Ode Lusitana Número 7 – Junho 2015
Dead Silent
Madame Violence António Parada
Extreme Unction – Nevoa – Fungus Wrath Sins – Mons Lvnae
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Editorial A Ode Lusitana ainda não atingiu a maturidade, mas a cada número editado a evolução faz-‐se notar. Isto só é possível devido a todas as sugestões que temos recebido e que nos fazem crescer. O objectivo inicial foi atingido e que foi a criação de uma publicação dedicada em exclusivo ao metal nacional. A edição mensal e de 8 páginas permite um acompanhamento constante do que se vai passando por cá. As entrevistas não só às bandas, mas também a quem indirectamente está ligado a esta paixão, permite ficarmos a conhecer todos estes intervenientes, assim como damos um espaço para as pessoas poderem dar voz aos trabalhos efectuados. Todos estamos conscientes que a internet veio há uns anos atrás alterar o panorama das publicações em papel, mas também chegamos à conclusão que pode haver uma salutar convivência entre as publicações em papel e as digitais. E em parte é assim que a Ode Lusitana funciona, em que é distribuída digitalmente para as pessoas a poderem imprimir. É com isto que o nosso nome chega cada vez mais longe. Neste número temos entrevistas com o Carlos Amado, que nos levou ao mundo de Madame Violence, do Funchal estivemos à conversa com o Dário Abreu e os seus Dead Silent e finalmente fomos ao mundo dos livros e da música com o António Parada que entre várias coisas nos falou do seu livro “A Guardiã”. Fiquem atentos às novidades e boas leituras! Aqui estão mais 8 páginas de edição gratuita com saída mensal. Imprimam esta zine (livreto A5, ou a quem prefira em A4) e divulgem o nosso metal!
Madame Violence, banda de Leiria, praticante de melodic death/thrash metal, foi formada em 2009 quando dois elementos da banda Azrael, o guitarrista Miguel Simões e o vocalista Bruno Sousa, decidem criar esta banda procurando elementos para completar a formação. Em 2013 editam o seu único registo até a data, que é o EP “Vengeance Through a Dying World”, constituído por 5 temas. Actualmente estão a preparar o novo registo. A formação actual é o Carlos Amado (voz/guitarra), Ricardo Carniça (guitarra), Zé Simões (guitarra), Telmo Santo (baixo), Gustavo Reis (teclas e que entrou em fevereiri deste ano) e André Fragoso (bateria). Estivemos à conversa com o Carlos Amado que nos mostrou o mundo de Madame Violence.
Marco Santos
Para qualquer informação contactem-‐nos através da nossa página www.facebook.com/Ode-‐Lusitana no facebook, através de odelusitana@hotmail.com ou também através da seguinte morada: Marco André dos Santos Ferreira Rua da Carvalha, nº 53 3770-‐401 Troviscal OBR
Breves / Notícias
-‐ Extreme Unction, banda lisboeta de death/doom metal, nasceu em 1990 das cinzas dos Guilhotina, formados em 1987. Em 1992 editam o tema “Insane Procreation” que acaba por ser a sua primeira gravação. O último trabalho divulgado desta banda foi em 2008 o tema “Cold Breeze of Winter”. O único longa duração foi de 1995 com o nome “In Limine Mortis”, mas passados estes 20 anos voltam a apresentar um trabalho que se chamará “The Last Sacrament”. Gravado entre abril de 2014 e maio de 2015, contou com Pedro Gonçalves “Pedrada” (voz), Koja Mutilator (baixo), Marco Marouco (guitarra), Sérgio Marcelino (guitarra) e Pedro Almeida “Tosher” (bateria).
