Livro: Carmem Miranda - A cicerone luso-brasileira da América

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Carmen Miranda,

a cicerone luso-brasileira na américa

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nos primeiros anos do século 20, eminentemente ligado a mestiçagem. É sabido que Carmen Miranda era branca e européia, portanto já estava pressuposto que a metamemória representada em seu cicerone iria subtrair questões mais polêmicas de sua performance. Vejamos a seguir como essas canções são entoadas. Para isso, analisaremos a seguir a voz dos envolvidos nas sequências musicais. Como a voz guarda uma memória, como ela é entoada e em qual idioma os enunciados são pronunciados. A voz do cicerone: as memórias impressas no canto No imaginário da antiguidade grega, as nove musas, filhas de Zeus e Mnemosine, para além de entoarem um canto representando a criação artística e científica, eram as responsáveis pela memória dos grandes feitos helênicos. Função análoga teve Carmen Miranda ao sair do Brasil, em 1939, para atuar nos Estados Unidos: levar a sua voz, o seu sotaque, o seu idioma para que a América conhecesse; cantar e dançar a dicção consagrada como sendo gênero eminentemente brasileiro, o samba. Foi pela função das musas que o ocidente criou a denominação “museu” para os locais nos quais a memória estava sendo preservada, e foi apostando na performance de Carmen Miranda que se pensava em apresentar para o mundo, na distante década de 1940, o Brasil.

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