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Mais algumas palavras
from Revista Percursos
by Marcia Gomes
Trazemos nesta seção o relato de algumas profissionais que atuam ou atuaram na rede municipal de Contagem sobre suas percepções a respeito da educação, da relação com as crianças e das crianças com a escola e suas profissionais. São pequenos trechos de memórias afetivas que ficaram na trajetória de cada uma, seja enquanto professora ou gestora de escolas públicas do nosso município. Com a palavra, nossas profissionais da educação.
Eu gosto de ver as crianças da EI na escola fundamental. Vou vendo elas pequenininhas, andando pela escola. Elas correm pra lá e pra cá, observam tudo e parecem gostar da escola. No dia a dia passamos por vários encontros: nos corredores, na biblioteca, no refeitório, na entrada, na saída, no banheiro, no parquinho, no pátio, nos eventos, feiras, festas e sempre é um “oi”, “a professora do meu irmão”, “eu vou ser dessa sala”, um “tchauzinho”. E vai ficando a
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Algumas crianças chegam no CEMEI curiosas para saber qual a programação do dia. “Se é dia de oficina; qual horário do parquinho; porque não podemos brincar lá fora...” esse momento de saber qual é a rotina, é um momento de saber como será a participação deles no decorrer do dia. Se estão empolgados, falantes, sonolentos, se faltou alguém, se alguém trouxe um brinquedo diferente. Elas se deixam influenciar e influenciam o cotidiano, gerando novas possibilidades de se construir a rotina. Há sempre algo no cotidiano escolar que demanda a participação das crianças, seja a entrega do diário na secretaria da escola, acompanhar o lembrança, a marca desse tempo. Quando chega no fundamental, dá para ouvir um “eu já conheço essa professora”, “você lembra de mim?”. E muita coisa acontece assim, na informalidade, no cotidiano da criança na escola, ela aprende muito nessa rotina.
RELATO DE CIBELE BRAGA – ASSESSORA SEDUC NA DIRETORIA DE EDUCAÇÃO INFANTIL DE 2010
ATÉ 2012/PROFESSORA PEB1 – E.M. CARLOS
DRUMMOND DE ANDRADE colega ao banheiro, solicitar material a pedagoga, recolher os papéis do chão, limpar as mesas sujas de tintas, organizar as cadeiras na sala, auxiliar ocolega na organização da mochila, parar no corredor para observar os gatos. Para além das experiências vivenciadas inscristas nos cadernos de currículos, há outras que nem sempre são valorizadas, mas que também fazem parte do cotidiano, e abre inúmeras possibilidades de aprendizagem para as crianças.
RELATO DA PROFESSORA CARLA SANTOS –EX DIRETORA DO CEMEI NOVO ELDORADO E PROFESSORA DA EDUCAÇÃO INFANTIL NA E M CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE
Na entrada da escola, a família já percebe que existe um portão separado para a educação infantil e anos iniciais do ensino fundamental.
O CAIC assusta a princípio pelo tamanho mas aos poucos, a criança vai tomando conhecimento do espaço reservado ao seu segmento.
No primeiro dia de aula a professora faz uma excursão com a turma apresentando os ambientes da escola. É possível ver o brilho nos olhos causado pelo encantamento, principalmente pelo parquinho. Sim! A educação infantil tem um parquinho só pra eles! A brinquedoteca, o pátio, o refeitório, a sala de aula, o auditório, a biblioteca... É um vasto mundo para nossos pequenos. Os lugares e suas regras de uso logo são incorporados por eles.
É incrível a capacidade de adaptação de uma criança. Tiramos aqui o choro de uns poucos pelo colo materno nos primeiros dias... Logo passa...
Na biblioteca infantil, as estantes tem os livros dispostos de acordo com o alcance dos olhos ou das mãozinhas... As obras com pouco texto e muita imagem ficam pertinho deles.
A escolha de um livro é feita em geral pela capa. Mas também observa se a procura por uma história que já foi contada pela família, pela professora ou pela bibliotecária.
RELATO DE MARY ÂNGELA – BIBLIOTECONOMA DA E.M. CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE
Uma das coisas que mais me encanta na EI é a capacidade que as crianças tem de “toparem” fazer tudo o que lhe é proposto. Elas tem uma energia e uma alegria que são contagiantes e não titubeiam em realizar todo tipo de atividade proposta, seja ela correr, saltar, rolar, cantar, colorir, recortar… Dentre as várias atividades que elas desenvolvem no decorrer no dia, uma que se destaca, ao meu ver, na Umei onde eu trabalhava é a “Rodona”. É o momento do acolhimento, das cantigas, dos relatos das crianças.
É muito gratificante receber os pequenos com esse clima agradável, onde as crianças se interagem de forma tão espontânea.
É um momento mágico, onde é possível perceber, num curto período de tempo, um grande salto no desenvolvimento das crianças, principalmente na linguagem oral.
As crianças amam esse momento e eu também.
