Ode Lusitana # 3 - fevereiro 2015

Page 1

Ode Lusitana Número 3 – Fevereiro 2015

panorama ‘necro’ português. Depois da actuação no passado dia 14 de fevereiro na Casa da Cultura de Beja junto com os Bruma Obscura, Invoke e Liber Mortis, ficamos a aguardar as primeiras edições. -­‐ Forgotten Suns banda lisboeta com créditos assinalados no progressive rock / metal lança no dia 21 de março o seu longa duração “When Worlds Collide”. A festa de lançamento será no Paradise Garage, com os convidados Mindfeeder. -­‐ A associação cultural Fora de Rebanho, apresentou uma actualização do seu cartaz para os próximos meses, com várias presenças de peso a nível nacional. A destacar teremos a presença dos Theriomorphic, que no dia 14 de março irão celebrar no RCA Club (Lisboa) os 10 anos da edição do primeiro longa duração, “Enter the Mighty Theriomorphic” e que contam em palco com a ctuação de Shadowsphere, Bleeding Display e Tales for the Unspoken.

Editorial Este início de ano está a ser caracterizado pela grande quantidade de edições discográficas das nossas bandas, assim como uma elevada série de actuações ao vivo. O metal português continua bastante activo e o público têm marcado presença nos vários eventos. Para isso muito têm contribuído o esforço feito por todos, desde as bandas aos promotores, passando por todos os meios de divulgação. Os festivais marcados por uma forte presença de bandas portuguesas estão a marcar o ritmo da música que se faz por cá. Independentemente do estilo praticado, tem havido uma convivência salutar entre os vários elementos de modo a partilhar ideias e paixões. Neste número temos uma reportagem do Colhões de Ferro que é um dos festivais que a bastante tempo está a divulgar o que temos na música extrema nacional e nada melhor do que fazer uma visita para vivenciar isso mesmo. Temos também “Um dia na vida dos Booby Trap”, com um acompanhamento de um ensaio desta banda aveirense, em que mostram porque é que vale (ainda) a pena lutar pelas paixões que temos. Também temos Humanart, a marcarem a sua presença no black metal português através de esforço e dedicação. Aqui estão mais 8 páginas de edição gratuita com saída mensal. Imprimam esta zine (livreto A5) e divulgem o nosso metal! Marco Santos Para qualquer informação contactem-­‐nos através do nosso perfil Ode Lusitana no facebook ou através de odelusitana@hotmail.com

Breves -­‐ Provenientes de Lisboa, os Wildnorthe, praticantes de “dark devotional music”, apresentam brevemente o seu EP de estreia “Awe”. Sara Inglês e Pedro Ferreira estão a despertar a curiosidade dos ouvintes depois do single de estreia “Wildnorthe” divulgado no ano passado. -­‐ Analepsy, banda lisboeta de brutal death metal pretendem lançar brevemente o EP “Dehumanization by Supremacy”. Formados no final de 2013, causaram sensação com o single de estreia “Genetic Mutations”. Com as gravações já terminadas, as misturas estão a cargo do Miguel Tereso dos Primal Attack. -­‐ “Dos vastos e melancólicos campos alentejanos, nasceu A Foice”. Originários de Beja e praticantes de psych doom / black metal é uma das bandas mais recentes a surgirem no

-­‐ É a 6 e 7 de março que a Arena de Évora recebe o Évora Metal Fest, com a presença no dia 6 de Karseron, Above the Hate, Diabolical Mental State e Shoryuken. No sábado dia 7 teremos Wako, Corpus Christii, Uaninauei, Midnight Priest, Göatfukk, Borderlands, Push, Analepsy, Omega Sins e 13After. -­‐ Os conimbricenses Tale for the Unspoken preparam para lançar em Abril deste ano o sucessor da estreia “Alchemy” através da Raising Legends. Inclui participações do Ricardo Martins (Terror Empire) e Miguel Inglês (Equaleft).

