Diários de Estágio: (Observação) 20 de Janeiro de 2010
Foi com agrado e muita satisfação que me dirigi para a escola primária, onde iria
leccionar
com
a
minha
colega
Margarida. As crianças, turbulentas e agitadas,
esperavam
no
pátio
pela
professora, para mais um dia de aulas. Após o cumprimento das Tarefas já combinadas com os alunos, a professora escreveu no quadro:
Funchal, 20 de Janeiro de 2010. Hoje é quarta-feira e vamos à natação.
Depois redigiu o Plano Diário: 1- Tarefas; 2- Mudar Tarefas; 3- Lista de
Palavras; 4- Inglês; 5- Tempo de Estudo Autónomo; 6- Apresentação do Projecto; 7Avaliação e Respostas a Perguntas Sobre o Projecto; 8- Balanço do Dia. Em primeiro lugar, quero realçar a grande surpresa que tive ao chegar à sala de aula. Quando o meu olhar se desviou para o lado inferior direito, qual não foi o meu espanto, ao verificar que já tínhamos um computador na sala. Com a evolução das tecnologias e para que os nossos alunos não se sintam, nem estejam em desvantagem em relação às outras crianças, este instrumento de trabalho revela-se de extrema importância para a concretização dos seus trabalhos. Este pode agora ser utilizado em diversas actividades, tais como nos Projectos, no Tempo de Estudo Autónomo, para escrever as suas cartas para os Correspondentes, para a edição do Jornal, entre outras. Respectivamente à alínea número dois do Plano Diário, Mudar as Tarefas, a docente apresentou uma sugestão, que passava por tentar demonstrar aos alunos a vantagem de mudar as Tarefas semanalmente e não quinzenalmente. Refira-se, contudo, que a professora solicitou, em primeiro lugar, a opinião dos alunos. “Neste sistema de diferenciação pedagógica do MEM, a gestão do currículo processa-se, portanto, em cooperação, ou seja, pela forma mais directa de participação dos alunos na negociação
das actividades e na respectiva distribuição e controlo” (Sérgio Niza, 2000 – página: 48). A sua aceitação foi unânime e, de seguida, tivemos igualmente a oportunidade de assistir à distribuição das Tarefas pelos restantes alunos. Saliento, em particular, este momento porque quando formos nós a dar as aulas, incumbe-nos esta mesma responsabilidade, que, graças aquela circunstância deveras esclarecedora, ficámos a saber como se operava. As Tarefas que passo a designar concretizaram-se a par: Marcar o Tempo, Marcar as Presenças, Colocar os Nomes da Sala, Distribuir os Cadernos, Distribuir os Cartões dos Nomes, Arrumar as Prateleiras, Organizar a Biblioteca, Arrumar e Manter a Sala Limpa, Formar a Fila, Presidente e Secretário. No dia anterior os nossos alunos tinham visto o texto do Rodrigo, o qual a professora elogiou bastante, incentivando os restantes alunos a apresentarem os seus textos, porque muitas vezes os alunos têm-nos muito bonitos e bem elaborados, mas revelam medo ou vergonha em mostrá-los. Apercebi-me,
neste
momento,
que
devemos
estar
constantemente a observar as produções dos nossos alunos e, ao mesmo tempo, elogiá-los, incentivando-os a trabalhar, para que, desta forma, se empenhem cada vez mais e apresentem trabalhos cada vez melhores. Este diálogo teve como objectivo trabalhar nas Listas de Palavras. A professora questionou os alunos sobre as palavras com mais realce no texto. A palavra que os alunos demonstraram algumas dúvidas foi a palavra “lobisomens”. Assim, na Lista de Palavras constará como trabalho o plural “ens”. À medida que surgiam palavras para a composição das listas de nomes, os alunos começaram a manifestar alguma confusão entre as terminações dos plurais “ens” e “ães”.