Viva Carlos! Bem-‐vindo à Ode Lusitana! E para começar nada melhor do que saber como é que se inicia o contacto entre ti e os Madame Violence para a tua entrada em 2013? Desde quando conhecias a restante formação? Conheci o antigo vocalista dos Madame Violence numa viagem ao Hellfest em 2011. Uns meses mais tarde, por acaso, encontrei-‐o no café perto de minha casa, onde ensaiamos. Eu estava acompanhado pelo nosso baterista André Fragoso (que ingressou na banda em 2011), íamos ensaiar com a nossa banda antiga (God of Rebellion) e ele veio perguntar-‐ me se conhecia baixistas. Eu mencionei o Telmo Santo, baixista e amigo de longa data, que acabou por ingressar a banda e continua até hoje. Em 2013, o vocalista Bruno Sousa saiu da banda e meteram no Facebook uma solicitação de procura de novo membro. Como tinha-‐me focado mais no canto durante o tempo que estive inactivo, achei que seria um desafio interessante,
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acabei por experimentar e ficar. Honestamente, senti me em casa, visto 2 dos membros serem músicos com os quais já tinha tido vasta experiência. Depois, passei para a guitarra e, também, a desempenhar parte activa na composição, aliando essa parte ao canto/escrita de letras. Não tardam muito tempo e no final desse mesmo ano gravam o vosso único registo até à data, o EP “VengeanceThrough a Dying World”. Ao fim destes anos estás satisfeito com as reacções? Estamos bastante contentes com as reacções, visto este ter sido um EP que tinha como intuito divulgar a primeira amostra da banda, EP este que tinha sofrido bastante com alteraçoes de line up, especialmente entre 2009 e 2013, pelo que apenas em 2013, com este line up estabilizado, finalmente foi possível mostrar ao público que a banda não se encontrava adormecida. Como funciona o vosso processo de criação das músicas e como está a decorrer a preparação do novo registo? Ainda teremos a edição durante este ano? A dinâmica deste novo registo tem sido muito mais eficiente do que a do antigo, especialmente devido à maturidade dos mesmos músicos, não só musicalmente, mas também como banda. Além disso, com o line up agora estabilizado, existe também uma direcção musical mais concisa, pelo que pode ser esperada uma identidade musical mais saliente no álbum que estamos a desenvolver. O nosso modelo de criação destas músicas é democrático e, assim, cada um pode dar ideias para salientar as diferentes personalidades que fazem parte deste todo. As ideias mostradas são, geralmente, interligadas por mim, pelo que compus também alguns temas totalmente sozinho, tendo sempre a revisão dos outros membros, desde as partes tocadas pelos mesmos até ideias que depois estes possam vir a ter para a completar, ou de algo que não gostem. Em relação ao mesmo álbum, não vou fazer, para já, previsões. Apenas posso dizer que podem esperar bastantes surpresas em breve. Estava aqui a rever a gravação do vídeo do tema “House of Pain” e que foi feita no Mosteiro de Santa Maria de Seiça, quando soube que estão a decorrer trabalhos para classificar e proteger o Mosteiro. Porquê a escolha do sítio para as gravações do tema? Está a ser um objectivo vosso apostar na imagem como uma das divulgações principais de Madame Violence? Este mosteiro tem uma mística interessante, queríamos um lugar que tivesse esse tipo de "magia", se podemos chamar-‐ lhe assim. Este mesmo mosteiro terá tambem importância no futuro, pois faz parte integrante da história ainda por revelar da nossa "Madame Violence", a alma penada que pode ser vista no nosso videoclip a assombrar este mosteiro. Pelo que sim, pretendemos usar a imagem deste mesmo mosteiro e expandi-‐la, mas isso faz parte das surpresas que temos guardadas e não podemos revelar ainda.
Depois de vos ver ao vivo no Hard Bar deu para ver que existe uma cumplicidade muito grande e divertida entre vocês. Como são as vossas viagens para os concertos e quem é o DJ de serviço a colocar música para a viagem? As escolhas são ‘democráticas’ ou existem alguns temas que ouvem mais? Existe, sem dúvida, e penso que uma banda que queira ser bem sucedida precisa deste tipo de interacção. Esta mesma ajuda não só aos mesmos a desenvolver o seu trabalho, mas também aos próprios fans a observar que há uma dinâmica de grupo ali presente, e não apenas músicos a interpretarem a sua parte separados do todo. Quanto a quem escolhe as músicas nas viagens, existe sempre muita democratização nesta questão, quem vai à frente manda e pronto ahahaha. Mas agora falando a sério, quem vai à frente escolhe, mas os outros atrás geralmente fazem sugestões também. E em relação a ti, ainda te lembras de como nasceu esse teu fascínio pelo metal? És bastante diversificado nas tuas audições? Como surge o teu interesse pela guitarra? Pessoalmente, a minha ligação com o metal surgiu nos meus ternos 14 anos com a minha primeira audição de bandas deste género, em particular a banda System of a Down e, mais tarde, Metallica, que me inspiraram a tocar guitarra aos 16. Sendo assim, apenas consegui obter a minha primeira guitarra elétrica aos 17 anos. Particularmente em relação ao Death Metal, a primeira banda que utilizava o vocal de growl que ouvi foi Moonspell. O concerto deles no