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| marรงo de 2012 | 1
EDITORIAL
Índice COLUNA VERTEBRAL
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Fixação Dinâmica Dynesis da Coluna Lombar Dr. Fernando Sanchis
NEFROLOGIA
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Proteja seus rins: controle o diabetes REPORTAGEM ESPECIAL
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Cirurgia Plástica com responsabilidade
O casamento não está falido!
ORTOPEDIA E TRAUMATOLOGIA
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Ampliação do CEOT concluída
PROFISSIONAIS QUE COLABORARAM COM ESTA EDIÇÃO Fernando Sanchis (CRM 25665), Ricardo Lodeiro (CRM 18066), Carlos Da Ros (CRM 16962), Lilian S. Santos (ABQ 0476), Arianne Barbosa (CRP 07/15985), Sandra Regina Fagundes (CRN2 8903), Guilherme Teló (CRM 28821), Ricardo André Zordan (CRM 020188), Carlos Panni (CRM 08935), Silmara Silva (CFFa 9143/RS), Rosangela Biegler (CREMERS 17440) e Ana Flávia Monteiro (CRM 35217).
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Boa leitura e até maio!
Expediente RELACIONAMENTO
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De acordo com a Wikipedia, “tabu é um assunto cuja discussão costuma ser evitada pela população, seja porque este seria alvo de opiniões contraditórias, ou por ser uma pauta polêmica capaz de interferir com a moral e bons costumes da sociedade”. Nesta edição da revista Matéria de Saúde, trouxemos diversos assuntos que atiçam a curiosidade das pessoas, mas que também podem ser considerados “tabu” entre a população. Nossa reportagem especial trata de uma especialidade da qual ainda existe muita desinformação: a cirurgia plástica. Eternamente descontente com algum aspecto físico, o ser humano busca na especialidade uma forma de se sentir feliz consigo mesmo. Mas o que é possível fazer? Que limites existem na cirurgia plástica? Essas e outras questões são respondidas pelo cirurgião plástico Dr. Ricardo Lodeiro. Outro tema que também causa polêmica é o câncer de próstata. Tabu entre os homens, o urologista Dr. Ricardo Zordan explica como é o diagnóstico da doença e o tratamento de possíveis complicações. As dificuldades nos casamentos também são tratadas nesta 12ª edição, que conta ainda com artigos sobre psicologia, urologia, coluna vertebral e cardiologia.
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Março - 2012 - Ano III - 12a Edição
Circulação: 5000 Exemplares
Jornalista Responsável: Roselaine Vinciprova (MTB 11043) * Os artigos assinados não refletem, necessariamente, a opinião da revista Matéria de Saúde e são de inteira responsabilidade dos autores. * Procure o seu médico para diagnosticar doenças, indicar tratamentos e receitar remédios. As informações disponíveis na revista Matéria de Saúde possuem apenas caráter educativo.
Coordenação: - Roselaine Vinciprova - roselaine@trcomunicacao.com - Tadeu Battezini - tadeu@trcomunicacao.com Fone: 51 3041.2333 e-mail: saude@trcomunicacao.com Administrativo: Angela Cardoso - administrativo@ trcomunicacao.com Comercial: Tadeu Battezini - tadeu@trcomunicacao.com Colaboração: Camila Schäfer (MTB 15120) camila@trcomunicacao.com Fernando Junges - criacao@trcomunicacao.com Felipe Dias - criacao2@trcomunicacao.com Kamyla Jardim - redacao@trcomunicacao.com
Matéria de Saúde é uma publicação bimestral da TRCOM. Todos os direitos reservados.
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Cirurgia Minimamente Invasiva da Coluna Vertebral -
Fixação Dinâmica Dynesis da Coluna Lombar O sistema Dynesys é implantado através de uma técnica cirúrgica minimamente invasiva para diversas indicações - incluindo pacientes com instabilidades A dor nas costas (região lombar, próximo aos quadris) é responsável pela maioria das consultas ao ortopedista, atingindo cerca de 80% das pessoas em algum momento de sua vida. O Sistema de estabilização Dinâmica Dynesys® é um novo conceito no tratamento de dor lombar e de dor nas pernas em pacientes adultos. Desenvolvido para devolver à coluna uma posição anatômica natural, enquanto estabiliza os segmentos afetados pela degeneração, utiliza materiais flexíveis e parafusos pediculares, ao invés de hastes rígidas ou enxerto ósseo, que promovem a fusão. O resultado é uma estabilização dinâmica que permite ao cirurgião preservar a maior parte da anatomia da coluna. O sistema Dynesys é implantado através de uma técnica cirúrgica minimamente invasiva para diversas indicações – incluindo pacientes com instabilidades agudas e crônicas, causadas por alterações degenerativas dos discos intervertebrais.
Uma vez que os dispositivos foram fixados bilateralmente ao segmento afetado, o relacionamento de compressão e distensão entre o espaçador e a corda estabiliza a articulação, mantendo a vértebra em uma posição mais 4 | março de 2012 |
natural.
tada conforme a coluna se inclina para frente.
Uma posição mais natural O Sistema Dynesys propõe a estabilização dinâmica das articulações afetadas em repouso, em flexão e em extensão.