1

continua página 3


duas guitarras assim que o Black metal com apontamentos sinfónicos deixou de fazer sentido para nós. Por norma eu esboço o esqueleto de uma nova música em que depois todo o pessoal trabalha até se atingir resultados que nos satisfaçam, e sim, somos uma banda que adora tocar ao vivo com toda a interacção que isso possibilita. -­‐ Numa entrevista tua dizes que o “black metal é música carregada de raiva, inconformismo e reflexão, associados ao lado obscuro do Ser Humano”. Consegues explicar este lado obscuro do Homem e de tudo o que o rodeia? Os vossos temas giram à volta deste conceito? Que achas desta vaga actual de bandas post-­‐black metal que vão aparecendo lá por fora? Pode ser polémico, mas estas bandas estão a desvirtuar o estilo? O lado obscuro é toda aquela parte do ser que se encontra aprisionada pelos dogmas embebidos na sociedade actual principalmente através da religião organizada, gostamos de explorar os limites mesmo que para isso tenhamos de fugir ao politicamente correcto. Não ouço nada dessa coisa do Post-­‐bm nem acho que se enquadrem no mesmo universo ao qual sou fiel à duas décadas, simplesmente ignoro. -­‐ “Lightbringer” o vosso primeiro longa duração editado em 2014, foi um dos melhores registos portugueses do ano. Ao final deste tempo como olhas para o álbum? Os temas encaixaram bem, mesmo alguns deles já terem sido escritos a algum tempo? Vamos esperar mais tempo por um novo álbum? Com este álbum tem acontecido algo que é inédito, após vários meses dou comigo a ouvi-­‐lo regularmente e com imenso prazer sem sentir aquela necessidade de me afastar um pouco do material como é comum, adoro ouvi-­‐lo e toca-­‐ lo, os temas fluem bastante bem já que a organização dos mesmos foi pensada com um fio condutor e uma coerência que não sendo conceptual é completamente intencional. O sucesso deste trabalho só não teve para já mais eco no nosso país porque “forças estranhas” tentaram abafa-­‐lo e denegri-­‐lo mas estamos satisfeitos com as excelentes críticas que nos chegam dos media estrangeiros, alguns nacionais e muitos fãs de todo o lado aos quais agradecemos todo o apoio no meio desta podridão, podem continuar a contar com as nossas denúncias e exposições de situações incorrectas pois não devemos nada a ninguém nem temos qualquer tipo de contemplação com meia dúzia de imberbes que minam a cena toda. Quanto a novo álbum ainda é bastante cedo para falar nisso pois vamos estar na estrada com “Lightbringer” por mais um ano pelo menos. Estamos a compor novo material mas que vai permanecer na obscuridade nos próximos tempos. -­‐ Ainda tens a noção que o underground português podia estar mais unido? É de realçar a enorme quantidade de

Humanart, banda proveniente de Santo Tirso, edita o seu primeiro trabalho, a demo “Fossil” a 15 anos atrás. Praticantes de uma sonoridade black metal bastante convincente editam em 2014 o seu primeiro longa duração “Lightbringer” que os marca como uma das bandas mais interessantes dentro do panorama nacional. Formados pelo Sathronus (voz), JJ e Fareal (guitarras), Ram (baixo) e Izmit (bateria). Foi com o guitarrista e mentor JJ que estivemos à conversa. -­‐ Viva JJ! Os Humanart formaram-­‐se em setembro de 1998 em Santo Tirso, mas conta-­‐nos um pouco de como chegaste a este projecto, num concelho onde rareavam os adeptos desta sonoridade. Como foi a tua evolução como ouvinte até chegar a este género? O black metal português da altura já te despertava também alguma curiosidade? Boa noite Marco e leitores em geral, o que posso dizer é que nessa altura já eu ouvia metal à uma boa meia dúzia de anos e tinha tido uma banda de garagem quando soube de um grupo de amigos mais novos e sem experiência estavam com a mesma ideia que eu vinha a amadurecer desde à tempos, a de formar uma banda do meu estilo de metal favorito, o Black metal. Assim, com essa primeira formação gravamos o MCD “Fossil” (2000) que teve bastante aceitação no underground nacional e em algumas publicações estrangeiras pois fomos reconhecidos pela qualidade e originalidade num meio ainda pouco explorado e onde reinava a semelhança entre projectos.

-­‐ Os Humanart durante algum tempo foram um projecto apenas teu devido às várias mudanças na formação, mas com a entrada de novos elementos, evoluiram a nível sonoro. Como é o vosso processo de criação de novos temas? Os concertos ao vivo são sempre o vosso meio predilecto de transmitir o vosso som? A substituição de elementos foi acentuada durante estes 16 anos de banda, eu resumo este percurso em três grandes formações: a que gravou o “Fossil”, a que gravou o “Hymn Obscura” e a actual que gravou a Tape “X Years of Black Crusade” e o álbum “Lightbringer” que estamos a promover. O som foi evoluindo assim como acontece com os gostos pessoais, o que começou com uma guitarra/teclas passou a