Rock in Rio 2008 impressionou me, e começei a ouvir géneros mais pesados, acabando por ser Opeth a minha inspiração para começar a cantar em 2012. Em relação às minhas audições, estas são sim bastante diversificadas, pelo que ingresso correntemente no Hot Club Jazz Portugal. Gosto de ouvir de todos os géneros, pois acho que deles se pode aprender bastante para criar algo mais único, e não copiar as bandas do mesmo estilo. Não é por nada que o metal é o género com mais sub géneros na actualidade. Existe esta capacidade, que ainda pode ser mais explorada, de fundir conceitos e criar sons bastante interessantes, pelo que neste momento encontro-‐me, em paralelo com Madame Violence, a desenvolver um projecto a solo que funde bastantes misturas, numa onda mais calma de música instrumental. Obrigado Carlos pelas tuas respostas e ficamos a aguardar novidades de Madame Violence. Últimas palavras tuas aos nossos leitores e até à próxima! Gostaria, em primeiro lugar, de agradecer ao convite feito da vossa parte e, mais especificamente para os fans e leitores que estejam por acaso a ler esta entrevista, que não deixem o underground morrer, acreditem que existe trabalho de qualidade em Portugal, e por fim, que fiquem atentos que em breve teremos surpresas para vocês! www.facebook.com/MadameViolence
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Foi um interesse que nasceu pois senti que era algo exequível. O Metal tem, ou pelo menos tinha, essa vantagem. Não havia aquela pressão para seres fantástico, apenas tinhas que ser duro e convicto pra seres respeitado, e alem de ser uma forma de expressão era também uma forma de convivência. No fundo penso que todo o gajo que um dia fez air guitar já pensou em formar uma banda…uns cometem a loucura de o fazer… de qualquer modo hoje em dia já anda aí um monte de gajos que pensam que ou és tecnicista ou não és ninguém eu como não sou ninguém tenho que rebater esse argumento … de qualquer forma anda aí muita cena tecnicista que eu aprecio e muito. O meu primeiro instrumento foram umas violas acústicas do meu pai com a qual, eu e o meu irmão, o Jorge (baterista da banda), interpretávamos algo parecido a speed fado ou fado metal, o que, e tendo em conta que o meu irmão tocava bateria nas almofadas, até era bastante chique, a 1ª guitarra a serio foi uma Mason emprestada e depois gastei um salário na aquisição da Ibanez, com a qual tenho uma relação que dura até hoje. Por curiosidade o baixo que uso neste momento é também é um Ibanez. Passas por várias bandas, como Reincarnation, Insania, Outerskin. Que lembranças guardas? Lembranças? acima de tudo andar com material ás costas que esta gente não sabe viver ao pé da estrada…ahha. Depois os concertos são sempre uma experiência á parte ainda que por cá não existam muitos, mas os que há são memoráveis pelas melhores ou piores razões. Lembro-‐me por exemplo, com Outerskin, no Caniçal de um palco suspenso a uns 3 metros de altura, em andaimes que balançava muito e quando pisei terra firme as pernas começaram a tremer… ahahha. …. Em dezembro de 2007 entras para os Dead Silent como baixista. Como surgiu essa oportunidade? Já conhecias o pessoal de outras andanças? Os Dead Silent? Sim já nos conhecíamos há muito, até porque eu já tinha tocado com o Eurico na fase final de Insania e o meu Irmão e o Saúl eram dos Drawned in Tears e já nos conhecíamos até dos tempos em que faltávamos, pontualmente, ás aulas e em que o pessoal ainda temia “os metálicos”. Alem disso ensaiavam na minha casa, e apesar de eu estar nessa altura em Outerskin, os dias de ensaio não eram coincidentes, e precisavam de um baixista, a mim alem de me agradar o som e o pessoal, parecia-‐me melhor me juntar a eles do que ficar a ouvir o barulho …ehheh… E surge também a oportunidade de seres vocalista! Como está a ser a experiência? .. pois, posso dizer que definitivamente nem estava nos planos, até porque já tinha tido a experiência em Insania e tinha decidido que o meu futuro não passaria por mais que algumas back vocals ocasionais ... Mas perante o facto de termos chegado a um ponto em que tínhamos tudo gravado e não havia voz, achámos que era uma solução exequível, e entre todos lá reconstruimos a parte lírica e vocal dos temas o que nos levou mais uma carrada de tempo mas valeu a pena porque entre todos conseguimos resolver bem a questão (O Jorge e o Eurico também fizeram vozes)... A experiencia tem sido interessante, mas o facto é que estou na fase em que estou começando a juntar as duas funções, e se calhar até não me importava de ceder uma dessas posições de forma a poder desfrutar ao máximo e também ganhar alguma eficiência.
Dead Silent, banda do Funchal, teve as suas origens no início de 2006, após alguns dos elementos terem cessado com o anterior projecto de nome Blue Sound Traffic. Todods os elementos são conhecedores e participam no meio underground da Madeira e lançam em 2007 o EP de 3 temas. Em 2014 é divulgado o single “Disarray” que faz parte do trabalho a lançar em breve e de nome “The Island”. Banda composta pelo Dário Abreu (voz/baixo), Saúl Caires (guitarra), Eurico Santos (guitarra) e Jorgeu Abreu (bateria). Estivemos à conversa com o Dário e que nos apresenta o mundo dos Dead Silent.