Retorno presencial, ah!! Tão aguardado, especialmente pelas crianças! Quanta ansiedade! Quantas expectativas! O ambiente escolar, antes tão frio e silencioso, passou a receber algumas crianças que trouxeram de volta a alegria e a vida à escola. Apesar de tanto tempo afastadas, as crianças não enfrentaram nenhum problema de readaptação à nova rotina e aos espaços que pouco conheceram antes da suspensão das atividades presenciais. Queriam logo brincar, ocupar os espaços, mas incialmente perceberam que havia mudanças. Nada de toques carinhosos, nada de proximidade com as demais crianças e com a professora. No entanto, não causou desmotivação em relação à participação nas experiências propostas. Foram se apropriando da nova forma de convivência. Em relação ao cumprimento dos protocolos sanitários, tais como a higienização das mãos (com água e sabão ou álcool em gel), o distanciamento entre eles na sala ou entre as demais turmas e no geral no uso da máscara (às vezes queriam tirar só para respirar um pouquinho e tinham dificuldade para colocar, quando tiravam para lanchar por exemplo) – coisas que com o tempo foram se resolvendo.
Na continuidade de projetos introduzidos durante o atendimento remoto, já presencialmente, foi possível observar o interesse delas pelos momentos de aprendizagem da escrita e seus registros (reconhecimento e escrita do seu nome, das letras do alfabeto); das rodas de conversa (palco de muitas discussões/reflexões sobre o contexto da pandemia no geral, sobre a necessidade da prevenção e cuidados, do que provocou em relação à escola - seu fechamento e criação de novas maneiras de aprender e conviver, e de introdução de novos saberes e conhecimentos tais como direitos e deveres das crianças), de leitura e contação de histórias (que tanto estimulam a imaginação, criatividade e vivência do faz de conta, bem como a compreensão do uso social da escrita, o manuseio de livros), de música (que envolveram oconhecimento de instrumentos musicais e exploração de seus sons, bem como os sons emitidos pelo próprio corpo e outros objetos, e as brincadeiras com música ); e pelos momentos de aprendizagem e registros em relação ao universo da matemática (reconhecimento e escrita dos numerais, contagem, quantificação, pensamento lógico matemático, conceitos, dentre outros); e de suas produções em geral (desenho, escultura, pintura). Pelos momentos do brincar, seja na sala, no parquinho ou brinquedoteca, bem como nas brincadeiras que lá acontecem, que envolviam criatividade, imaginação e alegria, que sem sombra de dúvida, são efetivamente o que mais apreciaram, e a interação, realmente cobre as lacunas deixadas no atendimento remoto.
RELATO DA PROFESSORA PEB 1 CLEOMAR, ATUAL VICE DIRETORA DO CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE
Proporcionar as crianças um ambiente acolhedor e com segurança, onde elas possam explorar os espaços e juntos fazerem descobertas para novos conhecimentos, considerando que os professores construam juntamente com elas, uma rotina diária onde todos possam ter autonomia de discutir e argumentar suas escolhas. Ao pensar na participação das crianças no cotidiano da Educação Infantil é fundamental pensar nos direitos de conhecer-se e conviver, nos direitos de participar eexpressar, nos direitos de brincar e explorar, elaborando um planejamento a partir das intencionalidades educativas. Nesse sentido pensar na organização de espaços e materiais para que as crianças façam experimentações, para que cada um possa aprender com o outro e com situações vividas, tendo em vista todos os direitos de aprendizagens acima citado.
RELATO DA PROFESSORA AGNES PEB1 CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE, PROFESSORA ED. INFANTIL PBH
A interação na Ed. Infantil é favorecida através de oportunidades de escuta das crianças. Levamos em consideração a sua história de vida e tentamos oportunizar algumas experiências em grupos, trios, duplas apara trabalharmos algum tema por elas apontados em oficinas e projetos. Mesmo no dia a dia da sala de aula, tentamos fazer essa escuta, trabalhamos muito a autoestima de cada criança valorizando suas produções e tentativas. Sempre tentamos conversar, dar oportunidade para a fala e escuta dos pequenos. Ali vemos várias oportunidades de troca e acredito que todos saímos ganhando. Aprendo muito com os pequenos todos os dias.
RELATO DA PROFESSORA PEB 1 II MICHELLINE, CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE
A participação das crianças se inicia na acolhida,na forma como a recebemos,como as olhamos,proucurando sempre enxergar o que elas nos trás e como se apresentam no seu cotidiano.
A interação das crianças na roda de conversa é essencial para o desenvolvimento do trabalho ao longo do dia,a escuta e necessária o tempo todo.
Prporcionar experiências onde elas pissam interagir de firma natural e prazerosa,através do brincar,dessa forma ela constrói e reconstrói seu pensamento.
Criar juntos com elas a rotina do que vai aconter no dia também é muito importante, transmite segurança e organização e perceção do tempo é uma forma de avaliação do seu cotidiano. Contar e recontar historias,parlendas,poesias,músicas, textos e contextos contribui para o seu imaginário e sua formação pessoal.
RELATO DE JUCIMAR, PEDAGOGA EDUCAÇÃO INFANTIL – CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE