Ode Lusitana # 2 - janeiro 2015

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Ode Lusitana Número 2 – Janeiro 2015 Os thrashers lisboetas Perpetratör editaram no passado mês de dezembro um EP de 7” intitulado “Apocalyptic Mutations” / “Engineering Human Consciousness The Removal Of Intelligentsia In A Machievellian Society” junto com os ingleses Hellbastard, através da Helldprod. Os Heavenwood vão editar durante este ano o quinto álbum de originais com o título “The Tarot of the Bohemians”. Das profundezas negras temos de volta os Corpus Christii com o seu novo álbum “PaleMoon” a editar durante o mês de marco através da Folter Records (Ale). De 17 de abril a 2 de maio estarão numa tournée europeia junto com os The Stone (Sér) e Muert (Esp). Do Porto regressam os grinders Grunt, que depois da estreia “Scrotal Recall” (2011) regressam em abril com o álbum “Codex Bizarre”. Fiquem atentos! Quem também estão de regresso são os thrashers portuenses Dove, com um novo álbum de título “The Cruelty that Enclosures”. Novidades para breve. Rotem, projecto a solo de progressive black/death metal proveniente de Loures editou em novembro do ano passado o álbum de estreia “Dehumanization” através da Ethereal Sound Works. A seguir com atenção.

Editorial

A edição de fanzines/newsletters dedicadas ao underground tem tido um grande crescimento em todo o Mundo, mas no nosso país a situação regrediu bastante, não havendo registos de haver uma produção editorial em papel tão baixa desde a décadas. Por exemplo nas décadas de 80 e 90 do século passado a proliferação destas edições chegaram às várias dezenas, sendo um dos principais meios de divulgação do Metal no nosso país. Com o advento da internet facilitou a divulgação de toda a informação relativa ao movimento, fazendo a evolução (que se pensou natural) das fanzines para as webzines. Passados estes anos observamos que não foi uma evolução pacífica. Numa época em que temos acesso a um mundo digital que por vezes se torna confuso, está no momento de voltar a apostar nestas edições. Não é regredir no tempo. Antes pelo contrário. É o reviver da nossa luta. Aqui temos mais 8 páginas de edição gratuita com saída mensal. Imprimam esta zine (livreto A5) e divulgem o nosso metal! Marco Santos Para qualquer informação contactem-­‐nos através do nosso perfil Ode Lusitana no facebook ou através de odelusitana@hotmail.com

Breves Os Terror Empire banda de thrash metal de Coimbra editam o seu primeiro longa duração, “The Empire Strikes Black” a 23 de fevereiro através da editora ovarense Nordavind Records.

O Colhões de Ferro está de regresso com a décima edição no Centro de Juventude das Caldas da Rainha no próximo dia 31 de janeiro com a participação de Decayed, Vizir, Esclerose, Siege, Brutal Brain Damage, Bruma Obscura, Extreme Retaliation, Challenge e Scum Liquor.

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Já mais a sério, em inicios de 1994 surgiram os Psycoma e os The Invertebrate, gravámos umas demos e umas rehearsal-­‐tapes. Em 1995 estive no nascimento dos Firstborn Evil, ainda fiz uns ensaios com eles. Em 1997 surgiram os Systematic Collision que viriam a ser os Neoplasmah em 2001. Em 1999 estive no nascimento dos Antiquus Scriptum, éramos um trio e chegámos a gravar uma rehearsal tape e a darmos um concerto em 1999. Cerca de 1999/2000 também fui guitarrista dos Fecal Expiration (ex-­‐Putregod) e dos RAW. Mais ou menos nessa altura eu e o Simão Santos formámos os Namek, gravámos uma promo-­‐tape com caixa de ritmos, depois ele continuou com a banda. Projectos participei em bastantes: Vagina Grotesca, Lobotomized Ejaculator, UltraPodre, etc, onde gravei umas demos e umas split-­‐tapes. Durante a pausa de Neoplasmah, entre 2005 e 2007, toquei primeiro baixo e depois guitarra nos Project Six, ficou um album gravado, algum dia iremos pegar nisso e vai sair. Depois em 2010 fiz parte dos Martelo Negro, onde gravei com eles o primeiro album "Sortilégio Dos Mortos". Fora estas bandas e projectos todos, sempre foi Neoplasmah a minha banda principal.

Os Neoplasmah editaram em 2014 um dos melhores trabalhos no nosso país, sob o título “Auguring the Dusk of a New Era”, provando a qualidade que define este quinteto. Banda proveniente do Seixal é constituída pela Sofia Silva (voz), Vitor Mendes (guitarra), José Marreiros (guitarra/voz), Alexandre Ribeiro (baixo) e Rolando Barros (bateria). Estivemos à conversa com o Vitor Mendes, onde além dos Neoplasmah também se falou do seu início como ouvinte e músico, com muitas histórias para contar.