2


bandas que existem actualmente e os vários sítios que existem para concertos, mesmo assim o que podíamos melhorar ainda mais? Os meios de divulgação (facebook, programas de rádio, webzines, fanzines) tem contribuído para o crescimento da nossa cena? Tenho e cada vez mais, o underground nacional está disperso e desestruturado pelos factores que mencionei anteriormente e mais alguns, e nem me vou por com saudosismos do tempo das zines de papel (que vou matar agora!!!) e grandes eventos a que todos acorriam em massa pelo prazer de apoiar o underground, as coisas mudam e há que tentarmo-­‐nos adaptar mas a desilusão passa por outros factores, dou-­‐vos o exemplo do ridículo de não nos convidarem para a participação em determinados festivais pois não nos viram nas últimas edições dos mesmos no público (quando já comparecemos a inúmeras edições de alguns e mesmo que não o tivéssemos feito qual era o problema???), é disto que se faz o nosso underground, ter de levar com isto além de tocar de borla ou quase. Ou toda a gente saber que há publicações que só publicitam e dão relevo às bandas dos amiguinhos e aos estilos post-­‐ qualquererva que ouvem dizendo-­‐se generalistas e isentos como os jornalistas de verdade. A nossa cena resume-­‐se a duas ou três dezenas de boas bandas, meia dúzia de promotores sérios e umas tantas publicações de net e rádios, só. -­‐ Obrigado JJ pela tua participação e desejamos também que os Humanart sigam no bom caminho. Algumas palavras finais. O nosso obrigado e parabéns à Ode Lusitana pelo seu arranque promissor! Os agradecimentos extendem-­‐se a todos os leitores que de uma maneira ou de outra apoiam o metal nacional. www.facebook.com/Humanart Os Humanart fazem parte da 4ª edição do Monasterium Fest a decorrer na vila de Ferreira em Paços de Ferreira no próximo dia 14 de março. A completar o cartaz temos os aDarkPlace (death/thrash metal – Matosinhos, que planeia este ano editar o seu primeiro longa duração), Toxik Attack (thrash metal – Guimarães, com a única edição a ser a demo “Brutal Attack” do ano passado), Skinning (death metal – Guimarães, com o seu longa duração de estreia “Cerebral Mutilation” a ser dos grandes lançamentos de 2014), Ashes Reborn (thrash metal – Guimarães), Evillution (thrash metal – Felgueiras) e Dor na Rótula (alternative / rock – Paços de Ferreira).

Breves continuação página 1

-­‐ Simbiose, banda lisboeta de crust/punk edita o seu novo álbum “Trapped” a 15 de Março através da Anticorpos Records. Gravado por Paulo Vieira nos estúdios Brugo e BPM’s, com a mistura e gravação a cargo do Nuno Rua. Com várias datas confirmadas de concertos por cá e em Inglaterra. -­‐ O Inaccessible Art está de regresso com a sua terceira edição a decorrer a 9 de maio na aldeia de São Bartolomeu da Serra, concelho de Santiago do Cacém. As bandas estão a ser anunciadas, mas já contamos com o crust de Animalesco, o Método. Com elementos dos Sem Talento, Sangue-­‐Xunga e Ingrowing Nail, realizarão a sua estreia absoluta ao vivo. Since Today, banda hardcore de Odemira fundada em 2014, editaram o split CD “Don´t Give Away All Your Roots” com os The Stray.

Os lisboetas Analepsy, já se tornam presença frequente na Ode Lusitana e por esta altura esperaremos ouvir o material do EP “Dehumanization by Supremacy”. Também de Lisboa temos Besta, com o seu grindcore directo. Neste ano já editaram o EP “Filhos do Grind” com covers dos Dag Nasty, Crucifix, Spazz e Subcaos. Para setembro de 2015 teremos o lançamento do split 12” e CD com os HC brasileiros O Cúmplice, com edição Raging Planet e Black Embers Records. Os Cruz de Ferro, vindos de Torres Novas trazem o seu “heavy metal na língua de Camões”. Com o seu EP de 2012 “Guerreiros do Metal”, que ficou conhecido pelo vídeo do tema “Defensores” gravado nas Grutas de Lapas. Em final de janeiro começaram a gravar os temas para o novo álbum. Finalmente, temos já confirmados para este Inaccessible Art, o regresso dos grinders Downthroat de Anadia, ao fim de 12 anos arredados do palco. Com excelentes trabalhos desde a demo icónica “I’ve Got my Mother’s Eyes” (reeditada recentemente pela Firecum Records) até ao longa duração “Verminate”. Mais bandas a anunciar brevemente. -­‐ Blood on Metal Fest, é o evento que vai decorrer a 7 de março em À dos Loucos (UDCA), em São João dos Montes (Vila Franca de Xira). Será o concerto de apresentação do EP “First Blood” dos Speedemon. A banda de Castanheira do Ribatejo toca um misto de “NWOBHM, com power, thrash e speed metal”. Já se encontra disponível desde o ano passado o vídeo do primeiro single “Road to Madness”. Como convidados nesta apresentação estarão os lisboetas Derrame (death metal), assim como os Machinergy (thrash metal) de Arruda dos Vinhos.

