmo é quando estas crianças preparam algo para as celebrações e festividades para os outros, agora foi a vez delas que souberam aproveitar até o último minuto.
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Cobra encontrada morta é levada Equipe de Levantamento de Áreas de Manguezais ao conhecimento de alunos de Ubatuba realiza atividades no mangue da Lagoinha
No último dia 17, alunos da escola Nativa Fernandes de Faria, do período integral, receberam uma grande surpresa em forma de aula pratica. Foi a visita de uma cobra Jaracuçu fêmea encontrada morta aquela manhã no final da rua da escola. A equipe da PROMATA foi acionada para verificar o ocorrido e para que a morte da cobra não passasse despercebida, solicitou a diretoria da Nativa permissão para realizar uma apresentação do animal aos alunos. Após alguns telefonemas e preparação dos alunos enfim a cobra foi apresentada aos educandos. As imagens foram repassadas ao pesquisador Edélcio Muscat, do Projeto Dacnis, que a identificou como sendo uma Bothrops jararacussu fêmea. Na escola ela foi medida 1,55m. Os alunos fizeram as mais variadas perguntas e se mostraram preocupados com a cobra. Com ar de dó perguntaram o que de fato havia
acontecido com ela. Também queriam saber o que fazer quando encontrar uma destas, o que come, entre outros questionamentos. Entenderam que, quando foi atropelada, a cobra nada mais fazia do que rastejar pelo seu habitat e que o homem é que invade o seu espaço, por isso acontecem acidentes, tanto com a cobra, tanto com o homem. Foram apresentadas as crianças as armas de defesa da cobra, de onde sai o veneno e o como e o que acontece depois, o formato da cabeça, os olhos, os detalhes da musculatura, sua mandíbula e os detalhes de sua coloração como camuflagem. Dada a elas também os procedimentos básicos de segurança, atenção ao caminhar e o respeito quando ver alguma animal no caminho, seja ele qual for.
No último dia 29, o mangue da Lagoinha passou um por pente fino realizado pelo consórcio de colaboradores e entusiastas que realizam em Ubatuba o 1º levantamento de áreas de manguezais do município. Idealizado pela ONG APRU, o objetivo mais uma vez foi realizado com determinação e profissionalismo de todos, mesmo com a forte ressaca atingindo a praia e partes do Jundu. A interação com turistas e m oradores foi positiva onde as pessoas puderam participar de caminhadas chamadas “aulas passeio” como parte da estratégia de educação ambiental e orientação sobre este bioma. Faixas explicativas, material didático e de anotação, canetas e até um “caranguímetro” foi distribuído no local. Esta ferramenta serve para medir o caranguejo e saber se ele esta no tamanho ideal para consumo atendendo a Lei 9605/98 – que trata das sanções penais e administrativas derivadas
de condutas e atividades lesivas ao meio ambiente. Foram encontradas placas pregadas em árvores o que é proibido por Lei por se tratar de crime ambiental e maltrato as árvores. Lixo, dos mais variados materiais, no que sobrou do mangue original também foram encontrados. Por outro lado, em muitos trechos pode observar o zelo com o
lugar que se encontrava limpo e organizado com placas indicativas e de orientação. A ressaca dificultou os trabalhos, mas não impediu a equipe de realizar o levantamento da área. A equipe mais uma vez agradece os colaboradores, voluntários e ativistas desta nobre causa, deste berçário de onde inicia a vida dos rios e oceanos.
Sitio Recanto da Paz atende escola de Cuiabá-MT No último dia 10, o Sítio Recanto da Paz/Gengibre de Ubatuba, do Araribá, recebeu em sua propriedade um grupo de estudantes e professores de Cuiabá/MT para um dia de campo. Os visitantes puderam visitar a propriedade e conhecer a importância da estação experimental da Universidade Federal do Rio de Janeiro para estudos de solos principalmente no litoral, do sistema de plantio e produção orgânica, o sistema de pousio/agrofloresta, o consorciamento entre produção e proteção, sobre a rica Mata Atlântica e como os povos antigos a manejavam.
Os alunos puderam experimentar no local a produção de hortaliças e principalmente o processo de produção de gengibre, sentindo todo sabor e a naturalidade dos produtos. Também foi servido um almoço que ficou para a história dos visitantes. De tudo um pouco e tudo da mais alta qualidade. Foi explicado o regime de participação de todos, da aquisição dos produtos, do carinho no preparo e o que significa alguns pratos ali apresentados. Após o almoço, os alunos cantaram para os voluntários e funcionários como forma de agradecimento. Em seguida fo-
ram visitar a fábrica de produtos de gengibre. Lá se deliciaram com o processo e com os produtos. Muitos levaram para casa os mais variados produtos como recordação desta doce e prazerosa visita.