Extensão:
Em repouso:
O espaçador externo – um tubo de poliuretano – proporciona sustentação para a articulação afetada conforme a coluna se inclina para trás. O Sistema Dynesys suporta uma articulação entre L4 e L5. Flexão:
Parafusos pediculares mantêm firme a corda de polietileno, sustentando a articulação afe-
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Toda essa modernidade vem ao encontro dos objetivos de nossos pacientes, que é a busca no alívio de suas dores com a consequente melhora na sua qualidade de vida, aliada a uma técnica cirúrgica de baixo risco e pouco invasiva. Entretanto, a constante atualização deve ser permanente por parte do cirurgião de coluna vertebral, a fim de alcançar os melhores resultados para os seus pacientes. Tenho minha formação e dia-a-dia profissional voltados para a utilização e desenvolvimento de técnicas minimamente invasivas, trazendo sempre o que há de mais moderno e atual na área de cirurgia da coluna vertebral. Para me manter sempre atualizado, participo ativamente dos principais encontros, cursos, simpósios e congressos nacionais e internacionais sobre o desenvolvimento da moderna cirurgia da coluna vertebral. Leia mais no site: www.colunars.com.br
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:: UROLOGIA
Tabagismo e disfunção erétil Por Carlos Teodósio da Ros Urologista CRM 16962
A disfunção erétil (DE) é a incapacidade de adquirir e/ou manter uma ereção suficientemente rígida para obtenção de uma atividade sexual satisfatória. Até a década de 80, a DE foi considerada um distúrbio de origem psicológica, mas sabe-se, hoje, que a maioria dos homens apresenta uma causa orgânica associada. Diversas são as causas/fatores de risco de DE, variando desde problemas psicogênicos isolados, como o estresse, ansiedade e preocupação, até as alterações orgânicas, onde podemos citar a obesidade, o sedentarismo, a dislipidemia (níveis de colesterol e triglicerídios elevados), a diabetes, a hipertensão arterial, o hipogonadismo do idoso (andropausa), entreo outros. Podemos observar também a relação existente entre o uso de drogas e o surgimento deste problema. Aqui devemos ter atenção
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especial, devido à prevalente utilização, por parte da população, tanto de drogas lícitas, como anti-hipertensivos e antidepressivos, como também drogas ilícitas, como cocaína e maconha. Acredita-se que aproximadamente 25% das DE tenham origem medicamentosa. Sabendo-se que a função erétil é dependente de uma boa rede vascular peniana e que qualquer substância que afete este sistema pode comprometer uma ereção normal, podemos relacionar o uso de tabaco e/ou maconha com uma piora das ereções. Estas substâncias, portanto, são causadoras de alterações anatômicas e funcionais nos vasos que irrigam os corpos cavernosos, modificando a fisiologia da ereção e causando DE. Existe um efeito imediato sobre a vascularização arterial periférica, determinando uma vasoconstrição, a qual restringe o fluxo sanguíneo, e também um efeito mais tardio, que é o estímulo à aterosclerose (doença inflamatória crônica, na qual ocorre a formação de placas dentro dos vasos san-
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guíneos.). O tabagismo é o principal fator de risco para o desenvolvimento de aterosclerose. A disfunção vascular endotelial é o primeiro evento do processo da aterosclerose e ocorre tanto em tabagistas ativos como nos passivos (exposição à fumaça devido à queima do cigarro ou pela fumaça exalada pelo fumante). O processo aterosclerótico é acentuado pelo fato de pacientes tabagistas apresentarem elevados níveis séricos de colesterol. Da mesma forma que o cigarro, a maconha pode levar ao dano arterial. Existem relatos de arteriopatia severa em pacientes jovens, usuários crônicos de maconha. Desta maneira, uma condição tão prevalente como é a DE, talvez possa ser evitada ou mesmo abrandada quando se adota um estilo de vida saudável, isto é, dieta controlada, sono adequado, tabagismo e alcoolismo suspensos, atividade física regular, peso ideal e controlar/ tratar todas as co-morbidades. Estes pacientes irão também reduzir os riscos de eventos e doenças cardiovasculares.
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Pelo MUNDO
Principais estudos e pesquisas realizados na área de saúde
Lanche no trabalho: o vilão da dieta Você se sente entediado no trabalho e a primeira coisa que faz é correr para um lanchinho? Saiba que esse pode ser o principal inimigo da sua dieta. Uma pesquisa feita na Grã-Bretanha com 2 mil mulheres revelou que cerca de 650 calorias são consumidas nesses intervalos, o que equivale a um terço da ingestão diária recomendada. Um dos pontos mais interessantes da pesquisa é que as mulheres não são motivadas por fome: 49% delas afirmaram que comem
porque estão entediadas. Apenas 11% responderam que tomam lanches fora de hora para se socializar no ambiente de trabalho. Divulgação
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Antibióticos podem ser ineficazes contra sinusite
Crianças entendem palavras a partir dos seis meses De acordo com um estudo realizado por psicólogos americanos, os bebês compreendem o significado das palavras a partir dos seis meses de vida. Os dados são do jornal Daily Mail. Os testes foram feitos com 33 crianças entre seis e nove meses. Os pesquisadores descobriram que, quando alguém perguntava onde estava um objeto, os bebês fixavam os olhos na direção do objeto correto, disposto em meio a outras imagens em uma tela. Eles também concluíram que, se os pais conversam bastante com a criança, podem ajudá-la a melhorar o conhecimento linguístico depois. Divulgação
Um estudo publicado na revista Journal of the American Medical Association (JAMA) mostrou que os antibióticos são ineficazes contra a maioria das infecções dos seios nasais. Segundo os pesquisadores, as pessoas que sofrem de sinusite não se sentem melhor ou apresentam menos sintomas quando tomam antibióticos. O estudo mostrou que a maioria das pessoas se recupera sozinha. Os médicos compararam um grupo de participantes tratado com antibióticos e outro tratado com um placebo para chegar a este resultado. Em vista da resistência crescente dos antibióticos como resultado de seu uso excessivo, os cientistas recomendam substituir esses medicamentos por outros específicos que tratem a dor e a congestão nasal.
Fumo pode acelerar processo de demência nos homens Um estudo publicado na revista científica “Archives of General Psychiatry”, da Associação Médica Norte-americana, mostra que o fumo acelera o processo de demência entre os homens. A demência é a perda de capacidade cognitiva no cérebro que acontece, por exemplo, no mal de Alzheimer. De acordo com os pesquisadores, 36 milhões de pessoas tinham demência em 2010, e o número de pacientes dobra a cada 20 anos. Um dos fatores de risco, segundo eles,
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é o cigarro. O problema ficou mais evidente entre os homens, mas os pesquisadores ainda não sabem o porquê. Eles apontam o consumo maior de cigarros entre o sexo masculino como causa. O estudo se baseou em dados de uma ampla pesquisa britânica, que forneceu informações sobre mais de 7 mil participantes, com idade média de 56 anos. Dados sobre o fumo foram colhidos seis vezes ao longo de 25 anos, e sobre a capacidade cognitiva, três vezes em dez anos.
