Número 16 – Outubro 2016
Lyfordeath Disthrone Requiem Laus Biolence Analepsy Salqiu Inthyflesh Headbang Solidário Oeste Underground Fest
Mosher Fest
Christophe Correia Underground’s Voice
Grátis!! Divulgação do Metal português!!
Editorial
Breves / Notícias
A edição deste número da Ode Lusitana representa o segundo aniversário deste projecto lançado com o objectivo de divulgar o que se vai fazendo no Metal no nosso país. Muitas ideias no entanto surgiram ao longo deste caminho, algumas foram concretizadas, mas no entanto outras continuam à espera do melhor momento. Continuará a ser um projecto sem fins lucrativos, distribuído e disponibilizado gratuitamente, feito nos tempos livres que sobram da minha vida profissional, social e familiar. Ou seja lá vou cometendo umas falhas devido a alguns imprevistos, que aconteceram durante este ano e que obrigaram a adiar alguns números. De resto, continuo a comprar os trabalhos das bandas portuguesas, a ir a concertos e a apoiar dentro do possível este movimento! E daí dar-me o maior prazer editar esta publicação. Depois de vários comentários, sei que tenho que melhorar o aspecto gráfico, mas com o tempo lá chegarei! Nunca me arrependi de nada por fazer, porque é isso: com tal que haja vontade e soubermos aproveitar o tempo conseguiremos lá chegar. Ok, ainda me arrependo de não ter comprado em puto a compilação “The Birth of a Tragedy”, mas essa história fica para uma próxima! Neste número temos duas entrevistas bastante interessantes e que demonstram o trabalho e dedicação ao mundo do metal nacional. Christophe Correia e a sua excelente entrega à divulgação do Metal através da Underground’s Voice e Emanuel Ribeiro (Ramiro), baixista dos Lyfordeath.
- Com mais um concerto temos o Headbang Solidário, com a organização de eventos solidários, desta vez apoiando o projecto Noites Solidárias a decorrer no dia 26 de Novembro no Metalpoint (Porto). As Noites Solidárias é um projecto original da Vera Pentieiros, com ligações à ACD Mariadeira da Póvoa de Varzim e que visa apoiar as pessoas com graves problemas económicos que vivem na rua, assim como os animais de estimação ligados às mesmas. O dinheiro angariado neste evento será para esta nobre causa e o concerto contará com a participação dos Soneillon BM (black metal – Porto, banda fundada em 2008 por Bellerophon apresentou este ano dois trabalhos, o EP “Wishlist Beyond Heritage” e o single “Made in Norway”), Cape Torment (death metal – Porto, fundados em 2011, praticam old school death metal e lançaram este ano o seu primeiro trabalho, através do EP “Cape Torment”) e Beastanger (black metal – Porto, fundados em 2009, editaram o ano passado o single “Damnation: A Crow’s Vision”). Ou seja, uma noite que promete, com a organização Headbang Solidário, que muito tem contribuído para a divulgação de muitas bandas do nosso panorama nacional.
Desfruta deste número e até ao próximo mês! Apoia o metal português! Marco Santos Para qualquer informação contactem-me através da página www.facebook.com/Ode-Lusitana no facebook ou através de odelusitana@hotmail.com. Visitem o site em https://odelusitana.com. Ode Lusitana
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Breves / Notícias (cont.) - No dia 5 de Novembro irá decorrer o Oeste Underground Fest no Pavilhão Multiusos da Malveira, um evento de beneficiência para os Bombeiros Voluntários da Malveira. O evento é composto por Serrabulho (happy grind – Vila Real, formados em 2010 com dois longa-duração editados, sendo o ultimo “Star Whores” de 2015, editaram este ano o split “Grind is Love” com os
Aernus
Serrabulho
death metal – Coimbra, formados em 2011, sendo a estreia o EP “Into the Fire”, tendo lançado este ano o primeiro longa-duração “Bleak Fragments”), For the Glory (hardcore - Lisboa), Terror Empire (thrash metal – Coimbra, que também apresentou o ano passado o seu album de estreia “The Empire Strikes Black”), Derrame (death metal – Lisboa, que conta com o Marco, o novo vocalista, sendo o EP “Crawl to Die” o único trabalho da banda editado em 2014), Solveig (black metal - Almada), Toxikull (heavy / thrash metal – Cascais, que lançaram este ano a sua estreia “Black Sheep”), Burned Blood (melodic death metal – Sintra, lançaram este ano o EP “In the Eyes of Ma’at”, tendo sido formados em 2006), Aernus (experimental progressive death metal – Moita, lançaram o ano passado o album “Homorretrocessus”), Verme (crust / hardcore – Almada, surgidos o ano passado, editam este ano a demo “Abutres”) e Enblood (thrash metal – Almada, formados em 2015 lançam o single “Oblivious Hate”).
