Tipografia toponímica

Page 1

Faculdade de Belas Artes - Universidade de Lisboa Licenciatura em Design de Comunicação - Tipografia - 2013-2014 Professor Jorge dos Reis ex. um


Introdução ao Projeto Recolha de Frotages Escolha Toponímica Desenho de letras existentes Reconstrução de um alfabeto Pesquisa tipográfica Fases de vetorização Alfabeto final Reflexão

5 6 20 22 25 28 32 43 45


Tipografia ToponĂ­mica



O projeto proposto pela disciplina de Tipografia do Curso de Design de Comunicação incidia na criação de um alfabeto vetorizado em Illustrator e que partiria de um tipo de letra que pudessemos encontrar primeiramente nos arredores da Faculdade de Belas Artes. Esses tipos de letra seriam retirados do seu local original através da técnica de frottage - para que os alunos pudessem ficar com uma cópia mais fidedigna possível do original. Entre essas frottages, seria escolhida uma única que daria início a um processo de desenho das letras nela existentes. As letras em falta teriam de ser posteriormente desenhadas tendo em conta as primeiras. Nessa recolha de frottages encontrei desde tipos de letra antigos a modernos, esculpidos a martelo e esco-

pro, recortadas em metal e feitas digitalmente. Esta pesquisa foi muito útil para começar a distinguir, do ponto de vista da legibilidade, anatomia ou mesmo cronológico, os vários tipos de letra que nos habituamos a ver no dia-a-dia e que anteriormente eram aos olhos do ignorante meros meios de transmitir mensagens.


2


3


4


5


6


7




10


11


12


13


14


15


A frottage escolhida, apesar de todas os tipos de letras fascinantes em Lisboa, foi encontrada no largo Dr. Vergílio Horta, o largo da Câmara Municipal de Sintra. Uma procura mais atenta far-me-ia entender que a placa toponímica que tinha encontrado era senão a única, uma das únicas ainda existentes em pedra. As restantes teríam sido substituídas pelas placas em azulejo que associamos ao património português. Escolhi este tipo de letra devido a me intrigar não ter encontrado praticamente nenhuma referência à mesma, mas principalmente pelas suas caraterísticas peculiares. Apesar do seu estado de conservação e das letras em falta, ainda me foi possível partir dela para criar um alfabeto novo, um alfabeto que permitisse resgatar do esquecimento o único exemplo existente. O primeiro passo foi realmente fazer uma frottage do tipo de letra desta placa toponímica.


21 16


Seguidamente procedi à passagem dessas letras que já possuía para o suporte de papel vegetal. Porém uma conversa mais atenta com o professor Jorge dos Reis fez-me entender que esta placa toponímica teria sido deturpada após a sua execução. Assim, com o consentimento do professor, a anatomia de algumas letras sofreu alterações. Nomeadamente no que respeita ao ponto do i que desapareceu, por possuir uma orientação fora do normal relativamente ao resto do corpo. Quanto à orientação das serifas que devido ao estado de conservação da placa toponímica deixou dúvidas quanto ao seu posicionamente, optamos então por colocá-las no cimo das letras ao invés da base para lhes conferirmos mais harmonia e distribuição de peso. Ainda outro dos aspetos para que pudesse assim, proceder ao desenho das letras em falta. Este desenhar das restantes letras não poderia ser feito sem uma pesquisa de tipos de letra que conhecessemos e possuíssem caraterísticas semelhantes.

Desenho de letras existentes ainda na placa toponímica.


17

Possíveis soluçþes para as letras em falta deste novo alfabeto.


Ainda outras possíveis soluções para este enigmático alfabeto.

18


Para a reconstrução de um alfabeto deveras singular, os detalhes que o distinguem fazem toda a diferença. Assim sendo, uma das etapas principais consistiu em assinalar devidamente quais as caraterísticas predominantes nas letras originais de forma a que no desenho das novas letras estes apontametos que a tornam tão distinta não caíssem no esquecimento. Entre esses detalhes refiro a curvatura das linhas que dão origem ás serifas, e mesmo a existencia das serifas apenas em algumas situações - muitas vezes apenas para conferir um equilibrio em falta. As letras como o C, S, Q tiverma especial atenção, pois basedas na letra G, adquiriram assim como a original, um apontamento interessantíssimo a nível de patilhas que se apresentavam alongadas e elegantes, comparáveis a flechas cortantes.



