Sushi com fusão

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pág 12 Novos Conceitos | Peisheirada – Tasca de Sushi

O restaurante, com 28 lugares, funciona ao almoço como buffet (12,90 euros) e ao jantar à carta - o mesmo produto, diferente produção.

Sushi com fusão

| Texto Margarida Reis | Fotografia Humberto Mouco

O restaurante já estava aberto há um ano, como um japonês tradicional no mesmo número 4 da Calçada Bento Rocha Cabral, no Rato. Mas em Fevereiro passado uma viragem à portuguesa juntou o sushi à comida lusa, numa “peisheirada” que revalida a força de um conceito. É uma espécie de tasca portuguesa, em que os azulejos brancos estão pintados a marcadores de cores garridas pelos próprios clientes e em que à mesa se serve sushi. Mas também saladas de polvo e peixinhos da horta. O Peisheirada – Tasca de Sushi sublinha a sua relação com Lisboa, as festas populares e o produto nacional, não deixando a sua raíz nipónica - consolidada por Alexandre Hatano, o chefe brasileiro de ascendência japonesa. Confusão? Bruno Henriques, gerente do espaço, contou à INTER como uma triagem de medicina dentária, área profissional da qual desejava sair, a um sushi man o levou a querer abrir um restaurante. A proprietária do espaço, Susana Barcelos, e o chefe de cozinha completaram depois a equipa de base. Mas o projecto cose-se hoje com mais linhas, em que a componente conceptual pesa. Rui Quinta foi o criativo que materializou a ideia da tasca, desejada por Bruno. Os azulejos, o balcão e o nome Peisheirada (de peixeirada, “dos bairros”, com o sh de sushi) resultam na marca portuguesa; o jargão espalhado pelas paredes leva a “tasca” à letra. No mar de desenhos e palavras, encetado por ilustradores profissionais e agora continuado diariamente pela clientela, há um peixe a pescar um queijo – reparo de um visitante à quantidade de queijo que o chefe coloca em alguns pratos. É aqui que começa a “com fusão” (com queijo) – ou “sem fusão”, à escolha do cliente.

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PEIXE FRESCO NO PRATO O produto central será sempre o peixe: atum e salmão

obrigatoriamente e, dependendo do que estiver mais fresco no momento da compra, sargueta, polvo ao Algarve, tainha, carapau, sardinha. “Usamos quase tudo o que é português”, resume Bruno, responsável pelas compras nos mercados e nos grossistas. Apenas um fornecedor (Cominport) leva produto ao estabelecimento, no caso o que é menos nacional, como o saquê ou o vinagre de sushi. Comprar bem e fresco é a principal razão do sucesso do restaurante, acredita o responsável. Entre meses mais altos e mais baixos (“um electrocardiograma”), a mudança para o conceito Peisheirada – Tasca de Sushi contribuiu em muito para a popularidade do espaço. Tratou-se de uma lufada de ar fresco no início de um ano financeiramente crítico para a generalidade dos negócios, e das pessoas. Quanto a adversidades durante a abertura, foram poucas, à excepção de algumas com o banco e... em encontrar pessoal, o que não deixa de ser irónico. “Nunca pensei que fosse tão difícil contratar alguém”, comenta Bruno Henriques, que conta com uma equipa de colaboradores de nacionalidade brasileira. O restaurante caracteriza-se por ter outros pormenores curiosos, como os sacos de plástico pintados à mão por Audre, empregada de mesa, ou os fadinhos adaptados de clássicos com letra original do restaurante. Talvez os possamos ouvir nas noites de fado que se perspectivam, mais um elemento para acrescentar portugalidade à casa. “Na verdade, no Japão também se canta muito o fado”, diz Bruno. “Continua a ser uma fusão.” ! PEISHEIRADA – TASCA DE SUSHI Calçada Bento Rocha Cabral n.º 4, Lisboa Horário Segunda a sexta-feira 12h30-15, 19h30-23h Sábado 19h30 – 23 Tel: 211 538 251 WEB http://peisheirada.com


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