bejenses Shoryuken), Primal Attack (metal – Lisboa, que editou em 2013 o seu primeiro longa duração “Humans”), Brutal Brain Damage (brutal detah / grind – Caixarias, Ourém, editou este ano o album “Bang Bang Theory”), Destroyers of All (progressive
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Underground’s Voice é um projecto pessoal do Christophe Correia com origens no ano de 2012 e que tem como principal objectivo a divulgação de bandas do meio underground, seja nacional ou internacional e que tem primorado pela qualidade. Um trabalho cheio de qualidade, reconhecido por todos e sempre com o objectivo de evoluir, por isso nada melhor do que seguir a entrevista com o Christophe para sabermos a enormidade deste projecto Underground´s Voice. Viva Cristophe! É uma grande honra ter-te neste número e pela tua disponibilidade para responderes a estas perguntas da Ode Lusitana. Para começar quero felicitar-te pelo teu excelente trabalho na Underground’s Voice e por todo o teu apoio dado ao movimento underground, especialmente ao movimento nacional. Já é um projecto com quatro anos, mas como se dá o primeiro passo e como avanças com as primeiras entrevistas da Underground’s Voice? Qual foi o momento chave para uma ideia que já vinha a fervilhar há bastante tempo? A honra é toda minha! Antes de mais, obrigado pelas tuas palavras e todo o apoio que dás à Underground's Voice. É sempre bom saber que ainda existe quem valoriza o trabalho e é melhor ainda quando vem de alguém que admiramos como é o caso. A ideia de criar a Underground's Voice surgiu um pouco do nada porque, para ser sincero, não tinha nada planeado nem pensado nesse sentido antes de realmente a criar. Fui percebendo que em Portugal a grande maioria das bandas mais pequenas e/ou recentemente criadas não tinham voz e dificilmente Ode Lusitana 4
conseguiam sair da garagem ou sala de ensaio para se fazerem conhecer. No outro extremo temos as bandas, sejam elas mais underground ou mainstream, que toda a gente conhece e são referidas em todo o tipo de sites, webzines, revistas, reportagens, etc. Porque não equilibrar as coisas? Foi nisso que pensei durante um par de dias. Seria mais interessante ser a 35ª webzine a publicar uma notícia a anunciar a vinda de uma grande banda a Portugal e a revelar o título do novo álbum dos Moonspell ou criar algo novo, que pouca gente faz e possa ser vantajoso para as pequenas bandas, as nossas bandas, que lutam diariamente por um lugar ao sol? A primeira opção seria a mais fácil, a que me permitia chegar mais rapidamente ao grande público, a que teria mais views e partilhas. Mas essa nunca foi a minha forma de ver as coisas. Enquanto escrevo esta resposta lembrei-me de um exemplo um pouco estúpido mas que serve como comparação: Se subir um edíficio de 20 andares pelo elevador poupo tempo mas sou igual a todos os outros, se subir pelas escadas demoro mais tempo mas perco meia dúzia de calorias e acabo por ter vantagens com isso. A Underground's Voice é isto, é optar pelas vantagens que realmente importam, as vantagens que ficam para sempre: as amizades, promover as bandas e artistas que realmente precisam, dar a conhecer novos nomes, dar a primeira oportunidade a bandas numa entrevista e deixar de lado as vantagens momentâneas como os likes, views e partilhas. Como não me canso de dizer, a primeira entrevista foi com o Miguel Inglês, vocalista de Equaleft que alinhou na ideia de estrear este formato, publicada uns dias depois da Underground’s Voice ter sido criada e abriu porta a todas as outras que vieram a seguir. Já tive a honra de entrevistar bandas de renome mundial e sou fã incondicional de algumas delas o que me enche de orgulho pela oportunidade e por significar que, de certa forma, o trabalho tem sido bem feito. E
o verdadeiro trabalho faz-se com as bandas nacionais que estão a dar os primeiros passos. Os Moonspell não nasceram grandes... E temos potencial para termos muitas bandas a seguirem-lhes as pisadas. Adorei trabalhar com os Wrath From Above, uma banda que nem eu conhecia e ganhou um concurso na Underground’s Voice que lhes permitiu passar o dia connosco, ter uma entrevista, sessão de fotos. Irá acontecer o mesmo com outras bandas nacionais, tenho grande vontade de trabalhar com bandas que precisam do primeiro empurrão como os Secret Chord, por exemplo.
o meu convite e bastou termos uma única reunião para acertarmos tudo e começar a trabalhar nisso. Dias depois recebi o meu primeiro convidado neste formato, o Raça, vocalista dos Revolution Within e acho que as expectativas foram cumpridas o que me permitiu continuar neste formato. Hoje em dia recebemos bandas nos escritórios e vamos fazendo entrevistas vários pontos do país, às 3h da manhã depois de concertos, em concertos pequenos, em festivais grandes, a bandas nacionais e internacionais. Tudo vale quando se gosta e quando se tem oportunidade. É uma sensação excelente poder conhecer, conviver e entrevistar artistas que sempre admiraste. Quanto a planos para estas entrevistas... Apenas continuar o que tem sido feito, dar voz às bandas!
Mais de 300 entrevistas feitas, muitos contactos, muita música descoberta e decides avançar para as entrevistas ao vivo e gravadas. Como surgiu a Diana Morais neste teu trabalho e que te tem ajudado nesta parte visual? Entendes estas entrevistas como uma complementaridade ao trabalho efectuado nas entrevistas escritas ou decididamente estás agora mais virado para estas entrevistas filmadas que são mais directas e nos mostra mais o pensamento das bandas na hora? Quais os próximos planos para estes tipos de entrevistas? As entrevistas em vídeo estavam no pensamento desde o primeiro dia e sempre foi um objectivo mas, para além de não ter as condições para tal na altura, senti que não seria boa ideia começar logo por aí. Eu sou apenas um fã de música, não tenho qualquer formação nesta área nem experiência em projectos anteriores e não queria dar um passo maior que a perna. O ideal seria começar por baixo, aprender a estruturar uma entrevista e convidar bandas para as responder mesmo sabendo que o alcance da Underground's Voice era quase nulo. Felizmente nunca recebi um "não" e todos deram a maior força para o crescimento desta ideia. A Underground’s Voice teve um crescimento enorme ao longo do tempo mas foi sempre sustentado e controlado e com as prioridades bem definidas, gosto de arriscar e acabei por o fazer em diversas vezes mas nunca dei um passo quando achei que não o deveria dar e tive boas oportunidades para o fazer. Depois de 3 anos e quase 350 entrevistas publicadas senti que era altura de inovar e não deixar que isto estagnasse e achei que já faria sentido introduzir as entrevistas em vídeo. Não foi fácil porque eu não tenho material para gravação e nem sequer sei editar vídeos por isso tinha que ter a ajuda de alguém. Encontrei a pessoa mas não tinha local para gravar, depois encontrei local e já não tinha a pessoa até que surgiu a Diana com material e local disponível. Aceitou de imediato Ode Lusitana
