RP Pará TESTE 01

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A revista REPORTAGEM PANORÂMICA é uma publicação digital do DIÁRIO DO TURISMO e da MARCA DESIGN Coordenação Editorial: Paulo Atzingen Textos: Ana Elisa Teixeira e Guilherme Athaíde Fotos: DT e SECOM - Pará Designer gráfico: Renato Eck Zorn Distribuição via plataformas digitais IOS-Android

DIÁRIO DO TURISMO Novo Endereço: Avenida São Luis, 112 - cj 403 SP - São Paulo (55 11) 3214-1776 www.diariodoturismo.com.br



ÍNDICE

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I. Introdução

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II. Modernidade e tradição

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III. Complexo Feliz Lusitânia

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IV. Fé e religiosidade no Museu de Arte Sacra

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V. Basílica de Nazaré e o Círio

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VI. Ver o Peso

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VII. Ao métre com carinho

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VIII. Maria de Deus e das camisetas

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IX. Mangal das Garças: um oásis na metrópole

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X. Açaí: o Pará não vive sem!

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XI. A metal-morfose das gemas do Pará

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XII. Como não amar tapioca?

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XIII. Massas com o gostinho paraense

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XIV. Ilha do Combu: encanto e natureza preservados


FOTO: JOテグ RAMID


BELÉM, BELÉM ACORDOU A FEIRA QUE É BEM NA BEIRA DO GUAJARÁ

Rosa flor, vê quanta mangueira e o cheira-cheira do tacacá. Meu amor, ata a baladeira, embalança a beira do rio mar. Belém, Belém, acordou a feira que é bem na beira do Guajará. Belém, Belém, menina morena, vem ver o peso do meu cantar. Belém, Belém, és minha bandeira, és a flor que cheira no Grão-Pará.

Estes versos, do poeta Chico Senna, apresentam aos visitantes a essência da Cidade das Mangueiras. Essa música ecoa por entre os fios do tempo e, como o carimbó, o tacacá, o açaí, o Círio de Nazaré, a chuva da tarde e tantos outros exemplos, tatuam para sempre a pele e os sentidos de quem passou por aqui.

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Por Guilherme Athaíde

FOTO: DIÁRIO DO TURISMO

Se Belém tem um dom, esse dom é o de se modernizar sem desrespeitar suas origens. Na verdade, o que se vê nas ruas da capital paraense é uma prática singela de fundir o tempo, usando a tradição como base para a modernização. Isso está presente em construções antigas que, repaginadas, se transformam em points para jovens e descolados; isso é saboreado no tradicional pato no tucupi servido até hoje por chefs renomados, ou na dança folclórica que se funde ao tecno e, claro, na Estação das Docas que de galpão abandonado se transformou em um dos principais pontos turísticos da cidade. As remodelações iniciadas em 1997 duraram três anos e tinham um único desafio e objetivo: revitalizar a área portuária da cidade, transformando-a num atrativo para a população local e para turistas. O resultado foi muito além e hoje a Estação das Docas é referência em turismo cultural e gastronômico e modelo para outros portos do Brasil. Situado às margens da Baía do Guajará no centro da cidade, bem ao lado do movimentado Ver o Peso, o espaço é de responsabilidade da Organização Social Pará 2000. Segundo Isa Arnour, que é gerente de Marketing, Comunicação e Cultura da entidade, o grande mérito de Chaves foi aproveitar o que já existia e dar um toque moderno. É por isso que toda a arquitetura externa do complexo remete a galpões e portos marítimos, dando um ar bem charmoso à calmaria interna do espaço. 08



FOTO: GERALDO RAMOS

Na parte de fora, que margeia a baía e onde é possível sentar para apreciar o pôr do sol enquanto se toma um sorvete de tapioca, por exemplo, ainda há guindastes gigantes que eram usados pelos navios que atracavam no porto. Hoje, pintados de amarelo, são peças de decoração utilizadas como bancos por quem descansa por ali.

“Como a Pará 2000 é um órgão vinculado à Secretaria de Cultura do estado, ela é incumbida de tornar a Estação um pólo cultural. E está fazendo isso muito bem", explica Anualmente, segundo ela, um milhão de visitantes passeiam pelas oito barracas de artesanato ou lojas, sete restaurantes, duas lanchonetes e também pela sorveteria que fica no local. Além disso, vários projetos gratuitos, ou melhor: 1600 projetos culturais garantem a diversão no local.