Viva Dário e bem-‐vindo à Ode Lusitana! Para começar, ainda te lembras como começou este teu interesse pelo metal? Tinhas um grupo de amigos que se reunia para ouvir as novidades? Ouvias de tudo um pouco, ou já tinhas interesse por uma sonoridade mais específica? Boas! E desde já obrigado por esta entrevista. Basicamente acho que já nasci Metalhead e não sabia, depois quando o meu irmão pôs as mãos numa K7 de AC/DC foi sempre a abrir, Dio, Black Sabbath, Dokken, W.A.S.P., Iron Maiden, Venom, Death, Overkill, gravávamos tudo o que apanhávamos, fossem as cenas que o pessoal arranjava (que se tornavam uma espécie de propriedade da comunidade) ou do programa de Rádio da altura aqui na ilha (Dança do Fogo). comprávamos discos e K7s com o pouco dinheiro que houvesse. Lembro-‐me por exemplo de trocar K7s e encomendar com o pessoal as cenas, nomeadamente os Cd’s e t-‐shirts do catálogo, na altura uma fotocopia mal tirada a verde e preto, da hoje enorme Nuclear Blast. Sempre ouvi dentro do METAL de tudo um pouco e hoje em dia do hard Rock mais lamechas ao noisecore mais barulhento do mais antigo ao mais moderno vou ouvindo de tudo um pouco. Quando é que deixas de ser um ouvinte e passas a um executante? Era um interesse que já tinhas dento de ti? Ainda te lembras do teu primeiro instrumento? Nem sei se posso ser considerado executante, nem me considero um músico. Sou apenas um gajo que gosta de METAL e se diverte a fazer umas coisas sem se preocupar muito com o que os outros possam pensar, pois se for esse o objectivo nº1 nem vale a pena ser feito pois com certeza que hás-‐de falhar…. ahhaha….
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Dead Silent tornam-‐se uma banda que todos sentem curiosidade em ouvir, especialmente depois de lançarem o single “Disarray” e já no mês de Maio deste ano disponibilizam o tema “The Island”. Mas para quando a edição do álbum “The Island”? A edição do álbum será o mais brevemente possível, mas seja pela nossa auto-‐exigência pessoal , ou por outros factores isto tudo tem levado algum tempo, depois de termos lançado o tema titulo, já era até pra estar disponível no Bandcamp, mas depois surgiram outras possibilidades que estão em estudo. E, por essa falha nos timings peço desde já desculpa a todos, sendo que seja em que formato for esperamos ter a cena cá fora o mais brevemente possível para quem quiser ouvir. Posso vos garantir que é um verdadeiro trabalho de equipa, honesto e dedicado feito por quatro gajos de trinta e tal anos pelo simples amor ao Rock e METAL, uma vez que não fazemos planos de ficar ricos com isto… O que representa esta ilha? A ilha no fundo pode ser qualquer coisa… desde a nossa realidade diária como banda, de certa forma enclausurada numa Ilha, ou aquela do “nenhum homem é uma ilha” sendo que nessa versão eu até penso que ver o Homem como a própria ilha até tem um peso dramático que me agrada. Com este tempo de espera já tem ideias para o próximo álbum? De momento ainda não chegámos a essa fase de pensar no futuro, até porque entre as responsabilidades e horários laborais de cada um temos que fazer as coisas devagar e com os pés bem assentes no chão, por exemplo se nos encontramos para decidir qualquer coisa por vezes já não dá pra ensaiar. O próprio álbum foi gravado, e misturado, em horário de ensaio, e é assim que vamos passando as quartas e sábados sempre que possível, e infelizmente nem sempre é possível… A insularidade da Madeira tem prós e contras. O confinamento do território pode levar a uma cena unida, mas ao mesmo tempo pode trazer dificuldades na divulgação, especialmente fora da ilha. O que achas desta situação? Quanto a isso da ilha ser limitativa acho que depende de como lidas com o assunto, podes ficar num canto a chorar ou podes lidar com isso ou até, se a ilha te limita tanto, podes criar um par de tomates e nadar ou voar daqui pra fora… Como está a cena metaleira na Madeira? A cena diria que está como sempre, a diferença é que agora começam mais novos e se calhar de certa forma tocam melhor. Aqui no continente tem havido uma forte divulgação a nível de bandas e eventos. As bandas daí conseguem apresentar publicamente os seus trabalhos?
