EDITORIAL
Índice COLUNA VERTEBRAL
04
Cirurgia da coluna vertebral - mitos e verdades Dr. Fernando Sanchis
CIRURGIA PLÁSTICA
06
Os perigos da lipoaspiração Dr. Ricardo Lodeiro
PESSOAS COM DEFICIÊNCIA
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Sistema de saúde brasileiro tem pouco preparo para atender pessoas com deficiência
Segundo a Wikipédia, estilo de vida é a forma como uma pessoa ou um grupo de pessoas vivencia o mundo e, em consequência, se comporta e faz escolhas. Conforme as décadas do século XX foram passando, conhecemos o american way of life, os punks, os hippies, o movimento feminista, ambientalista e muitos outros. No entanto, um estilo de vida que vem chamando a atenção nos últimos anos é o veganismo. Assunto especial dessa edição, o veganismo não pode ser considerado apenas uma dieta vegetariana, como muitos pensam. Assim como a expressão “estilo de vida” denota, os veganos fazem escolhas e se comportam de forma a manter o homem e a natureza em harmonia, principalmente em relação aos animais que, segundo eles, não podem mais ser considerados pelos humanos como produtos. Para saber mais sobre os ideais do veganismo, nesta 8ª edição o leitor poderá conferir uma reportagem especial sobre o assunto e entrevistas com nutricionistas que explicam como adotar a dieta vegana sem prejuízos à saúde. Artigos sobre os mais variados assuntos também são atração nesta edição da revista Matéria de Saúde. Psiquiatria, geriatria, ortopedia, cirurgia plástica, nefrologia e urologia são apenas algumas das especialidades presentes. É assunto que não acaba mais! Esperamos que gostem. Boa leitura e até setembro!
Mensagem Aos colegas jornalistas, parabéns pela revista. Quanto mais se falar e orientar sobre saúde, melhor. Quando iniciei a fazer isso, há 40 anos, recebi Intimação do CRM e foi duro ter sido o primeiro. Vejo que, hoje, vocês continuam a carregar o mesmo bastão. Continuem. Dr. Abraão Winogron – médico e jornalista.
Expediente Julho - 2011 - Ano II - 8a Edição
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REPORTAGEM ESPECIAL
Veganismo: um estilo de vida ORTOPEDIA E TRAUMATOLOGIA
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Peritendinite calcárea no ombro Dr. Paulo Velasco
PROFISSIONAIS QUE COLABORARAM COM ESTA EDIÇÃO Fernando Sanchis (CRM 25665), Ricardo Lodeiro (CRM 18066), Ana Flávia Martins (CRM 35217), Carlos Da Ros (CRM 16962), Eneida Kompinsky (CRM 15849), Lilian S. Santos (ABQ 0476), Arianne Barbosa (CRP 07/15985), Angela Bohlke (CRF 11949), Angélica Dal Pizzol (CRM 31679), Patrícia Panni (CRM 27244), Gisele Silveira (CRN 2 5801), Inês Jacques, Denise Lazzari (CREFITO 5 70441), Paula Bones (CREFITO 5 71938), Sabrina Pereira (CRF 10120), Sarah Medeiros (CRFa 8763), Rosangela Biegler (CRM 17440) e Paulo Velasco (CRM 22048).
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Circulação: 5000 Exemplares Jornalista Responsável: Roselaine Vinciprova (MTB 11043)
* Os artigos assinados não refletem, necessariamente, a opinião da revista Matéria de Saúde e são de inteira responsabilidade dos autores. * Procure o seu médico para diagnosticar doenças, indicar tratamentos e receitar remédios. As informações disponíveis na revista Matéria de Saúde possuem apenas caráter educativo.
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Coordenação: - Roselaine Vinciprova - roselaine@trcomunicacao.com - Tadeu Battezini - tadeu@trcomunicacao.com Fone: 51 3041.2333 e-mail: saude@trcomunicacao.com Comercial: Tadeu Battezini - tadeu@trcomunicacao.com Lúcia Martins - atendimento@trcomunicacao.com Colaboração: Camila Schäfer (MTB 15120) camila@trcomunicacao.com Fernando Junges - criacao@trcomunicacao.com Kamyla Jardim - redacao@trcomunicacao.com Mateus Delazeri - criacao2@trcomunicacao.com
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Cirurgia da coluna vertebral – mitos e verdades Na maioria das vezes, tratamentos simples e mudanças nos hábitos de vida são suficientes para solucionar e/ou pelo menos minimizar o sofrimento do paciente com problemas na coluna. As doenças da coluna vertebral atingem uma parcela importante da população, trazendo grande incapacidade às atividades diárias e à boa qualidade de vida. A grande maioria desses pacientes se queixa de dores na coluna, que limitam suas funções e relacionamentos. Na maioria das vezes, tratamentos simples e mudanças nos hábitos de vida são suficientes para solucionar e/ou pelo menos minimizar o sofrimento desses pacientes. Entretanto, em alguns casos, seja pela gravidade da doença ou mesmo pelo tratamento conservador mal realizado/orientado, uma cirurgia na coluna poderá ser indicada. A pergunta “vou ficar numa cadeira de
rodas?” é a mais escutada nos consultórios no momento da indicação de uma cirurgia na coluna. Na grande maioria das vezes, com as modernas técnicas atuais da cirurgia da coluna vertebral, esse risco é praticamente inexistente e só aumenta em uma parcela muito pequena das doenças que atingem a coluna. Com as atuais tecnologias, a recuperação e os resultados são muito mais rápidos e eficientes que há alguns anos. Os riscos são bem menores devido à utilização de técnicas menos invasivas. A cirurgia na coluna geralmente não tem a pretensão de deixar o paciente totalmente sem sintomas, principalmente nas doenças
Cirurgia da coluna exige
crônicas. O objetivo principal é diminuir os sintomas o máximo possível, assim como evitar a progressão da doença, levando, com isso, a uma qualidade de vida adequada. Divulgação
Divulgação
atualização constante “Na cirurgia da coluna vertebral, a constante atualização é essencial para que os melhores resultados sejam alcançados”. Com essa afirmação, o Dr. Fernando Sanchis, ortopedista especialista em coluna vertebral, justifica sua participação nos mais importantes congressos nacionais e internacionais sobre a especialidade. Sua última participação ocorreu em abril, no XIII Congresso da Sociedade Brasileira de Coluna Vertebral, em Campos do Jordão/SP, onde os maiores ícones nacionais e convidados internacionais da cirurgia da coluna discutiram sobre as novidades da área. Ainda para esse ano, mere4 | julho de 2011 |
cem destaque a programação para sua participação no EUROSPINE – Congresso Europeu de Coluna Vertebral, no mês de outubro em Milão/Itália e no NASS – Congresso Americano de Coluna Vertebral, no mês de novembro em Chicago/ EUA. “Nosso foco de trabalho é na área da Cirurgia Minimamente Invasiva da Coluna Vertebral, que traz enormes benefícios aos pacientes, mas que exige do cirurgião treinamento e atualização constante, devido às novas tecnologias que surgem todos os dias”, destaca o Dr. Sanchis, coordenador do CEOT Gravataí.
Dr. Fernando Sanchis participa dos mais importantes congressos sobre coluna vertebral
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Os perigos da LIPOASPIRAÇÃO
Apesar de ser feita por pequenos furos, a lipoaspiração é extremamente agressiva ao corpo. Onde estão os riscos de uma lipoaspiração? Escolha do profissional: não confunda cirurgião plástico com cirurgião estético. A formação em Cirurgia Plástica (que envolve tanto reconstrutiva/reparadora como estética) é longa e completa. A cirurgia estética sequer é reconhecida como especialidade e resulta muitas vezes de cursos de fim de semana ou workshops de onde provêm certificados de rara beleza decorativa para as paredes e de conteúdo enganador. Escolha do local: o Conselho Federal de Medicina já publicou diversas resoluções sobre segurança em procedimentos cirúrgicos que estão disponíveis na internet. Ao escolher entre clínicas e hospitais, analise bem o fator segurança do local. Não acredito ser apenas coincidência o número de complicações quando se comparam estes dois tipos de estabelecimentos. Quem pode ser submetido à lipoaspiração? Apesar de ser feita por pequenos furos, a lipoaspiração é extremamente agressiva ao corpo. É fundamental verificar o estado de saúde do candidato antes da cirurgia. Respeitar o limite de 7% do peso corporal e no máximo 40% da área corporal em um único procedimento. Quanto mais próximo do peso ideal a pessoa estiver, melhor. Lembre-se: cada 1 kg a mais permite retirar apenas 70g (7%), além do que seria possível sem este quilo a mais. Lipoaspiração não é método de emagrecimento, embora muitas vezes os pacientes não entendam bem este conceito (“mas eu só quero tirar a barriguinha, não quero emagrecer com a lipo”, frase bastante frequente). Não podemos esquecer que a harmonia de traços deve ser mantida. Criar um “valo” na barriga sem que o resto seja moldado pro6 | julho de 2011 |
Arnout Van Scherpenzeel/stock.xchng
A lipoaspiração é a cirurgia plástica campeã em eliminar gordura localizada
porcionalmente é criar um problema estético! Hidrolipo, Lipoligth, Minilipo... qual é melhor? Não importa o nome: hidrolipo, lipolight, minilipo. Todos definem lipoaspiração, a cirurgia plástica campeã em eliminar gordura localizada. Os novos títulos para uma operação que existe há mais de 30 anos revelam, em muitos casos, a má fé de quem anuncia o procedimento. “Eles criam esses nomes para fazer marketing, mas lipoaspiração é uma cirurgia que deve ser feita em centro cirúrgico por um cirurgião plástico”, alerta Sebastião Guerra, presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica. O texto, retirado do estadao.com.br, mostra que há informação séria à disposição. Lembre-se que a associação da ganância com a avareza cria uma combinação extremamente perigosa quando
falamos em saúde. A ganância de alguns profissionais que, para ganharem mais, fazem múltiplas manobras para permitir valores mais atraentes. E algumas vezes só veremos que não valia a pena bem depois, após situações algumas vezes irreversíveis. A avareza por parte das pessoas que procuram primeiro preços e não cirurgiões. Alguns baratos podem sair caro (sabemos deste dito, mas a maioria só usa depois). Busque com cuidado alguém que demonstra se importar com o paciente. Que tenha formação adequada. Que explique com cuidado o que vai e pode ocorrer e o que será feito para evitarem-se os problemas. Não se deixe seduzir por coisas do tipo “Liquida Cirurgia Plástica”, “Faça duas, pague uma”, etc. Cirurgia Plástica é Medicina. É humana. É séria. Não é comércio de produtos de beleza. Proteja-se contra as ilusões e riscos desnecessários. Lipoaspiração, assim, passa a ser muito segura.
7 | marรงo de 2011 |
Pelo MUNDO
Principais estudos e pesquisas realizados na área de saúde
Escritórios do Japão pensam em abandonar ternos e gravatas no verão para economizar energia Divulgação
O governo do Japão quer que os funcionários de escritórios usem roupas casuais ao invés dos tradicionais ternos e gravatas no verão. O objetivo do projeto, chamado “Super Cool Biz”, é economizar energia elétrica que seria gasta com ar condicionado, principalmente depois da crise gerada pelo desastre na usina nuclear de Fukushima, atingida pelo tsunami depois do terremoto de março. A ideia de uma moda verão para o escritório surgiu em 2005. Mas, em 2011, o governo quer liberar até camisetas polo para os tradicionais escritórios japoneses. A temperatura limite para escritórios é de 28°C e algumas luzes já passam o dia desligadas. Os escritórios já mudaram turnos de trabalho para espalhar a demanda de energia durante o dia e a semana. O Japão corre o risco de blecautes a não ser que o consumo de energia elétrica diminua.
Doenças neuropsiquiátricas afastam adolescentes do trabalho e do estudo Um artigo publicado na revista The Lancet apontou que as doenças neuropsiquiátricas são a principal causa de afastamento do trabalho e do estudo na adolescência. Cerca de 45% dos casos de afastamento na faixa etária de 10 a 25 anos estão associados a problemas psíquicos - especialmente depressão, alcoolismo, esquizofrenia e transtorno bipolar. Os autores, da Organização Mundial
da Saúde (OMS), utilizaram dados de 2004 do Global Burden of Disease, levantamento internacional do impacto das doenças na família, na economia e na sociedade. As três principais causas de afastamento do estudo e do trabalho, na ordem, são: doenças psiquiátricas (45%), acidentes (12%, especialmente no trânsito) e doenças infecciosas ou parasitárias (10%).