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FOTO: EVERARDO NASCIMENTO

Exemplos dessa programação, segundo explicou Isa Arnour, é o Pôr do Som, realizado todas as sextas-feiras com apresentação de carimbó de raiz durante o pôr do sol, e a romaria fluvial, evento que faz parte do Círio de Nazaré. Na ocasião, a Estação das Docas recebe, em média, 30 mil pessoas para assistir a imagem da Santa percorrer a baía de barco. O que antes era um velho e mal utilizado porto se transformou num centro de compras, cultura e gastronomia que não apenas respeita, mas eleva a faceta fluvial de Belém.


Dificilmente um paraense irá negar sua origem miscigenada da mistura de negros, índios e europeus - mistura essa que, convenhamos, todo brasileiro carrega consigo. Essa característica das pessoas não poderia ser diferente na capital do estado. Em Belém, é possível conhecer, ver, saber e sentir toda a história da cidade, sua origem a partir de uma pequena vila que não passava de uma praça e a trajetória de conquistas e até mesmo guerras, como a Cabanagem. Isso tudo no berço de Belém, no Complexo Feliz Lusitânia.


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Situado na atual Praça Frei Caetano Brandão, o local é um contraponto calmo ao agitado Mercado Ver o Peso, que fica a apenas a 350 metros dali. Uma praça ampla e convidativa é rodeada por construções históricas que carregam importância cultural, arquitetônica e até mesmo arqueológica. Ali, formado um círculo, estão o Forte do Presépio, o Museu de Arte Sacra, a Igreja da Sé e a Casa das Onze Janelas. Se hoje esses prédios são usados para tal fim, suas finalidades originais eram diferentes e a importância do local se dá ao fato de que ali foi o primeiro núcleo urbano de Belém, fundado ainda no século XVII.


Pesquisas arqueológicas recentes descobriram uma construção de muralha dupla em alvenaria de pedras e tijolo maciço, com mais de 50 metros de extensão. Essa construção apresenta espaços vazios nos quais os canhões apontavam para o rio, pois deveriam guardar o forte e assegurar que outros conquistadores europeus não adentrassem à Amazônia. Foi para isso que Portugal enviou expedições para o Pará em 1606, ano no qual se fundou a cidade de Belém a partir do Forte do Castelo.

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Hoje o local foi rebatizado de Forte do Presépio e se trata da primeira construção feita em Belém.



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Quem sai do Forte do Presépio pode se refrescar embaixo de uma das inúmeras mangueiras que circundam a praça até chegar ao Museu de Arte Sacra. O templo de São Alexandre, hoje em dia, não tem mais função paroquial. Se trata de uma antiga igreja que é a primeira parte do museu e o interessante do passeio é que se pode adentrar em ambientes que nem sempre os fieis tem acesso, como as partes laterais e traseiras do altar, por exemplo. Esses espaços são ricamente decorados com imagens de santos talhadas em madeira que impressionam.


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A segunda parte da visitação ao museu ocorre no prédio onde já funcionou um colégio de padres jesuítas. Ao subir uma escada em semiespiral, duas estátuas no alto das portas, cada uma de um lado, dão as boas-vindas aos visitantes. Uma grande porta se encontra fechada e, ao abrir, a escultura de Maria carregando seu filho Jesus formando a imagem de Nossa Senhora da Piedade impressiona e assusta positivamente. A obra original do século XVIII dá o tom histórico e denso dessa parte do museu.

Estão presentes ali muitas representações de São José de Botas, São Joaquim, Nossa Senhora Conceição e vários quadros de padres e bispos importantes na formação de Belém.


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FOTO: ANA ELISA TEIXEIRA


Seguindo um estilo neo-clássico, a Basílica de Nazaré é um dos monumentos mais importantes da cidade, não à toa é visitado por milhares de turistas e devotos durante todo o ano. Suas colunas construídas de granito italiano sustentam obras religiosas e construções importantes que saltam aos olhos: mais de 50 vitrais franceses, grandiosas portas e sinos de bronze e 15 estátuas de mármore. Mas sua importância não é apenas material, como também simbólica já que a igreja foi a terceira basílica do Brasil, datada de 1923. Nessa época, existiam somente a Basílica da Sé, na Bahia, e a de São Bento, em São Paulo.