Há fases em que há muitos concertos e depois fases mais calmas como agora, ainda assim as bandas vão fazendo o que têm a fazer sem pensar se dão muitos ou poucos concertos e temos assistido a bons trabalhos de bandas novas e velhas como os Exercium, Calamity Islet, Karnak Seti, Requiem Laus, Raiva e por aí a fora … Há tempos estive no Funchal na Zona Velha, quando passa por mim um miúdo, com uma t-‐shirt dos Slayer e guitarra ao ombro, que me deixou com um sorriso de orelha a orelha, porque é sinal que o movimento não está morto. Que concelhos darias a este pessoal que quer começar com uma banda? Ao pessoal que quer começar diria que devem faze-‐lo por amor á camisola e não para obter reconhecimento fácil pois assim estarão sempre frustrados. Diria também que o contrário do que muitos pensam o METAL não garante miúdas, dinheiro, fama ou fortuna a ninguém até pelo contrário gasta-‐se imenso dinheiro e tempo, mas pelo menos volta e meia lá ficamos com a miúda… ahhaha… O que falta para a Madeira voltar a ter um ambiente forte a nível do Metal? Não sei se a Madeira alguma vez vai ser muito forte a nível de metal…mas também penso que a cena não vai morrer, já não temos os Incognita ou os Drawned in Tears, mas ainda temos uma porrada de gente nova e velha a fazer Rock e METAL mesmo que no anonimato. Também era bom conseguir mais intercâmbio de bandas nos vários sentidos, sejam bandas exteriores a vir cá tocar ou pessoal de cá a ir e voltar. E assim chegamos ao fim da entrevista e queria agradecer-‐te pelo tempo dispendido em responder às questões. Vamos continuar atentos aos Dead Silent e para finalizar podes deixar umas palavras aos nossos leitores. Desde já obrigado a todos pela atenção, e espero que gostem do nosso trabalho, ou que pelo menos o oiçam para poderem dizer mal com conhecimento de causa… hahaha…. Agora a sério, acima de tudo desfrutem da cena e continuem a ouvir bom METAL seja de bandas gigantes ou quase desconhecidas que a cena precisa de todos. ROCK ON! www.facebook.com/deadsilentmetal
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dos Metallica, “Leprosy” dos Death ou “Ancient Dreams” dos Candlemass. Mas existem centenas de outros álbuns igualmente icónicos que continuam a influenciar-‐me. No heavy-‐metal é o som, a força, a composição das letras, a iconografia e a irreverência, contestando e criticando todo um conjunto de realidades e injustiças, que me tocam de forma mais evidente. Ser-‐se um escritor não é um dos processos mais fáceis. A solidão ao se escrever uma obra, assim como a ‘envolvência’ com as personagens, torna por vezes o acto da escrita um processo ‘doloroso’, mas ao mesmo tempo recompensador. Para se ser um escritor é preciso ler muito. É complexo. Como nasceu o teu interesse pela escrita? Não sei qual é a melhor receita para “criar” um escritor. Admito até que existam excelentes autores que não tenham lido muito, mas que, dotados dessa qualidade de escrita, consigam criar obras fantásticas. Agora escrever é sem dúvida um processo individual e solitário, extremamente exigente, daí talvez o “doloroso”. Se num primeiro momento acabo quase sempre por maravilhar-‐me com o resultado obtido, no momento seguinte logo reparo que podia ter feito melhor. Ou seja… avalio-‐me constantemente, exigindo mais de mim. Queremos fazer sempre melhor, faz parte da natureza humana mas, se gostarmos do resultado final, sentimo-‐nos sempre recompensados. Como é o teu método de trabalho e como o compatibilizas com o trabalho e a família? Encaro a escrita como um momento, um “passatempo”. A estabilidade emocional do indivíduo passa muito por esses momentos solitários. Agora a família tem de estar sempre em primeiro lugar, só depois vem o trabalho e, como fuga, esses “escapes” onde se encontra a escrita. Portanto, escrevo quando posso, a altas horas da noite ou ao fim de semana. “A Guardiã”, nasce de uma ideia que tiveste ao regressar pela Serra da Arrábida com a tua família. Foi essa visão a inspiradora principal? Como foi a passagem dessa ideia ao papel? É correcto. Conto muitas vezes essa história nas minhas apresentações. A ideia de escrever um livro sobre uma temática fantástica surgiu efectivamente de modo natural e espontâneo, num dia que regressava da praia com a família enquanto ouvia W.A.S.P. e contemplava a Serra da Arrábida. Mas para ter chegado esse momento é importante que se perceba que por essa altura eu já tinha alcançado alguma maturidade na escrita a par de alguma estabilidade familiar que me permitiu essa pré-‐disposição para agarrar o desafio. Foi pois um “flash”. Olhei para a Arrábida e pensei: “fogo é mesmo um cenário perfeito para desenvolver um enredo de ficção científica pontuado de sobrenatural”. Foi o primeiro impulso. Depois a ideia foi maturando durante alguns dias até começar a escrever a história. As personagens foram definidas desde o início ou algumas nasceram durante a escrita da obra? “Henrique”, a personagem principal tem um cunho muito teu. É considerado uma personagem auto-‐biográfica? A ideia da história ganhou contornos na minha cabeça. Não precisei de muito para avançar, porque percebi que o enredo iria fluir de forma natural e não forçado ou condicionado. Os personagens ganharam uma vida própria, dialogavam comigo e entre si. Eram eles que me davam as pistas seguintes incluindo as novas personagens com os seus traços