Uma aluna, muito atenta e interessada, sugeriu à professora e aos demais colegas que oportunamente criassem uma Lista de Palavras com o plural “ães”, para que, desta forma, conseguissem apurar as diferenças. Saliente-se que esta aluna revelou grande sentido de oportunidade, autonomia e sabedoria. É curioso verificar que nesta metodologia são os alunos que sugerem as actividades, sendo estas desenvolvidas de modo a elucidá-los sobre a melhor forma de construir as suas caminhadas escolares. Isto é algo que não acontece noutra metodologia, em que os alunos muitas vezes nem têm a oportunidade de sugerir actividades e, quando o fazem, estas são muitas vezes descuradas. Durante a explanação, a professora explicou as regras do plural, salientando que as regras da língua têm de ser cumpridas, para que escrevamos correctamente. Outra ocorrência que gostaria de destacar, mas desta vez pela negativa, foi o facto de duas alunas terem chegado muito atrasadas à aula, designadamente às 9:20 e às 9:30, situação já com precedentes. Este episódio deixa-me um tanto preocupada e desgostosa, já que se torna previsível que os seus percursos e progressos poderão não ser os mesmos dos restantes colegas da turma. As suas falhas na pontualidade, bem como na responsabilidade, inevitavelmente prejudicarão o seu desempenho escolar. Na aula de Inglês, os alunos realizaram uma actividade muito engraçada e interessante, mais precisamente a confecção de uns fantoches. A professora comunicounos que, na sequência desta actividade, solicitará aos alunos que caminhem pela sala com os respectivos bonecos e que comuniquem entre eles apenas em Inglês. Durante esta aula de Inglês os alunos revelaram muito interesse e entusiasmo. Chegados do intervalo, iniciámos o Tempo de Estudo Autónomo. Trabalhei com dois alunos, um dos quais Língua Portuguesa e outro Matemática. Saliento que durante esta actividade senti algumas dificuldades, pois não conseguia dividir a minha atenção de igual forma pelos dois, deixando, por vezes, um à espera do outro.
Esta situação, em particular, fez-me pensar que terei que arranjar uma melhor estratégia para apoiar os alunos, sem os deixar à minha espera. Certamente que situações idênticas ocorrerão mais vezes e eu terei de ser capaz de solucioná-las em tempo útil. Neste sentido, questionarei a minha coordenadora e orientadora, para tomar conhecimento das suas opiniões e sugestões acerca deste assunto. Iniciámos o patamar número seis do Plano Diário, Apresentação do Projecto. Os nossos alunos elaboraram um trabalho intitulado “As Estações do Ano”. Constatei que aquelas crianças pareciam “adultos
em
miniatura”,
com
uma
grande
preocupação na exposição dos saberes e na postura, com alguns nervos à mistura, é certo. Estava completamente
rendida
àquelas
apresentações.
Cheguei até a compará-los connosco, quando na Universidade tínhamos que apresentar os nossos trabalhos. “ Estimula-se muito no MEM a realização de projectos de intervenção para que os alunos possam, a partir da tomada de consciência de algumas situações sentidas (…) são projectos que ajudam a construção da cidadania pela implicação activa nas soluções e na mudança participada em democracia.” (Sérgio Niza. 1998. PJ 104). Adorei ver como aquelas crianças explicavam o tema, os registos, bem como as imagens que estavam expostas nas cartolinas. Cada elemento falava da parte
que
tinha
elaborado
e,
pontualmente, respondia às questões que iam sendo colocadas. A professora intervinha, com alguma regularidade, para clarificar ou sintetizar o que tinha sido referido pelos alunos. Para finalizar, o grupo colocava algumas questões sobre o tema previamente apresentado, para que os demais colegas respondessem, com o intuito de perceber até que ponto existiu uma captação da informação transmitida. Na metodologia do MEM, e segundo Sérgio Niza, (1998. PJ 105), “(…) o tempo das comunicações (…) corresponde a uma secção desenvolvida em
três fases: a fase da apresentação da informação, correspondente ao estudo, à pesquisa ou à intervenção realizada em projectos pelos alunos; a fase de colocação de dúvidas e debate; e a fase de resposta a questionários de aplicação dos saberes comunicados, propostos pelos alunos que comunicaram”. Depois da apresentação, passou-se à respectiva avaliação. Então, a professora, os colegas da turma e os próprios alunos envolvidos
no
trabalho
avaliação.
Foi
espantoso
exigentes,
conscientes
e
auxiliavam verificar
na quão
auto-correctoras
aquelas crianças se revelaram. Para finalizar a aula os alunos realizaram alguns exercícios do livro do Estudo do Meio, com o propósito de consolidar a matéria dada sobre “As Estações do Ano”.