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O ESTADO DE S. PAULO

QUINTA-FEIRA, 3 DE SETEMBRO DE 2015

MASTER IMOBILIÁRIO DIVULGAÇÃO / FIABCI

JB NETO / ESTADÃO

ESPECIAL PARA O ESTADO

Recém-empossadocomopresidente do capítulo brasileiro da FederaçãoInternacionalImobiliária(Fiabci),RodrigoLuna,assume “pronto para lutar por dias melhores e colaborar para o progresso dos profissionais do setor”. Ele vê “momento de adversidades”, com base na “triste realidade” de corrupção e falta de seriedade com o dinheiro público. A sociedade, segundo ele, enfrenta não só dificuldade econômica, mas crise moral e de falta de confiança. Engenheirocivil formado pelaUniversidadeMackenzie,Rodrigo Luna é sócio diretor da Plano&PlanoConstruçõesediretor do Sindicato da Habitação (Secovi) de São Paulo. A situação econômica preocupa. “É um momento político, ético e econômico muito instável”, diz. “Isso afeta a confiança da população e dos investidores do setor produtivo.” Ele projeta um período de grandesdesafios.“Enquantoessasquestõesnãoforemequacionadas, fica difícil fazer previsões otimistas.” Luna declara que as empresasestãopreparadas,“melhoraramnosúltimosanoseseprofissionalizaram”, destacando o alto nível dos projetos que foram contemplados no Master Imobiliário. “Não é surpresa ter quatro projetos fora eixo Rio-São Paulo premiados neste ano”, diz, ao ressaltar que isso demonstra que o mercado de todas as regiões tem muita qualidade. “Elas ensinam uma às outras.” Na opinião de Luna, o déficit habitacional é enorme, mas sem estabilidade na economia e com os juros altos de hoje fica difícil pensar num mercado pujante. “O setor vai precisar se reinventar como sempre fez”, atesta. Mas descarta possibilidade de reviver o boom imobiliário ocorrido na virada da década, entre 2009 e 2011. O momento, na sua avaliação,é boaoportunidadepara toda empresa se ajustar, equilibrarestoques econdicionar seu caixa para desenvolvimento futuro. “É o que tem sido feito.” Plataforma. Em seu discurso

de posse, Luna disse que a entidade é um importante canal de intercâmbio”. A Fiabci Mundial, nascida no pós-guerra, em Paris, hoje está presente em mais de 60 países. Dois brasileiros já ocuparam

Luna. Para ele, companhias estão preparadas para enfrentar a situação atual

Bernardes. Presidente do Secovi ressalta a importância do planejamento

‘Empresas estão melhores e se profissionalizaram’ Novo presidente da Fiabci Brasil, engenheiro e empresário Rodrigo Luna destaca alto nível dos projetos contemplados este ano suapresidência: Luiz CarlosPereira de Almeida, da Sobloco, e Flávio Gonzaga, de 2013 a 2014. A Fiabci Brasil, criada em 1975,éreferência,afirmaopresidente, ocupando posições de destaque em organismos da ONU dedicados a questões co-

mo sustentabilidade e mudanças climáticas. Mão dupla. Luna quer reforçar

as ações da Fiabci Brasil como ferramentadeintercâmbio,oferecendo aos associados e ao setor informações e oportunida-

des de negócios. O objetivo é viabilizar o intercâmbio com o que há de melhor no exterior. “É uma via de mão dupla”, diz, enfatizando que o Master destaca em sua história os melhores projetos, empreendimentos e iniciativas tanto de

População mais velha deverá afetar o setor BAZUKI MUHAMMAD / REUTERS

Kuala Lumpur. Cidade foi sede de reunião mundial da Fiabci

‘Características físicas das edificações terão de ser diferentes’, afirma o presidente do Secovi, sobre reunião da Fiabci O presidente do Sindicato da Habitação de São Paulo (Secovi-SP),ClaudioBernardes,acreditaque atendência deenvelhecimentoda população mundial, incluindo a do Brasil, vai mudar aorientaçãodosprojetosimobiliários e trazer mudanças na indústria de construção civil, incluindo a construção dos futuros shoppings. Em 1950, havia cerca de 200 milhões de pessoas no mundo com mais de 60 anos. Nos anos 2000, esse número cresceu para 610 milhões. “Em 2015, a projeção indica que vamos ter 228% a mais”, afirmou Bernardes. “Todo esse contingente de pessoasmais velhas vai fazerdiferençana indústriadaconstru-

ção civil”, reforçou. A análise foi feita durante o almoçode posseda novadiretoria da Fiabci Brasil, em agosto. Bernardes fez um retrospecto

do congresso mundial da Fiabci, ocorrido em Kuala Lumpur, de 26 a 31 de maio. A cidade, capital da Malásia, tem 1,6 milhão de habitantes,

enquantosuaregião metropolitana, composta por dez cidades, chega a 7,5 milhões de habitantes, ocupando uma área de 2.790 km.