3


Nuno puseram algumas reservas. Ainda se juntaram conosco, mas não era o que queriam fazer, que era voltar à música, no caso do Nuno. No caso do Ricardo tinha uma agenda demasiado completa. Miguel: Ainda tocamos com cada um deles. Nunca os cinco. Por acaso não calhou. P: É claro que optamos por passar a tocar só com uma guitarra e arranjar um novo baixista e a primeira pessoa que nos veio à cabeça foi aqui o Carlitos. Carlos: É pá, és tão mentiroso! (risos) P: Prefirimos arranjar um gajo feio como uma porta, mas como és um gajo porreiro! (risos) C: No meio de vocês até sou lindo! P: O Carlos é nosso amigo desde que a banda começou. M: Acho que é uma questão de espírito e os Booby Trap tem um espírito muito próprio como já viste. E é preciso um gajo que esteja numa boa. As vezes o pessoal punk é demasiado ‘religioso’ naquela coisa de que não se pode sair dali e põe fronteiras à volta deles. O pessoal do metal também é um bocado sério, têm que ser arggggghh. E arranjar um gajo para aqui não é muito fácil. P: E antes de ser um grande baixista tinha que ser uma grande pessoa, um amigo e o mesmo espírito que nós e o Carlos ao fim de duas semanas de ensaiar conosco.. Azevedo: O Carlos? O Carlos é mais maluco que todos nós juntos! (risos) P: O espírito está lá, a música veio depois. M: Temos que nos lembrar que quando começamos eramos cinco putos que não sabíamos tocar. P: Havendo espírito, o resto vem por arrasto. Entre ensaios e cervejas chega o momento em que sobem novamente aos palcos, a começar no Blindagem (Ílhavo). Como foi a sensação de estarem novamente juntos em palco e do vosso ponto de vista como correram esses concertos? A: É pá, o primeiro foi quente como o caraças! (risos) P: Olha, o primeiro, ele (NR: Miguel) ia tendo um ataque cardíaco. Havia um nervoso miudinho , aquela cena de voltar aos palcos. Havia músicas escritas a mais de 15 anos, algumas a 20 anos e não sabíamos como ia ser a reacção, mas felizmente correu tudo bem. M: Do meu lado descobri que já não tinha 20 anos. (risos) P: E da pior maneira! M: Uma pessoa quando era puto, podia estar abafado, com os copos, tudo a cair para o lado, mas o concerto corria muito bem, agora já não é bem assim e é preciso dosear melhor as coisas. Mas no entanto compramos uma ventoinha e a partir daí está tudo a correr bem. (risos). P: Obrigou-­‐nos a repensar de outra forma os sets.

Booby Trap, banda aveirense nascida em 1993 , levou o nome desta cidade a todos os recantos do país através do seu thrash metal/hardcore inicial. A sua demo “Brutal Intervention” de 1994 marcou grande parte do ritmo de uma geração e que a grande quantidade de concertos ao vivo iria confirmar. Depois de percorrerem o país de lés-­‐ a-­‐lés lançam o split-­‐CD “Mosh It Up” em 1996 através da Fast ‘n’ Loud, onde também fazem parte as bandas brasileiras T.I.T. e Locus Horrendus. Corria o ano de 1997 quando a banda cessa funções, originando os seus elementos novas formações, como os Anger, Konk, Superego, Strange Airplane, Snowball e Wild Bull. Em 2012 reúnem-­‐se, com algumas alterações na formação. O que deveriam ser dois concertos de comemoração, acabam por ser o mote para o relançamento da banda, que em novembro de 2013 apresenta a edição do álbum “Survival”. É no palco que demonstram a verdadeira química que engloba os Booby Trap. Apaixonados pela música que fazem, com um sentido de humor enorme, foi com prazer que numa tarde de janeiro fomos assistir a um ensaio da banda. Desde a recepção inicial ao som de vários vinis que passavam pelo gira-­‐discos, até aos (vários) copos da praxe, misturado com o humor e o som da banda, Peter Junker (Pedro Junqueiro/voz), Pedro Azevedo (guitarra), Carlos Ferreira (baixo) e Miguel Santos (bateria) falam-­‐nos um pouco acerca da banda.

Viva pessoal! Ao final de 15 anos de interregno dos Booby Trap o que vos passou pela cabeça para decidirem aceitar o convite da organização do Festival Vértice (Aveiro), para fazer uma reunião da banda em 2012. E como foi a entrada do Carlos para a banda. Peter: Basicamente foi uma tempestade de merda que nos passou pela cabeça! (risos). Não, o convite já vinha de a uns anos que nos andavam a chatear para fazer um concerto de comemoração dos Booby Trap. Eu entrei em contacto com o resto do pessoal. Algum já não falava a anos e para ver quem estava disponível para a ideia. O Pedro (NR: Azevedo) mostrou-­‐se logo disponível, o Miguel também. O Ricardo e o

4


Nesta altura já se tinham decidido que iam apostar num novo lançamento de Booby Trap? P: Não! (risos) A ideia desde o início sempre foi darmos os dois concertos e esperar que corram bem. E não pensamos em mais nada disso. A: Tocar é fácil, agora criar coisas novas é que muitas vezes é complicado. Se tens capacidades e aquela veia criativa é completamente diferente. P: Em 97 quando a banda acabou nós estávamos numa fase um pouco de estagnação. Tínhamos lançado o split a um ano atrás, tínhamos escrito 3 músicas novas, mas demoramos mais de um ano para as escrever, coisa que até aí nunca tinha acontecido. Se fores ouvir BT cronologicamente notas perfeitamente que não temos duas fases iguais e há sempre uma evolução. A: Ainda assim vês que existe algo de novo que sempre existiu em BT . P: Tens aquele fio condutor que é a nossa imagem de marca. E como funciona esse vosso processo de criação musical? P: Pode partir desde uma batida que o Miguel faça, desde um riff que o Pedro (Azevedo) comece a descarregar ou traga de casa, pode partir de uma ideia minha de uma letra, ou de uma certa melodia que eu tente transmitir aqui, ou pode partir de uma jam. Nos anos 90 nunca acontecia essa cena da jam. Normalmente alguém trazia alguma ideia de casa para trabalhar. M: Nós eramos cinco e baseavamo-­‐nos muito nisso. Alguém trazia uma ideia e os outros completavam.

convertido para o efeito. P: Edição própria ponto e vírgula! Inicialmente com edição própria, posteriormente com selo da Non Nobis (NR: em formato CD) e da SASG Records (NR: em vinil) E agora tem aqui um novo espaço, equipado à vossa maneira. Qual a importância deste vosso espaço? Já têm um nome? Todos: (risos) A: Nós chamamos ao primeiro BTH studio 1 e agora é o 2! (risos) P: O nosso covil inicialmente era BTH, tão simples como Booby Trap Home Studio. Obviamente que é importante isto. O principal objectivo quando foi equipar todo este espaço foi dar todo o conforto para trabalharmos à vontade. Acima de tudo foi criar um espaço com conforto para a banda. A: E tem um frigorífico com cerveja! (risos) P: O primeiro equipamento que comprei para este estúdio foi o frigorífico! M: Há uma coisa que se nota (NR: nesta sala), o som é mais definido e começamos a fazer música com mais perlimpimpims. P: O conforto e a comodidade que isto nos deu... M: Nos está a influenciar as músicas! P: Em dois meses fizemos três ou quatro músicas novas. Inspíra-­‐nos! (risos) O vosso local predileto é em cima de um palco a tocarem a vossa música, com muita energia no ar. E concerto que é concerto acontece sempre alguma coisa. Tem tido alguma aventura nestes concertos que tem dado? A: (risos) sim, desde cuecas de mulher a voar! P: princípios de ataques cardíacos ao baterista! (risos). Bebedeiras bem grandes do nosso baixista, do nosso guitarrista. A: Quem, eu?? (risos) P: Há aquelas coisas inerentes da adrenalina que acontece sempre em palco. Depende do nosso estado de espírito, depende do publico, depende do espaço em si. Mas verdade seja dita, o nosso habitat natural é mesmo em cima do palco. É assim, nos anos 90, BT existiu durante 5 anos e demos cerca de 120 concertos, o que para uma banda underground é uma média assombrosa. Eram poucas as bandas que tocavam tão regularmente como nós. Houve fases em que dávamos mais concertos que ensaios. A crítica social faz parte da vossa atitude e da vossa temática, mas o humor também está presente em larga escala. Este balanço é de extrema importância?

Editam em 2013 o álbum ‘Survival’, com edição própria, gravado na vossa sala de ensaios que a tinham

5


M: Eu quase que nem diria ‘também’. Eles são duas fases da mesma moeda. O humor está embutido na sátira, na crítica e vice-­‐versa. P: Nós todos somos pessoas que temos opiniões muito vincadas e críticas sobre tudo e mais alguma coisa do que acontece na sociedade. Obviamente que seria difícil enfrentar tudo isto se não fosse com um toque de humor. Infelizmente e é uma coisa que me custa um bocado e tu sabes, ainda agora fomos a um concerto, 90 por cento das bandas que estão acima do palco parece que estão ou demasiado sérias ou demasiado empenhadas em tocar as coisas perfeitas, o que nós não entendemos que seja o verdadeiro espírito do rock. Não sei quem disse uma vez, “se é perfeito não é rock”. O rock tem que ser uma coisa emotiva, visceral. Eu quando comecei a ouvir thrash nos anos 80, as bandas que mais me cativavam eram aquelas bandas que tinham um toque de humor. Anthrax, Acid Reign, aquelas conversas de brincadeira, de cenas punk divertidas, Sacred Reich. Tu vês as gravações de BT e tem sempre que haver uma piada pelo meio, ou se não, não é BT. Uma curiosidade das novas músicas para o próximo álbum é que estão mais divertidas. A: Este ‘Survival’ foi um bocado dark, pesado. P: No ‘Survival’ quer pensássemos ou não, tínhamos uma pressão em cima. M: Está escarrapachado no nome! P: Queríamos mostrar que não era uma simples reunião. Temos alguma coisa para provar às pessoas. Fizémo-­‐lo e estamos orgulhosos, mas não fazemos dois álbuns iguais e posso-­‐te que garantir que o próximo álbum, do qual já esta escrito 60 por cento, será o álbum mais divertido dos BT. Thrash metal/crossover, rock ‘n roll desenfreado.. por onde andam hoje em dia os Booby Trap a nível musical? Todos: Ui! P: É assim, nós começamos por ser uma banda crossover/hardcore, Nitidamente eramos uma banda com influência hardcore. Suicidal Tendencies, S.O.D., os próprios Anthrax. Daí desenvolvemos para uma vertente mais thrash, numa fase em que bandas como Pantera e Sepultura foram uma forte influência para nós. Independentemente disso nunca deixamos de ter o nosso cunho BT. Hoje em dia prefiro dizer que somos crossover, um género definido e lato ao mesmo tempo. Onde antes eramos mais crossover/thrash/hardcore, hoje se calhar somos um crossover/punk/heavy metal! (risos) Se é que isso existe! M: Acho piada que fomos buscar uma cover para o álbum, dos Motorhead (NR: Ace of Spades) e a verdade é que acentou que nem uma luva. Nós somos um bocado isso. Os Motorhead são um misto de fusão entre a corrente metálica e a corrente punk. Qual o segredo de ao fim de tantos anos desde a formação inicial da banda em 1993, ainda conseguirem esta química?

Todos: É a Super Bock! (risos) P: É assim, eu o Miguel e o Pedro (Azevedo) estamos nesta brincadeira a 22 anos. (...) A veia criativa continua a existir. Eu tenho uma pasta com mais de 100 músicas escritas. Deem-­‐me música que letras não hão-­‐de faltar. Nunca seremos uma banda instrumental (risos). A: Fazermos a música é todos nós estarmos de acordo em relação à estrutura e à ideia geral da música. Ano novo, um álbum novo. O que nos podem contar do material que já estão a preparar e que terá edição ainda este ano? P: Nada! Zero! Está nos segredos dos deuses! (risos) Já vais ouvir a seguir! Podemos adiantar que realmente estamos a trabalhar num novo álbum que está dois terços escrito. A: Há dois temas que já tocamos ao vivo. M: Vai ser sempre crossover. P: Se tudo correr como estamos a pensar na altura do Verão estaremos a gravar o novo álbum. Felizmente não temos pressões de parte alguma. Somos uma banda totalmente independente, gravamos um álbum de forma independente. Tudo o que venha daí por acréscimo é um bónus. E uma última pergunta: de onde surgiu o nome Booby Trap? Todos: (risos)! Ui!! P: O Miguel é que sugeriu o nome! Ele que explique! M: Há duas vertentes para o nome. Uma é que todas as bandas acabavam em ‘ation’ (risos) P: Todas as bandas tinham um nome demasiado sério e agressivo! E fizemos um nome catita. M: Entre iguais o que é diferente, destaca-­‐se. Booby Trap veio de armadilha. É um nome brincalhão e veio do tal humor. Tínhamos afinal três vertentes: fugir aos ‘ation’, a mensagem da armadilha (NR: quando começaram eram autênticos putos a tocar e que confundiam as pessoas) e a brincadeira. Obrigado pelo convite que me fizeram de passar uma tardada de ensaio com os Booby Trap, últimas palavras que queiram dizer aos nossos leitores. P: Obrigadinho e ouçam Booby Trap! www.facebook.com/boobytrap.pt http://boobytrap-­‐pt.bandcamp.com (NR: Um especial agradecimento ao Kid (Fernando Filipe Fotografia), pelas excelentes fotografias e à Gui Rodrigues por ter aparecido nesta excelente tarde num dia frio de inverno perto da cidade de Aveiro!)