Divulgação
Mulheres que mantêm seu peso têm maior chance de cura contra o câncer de mama Pesquisadores norte-americanos afirmaram que mulheres com câncer de mama que mantêm seu peso estável durante o tratamento têm mais chances de cura. Para chegar a essa conclusão foram analisadas 4 mil mulheres diagnosticadas com tumor nas mamas entre os anos de 1995 e 2006. Dessas, aquelas que eram consideradas obesas, com IMC superior a 30, tinham 69% mais chances 8 | julho de 2011 |
de morrer. Segundo os cientistas, os níveis de estrogênio são maiores em mulheres obesas, o que pode indicar uma ligação entre ele e o câncer.
Composto do chá verde pode ajudar na função imune Um composto presente no chá verde pode ter a capacidade de aumentar o número de células T regulatórias, ajudando a função imune do organismo. De acordo com pesquisadores da Oregon State University (EUA), esse mecanismo pode ser um dos fatores que fazem com que o chá seja benéfico para o controle de inflamações e prevenção do câncer. O estudo mostrou que o composto pode aumentar a produção das células T regulatórias, assim como fazem os medicamentos, porém com efeitos menos potentes. Os pesquisadores acreditam que quando essa propriedade do chá verde for inteiramente compreendida, isso poderia prover uma forma mais simples de controle de doenças autoimunes e outras condições. Divulgação
Vacina ficará mais barata para países em desenvolvimento As empresas farmacêuticas GSK, Merck, Johnson & Johnson e Sanofi-Aventis anunciaram que farão cortes significativos no preço de venda de suas vacinas para países em desenvolvimento. Elas concordaram em vender as vacinas mais em conta após negociações com a Aliança Global por Vacinas e Imunização (Gavi). O laboratório britânico GSK (GlaxoSmithKline) se comprometeu a reduzir o preço de sua vacina contra rotavírus em 67%. A diarreia provocada pelo rotavírus mata mais de 500 mil crianças por ano em todo o mundo. As vacinas serão subsidiadas pela cobrança de preços mais altos em países mais ricos.
:: NEFROLOGIA
Você sabe o que é e como se trata a Litíase Renal?
A principal manifestação é chamada cólica nefrética, que consiste em dor na região lombar, irradiada para flanco e bexiga. Pode ser complicada ainda por infecção urinária. Por Dra. Ana Flávia Martins CRM 35217
A litíase renal é uma doença comum em nosso meio, acometendo principalmente indivíduos jovens, da raça branca, que residem em regiões de clima quente. Os homens são mais acometidos que as mulheres. A doença tem a característica de ser recorrente, chegando a até 50% a chance de um novo episódio em cinco anos. Além disso, é uma causa importante de doença renal crônica. A composição dos cálculos varia, sendo mais comum os de cálcio. Vários são os fatores que favorecem a formação dos cálculos, entre eles destacam-se os hábitos alimentares, tais como baixa ingestão de líquidos, consumo excessivo de sal, dieta rica em proteínas, além de antecedentes familiares, determinadas profissões (exposição a elevadas temperaturas, sedentarismo), alguns tipos de medicamentos (suplementos com vitamina D, antirretrovirais, diuréticos), alterações anatômicas dos rins, infecções
do trato urinário, doenças como a gota e hiperparatireoidismo primário. Para que o cálculo seja formado é necessário que a urina esteja supersaturada com o elemento que o compõe, além de haver deficiência de substâncias inibidoras. Assim, os pequenos cristais vão se agregando, sofrem a nucleação e dão origem aos cálculos. A principal manifestação clínica é chamada cólica nefrética, que consiste em dor na região lombar, irradiada para flanco, bexiga e região genital. Geralmente é acompanhada de hematúria (presença de sangue na urina), disúria (desconforto ao urinar), além de náuseas e/ou vômitos. Pode ser complicada ainda por infecção urinária. Em alguns casos, quando há obstrução do trato urinário, pode ocorrer insuficiência renal aguda, devendo ser instituída prontamente a desobstrução. Nos casos de dor aguda, deve ser feita
analgesia, realizar exame de imagem (ecografia/ tomografia) para avaliar a localização do cálculo e exame de urina para afastar a presença de infecção urinária, além de dosagem de creatinina e ureia no sangue para avaliar a função renal. Quando há cálculo obstrutivo, faz-se necessária a avaliação do urologista. Pacientes com nefrolitíase recorrente ou que aumentam o número e tamanho dos cálculos a cada ano e crianças com episódio de cálculo único devem ser submetidos à avaliação laboratorial minuciosa para elucidar o evento responsável pela formação de cálculos. Orientações dietéticas como o aumento de ingestão de líquidos e redução do consumo de sal e proteínas fazem parte do tratamento. Em alguns casos são necessários uso de medicamentos específicos que dependem da composição do cálculo.
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:: UROLOGIA
Importância do Toque Retal na avaliação da próstata Há algumas décadas, o diagnóstico do câncer de próstata era feito basicamente devido à sintomatologia e frequentemente revelava a doença já em estágios muito avançados. Por Carlos Teodósio da Ros Urologista CRM 16962
O exame digital retal ou Toque Retal (TR) é parte fundamental no exame físico dos pacientes com queixas miccionais ou que procuram seu médico com o intuito de realizar o diagnóstico precoce do carcinoma prostático. Trata-se de um método rápido, de baixo custo e fácil realização. Permite ao examinador (urologista) conhecer as dimensões, formato, limites do órgão, bem como a presença de deformidades, abaulamentos, alterações de consistência, sendo de suma importância na decisão da conduta, tanto no aspecto propedêutico quanto terapêutico, para o tratamento da hiperplasia prostática benigna ou do adenocarcinoma (câncer) da próstata. Também pode descartar um grande contingente de afecções anorretais e avaliar a tonicidade esfincteriana. A próstata normal, ao toque, apresentase com o tamanho de uma noz e com consistência similar à ponta de nosso nariz. Endurecimentos, nodulações ou apagamento do sulco mediano podem sugerir neoplasia maligna. Trinta a 50% dos endurecimentos prostáticos ao TR correspondem ao câncer. Outras causas podem ser calcificações, áreas de infartos ou nódulos hiperplásicos. O câncer de próstata é a neoplasia mais frequente no sexo masculino e a segunda causa de morte por câncer. Representa um relevante problema de saúde pública: aos 50 anos de idade até um terço dos homens
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podem ser acometidos e, conforme ocorre o envelhecimento, o risco de desenvolver a neoplasia se acentua. Há algumas décadas, o diagnóstico do câncer de próstata era feito basicamente devido à sintomatologia e frequentemente revelava a doença em estágios avançados. A partir da década de 80, com o emprego clínico do Antígeno Prostático Específico (PSA - do inglês Prostatic Specific Antigen), assistimos a uma revolução no diagnóstico desse tumor com um crescente número de casos novos. Devido ao uso do PSA, o diagnóstico de neoplasias em estágios iniciais se tornou cada vez mais frequente. Com isso, o exame se tornou popular entre os pacientes e entre médicos de várias especialidades, principalmente entre aquelas em que o número de homens idosos é significativo (cardiologia, clínica médica, geriatria, entre outras). Vários destes colegas, por iniciativa própria ou a pedido dos pacientes, solicitam o PSA. E frequentemente, se o mesmo se encontra dentro dos limites considerados “normais”, é dispensada a avaliação especializada, sem a realização do TR. Porém, é importante salientar que o PSA não é um método com especificidade e sensibilidade suficientemente elevadas para dispensar o exame físico dos pacientes. Entre 20 a 25% dos casos de câncer de próstata, os pacientes apresentam níveis de PSA menores que 4,0 ng/ml. Até 22% dos pacientes podem ter câncer de próstata quando PSA oscila entre
2,6 e 4,0 ng/ml. Quando o TR é normal e o PSA encontra-se entre 0 e 4 ng/ml, o índice de detecção do carcinoma da glândula é de 17 a 21%. Por sua vez, quando o TR é suspeito para neoplasia, estes valores passam para 41 a 72%. Quando o PSA ultrapassa 10 ng/ml, o índice de detecção é de 42% para pacientes com TR normal e 69% para aqueles com TR suspeito. Analisando estes resultados, observamos que o TR não pode ser dispensado tanto nos pacientes com PSA elevado, quanto naqueles com PSA baixo. O PSA e o TR, quando empregados isoladamente, permitem o diagnóstico de apenas 25 a 65% de todos os tumores prostáticos. Porém, quando associados, tornam possível o diagnóstico de 80% destes casos. Em suma, em nenhum grupo de pacientes pode-se empregar isoladamente o TR ou o PSA. A associação de ambos é aquela que permite a maior acurácia diagnóstica. Podemos concluir que, ainda hoje, o TR é necessário na completa avaliação prostática, não devendo ser dispensado sob pena de um resultado falso negativo em até 25% dos pacientes. Um retardo no diagnóstico da neoplasia poderá implicar num pior prognóstico ou na redução das taxas de cura. E mesmo nos portadores de hiperplasia prostática benigna, a avaliação digital da glândula pode ser de importância na decisão terapêutica a ser tomada.
:: QUIROPRAXIA
O que é a Síndrome do Piriforme Após a confirmação do diagnóstico, direciona-se o tratamento, que inclui massagens, alongamentos e redução da atividade física que esteja sobrecarregando a região. Por Lilian S. Santos
Quiropraxista da Tríade Vitallis ABQ 0476
Se você já sentiu uma dor profunda nos glúteos e esta dor desce pela perna, acompanhada ou não de dormência ou formigamento, você pode estar sofrendo de Síndrome do Piriforme. O piriforme é um músculo pequeno localizado profundamente abaixo dos glúteos (músculos das nádegas), tem sua origem no sacro (região pélvica) se inserindo na região do trocanter maior do fêmur (osso da coxa). Abaixo deste músculo passa o nervo isquiático (ciático) e, em 10% das pessoas, o nervo isquiático tem a sua passagem entre o piriforme. A função deste músculo é a rotação externa da coxa, como também auxiliar na abertura da perna. Quando, por algum motivo, o músculo piriforme se encontra contraído ou encurtado, o nervo isquiático pode ser pinçado, gerando sintomas desagradáveis para o indivíduo.
Fatores que podem comprometer o músculo piriforme são esportes que requerem corrida, uso de calçados que causem dor ou dificuldade ao andar, subir escadas, atividades físicas que utilizem as pernas com movimentos que forcem a rotação externa da coxa sem a devida orientação de um profissional qualificado, permanecer por longos períodos sentado, a não realização de alongamentos para o músculo antes e após exercícios físicos, entre outros. Outro fator de suma importância é quando as estruturas (sacro e articulação coxo-femoral, onde o músculo está aderido) se encontram desestabilizadas devido ao desalinhamento destas articulações. O piriforme, nesta situação, contrai-se e as atividades que o movimentam acabam causando agravamento desta contração muscular. Estes desalinhamentos podem ser os agentes iniciais causadores da
tensão do músculo do piriforme. Após a confirmação do diagnóstico de Síndrome do Piriforme, onde se descarta qualquer outra causa para os sintomas, como exemplo hérnia de disco, direciona-se o tratamento. Este inclui massagens, alongamentos, redução da atividade física que esteja sobrecarregando a região, aplicação de gelo, fisioterapia, como também a quiropraxia. A quiropraxia irá estabilizar a região pélvica através de técnicas que visem o realinhamento articular, principalmente do sacro e a articulação coxo-femoral, retornando ao equilíbrio da região e consequentemente favorecendo o relaxamento da musculatura. Com a pelve equilibrada, o músculo piriforme responderá de forma mais rápida a outras formas de abordagem que visem seu restabelecimento.