Missão. O presidente da Fiabci tambémdestacouarecentemissãocomercialacidadesdaMalasia, Austrália e Nova Zelândia, além de Cingapura, aproveitando a realização do 66º Congresso Mundial da Fiabci em Kuala Lumpur, de 26 a 31 de maio. “Enquanto países do sudeste asiático comemoram suas conquistasesuainvejável prosperidade,continuamos amargurando crises”, argumentou Luna. O presidente do Secovi-SP, Claudio Bernardes, também participoudessa missãocomercial. Na sua opinião, o principal objetivo nessas visitas é traçar comparações com o que se faz aqui, com foco em planejamento urbano. “Sempre observando o desenvolvimento das cidades e como o mercado imobiliário está se comportando lá.”

É lógico, diz Bernardes, que as realidades da Ásia e do Brasil são muito diferentes, “principalmente no que diz respeito a educação e cultura” da população. “Aí, está o turning point de eles terem um processo de desenvolvimento tão mais intenso que aqui no Brasil”, analisa. Para o presidente do Secovi, além dos níveis cultural e de educação,“quesão imbatíveis”, o quechama atenção lá é a questão do planejamento a longo prazo e da segurança para empreender. “Essas questões são importantes para consolidar um modelo de desenvolvimento num país, principalmente na área imobiliária e urbanística.” Quanto ao momento econômico do Brasil, ele acredita que, se neste semestre já houvesse uma direção positiva do ajuste, a estabilização da economia, ou um caminho certo, poderia haver recuperação no setor. “Mas, se continuar a situação atual, vai ser difícil.”

Para efeito de comparação, a capital paulista tem 10,9 milhões de habitantes e a Grande SãoPaulo,formadapor39municípios, tem 20 milhões. Pela segunda vez, o país foi sede do congresso mundial – a primeira foi em 2002. Os dados sobre o envelhecimento da população têm como base o estudo feito pela Fiabci Indonésia e apresentado durante os debates do congresso mundial, abordando a questão dos shoppings centers, uma visão sobre o mercado de varejo na Ásia e as megatendências globais. Está claro que, conforme as pessoas envelhecem, mudam suas necessidades de compras, comentouopresidentedoSecovi. “Com muita gente com mais de 60 anos, os produtos vão ter de ser diferentes.” Segundo ele, se dará muita atenção a isso. “São pessoas que têm mais tempo para o lazer e também para fazer compras”, afirmou. Diversos aspectos terão de ser adaptados. “Teremos um contingente enorme de pes-

soas de idade frequentando shopping”, disse. “As características físicas da edificação terão que ser diferentes.” As questões de mobilidade e de saúde, segundo ele, serão as principais. “Será preciso considerar melhor infraestrutura para pessoas com dificuldade de se movimentar”, disse. “Além de ter nas lojas espaço e piso adequados.” De acordo com os dados apresentados, o Brasil está dentro da média dos números do envelhecimento da população no mundo todo. Haverá necessidade de estruturar os espaços físicos para que elas possam frequentar o shopping em númeromuito maiordo que hoje acontece hoje. O congresso mundial da Fiabci também discutiu questões referentes ao planejamento urbano, com a participação de palestrantes de todos os continentes. De acordo com relatório das Nações Unidas, mais da metade da população mundial vive em áreas urbanas. E a projeção é de que atinja 70% até 2050.

empresas como de profissionais para mostrar a qualidade queo setortem emcomparação aos outros lugares do mundo.

Em apenas um ano, China constrói 11 milhões de unidades Os números apresentados pela Associação de Real Estate da China durante o congresso da FiabciMundialmostramcrescimento vertiginoso na construção de habitações no país. Apenas no ano de 2011, segundo o presidente do Secovi-SP, Claudio Bernardes, foram 11 milhões de unidades. Bernardes afirmou que a na-

ção asiática passou por um processo de urbanização muito rápido, referindo-se à palestra queacompanhounoeventorealizado em Kuala Lumpur. Entre2000e2014,aquantidade pessoas que passou a morar em cidades saltou de 400 milhões para cerca de 700 milhões. “Hoje, 55% da população está em áreas urbanas”, afir-

mou, dizendo que no Brasil o índice é superior a 80%. Desde o início do século, a China adotou diferentes formas de habitação social. Existem locações sociais em prédios públicos, moradias onde as pessoas ficam sem pagar – mas não são albergues, frisou Bernardes – e habitações de interesse social.

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Mudança

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milhões de habitações foram construídas entre 2007 e 2014 na China, cuja população em área urbana saltou de 400 milhões para 700 neste século

Na modalidade chamada de habitações de mercado os preços são limitados, disse Bernardes. “Em algumas regiões, existem incentivos para a produção de unidades desse segmento.” No período de sete anos – entre 2007 e 2014 – foram construídas 45 milhões de unidades na China. “É um modelo diferente”, afirmou. “Eles precisam

ter esse volume porque a demanda é muito superior do que a de outros países.” Bernardes avalia que a China têm desempenhado com sucesso o seu objetivo de construir essas habitações. De acordo com o dirigente do Secovi, uma diferença está na fonte de recursos, semelhante ao FGTS daqui. “Na China há uma divisão de recursos com contribuiçãotantodoempregadorcomotambémdosempregados”, disse.


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