PRÉ-SAL SETEMBRO DE 2011 | REGIÃO DOS LA GOS| RJ LAGOS|
A riqueza do país no fundo mar.
AUTO&MOTO Quer desestressar? Junte seus amigos, pegue a estrada e curta viagens e encontros de motoclubes.
HIGHTEC Tecnologia na ponta dos dedos - tablets viram fetiche e facilitam cada vez mais a comunicação.
VIAGEM Maceió combina beleza rústica com uma economia vigorosa proporcionando a emergência de negócios de altíssimo luxo na capital alagoana.
Entrevista com Carlos Slim - Quem é, como vive e o que pensa o homem mais rico do planeta Élégance |1
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ÍNDICE 6 Entrevista Eike Batista fala sobre projetos e avalia o papel do Brasil no cenário internacional
8 História Conheça os caminhos de Darwin na Região dos Lagos, RJ
6 Entrevista Eike Batista fala sobre projetos e avalia o papel do Brasil no cenário internacional
8 História Conheça os caminhos de Darwin na Região dos Lagos, RJ
6 Entrevista Eike Batista fala sobre projetos e avalia o papel do Brasil no cenário internacional
8 História Conheça os caminhos de Darwin na Região dos Lagos, RJ
6 Entrevista Eike Batista fala sobre projetos e avalia o papel do Brasil no cenário internacional
8 História Conheça os caminhos de Darwin na Região dos Lagos, RJ
6 Entrevista Eike Batista fala sobre projetos e avalia o papel do Brasil no cenário internacional
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Um luxo só - Elégance chega não só para ficar, mas também para marcar época!
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os últimos dez anos o Brasil deu um grande salto de quali dade rumo ao desenvolvimento. Deixou de ser o país do futuro para se tornar um país de ponta em várias áreas. Emergiu não como promessa, mas como uma economia sólida que resistiu às recentes crises globais e, mesmo quando muitos países grandes quase quebraram suas economias, o Brasil manteve o prumo firme e seguiu adiante. Não é de agora que somos ponta em algumas áreas de pesquisa, finanças, esportes, cultura, entre todas outras que fazem o Brasil ser visto como um novo membro do clube dos ricos, famosos e sólidos países para se investir, morar e visitar.
Com a amergência desse novo Brasil, surge também uma nova economia; uma classe A de altíssimo nível e uma classe média menos oprimida pelas sucessivas crises econômicas e mais disposta a investir em bem-estar, lazer e desenvolvimento cultural. Dessa forma o carro zero deixou de ser sonho há muito tempo e as viagens internacionais já entram fácil nos planejamentos famíliares da nova classe média brasileira. No entanto é a classe A a que mais se destaca com um contingente cada vez maior de milionários e um significativo aumento também do número de bilionários brasileiros. E é para este público que Elégance quer falar, quer mostrar novidades e quer abrir espaço para trocas e olhares novos sobre tudo aquilo que agrada aos olhos, ao paladar, ao espírito e, principalmente ao bolso. Afinal, ser rico, não significa ser perdulário, pelo contrário, saber gastar e gastar bem é também sinônimo de elegancia. Portanto, leitores amigos, brindamos a este primeiro número e esperamos que Elégance alce vôos longos, ganhe um público cativo e demonstre que a elite brasileira do ano 2000 é uma elite moderna, antenada com a preservação do meio ambiente e disposta a fazer do Brasil um país com cada vez mais oportunidades para todos.
Marcio Alexandre M. Gualberto Publisher
Caso queira enviar matérias ou falar conosco nossos contatos são: 22 2664 1213 elegance@hotmail.com
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Meu objetivo é desbancar o Bill Gates em cinco anos. O Brasil tem de ser o número um. Eike Batista - Empresário, dono de grande fortuna, sempre em expansão
FRASES Os mais prósperos homens de negócios são pessoas de pronta decisão que trabalham sempre com um propósito principal, como finalidade na vida. (Napoleon Hill do livro ““A A lei do triunfo”) O homem geralmente triunfa com mais facilidade num campo de esforços em que se lança de corpo, alma A e coração. (Napoleon Hill do livro ““A lei do triunfo”) Nada conseguirá quem nada tenta. Se o nosso objetivo na vida é vago, nossas realizações também o serão e podemos acrescentar: serão bem escassas. É preciso saber o que se quer, quando e como se espera alcançar o que se quer. (Napoleon Hill do livro ““A A lei do triunfo”)
O empresário pensa e executa seus empreendimentos com base na Visão 360º, modelo de empreender criado por ele. Trata-se de uma visão multidisciplinar, que conduz todos os negócios no grupo. De maneira simplificada, são nove áreas ou nove tipos de engenharias: engenharia de pessoas, financeira, jurídica, política, logística, ambiental e social, de comunicação, de saúde e segurança, além da própria engenharia da engenharia. Para Eike, é fundamental que não se descuide de nenhuma dessas variáveis na hora de pensar e executar um empreendimento.
De vez em quando pode tornar-se preciso mudar os planos adotados para a realização de um objetivo principal definido. Façam-se essas modificações sem hesitação. Nenhuma criatura humana é dotada de capacidade de previsão suficiente para formular planos que não precisem de mudanças e adaptações. (Napoleon Hill do livro ““A A lei do triunfo”) Os realizadores (...) não se importam com as derrotas temporárias, pois sabem que estão caminhando para o triunfo, e, se um plano fracassa, logo o substituem por outro.Todas as realizações notáveis encontram sempre obstáculos antes de se tornarem uma realidade. Edison fez mais de dez mil experiências, antes de conseguir realizar o seu primeiro disco de fonógrafo. (Napoleon Hill do livro ““A A lei do triunfo”)
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10 motos para nossa garagem dos sonhos 1) 1940 Brough Superior SS100 Podemos dizer que a Brough Superior SS100 é uma peça digna de coleção, sendo considerada uma das motocicletas mais desejadas de todos os tempos. Segundo publicação de Chris Hunter, no site Wired, essa máquina especial foi considerada na sua época o "Rolls Royce das motocicletas" por combinar tão maravilhosamente estilo e velocidade. Seu motor de 998cc foi projetado para desenvolver a potência de 45 cavalos, e cada moto que saía da fábrica em Nottingham, na Inglaterra, era testada pessoalmente pelo seu dono, George Brough, para garantir que ela faria 100 mph (160 km/h). A SS100 era uma máquina perversamente rápida e foi criada por uma empresa cheia de histórias, algumas delas terríveis. Como a de TE Lawrence que possuía sete Brough Superior e morreu enquanto pilotava uma SS100 em um acidente tão trágico que motivou uma campanha para maior utilização de capacetes. Os motociclistas em geral não conseguem resistir a um bom debate sobre a maior moto de todos os tempos, por isso vamos trazer esse assunto à tona, listando mais nove motos que podem ser as 10 motos para nossa garagem dos sonhos. 2) 1934 BMW R7 Essa moto com mais de 70 anos vinha equipada com motor boxer 4 cilindros de 800cc capaz de desenvolver 35 cv e 90 mph (144 km/h) de velocidade máxima. A transmissão era dotada de câmbio de quatro marchas. Em 2005 a BMW colocou em exibição no seu museu na Alemanha uma R7 caprichosamente restaurada. 3) W renchmonkees Gorilla Punch Wrenchmonkees Essa Honda CB 750 preparada pela empresa dinamarquesa Wrenchmonkees era uma verdadeira antítese do conceito japonês seguindo um estilo com visual mais despojado e abrindo caminho para a customização de motos. Por muitos anos Gorilla Punch foi uma das atrações do Museu de Art & Design, na Dinamarca, até ser vendida para um badalado Bike´s Cafe, em Dubai, nos Emirados Árabes. 4) Ducati NCR M16 Nenhuma lista de grandes motos do mundo pode estar complete com uma Ducati. Em nossa relação destacamos um dos modelos mais selvagens, a NCR M16. Além da sua concepção italiana, essa máquina tem como destaque um potente motor de 200 cavalos com elementos de alumínio e titânio, além de ter o quadro e outros componentes de fibra de carbono. Tudo isso deixa essa moto com um peso de apenas 145 quilos. 5) FFalcon alcon Motorcycles Black FFalcon alcon A Black Falcon foi o terceiro projeto desenvolvido pela Falcon Motorcycles, baseado no seu protótipo 10 Series. O coração dessa custom é um motor 1952 Vincent Black Shadow. O propulsor foi descoberto por Ian Barry, da equipe da Falcon, completamente desmontado e foi meticulosamente restaurado para essa moto.
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6) Honda RC30 Sem dúvida não podia faltar uma clássica moto de corrida, como a Honda RC30. A montadora japonesa construiu essa máquina sobre duas rodas entre 1987 e 1990. Seu motor de 748cc rende 85 cavalos de potência. A RC30 era homologada como moto de corrida, para o Campeonato Mundial de Superbike 7) Harley -Davidson XR750 Harley-Davidson As motos da lendária marca americana de Milwaukee nunca foram conhecidas pela alta performance. O seu objetivo sempre foi construir modelos para as estradas e capazes de percorrer grandes distâncias. Entre as motos Harley-Davidson merece destaque a XR750, modelo que foi produzido de 1970 até 1985, sendo considerada um mito no seu gênero. A XR750 venceu o Campeonato Nacional AMA em seu primeiro ano nas pistas e foi uma das motos mais com mais vitórias na história da AMA. -8 8)) Moto Guzzi V V-8 Simplesmente uma maravilha da engenharia motociclística. A Moto Guzzi V-8 foi criada especialmente para as corridas. O seu motor V-8 de 499cc com oito carburadores é um projeto magnífico e difícil de imaginar para sua época. Com 78 cavalos de potência a Moto Guzzi V-8 chegou a atingir uma velocidade de 170 mph (273 km/h) na mítica pista de Spa-Francorchamps, na Bélgica. 9) Britten V1000 A Britten V1000 é um tipo de moto daquelas consideradas as melhores do mundo, mas que pouca gente sabe que existiu. Desenvolvida quase que artesanalmente na Nova Zelândia por John Britten a V1000 é tida como uma das maiores motos já construídas, capaz de matar até gigantes. Apresentada em 1991 em uma feira de inovações, não foi difícil para essa moto da Britten chamar a atenção. A V1000 tem fibra de carbono no chassi e rodas, suspensão dianteira com sistema independente e um poderoso motor V-twin de 999cc com mais de 160 cavalos capaz de impulsionar essa máquina a 180 mph (302 km/h). Foram feitas apenas dez unidades da V1000 até a morte por câncer do seu fundador em 1995. 10) Excelsior Henderson Custom Um belo dia uma moto estranha parou o trânsito em um grande evento no bairro Rhinebeck, em Nova York. Debaixo da camuflagem que é a carenagem dessa máquina está uma Henderson, marca que pertence ao fornecedor de equipamentos Excelsior, que produz componentes para motos Harley-Davidson e Indian. A Excelsior Henderson custom é uma dessas motos que funcionam como uma máquina do tempo transportando todos que a vêem para um passado nostálgico.
