![](https://assets.isu.pub/document-structure/220430122817-830f039ab20cefa7cdd2d41be89f28ca/v1/e5f3d592cd8d4f878620f6cee3627f81.jpeg?width=720&quality=85%2C50)
3 minute read
CAPÍTULO 2 | Emílio Clemente Scherer e a Capela São Bonifácio
CAPÍTULO 2
EMÍLIO CLEMENTE SCHERER E A CAPELA SÃO BONIFÁCIO
Advertisement
EMÍLIO CLEMENTE SCHERER E A CAPELA SÃO BONIFÁCIO
![](https://assets.isu.pub/document-structure/220430122817-830f039ab20cefa7cdd2d41be89f28ca/v1/11a29a0bc9dc31e16285a63fd6360ea0.jpeg?width=720&quality=85%2C50)
Raríssimo registro do padre alemão Emílio Clemente Scherer em frente à Capela São Bonifácio, possivelmente no início da década de 1950.
O padre Emil Clement Scherer, popularizado na região como Emílio Clemente Scherer, nasceu francês, na região da Alsácia-Lorena. Com a anexação desse território pela Alemanha, durante a I Guerra Mundial, Scherer optou pela nacionalidade alemã e entrou para o seminário, concluindo os estudos e se tornando padre.
Com grande interesse pelo conhecimento sobre a igreja, passou a ser considerado uma enciclopédia e começou a escrever alguns livros. Ao ingressar na Organização São Bonifácio, assumiu a função de diplomata da igreja católica, viajando o mundo para prestar assistência espiritual às comunidades germânicas. No começo da década de 1930, ante as hostilidades que começaram a ser praticadas pelo partido nazista, Scherer se posicionou contrário ao novo regime e sofreu perseguições. Por isso, resolveu trocar seus bens por terras no Brasil, em uma operação triangular envolvendo a Paraná Plantations — que tinha a Companhia de Terras Norte do Paraná como sua subsidiária —, sediada em Londres, e o governo alemão, que era compensado com ativos ferroviários que eram trocados por materiais bélicos. No final da década de 1930, Scherer vem para o Brasil e se decepciona ao saber que suas terras estavam tomadas por uma densa floresta virgem. Pior: estavam localizadas longe de Roland, onde já havia uma comunidade alemã (atual Rolândia). Começavam aí os seus atritos com a colonizadora. E como é que um sacerdote, diplomata e catedrático, escritor reconhecido e poliglota, iria morar no meio da mata, em condições tão precárias? Mas foi o que aconteceu. Scherer assumiu a fazenda localizada atualmente no Conjunto Cidade Alta e, em 1940, já havia construído sua casa e a capela que foi consagrada a São Bonifácio, o mesmo nome da propriedade. Precedeu ao lançamento da pedra fundamental de Maringá, ocorrida em 1942. E foi o primeiro padre do lugar, tendo participado da solenidade de fundação da cidade, em maio de 1947. Plantou café e perdeu tudo com a geada, instalou uma olaria e não foi em frente. Importou porcos de raça que acabaram morrendo por doenças. Mas era um padre querido pelas famílias, apesar de sua peculiar rispidez.
![](https://assets.isu.pub/document-structure/220430122817-830f039ab20cefa7cdd2d41be89f28ca/v1/728d75e7b99ddcc5bcb41f3c53f144c8.jpeg?width=720&quality=85%2C50)
Foi desafeto do bispo de Jacarezinho, Dom Geraldo de Proença Sigoud, a quem estava subordinado. E, por isso, recebeu a pedras os primeiros padres enviados para cá, que se sentiam humilhados pelo alemão. Em 1946, contrariando a CTNP, liderou a construção da Capela Santa Cruz, concluída em 1947. Durante a II Guerra Mundial, apesar de seu histórico antinazista, era visto com desconfiança pelas autoridades. E, para deslocar-se de um lugar a outro, dependia de um salvo-conduto.
![](https://assets.isu.pub/document-structure/220430122817-830f039ab20cefa7cdd2d41be89f28ca/v1/9d89caf219de7d5c4347a9f59f0d1faa.jpeg?width=720&quality=85%2C50)
No final da década de 1950, negocia sua fazenda com a Ordem dos Palotinos em troca de um salário vitalício e, em 1954, vai embora de Maringá. No litoral do Paraná, passa a escrever biografias, o que continuou fazendo em São Paulo, quando ingressou no mosteiro dos Beneditinos. Emílio Clemente Scherer retornou já idoso para a Alemanha, onde morreu em 1970.
Tem vídeo sobre a Capela São Bonifácio
Fontes: Texto desenvolvido em parceria com o jornalista Rogério Recco / Acervo Thomas Röhlen / Acervo Maringá Histórica.
![](https://assets.isu.pub/document-structure/220430122817-830f039ab20cefa7cdd2d41be89f28ca/v1/e5f3d592cd8d4f878620f6cee3627f81.jpeg?width=720&quality=85%2C50)