6


A cultura nas Caldas da Rainha é vastamente reconhecida, como por exemplo pelas obras do pintor José Malhoa, ou pelo inconfundível traço de Rafael Bordalo Pinheiro. Este último, criador da personagem satírica Zé Povinho, sendo um dos maiores artistas portugueses, estaria muito orgulhoso deste evento, o Colhões de Ferro, já na sua décima edição. Festival extremo realizado nesta cidade, já se tornou um marco de relevo no underground nacional. A chegada às Caldas da Rainha deu-­‐se sob um frio de rachar, mas que a moldura humana e as cervejas ajudaram a amenizar. Antes dos concertos começarem, nada melhor que um reconhecimento do local, com as boas condições apresentadas por este Centro da Juventude das Caldas da Rainha. Também foi o momento indicado para adquirir algum do variado merchandising que existia para venda. Mas vamos aos concertos! Para começar tivemos os leirienses Dirty Harry, na forma de duo, a abrirem o palco com descargas curtas e furiosas daquilo que eles definem como powerviolence/horror surf psychadelic. Também sob a forma de duo apareceram os grinders Estarrabaço provenientes de Ourém, com um concerto bastante animado proporcionado pelo Luis Neves (guitarra e portátil(!)) e Carlos Lopes (voz) (ambos provenientes dos Brutal Brain Damage). Com temas como “Só ma apetece é covrir (o corpo cas mantas)”, a intimidade da banda com o público esteve bastante presente, com alguns temas a serem vociferados no meio do público. Scum Liquor foi a primeira banda com formação completa a subir ao palco e esta malta proveniente da Brandoa não deixa os seus créditos por mãos alheias com a sua mistura punk/metal/rock. Com o aparecimento nas edições apenas feito no ano passado com o EP/K7 “Vicious Street Scum” é uma das bandas a seguir com atenção, ficando a aguardar novidades. Antes do intervalo para o jantar, tivemos a descarga sonora dos caldenses Challenge, a mostrarem o seu hardcore musculado. Banda formada em 2011 tem uma legião já bastante grande de fãs, percebendo-­‐se pela actuação

efectuada e em especial o ritmo imposto pelo vocalista Edgar de Barros. Para os mais aficionados destas sonoriedades é uma banda a seguir nos vários concertos que vão dar durante os meses de Abril e Maio. Depois da pausa onde deu para recuperar energias passamos à segunda parte do festival com os grinders Extreme Retaliation a abrir as hostilidades. Banda inicialmente formada em Estremoz, que chegou a estar inactiva, reegue-­‐se em 2012 tendo o J. Espiga (voz/guitarra) como o único elemento da formação inicial. Descargas musicais que fazem deles uma banda a seguir atentamente. Um dos pontos altos da noite e que deixou o seu som incrustado na pele das pessoas foram os Bruma Obscura. Praticantes de black metal, com letras em português são uma das bandas mais interessantes dentro da cena actual. Com vários demos editadas sob a forma de cassete, mas em pequeno número, tem na edição de “Tormentos”, o seu último trabalho editado. Procurem e ouçam estes Bruma Obscura. Quem evita apresentações são os Decayed e voltaram a mostrar o porquê de serem os melhores no que fazem. JA (guitarra/voz), Vulturius (voz/baixo) e Nocturnus Horrendus (bateria) não deram descanso ao público e até foram buscar temas ao “The Conjuration of the Southern Circle”, primeiro longa duração datado já de 1993! Em 2015 os Decayed vão fazer 25 anos de carreira (editaram em 1990 a “Promo Tape” sob o nome Decay), e esperamos grandes novidades. Para já estão em estúdio, gravando o novo álbum “Into the Depths of Hell”. A última banda vista foi Vizir, que com a sua amálgama black/death/grindcore abanou os alicerces morais dos presentes. Com a projecção durante o concerto de imagens porn/grind, desfilaram temas como “Esporrei-­‐me na Pia Baptismal”, “Punhetas na Catequese” ou “Diarréia em Fátima”. Aproveitaram o festival para lançarem uma compilação em formato cassete com os dois trabalhos editados até à data, “Podridão Astral” e “Uh uh uh”. E foi assim a passagem no Colhões de Ferro, com boas recordações, bons concertos e para repetir para o ano.

7


21 – Neoplasmah / Booby Trap / Alchemist – A. C. Fora do Rebanho, Quintela de Orgens 21 – Inyourface (Esp) / Stubborn / Rotura – Estudantino Café, Viseu 21 – Low Torque / L’alba di Morrigan (Itá) / Stone Cold Lips – Tem que Ser Bar, Alpiarça 21 – The Last of Them / Above the Hate – For Metal’s Sake # 3, Direito de Resposta – Associação Cultural, Ilha da Morraceira, Figueira da Foz 21 – Bizarra Locomotiva – RCA Club, Lisboa 26 – Madball (EUA) / Rise of the Northstar (Fra) / Strife (EUA) / Backtrack (EUA) – República da Música, Lisboa 27 – Saturnus (Din) / Lantlôs (Ale) / Ophis (Ale) / Autumnal (Esp) / Bosque – Under the Doom Festival, RCA Club, Lisboa 28 – Forgotten Tomb (Itá) / Mourning Beloveth (Irl) / March Funèbre (Bél) / Dolentia / Agonia – Under the Doom Festival, RCA Club, Lisboa 28 – M.O.R.G / Black Burn Hate / Claim your Throne / Abovemen – Heavy B’day Vol. III – Feed me Fest Vol. II, Metalpoint, Porto 28 – Midnight Priest / Lyzzärd / Anarchrist – Cave 45, Porto