Este teu projecto evolui bastante rapidamente e agora tens uma outra novidade que é a Underground’s Voice Magazine. Na altura desta entrevista ainda não houve o lançamento deste primeiro número mas aproveito para te dizer que quero fazer a reserva de um exemplar!! Obrigado! Voltando à magazine, como te surgiu a ideia? Era o passo que te faltava? Também achei curioso a situação de teres entrevistas, mas não com bandas, o que demonstra também que existe todo um meio
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que gira à volta do underground e que é preciso dar a conhecer. Com isto tudo, qual é a equipa que te ajudou nesta estreia e como surgiram todas estas ideias do conteúdo da mesma e que foge um pouco ao que vemos normalmente numa magazine? Ao contrário das entrevistas em vídeo, nunca tinha pensado numa revista. Mas acabou por ser algo que senti vontade de fazer e que penso que faz sentido nesta fase da Underground’s Voice que está na sua melhor fase de sempre. Porque não coroar isso com algo especial? O lançamento de uma edição única e limitada de uma revista pareceu-me uma solução interessante. O mais óbvio seria incluir várias entrevistas com bandas, fazer reviews a álbuns e reportagens de concertos mas não tem absolutamente nada disso. Mais uma vez decidi não ir pelo caminho mais fácil ou tradicional (atenção, não estou, de todo, a criticar essa forma de trabalho até porque eu mesmo sou consumidor desse tipo de publicação. Apenas me refiro ao facto da Underground’s Voice ter um perfil e um conceito diferente, nem melhor nem pior) e criar conteúdos originais escritos por pessoas que estejam dentro desse assunto. Desde entrevistas a outros intervenientes que não bandas, há artigos sobre artworks, sobre a relação entre a arte e a música, sobre a importância das webzines/fotógrafos/etc para as bandas e muito mais. A revista está quase concluída (finalmente!!!) e foi feita sem qualquer apoio, patrocínio e nem sequer publicidade paga tem. Em vez da tradicional publicidade que se costuma ver na maior parte das revistas optei por ocupar esse espaço a divulgar bandas nacionais e publicitar outras entidades que sempre deram o seu apoio à Underground's Voice. A revista foi idealizada por mim e a grande maioria dos seus conteúdos também mas tive, como sempre, a grande ajuda da Diana que apoiou e trabalhou muito para que se tenha tornado possível a revista sair. Ode Lusitana
Outro enorme contributo tem sido o da minha amiga Maria Peixoto, responsável pelas belas t-shirts da Underground’s Voice, pela capa e por todo o layout da revista e que tem emprestado o seu enorme talento a este projecto. Por isso a equipa responsável por esta revista limita-se a mim, à Diana e à Maria, juntado a nós todas as pessoas que escreveram um artigo e a quem nunca me vou cansar de agradecer. PS: o teu nome está obviamente na lista de reservas, muito obrigado! Uma das perguntas que fizeste na tua página foi o que gostaríamos que viesse a seguir nesta excelente evolução. Da minha parte referia a continuares o lançamento desta tua magazine, nem que seja com uma edição trimestral, talvez a inclusão de um CD, assim como também sugeria a criação de um site onde pudesses ter todas as entrevistas, sejam escritas ou através de vídeo. Mas por ti, o que desejas que viesse a seguir? Este é um trabalho apenas teu, mas devido ao reconhecimento e ao volume de trabalho estarias disposto a recrutar colaboradores para te ajudarem? Qual o limite para a Underground’s Voice? Agradeço a tua excelente sugestão e sem dúvida que a vou ter em conta, aliás, a questão do site está em cima da mesa e cada vez mais se torna uma necessidade até pela dificuldade em encontrar algumas entrevistas mais antigas em que não sabes muito bem em que data foi feita. Como disseste, a Underground's Voice é um projecto apenas meu e independetemente do volume de trabalho, do reconhecimento ou do que quer que seja quero que continue a ser. A Diana é minha colaboradora e entende todo o conceito, toda a forma de trabalhar e a forma da Underground’s Voice estar na dita "cena" nacional e consegue perceber por termos uma relação de grande amizade fora de trabalho. A 6
Underground's Voice, apesar de ser um projecto muito ligado a bandas, a artistas, a seguidores, a promotores, etc é um projecto muito pessoal e por isso tem muito das minhas emoções e estados de espírito na sua essência e é algo que quero manter. Não se deve confundir com falta de vontade de trabalhar com outras pessoas, adoro fazê-lo e adoro trabalhar em equipa e posso perfeitamente vir a trabalhar com uma equipa num projecto novo. Quanto a limites, não os tenho porque estou constantemente insatisfeito e sempre em busca de algo mais. Fiquei muito feliz e entusiasmado quando cheguei às 300 entrevistas publicadas mas actualmente considero isso pouco. Arranquei com entrevistas em vídeo, tive crónicas para uma publicação brasileira, tive o privilégio de apresentar a Underground’s Voice na televisão, tudo coisas que me enchem de orgulho e actualmente acho isso pouco. Neste momento estou focado na revista que vai ser um enorme passo em frente mas quando a tiver lançada vou imediatamente considerar um objectivo concluído e pensar em algo maior e já tenho algumas ideias para isso. Novidades irão, provavelmente, aparecer em breve! Trabalho com máxima humildade e os pés no chão mas sempre com objectivos e desafios grandes.