11 | março de 2011||julho de 2011 | 11
Anders Wiuff/stock.xchng
Sistema de saúde brasileiro tem pouco preparo para atender pessoas com deficiência “Para saber mais sobre tetraplegia, eu tive de pesquisar na internet e buscar informações, mas e quem não tem acesso, como vai buscar conhecimento?” - Carlena Weber Por Camila Schäfer Jornalista - MTB 15120
Imagine a seguinte cena: uma pessoa sai de casa para um dia normal, sofre um acidente de trânsito e volta tetraplégica. Parece uma situação atípica não é? Mas é aí que muita gente se engana. A maioria das deficiências, hoje, é adquirida, ou seja, a pessoa não nasce com ela. Os acidentes de trânsito, a violência urbana e os sistemas de saúde falhos são as principais causas de deficiência adquirida na população. Por isso, teoricamente ninguém está imune. Mas será que os profissionais de saúde e a sociedade em geral estão preparados para conviver com as Pessoas Com Deficiência (PCD)? De acordo com a assistente social da Desenvolver Inclusão de PCDs, Carlena Weber, que é tetraplégica há 11 anos, alguns médicos ainda possuem um conhecimento muito básico sobre deficiência, o que dificulta a adaptação de muitas pessoas com deficiência adquirida. Sem acesso às informações e a um sistema de saúde especializado, a vida de uma pessoa com limitação se torna muito mais difícil. “Sei que os médicos são especialistas em suas áreas, mas eles estão acostumados a tratar pessoas sem deficiência. Eu, por exemplo, fui a um ginecologista que me receitou anticoncepcional, mas ele não sabia que uma pessoa na cadeira de rodas, pelo comprometimento da circulação, não pode tomar anticoncepcional porque o risco de trombose é muito maior. São coisas graves, mas que alguns não têm conhecimento porque são especialistas em 12 | julho de 2011 |
pessoas sem deficiência”, conta Carlena. Buscar um local especializado, nesses casos, é essencial para a reabilitação física e psicológica de quem adquire uma deficiência. Foi por este motivo que a assistente social procurou a Rede Sarah de Hospitais de Reabilitação, em Brasília. O hospital é referência mundial na área e oferece tratamento gratuito para a pessoa com deficiência e para a família, que recebe atendimento e treinamento para conviver com o cadeirante. “Eles não têm a cura para a deficiência, mas te ensinam a viver. Fui pra lá em 2003, voltei a estudar em 2004 e em 2006 já estava no mercado de trabalho. Eles ensinam a gente a se sentir bonita na cadeira e mostram que somos capazes de fazer tudo. Eu voltei me achando (risos) e com todo o pique, até porque os outros cadeirantes do Sarah estavam a mil e eu ainda não fazia nada, só assistia televisão”, brinca Carlena. Infelizmente, a maioria dos hospitais ainda não está preparada para atender as PCDs e muitas pessoas com deficiência ficam na dúvida sobre quem procurar porque não existe um especialista em deficiência e, quando existe, ele trata de limitações muito específicas e não gerais. “Para saber mais sobre tetraplegia, eu tive de pesquisar na internet e buscar informações, mas e quem não tem acesso, como vai buscar conhecimento?”, questiona Carlena. A colega da assistente social, por exemplo, tem uma doença rara chamada Síndrome de Grebe, caracterizada pelo encurtamento extremo dos membros e ausência de falanges médias e proximais. Aneliz Silva tem 22 anos e
há apenas quatro anos teve conhecimento da sua patologia. O fato aconteceu quando ela procurou um médico para elaborar um laudo de um concurso público. Por duas vezes ele citou um CID (Classificação Internacional de Doenças) sem relação alguma com sua doença. Felizmente, o irmão de Aneliz procurou um geneticista, que foi quem descobriu a patologia da estudante. Miriam Duarte, que também é colega de trabalho de Carlena e Aneliz, já passou pela mesma situação com suas duas irmãs. Ambas possuem deficiência auditiva, porém, até hoje nenhum médico soube dizer a causa da doença de uma delas. “Sabemos que não é genética, pois fizemos os exames e foi comprovado. No entanto, ninguém sabe dizer a causa dessa limitação”, conta a consultora. Sexualidade Em razão de todo histórico de exclusão pelo qual as pessoas com deficiência passam, muitos médicos acreditam que elas não mantêm relações sexuais e, portanto, não engravidam. Como consequência, a pessoa com deficiência acaba não recebendo orientação para a vida sexual. Segundo a consultora de inclusão da Desenvolver, Marcia Gonçalves, isso é um problema de saúde já que se as pessoas com deficiência não são orientadas em relação ao sexo, podem acabar tendo relações sexuais desprotegidas, que no futuro poderão trazer doenças ou uma gravidez indesejada. “No interior, por exemplo, o número de meninas com deficiência que são abusadas
:: PESSOAS COM DEFICIÊNCIA e tem doenças sexualmente transmissíveis é enorme. E aí quando elas vão para o posto de saúde o médico não pede o exame de HIV porque acha que, por serem deficientes, elas não têm relações sexuais. Isso é muito sério e gera muitos custos ao governo posteriormente, porque até descobrirem que aquela pessoa com deficiência está convivendo com HIV, ela já está quase morta. Então a prevenção não existe e o acompanhamento não se dá, porque o médico fica em dúvida se a pessoa tem mesmo uma vida sexual ativa”, conta. Mercado de trabalho De acordo com Marcia Gonçalves, é mui-
MITOS E VERDADES Surdo-mudo: De acordo com a Desenvolver, a expressão surdo-mudo é incorreta. Os surdos só não falam porque não escutam e normalmente se comunicam em LIBRAS, a Língua Brasileira de Sinais. A expressão correta é Pessoa Com Deficiência (PCD): As expressões “portador”, “necessidades
to importante que as pessoas com deficiência entrem para o mercado de trabalho. No entanto, existe um período de reabilitação que muitas vezes não é respeitado por médicos do trabalho e empresas. “Cada pessoa tem um tempo diferente, que depende também do tipo de deficiência. Esse período é muito importante, porque a deficiência não é só física, mas psicológica, então a pessoa com deficiência precisa se conhecer e conhecer melhor sua patologia. O problema é que as empresas, na ânsia por cumprirem a Lei de Cotas, acabam não respeitando esse tempo e com isso a pessoa passa a ser ineficiente, começa a faltar e a ter problemas de relacio-
namento com o grupo. Depois a empresa vai colocar a culpa na deficiência, quando na verdade não se respeitou aquele período de reabilitação física e psicológica do funcionário”, explica Marcia.
especiais” e “excepcional” são nomenclaturas arcaicas e incorretas. Por que: 1 - A pessoa não “porta” a deficiência; 2 – as gestantes e obesos, por exemplo, também têm “necessidades especiais” e, no entanto, não têm deficiência; 3 – o termo “excepcional” era usado para pessoas com deficiência intelectual (baixo Q.I). No entanto, provou-se que o termo não poderia se referir exclusivamente aos que tinham deficiência mental, pois as pessoas com superdotação também são excepcionais
por estarem na outra ponta da curva da inteligência humana e muitas vezes o termo era entendido como pejorativo. Portanto, a pessoa possui ou não possui a deficiência e o termo correto é Pessoa Com Deficiência (PCD).
Sobre a Desenvolver: A Desenvolver é uma empresa privada, de consultoria para inclusão de pessoas com deficiência no mercado de trabalho. A empresa desenvolve seu trabalho em três linhas: consultoria na elaboração de projetos de inclusão; ações inclusivas nas empresas e inclusão de Pessoas Com Deficiência no mercado de trabalho.
Deficiência auditiva é diferente de surdo: Pessoa com deficiência auditiva ouve e utiliza, em muitos casos, próteses auditivas, além de desenvolver a capacidade de articulação da fala.
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:: FONOAUDIOLOGIA
Como a fonoaudiologia trata a disfagia As disfagias tratadas terapeuticamente pelo fonoaudiólogo são as alterações encontradas na fase oral e/ou faríngea da deglutição, chamadas Disfagias Orofaríngeas. Por Sarah Jardim Medeiros Fonoaudióloga CRFa. 8763
A disfagia é um distúrbio da deglutição (ato de engolir) que se manifesta através de tosses, engasgos, broncoaspiração e refluxo. Podem ocorrer dificuldades de engolir em qualquer fase da vida: desde a apreensão dos lábios para a retirada do alimento pelo bebê no seio materno, até a velhice, com alterações das estruturas, devido ao processo normal de envelhecimento. A deglutição é uma função biológica, complexa e coordenada, na qual o alimento ou a saliva passam da cavidade oral para a faringe e o esôfago. Há uma conexão neurológica e um sincronismo de ações musculares. A deglutição abrange três fases: fase oral, fase faríngea e fase esofágica. Normalmente, o indivíduo deglute aproximadamente nove vezes durante a alimentação e uma vez a cada minuto sem estar se alimentando. Durante o sono, a deglutição é
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realizada em intervalos regulares. A disfagia pode se manifestar por consequências neurológicas, tais como Acidente Vascular Cerebral (AVC), traumatismo craniano, doenças degenerativas, como Alzheimer, Mal de Parkinson, demências, síndromes, entre outras. O distúrbio da deglutição também pode ser desenvolvido por causas gastroenterológicas, por longos períodos de entubação, cirurgias de cabeça e pescoço, por uso de determinados medicamentos ou simplesmente pelo envelhecimento do organismo. Alterações na deglutição atingem aspectos vitais, pois havendo broncoaspiração (partículas de alimento que se alojam no pulmão), que não seja identificada e tratada a tempo, o indivíduo pode falecer. É comum encontrar pessoas inseguras na hora de se alimentar, pelo medo de engasgar. Algumas evitam comer e ingerir líquidos, atitude que, muitas vezes, leva à desnutrição. Outros apresentam certo grau de isolamento, evitam realizar refeições em grupo, por
apresentarem episódios de engasgos e tosses constantes. Com relação ao idoso, deve-se ficar atento a quadros de pneumonias constantes, pois pode ser um indício de aspiração durante a alimentação. O tratamento da disfagia, em certos casos, consiste somente na terapia fonoaudiológica, que visa a estimulação intraoral das estruturas, exercícios ativos ou passivos para adequar tônus e mobilidade, orientações sobre postura correta durante a alimentação, manobras facilitadoras para evitar engasgos, adequações das quantidades e tipos de alimentos. Por vezes, dependendo do grau da disfagia, a dieta também deve ser alterada, sendo necessário manter uma dieta pastosa e líquidos somente com espessantes. As disfagias tratadas terapeuticamente pelo fonoaudiólogo são as alterações encontradas na fase oral e/ou faríngea da deglutição, chamadas Disfagias Orofaríngeas. As alterações encontradas na terceira fase da deglutição são denominadas Disfagias Esofágicas e são tratadas pelo gastroenterologista.
