Revista Circuito

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CIRCUITO

Um Brasil de esquerda e de direita. Social Media A profissão da Nova Era.

A Guitarrada de Félix Robatto ESPECIAL

PROJETO MUNDIAR Revolucionando o modo de aprender.

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EDITORIAL A CIRCUITO chega ao mercado com o intuito de informar e auxiliar seus visitantes e moradores. Com matérias com leituras prazerosas, entrevistas e muita informação, o leitor pode absorver o que de melhor a capital do estado tem a oferecer. Tendo como um dos objetivos centrais ser a diferença da informação no estado, os editores da revista trabalham com notícias de primeira mão e fontes diferenciadas pra que possam oferecer ao seu público um trabalho com credibilidade, com confiança. Na primeira edição, a novidade traz uma matéria especial sobre cidadania, focando no Projeto Mundiar que ajuda jovens e adultos em escolas públicas do estado a terminarem seus estudos com didática diferenciada e professores capacitados. Além disso, informações sobre arte local, uma matéria informativa sobre Social mídia e muitas outras coisas compõem a revista de apresentação. Na capa, um dos grandes nomes da música paraense, Félix Robatto, que concedeu uma entrevista em que fala dO novo trabalho e carreira em um BATE PAPO descontraídO e entre amigos. A CIRCUITO veio pra mostrar que a mídia impressa continua a todo vapor, com informações relevantes ao NOSSO público-alvo: leitor que busca notícias reais e de fácil acesso.

EXPEDIENTE Editor Chefe: Marcus Ayres Reportagem: Ana Paula Oliveira Arthur Amaral Marcus Ayres Diagramação: Marcus Ayres Fotografia: Arthur Amaral Direção Geral: Raffael Amado

contato revistacircuito@gmail.com (91) 98490 0670 2


CIRCUITO

sumário página 4 Brasil de Ideologias Você é de direita ou de Esquerda? Você sabe o que significa ser um ou outro?

página 12 álibi de orfeu

página 6

a trajetória da banda paraense que é referência na cena rock.

banda vinyl laranja banda paraense lança disco novo e conta sua experiência no texas

página 14 social media

página 18 projeto mundiar o projeto educacional que está revolucionando o modo de educar e o modo de aprender.

os desafios e as vantagens da profissão da nova era.

página 10 félix robatto o som da guitarrada que vem conquistando a noite paraense 3


A CRISE POLÍTICA QUE TROUXE À TONA UM

BRASIL DE IDEOLOGIAS

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Texto: Ana Paula Oliveira. Edição e Diagramação: Marcus Ayres.


CIRCUITO Nos últimos anos, temos visto a intensificação dos termos ideológicos “Direita e Esquerda”. Mas o que, de fato, eles significam? Quais dúvidas os cercam? É fácil se identificar com um ou outro se baseando em explicações nas re-

des sociais e/ou meios de comunicação sem credibilidade. Difícil é compreender seu contexto histórico e suas representações. Vamos aqui, de maneira simples, resumir o que pode tirar alguns de seus questionamentos sobre os dois movimentos.

Se pensarmos bem, os dois lados realizam reformas com apenas uma diferença importante: enquanto um luta incansavelmente pela igualdade e justiça social, o outro mantém regras que defendem a liberdade individual. Essa divisão tomou força e grandes proporções durante a Ditadura Militar onde, quem apoiava os militares, era considerado de direita e, os defensores do regime socialista, de esquerda. Ao longo do tempo, novas divisões surgiram dentro de cada ideologia. Nos tempos atuais, liberais, nacionalistas, conservadores e cristãos estão dentro da ideologia da direita, e ainda o nazismo e fascismo que estão na chamada extrema direita. Democratas, socialistas e progressistas fazem parte dos ideais esquerdistas. Na extrema esquerda, movimentos igualitários e autoritários. Existe ainda um movimento que defende o capitalismo sem deixar

de lado as preocupações com as questões sociais, é a posição de “centro”, termo que surgiu na Roma Antiga (“In mediun itos” que significa “a virtude está no meio”). Essa política prega tolerância e equilíbrio na sociedade. Outra questão muito importante dentro do tema é a economia. Os esquerdistas lutam por uma economia justa, com igualitária distribuição de renda. Os de direita, seriam associados ao liberalismo, que procuram manter a livre iniciativa de mercado e os direitos à propriedade particular. Os resultados de uma escolha justa por um “lado” devem levar em conta pesquisa histórica e bom senso. A luta por igualdade ou liberdade individual é infindável, e cabe a sociedade fazer sua parte lutando por seus direitos ou ficando de braços cruzados diante dos movimentos que regem a política.