desculpa para a não internacionalização das bandas. Há países que têm uma localização ainda menos favorável que a nossa e têm bandas capazes de ser internacionalizarem... O que seria de nós se estivessemos na Austrália? Nós aqui temos voos lowcost para grande parte da Europa, podemos ir de carro para as cidades espanholas mais próximas, há comboios, etc. Uma banda Australiana tem, inevitavelmente que fazer mais esforços para chegar onde quer que seja. Nós estamos mal localizados mas não tanto como alguns querem fazer parecer. Na minha opinião existem vários motivos para o facto das nossas bandas não se conseguirem atingir esse patamar, alguns que são da inteira responsabilidade da banda e outros que são factores externos. Nem todas as bandas estão dispostas a embarcar numa aventura dessas e passar um mês em digressão, seja por motivos de trabalho, familiares ou simplesmentente podem não achar vantajoso fazê-lo. É preciso que a banda seja levada a sério e com máxima responsabilidade e não vê-la com uma hobbie ou algo para te abstraíres da realidade durante os ensaios e meia duzia de concertos que dás e para além disso é preciso um largo investimento para tornar isso possível. E, verdade seja dita também, temos que admitir que nem todas as bandas têm qualidade para atingir esse patamar o
És um forte conhecedor do nosso movimento nacional, em que também és da opinião que temos muito boas bandas. Os nossos grandes embaixadores lá fora continuam a ser os Moonspell, fruto de muito trabalho, mas entre outros também tivemos o reconhecimento além fronteiras dos Heavenwood e Tarantula, com muitas situações pontuais de outras bandas. É verdade que não podemos comparar a situação actual com o boom do Metal há uns anos, em que através de um contrato discográfico os nomes das mesmas era muito mais facilmente projectado, mas o que nos falta para termos mais bandas reconhecidas lá fora? Poderá haver receio ou mesmo falta de dinheiro para poder dar esse salto? Como vemos temos lançamentos muito originais e com uma boa qualidade sonora que nos coloca muito à frente de algumas bandas que nos visitam. Será apenas uma questão periférica do nosso país como alguns dizem? Engraçado me fazeres essas perguntas porque recentemente tive uma conversa sobre este tema e até há uma referência sobre isto na revista!!! É um assunto delicado que pode ser interpretado de várias formas. Acho que sermos um país periférico já não é Ode Lusitana
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que é totalmente compreensível. Há o bom e o mau em todas as áreas e a música não poderia fugir a isso. De qualquer maneira concordo quando dizes que estamos à frente de muitos na qualidade de lançamentos e as bandas cá em Portugal tem excelentes locais para gravar os seus álbuns... Locais esses que às vezes até recebem bandas internacionais! O mesmo se pode dizer quanto à produção e quanto aos profissionais nessa área, estamos extremamente bem servidos. Se as bandas internacionais reconhecem essa qualidade e vêm cá gravar e tocar é sinal que realmente temos potencial senão iam gravar a outro país qualquer. Com isto tudo, fica provado que as bandas tem qualidade para chegar lá mas nem sempre estão dispostas a apostar e investir nisso (obviamente me refiro às que têm possibilidades de investir) e ficam à espera da sorte. Mas a sorte não espera, procura-se.
É trabalho que a grande maioria não valoriza por ser necessário pagar (na sua maioria) enquanto está tudo disponível gratuitamente na internet e actualmente estamos quase todos mais virados para o mais prático, para tudo que é mais imediato. Felizmente ainda há quem consiga valorizar o trabalho, os artworks e tudo que é realmente palpável. Actualmente são poucas essas publicações mas como se costuma dizer, somos poucos mas bons! Sou um leitor eclético mas confesso que não compro nenhuma revista todos os meses. Normalmente compro aquela que mais vai de encontro aos meus gostos e interesses e vou acompanhando as notícias diariamente na várias webzine. Provavelmente acabei por me adaptar a esta realidade por todos os motivos que fui referindo acima. Com a quantidade de música actualmente disponível, ainda para mais com o trabalho que tens, em que ouves bastantes bandas, há sempre aqueles álbuns que recorres volta e meia e que te despertam uma excelente sensação. Consegues enumerar alguns álbuns que te iniciaram neste tua paixão pelo metal e que ainda os ouves? Neste momento, que bandas é que andas a ouvir e que tens gostado do seu som, sejam bandas nacionais ou internacionais? O tipo de trabalho que tenho faz com que realmente esteja constantemente em contacto com a música e, com toda a sinceridade, ouço tanta coisa que se torna mais complicado ser apanhado de surpresa ou ouvir algo que seja completamente transcendente. Isso não quer dizer que ouças maus álbuns porque, na realidade, a grande maioria dos que ouço são no mínimo bastante razoáveis! Machine Head é e será sempre a minha banda favorita e são aqueles que já me acompanharam em vários estados de espírito completamente opostos, é uma daquelas coisas pouco explicáveis mas, para mim, são mais que uma banda, são tipo um melhor amigo em forma de música. Acompanham-me sempre. Ainda falando de bandas internacionais tenho estado numa onda mais Thrash (como quase sempre!!) com Warfect, Violator, Dekapitator, Suicidal Angels entre muitos outros. Tenho também que destacar, inevitavelmente alguns álbuns nacionais que têm rodado muito por aqui: Revolution Within que lançaram provavelmente o seu melhor álbum e logo na altura que completaram 10 anos de carreira, Equaleft, WAKO, Tales For The Unspoken, Filii Nigrantium Infernalium, Morte Incandescente, Web e
Uma das lacunas que temos a nível nacional é a falta de meios escritos, seja na base das magazines e fanzines, o que contraria um pouco o movimento que vemos a nível mundial, incluindo o europeu, com várias projectos lançados. Mesmo as webzines em Portugal tem vindo a desaparecer. És da opinião que é importante haver o suporte de papel para a divulgação do Metal? Qual a razão das poucas edições actualmente em Portugal, quando ainda há uns anos existiam tantas newsletters, fanzines, folhetins? És um consumidor deste tipo de leitura? Quais as magazines ou fanzines que lês? Acho que cada vez mais a internet engole esse tipo de publicações e capta mais a atenção dos leitores devido ao seu acesso mais imediato, digamos assim. Hoje basta abrir o Google e em segundos estamos a ler todo o tipo de notícias e vídeos sem qualquer problema. Sem dúvida que não há nada melhor do que ter uma revista ou um folhetim na mão, tem muito mais valor e até nos dá outro tipo de proximidade. Acho que seria importante que continuassem a existir e é uma pena vermos que estão aos poucos a desaparecer, mais ainda, sabendo que algumas delas eram de enorme qualidade! Não sei se existe alguma explicação lógica para isso estar a acontecer... Provavelmente trata-se apenas de evolução, um sinal dos tempos que insiste em substituír o homem pela máquina e que levou a este desfecho. Falo por mim também, a Underground's Voice sempre foi uma plataforma online e está agora a estrear-se em papel para uma edição especial e pelo volume de trabalho que dá, sinceramente, não me via a fazer uma revista mensal nestas condições. Ode Lusitana
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tantos outros que nem consigo enumerar... a música nacional transpira saúde e qualidade!