António Parada António Parada, natural de Sesimbra editou em Julho de 2014 através da Chiado Editora a sua primeira obra literária, com o título “A Guardiã”. Um livro que mistura a ficção científica com o fantástico, tem uma particularidade ao envolver também o Metal como “banda sonora” que nos acompanha ao longo das páginas. Um livro recomendado a todos e onde quisemos descobrir mais, estando à conversa com o António Parada, falando destas suas paixões. Olá António, bem-‐vindo a este número da Ode Lusitana! “A Guardiã” é o teu primeiro lançamento literário, mas conta-‐nos o início desta tua paixão pelos livros e pela música, que pelos vistos tem estado sempre ligados desde muito cedo. Olá Marco! A leitura e a música cedo me acompanharam. No caso dos livros, esse gosto nasceu por imposição dos próprios currículos escolares. Dito assim poderá parecer negativo, mas não o foi. Foram os clássicos da literatura portuguesa que me abriram este apetite voraz, insaciável, que me leva a ler de forma compulsiva de tudo um pouco. Claro que logo percebi a minha apetência por temáticas que focavam ambientes mais fantasiosos que se cruzavam com o terror, o mistério e a ficção científica. Em paralelo, a partir dos nove, dez anos, compreendi que também apreciava sons mais pesados e vibrantes que de igual forma reproduziam musicalmente ambientes mais obscuros. Cruzei-‐me com os AC/DC e logo de seguida com os Iron Maiden. Foi um novo mundo que se abriu para mim. Reconheci a minha “tribo”, o meu elemento e, agora, com “A Guardiã” e as obras que irão seguir-‐se, pretendo como que homenagear essas duas realidades, para mim, interligadas. Quais são as obras literárias como discográficas que passados estes anos ainda tens um carinho especial por elas? O que elas te transmitem? Existem muitas obras que me tocaram de forma especial, que me trouxeram conhecimento ou exaltação. Posso enumerar “O Cosmos” de Karl Sagan, “Metamorfose” de Frank Kafka, “O Samitério da Mascotes” e “Shinning” de Stephen King, “1984” de George Orwell, “Crónica do Pássaro de Corda” de Haruki Murakami ou o “Evangelho Segundo Jesus Cristo” de José Saramago, por exemplo. Musicalmente posso salientar “The Number Of The Beast” dos Iron Maiden, “Master Of Puppets”
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físicos e psicológicos. O Henrique não foi excepção. Claro que o facto de ter a minha profissão deu-‐lhe um certo cunho “auto-‐biográfico”. Mas quem me conhece verdadeiramente consegue perceber que, tirando algumas coincidências, os traços psicológicos que nos definem ou marcam são muito díspares. A música representa um papel importante na obra e por vezes funciona como banda sonora durante a leitura da mesma. De Moonspell a Amon Amarth, são todas importantes para a personagem principal. Estas referências durante a obra servem de veio condutor à mesma? É possível ires buscar inspiração a algumas músicas (ou letras de músicas) para criares certas passagens? O heavy-‐metal é uma das minhas fontes de inspiração a par da literatura e do cinema “fantástico”. Será algo que marcará, directa ou indirectamente, as minhas obras e personagens. Nesta obra, existe de facto um pano de fundo sonoro que pretende reproduzir e condicionar alguns ambientes e envolvências psicológicas e físicas dos personagens. Pode ser mais evidente nalgumas sugestões, depende agora da avaliação e sensibilidade do leitor. Como exemplo posso avançar com um dos alienígenas, uma das personagens centrais, que foi inspirada exclusivamente no tema “Destroyer of the Universe” dos Amon Amarth. Quem é? Bem, tem de ler o livro. “A Guardiã” acaba de uma maneira muito especial. Podemos saber um pouco qual será o próximo passo? Este livro faz parte de algo complexo e elaborado com mais algumas novidades? Portugal e os seus lugares continuarão a fazer parte desta luta universal? Estamos a falar da “Guardiã”, mas muitas pessoas ainda não sabem qual a história que encerra. Resumindo, digamos que a “A Guardiã” centra-‐se no surgimento de uma raça de alienígenas no nosso planeta, mais concretamente no nosso país, dotada de uma abissal capacidade de metamorfose. Essas criaturas, rapidamente, de forma dissimulada, vão criar as condições para se perpetuarem como espécie dominadora. Esses seres são extremamente bélicos e sanguinários fazendo de determinados rituais sexuais e caçadas o seu modo de vida. Ora eu quis dar à narrativa um certo cunho policial que se entrecruza com uma componente erótica muito forte. É a justificação para Henrique, inspector da Polícia Judiciária, figura central da história, passar a ser atormentado por terríveis pesadelos e visões que retratam de forma dantesca alguns homicídios iminentes. Respondendo, agora, directamente à tua pergunta, a história acaba por finalizar de
uma forma “aberta”. Possibilita uma continuação. Tal poderá acontecer no futuro. Mas isso não irá suceder. Não tenho nada previsto para esse eventual projecto. Por outro lado, sendo português, amante da minha cultura e património, patriota incondicional, limitei-‐me a optar por gerir uma história naquele que é o meu país, onde não faltam excelentes espaços para desenvolver qualquer tipo de enredos.
