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Paulo

de malandro, mais perigoso. À época da gravação do samba, os mercados ilícitos passavam por mudanças, como a transformação de antigos bicheiros em traficantes, no Rio de Janeiro, destacada por Michel Misse (1999:344-5). O sociólogo também chama atenção para a constituição de redes relativamente organizadas de quadrilhas que controlavam territórios, baseadas economicamente na venda de drogas a varejo e de bens roubados, entre o final dos anos 1960 e a década de 1970, e o alargamento do mercado local de drogas para mais áreas da cidade, como a Zona Sul. Com os novos padrões da marginalidade, Misse também percebe o incremento de um noticiário criminal especializado a partir dos anos 1950. Nos anos 1970, por exemplo, a imprensa começa a noticiar as guerras entre quadrilhas do tráfico em muitas áreas do Rio. No mesmo período, nas notícias do jornal O Estado de S.Paulo, a diferença na cobertura jornalística é gritante em relação às “notas policiais” do começo do século. São páginas inteiras, reportagens, perfis e matérias sobre casos relacionados a marginais (prisões, perseguições, tiroteios, grupos de extermínios), conforme é possível observar no exemplo disponível no Anexo II – a manchete é sobre um marginal “abatido”, há o perfil de um bandido que “assusta 6 cidades”, além de notícias obre contrabando no aeroporto de Viracopos e venda de maconha na Zona Sul. O aumento da presença do termo “bandido” no noticiário revelaria uma maior visibilidade pública desses assuntos, com destaque para o recorrente aparecimento da palavra nas notícias sobre o Esquadrão da Morte.

Tabela 2 – Ocorrências do termo “bandido” no acervo online do jornal O Estado de S. Paulo

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Década Registros

1940 171 1950 230 1960 417 1970 732 1980 1094 1990 2110

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