Direita e Esquerda. Como os termos surgiram? No século XVIII, assembleias francesas foram organizadas para a criação da nova constituição, a população rica não se sentiu a vontade com a participação dos mais pobres e, para não haver junção, resolveu se sentar separada, do lado direito. Sendo assim, o lado esquerdo tomado pela população pobre da época foi associado à luta pelo direito dos trabalhadores e, o lado direito, à elite. O tempo foi passando e, ser de direita, se tornou sinônimo de

conservadorismo, abrangendo uma classe que procura manter o poder elitista. Enquanto ser de esquerda, significa a luta dos mais pobres lutando por direitos igualitários. Hoje, anos depois, as expressões ganharam outro significado - não substituindo o primeiro – Os partidários que se opõe ao regime vigente podem ser chamados de esquerdistas (oposição) e, os que defendem, os direitistas.

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A histĂłria de uma das ma

vinyl la e sua experiĂŞncia

texto: ana pau

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CIRCUITO

aiores bandas de BelĂŠm

aranja em Austin, Texas.

ula oliveira

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CIRCUITO 16 de abril, Chevallier, 1 hora da manhã, esse foi o roteiro do show de lançamento do cd mais recente dos gloriosos da Vinyl Laranja, “Unchangeable Past, fleeting future” gravado e mixado nos Estados Unidos pelo produtor de nada mais, nada menos que Foo Fighters e Queens of the stone age. A banda, que acaba de chegar de Austin, trouxe na mala todas as experiências adquiridas em seu ano fora e mostrou que continuam encantando o público paraense, seu mais fiel. O disco contém faixas escritas por todos os integrantes da banda e conta as mais diversas histórias normais (ou não) da vida de alguém. O grupo formado por Andro Baudelaire, Lucas Braga, Saul Smith e Bruno Folha contou com a ajuda de fãs, amigos e família para uma viagem que foi um enorme passo na carreira dos meninos que fizeram mais de 60 shows em 35 casas diferentes fora do país “Nós fomos de Belém com pouco dinheiro e, com esse pouco, compramos um carro e não tínhamos onde dormir. Ficamos algum tempo dormindo em garagens e, depois, ajudamos a limpar a sala de um cara que nos deixou ficar ali. Lá foi nossa casa nesse tempo fora”, conta o vocalista.

A Vinyl surgiu em 2004 quando Andro conheceu Folha e o ensinou a tocar baixo, chamando Saul pra assumir a segunda guitarra. O primeiro cd da banda não demorou a sair, e em 2005 eles lançaram pelo selo Ná Figueredo. Alguns bateristas passaram por eles quando, em 2014, Lucas assumiu as baquetas. Os garotos ganharam maior visibilidade na cena paraense ao longo dos anos e, depois de um pequeno hiato, mostraram gás total com o disco “Rooster Illusion”, lançado no início de 2014, o queridinho que ganhou mais ainda a atenção do público e colocou os meninos na rota das boas bandas da cidade. Após um tempo em Belém, os caras já planejam uma próxima temporada nos Estados Unidos, dessa vez em Nashvile. “Lá existem muitas casas de shows, muitos espaços. Texas e Nashville são grandes quando se fala nisso tudo”, revela Andro. Esse é só um exemplo da grandiosidade musical existente na capital do Pará, cidade berço de ótimos músicos, pessoas completamente apaixonadas pelo que fazem pela arte. “Unchangeable Past, fleeting future” está disponível no SoundCloud e Spotify.