-­‐ Viva Vitor! Estava a ver a tua “Portuguese Metal Collection”, que é excelente e que é um avivar de memória do que se fez e faz cá em Portugal. Como foi o início da tua paixão pelo metal? Como te tornas um ‘colecionador’ do que se faz por Portugal? Tens algum trabalho preferido e que te traga boas recordações? Olá Marco! Obrigado pelas tuas palavras acerca da minha colecção. Comecei a ouvir metal com 11 anos, em 1986, na escola preparatória (hoje actual 5º ano). Um amigo mais velho de outra turma emprestou-­‐me uma BASF 60 Chrome que tinha o "The Number Of The Beast" de Iron Maiden. A partir daí tudo mudou, tinha descoberto um estilo de musica que me acompanha até agora. Em finais de 1986, inicios de 1987 começo a ouvir bandas portuguesas, a comprar fanzines, a mandar cartas e comprar demo-­‐tapes às bandas, começo a ir a concertos e a ouvir programas de rádio como por exemplo "Mensageiro Do Massacre", "Boca Do Inferno", "Selva No Asfalto", "Lança-­‐ Chamas", etc. Também ajudou o facto dos RAMP começarem a sua carreira a ensaiarem numa garagem na minha rua, nós ficávamos do lado de fora a ouvir. Os The Coven ensaiavam um pouco mais abaixo da minha rua e por cima da cave onde ensaiavam era uma loja de discos. Começou a haver o Festival Do Fogueteiro em 1988 e foi aí que vi pela primeira vez a banda que até hoje ficou como sendo a minha favorita de todos os tempos: THORMENTHOR. Havia a loja 52 na Cave do C.C.Rouxinol no Miratejo onde os headbangers da margem sul iam comprar merchandising, demos, discos, etc, e foi aí que comprei muito material dos Thormenthor. Depois disso comecei a fazer tape-­‐trading com pessoal português e também de lá de fora, comprava muitas demo-­‐ tapes e o interesse em coleccionar foi crescendo, até hoje. Mais de 25 anos depois ainda continuo a coleccionar. Não tenho um trabalho preferido, mas sem dúvida tenho uma banda preferida, THORMENTHOR. -­‐ Foi natural a tua passagem para músico? Ao longo dos anos tens participado em inúmeros projectos. Podes contar-­‐nos algumas dessas colaborações? Sim, tudo aconteceu de modo natural. Em 1989 formei a minha primeira banda com alguns colegas de turma e ainda demos um concerto na garagem do baterista.

-­‐ Após um longo interregno dos Neoplasmah editam em novembro de 2014 o vosso trabalho “Auguring the Dusk of a New Era”. É fantástica a junção de nomes tão interessantes da cena portuguesa. Como foi trabalharem juntos neste álbum? Como funciona a parte da composição e das letras? Apesar de o álbum só ter sido lançado em 2014, foi gravado entre 2012 e 2013 e na verdade as músicas já estavam compostas desde 2001-­‐2005. Ficaram todos estes anos na gaveta, enquanto nos dedicávamos a outros projetos... Quanto à composição, posso dizer que temos um método bastante eficaz até à data: eu componho a base principal dos temas, ou seja, as guitarras e gravo em casa com uma bateria bastante básica, só para se perceber a ideia.

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Depois mostro ao resto da banda e cada um compõe a sua parte. Quanto às letras, eu já tinha algumas ideias para alguns dos temas, mas naturalmente com a entrada da Sofia deixámos essa parte a cargo dela, havendo apenas um tema neste álbum com uma letra da minha autoria. A temática das letras segue a linha do primeiro álbum, havendo no entanto algumas diferenças notórias...neste álbum contam histórias apocalípticas, refletindo sobre a pequenez da existência humana face à imensidão do Cosmos e às próprias leis da Natureza. -­‐ Como tem sido as críticas ao álbum? Tem tido boa receptividade na aquisição do vosso trabalho?" Posso dizer-­‐te que a reacção tem sido esmagadora... tivemos uma excelente aceitação do público no concerto de lançamento do album (dia 22 de novembro no RCA), vendemos já muitas dezenas de cópias do álbum, tivemos até à data imensas reviews extremamente positivas. Posso dizer-­‐te que ultrapassou as nossas melhores expectativas e estamos muito satisfeitos.