FOTO: ANA ELISA TEIXEIRA


É na Basílica de Nazaré e em torno dela que ocorre uma das maiores demonstrações de fé do Brasil - o Círio de Nazaré. Trata-se de uma procissão católica em devoção à Virgem de Nazaré, que além de ser mãe de Jesus é também a padroeira no estado do Pará. Anualmente, o evento reúne cerca de dois milhões de romeiros em Belém, vindos de vários lugares do país e do mundo. Durante todo o percurso de 3,6 quilômetros os fiéis realizam diversas demonstrações de sua fé à Santa. O Círio é tão emblemático ao paraense que basta contar quantos homens chamados Nazareno você encontra nas ruas do Estado. Além disso, em 2014 o Círio de Belém foi registrado como Patrimônio Cultural de Natureza Imaterial pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).

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FOTO: ANA ELISA TEIXEIRA

Os turistas que forem ao Mercado Ver o Peso, também conhecido como "Veropa" para os mais íntimos, em busca de artesanato dificilmente sairão de mãos vazias. A oferta de colares, brincos, pulseiras, vasos e outros produtos decorativos feitos à mão é grande e variada. Aliás, há alguns tipos diferentes de barracas no local: aquelas que apenas revendem objetos de artesãos de distritos próximos à Belém, estandes dos próprios produtores que vendem suas obras e também barracas mistas, nas quais o vendedor tanto produz algumas peças quanto revende deoutros artistas. Esse é o caso da barraca de José Correa, o Seu Zé que há 25 anos tem ponto no Veropa. Ele é artesão e usa cipó para fazer esculturas deanjo de um metro de altura, vendidas a R$ 30,00 cada. Zé também oferece a turistas e pessoas da cidade brinquedos e outras peças feitasde miriti, um tipo de palmeira tão leve que lembra até isopor. Produtores de Icoaraci e Acará, além de outras cidades e distritos da capital, abastecem a barraca de Seu Zé e outras do Ver o Peso.


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FOTO: ANA ELISA TEIXEIRA

Cada peça minha é única porque eu não sei trabalhar em linha de produção, não sei fazer nada igual

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Já Rosangela Drago prefere ela mesma criar suas peças. Dona da loja virtual Os Encantos da Amazônia (www.osencantosdaamazonia.com) ela até perde a conta de quantos anos está instalada no Ver o Peso, mas calcula que seja quase 25 anos. Drago é dessas pessoas que encarna o espírito paraense de reutilizar tudo. Por isso ela faz brincos de cuia, colares com sementes de açaí e Mara-mará e vende suas jóias em caixinhas de miriti, isso para citar apenas alguns exemplos do que se pode encontrar em sua barraca. "Cada peça minha é única porque eu não sei trabalhar em linha de produção, não sei fazer nada igual".


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Por Guilherme Athaíde É com uma pitada de saudosismo e muita admiração que Alcides Paulino evoca a lembrança de seu chefe Paulo Martins, morto em 2010. E isso não é para menos já que Martins fundou o restaurante Lá em Casa, um dos mais famosos e respeitados de Belém, e, mesmo sem nunca ter feito um curso de culinária na vida, foi um grande chef de cozinha que marcou época. Atencioso e afetuoso, Alcides trabalha no restaurante como mètre há mais de vinte anos. O ambiente da Estação das Docas, onde o restaurante está desde a abertura do espaço no ano 2000, não poderia ser mais convidativo para quem quer apreciar pratos tipicamente paraenses. Às margens da Baía do Guajará, o Lá em Casa é charmoso e apresenta um cardápio completo para que o cliente transite na culinária do Pará. Alcides gosta de frisar quais dos pratos foram criados pelo "saudoso Paulo Martins", em suas palavras.

E uma dessas criações permite um incrível passeio pelo Pará: se trata de um prato em três etapas nas quais são servidos patinha de caranguejo, isca de pirarucu, farofa do peixe, caranguejo refogado, feijãozinho de Santarém e leite de coco com cebola; maniçoba, arroz e pato no tucupi e, para finalizar de sobremesa, sorvete de açaí, um creme de bacuri com filho de cacuri e farinha de tapioca adocicada intitulado Angatu e Mundico e Zefina - uma releitura de Romeu e Julieta, mas com doce de cupuaçu e queijo de búfala no lugar da goiabada com queijo. Um mergulho às profundezas da gastronomia paraense.