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PETRÓLEO S.A - O FUTURO DO PAÍS NO FUNDO DO MAR A chamada camada pré-sal é uma faixa que se estende ao longo de 800 quilômetros entre os Estados do Espírito Santo e Santa Catarina, abaixo do leito do mar, e engloba três bacias sedimentares (Espírito Santo, Campos e Santos). O petróleo encontrado nesta área está a profundidades que superam os 7 mil metros, abaixo de uma extensa camada de sal que, segundo geólogos, conservam a qualidade do petróleo (veja figura abaixo). Vários campos e poços de petróleo já foram descobertos no pré-sal, entre eles o de Tupi, o principal. Há também os nomeados Guará, Bem-Te-Vi, Carioca, Júpiter e Iara, entre outros. Um comunicado, em novembro do ano passado, de que Tupi tem reservas gigantes, fez com que os olhos do mundo se voltassem para o Brasil e ampliassem o debate acerca da camada pré-sal. À época do anúncio, a ministra Dilma Rousseff (Casa Civil) chegou a dizer que o Brasil tem condições de se tornar exportador de petróleo com esse óleo. Tupi tem uma reserva estimada pela Petrobras entre 5 bilhões e 8 bilhões de barris de petróleo, sendo considerado uma das maiores des-
cobertas do mundo dos últimos sete anos. Neste ano, as ações da estatal tiveram forte oscilação depois que a empresa britânica BG Group (parceira do Brasil em Tupi, com 25%) divulgou nota estimando uma capacidade entre 12 bilhões e 30 bilhões de barris de petróleo equivalente em Tupi. A portuguesa Galp (10% do projeto) confirmou o número. Para termos de comparação, as reservas provadas de petróleo e gás natural da Petrobras no Brasil ficaram em 13,920 bilhões (barris de óleo equivalente) em 2007, segundo o critério adotado pela ANP (Agência Nacional do Petróleo). Ou seja, se a nova estimativa estiver correta, Tupi tem potencial para
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até dobrar o volume de óleo e gás que poderá ser extraído do subsolo brasileiro. Estimativas apontam que a camada, no total, pode abrigar algo próximo de 100 bilhões de boe (barris de óleo equivalente) em reservas, o que colocaria o Brasil entre os dez maiores produtores do mundo. Mais dúvidas A Petrobras, uma das empresas pioneiras nesse tipo de perfuração profunda, porém, não sabe exatamente o quanto de óleo e gás pode ser extraído de cada campo e quando isso começaria a trazer lucros ao país. Ainda no rol de perguntas sem respostas, a Petrobras não descarta que toda a camada pré-sal seja interligada, e suas reservas sejam unitizadas, formando uma reserva gigantesca. Justamente por conta do desconhecimento sobre o potencial da camada pré-sal o governo decidiu que retomará os leilões de concessões de exploração de petróleo no Brasil apenas nas áreas localizadas em terra e em águas rasas. Afinal, se a camada for única, o Brasil ainda não tem regras de como leiloaria sua exploração.
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Assim, toda a região em volta do pré-sal não será leiloada até que sejam definidas as novas regras de exploração de petróleo no país (Lei do Petróleo), que voltaram a ser discutidas pelo Planalto --foi criada uma comissão interministerial para debater modelos em vigor em outros países e o destino dos recursos do óleo extraído. Além disso, o governo considera criar uma nova estatal para administrar os megacampos, que contrataria outras petrolíferas para a exploração --isso porque os custos de exploração e extração são altíssimos. Os motivos alegados no governo para não entregar a região à exploração da Petrobras são a participação de capital privado na empresa e o risco de a empresa tornar-se poderosa demais. Opiniões O diretor de exploração e produção da Petrobras, Guilherme Estrella, disse que a discussão em torno das mudanças no marco regulatório do petróleo não levará em conta o interesse privado. "Existem vários interesses públicos e privados envolvidos nessa questão. A Petrobras é uma empresa que tem controle governamental, mas tem acionistas privados.
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Steve Jobs Quais lições os profissionais podem aprender com sua trajetória Especialista mostra quais os cinco ensinamentos que quem quer ser um líder agora ou no futuro - pode tirar da história do ex ex--CEO da Apple Desde que Steve Jobs renunciou ao cargo de CEO da Apple, no dia 24 de agosto, o mercado questiona os impactos que essa saída terá, não só para a empresa da qual ele é co-fundador, mas também para o setor de tecnologia como um todo, uma vez que Jobs ajudou a criar produtos revolucionários, como o iPod, iPhone e iPad. Mas os profissionais deveriam tirar lições importantes da trajetória bem-sucedida do executivo, na visão do especialista em empreendedorismo Bill Taylor, co-fundador da revista Fast Company e autor de diversos livros sobre liderança. "Poucos de nós tivemos a chance de alcançar um centésimo do que Steve Jobs conseguiu", afirmou Taylor, em artigo publicado na versão norte-americana da revista de gestão Harvard Business Review. "Mas todos nós podemos olhar para a forma de trabalho dele e a reação a esse modelo e usar isso como uma oportunidade para nos perguntarmos quais as chances que nós, enquanto líderes e inovadores, temos de fazer uma pequena diferença para nosso mercado, nossos clientes e nossos colegas", acrescentou.
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Para Taylor, o melhor que os profissionais podem fazer é entender o modelo de liderança de Jobs e se inspirar nele para serem executivos ou empreendedores melhores. Para isso, ele sugere que as pessoas se façam cinco perguntas essenciais, inspiradas no co-fundador da Apple: 1. "P or que pessoas incríveis gostariam de traba"Por lhar com você?" Steve Jobs se cercou dos melhores talentos na área de design, vendas e engenharia depois que ele entendeu que essas pessoas que apresentam uma performance acima da curva não são motivadas, inicialmente, por dinheiro ou status. Os profissionais talentosos, de forma geral, têm prazer em trabalhar com projetos desafiadores. "Pessoas incríveis gostam de se sentir como parte de algo maior do que elas mesmas - elas gostam de ser, usando a frase favorita de Jobs, 'insanamente incríveis'", ressaltou o especialista. 2. "V ocê reconhece um profisisonal talentoso quan"Você do se depara com um?" É bem mais fácil ser o chefe, quando se tem uma equipe formada pelas pessoas certas. Mas só isso não é suficiente, nas melhores empresas para trabalhar, os líderes, de forma geral, gastam muito tempo e energia com as pessoas com quem trabalham. A razão para isso, segundo Taylor, está no fato de que conhecer a fundo os profissionais e conseguir tirar deles o melhor exige muita dedicação. Não à toa, ele cita que Jobs era tão exigente com sua equipe quanto era na hora de desenvolver um novo produto. 3. "V ocê consegue descobrir um talento, mesmo "Você
quando ele está escondido?" As pessoas tendem a apresentar uma melhor performance quando elas têm prazer no trabalho que fazem, nas pessoas com as quais atuam e em projeto desafiadores. "Então, líderes que se contentam em manter suas empresas com pessoas que estão o tempo todo insatisfeitas, atraem profissionais descontentes e com uma performance medíocre", pontuou o especialista. O segredo, segundo ele, é buscar pessoas - fora da empresa ou em áreas diferentes - que consigam se apaixonar pelo trabalho que elas precisam desempenhar. Nesse sentido, o especialista destaca que Jobs foi um excelente recrutador de profissionais. 4. "V ocê é excelente em ensinar como sua traba"Você lha e como torná-la vencedora?" "Até os especialistas mais focados (programadores de software, designers gráficos e assistentes de marketing) são melhores quando entendem como o negócio funciona como um todo", ressaltou Taylor. Isso passa, segundo ele, por compartilhar resultados financeiros, entender o que cada um faz na empresa e compreender o que realmente interessa para o sucesso ou o fracasso da companhia. "E ninguém foi melhor do que Steve Jobs para comunicar a missão a empresa", complementou. 5. "V ocê é tão duro com você mesmo quanto é "Você com sua equipe?" Os profissionais talentosos e ambiciosos têm, por natureza, uma grande expectativa de resultados, não só seus, mas das pessoas com as quais trabalham e da companhia. O que justifica o fato de os grandes líderes serem sempre.
Trechos da carta de despedida de Steve Jobs “Eu sempre disse que se chegasse um dia quando eu ja não pudesse satisfazer meus deveres e expectativas como CEO da Apple, eu seria o primeiro a informá-los. Infelizmente, esse dia chegou. Tenho a honra de renunciar ao cargo de CEO da Apple. Eu gostaria de servir, se o Conselho julgar conveniente, como Presidente do Conselho, diretor e funcionário. Quanto ao meu sucessor, eu recomendo fortemente executar nosso plano – e o nome de Tim Cook deve ser considerado como CEO. Acredito que ele dará dias mais brilhantes e inovadores a Apple. E estou ansioso para assistir e contribuir para seu sucesso em um novo papel. Eu tenho feito alguns dos melhores amigos da minha vida na Apple, e eu agradeço a todos pelos muitos anos que trabalhei junto com vocês”.
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Campeonato Mundial de Windsurf foi sucesso em Araruama
O prefeito André Mônica elogiou o evento. “Muito importante termos um evento como esse em nossa cidade. Isso mostra que já estamos preparados para retornar com o título de cidade turística, além de comprovar a revitalização da nossa lagoa. Espero que todos os atletas tenham gostado de Araruama e voltem para nos prestigiar”, afirmou.
foi uma grande parceira cedendo seu espaço físico, seus profissionais e alunos para trabalharem na abertura oficial do Mundial. Durante o evento o entrosamento dos atletas era uma previsão do que seria o campeonato.
Prefeitura organizou a abertura oficial
O prefeito André Mônica falou da satisfação em receber um campeonato deste porte e da importância do esporte para a região. “Coincidentemente, quando assumimos o governo, na hora de criarmos uma logo para a cidade pensamos em velas estilizadas. Não podíamos nem imaginar que estaríamos sediando um campeonato como esse que está acontecendo pela primeira vez no país e recebendo atletas do mundo todo tão cedo. Quero que vocês saibam que queremos transformar Araruama na cidade do esporte de vocês. Estamos recebendo todos vocês de braços abertos e queremos que vocês voltem e tragam mais e mais pessoas.”
O cerimonial de abertura oficial do evento aconteceu no dia 11 de outubro no Hotel-Escola da FAETEC, organizado pela Prefeitura de Araruama. A FAETEC
Leonardo Rebello agradeceu a oportunidade e falou da realização do seu sonho. “Sonho que se sonha só é só sonho, sonho que se sonha junto é realidade,
O realizador do evento, proprietário da Upwind e atual vice-campeão mundial, Leonardo Rebello, elogiou as condições da lagoa. “A lagoa de Araruama já está, com certeza, revitalizada. Fico muito feliz por poder trazer para essa cidade esse campeonato mundial. Araruama disputou com diversas cidades e ganhou. A cidade está de parabéns e a Prefeitura também por perceber a importância desse campeonato”, elogiou.