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Processo de legitimidade do novo Zoneamento Ecológico Econômico é colocado em cheque em audiência pública Protetores das comunidades, do meio ambiente, de áreas marinhas e costeiras, procuradores e promotores apontam irregularidades no ZEE
EZEQUIEL DOS SANTOS No último dia 24, nas dependências da UNITAU em Ubatuba, aconteceu a acalorada audiência sobre os “finalmentes” da revisão do Zoneamento Ecológico Econômico do Gerenciamento Costeiro (Gerco) do Litoral Norte do Estado de São Paulo (ZEE LN). Ubatuba compareceu em peso e na “tribuna do desabafo” foram muitos os apontamentos, onde a grande maioria falou de erros ou falhas no processo. Embora a equipe da Coordenadoria de Planejamento Ambiental da Secretaria Estadual de Meio Ambiente (CPLA) do governo do estado tivesse iniciado a audiência com as apresentações sobre o ZEE, com informações gerais sobre todo o processo, da visão regional e relação entres os municípios do LN, que este processo procura realizar ganhos ambientais, onde áreas degradadas poderão ser recuperadas ou utilizadas pela sociedade, foi à tribuna o foco das atenções. Questionamentos Nas falas os atores apontaram diversos questionamentos e desvios de finalidade das reuniões anteriores que ainda não foram sanadas. O setor da especulação imobiliária e dos mega-empreendimentos não foram bem recebidos pelos presentes. Estes não apresentaram justificativas plausíveis e se engasgaram na tribuna, até vaias receberam. Embora os técnicos digam que o processo é para levar a uma demanda de ordenamento territorial, na pratica não foi o que destacaram as comunidades. O desencon-
tro de informações, reuniões a portas fechadas com comunidades onde a chantagem e o medo do que poderia acontecer com suas vidas era a pauta principal, lobby dos interesses de iniciativas privadas em detrimento das questões sociais, comunitárias, ambientais, infraestrutura e desarticulação de grupos a seus interesses, mentiras contadas como levantamento técnico para confundir as pessoas foi o que mais se ouviu. Fórum de Comunidades Tradicionais - FCT “Se não mudar o zoneamento de onde moro, dizem que pode não vai haver luz na minha casa! Onde moro gente já morreu na esperança de ver energia elétrica em sua casa. Como pode em pleno século XXI existir lugares sem energia elétrica? Não queremos estrada, queremos dignidade”, desabafa uma comunitária da Praia do Perez, região sul de Ubatuba. Foi neste sentido que as reclamações repercutiram no auditório. O FCT reclamou de varias questões, uma delas e a mais antiga do levantamento, dentro do território, das áreas de comunidades tradicionais que ainda não se encontram no mapa do ZEE, que anteriormente já havia comunicado a coordenadoria. Segundo o FCT “na semana anterior a audiência, a CPLA realizou quatro reuniões em comunidades cujas decisões ainda não estavam de acordo, além de não ter sanado o problema, diversas outras comunidades ficaram sem essa assistência e seguem controvérsias no mapa apresentado. Ademais, as reuniões só foram
realizadas porque as comunidades se manifestaram e ocuparam o último encontro do Gerco (Gerenciamento Costeiro) que tinha como finalidade avançar e aprovar o mapa sem quase nenhuma participação popular”. Houve muita controvérsia nos discursos de uma mesma comunidade, como no caso do quilombo Caçandoca, por exemplo, onde num mesmo lugar ainda se discute em que zona estaria seu território, colocando as pessoas umas contra as outras. Populares informam que isto nada mais é do fruto da desarticulação do processo democrático, falta de informação e transparência dos interesses “estranhos” demandados pela cegueira do órgão responsável. “É evidente também que não há representatividade neste grupo de trabalho e que ele não representa a diversidade brasileira. Faz séculos que o território do Brasil é comandado por homens brancos e para homens brancos, e isso foi perpetuado no processo. Onde estão as mulheres e a diversidade de povos e comunidades tradicionais existentes?”, questionou Tami Albu-
querque. Ela ressaltou que as cadeiras para as comunidades deveriam ter sido inseridas de toda forma e que isso prejudicou a legitimidade do processo. “Sem essa participação, como que eles podem decidir com consciência quais áreas deveriam ser eleitas para cada situação?” completa Albuquerque, do Conselho Municipal de Meio Ambiente e do Coletivo de entidades ambientalistas de Ubatuba. No zoneamento anterior, comunidades tradicionais já demarcadas, como o quilombo da Fazenda, de Camburi e a aldeia Boa Vista, seguem sem ser sinalizadas pelo mapa, ou seja, aparecem somente como áreas verdes, o que chancela as injustiças territoriais e desconsidera o modo de vida feitas destas comunidades. Além disso, repetem a forma autoritária feita no passado que criou os parques estaduais sem sinalizar os povos e comunidades tradicionais que já estavam no local antes da consolidação dos mesmos. Riscos a médio e longo prazo O exemplo, ou mau exemplo, de que estudos técnicos
reais não foram levados em conta acontece na Praia do Ubatumirim e na região da Maranduba. No Ubatumirim está nas mãos de uma das maiores construtoras do município a possibilidade da abertura de grandes áreas para empreendimento, inserida nesta área sensível como Zona4OD. “Segundo trabalho da professora Célia Regina de Gouveia Souza, do Instituto Geológico do Estado de São Paulo (também ligado a SEMA), Ubatumirim é um local apontado como área de risco costeiro muito alto. E a praia do Félix é indicada como área de alto grau de erosão costeira”, como pontuou Bruno Gios, Assistente Técnico do Ministério Público Federal. Bruno questionou o fato da pesquisa, que está vinculada a um instituto da própria secretaria não estar sendo levada em conta. “Estimular a ocupação dessas áreas poderá causar conseqüências drásticas à praia, aos ambientes naturais e aos próprios usos de atividades antrópicas na costeira, e ambas aparecem no mapa como Z4OD” “Não acredito ser adequado, ou coerente você fomentar a ocupação urbana em locais onde o risco de erosão costeira é muito elevado”, destacou Gios. O especialista alertou que as conseqüências dessa ocupação são: aumento da frequência e magnitude de inundações costeiras causadas por ressacas, comprometimento do potencial turístico da região costeira e gastos astronômicos com a recuperação das praias e reconstrução da orla marítima.