https://www.youtube.com/channel/UC0r4XLJSilNJivtqr_XXz4A undergroundsvoice@gmail.com
Christophe é assim que chegamos ao final desta entrevista. Queria-te agradecer novamente pela tua disponibilidade e as últimas palavras são tuas. Eu é que agradeço pelo convite. Como leitor da Ode Lusitana e admirador de todo o teu excelente trabalho foi uma enorme honra para mim poder dar o meu contributo nesta edição, um enorme obrigado! Aproveito para repetir aqui o que já te disse algumas vezes em privado: Houvessem mais pessoas como tu neste meio que lutam e trabalham pela causa, por amor à camisola e tudo funcionaria melhor. É um privilégio para mim poder contactar e conviver contigo! Quero obviamente agradecer a todos que seguem a Underground's Voice e que a apoiam seja de que forma for, o trabalho pode ser muito bem feito mas se ninguém estiver atento de nada vale e felizmente não me têm falhado. Uma palavra de agradecimento, mais uma vez, à Diana Morais e à Maria Peixoto por toda a ajuda e enorme contributo que dão em troca de... nada! Como últimas palavras gostava só de dizer que não adianta alimentar as guerrinhas que todos vemos diariamente nas redes sociais e novelas em vários eventos de concertos e festivais. E outra coisa, a tecnologia está muito avançada mas um "vou" no evento ainda não equivale à presença real. Saiam de casa, apoiem as bandas nacionais, vão a concertos, divirtam-se, bebam um copo, comprem álbuns e merch e acima de tudo mantenham um espírito positivo, todos temos a ganhar com isso. Obrigado e até breve! Sigam a Underground's Voice:
Breves / Notícias (cont.) - Disthrone, banda com origens no Seixal no ano de 2011 editou no passado mês de Agosto o EP “Retaliação” através da Helldprod Records. Um autêntico murro no estômago, com o seu som crust punk / d-beat mas que mesmo assim nos deixa ansiosos por mais! Banda a seguir atentamente, tendo nas suas fileiras Carina Domingues (voz (Animalesco, o Método)), Daniel Pereira (guitarra (Bruma Obscura)), Pedro Santos (baixo) e Pedro Almeida (bateria (A Tree of Signs, Extreme Unction, Scum Liquor). - Requiem Laus, banda de melodic death metal do Funchal editou o EP “A Higher Claim”. Formados em 1992, tendo alterado o nome para Requiem Laus em 1994, tendo nesse ano editado a demo de estreia “Life Fading Existence”. Chegados ao ano de 2008 vemos o primeiro longa-duração editado com o nome de “The Eternal Plague”, sendo o segundo álbum “As Long as Darkness Bleeds” de 2011. Em 2012 é lançado o EP “Impulse”. Uma banda a continuar a ter em atenção com mais de 20 anos de carreira e composta por Miguel Freitas (voz / guitarra), Dani Pereira (guitarra) e Ricardo Fernandes (baixo).
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Lyfordeath, banda formada no ano de 2012, na zona do Porto, pratica uma mistura sonora com fortes bases thrash, death e progressive, mas mesmo assim insuficientes de descrever para entrarmos nesta sonoridade fantástica. Com o lançamento em 2013 do tema “Emissary of Death”, disponibilizam para audição em Agosto deste ano o single “Satan” que foi o mote para esta entrevista com o Ramiro (Emanuel Ribeiro). A banda é formada por Gil Dias (voz), João Almeida (guitarra), Carlos Moreira (guitarra), Emanuel Ribeiro (baixo) e Luis Moreira (bateria). Viva Ramiro! Muito obrigado por teres aceite o convite para esta entrevista à Ode Lusitana. E vamos começar pela mais recente novidade o vídeo “Satan”. O vídeo está fantástico, mas como nasceu essa parceria com a Diafragma (Ana Sousa & Pedro Gonçalves)? Conhecemos o Pedro e a Ana no “Hell Sweet Hell Lordelo Metalfest”, em 2015. Na altura, fizeram um pequeno vídeo nosso, que nos despertou interesse em ver o trabalho deles. Entretanto, já estando nós a pensar em gravar a “Satan”, em conjunto, fomos delineando e projetando o videoclip até chegarmos ao que temos hoje. Além disso tem a particularidade de ter sido filmado na Citânia de Sanfins, que é um dos castros mais representativos da nossa história. Porquê a escolha deste local e como é que se sentiram ao expressar a vossa música nesse lugar? Inicialmente, tínhamos idealizado um anfiteatro ao ar livre mas, genialmente, o Pedro tirou a Citânia de Sanfins da cartola. Ideia que nos agradou desde logo: o local em si estava bem dentro do tema e além do mais, por ser residente em Sanfins, o Pedro tinha facilidade em obter as licenças. Apos analisar a proposta, decidimos reformular todo o guião e gravar o videoclip na Citânia de Sanfins e o resultado final está à vista: a meu ver compensou bastante. Ode Lusitana 10
Estar a gravar e a tocar naquele local fez nos sentir grandes mas completamente insignificantes. A grandeza Histórica do local, que já ronda os dois milénios, faz-nos perceber que nós, raça humana, somos apenas um grão de areia que flui pela ampulheta do universo. Lyfordeath tem o ano de fundação em 2012, mas neste último ano tem apostado fortemente na divulgação do vosso nome e podemos ver isso nos vários concertos que tem dado e do qual vos vi em Fevereiro no Hard Bar junto com Gates of Hell, Motim e The Gravediggers. Os ensaios são importantes mas são estas actuações que fazem com que a vossa máquina fique bem oleada. Qual a tua opinião acerca destes concertos que tem feito? A interação com o público durante o concerto e fora do concerto tem sido importante para vos fazer crescer? Ensaiar é indispensável mas é nos concertos que as nossas emoções se sobressaem mais: não só por termos pessoas à nossa frente mas principalmente pela sinergia que acontece ou não com essas mesmas pessoas. Isso faz-nos crescer como banda, como músicos, como Homens ao encontro de uma identidade comum: Lyfordeath. És o elemento mais velho da banda e isso faz com que tenhas uma responsabilidade diferente perante o resto da banda, ou o objectivo será sempre fortalecer cada vez mais os Lyfordeath? Numa fase inicial admito que o facto de ser o elemento mais velho e mais experiente da banda dava-me uma responsabilidade acrescida. Não só na condução dos ensaios como na gestão das expectativas criadas pela própria banda: Eu tinha 28 anos e o Luís (baterista) tinha 15. Com o passar destes anos, com a convivência, aprendizagens mutuas e alguma estrada nas pernas, as coisas foram-se equilibrando e atualmente considero-me mais um que acrescenta valor a esta família fantástica, da qual faço parte.