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estou muito feliz porque hoje estamos realizando um sonho. Sou filho de velejador, e eu e meu pai sempre tivemos o sonho de transformar esse esporte em um esporte mais acessível e eu sei que este mundial em Araruama será uma grande oportunidade. Hoje meu pai não está mais aqui, mas tivemos um grande apoio da prefeitura, de amigos e patrocinadores que acreditaram no evento e hoje estamos aqui.” Após a cerimônia foi servido um jantar acompanhado por show de MPB com a cantora Fátima Lins.
Muita animação na entrega de troféus A final do campeonato aconteceu no dia 16 de outubro e contou com três regatas. No final do dia os atletas participaram de um churrasco de confraternização e da cerimônia de premiação e encerramento, em seguida a escola de samba Portela fez uma apresentação para os participantes e para a comunidade. O encerramento foi realizado na Praça Escola Sergio Ribeiro de Vasconcellos. Na categoria FE Open os cinco primeiros colocados, por ordem crescente, foram o peruano Nicolas Schreier, o brasileiro Leonardo Rebello, o também brasileiro Fernando Bocciarelli, o chileno Eduardo Herman e o peruano Sebastian Aguirre. Na categoria FW Open ficaram entre os cinco primeiros o brasileiro Paulo dos Reis, o também brasileiro Gabriel Browne, o polonês Jacek Piasecki, o brasileiro Mathias Pinheiro e o inglês Xavier Ferlet. Na categoria FW Master a colocação, também na ordem crescente, foi o brasileiro Mathias Pinheiro, o inglês Xavier Ferlet, o italiano Massimo Masserini, o brasileiro Ricardo Rosetti Conde e o também brasileiro Carlos Alberto Isaac. Na categoria FE feminina a primeira colocação foi da peruana Carolina Bultrich, o segundo da brasileira Cristina Matoso e o terceiro da também brasileira Bruna Martinelli.
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E quem disse que tamanho não é documento? Pickup com dimensões gigantes é a mais nova ferramenta de marketing da empresa paranaense e chama atenção pela imponência e tecnologia A Pro Tork, maior fabricante de motopeças da América Latina, acaba de lançar mais uma ferramenta de marketing esportivo. A F-Maxx já participou de alguns eventos e esteve presente na última semana no Bananalama, maior encontro de trilheiros do mundo, realizado na cidade catarinense de Corupá, surpreendendo a todos com seu grande estilo. A nova atração é uma super picape adorada pelos americanos e que a cada dia vem conquistando mais fãs no Brasil. Utilizando como base a modificação estrutural do caminhão Ford F-12.000, a FMaxx é o maior veículo no conceito de caminhonetes do país, com sete metros e cinqüenta centímetros de comprimento, sendo noventa e cinco centímetros mais longa que sua concorrente americana registrada no Guinnes Book. Gigante por natureza, com o tamanho de duas F250, a F-Maxx leva os apaixonados por picapes ao delírio. Com capacidade para até nove passageiros, o veículo conta com aparelho de DVD, seis telas de cristal líquido, vídeo game de última gera-
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ção, bancos em couro, geladeira, sistema GPS e navegador via satélite, suspensão a ar controlada, seis portas, três tetos solares, áudio e vídeo 5.1, sensores de estacionamento com câmera, rodas em alumínio e pintura personalizada. A super picape passa a integrar a Pro Tork Road Show, formada pela maior equipe de wheeling do país, Alto Giro, pelo melhor piloto de freestyle brasileiro, Gilmar “Joaninha” Flores, por uma apresentação automobilística única com suas manobras no estilo drift, o Phyra Show, e pelo maior Big Foot do Brasil. A Fmaxx foi desenvolvida pela Tropical Cabines. Mais informações no site do fabricante www.fmaxx.com.br. Contratação ou informações para eventos através do telefone 11 9715 4414. Pro Tork E-mail: imprensa@protork.com Visite nossa sala de imprensa no site: www.protork.com
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Entrevistamos Carlos Slim, o empresário mexicano que desbancou Bill Gates no ranking dos bilionários. Ele tem um pé na velha e outro na nova economia, não usa computador computador,, mas ganha dinheiro como ninguém na era da globalização. Quem faz sua cabeça é o futurólogo e amigo Alvin TToffler offler Estela Caparelli, da Cidade do México www .epocanegocios.com.br/ www.epocanegocios.com.br/ de mármore. Passo pela recepção, subo dois lances de escada e me sento em um sofá de couro, à espera de um sinal da secretária para chegar ao homem mais poderoso do México, cuja fortuna e influência são motivo de conversas apaixonadas entre os mexicanos de todas as classes sociais. O gosto espartano sugere que os decoradores não têm influência por aqui, mas essa sensaçãoNa onda do tablet de simplicidade se dissolve quando os olhos pousam nas pinturas e esculturas da coleção particular de Slim, distribuídas pelo ambiente. Elas são uma das glórias pessoais do empresário e ocupam todos os cantos e paredes. Trabalhos de pintores como Van Gogh, Renoir e Diego Rivera dividem espaço com A Primavera Eterna, uma das centenas de obras do escultor francês Auguste Rodin adquiridas por seu maior colecionador privado, o próprio Slim. UM SENHOR ENTRA NA SALA E FAZ UM GESTO CALOROSO. É ELE, SLIM
Quando o táxi entra no bairro de Lomas de Chapultepec, penso que não haveria lugar mais apropriado na Cidade do México para abrigar a casa e o escritório do novo homem mais rico do mundo, o mexicano de origem libanesa Carlos Slim Helú. Em "Las Lomas", como a área é conhecida, casarões e edifícios assinados por arquitetos mexicanos de renome, como Luis Barragán e Ricardo Legorreta, foram erguidos sobre os terrenos mais caros do país. Na rua Paseo de las Palmas já se avistam pela janela do carro os jovens executivos bem vestidos que trabalham nas empresas vizinhas de Slim, os bancos JP Morgan e Tokyo-Mitsubishi. "O 736 é ali", diz o taxista, apontando para o edifício de três andares onde fica a sede do Grupo Financeiro Inbursa, que abriga o escritório do empresário. O prédio nada tem de especial. No pequeno hall principal, piso e paredes
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Sou chamada para a entrevista e descubro que o controlador da Claro e da Embratel brasileiras despacha em uma sala ampla e austera, de cerca de 80 metros quadrados. O lugar transpira sua presença. No canto direito, há uma mesa rentangular repleta de papéis e sem computador. O empresário não usa nem nunca usou esse tipo de equipamento. Não lê documentos na tela nem envia ou recebe e-mails. Slim costuma dizer que toda a informação necessária para tomar uma decisão de negócios tem de caber em uma folha de papel. Encostado na parede, perto da porta principal, está um conjunto de sofás de couro verde e um cinzeiro de cristal onde repousa um isqueiro, pista da presença de um aficionado por charutos Cohiba, dos quais fuma pelo menos dois por dia. Ao lado dos sofás, em um pedestal, a escultura Os Últimos Dias de Napoleão, do escultor suí-ço Vicenzo Vela ("Está lá para que ele não esqueça de que é preciso ter sempre os pés no chão", diz uma fonte próxima ao empresário). No canto esquerdo, uma parede repleta de livros com temas relacionados a história, economia e seu esporte predileto: o beisebol. Ao lado, está a mesa de reuniões
Existem atalhos para se entender a personalidade do homem que detém o equivalente a 7,5% do PIB do México (uma comparação, aliás, que ele abomina). Em primeiro lugar está o pai, um comerciante libanês que chegou ao Novo Mundo próximo às convulsões políticas da revolução mexicana, no início do século 20. Como o pai, Slim é um homem de família, que vive cercado por filhos e genros, na vida e nos negócios. Um senhor de estatura média e gestos calorosos, en- Como ele, também, é um negociante obstinado, hertra, afinal, no escritório. É Slim, tem 67 anos. Está ves- deiro de uma tradição libanesa que vem dos fenícios, tido com uma camisa social branca com suas iniciais os primeiros vendedores internacionais do planeta. Dibordadas e uma gravata verde-menta, sem paletó. Na ferentemente de outros bilionários recentes, Slim não conversa que se seguiu, o titã latino fala de sua receita é um homem moderno no sentido tecnológico ou cospessoal de administração, de globalização e de temas mopolita da palavra. Formou-se na velha economia e como Brasil, redistribuição de riqueza e até mesmo seus ídolos empresariais são Warren Buffett - com felicidade. Não se recusou a responder nenhuma per- quem aprendeu a comprar na baixa - e Jean Paul Getty, morto em 1976, colecionagunta. De bom humor, sentador de arte e magnata amedo a minha frente com o braricano do petróleo. Getty ço apoiado na cadeira ao lado, em 1957 a frase apenas endureceu o tom ao O gosto espartano sugere que os cunhou famosamente melancólica: comentar o lance épico mais decoradores não têm influência por "Um bilhão de dólares não recente de sua biografia: ter é mais o que costumava sido apontando, no mês pasaqui, mas essa sensação de simpliser". Slim descobriu Getty sado, como o homem mais cidade se dissolve quando os olhos ainda jovem, lendo uma rico do mundo, desbancando o fundador da Microsoft, Bill pousam nas pinturas e esculturas da reportagem na revista Playboy. Gates, que ocupa há 13 anos coleção particular de Slim o topo da lista da fortuna da Estatísticas de beisebol revista Forbes. O fato, anunAntiquado, o criador dos ciado por um respeitado site mexicano de economia, o Sentido Común, que acom- celulares pré-pagos no México gosta de coisas antipanha a evolução da fortuna de Slim na bolsa, provo- gas, como Sofia Loren e boleros. Seus filmes favoritos cou toda sorte de comentários e atraiu uma avalanche são Tempos Modernos, de Charles Chaplin, e El Cid, de atenção indesejada. Novamente, abriu-se o debate um épico de capa e espada com Charlton Heston no sobre o virtual monopólio da Telmex, que tem 91% da papel principal. Sua simplicidade pessoal é legendária: telefonia fixa do México. Falou-se, claro, sobre o para- veste as gravatas da própria loja, a Sanborns, e se doxo que representa a riqueza faraônica de Slim em diverte sozinho refazendo à mão estatísticas sobre um país com tantos milhões de pobres. Outra vez se beisebol. Não usa computadores, embora conte, entre discutiu quanto o empresário dedica à filantropia, quan- seus melhores amigos, com o cientista americano do comparado a doadores generosos como Gates ou Nicholas Negroponte - o pai do computador de US$ 100, a quem prometeu desembolsar US$ 50 milhões Warren Buffett, o terceiro da lista da Forbes. para distribuir as máquinas entre estudantes mexicaNa entrevista, Slim fez questão de desdenhar a sua nos e da América Central - e Alvin Toffler, o futurólogo. nova posição de homem mais rico do planeta. "Não Esse é uma espécie de mentor do empresário e de recebi essa notícia, mas é irrelevante", diz ele, com seus filhos, a quem costuma dar palestras doméstisemblante pesado. "Não é uma competição. Não es- cas, informais. Durante a entrevista, mais de uma vez tou jogando futebol." O que o preocupa, afirma, é quan- Slim se apoiou nas idéias de Toffler para explicar as to suas empresas estão investindo e o que está acon- suas próprias, como ao definir o novo mundo dos sertecendo com elas. Seu principal desafio, explicita, é viços criado pela tecnologia e a educação: "A maraviusar a Fundação Carso e outros braços filantrópicos lha dessa nova civilização é que ela se desenvolve e de seu grupo para combater a exclusão e a pobreza, se sustenta com o bem-estar dos demais. A ninguém investindo em saúde, educação e emprego. A verba é mais convém explorar outra pessoa, a pobreza". de US$ 10 bilhões nos próximos quatro anos. "Ninguém leva nada deste mundo quando morre", afirma. "A ri- JOVEM, SLIM DESCOBRIU O MAGNATA PAUL queza deve ser administrada com eficiência, probida- GETTY. TORNOU-SE SEU ÍDOLO Há uma história contada por Arturo Ayub, o genro de de, eficácia e sobriedade." Slim, que ajuda a entender como a falta de informação oval, tomada por papéis. Cercando o lugar, óleos de pintores como os mexicanos Gerardo Murillo e José Maria Velasco. A decoração reflete, a seu modo minimalista, alguns dos princípios centrais do modelo slimiano de administração: praticidade, austeridade, adoção de estruturas simples, investimento em ativos rentáveis.