O mormaço típico da capital paraense não assusta Maria a ir trabalhar pelas ruas de Belém. Seu combustível e motivação também vêm dos céus, mas não é o sol: é a fé. Maria, aos 59 anos de idade e acompanhada de seu filho, andam pelo centro vendendo camisetas estampadas nas quais o tema principal são os pontos turísticos de Belém e a devoção religiosa do paraense. Por isso o nome de Maria não poderia ser mais apropriado, ela se chama Maria de Deus. Trabalhando profissionalmente como costureira há 45 anos, ela se diz muito feliz com a profissão. De acordo com seu relato, desde adolescente ela faz de tudo, "de vestido de noiva até calcinha", revela aos risos. Seu foco sempre foi a confecção e costura, mas no fim de 2015 a situação econômica atiçou sua criatividade e ela enxergou na estamparia uma nova fonte de renda. Assim, seu filho cria as imagens no computador e passa para as camisetas, confeccionadas e costuradas por Maria. Mas a fé e devoção não a cegaram. Evangélica crítica, ela se posiciona contra as pessoas ruins que abusam dos fieis nas igrejas, cobrando dízimos abusivos e vendendo qualquer tipo de produto de viés religioso. Ela cita a Bíblia para justificar que fez um voto em sua vida de vendedora: não trabalha no Círio de Nazaré. É com perseverança que Maria de Deus carrega sua bolsa lotada de camiseta e segue pelas ruas de Belém, ajudando a aumentar a fé nas pessoas da capital do Belém. 35


FOTO: EVERARDO NASCIMENTO


Reservar algumas horas para viver a Amazônia dentro da cidade de Belém é ideal. O Mangal das Garças é o ponto de partida para uma experiência singular e inesquecível em meio à tanta natureza. A entrada no Mangal das Garças é gratuita para apreciar esse oásis natural. Há espaços de visitação monitorada, como o Borboletário José Márcio Ayres, Farol de Belém, Viveiro das Aningas, e Memorial Amazônico da Navegação. O passaporte custa R$15 por pessoa e é possível visitar todas as atrações. Além de, também, vender ingressos separados para cada atividade.

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Para apreciar a cidade e o rio Guamá de forma diferenciada, não esqueça de passar no Farol de Belém, com seus 47 metros de altura e dois níveis de observação, a 15 e a 27 metros. A vista é incrível e sua vontade de não sair do Mangal das Garças aumenta!

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FOTO CRISTINO MARTINS (ARQ. AG. PARÁ)


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No Pará, em especial, em Belém, tudo lembra o açaí! Sua cor viva, as particularidades únicas e o sabor marcante. O Pará é isso! Um mix de cores, sabores, belezas e mais! Mas, como se come o açaí. É com granola? É com guaraná? É mesmo doce? A resposta, no entanto, surpreende! O açaí no Pará pode fazer parte do café da manhã, do almoço, do jantar e até do café da tarde... Com ou sem açúcar e tudo depende do paladar. Há dois tipos de açaí: sendo o tradicional de cor preta e o branco de cor bege. Ao visitar o Point do Açaí, um dos restaurantes especializados na fruta mais famoso de Belém, aprendemos a comer o açai. Basta pedir uma combinação: peixe, camarão ou carne de sol, sempre acompanhados com uma farinha de mandioca. Primeiro é necessário colocar a carne na boca, depois o açaí com farinha de tapioca, mastigar e...não dá para explicar... Então, imagine um prato com três tipos de carne, açaí com farinha de tapioca, batata frita, farofa e vinagrete. Experimente e saboreie com gosto. É assim que se come açaí no Pará.


Nazareno Alves, sócio proprietário do Point do Açaí, produz cerca de 20 toneladas de Açaí in Natura por mês. Começou em 2004 somente com uma máquina de bater açaí dentro de casa com um investimento de R$1.500. Foi em 2006 que resolveu vender peixe frito com açaí, um dos pratos mais famosos com a iguaria, e após muita tentativa, mesmo sem clientela, começou a doar o peixe frito com açaí para amigos e pessoas que passavam pelo local.


O prato de Alves se tornou um sucesso e, em 2008 o empresário abriu o Point do Açaí que atualmente conta com duas unidades e a fábrica de produção da fruta em Belém. Lá o turista poderá provar o melhor do açaí paraense e aprender a comer a fruta de formas variadas e tradicionais.