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:: REGIÃO
Combate à tuberculose em Gravataí Tratamento gratuito para combater a tuberculose é oferecido em Gravataí aos usuários do Sistema Único de Saúde (SUS) Tosse contínua por mais de três semanas, cansaço excessivo, febre baixa, falta de apetite e rouquidão podem ser sintomas de tuberculose. Pensando na importância de se combater a doença, a Secretaria Municipal de Saúde de Gravataí (SMS) disponibiliza tratamento gratuito aos usuários do Sistema Único de Saúde (SUS). Para usufruir do acompanhamento médico, é necessário que, aos primeiros sinais da enfermidade, o usuário procure a unidade de saúde mais próxima. A principal forma de se diagnosticar a tuberculose é a realização do exame
de escarro. Nos casos em que no resultado conste a presença do Bacilo de Koch, bactéria responsável pela doença, o paciente é encaminhado para a realização de um tratamento no Ambulatório de Tisiologia, concentrado no Centro de Ações Coletivas (CEAC). O acompanhamento dura no mínimo seis meses, e é feito a base de uma medicação diária entregue no momento da consulta. Localizado na avenida Otávio Schemes, 483, parada 76, o Ambulatório de Tisiologia prestou atendimento a 146 pessoas em 2011.
Secom / Gravataí
A principal forma de se diagnosticar a tuberculose é a realização do exame de escarro.
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:: ALIMENTAÇÃO
O que comer
durante a viagem? Depois dos feriadões de Nossa Senhora de Navegantes e Carnaval, o próximo período de viagens será o feriadão de Páscoa. Algumas pessoas visitam parentes distantes, outras preferem emendar as férias e fazer viagens mais longas, que por vezes duram horas. Nesses trajetos, a alimentação acaba ficando para segundo plano e os bares e lancherias de beira de estrada aparecem como primeira opção. No entanto, é preciso estar atento ao que se come durante a viagem, seja no carro ou em locais públicos, afinal, ninguém quer chegar ao destino com uma intoxicação alimentar de bagagem. Segundo dados da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), muitas das doenças adquiridas durante uma viagem estão relacionadas à ingestão de alimentos e bebidas contaminados. Cerca de 85% dessas doenças são causadas por bactérias. No carro, a dica é levar bastante água, lanches leves e não
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perecíveis (como barrinhas de cereal, castanha e nozes, frutas secas, biscoitos, etc.) e frutas não muito maduras. Evite levar salgadinhos e frituras, pois a gordura e o sal podem prejudicar a digestão e causar desconforto durante a viagem. Alimentos com ovos e maionese também devem ser evitados. No ônibus, caso sejam feitas paradas e você não tenha levado um lanche, a recomendação é evitar frituras, gorduras em excesso e alimentos com maionese, pois ela se deteriora rapidamente e pode causar problemas mais sérios de saúde. Se preferir um sanduíche, evite mortadelas e salsichas, dando preferência àqueles feitos com pão integral e peito de peru ou frango. Porém, se a parada for em um restaurante, prefira uma salada, uma carne grelhada e arroz, para não pesar no estômago. Se você sentir enjoos durante a viagem, tome somente água sem gás.
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Outras recomendações da Anvisa: • Assegure-se que o alimento esteja bem cozido, frito ou assado; • Fique atento à temperatura dos alimentos expostos para venda; • Evite o consumo de frutos do mar crus. Moluscos e crustáceos podem conter toxinas que permanecem ativas mesmo após a cocção; • Não consuma leite nem seus derivados crus; • Não consuma preparações culinárias que contenham ovos crus; • Frutas e verduras que possam ser descascadas e cujas cascas estejam íntegras, podem ser consumidas cruas; • Quando for consumir alimentos exóticos, seja prudente e não exagere; • Evite o consumo de alimentos vendidos por ambulantes; • Alimentos embalados devem conter no rótulo a identificação do produtor, data de validade e a embalagem deve estar íntegra.
:: ACUPUNTURA
Menopausa e acupuntura A vantagem desse tipo de tratamento, além de ser mais natural, é a ausência de efeitos colaterais
Divulgação
Por Rosangela da Silva Biegler Especialista em Acupuntura (RE 21237) e Anestesiologia (RE 08577) pela Associação Médica Brasileira CREMERS 17440
A menopausa (climatério) é um momento de transição, que vai geralmente dos 45 aos 60 anos. Ela é caracterizada pela interrupção do ciclo menstrual, devido à diminuição gradual da função ovariana. Em função das alterações hormonais e da queda de energia vital, alguns sintomas podem surgir, como: • Ansiedade, irritabilidade, insônia, fadiga, depressão, diminuição da libido e falta de memória; • Sudorese, ondas de calor, palpitação, cefaleia, tontura; • Dores nas mamas e displasia mamária; • Dor na relação sexual, sangramento aumentado, coceira vulvar; • Dores articulares, musculares e osteoporose; • Atrofia e secura da pele e olhos. A menopausa muitas vezes é tratada com reposição hormonal. No entanto, ainda existem muitas opiniões divergentes, entre os médicos, sobre a utilização de hormônios. Além disso, algumas mulheres apresentam contraindicações específicas à reposição hormonal. Por isso, hoje se estudam formas alternativas de combater a menopausa. A acupuntura é uma delas.
O estresse, por exemplo, é agravador das ondas de calor, insônia e dores no corpo e a acupuntura tem efeito direto no nível de estruturas do cérebro para melhoria geral destes sintomas. A acupuntura também ajuda a mulher a reencontrar seu equilíbrio, estimulando a vitalidade e bem-estar, ao mesmo tempo em que encoraja o organismo na busca pela cura. As agulhas estimulam a liberação de endorfinas, analgésicos naturais, e auxiliam na diminuição das dores. Enxaquecas, calores, períodos de desânimo e dores nas costas também podem ser tratados com a acupuntura. A vantagem desse tipo de tratamento, além de ser mais natural, é a ausência de efeitos colaterais. No entanto, é importante lembrar que a acupuntura não é capaz de suprir todos os sintomas da menopausa, mas pode ajudar as mulheres a passarem por esse período com mais facilidade.