:: GERIATRIA
Sexualidade na terceira idade A sexualidade não é abordada apenas como sinônimo de sexo (um instinto fisiológico), mas como uma interação de aceitação do corpo, de se sentir atrativo e de se auto-conhecer. Por Patrícia Panni Geriatra CRM 27244
À medida que vamos envelhecendo, vão ocorrendo diversas mudanças no nosso corpo, tanto internas como externas. Uma das mais importantes, do ponto de vista da autoestima, é a mudança que ocorre no corpo, tanto nos homens quanto nas mulheres. E é esta mudança que muitas vezes está relacionada com a baixa autoestima e com a diminuição da sexualidade. A sexualidade não é abordada apenas como sinônimo de sexo (um instinto fisiológico), mas como uma interação de aceitação do corpo, de se sentir atrativo, de conquista, de prazer e de se auto-conhecer. Entretanto, o amadurecer desta sexualidade na terceira idade está muito ligada aos aspectos sócio-culturais e religiosos. Sendo assim, sabemos que existem muitos preconceitos e tabus sobre a sexualidade na “velhice”, o que faz com que muitas pessoas se anulem parcial ou completamente para viver a sexualidade nesta fase da vida. Envelhecer não pode mais ser visto como perdas (perda de força, aposentadoria, inutilidade), mas sim como o amadurecimento de todas as fases já vividas. Obviamente que o corpo mudou, e com a idade houve alterações hormonais que muitas vezes diminuem a libido e lubrificação vaginal nas mulheres, assim como a ereção nos homens, mas estas alterações não necessariamente afetarão o prazer masculino e feminino. Através da interação do casal é possível obter uma re-
lação sexual mais prolongada e o ato sexual por si só poderá ser construído para uma experiência sensual e prazerosa. Ficam os seguintes lembretes: • Sempre há tempo para o casal se conhecer melhor: conversem, se toquem, se beijem, saiam para jantar e dançar – todas estas atitudes proporcionarão uma relação mais afetuosa e com isto inevitavelmente um ato sexual mais prazeroso. • Importante conversar com o seu médico: algumas medicações podem atrapalhar ou ajudar o ato sexual,
mas não use nenhum medicamento sem orientação médica. • Evite uso de bebidas alcoólicas: elas podem atrapalhar o desempenho sexual do casal. • Caso não tenha parceiro(a) fixo, não esqueça nunca de usar o preservativo, afinal não existe idade para contrair doenças sexualmente transmissíveis como a Aids. • Ter uma vida sexual ativa faz bem à saúde, independente da idade*. (*consulte seu médico regularmente)
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:: VEGANISMO
Veganismo: um estilo de vida em que homem e natureza convivem em harmonia
Veganos são considerados vegetarianos mais radicais, mas o veganismo é um modo de vida e não apenas uma dieta vegetariana. Os adeptos eliminam qualquer forma de exploração animal. Documentários como Meat Your Meat (Conheça a sua carne) e o pioneiro brasileiro A Carne é Fraca foram criados com o objetivo de conscientizar as pessoas sobre as péssimas condições de vida dos animais que já nascem como produtos, destinados ao abate. Visto como o melhor documentário já realizado no Brasil sobre o consumo da carne e suas consequências, A Carne é Fraca adquiriu diversos adeptos que, por também desejarem mudar esta realidade, optam por um estilo de vida conhecido como veganismo. Veganos são vistos como vegetarianos mais radicais. Entretanto, o veganismo é um modo de vida e não, simplesmente, uma dieta vegetariana. Adeptos do estilo eliminam de suas rotinas toda e qualquer forma de exploração animal, não apenas na alimentação, como também no vestuário, no teste e na composição de produtos diversos, no trabalho, no entretenimento e no comércio. Veganos são contra a caça e a pesca, o uso de animais em rituais religiosos e qualquer outra utilização que se faça deles, mesmo que em tradições culturais. Esse modo de vida se fundamenta ideologicamente no respeito aos direitos animais e pode ser praticado por pessoas de qualquer credo, etnia, gênero ou preferência sexual. Ele não tem relação com crenças po-
líticas, nem com preferências musicais, nem deve ser associado à determinada cultura. Trata-se de uma prática universal. A alimentação vegana se baseia em cereais, frutas, legumes, vegetais, hortaliças, algas, cogumelos e qualquer produto, industrializado ou não, desde que não contenha nenhum ingrediente de origem animal. Porém, a culinária vegana não é apreciada somente por seguidores do veganismo. Segundo Manuel De La Rosa, proprietário do Mantra, primeiro restaurante vegano do Sul do Brasil, diversas pessoas procuram os pratos em busca de novidades e acabam gostando, sem, necessariamente, aderir ao estilo de vida: “O restaurante é aberto para qualquer público que aprecie a culinária vegana, sem restrições”, conta. Manuel afirma que o principal objetivo dos veganos é encontrar a harmonia com os animais e a natureza. Por isso, sempre mantêm o cuidado de não exagerarem no consumo de produtos que podem levar à degradação do meio ambiente. Visando isso, muitos adeptos do veganismo já abdicaram dos carros e hoje circulam com bicicletas. O vestuário de quem adere a este estilo de vida é composto por tecidos de origem vegetal ou sintéticos. Não utilizam sapatos, roupas e acessórios de couro, peles, seda, lã, penas e plumas, pois, segundo o veganismo, são todos produtos oriundos da exploração animal. O uso de medicamentos, cosméticos e produtos de higiene e limpeza que tenham sido testados em animais é banido.
Veganos não tomam vacinas, nem soros, porém podem violar este princípio se não houver outras alternativas. A maioria dos adeptos opta pela fitoterapia, homeopatia ou qualquer tratamento alternativo. Para acabar com as experiências em animais, defendem a criação de alternativas para experiências laboratoriais, como testes in vitro, cultura de tecidos e modelos computacionais. Da mesma forma, o veganismo não aceita a utilização de animais para promover o entretenimento, como afirma a Sociedade Vegana: “Animais não estão nos zoológicos e aquários por opção; eles não realizam performances em circos porque assim o querem, nem pulam em rodeios porque consideram isso divertido. É óbvio que esses animais são coagidos a participar disso”. Rodeios, vaquejadas e touradas também são boicotados, pois implicam em escravidão, posse, deslocamento do animal de seu habitat natural, privação de seus costumes e comunidades, adestramento forçoso e sofrimento. Veganos não caçam e nem praticam qualquer “esporte” que envolva animais. Embora adeptos do veganismo possam
:: VEGANISMO ter bichos de estimação, existe um código de ética em relação à aquisição dos mesmos. Animais não devem ser adquiridos por transação comercial, permuta ou escambo, nem devem provir de ninhadas produzidas intencionalmente. Geralmente, os veganos adotam animais abandonados, preferindo os sem raça definida e com menores chances de serem adotados por outros tutores. O veganismo é, acima de tudo, a escolha por uma vida saudável. Entretanto, poucos são aqueles que aderem a ele por uma questão de saúde. A maioria das pessoas que decide adotar o veganismo, o faz após chocar-se com o sofrimento dos animais. A vegetariana Maya Lopes afirma que pretende se tornar vegana em breve. Ela conta que decidiu mudar sua alimentação após ter assistido aos documentários que exibem a realidade da indústria da carne. “Não consigo mais comer carne que acabo me lembrando de como aquilo foi parar no meu prato. É assustador a crueldade com que tratam os animais”. Entretanto, Maya revela que se tivesse a certeza de que, pelo menos os animais antes de irem para o abate tivessem uma vida digna, ela deixaria de ser vegetariana. Com o objetivo de atender ao desejo de pessoas como Maya, foi criado o Programa Nacional do Abate Humanitário, uma parceria da WSPA Brasil com o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). A ideia do programa é difundir as práticas corretas de manejo e abate, considerando as diretrizes da Organização Mundial de Saúde Animal (OIE) e da União Europeia. Quase 2 mil profissionais já foram treinados dentro do programa. Acima da preocupação com a qualidade da carne, está a intenção ética de prover qualidade de vida aos animais. O abate humanitário Com base em evidências científicas, passou-se a reconhecer que os animais são
seres sencientes, ou seja, capazes de sofrer ou expressar satisfação e felicidade. O Programa Nacional do Abate Humanitário objetiva que esses animais não passem por sofrimento desnecessário. O bem-estar deve estar presente em todas as etapas de sua vida, garantindo o manejo adequado desde a criação até o momento do abate. Sistema: Criação: o animal tem de ser criado em um ambiente adequado e a rotina de contato com o homem deve ser tranquila. O animal tem memória. Se ele recorda que a cada contato com o humano levou um chute, ou foi agredido com frequência, vai reagir com agitação quando chegar o momento do abate. O homem não pode ser encarado pelo bicho como um predador. Embarque: os animais devem ser retirados das baias em grupos pequenos, de três em três, preferencialmente. É fundamental que o embarque seja tranquilo, sem gritos ou agitação. Os embarcadouros (rampa por onde os animais passam para chegar ao caminhão) devem ter corredores com espaço para que os animais possam andar lado a lado – bovinos e suínos, por exemplo, se sentem protegidos em grupo. A rampa deve ser pouco inclinada para facilitar a passagem dos animais, que viveram toda vida no plano. Transporte: o motorista do caminhão não pode aceitar o embarque de animais com qualquer tipo de problema – como fraturas ou contusões – e a viagem não deve ter paradas. O ideal é evitar horários com sol forte. No caso de suínos, bovinos e aves é preciso atender ao espaço recomendado de acordo com cada espécie. Desembarque: assim como no embarque, os manejos precisam manter a tranquilidade para não estressarem os animais. Apenas as pessoas envolvidas com a atividade devem participar. Os portões dos
caminhões têm de ser abertos em sincronia e os animais retirados em pequenos grupos. Área de descanso: a primeira ação necessária ao chegar é beber água. Depois, há um espaço para que descansem antes do abate. O período de descanso varia de acordo com a espécie. No caso de suínos, o tempo não pode ser mais de quatro horas, pois os porcos começam a brigar entre si. Abate: com o auxílio de pranchas de manejo (placas plásticas usadas para conduzir poucos bichos na direção desejada), os animais são retirados em grupos de oito a 10 até os corredores onde serão individualizados para insensibilização. Toda a instalação tem de ser bem iluminada e planejada para evitar paradas. Esse é um momento crítico do processo, pois os bichos têm de ficar em fila, o que é contra seu comportamento natural. Insensibilização: os animais não devem sentir dor. Aves são mergulhadas em água eletrificada para perderem a consciência imediatamente, um eletrodo transmite uma corrente elétrica para ao cérebro dos suínos, e os bovinos são atingidos por um dardo de uma pistola acionada por cartucho ou pneumática, que paralisa a atividade cerebral. Nos três casos, a morte ocorre em função da perda de sangue durante a sangria. Mesmo com a criação de medidas como o Programa Nacional do Abate Humanitário, os veganos não pretendem mudar seu estilo de vida ou parar com seu trabalho informativo. O que é a principal diferença entre o veganismo e o vegetarianismo. O objetivo não é somente acabar com o sofrimento e sim com a exploração animal. Com a divulgação de materiais e documentários, o veganismo está conquistando cada vez mais adeptos e, dessa forma, interferindo gradualmente no mercado que utiliza animais visando o lucro.
:: VEGANISMO Para conhecer melhor o estilo de vida vegano, confira abaixo a entrevista com Diego Lopes, coordenador da Sociedade Vegetariana Brasileira – Porto Alegre: Como foi a decisão de se tornar vegano? A minha decisão foi fruto de observação e questionamento pessoal. Nunca havia passado pela minha cabeça ser vegetariano. Eu comia carne todos os dias. Para mim, um prato sem carne não era uma refeição de verdade. Festa com amigos significava churrasco. Mas um dia li uma matéria sobre uso de animais em testes de produtos domésticos e comecei a me perguntar se tínhamos mesmo o direito de torturar animais para o nosso benefício. Depois descobri os bastidores da indústria da carne que comemos. Ainda assim, continuava comendo carne, mesmo admitindo que aquilo, antes de ser um bife, era no fim das contas um animal morto, um cadáver. Até que um dia minha cachorra de estimação morreu. Fui pegá-la no veterinário e ela estava acondicionada dentro de uma caixa congelada. Quando a peguei, não pude evitar de pensar na semelhança entre aquela carne e a dos bois, porcos e galinhas que eu costumava comprar. Afinal, qual era a diferença? Por que eu protegia e cuidava de um animal, enquanto comia outros, indiretamente patrocinando a sua morte? Nesse mesmo dia, no almoço, terminei de comer meu bife e disse: “Esse foi o último pedaço de carne que eu comi na vida”. Desde lá, se passaram sete anos em que me aprofundei mais no assunto, principalmente ao ler os trabalhos de alguns filósofos, como Peter Singer e Tom Regan, que deram maior
sustentação para essa minha escolha de vida. Quais são as dificuldades de comer em restaurantes e casas de amigos, por exemplo? Desde 2005, ano em que fundamos o grupo da SVB em Porto Alegre, percebemos um grande aumento da oferta de restaurantes vegetarianos na cidade. Há cerca de 20 vegetarianos e cinco deles são totalmente veganos. Antes de 2005, não existia nenhum vegano na cidade. Assim, posso te dizer que não é difícil comer fora em Porto Alegre. E a maior parte dos meus amigos são vegetarianos/veganos, então também não é difícil. Mas, fora do circuito vegetariano, a coisa fica realmente um pouco mais complicada. Na maioria dos restaurantes há ainda muita desinformação sobre o que é “vegetariano”. Em alguns locais, quando pergunto se há algo vegetariano, oferecem frango, peixe ou algum outro fruto do mar. Mas isso só ocorre, como disse antes, pela desinformação, pois muitas pessoas entendem que carne é apenas a carne vermelha e que os vegetarianos comem carnes brancas. Há inclusive alguns restaurantes pseudo-vegetarianos na cidade, que escrevem: “vegetariano”, mas oferecem uma farta mesa com grelhados de frango e peixe. Cheguei a entrar no Procon contra dois deles, acusando-os de publicidade enganosa. Justamente para sanar isso, que fundamos a SVB em Porto Alegre, que trabalha para suprir essas lacunas de informação. O que muitos donos de restaurante não se dão conta no Brasil é que colocar mais opções veganas no cardápio pode ser uma estratégia de marketing bastante positiva. Muitas associações de restaurantes nos Estados Unidos
Os vegetarianos Confira abaixo os tipos de vegetarianos: • Ovo-lacto-vegetariano: come alimentos de origem vegetal, ovos, leite e derivados. • Ovo-vegetariano: come alimentos de origem vegetal e ovos. • Lacto-vegetariano: come alimentos de origem vegetal, leite e derivados. • Vegetariano Estrito: não come produtos de origem animal. Também não come caldos de carne, gelatinas, queijos feitos com coalhos de animal, salgadinhos feitos com banha, entre outros. • Vegano: não come e não utiliza nenhum produto de origem animal. É contra a exploração animal em todos os sentidos.
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entenderam isso e recomendam que todos os estabelecimentos tenham uma opção vegetariana no cardápio. Pesquisas indicaram que, se há um vegetariano num grupo de pessoas, quem acaba decidindo o local para comer é justamente o vegetariano. Em Vancouver, onde moro atualmente, é bem mais simples. Praticamente 90% dos estabelecimentos oferecem opção vegetariana. Quase todas as carrocinhas de cachorro-quente nas ruas têm sempre um “veggie-dog” com salsicha vegetal. As grandes redes de cafeterias, como Starbucks, oferecem leite de soja nos seus cappuccinos e chocolates quentes. No Brasil, o pior erro que um atendente pode cometer ao atender um vegetariano é oferecer frango ou peixe. O segundo pior erro é oferecer uma salada. Conheço poucos vegetarianos que realmente apreciam uma salada. Eu, particularmente, não gosto. Não é porque alguém deixou de comer carne que vai automaticamente adotar todos os estereótipos do estilo de vida natureba. Depois de sete anos sem qualquer carne, continuo gostando e comendo cachorro-quente, pizza, hambúrguer, sorvete, chocolate e outras coisas que todo mundo gosta. As pessoas ainda se espantam com o teu modo de vida? Muita gente ainda se surpreende com essa opção. Muito mais com o veganismo do que com o vegetarianismo. Mas é absolutamente normal que o desconhecido assuste um pouco as pessoas. Quando elas se acostumam, como o caso da minha família, onde ninguém é vegetariano, acabam aceitando numa boa e respeitando essa opção.
Curiosidade: Está tramitando no Senado Federal um Projeto de Lei que determinará que alimentos e artigos de vestuário informem a presença de itens de origem animal em sua composição. O que os veganos desejam ainda é que sejam identificados produtos cosméticos, de limpeza e higiene, e também aqueles testados em animais. Se essa lei for aprovada, os adeptos do veganismo encontrarão seus produtos com maior facilidade.
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:: VEGANISMO
Os cuidados da dieta vegetariana De acordo com a nutricionista Gisele Silveira (CRN 2 - 5801), a dieta vegana tem sido apontada como um estilo de vida saudável, mas alguns aspectos devem ser levados em consideração: Proteínas e vitaminas B12 - Embora as plantas disponibilizem as proteínas, elas não podem fornecer a vitamina B12, que é um nutriente importantíssimo na constituição do corpo humano. Uma deficiência desta vitamina pode causar danos muito graves no sistema nervoso. Uma vez que é somente produzida no sistema digestivo dos animais, os veganos devem obtê-la através de alimentos fortificados ou suplementação. Ferro - O ferro é outro nutriente indispensável e responsável pelo transporte de oxigênio. Apesar da biodisponibilidade do ferro ser mais alta na carne - o que significa que é mais facilmente absorvido - muitos vegetais são abundantemente ricos em ferro. Consequentemente, os veganos retiram a sua quantidade necessária de ferro das plantas de folha verde, frutas, legumes e leguminosas (grão, feijão, etc). Com essa dieta, o corpo demora mais tempo
a absorver o nutriente, mas, ao mesmo tempo, reduz a sobrecarga de ferro e o risco de inflamação e radicais livres causados pela carne. Cálcio - Em contraste com as deficiências de ferro, as deficiências em cálcio são muito pouco prováveis em veganos. Uma grande variedade de alimentos como brócolis, sementes de girassol, vegetais de folha verde, frutas e feijões, fornece perfeitamente a quantidade deste mineral. Alguns autores defendem que os vegetarianos têm reservas de cálcio superiores as dos carnívoros, devido à falta ou diminuição das quantidades de proteína animal. É importante que o indivíduo que decida ser vegano realize exames periodicamente para verificar possíveis carências. A anemia é uma das doenças mais facilmente resolvidas com suplementação adequada. E vale ressaltar que a dieta vegana variada pode suprir as necessidades de ferro do indivíduo saudável. Estudos científicos mostram que uma dieta balanceada deve ser pobre em gorduras saturadas e colesterol, encontrados na carne, e rica em fibras e compostos saudáveis, encontrados nas plantas. Isto já demonstra uma grande vantagem da
dieta vegana em relação à dieta tradicional. Doenças crônicas relacionadas à formação de radicais livres, como o envelhecimento precoce, alguns cânceres e cardiopatias, podem ser mais frequentes em quem ingere grandes quantidades de proteína animal. O importante e o que deve ser sempre lembrado é que em qualquer tipo de dieta adotada, a variedade de alimentos é imprescindível para se obter a quantidade correta de minerais e vitaminas para a saúde.
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:: NUTRIÇÃO
Alimentação equilibrada vs. dietas restritivas O termo vegetarianismo provém do latim vegetus, que significa “forte e vigoroso” e segue a ideia de uma vida mais saudável. Por Ms. Inês Oliveira Jacques
Nutricionista e professora da Ulbra Gravataí
A nutrição humana segue alguns princípios fundamentais de harmonia, adequação, qualidade e quantidade, considerados como leis da alimentação. Esses conceitos garantem variedade e equilíbrio. Ou seja, sabemos que o ser humano tem necessidades específicas de macronutrientes (carboidratos, proteínas e gorduras) e de micronutrientes (vitaminas e minerais), e qualquer dieta restritiva, que comprometa essa harmonia e variedade, pode interferir no aporte de nutrientes e, consequentemente, na saúde. O termo vegetarianismo provém do latim vegetus, que significa “forte e vigoroso” e nessa linha de raciocínio, segue a ideia de uma vida mais saudável ao adotar não somente a dieta, mas o estilo de vida dos vegetarianos. Dentro desse contexto há várias subdivisões, segundo o alimento excluído, cujas mais conhecidas são: • Semi-vegetarianos: consomem apenas carne branca, todos os dias ou esporadicamente; • Lacto-Ovo-Vegetariano: onde há exclusão de carnes em geral; • Lacto-Vegetarianos: sem consumo de ovo ou carnes; • Ovo-Vegetariana: exclusão de carne, leite e derivados; • Vegan: exclusão total de quaisquer produ-
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tos de origem animal. Diversos estudos apontam deficiências nutricionais nesses indivíduos, agravandose conforme a intensidade de exclusão de alimentos, sendo a mais radical, a vegan. As pessoas que seguem um estilo de vida vegano, que é um vegetarianismo mais restrito, sem consumo de carne e nenhum tipo de derivado de animal - como ovos ou leite - têm um risco elevado de desenvolver coágulos de sangue ou endurecimento das artérias, condições que podem levar a ataques cardíacos e Acidente Vascular Cerebral (AVC). O estudo sobre o assunto foi publicado no Journal of Agricultural and Food Chemistry e é resultado de uma análise de dezenas de artigos publicados sobre a bioquímica do vegetarianismo nos últimos 30 anos. Os pesquisadores afirmam que as dietas costumam ter deficiência em nutrientes essenciais, como ferro, zinco, vitamina B12 e ácidos graxos ômega-3. Como resultado, os veganos tendem a ter níveis elevados de homocisteína no sangue e diminuição dos níveis de HDL, o “bom” colesterol. Ambos são fatores de risco para doença cardíaca. Assim, há uma forte base científica para vegetarianos e veganos começarem a acrescentar ômega-3 e vitamina B12 em suas dietas. Boas fontes de ômega-3 incluem salmão e outros peixes oleosos, nozes e alguns outros frutos secos. Boas fontes de vitamina B12 in-
cluem frutos do mar, ovos e leite fortificado. Os suplementos dietéticos com orientação, também podem fornecer esses nutrientes. Outro fator delicado é o aporte protéico inferior às quantidades necessárias, principalmente em atletas de endurance, que possuem necessidade maior, uma vez que este nutriente atua também como reserva de substratos para possibilitar esgotamento mais tardio. As proteínas presentes em alimentos vegetais possuem baixo valor biológico, ou seja, não fornecem os aminoácidos essenciais em um só alimento como é o caso dos alimentos de origem animal. Porém, a mistura de alimentos vegetais diferentes possibilita a oferta de uma proteína de alto valor biológico, como no caso do arroz com feijão. Por fim, embora uma dieta vegetariana possa ser saudável com orientação nutricional adequada, é fundamental o acompanhamento por um nutricionista para que possam ser realizadas as escolhas certas na mistura de alimentos vegetais (para o aporte de aminoácidos essenciais) e para que sejam apresentadas fontes alternativas de nutrientes deficientes na dieta habitual. Esta conduta torna-se imprescindível, principalmente no caso de atletas, que possuem necessidades energéticas diárias altas e que possivelmente precisarão de suplementos alimentares para suprir essas deficiências ocasionadas pela dieta.
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:: PILATES
Comportamento agudo da pressão arterial de um indivíduo hipertenso praticante do Método Pilates Vários estudos têm demonstrado que o exercício físico é eficiente na redução da pressão arterial, sendo um importante coadjuvante ao tratamento farmacológico. Por Denise Adriana Ribas Lazzari Fisioterapeuta - CREFITO 5: 70441/F
Paula Luz Bones
Fisioterapeuta - CREFITO 5: 71938/F
O exercício físico é um importante coadjuvante no tratamento não-farmacológico da hipertensão arterial. Porém, sabe-se que através do exercício isométrico a pressão arterial pode se elevar, em decorrência de fatores como aumento da resistência vascular periférica. O Método Pilates é um tipo de atividade que pode ser aplicado para prevenção de algias, com fins de reabilitação ou ainda de melhora da estética corporal. Através da Monitorização Ambulatorial da Pressão Arterial (MAPA), em um indivíduo hipertenso, medicado com um fármaco anti-hipertensivo bloqueador beta-1 seletivo, em uma sessão do Método Pilates, observou-se que a pressão arterial não sofreu alteração significativa, provavelmente devido à associação da respiração lenta e controlada. Vários estudos têm demonstrado que o exercício físico é eficiente na redução da pressão arterial, sendo um importante coadjuvante ao tratamento farmacológico. Porém, a
quantidade, o tipo e a intensidade do exercício ainda são controversos. No caso de exercícios isométricos, a pressão arterial pode, inclusive, sofrer elevação, dado o aumento da resistência vascular periférica causada pela contração presente nesse tipo de atividade física. As doenças cardiovasculares são a principal causa de mortalidade na população brasileira, sendo que a hipertensão arterial é o acometimento de maior prevalência, atingindo cerca de 20 a 25% desta população, subindo para 50% nas faixas etárias mais avançadas, segundo a Organização Mundial da Saúde. Uma praticante do Método Pilates participou do estudo de caso para controle de algia na coluna lombar, do sexo feminino, 50 anos, hipertensa controlada por um fármaco bloqueador beta-1 seletivo. A colaboradora realizou seu programa de exercícios utilizando os princípios do Método Pilates nos equipamentos, com uso de bola e solo. Os
exercícios foram realizados de maneira lenta e controlada e associados à respiração lenta. A pressão arterial da praticante foi avaliada através da Monitorização Ambulatorial da Pressão Arterial (MAPA) e em cerca de uma hora de exercícios não houve alteração significativa da pressão arterial entre o início e o fim da sessão, mesmo trabalhando contrações isométricas de diversos grupamentos musculares. Observou-se ainda que cinco horas após o término da sessão, a MAPA registrou uma das medidas mais baixas. Verificou-se que durante a sessão, mesmo com toda contração isométrica realizada, não houve aumento significativo da pressão arterial. Mesmo que a praticante faça uso de um beta bloqueador, era de esperar um aumento um pouco mais significativo da pressão arterial durante a prática de Pilates em decorrência da presença constante de contração isométrica, já que se sabe que esta aumenta com este tipo de contração. No entanto, isso não foi verificado.
