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CAPÍTULO 5 | De “chora paulista” ao Horto Florestal

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Posfácio

Posfácio

CAPÍTULO 5

DE “CHORA PAULISTA” AO HORTO FLORESTAL

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DE “CHORA PAULISTA” AO HORTO FLORESTAL

Avenida Brasil esquina com a avenida Duque de Caxias no final da década de 1940. À direita aparece parte da fachada da Casas Pernambucanas, inaugurada no local em 25 de abril de 1948.

Para dar cabo ao projeto urbano traçado por Jorge de Macedo Vieira, a Companhia de Terras Norte do Paraná teve que rasgar as ruas e as avenidas no meio da densa mata virgem, extraindo árvores e vegetações que recobriam seu território. Em meio às clareiras foram surgindo as zonas iniciais concebidas para a Maringá do futuro,10 que pretendia abrigar até 200 mil habitantes.

10 O urbanista criou apenas as Zonas 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, a Zona de Armazéns (depois denominada 9) e a Zona Industrial (depois denominada 10). A Zona 8 foi concebida depois, fora do Plano Urbanístico Original.

O mesmo local, sob outro ângulo. À esquerda aparece a então estação rodoviária de Maringá. Tratava-se de uma estrutura rústica, com oito colunas de tijolos que sustentavam o telhado de madeira, recoberto com telhas de barro. Ficava na praça que, em 1957, seria nomeada de Napoleão Moreira da Silva.

Ocorre que, com esse processo, um drástico problema foi agravado no cotidiano das pessoas. Com a estiagem, a densa poeira avermelhada se espalhava por todos os lados da cidade. Em períodos de chuvas, era comum se formarem lamaçais que, com a ausência das raízes das árvores para drenar a água, chegavam a perdurar por dias, até mesmo semanas, transformando-se em uma espécie de argila que impregnava a sola dos sapatos. Assim, um instrumento se tornou essencial naquele período. Geralmente construído em madeira, com uma base de metal, o curioso item ficava exposto em frente aos estabelecimentos comerciais e residências para que as pessoas pudessem raspar as solas de seus calçados antes de entrar. Conhecido popularmente como “chora paulista” — uma ironia com as pessoas que aportavam por essas bandas provenientes de regiões mais desenvolvidas —, o instrumento também era chamado de “limpa-pés”. Daí o termo “pé-rapado”. Inevitavelmente, aquela situação poderia minar os planos da colonizadora com a cidade que era vista como a “menina de seus olhos”. Foi quando tratou de contratar o engenheiro agrônomo Luiz Teixeira Mendes. Formado pela Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, a Esalq/USP, Mendes era próximo de Hermann Moraes Barros, diretor da Companhia de Terras. Para implantar um projeto paisagístico pela cidade, o engenheiro agrônomo recomendou a criação de um espaço adequado para essa finalidade. Com 368.300 m², o horto florestal tinha uma ambição muito além das expectativas dos diretores da CTNP. Luiz Teixeira Mendes o planejou para que se transformasse no Instituto Científico de Estudos para a Botânica Regional. Isso é, para que o equipamento ambiental promovesse o cultivo de espécies que pudessem auxiliar a arborização homogênea e com crescimento uniforme em diversas cidades. Criado no final da década de 1940, o horto deu suporte para o norte e o noroeste do Paraná e até mesmo para outros estados. E, assim, Maringá foi sendo colorida com diversas cores pintadas pelas mais variadas espécies que passaram a dominar os canteiros e as calçadas de suas ruas e avenidas.

Portal de entrada do Horto Florestal, possivelmente no início dos anos 1950.

Tem vídeo sobre o Horto Florestal Luiz Teixeira Mendes

Com a morte de seu idealizador, na tarde de 12 de julho de 1958, a Companhia realizou uma solenidade para homenagear o agrônomo Luiz Teixeira Mendes, dando seu nome ao espaço. Na oportunidade, a então avenida Independência, que passa em frente ao horto florestal, teve seu nome alterado de forma homônima. O Horto Florestal Luiz Teixeira Mendes acabou se transformando, ainda, em um dos atrativos turísticos mais frequentados de Maringá até o início da década de 1990. Quanto ao projeto paisagístico da cidade, este teve sequência com outros personagens de grande relevância, como Anníbal Bianchini da Rocha, que ganhou o cognome de “jardineiro de Maringá”, Geraldo Pinheiro da Fonseca, entre muitos outros.

Fontes: Acervo JC Cecílio / Acervo Família Bianchini / Acervo IBGE / Fotos de Tibor Jablonsky / Museu Bacia do Paraná / Acervo CMNP / Acervo Maringá Histórica.

No interior do Horto Florestal duas jovens de descendência nipônica posaram para a equipe do IBGE, que registrou a cultura maringaense pela terceira vez que passou pela cidade, em 1960. Ao fundo, a grande movimentação de pessoas indica possivelmente ser um domingo.

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