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:: NEFROLOGIA
Proteja seus rins: controle o diabetes Divulgação
Por Ana Flávia Martins Monteiro Nefrologista CRM 35217
O diabetes é uma doença metabólica crônica de distribuição mundial, sendo em muitos países a principal causa de doença renal crônica terminal. O envelhecimento da população e o aumento na sobrevida dos pacientes com diabetes são algumas das causas responsáveis pela crescente prevalência da nefropatia diabética (doença renal causada pelo diabetes). O pico de incidência da nefropatia no diabetes tipo 1 é em torno de 10 anos após o início da doença. Já no diabetes tipo 2, o rastreamento deve ser feito assim que diagnosticado. No Brasil, os dados censitários, apesar de escassos, mostram uma tendência ao aumento da nefropatia diabética como causa de doença renal crônica, sendo que 90% desses pacientes são diabéticos tipo 2. São fatores de risco para o desenvolvimento de nefropatia diabética: controle glicêmico inadequado, hipertensão arterial, dislipidemia, tabagismo, além de fatores genéticos e aspectos familiares. A hiperglicemia persistente gera os produtos de glicação avançada, que são compostos de difícil metabolização e que causam lesões no glomérulo (unidade funcional dos rins). Além disso, também há uma hiperfiltração renal, ou seja, como se fosse uma sobrecarga para o funcionamento dos rins, culminando com
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lesão em sua membrana filtrante, aparecendo proteína na urina (proteinúria), facilmente identificada por exames laboratoriais. Se não tratada agressivamente, a proteinúria causa lesão renal progressiva e irreversível, evoluindo para doença renal crônica terminal, com necessidade de terapia renal substitutiva (diálise ou transplante). Portanto, os pacientes diabéticos e/ou com outros fatores de risco associados devem ter incluídos em seus exames de rotina a pesquisa de proteína urinária (EQU e em caso negativo, pesquisar em urina de 24 horas) e dosagem de creatinina no sangue. No caso de presença de proteinúria ou alteração de função renal, o ideal é que o paciente seja encaminhado para acompanhamento com o nefrologista. A prevenção ainda continua sendo o melhor remédio, pois uma vez instalada lesão renal pelo diabetes, o tratamento é de suporte, controlando-se a proteinúria com medicamentos, assim como controlando intensivamente a pressão arterial e a glicemia. Muitos pacientes, infelizmente, têm o diagnóstico tardio, em estágio terminal de doença renal crônica, aumentando sua morbimortalidade. Portanto, proteja os seus rins. Mantenha um controle adequado do diabetes.
O tratamento se faz controlando a proteinúria com medicamentos, assim como o controle intensivo da pressão arterial e da glicemia.
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:: NUTRIÇÃO
Linhaça: todo o bem que ela faz A linhaça apresenta em sua fórmula altas concentrações de proteínas, minerais e vitaminas, além de possuir uma excelente qualidade de gorduras
Por Sandra Regina Fagundes Nutricionista CRN-2 8903
Quantas vezes já ouvimos falar na linhaça. Ela ajuda na hora de perder aqueles quilinhos a mais e ainda traz inúmeros benefícios à saúde. A linhaça é considerada um alimento funcional e seus componentes ativos são as lignanas, que exercem efeito metabólico ou fisiológico capaz de trazer algum tipo de benefício à saúde, reduzindo o risco de algumas doenças. A linhaça é a semente do linho, que apresenta em sua fórmula altas concentrações de proteínas, minerais e vitaminas, além de possuir uma excelente qualidade de gorduras. É a semente mais rica em ômega-3 (PUFA), Ácido alfa-linolênico (ALA) e a maior fonte alimentar de lignanas. Estes componentes são muito valorizados, pois ajudam a prevenir doenças cardiovasculares, constipação intestinal e a presença de fitoestrógenos, substâncias vegetais semelhantes aos hormônios que, teoricamente, podem reduzir sintomas da menopausa e ter ação preventiva em certos tipos de câncer. A linhaça pode ser encontrada e consumida em formas diferentes: sementes, farelos (farinhas), desengordurada e o óleo de linhaça (cápsulas). O óleo de linhaça não contém fibra dietética nem lignana, enquanto que a linhaça desengordurada é rica em fibra e lignana e pobre em ácido alfa-linolênico (ALA). Para se aproveitar melhor os benefícios dos ácidos graxos
e das fibras, o ideal é que a semente da linhaça seja triturada no liquidificador e consumida imediatamente, pois a casca é resistente e de difícil digestão. É importante evitar que a linhaça triturada (farinha) fique exposta à luz por muito tempo ou sofra alterações de temperatura e umidade, pois a gordura presente nela pode se oxidar e perder suas propriedades. A recomendação de consumo da linhaça é de uma a três colheres de sopa diariamente, podendo ser utilizada em iogurtes, saladas, sucos, vitaminas, misturada a frutas, cereais, massas de pães, bolos, biscoitos e em outros alimentos. É importante salientar que deve ser triturada apenas a quantidade que será utilizada no momento, pois ela perde seus nutrientes ao longo do tempo. • Linhaça marrom x Linhaça dourada Do ponto de vista nutricional, elas são semelhantes e possuem poucas diferenças na quantidade dos nutrientes. A linhaça dourada é proveniente de climas frios. Dificilmente é encontrada por aqui. Seu sabor é mais suave do que a linhaça marrom e é cultivada sem agrotóxicos. Já a linhaça marrom, facilmente encontrada por aqui e mais acessível, é cultivada em regiões de clima quente e úmido (o que frequentemente exige o uso de agrotóxicos) e possui uma casca mais resistente.
Benefícios do consumo diário da linhaça • Propriedades anticancerígenas; • Ajuda no combate ao envelhecimento precoce e às doenças degenerativas, através da proteção dos ácidos graxos polinsaturados à oxidação; • Antioxidantes: atua no combate a problemas cardiovasculares, desobstrução de artérias e redução do mau colesterol (LDL). Efeito cardiológico protetor; • Excelente fonte de fibra dietética. Dá mais volume e fluidez às fezes, evitando a constipação intestinal; • Auxilia na redução dos sintomas da TPM e da menopausa; Recomendações Vale lembrar que a linhaça deve fazer parte do seu dia-a-dia como alimento funcional incorporado à reeducação alimentar balanceada, contemplando as necessidades diárias de cada nutriente. O ideal é conseguir equilibrar alimentação e a prática da atividade física a fim de atingir mais rapidamente o seu objetivo. E, para isto, faz-se necessário o acompanhamento com um profissional nutricionista.