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:: GERAL
Descoberta da Aids completou 30 anos Há anos os cientistas tentam descobrir medicamentos eficazes contra a doença e até uma vacina. A cura ainda não foi descoberta, mas avanços animadores foram feitos para controlar a pandemia. Quando ela surgiu, há 30 anos, ainda era um mistério, mas em muito pouco tempo mostrou que seria a grande vilã das décadas seguintes. A Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (Sida ou Aids) foi descoberta há exatas três décadas e mesmo depois de tanto tempo, a busca pela vacina continua desafiadora. Segundo dados das Nações Unidas, 30 milhões de pessoas já morreram vítimas da Aids e mais de 60 milhões se infectaram. No entanto, dados da Unaids, órgão da ONU dedicado a combater a doença, mostram que os números de novos casos caíram 25% em 33 países entre 2001 e 2009. O primeiro relato da doença que ataca o sistema imunológico humano foi feito em 5 de junho de 1981. O artigo descrevia o caso de cinco homens homossexuais que sofriam de uma infecção no pulmão extremamente rara. Um ano depois, ainda provisoriamente, ela recebeu o nome de Doença dos 5H, por ter sido registrada em homossexuais, hemofílicos, haitianos, heroinômanos (usuários de heroína injetável) e prostitutas (hookers em inglês). Nessa época, ninguém sabia que a doença era causada por um vírus e a Aids já
começava a espalhar medo entre os homossexuais. Porém, pouco tempo depois dessa publicação, descobriu-se que a doença podia afetar qualquer pessoa e o medo foi geral. No Brasil, o primeiro caso foi registrado cedo, em 1980, mas só dois anos depois é que ele foi classificado. Foi também em 1982 que os médicos identificaram como possíveis fatores de transmissão o contato sexual, o uso de drogas e a exposição à sangue e derivados contaminados. Em 1984 foi descoberto um retrovírus (tipo de vírus mutante que se transforma de acordo com o meio em que vive) como o causador da doença. Três anos depois, o coquetel de medicamentos AZT foi a primeira droga a reduzir a multiplicação do vírus no organismo humano. Durante anos os cientistas trabalharam tentando descobrir medicamentos eficazes contra a doença e uma vacina contra o vírus HIV. A cura ainda não foi descoberta, mas avanços animadores foram feitos para controlar a pandemia da Aids. No ano passado, cientistas descobriram um gel vaginal que ajuda a prevenir a contaminação do HIV. Um estudo com 900 mu-
lheres na África do Sul mostrou que esse gel, quando usado na vagina antes da relação sexual, reduz em 40% o risco de infecção. Novos dados mostram ainda que o tratamento na fase inicial da contaminação do HIV pode reduzir em 96% a transmissão para o parceiro sexual. Atualmente, a expectativa de vida de pacientes soropositivos que se submetem a tratamento antirretroviral é muito maior. Quando a Aids foi descoberta, as pessoas tinham uma expectativa de vida equivalente a meses e até semanas, mas hoje elas vivem quase o mesmo tempo que pessoas não infectadas. Com a terapia antirretroviral, além de uma expectativa de vida maior, a qualidade de vida dos soropositivos também aumentou. Hoje, a quantidade de comprimidos diminuiu e os remédios têm menos efeitos colaterais do que no início. Muitas pessoas ainda confundem os meios de transmissão da doença, por isso vale lembrar que as três principais vias de transmissão do HIV são o contato sexual, a exposição a fluidos ou tecidos corporais infectados e da mãe para o feto ou criança durante o período
Divulgação
perinatal. É possível encontrar o HIV na saliva, lágrimas e urina dos indivíduos infectados, mas não há casos registrados de infecção por essas secreções e o risco é insignificante. A maioria das infecções por HIV são adquiridas através de relações sexuais desprotegidas entre parceiros, um dos quais sendo portador do HIV. O preservativo é o método mais eficaz de prevenção contra o a Aids e outras DSTs. É importante lembrar que não se pega a doença convivendo socialmente com um soropositivo. Apertar a mão, abraçar ou compartilhar o uso de utensílios domésticos não traz risco de contágio.
Anvisa faz alerta sobre a ração humana Quem não sonha em emagrecer e ainda ter uma alimentação saudável? O problema é quando o indivíduo, nessa busca constante, acaba deixando de comer ou substitui uma alimentação balanceada e completa por alimentos e suplementos que parecem “milagrosos”. Uma das novidades da área tem sido a chamada ração humana, que foi criada inicialmente para complementar a alimentação. Composto pela mistura de diferentes cereais, farinhas, farelos, fibras e outros ingredientes, esse produto vem sendo
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utilizado por algumas pessoas como substituto das refeições, uma prática alertada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). De acordo com a entidade, a substituição de refeições por esse alimento pode gerar problemas de saúde, devido à carência de nutrientes. O informe técnico da Anvisa destaca, ainda, que a expressão “ração humana” não pode ser utilizada na venda desses produtos, por passar a falsa ideia de ser um alimento completo para consumo humano. Ainda de acordo com a
Agência Nacional de Vigilância Sanitária, alegações de propriedades medicamentosas e terapêuticas relativas a emagrecimento não podem ser utilizadas em rótulos ou publicidade do produto. A empresa que desejar comercializar produtos com alegações de propriedades funcionais ou de saúde deve solicitar o registro destes produtos junto à Anvisa. As companhias que descumprirem as determinações estão sujeitas a pagar multas de até R$ 1,5 milhão.
:: FARMÁCIA
Gripe: O melhor tratamento é a prevenção
Uma conduta preventiva seria utilizar a introdução do Influenzinum CH30 ou CH200 em doses semanais ou diárias em caso de sintomas gripais, lembrando de relatar ao médico. Por Sabrina F. Pereira Farmacêutica CRF: 10120
No ano passado observamos uma das mais graves epidemias que afetaram a população mundial nas últimas décadas, a gripe H1N1(também conhecida como gripe suína), que matou cerca de 900 pessoas só no Brasil. Além do elevado custo para governos e empresas privadas, a doença trouxe também muita preocupação sobre um eventual retorno no próximo inverno, com vírus modificado e mais forte. Diante
disso, diversas instituições e empresas investiram em medidas de prevenção contra a doença, além da vacinação, o que fez com que controlassem a epidemia. Entretanto, a gripe comum continua atuando e trazendo problemas às pessoas como o afastamento das atividades laborais. Por isso, o melhor tratamento para a gripe é a prevenção e o uso de medicamentos homeopáticos é a melhor maneira de prevenir e fortalecer o sistema imunológico. Uma conduta preventiva seria utilizar o Influenzinum CH30 ou CH200 em doses
semanais ou diárias em caso de sintomas gripais, sendo que sempre é bom relatar ao médico se a gripe é recorrente. Além da utilização de medicamentos, a prevenção também está associada a hábitos saudáveis. As orientações básicas são: lavar sempre as mãos, evitar compartilhar objetos pessoais como copos, talheres e toalhas, tomar cuidado com a alimentação e qualidade do sono, praticar exercícios físicos regulares, tomar sol com moderação, evitar lugares aglomerados e sem ventilação.
Método natural para o controle de peso O gerenciamento de peso tem se tornado uma questão importante para diversas pessoas, seja pela questão estética ou de saúde. Assim, novos ativos são desenvolvidos constantemente, com o auxílio de tecnologias específicas para atender esta necessidade. Na Central de Fórmulas, farmácia de manipulação de Cachoeirinha, quem quer controlar o peso pode procurar o Fabuless™, um produto desenvolvido pelo laboratório holandês DSM e distribuído com exclusividade no Brasil pela Pharma Nostra. Com eficácia comprovada por diversos estudos, ele oferece uma solução nova no controle do peso a longo prazo. Fabuless™ faz com que o indivíduo se sinta confortavelmente satisfeito por-
que aumenta os níveis do hormônio da saciedade GLP-1 (Glucagon-like peptide-1) e causa um efeito sacietógeno, que comprovadamente faz a pessoa comer menos. O produto é indicado para pessoas que estão ou não acima do peso, porém desejam gerenciá-lo por meio do controle da fome e da redução de ingestão calórica. A Central de Fórmulas trabalha com o Fabuless™, além de outros produtos naturais para manter o peso e saúde em dia. Maiores informações com a farmacêutica Ângela Bohlke (CRF 11949). Características: • Produto 100% natural, derivado de óleos vegetais purificados;
• Aciona o mecanismo de controle natural do apetite; • Aumenta a saciedade; • Pode ser tomado uma única vez ao dia junto com o café da manhã; • Reduz o apetite e o consumo calórico; • Reduz a circunferência abdominal e a gordura corporal; • Eficaz na redução e manutenção do peso corpóreo; • Efeitos duram de 4 a 8 horas, podendo se estender por mais tempo; • Disponível na forma de pó, pode ser adicionado em shakes, sopas, iogurtes, bebidas e suplementos alimentares. Referências bibliográficas: DIEPVENS K.; SOENEN S.; STEIJNS J.; ARNOLD M. Westerterp-Plantenga M. Long-term effects of consumption of a novel fat emulsion in relation to body-weight management. Int. J. Obes. (6) 942-9, 2007.
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:: NEUROLOGIA
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Ritalina: a pílula do estudo Muitos estudantes procuram o medicamento de tarja preta para manter a concentração nas horas de estudo, porém, a Ritalina deve ser utilizada com muito cuidado. A busca por estimulantes que mantêm a concentração durante horas de estudo é um caso antigo entre os jovens. Em 2009, diversas manchetes de jornais e revistas divulgaram o uso indevido do remédio Ritalina, nome comercial de Metilfenidato, conhecido por “fazer semana de estudo virar um dia”. A moda, que começou em universidades dos Estados Unidos, migrou para o Brasil, tornando-se um item cada vez mais comum na rotina de vestibulandos e universitários, além de colocar o País no posto de segundo maior consumidor mundial do medicamento. Por se tratar de uma forte substância do grupo de psicoestimulantes, que age no sistema nervoso central e resulta no aumento expressivo da transmissão de impulsos nervosos, há um controle bastante rigoroso na sua comercialização em farmácias, sendo obrigatória a apresentação da receita médica. Segundo a especialista em neurologia, Dra. Angélica Dal Pizzol (CRM 31679), a Ritalina é indicada no tratamento de transtorno do déficit de atenção e hiperatividade (TDAH), também em doenças do sono como narcolepsia e hipersonia idiopática. No controle dos sintomas de TDAH, o medicamento é usado como parte de um programa de tratamento que inclui medidas psicológicas, educacionais e sociais. “O diagnóstico correto da doença requer uma investigação médica e neuropsicológica, baseada na história clínica e no exame físico”, informa a especialista. Entretanto, muitos profissionais da saúde não se mostram tão rígidos como deveriam na prescrição do medicamento. Distribuem receitas sem realizar todos os exames e demais procedimentos que verificam se o paciente realmente tem a doença. A estudante de engenharia mecânica Roberta Campos revelou ter conseguido a receita de Ritalina sem o devido diagnóstico: “A semana de provas estava chegando e eu queria tomar o medicamento para os estudos renderem mais, então fui a um neurologista, informei que tinha dificuldades de concentração e ele me receitou o remédio. Fácil assim”. Ilegalmente, a facilidade em adquirir a Ritalina é ainda maior e a internet auxilia bastante na comercialização. Em um site de venda de produtos, um homem que se denomina Dr. Rodrigo divulga a venda do remédio. Ele afirma trabalhar com
Outra utilização indevida: Verificou-se que algumas pessoas procuram a Ritalina com o objetivo de emagrecer, pois ela causa diminuição de apetite e isso pode resultar em perda de peso. Entretanto, não é recomendado usar essa medicação para o emagrecimento, em função de todas as reações adversas. O uso do álcool: A Ritalina, por ser um remédio tarja preta, 24 | julho de 2011 |
medicamentos há 10 anos e ser um dos médicos vendedores mais conhecidos do Brasil. Os jovens buscam a Ritalina pela sensação de euforia, maior concentração e diminuição do sono, porém, de acordo com a Dra. Angélica, as consequências de comprar e ingerir este medicamento de forma indevida são diversas. Os efeitos colaterais mais
frequentes são dor de cabeça, insônia, irritabilidade, anorexia, náusea e vômitos. O que poucas pessoas sabem é que, além dos riscos de taquicardia, inclusive por quem utiliza o medicamento sob prescrição médica, a Ritalina causa dependência física e psicológica. Quando utilizado por longos períodos e em doses excessivas, o medicamento pode levar à morte de neurônios, ao desenvolvimento de comportamentos estereotipados e ao surgimento de distúrbios do sono. “A Ritalina não deve ser usada para aliviar a fadiga normal. Pacientes agitados, tensos ou ansiosos não devem ser tratados com esse medicamento. Assim como pacientes com distúrbios cardíacos ou tireoidianos. O abuso de Ritalina pode levar à tolerância acentuada e à dependência, por isso o acompanhamento médico é essencial. Devem ser feitos exames de sangue periódicos durante os tratamentos prolongados”, afirma a Dra. Angélica.
não deve ser misturado com álcool, pois ele pode aumentar as reações adversas, como nervosismo e insônia. Além disso, outros sintomas podem ocorrer por causa da ingestão de álcool como: cefaleia intensa, sonolência, tontura, discinesia (movimentos involuntários anormais), visão embaçada, convulsões, câimbras, tiques, psicose tóxica (algumas vezes com alucinações visuais e tácteis), humor depressivo transitório, artrite e/ ou oclusão cerebral.
:: PSIQUIATRIA
Saiba mais sobre o Transtorno Bipolar (TAB) Os transtornos de humor-mania e depressão devem ser diferenciados de tristeza e alegrias porque estas últimas são respostas humanas normais frente aos fatos da vida. Health.com
Por Eneida Kompinsky Psiquiatra CREMERS 15849
O TAB é uma doença crônica que atinge 1,6% da população, embora seja frequente, nos dias de hoje, os pacientes chegarem ao consultório já tendo se auto-diagnosticado bipolares. Se quadros leves forem levados em conta, esse número aumenta ainda mais. Em geral, os sintomas iniciam entre os 18 e 22 anos. No idoso, comumente está associado a quadros orgânicos e na criança, quando aparece, tem um quadro atípico, muitas vezes de difícil diagnóstico. Nos adultos, aparece igualmente distribuído entre homens e mulheres, embora na infância seja até quatro vezes mais frequente em meninos. Os transtornos de humor-mania e depressão devem ser diferenciados de tristeza e alegrias porque estas últimas são respostas humanas normais frente aos fatos da vida. A pessoa em fase de depressão não cuida da aparência, é apática, tem dificuldade de manter hábitos de higiene, sente fadiga e cansaço para as tarefas cotidianas, dificuldade de concentração e memória. A autoestima fica abalada, surgem ideias de culpa, pessimismo, insônia, sonolência e cansaço por
A doença bipolar I (oscilações importantes do humor entre os pólos da euforia e depressão) é crônica e recorrente
muito tempo e há ainda o risco de suicídio. A pessoa em fase maníaca apresenta características vindas de humor elevado, fica agitada, muito falante (verborreia), hipervigilante ao ambiente, mas com pouco foco de atenção, indo de um assunto a outro. Podem aparecer ideias de grandeza e autoestima exageradamente alta. Em quadros graves podem aparecer alucinações e fuga de ideias, tornando a comunicação muitas vezes impossível. Podem ser irritadiços e até agressivos. Os
pacientes ficam mais suscetíveis a drogas, a dirigirem em alta velocidade ou envolverem-se em promiscuidade sexual. A situação econômica também pode ficar comprometida. A doença bipolar I (oscilações importantes do humor entre os polos da euforia e depressão) é crônica e recorrente. Mais de 90% dos indivíduos que tiveram um episódio maníaco terão outros quatro em 10 anos. A tendência é diminuir com a idade. É importante o paciente ter a consciência
do curso da sua doença, podendo procurar o médico precocemente e aderir ao tratamento. O transtorno bipolar II se caracteriza pela alternância entre quadros depressivos e hipomaníacos (de menor gravidade). As causas podem ser biológicas (alteração em neurotransmissores como noradrenalina e serotonina), genéticos e psicossociais (alguns autores justificam que infecções virais, privações alimentares, maus-tratos e abuso físico ou sexual na infância poderiam resultar em alterações permanentes e poderiam desenvolver um transtorno de humor). Tratamento: nos episódios maníacos, usam-se estabilizadores de humor, tais como sais de lítio, carbamazepina, oxcarbamazepina, valproato de sódio, lamotrigina ou topiramato. No caso de alucinações ou delírios, podem ser usados antipsicóticos chamados atípicos (embora não seja unanimidade). Além disso, deve ser associada psicoterapia que pode, entre outras funções, aumentar a adesão ao tratamento, melhorando a compreensão da doença e das limitações que podem ser impostas, trabalhando para que essas últimas diminuam. Referência: CÓRDAS, Táki Athanássios e colaboradores (org.). Síndromes Psiquiátricas. Artmed, 2006.
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:: REGIÃO
Apae presta atendimento especial A Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais de Cachoeirinha (Apae) atende atualmente cerca de 90 crianças até 18 anos nas áreas de psicologia, fonoaudiologia, terapia ocupacional e assistência social. Reconhecida pela qualidade do trabalho que desenvolve, a entidade entrou em 2011 com fôlego renovado. Depois de passar algum tempo acumulando dívidas, hoje está adimplente junto aos órgãos públicos e com os salários em dia. Ganham com isso as famílias das pessoas com deficiência, já que a Apae está cheia de projetos
para ampliar seus serviços. Hoje a grande maioria dos atendimentos é destinada para pessoas de baixa renda. Como ajudar a entidade: • Imposto de Renda: as pessoas físicas que pagam este imposto e as empresas optantes do Lucro Real podem destinar parte do pagamento dos seus impostos para a Apae através do Fundo da Criança e Adolescente, depositando na conta bancária do Comdica de Cachoeirinha. O processo é simples e o mais importante é ter vontade de ajudar.
• Apae Energia: qualquer pessoa pode ser um colaborador da Apae preenchendo um formulário junto à entidade para destinar qualquer valor, que será debitado da sua conta de energia. • Parceria com empresas: a meta é reconquistar a credibilidade da Apae junto ao setor empresarial e fazer parte de projetos voltados para o terceiro setor de grandes empresas. • Notas Fiscais - Programa “A nota é minha”: a entidade já foi uma das maiores arrecadadoras de notas fiscais do
Governo federal tem interesse em projeto de Cachoeirinha Entre 149 milhões e 272 milhões de pessoas consumiram algum tipo de droga no último ano no mundo, enquanto estima-se que 200 mil morrem anualmente por doenças relacionadas à ingestão de entorpecentes. Essa é a conclusão do Relatório Mundial sobre Drogas, publicado recentemente pelo Escritório das Nações Unidas contra a Droga e Crime (UNODC). Já o uso abusivo de álcool é responsável por 2,5 milhões de mortes por ano, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS). Em Cachoeirinha, um projeto pioneiro para recuperar dependentes químicos virou notícia no mês de junho também em Brasília. A Comunidade Terapêutica Pública Reviver, primeira no País a ser administrada por uma prefeitura, foi exemplo em um encontro realizado na Confederação Nacional de Municípios (CNM), na capital do País. Durante o encontro, o prefeito explicou como surgiu o projeto e sobre o reconhecimento que recebeu do governo federal. O gestor foi recebido pela presidente da República, Dilma Rousseff, onde apresentou a iniciativa, que hoje é exemplo de políticas públicas voltadas ao enfrentamento de drogas. A comunidade está localizada em
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um recanto verde de 11 hectares e já abriga 30 pessoas. Na CTP Reviver, o interno tem, além da cultura tradicional do tratamento terapêutico - em que não existe intervenção medicamentosa - a possibilidade de fazer qualificação profissional, retomar os estudos e voltar mais rápido e preparado ao convívio da sociedade. A comunidade possui telecentro, sala de ensino multisseriado, oficinas de padaria e confeitaria, produção de fraldas geriátricas e pediátricas, plantação de hortifrutigranjeiros e criação de animais. A produção de hórtis irá para as escolas municipais e a produção de fraldas para entidades assistenciais, como asilos. A presidente Dilma Rousseff determinou a constituição de um grupo de trabalho sob liderança da ministrachefe da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, para preparar uma legislação que permita a inclusão de comunidades terapêuticas no atendimento aos cidadãos dependentes de substâncias químicas. A decisão foi tomada durante reunião com representantes destas entidades ocorrida no Palácio do Planalto. Existem no País cerca de 3 mil comunidades que cuidam de aproximadamente 60 mil dependentes químicos.
Estado e quer voltar a ocupar as primeiras posições. As pessoas podem entregar suas notas fiscais diretamente na entidade ou nos postos de coleta localizados no município. As notas podem ser oriundas de qualquer lugar do Estado e sem valor mínimo. • Exames de Audiometria: a entidade ganhou um aparelho de audiometria e tem condições de fechar parceria com clínicas e empresas para prestar este serviço por um valor diferenciado. Maiores informações pelo fone 3470.1103.
Vacina contra a gripe A continua disponível nas unidades de Gravataí No final do mês de junho, novos casos de Influenza A (H1N1) foram registrados no Rio Grande do Sul. De acordo com o Centro Estadual de Vigilância em Saúde (CEVS), as novas confirmações mostram um aumento da circulação viral, mas o número de casos ainda é considerado baixo, quando comparado a outros anos. Os novos episódios surgiram em Porto Alegre, Santa Cruz, Cerro Largo, Chuvisca e Cerro Grande do Sul. Para o início do mês de julho, é esperado que o Rio Grande do Sul receba mais vacinas. O atual foco da estratégia de combate à gripe A (H1N1) no Estado é o tratamento precoce de todas as pessoas com gripe, preferencialmente nas primeiras 48 horas e de acordo com indicação médica. Atualmente, em torno de 350 mil tratamentos antivirais estão disponíveis para os serviços de saúde de todo o RS. O CEVS também informou que a vigilância da doença demonstra que a situação é
de normalidade, pois não foi caracterizada epidemia até o momento. Imunização em Gravataí Os números da Campanha Nacional de Vacinação contra a Gripe em Gravataí apontou que 28.781 pessoas foram imunizadas, representando 75,85% do público-alvo. A meta é vacinar 80% das 37.946 pessoas que integram os grupos que estão recebendo a dose. A vacina, que este ano servirá para proteger tanto do vírus da gripe sazonal quanto do vírus da H1N1, está disponível em todas as unidades de saúde do município para as pessoas que integram os grupos do público-alvo. Dados do Ministério da Saúde demonstram que na população com mais de 60 anos, a imunização contra a gripe pode reduzir em até 45% o número de hospitalizações por pneumonias. Entre os residentes em casas de repouso e asilos, a redução na mortalidade chega a 60%.
:: ACUPUNTURA
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Acupuntura e Gestação Durante as sessões, o bebê também é beneficiado, visto que uma gravidez tranquila reflete no desenvolvimento do feto. Por Dra. Rosangela da Silva Biegler
Médica especialista em Acupuntura e Anestesiologia pela Associação Médica Brasileira CRM 17440
A gestação é um momento de espera, recolhimento e adaptabilidade às constantes mudanças e a acupuntura, reconhecida por suas funções analgésicas e anti-inflamatórias, ajuda a reduzir e até mesmo evitar diversos sintomas decorrentes da gravidez. Ao tratar pacientes grávidas com acupuntura, temos três objetivos básicos. O primeiro é fornecer condições de saúde para que a mulher possa se adaptar física e psiquicamente à gravidez, sem perder em excesso sua energia. São fatores de desgaste: idade, doenças crônicas, cirurgias, gestações, partos, amamentação, excesso de trabalho e/ou de atividade física, alimentação, emoções excessivas, traumas e outros fatores. O segundo objetivo diz respeito ao preparo do útero na fase inicial da gestação, a fim de ajudar na época em que o feto deve aderir na parede do útero. Através do aumento da vascularização é possível propiciar uma melhor nutrição ao feto. Já na fase final da gestação, a acupuntura pode ajudar no preparo para o trabalho de parto, através de pontos que auxiliam no posicionamento do bebê e induzem as contrações uterinas. O terceiro objetivo do tratamento da gestante está ligado aos sintomas, doenças e incômodos que podem surgir durante a gravidez, como enjoo, dores de cabeça, dores nas costas, edemas, diabete gestacio-
nal, aumento da pressão arterial, gastrite, ansiedade, depressão e descompensação de doenças pré-existentes. Mas os benefícios podem ir além. Durante as sessões, o bebê também é beneficiado, visto que uma gravidez tranquila reflete no desenvolvimento do feto. Na fase do pós-parto, a acupuntura ajuda a reequilibrar as funções do organismo e a produção hormonal. Ainda, como atua no sistema nervoso central e periférico, a acupuntura é recomendada para casos de depressão pós-parto. Alguns médicos têm receio de que a acupuntura leve a gestante ao trabalho de parto prematuro ou cause algum dano ao feto. Isso não procede porque a acupuntura, uma vez bem indicada e bem realizada por um médico especializado, que saiba os pontos a serem evitados, pode e deve ser usada como instrumento terapêutico e preventivo durante a gravidez. A gestante, na verdade, precisa evitar usar medicações alopáticas, pois estas sim, em alguns casos, causam dano permanente ao feto.
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:: PRESSÃO ARTERIAL
Cuidado com a pressão arterial Os níveis da pressão arterial começam a ser controlados com a chegada da terceira idade. Entretanto, a preocupação pode ser iniciada muito antes para evitar problemas.