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Maranduba: uma nova Guarujá? “Na região Sul de Ubatuba, na Maranduba há uma área de 170 hectares marcada no mapa como Z5, zoneamento que não prevê nenhuma porcentagem de preservação. Dentro dessa área há um polígono de 70 hectares de maciço florestal que equivale a 40% deste território”, salientou o biólogo. O especialista afirma que não há cabimento compreender toda essa região com esse zoneamento (Z4 e Z5), ou seja, a precarização do ecossistema será ainda mais intensa sem considerar a área que já existe preservada. Técnicos dizem que o especialista refere-se à falta de visão e critérios técnicos para implantação destas zonas nestes lugares. Um morador poderá simplesmente acordar um dia e ver que ao lado de sua casa será construída uma usina de lixo por exemplo. O assoreamento do Rio Maranduba e sua sanidade, já comprometida, poderá se agravar. O adensamento populacional poderá aumentar consideravelmente sem os devidos atendimentos de água e esgoto. As características geográficas, as condições ambientais muito mais comprometidas e o solo também poderão dar sinais do seu mau uso gerando grandes prejuízos como aponta um estudo realizado pelos geógrafos Antonio Guerra e Maria do Carmo especialistas da UFRJ. Outro apontamento é a água, um grande problema se não houver solução adequada para seu tratamento e distribuição. Seria expandir apenas por expandir ou inchar o território para lucros imediatos sem levar em conta os problemas causados as futuras gerações com a possibilidade
real de futura desvalorização da região. Desmitificar o processo Maranduba poderá se transformar num novo Guarujá aponta. No município sob a ótica de que para fazer as estruturas necessárias ao atendimento de todos há que mudar o zoneamento da região. Sobre esse fato a Drª Walquíria Imamura Pícolli, Procuradora Federal trata como informação mentirosa. Nesse quesito na sua fala ela argumenta que “devemos desmitificar o processo a começar pelas mentiras passadas as comunidades”. “Existem vários setores com interesses diversos, marinas, meio ambiente, setor imobiliário, todos legítimos, desde que sejam defendidos com clareza e, sem mentiras.
Agora não dá pra sair enganando comunidade tradicional, falar em demolição, fazer promessas de desenvolvimento. O Gerco não determina a instalação de escola, emprego, saúde, luz elétrica, isso é promessinha de empreendedor que quer enganar as comunidades”, alertou a Procuradora sobre a situação alarmante de Ubatuba. Os empresários com interesses em abrir e facilitar seus empreendimentos estão dialogando diretamente com as comunidades com falsas promessas e prejudicando a legitimidade do processo. Para a Dra. Maria Capucci, também Procuradora Geral da República “de acordo com a Convenção 169 da OIT, deveria ter sido feita a consulta prévia e informada às comu-
nidades tradicionais”. Salienta também que mesmo se representantes estivessem alinhados com a defesa das populações tradicionais, ainda é preciso refazer os processos de consultas para suprir o que é exigido por lei. Quem se sentir prejudicado poderá encaminhar proposta de alteração até o próximo dia 11 de novembro. Em Ubatuba as propostas podem ser encaminhadas na Sede da Fundação Florestal, na Rua Esteves da Silva, 510, no Centro, rua detrás dos Correios. Resta saber se as mudanças propostas nesta audiência serão inseridas
na revisão do ZEE, se de fato a vontade da maioria será levada em consideração. Colaboração: www.preservareresistir.org
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Canto da Lagoinha: pedaço do paraíso com ressaca Considerado, desde os primórdios - ainda da Fazenda de João Ales da Silva Porto um ponto de calmaria e tranquilidade, o canto da Praia da Lagoinha mostrou-se agitado no último final de semana (2930/10). Acostumados à agitação de pessoas que buscam lazer e tranquilidade nesta praia e águas, muitos viram algo diferente desta vez. Até se perguntou onde estava aquela faixa enorme de areia com ondas poucos maiores de que um palito de sorvete, águas límpidas e transparentes. A ressaca mudou a paisagem, nada que não mantivesse o local ainda belo e harmonioso. Depende do olhar de cada um. Imaginem que até surfe foi possível praticar neste lado da praia.
Fotos: Roberto Pituí e Ezequiel dos Santos - PROMATA
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Re“canto” da Lagoinha Embora todos olhassem apenas para o mar e praia, o local ainda se mostrava muito vivo por outros atores. Os “cantos” da floresta, mesmo com o barulho do mar um pouco mais alto desta vez, eram audíveis por aqueles que se preocupam com o que sobrou deste ambiente. Os pássaros, num show de malabarismos e cores não se intimidaram e deram o ar da graça com cantos, pousos e decolagens. Alguns esquilos se alimentavam e faziam barulho com sementes na boca em frente às pessoas, que passavam pela trilha falavam de tudo menos da beleza do lugar, onde estavam e pasmem! Não os viam. As poucas flores que se avistava eram belas e dignas de um registro. Como foi a de um Ipê Rosa. Caranguejos foram poucos, mas como o mar não estava pra peixe foi possível avistar alguns que até se posicionaram para um foto. A quantidade de arvores que sobrou, ainda da época só da floresta, do mar e dos caminhos antigos. A quantidade de arvores de cocos brejaúvas com cachos impressiona,
O Quero-quero (Vanellus chilensis) se prepara para voar ao ver o mar avançar a sua frente
Iguaria da Mata Atlantica, mata a sede a fome, povos antigos faziam doce deste coco
Arvores centenários com florestas particulares em seu tronco - só a verão quando obstruir o caminho
no passado servia para matar a sede, saborear sua carne e fazer doce, de vez em quando cair e se ralar inteiro em seus espinhos. O vai e vem das águas mostra como a natureza é dona do lugar e como os humanos a modificam em nome do prazer. Que ela – a mãe natureza – só é lembrada quando se altera e se enraivece com quem dela só quer tirar, suja, joga lixo, mantém o local apenas para o homem e não para ela como um todo, por vezes não oferece nada. O canto que já foi grandioso, por onde a canoas avançava o interior pelo seu rio, cargas vinham e voltavam do mar transpondo estas águas até o “Carrero” as poucas casas que lá existiam. O rio que, vezes por ano, fazia caminhos diferentes pelo simples fato de ser livre e desimpedido, mostrando sua bela silhueta. Um balé harmonioso com o restante do seu meio, respeitado pelos antigos moradores como parte de suas vidas e meio de sobrevivência. Mas felizmente ainda existem os que querem o seu bem, mesmo que de forma tímida.
Ipe Rosa, majestosa e bela por entre as outras arvores
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Fórum de Comunidades Tradicionais e parceiros lutam pela implantação de educação diferenciada a caiçaras, indígenas e quilombolas Foi aprovado no último dia 19, pelo Conselho Municipal de Educação da cidade de Paraty (RJ), vizinha de Ubatuba pelo lado carioca do mapa do Brasil o projeto que trata da educação diferenciada nas comunidades tradicionais daquele município. A aprovação foi positiva para o movimento em defesa de uma educação vivencial, diferenciada com foco nos saberes e patrimônios das comunidades e do Brasil criando uma categoria denominada “Escola de Campo” que agora aguarda sansão do executivo municipal. Também foi aprovada a criação do fundamental II nas escolas da costeira daquele município. As comunidades do Pouso da Cajaíba e da Praia do Sono, ao que tudo indica, serão as primeiras escolas a implantarem o projeto. O Coletivo de Educação Diferenciada em Paraty é formado por varias representações de comunidades tradicionais e técnicos. O movimento “Preservar e Resistir em defesa dos territórios tradicionais” informa através de seu sitio da internet que há anos vem trabalhando nesta articulação, envolvendo lideranças comunitárias, professores, pesquisadores, e demais ativistas deste olhar sobre a educação e que celebraram juntos a primeira etapa desta vitória. Parceiros O Fórum de Comunidades Tradicionais (FCT) e Observatório de Territórios Sustentáveis e Saudáveis da Bocaina (OTSS) junto a organizações parceiras, como Universidade Federal Fluminense (UFF) e
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Festa da Padroeira da Caçandoca continua mesmo durante a semana
Foto: Comunicação FCT
Colégio Pedro II, tem atuado nos últimos anos em busca de fortalecer os processos da educação diferenciada em algumas comunidades. O professor Domingos Nobre, do Instituto de Educação de Angra dos Reis (UFF- IEAR) diz que “vencemos uma primeira etapa de luta que ainda continua. Ainda faltam muitos passos para ampliar a implantação de políticas efetivas em educação escolar para as comunidades tradicionais”. O professor tem atuado diretamente no território por meio de ações que contemplam os saberes tradicionais como forma de construir uma educação que valorize os modos de vida das pessoas em seus lugares. O que é a escola do campo? A categoria escola do campo foi criada para todo o município de Paraty, não somente para as escolas da costeira. Assim como já acontece em outros lugares no Brasil, a categoria foi criada como forma de dar subsídio aos saberes que integram a vida no campo. Diferente dos centros urbanos, a educação do campo
precisa valorizar e dialogar com o modo de vida daqueles que estão em constante contato com a natureza, a agricultura e vivem em comunidades tradicionais. A criação da categoria é um primeiro passo na busca por uma educação que garanta esse direito. Continuidade da educação para as comunidades tradicionais. A garantia do Fundamental II nas comunidades do Pouso e do Sono representa a continuidade dos estudos em cada um desses locais. Crianças e jovens, que hoje precisam sair para estudar em outros locais, poderão permanecer por mais tempo em seus territórios. Implementado pela primeira vez durante este ano pela Secretaria Municipal de Educação, com processo pedagógico coordenado pela UFF-IEAR, o ciclo que integra do sexto ao nono ano do ensino fundamental está em processo de regularização, e ter sido aprovado por este conselho representa o começo da concretização deste sonho antigo de comunitários e educadores. Fonte: preservareresistir. org, Fórum de Comunidades Tradicionais - FCT
No último dia 12, seguindo a tradição, o Quilombo Caçandoca manteve as festividades do dia da Padroeira do local – Nossa Senhora Aparecida. Embora no meio da semana, o evento atraiu 250 pessoas vindas de Campinas, São José dos Campos, Limeira, São Paulo e outras do litoral paulista. A imagem chegou de motorromaria, na sua chegada queima de fogos e buzinaço. A capela estava lotada,
fiéis aguardavam sua chegada do lado de fora. Após a tradicional celebração, houve a apresentação na praia dos grupos Maracatu Itaomi, Odé é da Mata e Porto Rico do Recife, além da bela apresentação do Grupo Concertada. O acontecimento emocionou muita gente. Agradecimentos aos motoclubes Barbados do Asfalto e Dose Letal, Salette Flores e Vinac Consórcios.
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PROMATA participa do projeto Caiçara Criativo na Fortaleza
No ultimo dia 30, a PROMATA participou de um dia de alegria no projeto Caiçara Criativo da Praia da Fortaleza. Dentro das atividades a associação apresentou aos alunos e convidados uma palestra sobre a iniciação em observação de aves. O evento ainda ofereceu aos alunos música, brincadeiras, gincana, teatro, caça ao tesouro, suco, pipoca e muita alegria e descontração. O espaço é bem aconchegante e a festividade é relacionada ao dia das crianças. O Projeto Caiçara criativo
oferece vários cursos a comunidade como Jiu-jitsu, bateria, musica, teatro, áudio visual, artesanato ecológico, mundo virtual e Fundo de quintal, uma mistura interessante de ciência, tecnologia, ecologia e conhecimento caiçara, onde une o conhecimento tradicional ao tecnológico. Sem data definida os organizadores do projeto de lá com o grupo do projeto de cá fecharam intenções para uma conversa com intuito de uma melhor interação, possíveis parcerias e atendimento a comunidade.
Chuva não atrapalha missão na Vila Santana No último dia 22, paroquianos de toda a região realizaram mais uma ação missionária paroquial. Desta vez a Vila Santana foi à escolhida e a comunidade participou em massa das atividades. Houve atividade o dia todo com inicio as oito da manhã e término as 16 horas encerrada com a celebração da missa. O dia foi chuvoso e não impediu o povo a realizar sua missão. Idosos, crianças, gente de perto, de longe, convidados, parceiros, colaboradores e voluntários fizeram
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o lugar ter um dia diferente. Quem participou fala que valeu a pena.
PESM - Observação de Aves em Unidades de Conservação No final de semana do dia 21 e 22 de outubro o Parque Estadual da Serra do Mar - PESM abriu espaço para o professor Fabio Olmos realizar um curso de observação de aves em Unidades de Conservação. O curso ocorreu, no primeiro dia, no centro de Visitantes da UC, no segundo dia, no Centro de Observação de Aves do Cambucá. O objetivo foi fornecer subsídios e técnicas voltadas a prática de birdwatching, com enfoque no turismo de observação em áreas naturais protegidas. Abordou também espécies com ocorrência no território de Ubatuba, os habitas e as interações que ocorrem na Mata Atlântica, assim como, as situações decorrentes da atividade turística, considerando informações importantes quando se trabalha profissionalmente nesta área específica do turismo. Vários interessados da região sul do município compareceram. Olmos é biólogo com pós-graduação em Ecologia (Unicamp)
e Zoologia (UNESP) ex-gestor de unidades de conservação e consultor ambiental, diretor da Permian Brasil, colunista do “O Eco” e observador de aves. Segundo o especialista Ubatuba é abençoada pelo seu “gradiente florestal” e que a “gringolandia” fica encantada com seus atrativos de avifauna. O professor destaca a experiência de vida selvagem como parte do processo civilizatório. Fala de experiências de observação bem sucedidas em varias regiões do Brasil, como exemplo, a observação de onças em
Poconé/MT. Associa a atividade caracterizada como “turismo de experiência” e não de consumo e trata o conhecimento como ponto alto da atividade, até mesmo como a melhor mercadoria. Falou de como o mercado reage a atividade e afins, dos procedimentos, ética e dicas sobre este nicho de mercado. Por fim falou de alguns procedimentos a serem adotados. No segundo dia realizaram a saída de campo que, mesmo com a forte chuva, não impediu alunos e professor de finalizar seus objetivos.
PROMATA participa de inauguração do Bananal Eco-lodge No último dia 29 a PROMATA participou da inauguração do Bananal Eco-lodge no bairro do Ubatumirim um espaço que tem por objetivo oferecer uma experiência enriquecedora de turismo sustentável. O empreendimento foi pensado a integrar a paisagem com harmonia e respeito. Além de hospedagem e ecoturismo, o local oferece alimentação saudável e espaço para eventos. Administradores informam que “os espaços adotam técnicas de construção natural e são destinados a vivencia que
visam incentivar a proteção da região, colaborar com o desenvolvimento sustentável das
comunidades e encantar os visitantes”. Quem visitou aprovou a estrutura e os serviços.