Agora a pergunta da praxe. Como está a correr a preparação do novo álbum? Será sempre um álbum conceptual baseado muito na onda do vosso tema de 2013 “Emissary of Death”? Quem é este emissário? E já agora, para quando a previsão de lançamento do álbum? Neste momento, estamos numa fase de composição e conceptualização não nos é possível prever datas em concreto. Por enquanto, a história do emissário não pode ser desvendada. Apenas podemos revelar que é uma personagem assolada por dúvidas e questões sobre si mesmo e tudo o que o rodeia e não será propriamente um herói mas sim uma mistura de um anti herói e de um herói byroniano.
tive os Feedback (banda de pop rock e onde eu me iniciei como baixista aos 14 anos). Com 16 anos e em simultâneo com os Feedback, integrei mais dois projetos: Sem Registo (rock cantado em português) e SAXO (música de baile). Como nasceu essa tua paixão pelo baixo? Digo isto, porque geralmente o baixo é o instrumento que menos atraí músicos a optarem por esta escolha, mas que tem um peso demolidor na secção rítmica das bandas. Por exemplo lembro-me em miúdo de equalizar o som para ouvir o Steve Harris nos álbuns de Iron Maiden. Quais são os teus baixistas de eleição? Eu tinha 14, andava no 9ºano e o meu melhor amigo da época (Carlos Alves), que era da minha turma, frequentava aulas de música que existiam na escola, que eram dadas de forma voluntária e gratuita pelo professor de música da escola (Luís Rego), após o final do horário escolar. Por influência do Carlos, comecei a assistir a essas aulas. Como eu não sabia tocar, o Carlos dava-me uma guitarra acústica e punha-me a fazer as tónicas, em notas graves, dos acordes e riffs que fazia. Foi numa dessas situações em que seu estava com o Carlos que o professor de música me disse que eu tinha “feeling” de baixista e apresentou-me um baixo
Entras para os Lyfordeath através do teu primo João Almeida (Sookey), e vinhas de ter tocado baixo com os Hangover numa veia mais metal core. Estiveste em mais alguns projetos? Antes de integrar os Lyfordeath tive Hangover durante 10 anos. Esta foi banda que quando começou era de Nu Metal e acabou como uma banda Metalcore. Antes de 2002, altura em que juntamente com o meu grande amigo Victor Martins formei os Hangover, Ode Lusitana
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a serio: um “Samik” de 4 cordas, com um braço mais pequeno que um baixo comum (o baixo da escola). Três semanas depois, numa festa da escola, toquei uma música ao vivo com os Feedback (banda da escola) e senti-me muito bem em palco e, sobretudo, com o baixo. Relativamente aos meus baixistas de eleição, estes foram aparecendo mais tarde. Não pelas capacidades técnicas que possuem mas, sobretudo pela identidade vincada que possuem quando tocam: Fieldy (Korn) Ryan Martinie (Mudvayne) e Robert Trujillo (Metallica) são aqueles com quem mais me identifico.
A vida é feita por uma evolução a todos os níveis, incluindo os musicais. Uma das particularidades dos headbangers hoje em dia é a grande variedade de bandas que ouvimos. Fazendo um exercício de memória ainda te lembras de quais as bandas com que começaste a ouvir Metal? Lembro-me perfeitamente que a primeira banda de Metal que ouvi, foi Metallica: o álbum “Kill ‘Em All”. Tinha 10 anos, na altura, e curiosamente foi-me emprestado por um primo meu que não é grande apreciador de Metal. Curiosamente, não foi Metallica a banda que me fez despertar, verdadeiramente, a paixão pelo “Metal”. Foram bandas como Korn, Sepultura, Slipknot, Machine Head, Coal Chamber, Mudvayne, Slayer… que atiraram comigo para os Hangover e consequentemente para o Metal. Hoje em dia que bandas é que te tem despertado interesse, sejam nacionais ou internacionais? Atualmente sou mais diversificado relativamente a bandas. Continuo a ouvir, não com tanta frequência, quase todas as mesmas bandas que ouvia na adolescência mas, ao longo dos anos, o meu léxico de bandas foi aumentando. Ode Lusitana 12
Bandas como Opeth, Moonspell, Wako, Porcupine tree, Fleshgod Apocalypse, Meshuggah, Dream Theater, Between the Buried and Me, Gojira, Death, Unearth, Ouroborus, Clock Paradox de entre outras foram se juntando ao meu menú. Como elemento dos Lyfordeath, ou como espectador, tens presenciado muitos concertos e do qual deves ter reparado na grande quantidade de bandas existentes no nosso país, assim como um público que se vai tornando (novamente) fiel. As condições para as bandas também tem sido bastante boas, inclusive a nível sonoro. Em que mais podemos evoluir? Temos verificado nos últimos anos uma grande melhoria das condições para atuação das bandas, pena é que essa evolução tenha vindo acompanhada de uma enorme recessão relativamente aos caixets que, infelizmente, são muito baixos, na grande maioria das vezes. Lembro-me que há 10 anos atrás, com Hangover, com muito menos trabalho desenvolvido, auferíamos caixets bem superiores aos que atualmente, por norma, são praticados: às vezes nem pagam as despesas. Mas acredito que, na grande maioria das situações, paga-se o que se pode. Assim sendo, há que dar valor a quem tenta fazer alguma coisa pelo Metal. Não obstante disto, podendo parecer que não, os reduzidos caixets auferidos pela gradíssima maioria das bandas tem uma enorme influência no atraso ao seu desenvolvimento e crescimento para o exterior pois é da subsistência destas que estamos afalar: a grande maioria só existem por amor à causa. Mas é bom não esquecer que esta situação é cada vez mais transversal a todos os setores de atividade: a tão aclamada crise e a falta de dinheiro obrigam as pessoas consumirem menos. Nem todos podem ir ver concertos, comprar discos ou outro tipo de merchandise que, em abona da verdade, ajudam a compor as contas de uma banda. Como se consegue trazer esta geração mais nova para o Metal, sem se sentirem excluídos perante os seus colegas no secundário? Nos tempos que correm, na minha opinião, a discriminação sobre os metaleiros é menor. Já se vê uma maior abertura das pessoas relativamente ao diferente ou fora de padrão e o respeito pelo que não gostamos aumentou.Penso que neste sentido tem existido uma enorme evolução e acredito que,
cada vez mais, serão a minoria aqueles que não respeitam as diferenças.