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tecnológica é incapaz de embotar a astúcia natural do homem de negócios. Diz Ayub: "Eu comecei a Prodigy, um provedor internet. Um dia, cheguei muito satisfeito a uma reunião dizendo que já tínhamos 90 mil usuários. Slim me perguntou: 'Mas como, apenas 90 mil?' Eu expliquei que tínhamos um problema para a expansão, porque não havia tantas pessoas com computador no México. Então ele disse: 'O problema é que as pessoas não têm computador? Então, vamos vender computadores de forma facilitada para elas'. Do nada ele criou um esquema de financiamento de computadores em 24 meses, sem juros, com as parcelas debitadas na conta telefônica. Posso dizer a você que, hoje, a Telmex é a maior vendedora de computadores no México. Vendemos, desde 1999, mais de 1,3 milhão de computadores. No começo da promoção, vendíamos 3 mil computadores ao dia".
hipotético seria de US$ 133 bilhões - ou 22 vezes a fortuna de José Safra. Como Slim reage a isso? "Fico muito contente que exista uma empresa que, a partir do México, um país em desenvolvimento, tenha criado uma companhia transnacional como a América Móvil, que cria valor para os investidores e compete globalmente, e com sucesso, com os grandes do mundo", afirma. "É importante que a globalização possa ser feita a partir de nossos países, como a Vale do Rio Doce está mostrando. É formidável."
A história da extraordinária acumulação de Slim começou em 1966, quando ele, com apenas 26 anos, já tinha o equivalente, na época, a US$ 400 mil, obtidos com investimentos na bolsa e suporte do patrimônio familiar. Nessa época, recém-casado com Soumaya Desde que o site editado pelo jornalista financeiro Domit Gemayel, com quem viria a ter seis filhos, lanEduardo García o colocou no topo de ranking dos mais çou-se no mundo dos negócios adquirindo empresas endinheirados do planeta, Slim vem tratando de no setor imobiliário, de construção civil e engarrafaminimizar a repercussão dessa informação. Liderar a mento de bebidas. Nas duas décadas seguintes, seu lista de bilionários significa grupo teve um crescimento superexposição e má publigradativo, típico dos padrões cidade: uma péssima commexicanos. Em 1982, tudo binação, no momento em O gosto espartano sugere que os mudou. Desafiando o espírique suas empresas prepade manada, ele foi às comdecoradores não têm influência por to ram decisões estratégicas pras em meio a uma das de expansão. E se há uma aqui, mas essa sensação de simpli- mais severas crises da mocoisa que pode tirar "o eneconomia mexicana. cidade se dissolve quando os olhos derna genheiro" do sério, dizem os Enquanto os investidores espousam nas pinturas e esculturas da trangeiros e locais tentavam que o conhecem, é ser atrapalhado em sua discreta e se desfazer de seus ativos a coleção particular de Slim eficiente rotina de negócios. qualquer preço, Slim fez o Mas, goste ele ou não, a liscontrário: comprou ta existe e nela o valor de mineradoras, lojas de varemercado das ações de Slim é de US$ 62,9 bilhões, jo, fábricas de cabos e muito mais. Formou, ao longo superior aos US$ 56 bilhões de Gates e aos US$ 52,4 da crise e de seus efeitos, o maior conglomerado ecobilhões de Buffett divulgados pela revista Forbes em nômico do país - o Grupo Carso - que fatura por ano março deste ano. US$ 8,5 bilhões. Essa foi a primeira fase de sua metamorfose econômica. "As decisões que tomei naqueles Medida em ativos, mais do que em cifras, a fortuna de anos me fizeram lembrar a decisão tomada por meu Slim é impressionante. Ele controla ou participa de mais pai em 1914, quando, em plena revolução mexicana, de 200 empresas, atuantes em setores tão diversos comprou do irmão 50% do negócio (da família), colocomo telecomunicações, mineração, alimentos, servi- cando em risco todo o seu capital e seu futuro", disse ços financeiros e restaurantes. Os mexicanos costu- Slim ao biógrafo José Martínez. mam dizer que é impossível viver um dia no país sem comprar algum produto ou usar algum dos serviços das A segunda metamorfose teve lugar em 1990, quando, empresas do Grupo Carso. No Brasil não existe nin- em companhia da France Telecom, da Southwestern guém tão remotamente poderoso. O banqueiro José Bell e de outros 35 investidores mexicanos, entrou no Safra, por exemplo, é o brasileiro mais bem colocado leilão das privatizações e arrematou o controle da na lista da Forbes. Ele divide a posição número 119 Telmex, gigante estatal das telecomunicações. Foi ascom outros oito bilionários internacionais, donos de uma sim, pela escada da telefonia, que ele chegou à coberfortuna de US$ 6 bilhões cada um. A riqueza de Safra, tura do mundo internacional dos negócios. Suas duas entretanto, corresponde a somente 0,3% do PIB brasi- companhias telefônicas, a Telmex e a América Móvil, leiro, de US$ 1,77 trilhão. Se alguém no Brasil fosse valem, juntas, 16 vezes mais do que o Grupo Carso, dono de 7,5% do PIB, a fortuna desse superbilionário que tem quatro décadas de existência. Em 1991, quan-
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anos 60, enquanto os jovens das famílias endinheiradas do México aproveitavam a vida em Paris, Slim começava a construir o Grupo Carso. LANÇAMENTO DO PRÉ-PAGO NO MÉXICO FOI BATIZADO DE "PLANO GILLETTE"
do seu nome apareceu pela primeira vez na lista de bilionários da Forbes, Slim era conhecido apenas por umas poucas pessoas do mundo empresarial mexicano. Naqueles tempos, dirigia um Thunderbird 1989 e tinha uma fortuna estimada em US$ 2,1 bilhões. Agora, passados 17 anos, ele domina o setor de telecomunicações na América Latina, é um rosto conhecido no mundo inteiro e tornou-se, a contragosto, o homem mais rico do planeta. Desde a infância, Slim teve seu pendor para negócios estimulado pelo pai, Julián Slim Haddad. Ele é o quinto dos seis filhos do casamento de Julián com a mexicana de origem libanesa Linda Helú. Segundo seu biógrafo, Slim foi, entre todos os irmãos, o herdeiro das habilidades paternas. Desde pequeno, observava o pai comprar mercadorias em outros países e revendê-las em sua loja na Cidade do México. Aos 12 anos, abriu uma conta bancária com cerca de US$ 400. Com 16 anos, comprou suas primeiras ações do Banco Nacional do México, hoje controlado pelo Citigroup. Por exigência do pai, Slim passou a anotar em cadernos com capa de couro o valor de suas movimentações financeiras. Guarda esses cadernos até hoje. No final dos
Ainda assim, Slim é Slim. Por quê? Em parte, pelo mesmo motivo que ajudou Bill Gates a reinar absoluto por 13 anos na lista da Forbes: monopólio. Gates tem o Windows, que funciona em mais de 90% dos computadores do mundo. Slim tem o mercado mexicano de telefonia fixa na mesma proporção: exatos 91%. Tanto Gates quanto Slim enfrentam competidores, mas ambos têm conseguido manter níveis elevados de controle dos seus mercados. A outra alavanca na fortuna dos dois é a bolsa de valores. Slim se beneficiou, nos últimos anos, de uma multiplicação quase bíblica no valor dos papéis mexicanos. Sua fortuna pessoal em ações equivale à metade do valor da bolsa mexicana, cujo índice subiu 49% no ano passado. Por isso, sua riqueza cresceu mais de US$ 20 bilhões no último ano. Gates também se tornou Gates embalado pelos ventos da bolsa americana. Se é verdade que a receita do mercado mexicano de telefonia fixa ajudou Slim a expandir seu império, também é verdade que ela não é a única responsável pelo crescimento assombroso da fortuna do empresário. A maior evidência disso é a América Móvil, empresa de telefonia celular do grupo, com 125 milhões de clientes e faturamento de US$ 22 bilhões. Ela começou como uma divisão de celular da Telmex e ganhou vida própria em 2000. Metade da fortuna do empresário vem da participação de 30% que ele detém na companhia, que equivale a US$ 32,6 bilhões. No segundo semestre, as ações subiram 26,5% em razão do desempenho da empresa, segundo a agência Sentido Común. Isso é resultado de uma tacada certeira feita lá atrás: a introdução dos celulares pré-pagos. Há 12 anos, durante uma reunião com seus colaboradores, Slim apresentou uma proposta para aumentar as vendas de celulares: "Vamos lançar o Plano Gillette". Sua idéia era adotar na telefonia a lógica da empresa