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“Chacina na Ilha Anchieta - Tiroteio na invasão e retomada da Ilha” Parte 31
Jornais da época enviaram seus melhores repórteres para descrever a maior rebelião do planeta que aconteceu em nossa região, sobreviventes ajudam a contar a história.
Ezequiel dos Santos “Lendas & Outras Histórias Seu Filhinho. A partir da pagina 106 deste livro o autor – Washington de Oliveira – tratando da não efetivação da Colônia Correcional em 1929 após promulgação do Congresso Estadual, iniciou uma nova era dentro do estado de SP. Em 1930, com Getulio Vargas no poder, aumentou consideravelmente o numero de prisões de políticos taxados como “carcomidos”. Não tendo onde recolhe-los foram enviados ao “Presídio Político da Ilha dos Porcos”, destino não reconhecido oficialmente. Porém os presos “graúdos” eram encaminhados a Casa de Detenção em SP e os sem-gravatas: malandros, vagabundos e detentos comuns é que vieram para o tal presídio político. Pouca gente sabe, mas contrariando as autoridades de que nunca alguém, antes do famoso levante, havia fugido, existe uma passagem nesta história que remete a dois personagens: Pedro Rex e Moleque Marinho. Eles haviam preparado do lado de fora uma pequena jangada e aproveitando de um descuido e fugiram. Após exaustivas buscas foram encontrados em alto mar. Pedro Rex, ainda vivo, estava agarrado a tosca jangada, já Marinho boiava morto sobre o mar. Essa proeza não passou despercebida, Willy Aureli, promissor repórter da Folha da Noite, deu o devido destaque ao acontecido, isso repercutiu de forma avassaladora, já que na época havia inúmeros questionamentos sobre as inadequadas condições da ilha para o funcionamento de um instituto de regeneração.
Estrada Imperial de tropas O repórter, acompanhando as discussões da sociedade na época, condenou em sua matéria a ociosidade dos cativos. Sugeriu então que estes fossem aproveitados na operação de restauração da antiga estrada imperial de tropas (Ubatuba-Taubaté), transformando em rodovia – embora precária- ao transito dos primeiros automóveis entre o Litoral e o Vale do Paraíba. O então diretor do presídio Major Feliciano dos Santos – posterior presidente do PTB paulista- acatou a idéia junto com o prefeito Aristides Bonifacio Garcia. Esforços juntados começa uma nova etapa na história regional. A divisão das tarefas ficou assim: Da ilha vieram os homens, a escolta militar e os gêneros alimentícios. A prefeitura de Ubatuba e a população vieram as ferramentas e eventuais necessidades durante a operação. Toda a várzea e o pé da serra foram beneficiados. Quando os trabalhos já haviam vencidos dois quilômetros de serra, explode a Revolução Constitucionalista, isso paralisou a obra. Porém anos mais tarde ela teve continuidade, agora sob a coordenação do Departamento Estadual de Rodagem, trecho administrado pelo engenheiro Mariano Montessanti. Dizem que, mesmo sem a devida ressonância ou destaque, a única obra merecedora de méritos atribuídas ao que se propunha o Instituto Correcional da Ilha Anchieta, em beneficio a sociedade daquela época, foi a operação de restauração da antiga estrada imperial de tropas (Ubatuba-Taubaté).
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Aves da nossa rica Mata Atlântica: coruja orelhuda Enquanto todos dormem a coruja permanece acordada, com olhos arregalados e ouvidos atentos, onde tudo vê e tudo ouve. Conhecida como a soberana da noite, ave que significa para muitos povos e ainda para muita gente uma poderosa e profunda conhecedora do oculto, do mistério, da inteligência, da sabedoria e do conhecimento. Significa ainda ambiente saudável, alguns lugares como em partes da Itália as pessoas a veneram, as protegem como parte da sua formação cultural. Dizem que lá é sinal de boa sorte vê-las, registrar então! Misteriosa A coruja é escolhida como mascote dos escoteiros e dos cursos universitários de Filosofia, Pedagogia e Letras. O termo “coruja” geralmente é aplicado ao pai ou a mãe, seguidos de outros parentes, que ressaltam com exagero as qualidades dos filhos. Misteriosa porque tem o sonho de muita gente, tem a capacidade de enxergar através da escuridão, isto é enxerga o que os outros não vêem. A coruja, na Mitologia Grega, é o símbolo de Atena, a deusa da sabedoria e da justiça, tanto que era sua mascote. A deusa romana Minerva, deusa das artes e da sabedoria, também é representada por uma coruja. Os gregos consideravam a noite o momento propício para o pensamento filosófico. Pela sua característica de animal notívago (noturno), era vista pelos gregos como símbolo da busca pelo conhecimento. Precisão Ave de precisão, exímia caçadora, além da poderosa visão, possui um disco facial bran-