-­‐ Uma das coisas que observamos é o excelente trabalhado desenvolvido a nível da divulgação deste vosso trabalho através dos Neoplasmah como da vossa editora Helldprod. Que ‘conselhos’ poderias dar às novas bandas que se estão a iniciar? Qual a tua opinião acerca do actual panorama musical nacional? Nos tempos que correm a visibilidade nas redes sociais é essencial, em particular no Facebook. Por isso, apostamos em dinamizar a nossa página, mas tentamos fazê-­‐lo com moderação -­‐ também não queremos saturar quem nos segue! Isto custa essencialmente tempo e não dinheiro, pelo que é algo acessível a qualquer banda. Isto não é tanto um conselho, mas uma constatação, já que os mais jovens o sabem melhor que nós... Mas obviamente que, se não tivéssemos o apoio da nossa editora, para a divulgação ao nível das revistas, zines e blogs não teríamos tanta visibilidade, sobretudo no estrangeiro. Tem sido uma colaboração excelente e só temos a agradecer à Helldprod, em particular ao nosso amigo Pedro Pedra e a todos aqueles que nos apoiam, de uma forma ou de outra. Quanto a conselhos para quem está a começar...não querendo matar os sonhos de ninguém, acho que é importante manter os pés assentes na terra e colocar as coisas em perspectiva, ou seja, se quiserem ser ricos e famosos, não toquem metal! Agora, se quiserem fazer a música de que gostam e fazer parte de um movimento underground, chamemos-­‐lhe assim, sem se esquecerem de apoiar as outras bandas, de certeza que terão a vossa retribuição e serão reconhecidos, ainda que

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não dê para enriquecer monetariamente. O panorama musical nacional actualmente tem um pequeno problema que é a existencia de demasiadas bandas ou projectos que não passam disso mesmo, projectos. E não têm a consciência disso e continuam a poluir o meio em que estão inseridos. Nem sempre (ou quase sempre) a abundância significa qualidade e cada vez mais e infelizmente, isso é uma triste realidade. Existe demasiada oferta e o publico saberá certamente fazer a selecção natural das coisas. No entanto existem bandas, editoras, fanzines e distribuidoras que fazem e têm feito ao longo dos anos o seu trabalho com elevada competência e são essas entidades que todos nós devemos apoiar. Existe uma enorme diferença entre perseverança com humildade, apoio entre bandas, qualidade, competência que se luta por aquilo que se faz com gosto e depois o pretenciosismo exacerbado e alienado de coisas fracas sem qualidade feitas por pessoas que vivem na ilusão e que só olham para o próprio umbigo. -­‐ Que podemos esperar dos Neoplasmah para os próximos tempos? E finalmente uma palavra aos nossos leitores. O nosso futuro imediato passa essencialmente por continuar a promover o nosso novo album trabalhando em sintonia com a nossa editora. No seguimento disso esperamos dar um bom número de concertos durante 2015 e tentar chegar aos ouvidos do máximo de pessoal possivel. Depois logo se vê, vamos fazendo as coisas passo a passo. Para os leitores da ODE LUSITANA, obrigado pela leitura e sobretudo tentem apoiar o metal nacional e quem luta e faz por ele, comprem e vão ver os concertos de bandas nacionais. Para ti Marco, um grande abraço e obrigado por esta entrevista e apoio. Continua o bom trabalho com a ODE LUSITANA! www.facebook.com/neoplasmahofficial A Associação Cultural Fora do Rebanho apresenta no próximo dia 14 de fevereiro em Viseu, um concerto com os nossos entrevistados Neoplasmah. A acompanhar estarão os Equaleft, banda portuense, praticante de um thrash/groove, que tem na bagagem o longa duração “Adapt & Survive” de 2014 editado pela Raising Legend Records. Também estarão em palco os Alchemist, banda de black metal do Seixal, que tem como último lançamento o EP “Flesh to be Broken” (2012) editado pela Odious Recordings.