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O Espaço de São José Liberto concentra as mais lindas joias feitas com diversos tipos de gemas do Pará e do Brasil. O espaço é conhecido pela inovação na fabricação de joias de forma sustentável. Paulo Tavares, mestre ourives e pesquisador, junto à Mônica Matos Joias da Amazônia, produz e comercializa joias que passam pelo processo de "metal-morfose" e peças feitas com gemas vegetais. A metal-morfose é um trabalho com resíduos de oficina com uma prática que, ao retirar os metais, eram feitas de maneira irregular e causava danos ao meio ambiente. Tavares faz esse processo com responsabilidade transformando metais como, alumínio e cobre, em minerais que formam variação de cores intensas que podem ser aplicados às joias. Além de não causar danos ao meio ambiente, as joias são desejadas pelas pessoas porque há uma tonalidade diferente em cada peça fabricada.


As gemas vegetais, também idealizadas por Tavares, são um processo exclusivo realizado no Polo Joalheiro de Belém. Ele consiste em utilizar a criatividade e originalidade cultural paraense em joias com gemas vegetais de castanha-do-pará, mandioca, jambú, urucum, açaí, chocolate, entre outras. As gemas são fabricadas a partir de folhas, frutas e até cascas de árvores com uma variedade de cores que são intensas em razão da pigmentação natural da flora amazônica. A qualidade também é um fator a ser explorado, visto que a dureza da gema vegetal é similar a de uma pérola.

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Ap贸s conhecer as praias da Ilha do Mosqueiro, vale uma parada, no final da tarde, na Tapiocaria da ilha com seus 19 tabuleiros com mais de 20 sabores de tapioca.



O tabuleiro de tapiocas existe desde 2008, mas há aqueles que estão no local há mais de 50 anos, como a barraca da senhora Celina Araújo, conhecida por todos como Dona Noca. A Tapiocaria da Noca tem como destaque a tapioca tradicional paraense que é molhada com calda de coco e servida na folha de bananeira. Por dia, Dona Noca vende mais de 200 tapiocas entre 5h e 22h. Ela enfatiza, com entusiasmo e sabedoria, que o ideal é comer a tapioca acompanhada com um cafezinho com leite em qualquer período do dia. Localizada na Praça Cipriano Santos, a tapiocaria já começa a ter clientes a partir de 4h da manhã e Dona Noca distribui a goma até cobrir todo o fundo da frigideira, recheia a tapioca com a preferência do cliente e depois, com toda a sua delicadeza, enrola para servir.

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FOTO ANA ELISA TEIXEIRA


A gastronomia paraense também é incorporada em alguns pratos de culinárias tradicionais. No restaurante Famiglia Sicília, com seus 25 anos de história, é possível saborear massas frescas e italianas com iguarias locais. O prato Raviole de Cupuaçu e Queijo Cuia composto por raviole recheado de ricota e doce de cupuaçu ao molho de queijos é um dos mais pedidos da casa e, fazem a mistura da gastronomia típica com a proposta da casa que é cozinha italiana. Um mix de sabores que vai agradar até os paladares mais exigentes. Para o turista que quer sair da gastronomia regional, mas se adentrar em uma gastronomia tradicional de Belém, o restaurante é uma boa pedida para um noite a dois ou com amigos.

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Ao atravessar a principal avenida de água de Belém, o Rio Guamá, chegamos à Ilha do Combu, local preservado e com sumaumeiras enormes . Com preço de travessia justo e acesso rápido, ir à ilha do Combu é aproveitar o banho de rio, apreciar a natureza e curtir a infraestrutura simples com pequenos caminhos por dentre as árvores. Parada obrigatória é almoçar no restaurante Saldosa Maloca, pioneiro na ilha desde 1982. Atualmente, o restaurante todo feito à base de palha e madeira a beira do rio e com uma vista esplêndida de quase toda a orla da capital paraense, consegue receber 300 pessoas para um almoço tipicamente local.

Prazeres dos Santos, sócio proprietária do restaurante, conta que seu pai fundou a casa ainda no meio da mata preservada e com a erosão, comum na região, foi preciso fazer reformas de 4 em 4 anos para ir mantendo a infraestrutura. "Fazemos um trabalho familiar com muito carinho e dedicação e, apresentamos pratos regionais em um ambiente totalmente rústico e local", enfatiza.


No entorno do restaurante o visitante poderá ver (e conhecer) árvores centenárias como a Sumaumeira, além de pés de Cacau, Cupuaçu, Andiroba e outros. O mais interessante da ilha é o passeio de barco pelo rio passando pelas casinhas na beira cercadas por pés de açaí e cacau. É um passeio incrível onde se conhece um pedacinho intocável da amazônia paraense.

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