co fortemente definido bem destacado que desempenha importante papel de refletor sonoro, que amplia o volume do som facilitando a localização da presa. Tem a particularidade de conseguir girar o pescoço em até 270º para observar algo ao seu redor, permanecendo com o resto do corpo sem o menor movimento. Sua percepção é certeira, enquanto o restante dos seres vivos se ilude, ela realmente encontra o que quer. Seu nome científico (Asio clamator) significa “Coruja orelhuda gritadora”. Ela possui “orelhas” bem destacadas, que na verdade são penachos bem desenvolvidos localizados acima de suas orelhas, possuindo tarsos poderosos para seu tamanho. Emite vocalizações bastante variadas, geralmente sequência prolongada de “áut-áut-áut”. Quem sou Olhos voltados para frente como os humanos, é encontrada em quase todo território brasileiro. Seu habitat principal é nas savanas, bosques e nas bordas das matas, áreas abertas com árvores, podendo ser encontrada também em áreas urbanas arborizadas. Sua plumagem ajuda no mimetismo (camuflagem) para se proteger dos predadores ou se posicionarem para a caça ou defesa. Seu tempo de vida médio é de 15 até 20 anos. Mede de 30-38 cm, envergadura de 22,8 a 29,4 cm e peso entre 320-546 gramas. Alimenta-se principalmente de aves, roedores, morcegos e insetos. Faz seus ninhos em ocos de arvores, em vegetação rasteiras ou até mesmo no solo. Não costuma tomar banho,
Foto: Roberto Pituí - PROMATA
pois se molhadas não podem voar, devido à densidade de suas penas. Mas às vezes gostam de ficar na chuva. Põe de dois a quatro ovos, a fêmea permanece no ninho chocando por aproximadamente 33 dias. Seus inimigos mortais são os gaviões, as cobras, os gatos do mato. Mas o pior de todos é o homem e suas ações danosas como a caça predatória, destruição de seu habitat, atropelamentos nas estradas, por linhas de pipas e redes de energia elétrica, podendo causar invalidez permanente ou morte. Mas quem vê espécime de perto se transforma num colaborar nato em defesa das aves, de tão bela e interessante. * * * Fonte: mundoanimalba. blogspot.com.br/ PROMATA, Ubatubabirds, Coaves, WIKIAVES, natadaserra.com.br, www.avesderapinabrasil.com/
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Caçandoca recebe grupo de extensão rural da UNIMEP
Nos dias 29 e 30 de outubro, a comunidade do Quilombo Caçandoca recebeu grupo de extensão rural da Universidade Metodista de Piracicaba para uma rodada de atividades como prevenção a saúde, oficinas, debates entre outros. Foram atendidos todos os públicos. As crianças receberam atividades educativas, orientações lúdicas, jogos cooperativos, pintura de rosto, dentre outras atividades dirigidas. Já os adultos e idosos participaram do circuito saúde com aferição de pressão arterial, teste de glicemia, orientação nutricional e de fisioterapia, orientação jurídica, pesagem e medição de estatura, orientações quanto a preservação da saúde, oficina sobre aproveitamento de alimentos, alimentação saudável, produtos
de limpeza sustentável, direitos do consumidor e demais temas. Para os adolescentes ficou a exibição de curtas para debate (temas: valorização cultural, identidade) Fanzine, fotogra-
fia e produção de notícias, reciclagem e reaproveitamento de materiais. A comunidade retribuiu com sua simpatia e acolhimentos dos estudantes. Aos acadêmicos foi contada a trajetória de luta da comu-
nidade, além da mostra de artesanatos, caminhada em trilhas, história da comunidade, mostra de mudas de plantas da medicina tradicional, troca de saberes e noite cultural. A comunidade agradece a
todos envolvidos: comunidade, professores e estudantes esperando que este tipo de atividades envolvendo universidade e Comunidade Tradicionais aconteçam com mais freqüência.
Jovem de 17 anos registra natureza ao seu redor
Muito bem intencionado, o Jovem Erick da Silva enviou ao JMN seu primeiro registro de um animal silvestre numa de suas caminhadas. Com um binóculo da PROMATA e sem câmera fotográfica vem surpreendendo pela disposição de aprender. Esta imagem ele fez de um aparelho celular no último dia 31/10 e ficou muito boa. Trata-se de uma Preguiça de Três Dedos (tridáctila Bradypus tridactylus), que alcança 50 cm de comprimento e vive na América do Sul e Central. Diferente do nome do animal registrado percebe-se que preguiça mesmo para o jovem só aquelas livres na mata. Erick foi parabenizado pelo grupo de observadores de aves pela iniciativa. Preguiça Substantivo feminino com origem no termo em latim “pigritia”, é uma característica ou
atitude que demonstra pouca disposição para o trabalho, ou aversão ao trabalho. Está também relacionada com negligência, indolência, mandriice, demora ou lentidão em praticar qualquer ação Bicho preguiça No contexto da zoologia, a preguiça é um animal pertencente à ordem dos xenartros, e são uma família de mamíferos sul-americanos adaptados a viver nas florestas suspensos das árvores, que eles trepam. Elas se alimentam de folhas e os seus movimentos são muito lentos. Não possuem os dentes incisivos e possuem garras fortes e longas, muito arqueadas nos quatro membros, que permitem que elas durmam suspensas sem qualquer esforço muscular. Felizmente é um bicho que ainda é deixado em paz pelo animal homem. Fonte: significados.com.br
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Coruja resgatada por moradores não resiste aos ferimentos
Coluna da Adelina Fernandes