também um pouco com este espírito que admiro todas as zines que continuam a lançar números em papel, porque sei bem o trabalho que dá construir número após número, tentar colocá-­‐lo a circular e, muitas vezes, não saber bem o tipo de feedback que se vai obter. É um trabalho tremendo que oferece imenso gozo, mas que pode não ter um retorno tão imediato como uma publicação online, mas é por isso que admiro as pessoas que ainda persistem no caminho do papel. As fanzines que mais gosto são as que conseguem ser equilibradas em todos os sentidos, ou seja, que em termos gráficos são bem conseguidas e conseguem fugir às duas coisas que menos aprecio (demasiado informação condensada em pouco espaço ou demasiados espaços em branco, o que representa um mau aproveitamento gráfico); e que em termos de conteúdo sejam interessantes e que não existam apenas porque sim. Gosto também que exista algum sentido de humor mas, principalmente, aprecio uma publicação que consiga oferecer uma visão diferente acerca dos assuntos com que trabalha. Tenho um fraquinho por visões pessoais de temas comuns, uma vez que as fanzines deveriam representar os pontos de vista de quem as cria. É a própria história da fanzine enquanto publicação que assim o dita: quando não te revês naquilo que a imprensa institucionalizada te oferece, começas a construir a tua própria imprensa. Por isso, essa talvez seja a resposta mais simplificada daquilo que me interessa numa fanzine, uma visão pessoal. -­‐ Já tinhas participado em algumas fanzines anteriormente? Como surgiu a ideia e o ‘nascimento’ da “Morde Essa Bolacha”? E a “Gourmet Roadkill Zine”? Antes dessas duas publicações que mantenho actualmente, criei e deixei desaparecer uma série de títulos diferentes! O meu caminho como editor de fanzines deve ter começado em meados de 1993 (a memória diz-­‐me que sim), depois de ter começado a perceber que mundo era aquele que me entrava na caixa do correio quase todas as semanas. Na altura, apesar de ouvir muito heavy metal, a minha cabeça e a minha energia estavam totalmente absorvidas pela cena punk-­‐ hardcore e pelas ideias libertárias/anarquistas, onde existe um sentido de missão muito grande. Quero dizer com isto que toda a gente era incentivada a ter um papel activo na cena, fosse qual fosse esse papel, o importante era que o teu contributo pudesse ajudar a fazer crescer e consolidar um mundo de ideias culturais, artísticas e sociais! Depois de ponderar as minhas possibilidades, cheguei à conclusão que o meu melhor contributo seria através da publicação de fanzines, pois a escrita sempre foi algo com me senti confortável e, naquela altura, não tinha qualquer tipo de possibilidade de vir a fazer parte de uma banda! Então, comecei a pouco e pouco a construir, publicar e distribuir as minhas próprias fanzines. O início foi com a Escarro Social, que rapidamente desapareceu de cena, ao fim de dois ou três números, pois acabei por conhecer e começar a trabalhar com um amigo ligeiramente mais velho que eu (abraço ao Carlos Paiva), que tinha também a intenção de começar uma fanzine e juntos criámos a Atitude Alternativa que, infelizmente, teve apenas dois números editados, mas que ainda assim tiveram a sua quota de importância na cena punk-­‐hardcore nacional da altura (1994/1995)! Depois disto, continuei a tentar criar conteúdos e a lançar fanzines com maior ou menor impacto: Buuh!’zine, Pushing Things Forward, Suka, foram algumas

Morde Essa Bolacha, fanzine editada pelo Rui Marujo, é uma publicação que mantêm viva a preservação da fanzine em papel, e nos mostra a qualidade da divulgação musical através deste meio físico. Numa altura em que as fanzines em Portugal se contam pelos dedos de uma mão, ficamos à conversa com o Rui onde nos explica a sua paixão pelas fanzines, assim como outros projectos em que se encontra envolvido. Para todos já se encontra disponível o número 5, por isso façam favor de entrar em contacto com o Rui! -­‐ Viva Rui! Como começou o teu interesse pelas fanzines editadas em papel? Quais as fanzines que mais admiras? És colecionador destes trabalhos? O que mais te interessa numa fanzine? Olá Marco! O interesse pelas fanzines começou meio por acaso, através de um anúncio que coloquei numa revista brasileira, quando não passava de um adolescente que gastava muito do seu tempo livre a ouvir punk-­‐hardcore e heavy metal, fechado no quarto! Na altura, o meu principal objectivo com o anúncio era conhecer, corresponder-­‐me e possivelmente trocar alguma música com pessoal daquela parte do mundo, mas não demorou até ter começado a receber diversas publicações na caixa do correio, desde coisas simples de frente-­‐e-­‐verso até publicações elaboradas com impressão um pouco mais profissional! Aquilo foi todo um mundo que se começou a abrir para mim e quer a curiosidade quer a fome por mais informação e material começou a crescer naquela altura, há mais de vinte anos atrás! Por aqueles dias ainda não tinha tido muito contacto com o underground nacional, mas não tardou a que me começasse a cruzar com flyers de bandas e zines portuguesas, comecei também a comprar e a reparar com mais atenção a secção de anúncios do jornal Blitz, bem como na coluna Arame Farpado que lá existia e onde muita coisa era divulgada. Depois, a bola de neve começou a crescer, com cada novo título que recebia em casa, dezenas de flyers chegavam também e isso significava dezenas de cartas para escrever e dezenas de novas coisas para conhecer. Não me considero um coleccionador, no sentido de ser um completista e de querer possuir fanzines apenas e só porque sim, porque se tem que alimentar uma colecção. Gosto de estimar todas as que tenho adquirido ao longo dos anos e, de vez em quando, volto a folheá-­‐las para me recordar o porquê de ainda as ter comigo ou para mostrar a alguém que não tem uma noção de como as coisas eram feitas, antes de existir o fácil acesso a tudo que a internet veio a proporcionar. É

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das coisas que chegaram a ser publicadas, até ter mais ou menos colocado de parte a ideia de lançar coisas em papel. A Morde Essa Bolacha surgiu depois de um período de afastamento da faceta de editor. Continuei a ir a concertos e a estar mais ou menos atento a tudo o que se passava e cheguei a tocar em algumas bandas, com o pessoal amigo de sempre, mas não publicava nada. Decidi que estava na altura de voltar a fazer qualquer de útil e comecei a publicar coisas apenas online, porque a facilidade e a rapidez de criar conteúdos na net permitia-­‐me gerir o tempo de uma forma confortável. Mas, com o passar do tempo e com a percepção de que a publicação de fanzines aqui no burgo estava a desaparecer, cheguei à conclusão que não devia afastar por completo a publicação em papel e que poderia continuar a oferecer o meu pequeno contributo a esta cena, mantendo viva uma tradição que ainda é querida a muita gente: ler fanzines em papel. A Gourmet Roadkill surgiu depois, fruto da quantidade de contactos e troca de informações com pessoas, bandas e promotores que não falam português, mas com que eu achei que também deviam ser partilhados os conteúdos que publico, principalmente se esses conteúdos estiverem relacionados com eles. É também uma forma de expandir um pouco mais o alcance de informação e tentar fazer chegar a divulgação a outros locais. Representa também muito mais trabalho, principalmente para quem faz praticamente tudo sozinho, como é o meu caso, mas nada que a boa vontade não resolva.

coisas que se vão separando. Há coisas que não consegues publicar em papel e outras ainda que até acabam por figurar nos dois suportes. Este é o primeiro passo, que acontece principalmente para fazer uma triagem a todos os mails e informação que vou recebendo. O primeiro degrau na edição de qualquer um dos números acaba sempre por ser os textos, todas as reviews, todos os artigos, todas as possíveis entrevistas, todos os conteúdos que acho que podem vir a figurar num ou noutro número. É um processo que está sempre a decorrer. Até mesmo quando estou no meu emprego, estou muitas vezes a pensar em textos e em configurações de layout. Esse é o passo seguinte, a montagem gráfica de todos aqueles textos e imagens com que estiveste a trabalhar anteriormente. As dores de cabeça normalmente começam a surgir por esta altura, quando começas a jogar com as possibilidades e precisas de te decidir por um resultado que seja equilibrado e coerente, mas que possa entreter ao mesmo tempo. A terceira etapa, para mim, costuma ser a mais complicada e passa por conseguir obter o maior número de cópias possível do trabalho acabado, ao menor valor possível, para que possa começar a enviá-­‐las e distribuí-­‐las ao máximo número de pessoas possível. Sempre acreditei tentei manter-­‐ me no caminho da gratuicidade no que diz respeito às minhas fanzines, principalmente porque sempre fui conseguindo as minhas cópias sem qualquer tipo de custos pessoais, muito graças aos meios que fui tendo à disposição ao longo dos tempos, quer nos por onde tenho passado, quer mesmo com a ajuda da minha rica mãezinha que, enquanto trabalhou, nunca se negou a fazer cópias das minhas zines ou dos meus flyers! Durante muito tempo, ela foi a mão-­‐de-­‐obra não assalariada das minhas zines eheh! O grande prazer penso que esteja naquele acto de veres um dos teus números a chegar às mãos e aos olhos de alguém. Acho que isto é válido para qualquer um que continue a fazer fanzines em papel. O facto do teu trabalho ter completado a viagem e ter finalmente chegado às mãos de alguém. No fundo, tudo acaba por ser uma forma espalhares as tuas ideias, bem como as das pessoas que contactaste e à volta de quem construíste um texto, uma review ou uma entrevista. Um fanzine é uma manifestação de diversas ideias e ver a forma como elas se materializaram e chegaram a outras pessoas é algo que, pessoalmente, me dá grande prazer. -­‐ A fanzine em papel tem tido um forte renascimento a nível mundial, com excelentes edições, especialmente com números vindos da Europa, mas também da América do Sul. Em Portugal com o advento das webzines, praticamente causou o desaparecimento deste meio de divulgação. Qual a tua opinião acerca deste tema? Que conselhos davas a alguém que quisesse começar uma fanzine? As fanzines quase desapareceram em Portugal porque nos habituámos muito rapidamente à velocidade de tudo aquilo que a internet nos trouxe. Manter uma webzine é muito mais rápido e representa um volume muito menor de trabalho e de custos, comparativamente a manter uma publicação física em papel. Penso que o tempo é a questão essencial. Nenhum de nós tem tempo a perder e o lugar das fanzines clássicas perdeu um pouco a sua preponderância no que diz respeito à troca de informação. Muitas pessoas podem não ter esta noção, mas existiu um tempo em que a única forma de descobrir acerca de novas bandas, discos, concertos e todo esse volume de conteúdos que faz uma cena alternativa

-­‐ Qual é o processo de trabalho / edição dos números das tuas zines? Qual a parte que mais prazer te dá? Da forma como as coisas estão actualmente estruturadas, passa tudo por um processo de filtragem. Como vou publicando quer em papel quer em formato digital, existem

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respirar e crescer, era através de fanzines e do famoso tape-­‐ minha parte em estar a procurar lucro com isto, daí preferir trading! Hoje em dia, a facilidade com que chegamos a fazer trocas. Até ao momento tenho tentado aumentar o qualquer uma dessas coisas é impressionante e, de certa número de coisas em distribuição e este ano vou tentar forma, nós tornamo-­‐nos acomodados a essa realidade. Mas a apostar numa maior divulgação e crescimento deste projecto, internet não é inimiga das fanzines em papel, na minha pois a distribuição em si está apenas a dar os primeiros opinião são aliados muito fortes e a prova disso é que as passos. fanzines nunca desapareceram por completo da cena, aprenderam a usar a internet em seu proveito e têm vindo a -­‐ Muito obrigado pelas tuas respostas e espero que crescer e a proliferar um pouco por todo o lado. Às vezes, o continues a edição destas fanzines e que mais gente que é necessário é estar um pouco mais atento. apareça a fazer estas edições. Última palavra que queiras Uma das melhores coisas que posso dizer a quem queira dizer aos nossos leitores. começar uma fanzine é que sejam organizados! Definam bem Eu é que agradeço pelo tempo e interesse demonstrado da o que pretendem fazer e projectem tudo à volta dessa vossa parte! Faço também votos para que a Ode Lusitana definição. Façam um plano e definam etapas. A organização continue a crescer e a contribuir de forma positiva para vai facilitar-­‐vos o trabalho e vai permitir que tudo o resto fortalecer a cena alternativa! corra muito melhor. Daqui para a frente tudo são detalhes a Aos leitores da Ode, as minhas desculpas por oferecer explorar e a limar: sejam criativos, leiam bastante, escrevam respostas tão longas e aborrecidas! Continuem a depositar o bastante, sejam curiosos, sejam críticos fundamentados, vosso apoio em publicações como esta e, sempre que aproveitem todas as oportunidades para angariar contactos, possível, participem de forma activa na cena em que não sejam elitistas e acima de tudo, tenham prazer naquilo estiverem inseridos: vão a concertos, comprem discos e que fazem! Fazer fanzines não é nenhuma ciência e a fanzines, escrevam mails, cartas e foruns, comecem uma aprendizagem, evolução e crescimento é constante! O mais banda, distribuam uma fanzine ou organizem um concerto! importante de tudo é começar, tudo o resto virá com o Descubram qual é a melhor forma de se tornarem parte tempo! activa da cena e façam-­‐no! Sintam-­‐se à vontade para seguir, partilhar, comentar, -­‐ A tua actividade não se resume apenas à edição das colaborar ou interagir com qualquer uma das coisas que faça, fanzines. Que novidades tens com as tuas participações seja na Morde Essa Bolacha Zine, Gourmet Roadkill Zine ou nos Baktheria e nos Speedemon? E acerca da Dead Scene Dead Scene Distro! E estejam atentos aos discos de Baktheria Distro? e Speedemon! É verdade, por vezes penso que ando metido em demasiadas coisas e que o tempo nunca chega para tudo, no mordessabolacha@gmail.com entanto, sempre que surge um convite ou uma nova ideia, www.facebook.com/rui.marujo.9 não tenho como dizer que não... Este ano de 2015 vai mordessabolacha.wordpress.com/ certamente trazer muito mais actividade, no que diz respeito mebzine.wordpress.com/ às duas bandas onde estou como baixista. Os Baktheria www.facebook.com/MordeEssaBolachaZine completaram em Dezembro as gravações daquilo que será o www.facebook.com/deadscenedistro nosso primeiro album, faltando agora todo o restanto www.facebook.com/baktheria processo de mixagem, masterização, artwork e lançamento. www.facebook.com/speedemon.band Não temos ainda uma data definida para lançar o disco, mas será tentativamente durante o primeiro semestre deste ano. Por outro lado, as coisas em Speedemon estão também a caminhar no sentido de lançarmos, finalmente, o primeiro EP! Tem sido um processo muito mais lento do que desejávamos, mas desde que a banda começou a trabalhar neste objectivo fomos sendo atingidos com diversos obstáculos, mudanças de formação, problemas de saúde, etc.. Nunca parámos realmente de trabalhar nos temas e nas gravações, mas foi tem sido tudo um processo muito lento. Neste momento, tudo parece estar bem encaminhado. Sei que nas próximas semanas se vão terminar mais algumas coisas de guitarras e esperamos conseguir ter tudo pronto e lançado nos meses vindouros! Em qualquer uma das bandas, este ano também esperamos conseguir tocar ao vivo muito O Évora Metal Fest irá decorrer na Arena d’Évora em mais vezes, por isso, estamos entusiasmados com as coisas Évora e este ano terá a particularidade de serem 2 dias de que aí vêm. festival, mais precisamente a 6 e 7 de março. A Dead Scene Distro é um outro projecto que decidi começar durante o ano passado. Era algo que tinha em mente No fecho deste número da Ode Lusitana ainda faltam já há algum tempo, uma distribuidora de fanzines, um veículo anunciar 4 bandas, que serão as que subirão ao palco no primeiro dia. para espalhar as minhas próprias zines e todas aquelas que O segundo dia do festival já se encontra completo e teremos for encontrando pelo caminho e que queiram figurar nesta as participações dos WAKO, Corpus Christii, Uaninauei, lista. É também uma tentativa de proporcionar a todos os Midnight Priest, Göatfukk, Borderlands, Push, Analepsy, apreciadores/leitores de fanzines uma forma de encontrar Omega Sins e 13After. novos títulos e diferentes trabalhos. O grande objectivo é mesmo esse, até porque não existe qualquer intenção da

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-­‐ Depois dos dois álbuns “Eternal Plague” e “As Long As Darkness Bleeds”, surge o vosso último trabalho, o EP “Impulse”. Algumas mudanças sonoras, mas mantendo o vosso death metal, tem a particularidade das letras terem sido escritas pela Maria João Rodrigues. Como surgiu esta parceria? Tens acompanhado o trabalho dela? Tive conhecimento da Maria João pelo o nosso bassplayer Ricardo Fernandes que a conhecia e mostrou-­‐me o que ela escrevia e gostamos imenso. Falamos com ela e avançamos ;) Sim tenho, adoro o livro "Impulso" gosto imenso do trabalho dela... ;) -­‐ Em termos do EP, qual foi a tua opinião acerca das críticas ao álbum? Como foi trabalhar com o Jörg Uken (produtor e baterista)? E qual foi a reacção dele ao trabalhar com os Requiem Laus? As críticas foram muito boas, ainda bem. O Jörg Uken é uma pessoa altamente, nos compreendeu e nós a ele, a reacção dele foi natural ;) -­‐ O último trabalho foi editado em junho de 2012 e os Requiem Laus não mostram sinais de abrandar. Para quando um novo trabalho? Já existem algumas músicas? Ainda não sabemos para quando um novo trabalho, logo que for possivel, sairá. Mas estamos a preparar musicas do album "As long as darkness bleeds" que nunca tocamos ao vivo para um dia apresentar e prometo que será uma grande brutalidade... :) -­‐ Obrigado pela participação! E agora umas últimas palavras para quem está a ler esta entrevista." Obrigado eu e um muito obrigado para todos que acompanham Requiem Laus ao longo destes anos. Abraço, Miguel Freitas & Requiem Laus www.facebook.com/requiemlaus requiemlaus.bandcamp.com

Requiem Laus são uns dos principais porta-­‐estandartes do metal praticado na Ilha da Madeira. Formados em 1992 ainda sob o nome de Requiem editam a primeira demo em 1994 “Life Fading Existence”, já com a designação Requiem Laus. Praticantes de um death metal melódico contam com 2 longas durações, “The Eternal Plague” (2008) e “As Long As Darkness Bleeds” (2011). Formados pelo Miguel Freitas (voz/guitarra), Dani Pereira (guitarra), Ricardo Fernandes (baixo) e Duarte Salgado (bateria). Estivemos à conversa com o fundador Miguel Freitas.

-­‐ Viva Miguel! Passados 20 anos de terem mudado o vosso nome de Requiem para Requiem Laus, continuam a dar mostras de vigor no nosso metal português. Como começou o teu interesse pelo metal? Começei a ouvir metal penso quando tinha 10 anos, tudo naturalmente e um grande gosto por ouvir musica. -­‐ Como surgiu o impulso e a necessidade de criar os Morbidatory? Como se viva o movimento naquela altura na Ilha da Madeira? Ainda continuas a acompanhar actualmente o que se vai fazendo? Tudo surgiu naturalmente, um dia comprei uma guitarra começei a dar uns toques e depois pensei formar uma banda....porque não? :) Na altura não havia nada, praticamente eu comecei com a cena de metal na Madeira passando o que eu ouvia para amigos meus e tudo começou a modificar.... Depois de formar os Morbidatory e ter actuado ao vivo pela primeira vez, foi um abrir de uma porta..... Acompanho sempre o que se faz por estes lados, os tempos são outros neste momento :)

Já foi editado o

número 16 (dezembro 2014) da excelente Metal Horde Zine. Edição sob a orientação do Nuno Oliveira e da Inês Misha, é escrita em inglês e são 72 páginas em A5 com entrevistas, reportagens, críticas. Entrem em contacto através de www.facebook.com /MetalHordeZinePo rtugal ou pelo mail metalhordezine@g mail.com

“Don’t be a poser and start reading fanzines!!!” 7


Agenda

Janeiro

17 – Midnight Priest / The Unholy / Ravensire / Corman – RCA Club, Lisboa 17 – Above the Hate / Diabolical Mental State / The Voynich Code / Wall of Vipers / Gennoma / Advogado do Diabo / The Bare Naked Shadows – Phoenix Fest (Act: Risen From the Ashes) – Academia de Linda-­‐a-­‐Velha 23 – Decayed / Nefastu / Scum Liquor / O Cerco – RCA Club, Lisboa 24 – Prostitute Disfigurement (Hol) / Grog / Jig-­‐Ai (RC) / VxPxOxAxAxWxAxMxCx (Aus) / Raw Decimating Brutality / Serrabulho / Dalle Killers (Esp) / Analepsy / Görrinerh (Esp) / Shoryuken – ‘XXX’Apada na Tromba, RCA Club, Lisboa 24 – Painted Black / Fallen Paradise / Ol’ Jolly Roger – Blindagem Metal Fest, Hard Bar, Bustos 31 – For the Glory / Shape / Shivan – ArtiRock Café, Loures

Fevereiro

A Notredame Productions apresenta no RCA Club em Lisboa no próximo dia 23 de janeiro uma noite dedicada aos sons mais negros. A abrir as hostilidades temos O Cerco, que nos trás de Torres Vedras o seu black metal. Banda formada em 2013, tem como registo de estreia em agosto de 2014 o EP “O Homem Esmorece... A Natureza Prevalece” através da Signal Rex, edição em cassete. 44 (voz/guitarra), Ruína (guitarra) e Anti (bateria) compõem a formação. Scum Liquor, banda da Brandoa formada em 2013, praticante de ‘sewer rock n’ roll’ tiveram como lançamento de estreia o EP “Vicious Street Scum” em 2014 via Signal Rex, em cassete. A banda é composta por Neverendoom (voz), Dirty Lawbreaker (guitarra), MC Destroyer 69 (baixo) e P. Tosher (bateria). Do Porto temos Nefastu, praticantes de black metal Contam com a edição de 2 demos através da Purodium Rekords. Em 2011 “Versículo I – Entre a Ira e a Desolação” e em 2012 “Versículo II – As Profecias do Caos”. Finalmente os Decayed, a entidade portuguesa por excelência do old school black metal! Formados em 1990 na Parede (Lisboa) pelo J.A. (voz) e Nuno (guitarra), e com a participação do Carlos (baixo) e Pedro (bateria) gravam a “Promo Tape” (1990), ainda sob o nome de Decay. Já com o nome de Decayed e depois de várias alterações gravam a demo “Dark Rehersal” (1991). O primeiro EP é o “The Seven Seals” (1993) pela Dark Records e o primeiro longa duração é o “The Conjuration of the Southern Circle” (1993) pela Monasterium. É uma banda recheada de edições e com muitas parcerias em que nunca se inibiram de espalhar o seu som. O seu último longa duração é de 2012, com o nome “The Ancient Brethren” através da BlackSeed Productions. Formação constituída por J.A. (voz/guitarra), Vulturius (baixo) e Tormentor (bateria).

1 – The Voynich Code / Borderlands / Push! – Sabotage Rock Club, Lisboa 4 – Eluveitie (Sui) / Wind Rose (Itá) / Skálmöld (Isl) – Hard Club, Porto 5 – Eluveitie (Sui) / Wind Rose (Itá) / Skálmöld (Isl) – RCA Club, Lisboa 6 – Vallenfyre (Ing) / Foscor (Esp) – RCA Club, Lisboa 7 – Vallenfyre (Ing) / Foscor (Esp) – Hard Club, Porto 7 – Toxic Attack / Refuge / Ashes Reborn / Abovement – Espaço A, Freamunde 7 – The Secrect (Itá) / Oathbreaker (Bél) / Mutilation Rites (EUA) / Hierophant (Itá) / Adrift (Esp) / Besta / Plebeian Grandstand (Fra) / Implore (Ale) / Mother Abyss / Old Skin (Ing) / Redemptus / Wells Valley – Burning Light Fest, RCA Club, Lisboa 8 – Bolzer (Sui) / The Black Heart Rebellion (Bél) / Mantar (Ale) / Process of Guilt / Tombstones (Nor) / Morte Incandescente / Cowards (Fra) / Acid Deathtrip (Hol) / Hymn (Nor) / Schonwald (Itá) / Oblivionized (Ing) / Infra – Burning Light Fest, RCA Club, Lisboa 10 – Amon Amarth (Sué) / Huntress (EUA) / Savage Messiah (Ing) – RCA Club, Lisboa 11 – Amon Amarth (Sué) / Huntress (EUA) / Savage Messiah (Ing) – Hard Club, Porto 13 – Low Torque – RCA Club, Lisboa 14 – Neoplasmah / Equaleft / Alchemist – A. C. Fora do Rebanho, Quintela de Orgens 21 – Edenkaiser (Esp) / Vulpus / Peste – Metalpoint, Porto 26 – Madball (EUA) / Rise of the Northstar (Fra) / Strife (EUA) / Backtrack (EUA) – República da Música, Lisboa 27 – Saturnus (Din) / Lantlôs (Ale) / Ophis (Ale) / Autumnal (Esp) / Bosque – Under the Doom Festival, RCA Club, Lisboa 28 – Forgotten Tomb (Itá) / Mourning Beloveth (Irl) / Desire / Dolentia / Agonia – Under the Doom Festival, RCA Club, Lisboa

Próximo número com previsão de saída a 15 de fevereiro.

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