na em grande escala. Sendo por isso, de extrema importância, a existência de mais canais e meios de transmissão de Metal, não só para as bandas, como para os apreciadores: abrindo assim as portas à diversidade e maior opção de escolha.
Sendo o Metal um movimento que está sempre na vanguarda, tem feito um aproveitamento das tecnologias e principalmente das redes sociais para a divulgação de tudo o que está relacionado com o seu trabalho. Este bombardeamento de informação poderá saturar o meio levando a que mesmo assim se torne complicado chegar a todos os intervenientes? Devido às dificuldades, nomeadamente financeiras, que normalmente as bandas ultrapassam, qualquer forma gratuita de se promoverem torna-se de relevada importância e, como é obvio, aproveitável ao máximo. Naturalmente, sendo esta a maioria das bandas (muitas bandas) e sendo poucos os meios de se promoverem de forma gratuita, é natural que se torne mais difícil chegar de forma eficaz a quem pretendemos chegar mas não acredito que estes meios se venham a saturar. Na vida, como em tudo, tudo tem um fim: tudo começa, tudo acaba e salvo raras exceções, o que acaba deixa de ser relembrado.
És ‘consumidor’ de fanzines, revistas? Não sou grande consumidor: compro, de quando em vez, uma revista ou outra. Sou mais consumidor de blogues e sites, principalmente do underground, onde vou descobrindo bandas interessantíssimas e de grande valor. Ramiro, é assim que chegamos ao final desta entrevista, a qual agradeço a tua participação e desejo as maiores felicidades para os Lyfordeath. Estas últimas palavras são tuas. Agradeço desde já à Ode Lusitana pelo interesse em mim e nos Lyfordeath e a oportunidade desta entrevista. Para mim é e sempre será um orgulho falar de mim, do meu trabalho e do trabalho da minha família (Lyfordeath). Para os nossos irmãos do Headbang, resta-me apelar a que se mantenham firmes e cada vez mais em força nos concertos. Um grande abraço a todos. Vemo-nos por aí. \m/
Em Portugal estamos a ver um grande trabalho de divulgação por parte das bandas, mas continua a faltar uma intervenção maior dos vários meios de comunicação, como fanzines, revistas, programas de rádio, devido ao seu número reduzido. Em tua opinião estes meios de comunicação seriam mais aglomerantes da divulgação das bandas, podendo até chegar a informação a mais pessoas? Apesar da sua relevância não ser a mesma de alguns anos, até devido à internet e redes sociais, a rádio, a televisão e as revistas em papel ainda são meios de comunicação que atingem grandes massas. Na perspetiva das bandas, estes meios são vistos não só pelo número de pessoas que atingem mas, principalmente, pelo tipo de pessoas: o volume de programação destes meios dedicados ao Metal são poucos relativamente ao número de artistas ou bandas a promover/divulgar. Sendo assim, as bandas encaram a sua aparição nestes meios como uma questão de estatuto e reconhecimento. Quando falo em estatuto, refiro-me ao papel destes meios como “recomendadores daquilo que é bom”, não porque são os donos da verdade absoluta mas porque, sendo escassos relativamente à enorme oferta de bandas, criam a sua “nata” e transmitemOde Lusitana
https://www.facebook.com/Lyfordeath
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- Salqiu. “Deus guerreiro da morte e dos mundos inferiores venerado pelo povo lusitano”. No mundo do underground musical nacional é um projecto com origem na Quinta do Conde, praticantes de avant-garde atmospheric black metal, sendo o seu mentor Salqius Laurentius. Em Novembro está previsto a preparação de um novo álbum que promete um som mais atmosférico, mas também uma aproximação maior ao black metal e que contará com a colaboração de alguns membros da comunidade Black Metal Amino. Ainda se encontra disponível para compra o álbum “To Whom it Serves the Triumphant Destiny”, limitado a 50 unidades e que foi lançado em Setembro deste ano. - Os portuenses Inthyflesh lançaram em Setembro o seu quarto longaduração com o nome “The Flaming Death” através da editora espanhola BlackSeed Productions. Fundada no ano de 2000 praticam black metal e no próximo dia 5 de Novembro apresentam o novo álbum ao vivo no Metalpoint no Porto, sendo os conviados especiais Ordem Satânica.
Breves / Notícias (cont.)