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norte-americana, que vende o aparelho de barbear e, depois, mantém os clientes cativos vendendo lâminas. "Ele me pediu que procurasse um modelo de pré-pago no mundo, mas não havia nada no mercado. Tivemos de desenvolver a tecnologia internamente", diz Ayub que, na época, estava encarregado do projeto. Com um produto acessível aos consumidores mexicanos, Slim abocanhou o mercado. Em 1990, a divisão de celulares da Telmex que deu origem à América Móvil tinha 35 mil clientes. Hoje, tem no México 43 milhões de usuários, dos quais 40 milhões usam pré-pagos. Com isso, Slim detém 77% do mercado celular mexicano, enfrentando, entre outros concorrentes, a poderosa Telefónica, que atua no país com a marca Movistar. Seus movimentos empresariais são orientados por um modelo próprio de gestão, sintetizado por ele mesmo em uma lista contendo dez mandamentos. Nela, o empresário defende estruturas simplificadas, austeridade nos gastos, ousadia nas idéias e reinvestimento no próprio negócio. Durante entrevista a Época NEGÓCIOS, acrescentou o 11o item à lista: a importância do espírito de equipe e de funcionários motivados. "São as pessoas que tornam as coisas possíveis; pessoas interessadas, motivadas, que vestem a camisa, como dizemos, e que sabem que podem alcançar qualquer desafio proposto." Ele acredita que uma empresa, qualquer que seja seu tamanho, precisa ter a mesma rapidez e flexibilidade de um pequeno comércio. TRABALHA EM MANGAS DE CAMISA E CARREGA A PRÓPRIA AGENDA Sua filosofia é a das empresas enxutas e flexíveis, com o mínimo de hierarquia necessário para tocar o empreendimento. Nelas não há lugar para estruturas corporativas pesadas, pompa e formalidade, sedes luxuosas, séqüitos de assessores e batalhões de secretárias, mordomias para um punhado de diretores e executivos ou modismos gerenciais. "Nunca tivemos um corporativo", afirma. "O corporativo faz muitas vezes que os operadores trabalhem para ele, em lugar de trabalhar para as operações, para o cliente, para o mercado." Se for necessário, o empresário fala pessoalmente com empregados menos graduados. Se um funcionário de um nível hierárquico mais baixo o chama para falar de um problema sério, ele atende a chamada. "Gosta de saber das coisas diretamente da fonte", diz uma pessoa que o conhece bem. O estilo Slim nada tem de empolado. Ele trabalha em mangas de camisa e dizem que sempre carrega sua agenda embaixo do braço, para lembrar que é dono do próprio tempo. Como ele divide as poucas horas do dia entre as várias empresas e fundações? "Não divido o tempo, nunca dividi", diz ele. "Algumas vezes uma atividade demanda mais atenção e então me volto para
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ela." Quer dizer: ataca os problemas de frente, na hora em que se apresentam. Nos escritórios da empresa há quadros lembrando que o tempo é o bem mais precioso das pessoas e das organizações. Sobre a sua tarefa como líder de empresa, ele diz: "Meu trabalho é pensar". Slim trabalha dez horas por dia. Logo cedo, sai de sua casa no elegante bairro de Las Lomas, onde mora há 30 anos, e segue em uma Mercedes blindada até seu escritório, localizado a poucos minutos dali. Não tem helicóptero particular, mas, quando precisa voar, utiliza uma aeronave Cessna de seis lugares que pertence à Telmex. Quando chega ao escritório, costuma falar por telefone ou pessoalmente com seus filhos e genros, ou com Eduardo Valdes Acra, vice-presidente do Grupo Financeiro Inbursa, sobre a rotina de trabalho. Gosta de estar a par de tudo. Almoça normalmente com algum convidado na sala de reuniões ao lado de seu escritório ou no salão-museu que está no mesmo andar. A FÓRMULA FALHA O "engenheiro" acredita em ciclos e perseverança. No período de vacas gordas, afirma, é preciso manter a austeridade, investir em modernização e, com discrição, antecipar os movimentos da concorrência. Nada de acomodação. No momento de crise, quando os ativos estão desvalorizados, é hora de ir às compras. Essa segunda parte ele aprendeu com Buffett. "Todos os momentos são bons para quem sabe trabalhar e tem como fazê-lo", diz sua regra número 9. Essa fórmula tem se mostrado acertada, mas não é infalível. Slim comprou em 2000 a CompUSA, uma cadeia de varejo de computadores americana que hoje está encolhendo diante da concorrência. SLIM ME PREGUNTA: “SE TIVESSE DINHEIRO O
QUE VOCÉ FARIA?”
ponde rapidamente: "Creio que sim". Em seguida, flerta com a filosofia. "Mas a felicidade não é um estado, é Até a segunda metade dos anos 90, Slim dirigia pes- um caminho em que há obstáculos, problemas", afirsoalmente todas as operações dos Grupos Carso e ma. "O caminho da felicidade existe quando você tem Inbursa, braço financeiro de suas organizações. Em claros seus valores principais e quando você é coeren1997, decidiu se afastar do dia-a-dia das empresas após te com eles e consigo mesmo." Para Carlos Slim, ser enfrentar problemas de saúde decorrentes de uma ci- feliz, aos 67 anos, é sinônimo de estar com a família, rurgia de coração. No final do ano seguinte, colocou conversar com os amigos ou caminhar entre as árvoseus filhos e genros à frente dos negócios e se trans- res. A entrevista está chegando ao fim, o gravador foi formou em presidente honorário e vitalício do grupo. desligado, mas ele pede a um assessor uma carta que Hoje, comanda um empreendimento eminentemente escreveu em junho de 1994 para um grupo de estufamiliar em sua estrutura. Seu filho mais velho, Carlos, dantes. Nela, trata da questão da felicidade. Lê, então, 40 anos, é presidente do Grupo Carso; Marco Antonio, alguns trechos em voz alta. "O equilíbrio emocional está 38 anos, é diretor-geral do Grupo Inbursa; e Patrício, na vida interior... É preciso evitar aqueles sentimentos 37 anos, diretor da Carso Global Telecom, América que corroem a alma, como inveja, ciúme, soberba, luTelecom e US Commercial Corp. Os genros de Slim xúria, egoísmo, vingança, avareza... Não se pode vitambém ocupam postos-chave nos negócios. Arturo ver com medos e com culpas..." Interrompo e observo Elias Ayub é porta-voz do Grupo Carso e diretor da que nessa lista da felicidade não há nada material: um Telmex. Daniel Hajj comanda um dos negócios mais paradoxo? Ele me responde com uma pergunta: "Se rentáveis, a América Móvil. você tivesse muito dinheiro, Outra pessoa influente no o que faria?" Dou uma pauprocesso de decisões é o e penso como seria miO gosto espartano sugere que os sa sobrinho Héctor, diretor-geral nha vida com a fortuna de da Telmex. O primeiro escadecoradores não têm influência por Slim, mas, antes que eu poslão das empresas de Slim é responder, ele volta à caraqui, mas essa sensação de simpli- sa totalmente dominado por hoga: "Se fosse casada, deixacidade se dissolve quando os olhos ria seu marido, seus filhos?" mens. Das três filhas, apenas uma, Soumaya, trabalha que não. Ele repousam nas pinturas e esculturas da Respondo com o Museu Soumaya, critoma: "Minha família. Estar coleção particular de Slim ado em homenagem à falebem com aqueles pelos cida esposa do empresário. quais tenho apreço. É isso No primeiro time de executique me faz mais feliz. Não é vos do grupo há apenas cinfazer bem as coisas bem ou co mulheres, nenhuma da família. ter reconhecimento das outras pessoas, entende?". Perfeitamente, senhor Slim. Às segundas-feiras, religiosamente, Slim reúne filhos e genros a partir das 10 horas em sua casa para um “NÃO VOU LEVAR NADA QUANDO MORRER” jantar. O cardápio é variado, mas quase sempre é ser- Dita por qualquer mortal, essa frase é só um clichê. Na vido um prato mexicano como chile rellenos (uma es- boca do homem mais rico do mundo, não é. Em entrepécie de pimentão recheado com queijo) ou quesadillas vista exclusiva a Época NEGÓCIOS, carlos Slim diz (tortilhas de milho com queijo). A casa pode ser consi- como lida com a transitoriedade da riqueza, diz o que derada austera para o padrão bilionário da família: tem é importante em seu modelo de gestão e define a feliseis quartos, uma pequena piscina. O único luxo são cidade. as obras de arte. Ele divide o lugar apenas com seu filho mais velho, Carlos, o único solteiro. Faz questão Quais os pontos-chave de seu modelo de gestão? Os de dizer que não tem casas ou contas no exterior. Em princípios não são novos. Têm 40 anos e estão resumais de 40 anos nos negócios, ele jamais teve seu midos em um decálogo (veja quadro à página 10). A nome envolvido em escândalo ou denúncia. Nos fins eles, acrescentaria algo fundamental: a equipe, as pesde semana, o homem mais rico do mundo costuma se soas. São as pessoas que tornam as coisas possíveis. refugiar na natureza. Gosta de estar entre sequóias ou Pessoas interessadas, motivadas, que vestem a camicontemplar o amanhecer em Los Cabos, costa noro- sa, como dizemos. E que sabem que podem alcançar este do México. "Ele é muito afetuoso, os netos o ado- qualquer desafio proposto. É preciso que exista harram. Pulam sobre ele e brincam", diz o genro Ayub. monia no grupo de trabalho, que os êxitos sejam de Slim confirmou que está usando seu tempo livre para todos. escrever um livro com a história da família. Uma vez o senhor disse que o "importante não é a Quando lhe pergunto se é um homem feliz, ele res- riqueza, mas o que se faz com ela". O que o senhor
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pretende fazer com sua riqueza nos próximos anos? Ninguém leva nada deste mundo quando morre. Então, creio que a riqueza deve ser administrada com eficiência, probidade, eficácia e sobriedade para produzir mais riqueza. Um dos frutos da riqueza é a renda, e é preciso fazer com que exista redistribuição. Isso ocorre por via fiscal ou por via de remuneração salarial. E, com um trabalho adicional, podemos avançar naquelas coisas que não são rentáveis. É importante, por exemplo, que a população esteja bem nutrida, tenha boa saúde, boa educação. Essas coisas não são rentáveis, mas são um investimento social. Então, estamos fortalecendo nossas fundações - que, no caso da Carso (conglomerado industrial que deu origem ao Grupo Slim), têm mais de 20 anos. O desafio que tenho há quatro ou cinco anos é tratar de combater a exclusão e a pobreza através de saúde, educação e emprego. Esse é o meu desafio.
cia. Mas isso é irrelevante. Não é uma competição. Não estou jogando futebol. Me preocupa mais quanto estamos investindo e o que está acontecendo em nosso trabalho do que uma coisa desse tipo.
Mas, com essas notícias, surgiram novamente comentários de que o senhor teria enriquecido a partir de um monopólio da telefonia no México. Veja, todas as empresas do grupo enfrentam forte concorrência. Todas! E temos concorrido em todos os terrenos, como a fabricação de papel, contra grandes empresas como a Kimberly-Clark e a Scott Paper. No caso da Sanborns (principal cadeia mexicana de restaurantes, que também comercializa produtos eletrônicos, livros e medicamentos), temos a concorrência do Wal-Mart, da Starbucks e de outros restaurantes. Na área de cigarros, enfrentamos a British American Tobacco, que vocês conhecem muito bem no Brasil. Com a Telcel, na área de celulares, a concorrência enComo o senhor divide seu O gosto espartano sugere que os trou antes. Isso quer dizer tempo entre as iniciativas de eles tinham o monopódecoradores não têm influência por que filantropia e o dia-a-dia de lio. A Telmex, nossa empreaqui, mas essa sensação de simpli- sa na telefonia fixa, teve seis suas empresas? Não divido o tempo. Nunca dividi. Quande atividade exclusiva, cidade se dissolve quando os olhos anos do alguma atividade demanmas apenas em longa distânpousam nas pinturas e esculturas da cia. A partir de 1996, houve da mais atenção, atendo a essa demanda. Em relação concorrência. Em longa discoleção particular de Slim às empresas, aquela em que tância, concorremos com as continuo presente é a Ideal, maiores do mundo, como que tem como objetivo proMCI e AT&T. Na telefonia mover o desenvolvimento e o emprego na América La- móvel, vieram gigantes como Verizon, Vodafone e tina por meio do investimento produtivo. Também cui- Telefónica. Então, estamos competindo há muitos anos. do das fundações. Na telefonia fixa, como somos os únicos que atendem aos mercados C, D e E, temos 100% . Mas nos merca"ISSO (SER O MAIS RICO), É IRRELEVANTE - NÃO dos A e B há grande concorrência, que será ainda maior ESTOU NUM JOGO DE FUTEBOL" no futuro. A Ideal tem projetos para o Brasil? Claro. Não tenho nenhum plano concreto neste momento, mas sentimos Um documento recente da Organização para a Cooque o Brasil tem uma força extraordinária, um potenci- peração e o Desenvolvimento Econômico, a OCDE, al enorme. Creio que há um grande número de empre- diz que os preços da telefonia no México são sários notáveis, governos que têm sido consistentes excessivos.Nosso preço é a metade daquele praticado em suas políticas econômicas e criaram um clima ade- na Europa. Em países como Peru, Chile e Argentina, quado para o desenvolvimento empresarial. entramos como terceiro ou quarto (colocados no mercado). Essa é a realidade. É algo palpável. Não estou Qual é a situação do mercado brasileiro nos planos do sugerindo que creiam ou não nesses fatos. Mas, cada grupo? É da maior importância. Temos no Brasil inves- vez que existe uma forte concorrência de mercado, timentos muito importantes em um setor que também criticam o líder para tratar de regular (o mercado) é de infra-estrutura: a área de telefonia. Esse mercado assimetricamente, enfraquecê-lo, amarrar uma mão ou cresce muito e vai continuar crescendo. Por outro lado, um braço. Isso é algo que nunca pedimos nos a Telmex está trabalhando com a melhor tecnologia para oferecer mais serviços e mais concorrência em Mas no México há uma limitação: os estrangeiros não todas essas áreas. podem entrar com força total na área de telefonia porque são proibidos de controlar empresas do setor. Isso Como recebeu a notícia de ser apontando como o ho- tem sido interessante, porque, apesar de haver essa mem mais rico do mundo? Não recebi nenhuma notí- proibição, eles dão uma volta ilegalmente. Operam com fundos (trust funds). Acreditamos que é uma irregulari-
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dade, que isso não deveria existir. Mas, veja, não somos contra a abertura. Não temos nos oposto na mídia. As pessoas observam a evolução de seu patrimônio e a situação de pobreza em seu país e perguntam: como é possível que o homem mais rico do mundo esteja no México? Não é no México, é a partir do México. Você e as pessoas dizem no México, mas é a partir do México. A partir do México, então. Mas qual seria a sua resposta? Bem, fico muito contente que exista uma empresa - oxalá existissem muitas outras - que, a partir do México, um país em desenvolvimento, tenha se tornado uma transnacional, que compete globalmente e com sucesso com os grandes do mundo. E fico contente que os investidores estejam dando grande valor a essa empresa pela forma tão eficaz como ela se desenvolveu. E que, em lugar de estar absorvendo outras empresas, ou se endividando, tenha seguido uma política que favorece os acionistas por meio de recompras e dividendos. Essa empresa, que valia zero há 15 anos, e que agora tem um valor muito importante nos mercados, se chama América Móvil. O fato de que se faça isso a partir do México ou de qualquer lugar não é importante. O importante é que a riqueza esteja sendo criada. Eu não tenho contas bancárias, apartamentos ou casas fora do país. Não vou levar nada quando morrer. Então, o fato de que em nossos países se crie essa riqueza é formidável. No Brasil, há muitas coisas sendo criadas, (grupos locais) estão comprando empresas fora do país. Que bom! É muito importante que o investimento estrangeiro não apenas flua para nossos países. É importante que a globalização seja algo que possamos fazer a partir de nossos países. Que bom que esteja sendo criada riqueza em nossos países. Um exemplo é a Vale do Rio Doce, que está em expansão. É formidável. Espero que siga crescendo. É verdade que o futurólogo Alvin Toffler e o cientista Nicholas Negroponte têm dado assessoria a seus negócios? Eles são bons amigos, gosto muito deles. Costumamos falar do que aconteceu, do futuro, trocamos impressões. Mas eles não são assessores, são amigos. Falando em futuro, quais são as tendências para a economia? O que deve ficar claro - e é preciso ler,
mesmo, Alvin Toffler - é a mudança civilizatória. Vivemos agora numa sociedade em que a tecnologia tem avançado tanto e a produtividade é tão grande que os seres humanos podem viver, em sua grande maioria, dedicados aos serviços. Estamos numa sociedade de serviços que tem paradigmas como a democracia, a liberdade, a pluralidade, a diversidade, os direitos humanos, o cuidado com o meio ambiente. E também a concorrência, a globalização, a produtividade, a criatividade, a inovação e a intensa mobilidade social. Mas a maravilha maior dessa nova civilização é que ela se desenvolve e se sustenta com o bem-estar dos demais. A ninguém mais convém explorar outra pessoa, a pobreza. O que convém é ter gente preparada, qualificada, que tenha tempo, que tenha capacidade de compra, que tenha um bom salário. É isso que sustenta o desenvolvimento agora. "MINHA FAMÍLIA, OS AMIGOS, A NATUREZA. ISSO É O QUE ME FAZ FELIZ" Como esses aspectos serão explorados por suas empresas? Há possibilidades de se desenvolver nesses novos campos de serviços. O entretenimento é muito importante. As pessoas têm muito tempo livre. Mais esportes, mais cultura, educação de mais alto nível. Há uma gama enorme de campos novos com enorme potencial de desenvolvimento. Qual o pior erro que um empresário pode cometer? Podem ser muitos... Não ter as melhores referências mundiais, não reinvestir, não estar com equipamento de ponta, estar atrasado em sua capacidade produtiva e não oferecer qualidade de serviço ao cliente, não desenvolver seu capital humano. E há grandes erros, como querer fazer tudo às pressas, quando as coisas têm seus tempos. É preciso entender os tempos: ter uma visão de longo prazo ainda que se tenha de atuar no curto. O que faz o senhor feliz? O que me faz feliz? Minha família, meu amigos. Conversar com amigos ou com gente de quem se pode aprender algo. A natureza me faz feliz. São muitas coisas. O senhor é feliz? Creio que sim. Mas creio que a felicidade não é um estado, é um caminho. Não é estar feliz. É um caminho, em que há obstáculos, problemas. Mas o caminho da felicidade existe quando você tem claros seus valores principais e quando você é coerente com eles e consigo mesmo.
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NA ONDA DO TABLET Tablets não são para todo mundo. Não são realmente portáteis e fazem o mesmo que smartphones e notebooks. Então por que comprá-los?
A evolução tecnológica caminha em um ritmo acelerado. Diariamente surgem novidades no mundo digital e
ficamos enlouquecidos por todos os produtos maravilhosos que são lançados. Primeiro o computador, depois o notebook, os smartphones e agora os tablets. Somos consumidores sedentos por novas tecnologias. Consumimos inovações na velocidade da luz! A mais recente inovação, o tablet, um intermediário entre o notebook e o smartphone, é a onda do momento. Desde 2010, ano de lançamento do iPad , a Apple não parou de pensar em evoluções. Outras marcas atentas a esse mercado consumidor não demoraram a fazer suas versões do novo gadget. Você com certeza deve ter pensado em ter um tablet ou já tem um. Então já está se perguntando qual escolher entre tantos modelos, tamanhos, aplicativos (como chamam os “programas” que você baixa), cores capas e vários acessórios! Vão aí algumas dicas para você “tirar de letra” estas questões. Quem nos ajudou nessa foi Marcelo Pereira, que trabalha na área de Tecnologia da globo.com há mais de 11 anos. Ele explica que cada tablet possui um sistema no qual são desenvolvidas todas as suas funções, os sistemas operacionais. Eles dão personalidade ao tablet. Os mais conhecidos são o iOS (apple) e o Android (google). Perguntamos a ele a que se deve a preferência das pessoas pelo gadget da Apple. Marcelo acredita que o principal motivo para o iPad se tornar queridinho no mundo inteiro, é o seu design e um comercial fortíssimo ligado a marca Apple. E também por oferecer um sistema com melhor usabilidade, facilitando a instalação e
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oferecendo programas de customização como o iTunes e a Apple Store, que torna o gerenciamento do seu iPad muito simples. Os aplicativos (apps) dão personalidade ao seu tablet com funções bem específicas para facilitar seu dia a dia. Anotar e controlar seus gastos em real time; fazer lista de compras (com detalhes de quantidades e marcas); registrar as calorias que consumiu e que gastou na academia; são alguns exemplos. Sem contar nas versões dos jogos que são febre – como Angry Bird (preferido do Marcelo). No android existem apps tão bons quanto os do iPad. Ficar “de olho” nas especificações dos produtos é uma dica importante para calcular o custo beneficio. De acordo com Marcelo o preço vai depender do que oferece o modelo. Tem tablets da Samsung que são o mesmo preço que o iPad ou até mais caro. Isso varia de acordo com as especificações do tablet, a qualidade da câmera, espaço em disco, captura de vídeo em HD e outros.
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Entre todas as diferenças que fazem a beleza da raça humana, uma das menos estudadas é por que algumas pessoas têm o pendor de acumular riquezas enquanto outras, a imensa maioria, se especializam em gastar tudo que ganham – ou, em muitos casos, mais do que recebem. De uns tempos para cá a literatura sobre a questão vem-se multiplicando. O melhor campo de estudo dessas diferenças é o imenso contingente de homens e mulheres que os pesquisadores chamam de "milionários de primeira geração". São aqueles que não herdaram nada de especialmente valioso de seus pais ou familiares e, no mesmo tempo de vida em que seus colegas construíram carreiras profissionais ou acadêmicas, juntaram uma montanha de dinheiro que os diferencia dos demais. São pessoas que, em reuniões de escola, quando se comemoram vinte ou trinta anos da formatura, se destacam por ter ficado ricas. Sempre se notam os que ficaram precocemente carecas, os barrigudos, os que estão no quarto ou quinto casamento ou os que se tornaram seguidores fanáticos de alguma seita. A categoria que mais chama a atenção nessas ocasiões sociais, no entanto, é a daqueles que, surpreendentemente, ficaram muito mais ricos que a média dos colegas. "Esses milionários de primeira geração deixam os colegas intrigados. Muito intrigados. Como pode ser? Ele nada tinha de especial!", escreve o americano Robert Kiyosaki, um dos autores do livro Pai Rico, Pai Pobre, cuja edição brasileira andou recentemente entre as obras de auto-ajuda mais vendidas. Ele mesmo responde: "Não tem mistério. As pessoas que sabem acumular riquezas simplesmente se educaram para isso. Deram às finanças pessoais durante toda a vida um peso muito
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maior que à formação cultural, acadêmica e mesmo ao conforto e à aparência". Em resumo, milionários não surgem por acaso nem por geração espontânea. Com exceção dos sortudos que acertam a Mega Sena e dos corruptos, os milionários que construíram a própria fortuna são produto de uma educação especial e muita disciplina. Por alguma razão ainda não totalmente clara, o número desses acumuladores de riquezas está aumentando em muitos países – inclusive no Brasil. Um estudo feito pela empresa de consultoria americana Merrill Lynch estima que vivam atualmente 7 milhões de milionários de primeira geração na América do Norte. Gente que não herdou nada de ninguém. Teve boas idéias, trabalhou duro e enriqueceu. Segundo a pesquisa, o patrimônio desse grupo cresceu 18% no último
ano e já atinge mais de 25 trilhões de dólares. Eles têm sido estudados não porque suas fortunas rivalizem com aquelas dos milionários tradicionais. Nada disso. Eles são interessantes porque se distanciaram de modo fenomenal da média das pessoas da classe social em que nasceram. São intrigantes como grupo também porque, mesmo tendo muito dinheiro, fogem em tudo ao velho clichê dos ricos. Misturam-se a gente comum. Podem ser seus vizinhos no bairro ou na arquibancada do estádio de futebol. Distinguem-se por seu talento especial para construir e acumular riquezas. Entre 1988 e 1998, a população americana cresceu 8% enquanto o número de famílias com patrimônio superior a 1 milhão de dólares dobrou. No Brasil, é até enfadonho constatar, não há estatísticas muito convincentes sobre a tribo dos acumuladores de riquezas. No entanto, existe um dado útil para mostrar que, aparentemente, o país, nesse particular, segue na mesma direção observada em outras partes do mundo. Segundo um estudo feito pela Secretaria da Receita Federal, o número de pessoas que podem ser classificadas de milionárias no Brasil cresce num ritmo quase dez vezes maior que o da população em geral. A informação é limitadíssima, porque trata apenas dos brasileiros que declaram imposto de renda. Mas quando se sabe que para cada brasileiro que paga regularmente seus impostos existem três que pagam menos do que deveriam ou sonegam tudo, a amostra da Receita tem seu valor estatístico reafirmado. Uma análise a respeito do comportamento dos brasileiros nascidos em lares pobres e de classe média, tendo mais tarde enriquecido por esforço próprio, vem sendo feita pelo professor Everardo Rocha, antropólogo que dá aulas de comunicação na Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro. A conclusão do professor: "Como regra geral, esses novos ricos fogem do estereótipo de arrogância e demonstração de poder, marca registrada dos ricos tradicionais, mesmo aqueles que já não são assim tão ricos". VEJA descobriu em várias cidades brasileiros que personificam esse fenômeno. Para selecionar seus personagens, os repórteres da revista ignoraram o padrão oficial adotado pelos organismos de governo, segundo o qual quem ganha mais de 2 200 reais por mês é classificado como classe A no Brasil. Ou seja, são pessoas que fazem parte do 1% de brasileiros ocupantes do topo da pirâmide social. Os repórteres foram atrás de gente excepcional, que começou a vida sem recursos e colocou-se, no quesito patrimônio pessoal, muito acima da média. Pessoas assim sempre existiram. Para citar um caso exemplar, fica-se aqui com o americano John D. Rockefeller, que foi de zero a 30 bilhões de dólares de fortuna pessoal em quarenta anos de vida. No Brasil, um exemplo notório é Olacyr de Moraes, que de motorista se tornou o rei da soja, um dos homens mais ricos do país. Há também o milioná-
rio dos ônibus urbanos, o mineiro Nenê Constantino, que trabalhava ao volante de um caminhão usado e agora se aventura numa empresa aérea regional. Os repórteres buscaram casos mais recentes e menos estelares; portanto, mais freqüentes e mais próximos da experiência da maioria das pessoas. Submeteram os novos ricos a um questionário útil para que se saiba o que pensam sobre eles mesmos, sobre os colegas que não ficaram ricos, sobre seus truques e os sacrifícios por que passaram para juntar uma fortuna considerável, de tostão em tostão. São pessoas entre os 20 e os 75 anos. Têm patrimônio líquido (tudo que possuem menos as dívidas) que varia de 1 a 80 milhões de reais. Atuam em áreas diferentes, da educação ao comércio, passando pela internet. Suas histórias podem servir, de um lado, para perceber que não há mágica. Os novos ricos aceitaram viver sob disciplina férrea para fazer dinheiro e conservá-lo em seu poder. Poucos se dão a ostentações. A maioria deles nem sequer faz questão de sair do bairro onde nasceu e mudar para regiões mais badaladas. Não fazem parte também do público que lota os navios de cruzeiros marítimos ou as butiques da moda. Viagens ao exterior, sim, mas não antes que seu custo seja insignificante em relação aos ganhos e ao patrimônio.Os personagens desta reportagem estão todos na categoria de "prodigiosos acumuladores de riqueza" ou na imediatamente abaixo, "razoáveis acumuladores". Alguns deles: OURO DE MOSCOU – É irrisório o número de professores que conseguem escapar da rotina do giz e quadro-negro para se tornar empresários do ramo educacional. O afunilamento é dramático. Os especialistas calculam, com base no número de escolas particulares no Rio de Janeiro, onde foi feito um estudo, que essa proporção é de um em 20 000. Quantos conseguem sair da sala de aula e fundar uma escola de sucesso com centenas de professores e milhares de alunos? Muito provavelmente os bem-sucedidos contam-se nos dedos das mãos. É o caso da mineira Luziana Lanna. Ela começou a dar aulas de inglês em Belo Horizonte numa época em que um professor de idiomas ganhava o suficiente para comprar um Fusca usado e alugar um pequeno apartamento. Hoje, aos 47 anos, Luziana é dona de uma organização que emprega duas centenas de funcionários e tem 7 000 alunos em escolas no Brasil e nos Estados Unidos. Construiu um patrimônio pessoal estimado em 4 milhões de reais. Ela dirige um Fiat Uno 94 pelas ruas da cidade e gasta a maior parte de seu dinheiro com o objetivo de aprender novas técnicas de ensino de idiomas. Sua vocação empresarial nasceu não da vontade de aumentar seu conforto e posição social, mas da insatisfação com as técnicas de ensino de sua fase de iniciante na carreira. Nada a satisfazia. Leu algo sobre cursos para espiões, que, no auge da Guerra Fria, precisavam, em curto espaço de tempo,
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aprender perfeitamente línguas estrangeiras. Levou tão a sério a informação que conseguiu registrar-se no Instituto Pushkin, em Moscou, onde os espiões da KGB na então poderosa União Soviética aprendiam inglês. Estudou outros métodos e saiu-se com uma técnica própria. LIÇÃO – Segundo os especialistas, Luziana cumpriu um dos mais sagrados mandamentos dos acumuladores de sucesso. Não gaste com itens que simplesmente aumentem seu conforto. Só faça cursos ligados diretamente a seu negócio. Invista em imóveis apenas se o retorno estiver garantido, seja na forma de aluguel, seja no uso produtivo. TURISTA APRENDIZ – Quantas viagens a Nova York são necessárias para alguém aprender uma maneira de ficar rico? Para o paulista João de Matos bastou uma. Ele chegou a Nova York com dinheiro suficiente para passar férias prolongadas. Descobriu em pouco tempo que faltavam aos viajantes americanos informações precisas sobre destinos turísticos no Brasil. Com dinheiro emprestado, abriu uma pequena agência especializada em vender passagens para quem quisesse visitar cidades brasileiras. O negócio cresceu rapidamente. Aos 53 anos, João de Matos tem um patrimônio estimado em 60 milhões de dólares e é dono de uma rede de agências dedicada à venda de pacotes turísticos para o Brasil e a América Latina. Tem ainda uma churrascaria, uma boate, uma lanchonete e um jornal dirigido a brasileiros que vivem nos Estados Unidos. LIÇÃO – Matos descobriu como ganhar dinheiro num ramo em que a imensa maioria das pessoas só pensa em se divertir. Os estudiosos dos ricos de primeira viagem notam que essa é uma característica comum a certo tipo de acumulador. Eles enxergam como ganhar dinheiro onde a maioria só sabe gastar. Ou em ramos em que a maioria das pessoas não gosta nem de pensar, como a coleta de lixo ou as agências funerárias. VIRTUAL – Aos 23 anos, o paulista Marcelo Tripoli é sócio de uma multinacional. Como milhões de jovens em todo o mundo, ele entrou de cabeça na revolução digital. Em vez de passar o tempo em infindáveis noitadas nos sites de bate-papo ou páginas de sexo, como é normal nos adolescentes, Marcelo visitava as páginas de grandes empresas brasileiras. Nenhuma o agradava. Achava tudo muito malfeito. Na sua opinião, as grandes corporações estavam aproveitando de maneira deficiente o potencial de negócio que a nova tecnologia oferecia. Mas ele tampouco entendia de negócios. Era apenas um convertido à internet. Passou a gastar cada tostão que ganhava na compra de livros de economia e administração. Leu compulsivamente. Comprou um paletó e foi à luta. Saiu de porta em porta oferecendose para trabalhar. Como a área estava mal se firmando
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convite também para fazer um diagnóstico financeiro pessoal.