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:: UROLOGIA
O câncer dos homens Por Camila Schäfer Jornalista (MTB 15120)
O câncer de próstata é o segundo mais comum entre o sexo masculino. Os principais fatores de risco da doença são a idade e a presença de histórico familiar com câncer de próstata
Fantasma que assombra os homens, o câncer de próstata é o segundo mais comum entre o sexo masculino (atrás apenas do câncer de pele não-melanoma). Segundo o Instituto Nacional do Câncer (INCA), em valores absolutos, é o sexto tipo mais comum no mundo e o mais prevalente em homens, representando cerca de 10% do total de cânceres. Sua taxa de incidência é cerca de seis vezes maior nos países desenvolvidos em comparação aos países em desenvolvimento. Isso porque muitos dos fatores de risco para o câncer de próstata são mais prevalentes nos países desenvolvidos, incluindo maior expectativa de vida e dieta rica em carne vermelha e derivados do leite. A próstata é uma glândula do sistema reprodutor masculino. O câncer ocorre quando as células da próstata sofrem mutações e começam a se multiplicar sem controle. Essas células podem se espalhar em direção a outras partes do corpo, fenômeno conhecido como metástase. De acordo com o médico urologista Dr. Ricardo André Zordan (CRM 020188), a chance de
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metástase aumenta conforme o tamanho e a agressividade do tumor, mas há uma regra seguida de que se o exame do PSA do paciente estiver menor que 10ng/ml, a probabilidade de metástase é nula. Este tipo de câncer se desenvolve mais frequentemente em homens acima dos 50 anos de idade. Segundo o médico, o diagnóstico é feito através da biópsia de próstata, que indica a presença do tumor. Esta deve ser indicada quando há suspeita da existência de câncer. A suspeita é determinada pela presença de sintomas ou através de exames médicos de detecção precoce, como a dosagem do PSA (antígeno prostático específico) no sangue e o exame físico da glândula, através do toque retal. Todo homem a partir de 45 anos deve realizar o toque retal e dosagem do PSA. Conforme afirma o urologista, os dois principais fatores de risco são a idade e a presença de histórico familiar de câncer de próstata. Quanto mais idoso for o paciente, maior a chance de diagnosticar um tumor maligno na próstata. Já se o paciente tem familiares de primeiro grau (pai e/ou irmãos) com
Estudos realizados nos Estados Unidos sugerem que indivíduos da raça negra têm uma tendência maior a apresentar tumores de próstata, bem como estes aparecerem mais precocemente e serem mais agressivos do que na população em geral. Entretanto, estes estudos não foram validados para brasileiros.
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Dr. Ricardo André Zordan | www.revistamateriadesaude.com.br
câncer de próstata, há um risco maior de ele apresentar o tumor. Este risco aumenta conforme o número de familiares acometidos, sendo até 11 vezes maior caso haja mais de dois familiares acometidos por este tipo de neoplasia. “Estudos realizados nos Estados Unidos sugerem que indivíduos da raça negra têm uma tendência maior a apresentar tumores de próstata, bem como estes aparecerem mais precocemente e serem mais agressivos do que na população em geral. Entretanto, estes estudos não foram validados para brasileiros”, conta Zordan. De acordo com o médico, quanto mais precoce for o diagnóstico, maiores são as chance de cura, além de minimizar os efeitos colaterais relacionados ao tratamento. Em relação aos sintomas, o urologista explica que, nas fases precoces, quando o tumor é localizado no interior da glândula prostática, o câncer não provoca nenhum sintoma. “É justamente nesta fase que o tumor é curável. Quando ele cresce muito e compromete estruturas vizinhas como a bexiga, o intestino, ou então lança metástases à distância, é que o paciente apresenta sintomas que podem ser sangramento na urina, obstrução urinária e nas fezes e dores ósseas”, afirma. Os tratamentos para o câncer de próstata são diversos e individualizados para cada paciente, de acordo com o estágio da doença, idade do paciente, presença de outras doenças e escolha do paciente. Eles são divididos em curativos (cirurgia e radioterapia) e paliativos (observação vigilante, bloqueios hormonais e quimioterapia). “Todos os tratamentos curativos têm efeitos colaterais e são muito semelhantes entre si e, basicamente, se resumem a alterações na função sexual, (diminuição) urinária (perdas urinárias, sangramento urinário e dor para urinar) e intestinal (sangramento e dor para evacuar)”, explica o urologista.
:: UROLOGIA
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Sexualidade Um dos principais medos enfrentados pelos homens é a disfunção erétil (DE) após a cirurgia do câncer de próstata. Zordan explica que tanto a cirurgia como a radioterapia apresentam risco de DE. Porém, diferem pelo tempo de aparecimento depois do tratamento. Basicamente se resume na falha de resposta genital (ereção) aos estímulos sexuais por lesão nervosa. “Enquanto que na cirurgia o efeito colateral é imediato, na radioterapia este problema pode ocorrer progressivamente, até dois anos, após o término do tratamento”, conta o urologista. Da mesma forma, a idade do paciente na época do tratamento, o tamanho e a agressividade do tumor e a existência de outras doenças associadas, como diabetes e hipertensão arterial, contribuem para a piora da resposta genital no pós-tratamento. Por isso, a chance de o indivíduo desenvolver disfunção erétil deve ser discutida com seu urologista antes do tratamento. Ricardo Zordan esclarece que, se acontecer de o paciente ter disfunção erétil, o tratamento é muito simples e se baseia numa escala progressiva de acordo com a resposta à terapia. Inicialmente com medicações por via oral, seguida de medicações diretamente no pênis, caso haja falha ou contraindicações ao tratamento anterior. “Por fim, pode-se recorrer ao implante de próteses penianas, caso nenhum tratamento anterior funcione, seja contraindicado ou não aceito pelo paciente”, explica o urologista. O orgasmo é o mesmo. No entanto, o médico afirma que a ejaculação é que muda, pois o esperma é produzido pela próstata, e a remoção cirúrgica da glândula encerra a produção de esperma. No caso da radioterapia, onde não há retirada, pode ocorrer desvio do esperma para o interior da bexiga ou até mesmo diminuição da produção de esperma por efeito direto na próstata. Mas o que ainda assusta a maioria dos homens é o temido exame de toque. O urologista ressalta que o toque retal é fundamental para o médico conhecer a próstata do paciente e tem grandes vantagens para diminuir a indicação de biópsias desnecessárias. “Entretanto, ninguém é obrigado a aceitar qualquer forma de intervenção, exame ou tratamento, e o médico, se o paciente se mostrar capaz, é obrigado a acatar a decisão. A dosagem do PSA, mesmo que sozinha apresente menor sensibilidade, é muito útil e o sujeito que tem um conceito pré-concebido sobre o exame, não deve deixar de consultar e esclarecer suas dúvidas, mesmo que não realize o exame de toque”, finaliza Zordan.
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Cirurgia Cada vez mais pessoas se rendem aos encantos da cirurgia plástica. No entanto, é preciso maturidade e confiança no profissional antes de tomar a decisão pelo procedimento
Por Camila Schäfer Jornalista (MTB 15120)
Atrás apenas dos Estados Unidos, o Brasil ocupa o segundo lugar no ranking mundial de cirurgias plásticas e é considerado o número um em relação ao aperfeiçoamento de novas técnicas e qualificação dos cirurgiões. Nossos profissionais vêm alcançando reconhecimento fora do país nunca visto em outras áreas da medicina. O Brasil também se tornou referência mundial por possuir profissionais sempre presentes em congressos internacionais. A cirurgia plástica possui dois ramos: a cirurgia plástica reparadora e a cirurgia plástica estética. A primeira tem como objetivo corrigir lesões deformantes, defeitos congênitos ou adquiridos. É considerada tão necessária quanto qualquer outra intervenção cirúrgica. Já a cirurgia plástica estética é aquela realizada pelo paciente com o objetivo de adquirir melhoras na sua aparência. Por ser uma área onde reina a curiosidade, e por ser também muito procurada pelos brasileiros, a Revista Matéria de Saúde entrevistou o cirurgião plástico, Dr. Ricardo Lodeiro (CRM 18066) para tirar as principais dúvidas de nossos leitores.
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:: ESPECIAL
plástica
com responsabilidade
• Qualquer pessoa pode fazer uma cirurgia plástica estética? Em primeiro lugar, o médico deve sempre diagnosticar e saber o que o organismo daquela pessoa tolera. Praticamente não existem limites quanto à idade. Por exemplo, pessoas com 60 ou 70 anos, desde que tenham boas condições de saúde, podem ser submetidas a cirurgias de cunho estético, mas depois de uma avaliação muito criteriosa. No limite inferior, podemos dizer que crianças a partir de seis anos já podem fazer a cirurgia para correção da orelha de abano, por exemplo. A cirurgia de nariz deve ser feita depois das estruturas ósseas nasais terem chegado ao pleno desenvolvimento, o que poderá ocorrer em torno de 15 a 17 anos de vida, evitando distorções que o crescimento poderia trazer ao resultado. Em relação à diabetes, hipertensão e outras doenças crônicas, é imprescindível ter um quadro de saúde compatível com a segurança, que varia entre cada tipo de cirurgia. Ou seja, desde que a doença esteja controlada, é permitido operar. Quem teve um infarto cardíaco, por exemplo, deve evitar qualquer procedimento até que seu/sua cardiologista libere para tal. Outro exemplo, pacientes com problemas de coagulação devem ser cuidadosamente avaliados pelo hematologista quanto aos riscos. Ou seja, tudo vai paara balança na hora de fazer uma cirurgia plástica estética. Exatamente como se faz com qualquer conduta médica. • O número de adolescentes que fazem cirurgia plástica aumenta a cada dia. Como você lida com isso e que orientações daria aos pais? Entre as adolescentes há muita procura
por lipoaspiração e próteses de seio. Eu costumo dizer que, se antes dos 18 anos uma menina está precisando de lipo, é porque ela ainda não amadureceu e não se deu conta de que são os hábitos dela que precisam mudar. Isso porque, nessa idade, dificilmente há uma doença por trás. Então uma lipoaspiração, nesse caso, provavelmente seria um insucesso. De qualquer forma, esse tipo de cirurgia ainda não é tão frequente entre as adolescentes por ser dolorosa e ter o estigma de ser perigosa. Dificilmente os pais permitem. Agora, o que vem ocorrendo com bastante frequência, é as meninas pedirem próteses de seio aos 16 anos. Algumas vezes até como presente de 15 anos. Faço a seguinte ponderação: se a menina é madura o suficiente e quer muito a prótese, tudo bem. No entanto, o que muitas vezes os pais não se dão conta é a questão da sexualização. As próteses de seio são um elemento com um forte apelo de sensualidade e até mesmo erotismo. E os pais precisam estar preparados para isso. Afinal, ninguém coloca silicone e passa a vestir uma burca. Eu explico isso para todos os pais que chegam ao meu consultório, trazendo suas filhas ansiosas por aumentar os seios. Se eles não estão preparados para falar sobre sexualidade com elas, também não estão preparados para deixá-las colocar silicone. As consequências de ceder à influência sócio-cultural contaminada por um marketing selvagem e deixar meninasmulheres imaturas tornarem-se vítimas desta roda-viva podem ser desastrosas. Escolhas maduras e bem pensadas: assim começa uma decisão correta e sem arrependimentos, independente da idade.
anos pode estar madura para uma cirurgia? Ela está madura no momento em que ela sente a necessidade da cirurgia, e não os pais ou parentes. Se a criança se sente incomodada com a orelha de abano e tem o consentimento dos pais para a operação, maravilha. Porém, já tive casos de crianças que chegaram no meu consultório dizendo que não tinham nenhum problema, enquanto que os pais ou parentes ficavam reforçando “o defeito”. A criança não precisa de um adulto com quem tem um laço de amor ou afetividade reforçando aquilo que os coleguinhas já fazem. Aí ela vai achar que tem mesmo um problema. Se a operação acontece porque o pai, a mãe ou a tia querem, a criança nunca vai entender porque a pegaram à força, enfiaram uma agulha no seu braço e ela acordou com dor,
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• E como você diria que uma criança de seis www.revistamateriadesaude.com.br |
A pessoa não deve fazer a cirurgia hoje ou amanhã porque estará de férias, mas porque está preparada e de bem consigo mesma, certa de que quer fazer, o que irá obter e confiante no cirurgião Dr. Ricardo Lodeiro | março de 2012 | 17
:: ESPECIAL e ainda teve que passar meses sem brincar! Afinal, antes ela não tinha problema. Dou como exemplo o caso de um menino que chegou com muita determinação em meu consultório. Disse que a orelha de abano o incomodava e que queria operar. Perguntei pra mãe se ela concordava e ela disse que eles já haviam conversado muito sobre isso. Expliquei pra ele o procedimento e o pós-operatório e ele aceitou. Fiz a cirurgia e depois mostrei a ele o antes e o depois e ele respondeu: que legal tio! Tudo que ele poderia querer era se sentir bem consigo mesmo. A dor passou a ser a “canelada no jogo de futebol”, não o incomodava. • Como é a preparação antes da cirurgia? Gosto de conversar muito com o paciente. E essa conversa raramente dura menos de 45 minutos, mesmo com aqueles que já fizeram todas as pesquisas e já consultaram outros médicos. Eu dou a minha explicação, procurando a forma mais fácil de o paciente entender. Na internet é fácil buscar as informações, mas entendê-las é outra coisa. Isso porque cada médico tem seu jeito de explicar e é a mim que o paciente virá depois. Prefiro detalhar o que farei, os cuidados que terei e o que o/a paciente deve esperar após. Preciso de tempo para desenvolver uma cumplicidade com o paciente, uma relação de confiança. O cirurgião plástico não pode ser uma máquina de refrigerante, onde basta colocar a moedinha. O que eu faço terá reflexo no resto da vida do paciente. Claro que existem coisas que não dependem do médico, como processos de cicatrização. No entanto, eu preciso saber como a pessoa vive, como ela mora, com quem se relaciona, para saber se correrá tudo bem no pós-operatório. Por exemplo, uma pessoa que mora sozinha, precisa subir três lances de escada e quer fazer cirurgia de abdômen. Ela corre o risco de ter um mal-estar e ninguém pra socorrer. Então, eu não consigo explorar isso em 10 a 15 minutos de consulta. Claro que cada tipo de cirurgia e cada pessoa tem uma preparação diferente. Pra finalizar, a pessoa não deve fazer a cirurgia hoje ou amanhã porque estará de férias, mas porque está preparada e de bem consigo mesma, certa de que quer fazer, o que irá obter e confiante no cirurgião. • Existe uma época ou estação do ano mais apropriada para fazer uma cirurgia plástica? Do ponto de vista técnico e biológico, não. Existe o conforto. Nós não estamos 18 | março de 2012 |
acostumados com calor de 37 graus. Operar no verão e usar cintas e contenções no calor é mais incômodo, mas não mais arriscado. • Todo mundo que faz cirurgia de redução de estômago precisa de cirurgia plástica depois? Um grande número de pessoas precisa. Isso porque a obesidade faz a pele esticar muito e aí o paciente acaba precisando de algum reparo no excesso de pele. Existem casos em que isso não é necessário. Quanto mais nova e saudável, maior a chance de recuperação da pele. O problema é que, em uma cirurgia de redução de estômago, o organismo é privado de vários nutrientes alimentares e muitas vezes essa privação traz como consequência uma redução na recuperação dessa pele. Mesmo que a pessoa seja bem nutrida, ela tem uma quantidade menor de nutrientes sendo absorvida. Em processos não-cirúrgicos, como reeducação alimentar, o resultado (perder peso) é mais
lento, mas a recuperação é melhor. • Depois de quanto tempo, em média, é possível ver o resultado de uma cirurgia plástica? Depende de cada cirurgia. O resultado quase final de uma lipoaspiração pode ser visto depois de quatro a seis meses, no mínimo. Antes disso, os resultados podem não ser muito agradáveis. Recuperação total em dois meses não existe. Isso porque, com esse tempo, a maior parte do edeme do corpo já desinchou, mas começam a aparecer alterações. Na lipo, por exemplo, pode haver piorado resultado até os quatro meses. Depois disso, os processos cicatriciais vão se amadurecendo, podendo ser preciso esperar de seis a oito meses pra ver o resultado final. A cirurgia de nariz leva em média um ano para que as alterações principais permitam vislumbrar o resultado final (tempo que poder ser diferente conforme cada tipo de cirurgia e processos cicatriciais envolvidos).
A escolha do cirurgião • Frequentemente são noticiados casos de complicações de cirurgias plásticas. Por que isso acontece e como está o mercado da cirurgia plástica? O que vemos é muita falta de conhecimento das pessoas sobre como escolher um profissional. Se você faz uma lipoaspiração ou coloca próteses de silicone em um paciente, você precisa saber lidar com as complicações que essa cirurgia pode trazer. Se eu não souber isso, eu não posso estar lipoaspirando. O que vem acontecendo é que pessoas que muitas vezes sequer fizeram residência ou especialização na área, operam como se fossem cirurgiões plásticos. Essas pessoas fazem “cursos de fim-de-semana” e acham que têm capacidade para fazer o que os cirurgiões plásticos levam cinco anos para começar a dominar. Depois, se algo dá errado, é muito fácil para esses médicos culparem o paciente ou sua cicatrização, dizendo que ele não se cuidou. A ética médica é bem clara: eu sou o médico, o detentor do conhecimento médico. Devo informar e ajudar o paciente. Se eu sei que o paciente não se cuidou até
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agora e não vai se cuidar depois, então pode ser um erro operar. Não é o paciente que escolhe o tratamento, mas o médico: a paciente diz o que deseja modificar, o cirurgião deve indicar o melhor caminho. Acontece com alguma frequência cirurgiões fazerem o que a paciente pediu e o resultado ser algo inadequado, não atingindo o desejo real da pessoa. Por exemplo, algumas mulheres que estão acima do peso fazem cirurgia na barriga, mas continuam com pernas, quadris, braços imensos. Todo mundo nota que é algo desproporcional, menos a paciente. Algumas pessoas acham que essa ilusão vale a cirurgia plástica. Minha posição é tirar essa ilusão das pessoas porque felicidade é baseada em realidade e não em ilusão. Ajudar e orientar a pessoa sobre como atingir seus objetivos. Evitar que ela faça a escolha que não a levará ao seu sonho, podendo se tornar um irreparável pesadelo.