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a GUITARRADA

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de félix robatto Texto: Ana Paula Oliveira. Edição e Diagramação: Marcus Ayres.


CIRCUITO A riqueza cultural do Pará é incontestável. O Estado e sua diversidade alcançam públicos e lugares antes inimagináveis e unem, do Tecno Brega à guitarrada, quem antes não entendia o quão eficaz é a arte quando se fala em comunhão. Um dos destaques que compõem esse emaranhado de cores e sons é o músico Félix Robatto. Ele conversou com a gente sobre parcerias, carreira, planos e família. Uma mesa no Buffalo Bill, uma cerveja gelada e um tira gosto foram os itens principais do cenário já formado pra uma conversa rápida e proveitosa. Trabalhando ao lado da esposa há quase dois anos, produziu grandes vozes da MPP (Música Popular Paraense). “Conheci um trabalho da Lia Sophia no Terruá Pará em 2011, eu estava como assistente de direção e ficamos amigos nesse período. Ela tinha ouvido falar que eu produzi um trabalho da Gaby Amarantos com o Miranda (produtor musical) e me chamou para estar junto no disco que ela queria fazer. Eu gostei muito do resultado final, ela sabe o que quer e sabe o que faz. Além de ter consigo bons músicos”, disse Félix. A cantora Gaby Amarantos também trabalhou com Robatto e ele explicou como surgiu essa parceria “Eu conheço a Gaby há muito tempo. Nós tocamos juntos em meados de 98 ou 99. Em 2004, na época em que o La pupuna surgiu, ela começou a participar de alguns eventos da TV/Rádio Cultura e eu comecei a acompanhar. Depois de um tempo, o Miranda chegou e disse que eu seria o Chimbinha da Amarantos (risos), que eu tocaria guitarra com ela e produziria seu disco.” Sobre a banda La Pupuna, Félix conta que a banda surgiu como um

projeto de quando era aluno de licenciatura em música na UEPA. Em 2003 foi aberta uma bolsa de pesquisa e ele se inscreveu com outros dois amigos para fazer um trabalho sobre guitarrada. O trabalho de pesquisa rendeu várias descobertas, muito além do que Félix já conhecia. Foi apresentado a alguns mestres, conhecendo mais sobre esse universo e sentiu vontade de gravar músicas autorais. Assim, ele produziu suas primeiras músicas em um estúdio caseiro e as levou para a rádio. O reconhecimento veio, segundo o músico, sem pretensão e

Músicas e projetos devem ser feitos pensando no povo, em trazer o povo mais pra perto porque arte é isso! Félix Robatto tomou diretrizes diferentes do esperado. “Eu levei na rádio só pra apresentar um dos meus sons já com o nome de La Pupuna, mas a banda em si nem existia. A música começou a ser divulgada, começaram a chamar pra eventos e convidei a galera da universidade e fomos, e montamos a banda”, contou Félix. . O grupo de amigos músicos ganhou espaço e foi chamado pra participar de eventos dentro e fora do Brasil. Se apresentaram em Recife, Alemanha e Texas. Na França, chegaram a fazer vinte shows em cinco dias. Além dos shows, o guitarrista foi o responsável pela direção do primeiro DVD do Mestre Vieira, o criador

da guitarrada. Sua banda, La Pupuna, tem uma música dedicada ao artista. Há cerca de dois anos, surgiu a ideia de criar o “Quintarrada”, uma mistura de gêneros e nomes de peso que fazem um encontro de amigos todas as quintas no Bar Templários. Segundo Félix, a casa noturna abraçou o seu projeto, visando a valorização dos artistas locais. O músico recebe amigos e convidados como Pinduca e Gang do eletro, por exemplo. As apresentações seguem sem um roteiro pré-definido e um artista acaba tocando músicas do outro e fazendo uma bela festa na noite de quinta. Em maio de 2015, Félix apresentou seu primeiro trabalho solo intitulado “Equatorial, quente e úmido”, um disco com perceptível influência da música latina. Lia Sophia participou da direção vocal. Paulo André Barata, filho de Ruy Barata, participou de “Baiuca’s bar”, musica composta por seu pai e adaptada para o trabalho. Antes de ser guitarrista, Félix revela que seu instrumento era percussão. A guitarra surgiu depois como uma melhor forma de passar sua mensagem, suas composições. O trabalho como produtor é constante. Junto ao amigo André Coruja, que era o baixista do La Pupuna, tocam projetos musicais variados. De acordo com o guitarrista, percussionista e produtor, o Pará se encontra em uma fase boa e o acúmulo de experimentações sonoras chegou ao limite e vem enchendo a cidade de sons dançantes e músicas alegres, com artistas empenhados e que trabalham para fazer o melhor para o seu público. Músicas e projetos devem ser feitos pensando no povo, em trazer o povo mais pra perto porque arte é isso! – Afirma Félix.

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a estrada de

álibi de orfeu texto: ana paula oliveira - diagramação: marcus ayres

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Belém se tornou pequena para as grandes proporções tomadas pela música autoral feita no estado, onde bons nomes vêm sido constantemente mencionados nas cenas mainstream e underground da capital mangueirosa. O que poucos sabem, é que não é de hoje que a cidade emana qualidade sonora para os quatro cantos, tendo história e muita estrada. Um belo exemplo de tudo isso é a oitentista Álibi de Orfeu que, com quase 30 anos e diversas formações, é figura conhecida do público paraense. A nova vocalista, Karen Iwasaki, contou um pouco da sua rotina, da história da banda e como conseguiu ser a front woman da histórica Álibi. Aos 23 anos, a mãe do Miguel vem se mostrando cada dia mais entusiasmada com essa nova fase de sua vida “Tem sido uma experiência e tanto. Fiz muitos amigos nesse meio musical e fui muito bem recebida. Tá sendo incrível!”. Estudante de arquitetura, ela tem conseguido conciliar sua vida com os estudos, família e carreira “Não é difícil quando se faz com amor”. Após a saída da última vocalista, Karen conseguiu entrar na banda através de um teste feito pelos membros “A antiga vocalista saiu, logo em seguida eles anunciaram um teste e uma conhecida me avisou dizendo pra eu mandar um vídeo pro Rui (baterista), que já era meu conhecido. Eu mandei e ele mostrou pros outros meninos. Alguns dias depois, eles me ligaram

me chamando pra mais um teste cara a cara, eu passei e entrei pra banda”, conta animada, ela que é influenciada por Hayley Williams, Matt Bellamy, Emily Barreto e nomes como Tina Turner e Beyoncé. O quinteto terminou nesse primeiro semestre a gravação do novo CD intitulado “Desterro”, eles que já trazem na mala um vinil chamado “Álibi de Orfeu”, um EP “Quem disse que a vida era fácil” e um CD cheio “Só veneno”. Ópera rock é o ritmo que os acompanha e eles apostam em cheio nessa pegada no novo disco, que tem previsão pra sair ainda esse ano. Karen sempre foi próxima da música. Desde pequena já ouvia música pop e rock, além de ser irmã do vocalista da banda Blind for Giant, Allan Souza “A paixão pela música veio cedo, não tenho pais ou tios músicos mas algo sempre me puxou pra esse lado, sempre fui amante dessa arte. Meu irmão é meu grande incentivador, as vezes cantamos juntos e acabei fazendo uma participação no novo cd da Blind que também sai em 2016”. A agenda de shows para o ano ainda não foi definida, todos estavam focados na gravação do disco e depois prontos para os eventos que surgirem “Fizemos alguns shows ano passado e paramos pra focar na gravação do “desterro”, tá lindo e tenho certeza que todos irão gostar!”, revela Karen.


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CIRCUITO

social

media

a profissão da nova era texto e diagramação: marcus ayres

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Em meados de 2013, o mundo passou a falar com mais frequência a respeito de um novo e promissor campo profissional. A internet e toda a facilidade que trouxe para a comunicação colocou em destaque o profissional responsável por gerenciar toda essa troca de informações. Surgiu assim o Social Media ou analista de mídias sociais. No começo as empresas não acreditavam que o investimento nesse tipo de mídia seria eficiente. No decorrer dos anos ocorreu uma mudança significativa no mercado. Assim, as empresas de um modo geral passaram a olhar com mais cuidado para a comunicação com o seu público via internet. Redes como Facebook e Twitter passaram a ser usadas como centrais de atendimento ao consumidor. O número de reclamações sobre produtos e serviços começou a aumentar gradativamente. As empresas que já apostavam nesse tipo de canal saíram na frente da concorrência que teimava em não aceitar essa nova forma de falar com o seu consumidor. Agências de propaganda se adequaram à nova demanda do mercado e começaram a oferecer o servi-

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ço de gerenciamento de redes sociais, também. Hoje o faturamento com tal serviço já é o maior de muitas agências. Mais uma vez quem apostou saiu na frente de quem fez vista grossa para a internet. Com o aumento da demanda, o mercado passou a precisar e contratar mais profissionais da área. E mais uma vez o fenômeno se repetiu. Quem se especializou e investiu em cursos de aperfeiçoamento saiu na frente de quem achava que as redes sociais seriam apenas uma moda. Hoje o mercado exige pessoas cada vez mais preparadas para lidar com pessoas. O profissional social media precisa entender isso muito bem. Ele precisa estar consciente de que vai representar uma empresa na internet e irá falar com o público dela. Outro aspecto interessante é o aumento de aplicativos e demais softwares utilizados como ferramentas de gerenciamento de marketing digital que são essenciais no cotidiano das agências. A constante reinvenção da internet e, consequentemente, das redes sociais torna a maioria das ideias simples em negócios de alta lucratividade.


CIRCUITO

O QUE O MERCADO ESPERA DE UM SOCAL MÍDIA? Paixão por comunicação Paciência Excelente redação Saber trabalhar em equipe Estar sempre atualizado Conhecer ferramentas de gerenciamento Estar sempre on line Entender de marketing Estudar sempre

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antonia, aluna do projeto mundiar.

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CIRCUITO

QUANDO A

EDUCAÇÃO

TRANSFORMA VIDAS

A sistema de educação no Brasil é um dos temas mais delicados e polêmicos da sociedade. Muitos defendem que todo o processo de aprendizado está defasado e precisa ser atualizado e adequado às necessidades atuais. A CIRCUITO foi surpreendida por histórias de superação e força, histórias que merecem ser contadas e que resultaram nas entrevistas que o leitor verá A SEGUIR.

REPORTAGEM:

ANA PAULA OLIVEIRA ARTHUR AMARAL MARCUS AYRES 19


Alguns números do Ministério da Educação são alarmantes. Por exemplo, 38% dos acadêmicos do país são considerados analfabetos funcionais, ou seja, aqueles estudantes que lêem, mas não compreendem o sentido do que foi lido. Entre os alunos do Ensino Médio a situação também é um problema. Mais de 70% deles não conseguem ter uma leitura eficiente e mais de 90% não têm afinidade com as noções básicas de matemática. São inúmeras as causas desses problemas. Seja por causa da falta de investimento ou de investimentos erroneamente aplicados, seja por causa da falta de infraestrutura na qual o professor precisa trabalhar ou seja pela desmotivação do estudante, que se vê como uma “máquina” que precisa decorar as informações que lhe são passadas. Soma-se à falta de motivação os problemas de cada aluno, seja de cunho financeiro ou social, o que acaba causando desde a falta de comprometimento com os estudos até a evasão escolar. Em um país onde o custo de vida fica cada vez mais alto e as oportunidades mais escassas, mesmo dependendo da formação escolar para se sobressair no mercado de trabalho, alguns estudantes acabam optando por trabalhar ao invés de estudar. Temos, então, um cenário profissional comprometido devido à falta de preparo. Em algumas áreas há carência de mão de obra qualificada. Nas escolas, a evasão assombra a vida dos estudantes que precisam sobreviver e lutar pela sobrevivência das suas famílias. Para mudar esse quadro, algu-

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mas parcerias entre o governo e empresas privadas estão surgindo. Uma delas é o projeto Telecurso Mundiar, uma iniciativa da Fundação Roberto Marinho. Um dos principais problemas da educação no país é a defasagem idade-ano. Jovens estudantes abandonam a sala de aula por diversos motivos e se inserem no mercado de trabalho em busca do sustento financeiro pessoal e da família. No Pará, o Mundiar atende estudantes do Ensino Fundamental (6º ao 9º ano) e Ensino Médio. A partir de um currículo único, de abrangência nacional, o Telecurso incorpora características regionais e locais à dinâmica das aulas, de maneira que o estudante descubra novas situações de aprendizagem a partir da sua experiência de vida. A metodologia Telessala reúne um conjunto de ações (como formação continuada de professores, acompanhamento pedagógico e avaliação) que garantem resultados bem sucedidos em diferentes contextos. Iniciado em 2014, o Mundiar é uma parceria com o Governo do Estado do Pará, por meio da secretaria de Educação, e conta com financiamento do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID). Mais de 7 milhões de estudantes já concluíram o ensino básico por meio do Mundiar e cerca de 40 mil professores já foram formados pela Metodologia Telessala, em todo o Brasil. Em 2011, o programa passou a ser usado como currículo de referência nacional para o Exame Nacional para Certificação de competências de Jovens e Adultos (ENCCEJA). Em Belém, uma das escolas

atendidas pelo Projeto Mundiar é a Escola Estadual de Ensino Fundamental Fé em Deus, localizada em uma passagem que leva o mesmo nome, no Distrito de Icoaraci, periferia da capital paraense. A interação dos alunos é vista nas paredes da sala, que são completamente cobertas por trabalhos feitos ao longo do curso. A dedicação e o empenho presentes em cada uma das atividades são visíveis. Cada traço, cada colagem, cada cor utilizada mostram o quanto a educação é levada à sério naquele espaço. O Professor Rogério de Moraes é quem orienta os alunos. Idades, histórias de vida, sofrimentos e tristezas são os mais diversos. O sentimento que torna todos iguais e os une nessa batalha diária é a vontade de vencer, a vontade de ter uma vida melhor que só a educação pode oferecer. A equipe de reportagem visitou a Escola na noite de uma quinta feira. A atividade tinha como proposta elaborar a Identidade Cultural dos estuantes e cada um deles deveria produzir um cartaz com respostas à determinadas perguntas como “O que lhe chama a atenção nos caminhos que percorre?”. O cartaz deveria ser ilustrado com uma foto do aluno e a criatividade para compor a arte era responsabilidade de cada um. Através de atividades como essa, o estudante é estimulado a pensar em sociedade, perceber o que ocorre em seu espaço geográfico, notar a importância dos relacionamentos interpessoais e, didaticamente falando, a estimulação da redação é o ponto máximo da aula.


CIRCUITO

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AMOR PELA PROFISSÃO

O matemático Rogério de Morais é o professor responsável pela turma do projeto Mundiar na Escola Estadual Fé em Deus. Ele conversou com a CIRCUITO a respeito das conquistas e dificuldades enfrentadas por todos os envolvidos no projeto.

PROFESSOR ROGÉRIO DE MORAES 22


CIRCUITO

Propiciar alternativa de acele- lho Estadual de Educação, a qual foi Como a Escola Fé em Deus foi selecionada para participar do ração resultando a redução da defasa- ratificada em 2015 e faz parte do Pacgem idade/ano com sucesso e de for- to Pela Educação sendo custeada pelo projeto? ma mais humanizada devendo existir até a eliminação de tal defasagem idade/ano. O projeto beneficia estudantes a partir dos 15 anos de idade com distorção ano/idade. No Ensino MéOs professores e demais pro- dio, beneficia estudantes nas mesmas fissionais envolvidos passam por al- condições. A Secretaria de Educação (SEDUC) ofertou o Projeto às escolas que, inicialmente, poderiam ou não aceitá-lo. Hoje, o projeto é desenvolvido em todas as escolas.

gum treinamento?

Qual a mecânica do Projeto?

Um dos princípios é ter o eduAntes do início das aulas e a cada termino de módulo, há uma se- cando como o protagonista do promana de formação profissional ofere- cesso de aprendizagem. Há utilização cida pela SEDUC em parceria com a de recursos diferenciados (vídeos auFundação Roberto Marinho. Nessa semana, ocorrem palestras, seminários, formação especifica que permita o educador direcionar de forma mais adequada os conteúdos a serem ministrados, além das trocas de experiências que possibilitam melhorar o processo de aprendizagem.

Existe algum tipo de acompanhamento para verificar o andamento do projeto?

“Na minha turma eu sou coadjuvante. Os estudantes são os protagonistas e eles se empenham cada vez mais.”

governo estadual através da SEDUC.

Um dos motivos da existência do Projeto Mundiar é o de evitar a evasão escolar. Por qual razão essa evasão ocorria? Majoritariamente, devido a questões financeiras que pressionam os estudantes a entrarem no mercado de trabalho e, por questões de tempo e incompatibilidade, desistem dos estudos.

Existem dados sobre a evasão antes e depois da implementação do projeto? Sim, são atualizados a cada módulo e acompanhados pela FRM e SEDUC que, no final de cada ano letivo e das turmas Mundiar, comparam tais indicadores para iniciação de novas turmas do projeto.

Qual o papel da escola na formação do cidadão?

Imprescindível e de suma importância. Na minha turma eu sou coadjuvante. Os estudantes são las, livros didáticos, dinâmicas, percursos, projetos complementares de os protagonistas e eles se empenham vários âmbitos e etc) desenvolvidos cada vez mais. O que há de errado no ensipela FRM que também é responsável pelo assessoramento pedagógico sen- no atual? Pouco compromisso e partido as demais questões exclusivamente cipação da comunidade, profissionais do parceiro Estadual. A verba para a existência do desmotivados devido o excesso de falprojeto vem da inciativa privada ou ta de comprometimento do governo e da sociedade em geral, políticas pútem também apoio do Governo? O projeto de aceleração é da blicas antiquadas e desatualizadas no Quais são as bases do ProjeFundação Roberto Marinho, que no atual contexto social e tecnológico. Já to Mundiar? Ele existe exatamente Pará nomina-se MUNDIAR, recebeu passou da hora de repensar o currícupor qual motivo? ainda em 2013 autorização do Conse- lo escolar. Em cada escola, há um supervisor responsável por esse acompanhamento. Nas USEs/UREs, há um coordenador responsável pelo Projeto. Ambos também participam das formações, mas de forma mais específica para as atividades que desempenham. Na SEDUC, há responsáveis específicos para as turmas do EF e EM, além de uma equipe representante da Fundação Roberto Marinho que nos orienta.

Professor Rogério de Moraes

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ROSTOS DO

MUNDIAR MARIA DO SOCORRO

55 ANOS, CASADA, MÃE DE 2 FILHOS. FICOU SEM ESTUDAR POR 34 ANOS E VOLTOU ATRAVÉS DO PROJETO MUNDIAR QUER DAR CONTINUIDADE AOS ESTUDOS ATÉ CHEGAR NA FACULDADE.

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CIRCUITO

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ALESSANDRA COSTA

24 ANOS, CASADA, MÃE DE DOIS FILHOS FICOU 5 ANOS SEM ESTUDAR POR CAUSA DO NASCIMENTO DOS FILHOS DEPOIS DO MUNDIAR QUER INVESTIR NA CARREIRA DE ADVOGADA EsTENDE PARA OS FILHOS OQ UE APRENDE EM SALA DE AULA

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CIRCUITO

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ROBERT VALDIR

20 ANOS. A FALTA DE ESTUDO PREJUDICA A CONQUISTA DO PRIMEIRO EMPREGO. CONSIDERA O PROJETO MUNDIAR COMO UMA TERAPIA QUE MUDOU SUA VIDA. DENTRE OUTRAS PROFISSÕES, QUER INVESTIR NA CARREIRA DE ADVOGADO. ESTÁ ESCREVENDO UMA SÉRIE BASEADA EM SETE ANOS DA SUA VIDA.

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