- Biolence, banda formada em 1998 em Vila Nova de Gaia, actualmente com um som thrash / death / black metal, irá lançar no primeiro trimestre de 2017 o seu longa-duração de estreia “Violent Non Conformity”, mostrando grandes alterações sonoras em relação ao seu último lançamento, o EP “Melodic Thrashing Mayhem” de 2010. A banda promete mais novidades em breve e na sua formação conta com César C. (voz / guitarra (Unfleshed)), David P. (guitarra (Unfleshed)), Marco S. (baixo (Pitch Black, Dementia 13, The Ominous Circle)) e Afonso R. (bateria (Pitch Black, Gates of Hell)). - Os lisboetas Analepsy preparam o seu longa-duração de estreia com o nome “Atrocity From Beyond” que será editado em Janeiro de 2017 através da Vomit Your Shirt e a Rising Nemesis Records. As gravações, misturizações e masterizações ficaram a cargo do Miguel Tereso, sendo a bateria gravada nos Nox Messor Studios pelo Tiago Mesquita. A capa já disponível é da autoria de Lordigan (Pedro Sena). A base do álbum é uma história preparada pelos elementos da banda e que mostra um conflito existente entre duas eras. Slamming brutal death metal é o que esperamos do Diogo Santana (voz / guitarra), Marco Martins (guitarra), Flávio Pereira (baixo) e Tiago Correia (bateria). Ode Lusitana
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thrash metal / crossover.
- No próximo dia 12 de Novembro irá decorrer a 4ª edição do Mosher Fest, no Cascata Club em Coimbra, com a participação de Corpus Christii (black metal – Lisboa, sendo o seu último trabalho o álbum “PaleMoon”), Dementia 13 (death metal – Porto, que tem em “Ways of Enclosure” de 2015 o seu primeiro álbum), Revolution Within (thrash / groove metal – Santa Maria da Feira – editaram já este ano o seu terceiro longa-duração de nome “Annihilation”) e Tales for the Unspoken (groove metal – Coimbra, formados em 2008 editaram o ano passado o seu segundo álbum “CO2”). Como cabeças de cartaz estarão os suecos Dr. Living Dead, praticantes de
Ode Lusitana
Agenda Outubro 25 – Behemoth (Pol) / Secrets of the Moon (Ale) / Mgla (Pol) – Paradise Garage, Lisboa 25 – Negura Bunget (Rom) / Ossific (Can) – Cave 45, Porto 26 – Negura Bunget (Rom) / Noctem (Esp) / Antagonist Zero (Fin) / Ossific (Can) – RCA Club, Lisboa
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/ Aernus / Verme / Enblood – Oeste Underground Fest – Pavilhão Multiusos da Malveira, Malveira 5 – Attick Demons / Inner Blast / Cruz de Ferro – Cave 45, Porto 5 – RAMP / No Hope / Fernando – Rock da Velha XIII – Musica Velha, Pernes, Santarém 5 – WAKO / Demon Dagger / Lyfordeath – Hard Bar, Bustos, Oliveira do Bairro 5 – Inthyflesh / Ordem Satânica – Metalpoint, Porto 6 – Max & Iggor Cavalera – Return to Roots – Hard Club, Porto 10 – Amon Amarth (Sué) / Testament (E.U.A.) / Grand Magus (Sué) – Coliseu, Porto 11 – BurnDamage / Grimlet / Punchdown – Aveiro Metal Clash (1st edition) – Hard Bar, Bustos, Oliveira do Bairro 11 – Dr Living Dead (Sué) / Switchense / Ho-ChiMinh / Mindtaker – Warm Up Moita Metal Fest 2017 – RCA Club, Lisboa 12 – Dr Living Dead (Sué) / Corpus Christii / Dementia 13 / Revolution Within / Tales for the Unspoken – Mosher Fest – Chapter IV – Cascata Club, Coimbra 19 – Switchense / Ho-Chi-Minh / Terror Empire / Ventas de Exterko / Villain Outbreak / Suspeitos do Costume / Contra Mão / Smash Skulls – Alvalade Arise Metal Fest III – Antigo Centro Social da Mimosa (Alentejo) 19 – The Ominous Circle / O Cerco – Apostles of the Eternal Fire – Cave 45, Porto 25 – Revolution Within / Kritter (Esp) – Full Metal Attack II – Chapter 1 – Hard Bar, Bustos, Oliveira do Bairro 26 – Soneillon BM / Cape Torment / Beastanger – Headbang Solidário: Noites Solidárias – Metalpoint, Porto 28 – Hate (Pol) / Noctem (Esp) – Hardclub, Porto 29 – Hate (Pol) / Noctem (Esp) – RCA Club / Lisboa
29 – Attick Demons / Mindfeeder / Cruz de Ferro – RCA Club, Lisboa 29 – Infest (Fra) / Dead Meat / Brutal Brain Damage / Primal Attack / Bleeding Display / Analepsy / Trepid Elucidation / Kapitalistas Podridão / Enblood – Kamikaze Fest III – Halloween Edition – Espaço Lagoa – Cercal, Ourém 29 – Tales for the Unspoken / In Vein – Halloween Night – X-Tus Bar, Lousã 29 – Congruity / Liber Mortis / Inner Blast / Invoke / No Hope – CTX Metal Fest – Centro Cultural do Cartaxo, Cartaxo 29 – RAMP / Defiled (Jap) / Mistweaver (Esp) / Destroyers of All / Unfleshed – A.S.D.R.E.Q. – Quintela de Orgens, Viseu 30 – Pain (Sué) / The Vision Bleak (Ale) / Dynazty (Sué) / Billion Dollar Babies (Sué) – RCA Club, Lisboa 30 – Defiled (Jap) / Mistweaver (Esp) – Porto Deathfest – Metalpoint, Porto
Novembro 4 – Konad Moska (festa comemorativa dos 20 anos) – SoHo Café and Lounge, Vila Franca de Xira 5 – Serrabulho / Primal Attack / Brutal Brain Damage / Destroyers of All / For the Glory / Terror Empire / Derrame / Solveig / Toxikull / Burned Blood Ode Lusitana
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