António Parada a escrever-‐me a dedicatória no lançamento do livro no Vagos Open Air 2014
Tinhas feito referência que tinhas outro livro do qual estavas a trabalhar e que é mais virado para o sobrenatural e que se passa no Gerês. Podes dizer-‐nos algo mais acerca desse livro? Sim, conto publicar, se não neste ano, no próximo, uma outra obra que já concluí. Trata-‐se de uma história mais virada para o sobrenatural. A narrativa versa sobre um trio de jovens “metálicos” e a acção está dividida em dois espaços temporais: os anos 80 e a actualidade. A história centra-‐se num lugar mágico de Portugal: o Gerês. Podem contar com muita fantasia, espectros demoníacos, erotismo e metal a fazer o enquadramento. A literatura fantástica / FC é bastante inspiradora para o cinema. Qual a tua opinião? Que achas da tua obra ser adaptada a outras coisas, como jogos de computador, de tabuleiro ou de cartas? Concordo, penso que o meu modelo de escrita, intensa, simples e envolvente, tem de igual modo um cunho cinematográfico descritivo muito forte. Os ambientes, os cenários recriados, davam um espectacular filme de ficção científica. Se assim é, o mesmo se aplica a jogos de computador e etc. Existam os interessados… Muito obrigado por teres respondido a estas perguntas e esperamos ter brevemente novidades tuas. Tens chegado a muitas pessoas através desta apresentação do teu livro em festivais e lojas da FNAC, mas estas últimas linhas são tuas para dizeres algumas palavras. Quero agradecer a todos os meus amigos e leitores, pela força e incentivo que me votaram ao longo destes meses, quer na minha página do Facebook, quer nas lojas Fnac, concertos ou outros eventos, e deixar um abraço muito especial aos oradores que vou convidando para as minhas apresentações que, de coração aberto, me têm ajudado! Um grande abraço aos leitores da Ode Lusitana! Espero vê-‐los em breve numa apresentação de “A Guardiã”.
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Breves / Notícias (cont.)
Agenda
-‐ Nevoa, banda do Porto, praticante de black metal atmosférico irá editar brevemente o seu primeiro longa duração, “The Absence of Void”, através da Altare Productions. A banda é formada pelo João Freire e o Nuno Craveiro, e tiveram a colaboração em alguns temas da Cláudia Andrade e do Pierre Laube. -‐ Corman, banda de Lisboa formada em 2013, dedica o seu som ao heavy/doom metal e ao mestre do cinema B, Roger Corman. Neste momento estão à procura de editora / distribuidora para lançar nos próximos meses este seu primeiro longa duração. -‐ Fungus, banda constituída por elementos de Portugal, Suiça e Holanda, disponibilizou no mês de maio o tema “Computerized Humanity”, retirado do álbum de estreia “Predatory Harvest”. Praticantes de brutal death metal a formação é a seguinte: Perverter (voz), Bob (guitarra), Ângelo (guitarra), Alex (baixo) e Artur (bateria). -‐ Ultimamente tivemos duas bandas que apresentaram gravações de versões. Os Machinergy, de Arruda dos Vinhos, formados em 2006, praticantes de thrash metal, apresentam a versão de “I Don’t Care” dos Ramones. De Santa Maria da Feira, temos os Revolution Within, que espalham o seu thrash metal desde 2005 e que fazem a versão de “Paranoid” dos Black Sabbath. -‐ O número de maio (nº 6) da Som do Rock Magazine já se encontra disponível para leitura. Com 24 páginas, podemos contar com uma biografia dos Ibéria e uma foto reportagem ao Inaccessible Art 2015, entre várias novidades. -‐ A Versus Magazine editou também o seu número 34 relativo ao período