Sua vez, Vovô... Da Europa em guerra, conta-se que uma família foi forçada a sair de sua casa quando tropas inimigas invadiram a localidade onde viviam. Para fugir aos horrores da guerra, perceberam que sua única chance seria atravessar as montanhas que circundavam a cidade. Se conseguissem êxito na escalada, alcançariam o país vizinho e estariam a salvo. A família compunha-se de umas dez pessoas, de diversas idades. Reuniram-se e planejaram os detalhes: a saída de casa, por onde tentariam a difícil travessia. O problema era o avô. Com muitos anos aos ombros, ele não estava muito bem. A viagem seria dura. – “Deixem-me”, falou ele. “Serei um empecilho para o êxito de vocês. Somente atrapalharei. Afinal, os soldados não irão se importar com um homem velho como eu.” Entretanto, os filhos insistiram para que ele fosse. Chegaram a afirmar que se ele não fosse, eles também ali permaneceriam. Vencido pelas argumentações, o idoso cedeu. A família partiu em direção à cadeia de montanhas. A caminhada era feita em silêncio. Todo esforço desnecessário deveria ser poupado. Como entre eles havia uma menina de apenas um ano, combinaram que, a fim de que ninguém ficasse exausto, ela
seria carregada por todos os componentes da família, em sistema de revezamento. Depois de várias horas de subida difícil, o avô se sentou em uma rocha. Deixou pender a cabeça e quase em desespero, suplicou: – “Deixem-me para trás. Não vou conseguir. Continuem sozinhos.” – “De forma alguma o deixaremos. Você tem de conseguir. Vai conseguir”, falou com entusiasmo o filho. – “Não”, insistiu o avô, “deixem-me aqui.” O filho não se deu por vencido. Aproximou-se do pai e energicamente lhe disse: – “Vamos, pai. Precisamos do senhor. É a sua vez de carregar o bebê.” O homem levantou o rosto. Viu as fisionomias cansadas de todos. Olhou para o bebê enrolado em um cobertor, no colo do seu neto de treze anos. O garoto era tão magrinho e parecia estar realizando um esforço sobre-humano para segurar o pesado fardo.
O avô se levantou. – “Claro”, falou, “é a minha vez. Passem-me o bebê.” Ajeitou a menina no colo. Olhou para o seu rostinho inocente e sentiu uma força renovada. Um enorme desejo de ver sua família a salvo, numa terra neutra, em que a guerra seria somente uma memória distante tomou conta dele. – “Vamos”, disse, com determinação. “Já estou bem. Só precisava descansar um pouco. Vamos andando.” O grupo prosseguiu, com o avô carregando a netinha. Naquela noite, a família conseguiu cruzar a fronteira a salvo. Todos os que iniciaram o longo percurso pelas montanhas conseguiram terminá-lo. Inclusive o avô. Se alguém a seu lado, está prestes a desistir das lutas que lhe compete, ofereça-lhe um incentivo. Recorde da importância que ele tem para a pequena ou grande comunidade em que se movimenta. Lembre-o que, no círculo familiar, na roda de amigos ou no trabalho voluntário, ele é alguém que faz a diferença. Ninguém é substituível. Cada criatura é única e tem seu próprio valor. Uma tarefa pode ser desempenhada por qualquer pessoa, mas uma pessoa jamais substituirá a outra. Não permita que alguém fique à margem do caminho somente porque não recebeu um incentivo, um estímulo, um motivo para prosseguir, até a vitória final.
No último dia 19, uma equipe da PROMATA foi solicitada por moradores para averiguar a situação de uma coruja que havia se acidentado nos fios da rede elétrica local. Ela foi encontrada próxima a casa do Tio Guido na Rua da Laje. Ao chegarem, ela já se encontrava na área da casa do morador Luiz “Pescoço” aguardando a equipe. Através de mídia social, vários colaboradores tentaram contatos com instituições e ou profissionais que pudessem atender a ave. Inicialmente ela apresentava apenas ferimentos em uma das asas. Para melhor comodidade e segurança, a coruja foi transferida para um viveiro na propriedade sob os cuidados de um morador tradicional até que fosse levada a um especialista. Através do contato com o Gestor do PESM, Danilo Silva, foi possível falar com a equipe do PROFAUNA – Proteção à Fauna e Monitoramento Ambiental – onde foi levada para uma “consulta” e possíveis tratamentos. Para que ela pudesse chegar até o veterinário da PROFAUNA foi reali-
zado uma verdadeira via sacra, órgãos e instituições não sabiam o que fazer com a ave. Mas uma ação coordenada de resgate conseguiu levá-la ao veterinário. Lá, o médico veterinário Marcelo Bocardo, realizou os cuidados adequados informando que a asa estava machucada e que havia perdido bastante tecido, porém a noticia boa é que tendões e ossos estavam intactos. O veterinário informou ainda que a coruja estava a vários dias nesta situação. Ela foi batizada pela equipe recebendo o nome de “Princesa”. De tão bela houve quem quisesse ficar com ela. Após o atendimento ela foi levada a um local para recuperação. No ultimo dia 21 veio a noticia através do gestor do Parque Estadual que a coruja não resistiu a infecção nos ferimentos e morreu. A idéia de Danilo era de realizar uma soltura em dia de campo na Água Branca com parte das atividades do Grupo de Trabalho - GT- Destinação de Fauna, o que infelizmente não será possível. Agradecimentos a Equipe PROFAUNA http://www.profauna.com.br