nas empresas e havia aquela idéia fixa de que as revoluções da internet nascem de jovens imberbes numa garagem qualquer, ele foi ouvido com atenção. Nunca quis emprego. Preferia ser tratado como consultor. Em pouco tempo firmou reputação. Prestou serviço para gigantes, como Unilever, Telesp Celular, Johnson & Johnson e Philips, ganhou milhões e perdeu com a queda generalizada dos negócios na internet. LIÇÃO – O americano Robert Kiyosaki ficaria orgulhoso. Parece que Marcelo leu seu livro. Não leu. Mas fez tudo que o americano aconselha a quem quer tentar ficar rico: nunca procure estabilidade, o emprego fixo, com hora marcada para chegar e sair e a segurança de um salário no fim do mês. Ouse. Arrisque-se. Ser jovem é isso: correr o risco de enriquecer. Os especialistas não acreditam, com toda a razão, que se possa transformar uma pessoa financeiramente irresponsável num poupador fenomenal. A pesquisa mostra que a maioria das pessoas com muito dinheiro e propriedades é formada por uma massa anônima de formidáveis acumuladores de riquezas. São sujeitos sem brilho, donos de pequenos negócios, que ganham moderadamente, gastam pouco e poupam sem constrangimentos. A frugalidade é seu lema. Eles se curvam com prazer ao que parece ser uma lei da vida financeira de quem não herdou fortuna: "ostentação e patrimônio se repelem – quando uma aumenta o outro diminui". Não há garantias de que outras pessoas possam seguir as receitas de Luziana ou João e obter os mesmos resultados. Como em tudo na vida, o imponderável, a sorte de estar no lugar certo na hora certa, é um fator crucial. Os estudiosos dos ricos de primeira geração estão dando seus diagnósticos sobre casos de pessoas bem-sucedidas. Tomar suas lições como um guia para ficar rico é tolo. Manuais de auto-ajuda são invariavelmente úteis para quem os escreve. Ficam ricos quando a obra cai no gosto popular. Mas esses estudos são espetaculares como forma de satisfazer a curiosidade, de encontrar alguma pista sobre por que alguns colegas enriqueceram e outros seguiram carreiras vitoriosas ou não, mas absolutamente previsíveis. São ótimo
Como todas as fórmulas que se aplicam a áreas pouco exatas, a que está sendo desenhada para explicar o fenômeno do novo-riquismo é vaga. O que se sabe ao certo é que os novos ricos estão crescendo num ritmo maior que o da população em geral em locais tão diversos como Austrália, Estados Unidos, Inglaterra, Brasil e África (até a África!). Os ricos que chegaram lá sem nada ter herdado, pelo menos nos Estados Unidos, tendem a ser sujeitos rebeldes. Gente que se insurgiu contra a educação formal como Bill Gates, que abandonou a Universidade Harvard para criar a Microsoft. Na área de Gates e da internet os exemplos se contam às centenas de milhares. Há inúmeras pesquisas sobre esse pessoal. Algumas delas: A empresa de pesquisa Pophouse, australiana, descobriu que os ricos da nova geração gostam de qualidade e estilo, mas preferem não exibir sua riqueza. Um instituto inglês, o Henley Centre, chegou à conclusão de que, mais que o prazer de possuir riquezas, eles valorizam o bem-estar. O Doneger Group, americano, deduziu, de suas enquetes, que os novos ricos gostam de comprar carros e relógios caros, de marcas famosas, mas preferem ter um relógio Montblanc ou Cartier com pulseira de borracha àqueles com braceletes brilhantes, de ouro ou prata. Querem produtos de qualidade, mas discretos e personalizados. O Intelligence Factory, instituto de pesquisa com base na Suíça, entrevistou 250 desses ricos anônimos pelo mundo afora. Concluiu que eles cultivam ideais nobres numa amplitude insuspeitada. Em geral, consideram a ostentação coisa ultrapassada e gastam seu dinheiro em atividades beneméritas. "Essas pessoas podem comprar tudo o que quiserem, mas exatamente por isso não acham mais graça em fazê-lo", diz Ira Matathia, presidente do Intelligence Factory. O Institute for Policy Studies, firma de pesquisa americana, descobriu que na África do Sul, país onde até pouco tempo atrás só os brancos conseguiam construir um patrimônio notável, recentemente surgiu uma nova classe de gente muito rica – 20% dela composta de negros. Seu comportamento é semelhante ao dos ricos de primeira viagem dos países desenvolvidos. Moral da história: muitos dos novos ricos têm gostos e preferências de consumo que não estão sendo atendidos pelos fabricantes. Com certeza algum jovem de futuro vai fazer bom uso dessa informação e transformála num negócio lucrativo. Quem sabe não será ele próprio um rico de primeira geração. Alguém se habilita?
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FRANS KRAJBERG
O olhar do escultor polonês que se reinventou no Brasil ao descobrir que a arte pode lutar pela vida
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O velho Duka, seu ajudante há 25 anos, conta que não existem regras nem linhas retas no trabalho de Krajcberg. Ele prefere formas irregulares, orgânicas. O resultado são peças com movimento, como se clamassem por atenção. "Minha vida é mostrar minha indignação contra a violência e o barbarismo que o homem pratica", diz o artista. As esculturas levam as cores dos vestígios das queimadas: vermelho e preto, fogo e morte. Não recebem nomes. Ele as chama de "meus gritos".
Um vestígio de mata Atlântica, em Nova Viçosa, extremo sul da Bahia. O jardim do escultor Frans Krajcberg, onde toda manhã, logo cedo, ele sai para caminhar, há mais de 35 anos. Ali Krajcberg se deixa perder para então se encontrar. E, com olhos frescos de quem vê pela primeira vez, percebe novas cores, formas e texturas de vida ao redor. Num instante, depara com uma planta velha e carcomida. Observa seus desenhos irregulares, sua fragilidade. E encontra beleza. Dá alguns passos e topa com um tronco seco e enrugado. Toca sua superfície áspera, rude. Mais beleza. Pega uma folha caída no chão, um tanto murcha e amarrotada, e a coloca contra a luz. Seus sulcos brilham como rios espelhados. Foi num despertar de dia luminoso e abafado que me encontrei com o artista em suas andanças. Acompanhado sempre de sua máquina fotográfica ele - clic, clic - não deixa escapar seus objetos de êxtase. Tem mais de 20 máquinas e cerca de 200 mil fotos de miudezas da mata. "Um dia jamais é igual ao outro, a Terra está girando e cada momento é raro, único", diz Krajcberg durante os deslumbramentos em seu sítio. O artista polonês radicado no Brasil inspira a natureza para depois expirá-la em suas obras, fazendo delas um protesto contra a devastação do planeta.
Apesar de ter se recuperado recentemente de uma pneumonia, Krajcberg parece ter mais urgência do que nunca para mostrar sua revolta. Com passos fortes, gestos ágeis e extrema lucidez - aparentaria ser bem mais novo que seus 85 anos, não fosse a pele judiada pelo sol. Dedé, filha de Duka e sua cozinheira, o chama para o almoço, momento em que ele desacelera o trabalho. "Ele não janta, toma apenas um chá com pãozinho e se recolhe com o sol, antes das 18 horas", ela diz. Uma pausa para respirar. O artista nasceu na Polônia, em 1921. Conta que viveu os horrores da Segunda Guerra Mundial quando lutou no exército contra a Alemanha nazista. Depois também, ao descobrir que sua família havia sido dizimada com outros milhões de judeus, nos campos de concentração. Estudou engenharia na Polônia e artes na Alemanha e mudou-se para Paris. Lá, seu amigo e também artista Marc Chagall o incentivou a viajar para o Brasil. Desembarcou no Rio de Janeiro com 27 anos. Não conhecia ninguém, não sabia falar a língua e, para piorar, estava sem dinheiro. Dormiu ao relento durante uma semana, na praia do Flamengo. E partiu para São Paulo, onde trabalhou como operário no Museu de Arte Moderna, na primeira Bienal de São Paulo e como auxiliar do pintor Alfredo Volpi. Foi até o interior do Paraná para trabalhar como engenheiro-desenhista nas indústrias de um fabricante de papéis (que ironicamente utiliza madeira em sua produção). Abandonou o emprego para se isolar nas matas paraenses e se dedicar à pintura.
Natureza inquieta Ele tem fôlego de sobra. Está de pé às 5 da manhã e logo após a caminhada começa suas obras. Seguimos até um galpão abarrotado de matéria-prima: cipós, raízes, cascas, galhos e troncos de árvores empilhados - todos estão machucados. Foram recolhidos de queimadas e desmatamentos de florestas pelo Brasil afora. Com mais 12 ajudantes, ele seleciona os restos de madeira que serão lixados e preparados para formar enormes árvores ressuscitadas, suas esculturas.
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CONHEÇA MACEIÓ A MAIS BELA COSTA DO BRASIL Não existe orla mais bonita no Nordeste que a de Maceió.O mar está sempre da cor que você encontra em Cancún. Pode ser azul-turquesa, pode ser verde-clarinho - vai depender da maré ou da posição do sol. O desenho da praia também é especial: a costa faz uma curva na Ponta Verde e ali forma uma bela enseada que vai até Pajuçara. Nesse lado da praia, debaixo de um coqueiral antigo, o calçadão foi todo refeito e hoje há gramados bem cuidados e pistas separadas para quem quer caminhar, correr e andar de bicicleta. Tudo conspira para que você acorde sossegadamente, tome um café-da-manhã demorado, atravesse a avenida e aproveite bem o fato de estar hospedado em frente à praia urbana mais bonita de uma capital nordestina.
gredos, pasme, estão bem debaixo do nosso nariz besuntado de protetor solar. Outros, por sorte, permanecem fora do circuito dos passeios organizados. Veja bem: não estou dizendo para você tirar do seu mapa todos os lugares visitados pelos grupos. Todos são lindos e valem a viagem. Fotos : Praia do Gunga, Praia da Pajuçara.
Na vida real, porém, não é bem isso que acontece. Às 6 e meia da matina, TRIIIIMMMMM, toca o telefone do seu quarto. É a chamada de despertar que você tinha pedido na noite anterior. Você está em férias, mas sua agenda não. É preciso descer, tomar café e estar a postos no lobby. Antes das 8, um ônibus ou uma van vai passar para levá-lo a algum lugar entre 40 e 130 quilômetros do seu hotel. As agências de turismo receptivo têm um passeio diferente para cada dia. Seu único trabalho é acordar cedo; o resto ?ca por conta delas. Pensando bem, como viajar por Maceió e não visitar a foz do São Francisco? Ou a mitológica Praia do Gunga? Ou as falésias coloridas do Carro Quebrado? Ou as piscinas naturais de Maragogi? Mas daí eu pergunto: como viajar para Maceió e não aproveitar Maceió? Existe uma Maceió que não aparece na programação dos pacotes. Alguns dos seus se-
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Última palavra
Primavera … chegando flores se abrindo corações sorrindo amores surgindo… Das estações és a mais bela… na nuance das tuas cores jardins se transformam em linda aquarela… Primavera … ao mesclar o perfume das tuas flores envolves os corações com alegria és encanto e fantasia és inspiração do poeta és pura poesia… QUE VENHAM AS FLORES
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Suzane PPontes ontes Diretora Comercial da Élégance Suzane preside, em Araruama a Aamap (Associação AfroBrasileira Movimento de Amor ao Próximo), organização social ligada ao Ilê Asé Oyá Omi Layó
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