Desire, banda lisboeta, expoente luso do melancholic dark doom metal, decidem no passado dia 27 de janeiro dar por terminada a sua longa carreira musical de 22 anos. Como dizem no comunicado encerram “os portões do reino da melancolia”. Em forma de reconhecimento, um pequeno apontamento histórico acerca dos Desire. Começaram em julho de 1992 ainda sob o nome Incarnated, constituídos pelo vocalista Tear (Nuno Miguel) e o baterista Flame (Vitor Machado). Com a presença de Rui Sousa (guitarras) e José Adriano (baixo) gravam a em 1993 a promo-­‐track “Death Blessed by a God”. Em setembro de 1994 decidem mudar o nome para Desire, apresentam em 1995 uma “Advance Tape” e é escolhida a Skyfall Records para editar no ano seguinte o álbum de estreia “Infinity... A Timeless Journey Through an Emotional Dream”. Este álbum foi considerado uma das melhores edições desse ano, marcando o seu território no metal português. Na continuação deste sucesso é lançado em 1998 o EP “Pentacrow... Misanthropic... Tragedy” que volta a dar que falar. No entanto o ano de 1999 fica marcado pela rescisão do contrato com a Skyfall. As mudanças contanstes na formação tornam o processo de gravação do novo álbum bastante difícil. Em Abril de 2001 entram no L’Enfant Terrible Studios para a gravação do terceiro longa duração, que veria a luz do dia apenas em Maio de 2002. “Locus Horrendus – The Night Cries of a Sullen Soul”, um álbum auto-­‐financiado que é considerado uma das melhores edições mundiais por várias revistas e webzines. As respostas não tardam em chegar e levam os Desire a uma série enorme de concertos tanto no nosso país como pela Europa fora. Depois desta enorme actividade, a banda começa a lidar com vários problemas dentro das suas hostes. O último registo é o EP “CrowcifiX” de 2009. “Black as our emotions, Sorrowful as our (he)art...

Março

1 – Terror Empire / Revolution Within / Destroyers of All – Salão Brazil, Coimbra 1 – Mourning Beloveth (Irl) / Painted Black – Metal Point, Porto 6 – Karseron / Above the Hate / Diabolical Mental State / Shoryuken – Évora Metal Fest, Arena d’Évora, Évora 7 – Wako / Corpus Christii / Uaninauei / Midnight Priest / Göatfukk / Borderlands / Push / Analepsy / Omega Sins / 13After – Évora Metal Fest, Arena d’Évora, Évora 7 – Gazua / Quarteto f Woah! – RCA Club, Lisboa 7 – Switctense / Terror Empire / Stubborm – For Metal’s Sake # 4, Direito de Resposta – Associação Cultural, Ilha da Morraceira, Figueira da Foz 7 – Head:Stoned / Mindfeeder / Lyzzärd – Metalpoint, Porto 14 – Humanart / aDarkPlace / Toxik Attack / Skinning / Ashes Reborn / Evillution / Dor na Rótula – Monasterium Fest, Ferreira, Paços de Ferreira 14 – Theriomorphic / Shadowsphere / Bleeding Display / Tales for the Unspoken – Gods of Death over Lisbon, RCA Club, Lisboa 20 – Finntroll (Fin) / Hatesphere (Din) / Profane Omen (Fin) – Hard Club, Porto 21 – Forgotten Suns / Mindfeeder – Paradise Garage, Lisboa 20/21 – Aura Noir (Nor) / Darkmoon Warrior (Ale) / Sturmtiger (Ing) / Neoplasmah / Dragon’s Kiss / Anarchos (Hol) / Nefastu / The Unholy / Ruach Raah – Extreme Metal Attack, Side B, Benavente 22 – Aura Noir (Nor) – Hard Club, Porto 27 – Moonspell / Septic Flesh (Gré) – Coliseu dos Recreios, Lisboa 27 – More Than a Thousand / Iberia / Switchtense / Karnak Seti / Jackie D. – Moita Metal Fest, Soc. Filarmónica Estrela Moitense, Moita 28 – Onslaught (Ing) / Bizarra Locomotiva / Grog / Wako / Miss Lava / Terror Empire / Crossed Fire / Albert Fish / Colosso / Destroyers of All / Analepsy / Borderlands – Moita Metal Fest, Soc. Filarmónica Estrela Moitense, Moita 28 – Moonspell / Septic Flesh (Gré) – Hard Club, Porto

Agenda

Fevereiro 19 – The Unholy / Dharma / Huracan’s Fall – Resistance

Metal Fest, Oficina Municipal do Teatro – O Teatrão, Coimbra 20 – Madame Violence / Huracan’s Fall / Alma Spectrum – Texas Bar, Leiria 20 – Low Torque / L’alba di Morrigan (Itá) / Blame Zeus / Blackstone – Canecas Bar, Paços de Ferreira 20 – Night Demon (EUA) / Dragon’s Kiss – Side B -­‐ Benavente 21 – Edenkaiser (Esp) / Vulpus / Peste / Nail Surgery – Metalpoint, Porto

8


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.