de março a maio de 2015. Na capa temos o Nuno Costa da SounD(/)ZonE, que numa excelente entrevista nos leva a conhecer a história do cena metálica açoriana. A não perder! Relativamente a bandas portuguesas podemos contar com entrevistas a Blame Zeus, Equaleft e Moonshade, além de várias entrevistas e críticas a álbuns de bandas mundiais. São 70 páginas de leitura verdadeiramente aconselháveis. -‐ Wrath Sins, banda de Vila Nova de Gaia formada em 2011, praticantes de progressive/thrash metal, tem a data de 26 de setembro definida para o lançamento do álbum de estreia “Contempt Over the Stormfall” através da Raising Legend Records. O artwork foi executado em parceria com o Augusto Peixoto (Irondoom Design). -‐ No dia 19 de junho os Mons Lvnae apresentam no RCA Club em Lisboa o seu álbum de estreia “Lotvs” ao vivo. Banda de Cascais de gothic/folk/doom metal formou-‐se em 1998 e neste concerto vão contar com os convidados Inner Blast. -‐ O Sebadelhe MetalFest 2015 já se encontra com o cartaz concluído. A decorrer no dia 15 de agosto em Sebadelhe (Vila Nova de Foz Côa), conta com Web, Dead Meat, Machinergy, Brutal Brain Damage, Gorgásmico Pornoblastoma, Destroyers of All e Shoryuken. A entrada é livre. -‐ A 19 de setembro irá decorrei o 1º Penalva Rocks, em Penalva do Castelo (Viseu), contando com a participação dos Mata-‐Ratos, Mass Burial (Esp), Dokuga, Estado de Sítio, Terror Empire, V8 Bombs, Processing Cut Mode, Apotheus, It Was the Elf e Rotten Rights.
Junho 19 – Web / Equaleft / Booby Trap – Hard Bar, Bustos
(Aveiro) 19 – Mons Lvnae / Inner Blast – RCA Club, Lisboa 19 – Besta / Örök / Claim Your Throne – Cave 45, Porto 19 – Cinemuerte / Blame Zeus / Deserto – TOCA, Braga 20 – Frost Legion / Dawn of Ruin / Solveig – Black Summer Night – Live Caffé, Moita 20 – Mata Ratos / Albert Fish / Re-‐Censurados / Suspeitos do Costume / Sicksin / Trucks / Los K.O.Jones / Halfzeimers / Padrão 96 – Teixo Garagem Rock Vol. XII – Teixoso, Covilhã 20 – Web / Equaleft / Carne Pa Canhão – ASDREQ – Quintela de Orgens, Viseu 20 – Besta / The Idyll’s End / Motim / Aimless – Hard Bar, Bustos (Aveiro) 24 – Witchthroat Serpent (Fra) / 1886 (Esp) / My Master the Sun – Sabotage Club, Lisboa 25 – Witchthroat Serpent (Fra) / 1886 (Esp) – Cave 45, Porto 26 – Satanic Warmaster (Fin) / InThyFlesh / Dolentia / Nevoa – Hard Club, Porto 27 – Satanic Warmaster (Fin) / Irae / InThyFlesh / Theriomorphic / Vizir / Ravensire / Cruz de Ferro / Machinergy / Speedemon – V Sardinha de Ferro -‐ Side B, Benavente
Julho
3 a 5 – Shadowsphere / Equaleft / Serrabulho / Bleeding Display / Disaffected / Neoplasmah / Vizir / Tales for the Unspoken / Burn Damage / Burned Blood / Shoryuken / Rusty Joe / Advogado do Diabo / The Last of Them / The Autist / Emma / Hourswill / Sunya / Overcome the Sky / Frost Legion / Madame Violence / Trepid Elucidation / Monolith Moon / Layover / Yeti / Kings n’ Fools / Fear the Lord – Hell in Sintra – Campo de Futebol de Albarraque, Rio de Mouro, Sintra 4 – Eyehategod (EUA) / Besta / Crossed Fire – RCA Club, Lisboa 4 – Head:Stoned / Nethergod / Blame Zeus – Cave 45, Porto 4 – The Ransack / Waterland / Queens n’ Aces – Rock na Barragem – Barragem Areias, S. Vicente, Barcelos 11 – Survive the Wasteland / Venial Sin / Life or Deacy / Lyfeordeath / As They Come – Wolfheart Fest – Metalpoint, Porto 13 – Gojira (Fra) / The Raven Age (Ing) – MEO Arena, Lisboa 15 – Cannibal Corpse (EUA) / Suicide Silence (EUA) – Paradise Garage, Lisboa
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