Ainda na fase de desenho, a letras J recebeu um outro corpo, mais apropriado à família a que pertencia. Assim como a letra M cujo vértice desceu até à linha do x. Após um estudo mais cuidado, foi necessário medir e realmente afinar a medida de todos os grossos e finos a fim de lhes conceder ao alfabeto uma maior coerência visual, realmente diminuir as descrepàncias entre cada letra individualmente. Aqui se apresentam as medidas referidas. traço grosso traço fino


O estudo a nĂ­vel de anatomia tipogrĂĄfica incidiu essencialmente sobre as fontes Adobe Caslon Pro, Garamond, Optima, Times new Roman ou mesmo Gill Sans.

A nĂ­vel das serifas, estes seriam os tipos mais aproximados para uma escolha final mais parecida ao original.


As dúvidas incidiam sobre como desenhar tanto o braço das letras T, E, a espinha do S, contra formas e vértices devido a casos como a letra A que possui caraterísticas algo fora do comum. A perna direita não era a que possuia um traço mais grosso mas o mais fino. Relativamente ao desenho da letra K, foi baseado na anatomia da mesma letra Adobe Caslon, já as patilhas da letra A tiveram inspiração caxtoniana, assim comon a cauda da letras J que também podia ser uma derivação da letra Optima assim com a letra K. Relativamente ás restantes letras, essas beberam um pouco das originais toponímicas mas também da singularidade da letra Times New Roman. São disso exemplo as serifas das letras E, F Z a perna da letra R e mesmo a cauda da letra Q.


K

ZR EF

Q

R

Caxton Adobe caslon pro

Optima

Times New Roman

As dúvidas incidiam sobre como desenhar tanto o braço das letras T, E, a espinha do S, contra formas e vértices devido a casos como a letra A que possui caraterísticas algo fora do comum. A perna direita não era a que possuia um traço mais grosso mas o mais fino. Relativamente ao desenho da letra K, foi baseado na anatomia da mesma letra Adobe Caslon, já as patilhas da letra A tiveram inspiração caxtoniana, assim comon a cauda da letras J que também podia ser uma derivação da letra Optima assim com a letra K.


Ainda sobre a letra Q os tipos de caudas que poderia utilizar eram tão diversos e ao mesmo tão interessantes, que optei por um também fora do comum. Para tal baseei-me em tipos de referência como Baskerville, Arial, Caslon, Palatino, Verdana, Gill Sans, Optima, Garamond, Didot e a Times New Roman a escolhida como referência.


FASES DE VETORIZAÇÃO Relativamente à fase de vetorização do alfabeto escolhido, toda ela consistiu num processo evolutivo de constante melhoramento. Todas as letras necessitaram de afinações que a seguir se expõem.











ALFABETO FINAL Finalizada a vetorização, procedeu-se assim à uniformização e finalizar do alfabeto toponímico.




tenho paginas de evolução vectorial corrigir numeros de pagina!

Foi particularmente interessante desenhar este tipo de letra. Especialmente porque me pareceu algo que precisava de ser reavivado. Um tipo de letra caído no esquecimento. Sem qualquer tipo de referências históricas. Um tipo de letra que contraria todas as novas placas toponímicas em azulejo. Uma placa toponímica que respeita a tradicional tipografia esculpida a martelo e escopro. Mas com evidentes sinais de vandalismo além de deturpada. Com este projeto pude reavivar as minhas origens, além de descobrir que muitas vezes as coisas mais especiais permanecem no esquecimento, até que um flanêur as descubra.




«Typography is a beautiful group of letters

not a group of beautiful letters. Steve Byers Curso Design de Comunicação Mara Carina Góis Abreu nº 7485


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.