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O coração é uma bomba eficiente que bate de 60 a 80 vezes por minuto durante toda a vida e impulsiona de cinco a seis litros de sangue por minuto para todo o corpo. A pressão arterial é a força com a qual o coração bombeia o sangue através dos vasos. É determinada pelo volume de sangue que sai do coração e a resistência que ele encontra para circular no corpo. Ela pode ser modificada pela variação do volume de sangue ou viscosidade (espessura) do sangue, da frequência cardíaca (batimentos por minuto) e da elasticidade dos vasos. Os estímulos hormonais e nervosos que regulam a resistência sanguínea sofrem influência pessoal e ambiental. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a pressão arterial normal em um adulto é: máxima – igual ou inferior a 140 mmHg; mínima – igual ou inferior a 90 mmHg. Para a pressão arterial ser medida corretamente, utiliza-se um aparelho chamado esfigmomanômetro. A medição da pressão arterial está mais fácil atualmente, através de equipamentos automáticos, desde que estejam bem calibrados.
número de complicações. Pressões arteriais elevadas provocam alterações nos vasos sanguíneos e na musculatura do coração. Pode ocorrer hipertrofia do ventrículo esquerdo, acidente vascular cerebral (AVC), infarto do miocárdio, morte súbita, insuficiências renal e cardíaca.
O que significa se a pressão arterial estiver alta? A hipertensão arterial é o aumento desproporcional dos níveis da pressão. É mais comum ocorrer nos homens do que nas mulheres e em pessoas de idade mais avançada. A hipertensão normalmente é causada por hereditariedade, obesidade, sedentarismo, alcoolismo, estresse, fumo, entre outros. Considera-se hipertenso o indivíduo que mantém uma pressão arterial acima de 140 por 90 mmHg ou 14x9, durante exames seguidos, de acordo com o protocolo médico. Ou seja, uma única medida de pressão não é suficiente para determinar a patologia. Entretanto, a hipertensão arterial é considerada uma doença silenciosa, pois na maioria dos casos não são observados quaisquer sintomas no paciente. Quando estes ocorrem, são vagos e comuns a outras doenças, tais como dor de cabeça, tonturas, cansaço, enjoos, falta de ar e sangramentos nasais. Esta falta de sintomas, na maioria dos casos, faz com que o paciente esqueça de tomar o seu medicamento ou até mesmo questione a sua necessidade, o que leva a um grande
O que significa se a pressão arterial estiver baixa? Pressão arterial baixa pode significar ou não uma doença. Uma das causas mais comuns é o calor, pois as artérias tendem a ficar dilatadas e, com isso, o sangue tem mais espaço para circular, exercendo menos pressão nas paredes dos vasos. A mudança brusca de posição, a desidratação e acidentes circulatórios também podem causar a hipotensão. Se a pessoa sentir sintomas como tontura, enjoo, escurecimento da visão, sensação de fraqueza e desmaio, deve ir a um lugar arejado, sentar-se e colocar a cabeça entre as pernas, ou deitar-se com as pernas levantadas. Se os sintomas permanecerem, um médico deve ser consultado. A grande maioria das pessoas que atribui seus sintomas à queda da pressão arterial são pessoas sadias, que não estão doentes, pelo menos fisicamente. Ter a pressão arterial baixa é uma das queixas mais frequentes e, na maior parte dos casos, é um sinal de boa saúde, pois, segundo os médicos, eles provavelmente terão vida longa.
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A hipertensão é considerada uma doença silenciosa
No caso de doenças mais graves, a queda da pressão é uma das manifestações de enfermidades que costumam estar acompanhadas de outros sinais e sintomas que dominam o quadro clínico. Quem deve diagnosticar essa doença é o profissional da saúde. A situação de pressão baixa mais grave é denominada de choque, que acontece quando a pressão do sangue nas artérias é insuficiente para manter a irrigação dos tecidos. É o que pode acontecer em: • Hemorragias externas profusas (abundantes); • Reações alérgicas a medicamentos; • Envenenamentos; • Traumatismos; • Sangramentos internos; • Queimaduras extensas e profundas; • Intoxicações severas; • Doenças da glândula supra-renal; • Algumas doenças do coração, agudas ou crônicas. Cuidados antes de medir a pressão arterial: • Descanse pelo menos durante cinco minutos na posição sentada; • Utilize o mesmo aparelho; • Meça sempre no mesmo braço; • Meça regularmente: uma vez por semana ou quinzenalmente, preferencialmente de manhã ou antes de iniciar a atividade diária.
:: PSICOLOGIA
Terapia cognitivo-comportamental para casais É comum que, inicialmente, apenas um dos parceiros procure ajuda. A terapia cognitivocomportamental oferece um modelo eficaz para o manejo dos problemas conjugais. Por Arianne de Sá Barbosa
Psicóloga (CRP 07/15985) Terapeuta Cognitivo-Comportamental
Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), as taxas de separação ou divórcio cresceram significativamente no Brasil nos últimos anos. Essa nova realidade pode ser decorrente de fatores como: aumento da sobrecarga de trabalho das pessoas, aumento do individualismo e da sensação de insatisfação que a sociedade capitalista tende a incutir na população, no intuito de aumentar seu consumismo. O imediatismo e a impulsividade na hora de escolher o parceiro e decidir pelo casamento podem interferir na duração de um matrimônio. Por outro lado, o grande número de separações também pode ser consequência da maior liberdade de expressão e escolha que as pessoas têm atualmente. Então, não se dispõem a manter relações que lhes pareçam desagradáveis. De qualquer maneira, o rompimento de relações amorosas estáveis é um importante fator de estresse que pode contribuir para o desencadeamento de estados de crise. Estudos indicam que os problemas que os parceiros enfrentam, por conta das relações conflituosas, podem influenciar no desenvolvimento ou manutenção de transtornos psicológicos, como, por exemplo, depressão e ansiedade. Porém, poucos são os profissionais que estudam e desenvolvem trabalhos sobre terapia de casal. Essa questão, então, merece ser discutida. A terapia cognitivo-comportamental oferece um modelo eficaz para o manejo dos problemas conjugais e melhoria da satisfação dos parceiros com seus relacionamentos. Pode-se afirmar que os principais objetivos da terapia cognitivo-comportamental, no trata-
mento de casais em conflito, são o manejo dos pensamentos e das emoções inadequados, a modificação da comunicação ineficiente e o desenvolvimento de estratégias para a solução de problemas cotidianos. Outros procedimentos utilizados são as alterações de comportamentos problemáticos. É comum que, inicialmente, apenas um dos parceiros procure ajuda. Este é orientado sobre como agir, de acordo com a situação matrimonial que vivencia. Quando há a adesão de ambos, o casal é avaliado através de entrevistas e questionários. Após, são realizadas sessões individuais com cada um dos parceiros, sendo alternadas por sessões com o casal. Resumindo: através da terapia cognitivocomportamental, é possível ajudar casais a construírem um relacionamento equilibrado e harmonioso. Dicas para casais construírem um relacionamento harmonioso: Aprenda a escutar: bons ouvintes, geralmente, também são ouvidos. Agindo assim, você fornecerá o modelo para que o parceiro também aprenda a escutá-lo. Respire antes de falar ou fazer algo que vai se arrepender depois: respire fundo e lentamente sempre que pensar em agir no calor da emoção. Isso aumentará a oxigenação do seu cérebro, lhe acalmará e aumentará as chances de agir de forma equilibrada e eficiente. Compartilhe tudo: nada de individualismo na relação a dois. Aprenda a compartilhar emoções, conversas, situações do dia-a-dia, contas, problemas, amigos, filhos... A parceria é a base
da relação a dois. Romance de novela é fictício: não caia na armadilha de idealizar um príncipe encantado ou uma mulher perfeita (a “Mulher Invisível”, representada pela Luana Piovani). Relacionamentos reais são construídos por pessoas reais, portanto, terão sempre pontos positivos (que devem ser valorizados) e negativos (que devem ser manejados). Evite a rotina: invista em seu relacionamento! Seja criativo! Planeje sempre programas diferentes: cinemas, teatros, festas, viagens, motéis, jantares a dois... Elogie: aprenda a elogiar o que o outro tem de bom. Continue dizendo que ela fica linda naquele vestido preto. Diga a ele o quanto gosta quando ele a escuta. Amor é diferente de paixão: muitos casais chegam à terapia reclamando que a relação não é mais “como antigamente”. Claro que não! Quando iniciamos uma relação, tudo é novo! Parece que necessitamos do outro 24h ao nosso lado. Parecemos enlouquecidos, “dependentes químicos” do outro. Como cegos, só enxergamos as qualidades de nosso parceiro. Isso se chama paixão. Com o tempo, começamos a ver também os pontos fracos do companheiro. E, nesse momento, a relação pode acabar ou continuar. Se ela continuar, isso significa que achamos mais relevantes as qualidades do que as fragilidades do nosso companheiro. Então, a relação se torna mais madura, equilibrada. A vontade de estar junto continua, mas ela é mais racional, baseada, principalmente, em companheirismo. Isso é amor.
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Centro de Especialidades Ortopédicas e Traumatológicas de Gravataí - CEOT
Dr. Fernando Sanchis (Coluna Vertebral) | Dr. Paulo Velasco (Ombro) Leohnard Bayer (Mão e Cotovelo) | Dr. Pablo Lessa (Quadril e Fraturas) Dr. Roberto Schwanke (Joelho) | Dr. Alfredo Sanchis (Quadril e Fraturas) Dr. Fabrício Brinco (mão e cotovelo) | Dr. Pedro Kanan (Pé e Tornozelo)
Peritendinite Calcárea no Ombro A calcificação é muito rara antes dos 25 e após os 60 anos. Eventualmente, os depósitos são reabsorvidos ou desaparecem. A peritendinite calcárea é caracterizada por depósitos calcificados (fosfato de cálcio ou carbonato de cálcio) que podem ocorrer em qualquer tendão, principalmente próximo a sua junção com o osso. Um processo inflamatório geralmente é encontrado nos pacientes sintomáticos. O ombro é o principal sítio do corpo onde acontecem esses depósitos.
ciente e um exame físico adequado. Exames complementares como: RX, ecografia e ressonância magnética são bastante úteis. Uma simples radiografia é o suficiente, na maioria dos casos, para definir o diagnóstico.
Dr. Paulo Velasco Especialista em Ombro e Videoartroscopia
numa região já inflamada, além do risco de aumentar a chance de ruptura tendinosa por insuficiência vascular. Não é necessária a punção do depósito de cálcio para obter alívio da dor. A fisioterapia também pode ser utilizada, principalmente no combate do processo inflamatório.
Rx demonstrando calcificação do tendão do ombro
Por que ocorrem? O principal fator para o desenvolvimento da peritendinite calcárea no ombro se deve à tensão que o tendão sofre quando o braço é elevado acima da cabeça, aos traumatismos repetitivos do tendão embaixo do acrômio e fatores que diminuem o aporte sanguíneo nos tendões, resultando assim em depósito de cálcio no tecido colágeno necrótico. Qual a incidência? A calcificação é muito rara antes dos 25 e após os 60 anos. Eventualmente, os depósitos são reabsorvidos ou desaparecem. A localização mais comum no ombro é no tendão do supraespinhoso. Mais comum em mulheres do que em homens. Como é feito o diagnóstico? É realizado através da história do pa30 | julho de 2011 |
Quais os sintomas? A tendinite calcárea aguda pode se apresentar de forma mais agressiva e com muita dor, limitação de movimentos e ocasionalmente eritema (vermelhidão local). Na fase crônica, a dor é mais insidiosa, com um aspecto mais de desconforto do que uma grande dor. A limitação dos movimentos não é tão grande. Quais os tratamentos? No estágio agudo, gelo a cada 2 horas por 15 minutos + analgésicos + tipoia podem ser instituídos. A dor pode melhorar com 48 a 72 horas. A massa de calcificação pode se romper para dentro da bursa subacromial ou continuar no tendão e ser gradualmente reabsorvida, sendo esta a última e mais dolorosa fase. A calcificação pode também se organizar e retornar algum tempo depois com todo vigor. Se a dor continuar após 72 horas, a injeção (“infiltração”) subacromial está indicada. Não se recomenda nova injeção, devido à dor que ela provoca
Estágio crônico: quando a dor se torna crônica, uma injeção adicional pode ser tentada. Caso a dor continue ou fique mais aguda, a ressecção do depósito de cálcio deve ser considerada por via cirúrgica aberta ou artroscópica. Deve-se reparar o defeito ocorrido nos tendões após a retirada da calcificação. Se houver a presença de esporões ósseos, estes devem ser retirados durante o ato operatório. Fotos: divulgação
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