:: ESPECIAL
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O cirurgião plástico não é o ponto de início do emagrecimento, ele vai tratar com o depois do emagrecimento. Ou seja, as pessoas precisam se reeducar, mudar os hábitos, e depois procurar a cirurgia plástica para obter resultados. Dr. Ricardo Lodeiro
Próteses de Silicone
Lipoaspiração
• As próteses de seio ficam muito visíveis? Com as técnicas e modelos de próteses atuais, não. Existem mulheres que preferem ter a “marquinha” das próteses. No entanto, resultados mais naturais tem sido os mais procurados, pelo menos em meu consultório. Há colegas que relatam o oposto, pacientes querendo próteses cada vez mais marcadas. Isto é uma característica cultural de cada local. Algumas próteses possuem perfis e texturas tão naturais que tornam difícil sua identificação ao toque, mas isto depende inclusive de características de cada corpo. • A prótese de silicone pode atrapalhar na mamografia ou na amamentação? Na mamografia é necessário fazer uma chapa a mais, para desviar-se da prótese. Não há evidências de que isso modifique o diagnóstico do câncer de mama. Em relação à amamentação, não há nenhuma interferência, qualquer que seja a via de colocação. Já está claro que se uma mulher com prótese não consegue amamentar, provavelmente não conseguiria fazê-lo mesmo que não tivesse a prótese. A perda da sensibilidade da ponta dos seios está ligada provavelmente à distensão da pele dos seios pelo tamanho, ocorrendo com a mesma frequência, tanto faz a via de colocação (peri-areolar ou infra-mamária). • A prótese de seio precisa de alguma manutenção? Não existe manutenção da prótese, mas sim do seio. Deve-se ter cuidado com o seio. A prótese é inerte, não traz nenhum tipo de efeito sobre a mama ou o resto do organismo. A prótese não exige manutenções. Reviso minhas pacientes por 1 ano, mas há casos de pacientes que depois de duas semanas não apareceram mais. As próteses têm garantias diversas, 10, 20, 80 anos ou vitalícia. Mas isso não quer dizer que daqui a 10 anos seja preciso trocar a prótese ou que ela vai romper.
• Algumas pessoas acreditam que a lipoaspiração ou a cirurgia plástica em geral auxilia no emagrecimento. Esse pensamento está correto? Não. O que acontece é que as pessoas nutrem uma ilusão, muitas vezes criada pela mídia, de que a cirurgia plástica emagrece. E aí elas se sentem “liberadas” de qualquer cuidado consigo mesmas e com sua alimentação. Nutrem uma ideia de que a cirurgia plástica é inofensiva, que se engordarem depois, é só fazer de novo. Esse pensamento é muito errado. O cirurgião plástico não é o ponto de início do emagrecimento, ele vai tratar com o depois do emagrecimento. Ou seja, as pessoas precisam se reeducar, mudar os hábitos, e depois procurar a cirurgia plástica para obter resultados. E para que sejam duradouros. • Qual a diferença entre lipoaspiração, lipoescultura e abdominoplastia? Na abdominoplastia há a retirada de pele e gordura através de um corte. Na lipoaspiração, há somente a retirada de gordura através de uma cânula. A lipoescultura é um termo muito mal utilizado. Tecnicamente, é a retirada de gordura de um local, que é então preparada e processada e depois recolocada em outro local do corpo. No entanto, existem usos “marqueteiros” do termo, como se fosse uma lipoaspiração aprimorada, algo como: “não faço apenas lipoaspiração: faço lipoescultura!”. • A pessoa engorda depois de uma lipoaspiração? Sim, mas engorda mais nos locais que não foram lipoaspirados. O local lipoaspirado também engorda, mas engorda menos. Por isso as pessoas precisam se reeducar e mudar os hábitos ou correm o risco de engordar novamente e ter um resultado desarmônico, por vezes muito pior que os traços - apesar de desagradáveis – mas ao menos harmônicos que as gordurinhas a mais produziam.
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:: TRANSPLANTE
Aumento de 124% de transplantes no País Em dez anos, o Brasil registrou um crescimento de 124% no número de transplantes realizados. Os dados são de 2001 a 2011 e mostraram que, só no último ano, foram mais de 23,3 mil procedimentos, tornando o país o maior sistema público de transplantes do mundo, com 95% dos procedimentos realizados pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Entre os órgãos sólidos, como coração, fígado e pulmão, o país responde por 5% dos transplantes realizados em todo o planeta. Em 2011, o Brasil bateu recorde ao registrar 2.207 doadores de órgão, 63% a mais que em 2008. No Rio Grande do Sul, o número de transplantes também vem aumentando. Em 2011 foram mais de 1,7 mil.
20 de 2012 | | 20 || março novembro de 2011
Segundo informações do Ministério da Saúde, houve uma redução de 23% na fila para transplantes no país, superando a meta de 10 doadores por milhão de pessoas. A expectativa agora é chegar em 2015 com 15 doadores por milhão. Outro dado que entusiasmou as autoridades foi o número de registros de medula, que alcançou a marca dos 2,5 milhões, o que coloca o Brasil como terceiro maior banco do mundo. O número de transplantes de medula aumentou 146% nos últimos dez anos. Mesmo com os bons números, a quantidade de doadores ainda precisa aumentar. Isso porque a sobrevida dos brasileiros está crescendo, o que reduz o número de possíveis doadores.
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Nefrocor comemora marca de transplantes realizados A Nefrocor inicia o ano de 2012 comemorando o aumento no número de transplantados. Isso representa quase 10% do atual número de pacientes em tratamento, que totaliza 119. Todos os procedimentos foram realizados no hospital referência, que é a Santa Casa. De setembro de 2010 a setembro de 2011 foram sete transplantes. Mas somente nos últimos seis meses esse número já chegou a nove. A Nefrocor comemora essa marca e acredita que os resultados serão cada vez melhores. A clínica completa neste ano 16 anos e inaugurará uma moderna sede em frente ao Hospital Padre Jeremias, em Cachoeirinha. O novo espaço vai continuar desenvolvendo o qualificado trabalho multidisciplinar, que conta com profissionais médicos nefrologistas e urologista, enfermeiro, assistente social, nutricionista, psicóloga e fisioterapeuta.
:: PREVENÇÃO
Dengue: você sabe identificar? Os sintomas da doença podem variar de pessoa para pessoa, mas a febre e as dores no corpo são comuns a todos. Muitas vezes eles podem também ser interpretados como gripe Verão é época de combater o mosquito da dengue. Para isso, os órgãos de saúde promovem campanhas, visitas e outras ações para conscientizar a população. As pessoas são orientadas a evitar água parada, colocando areia no pratinho das plantas e esvaziando garrafas e pneus. No entanto, você sabe identificar quando uma pessoa está infectada com o vírus da dengue? Primeiramente, é importante saber que o vírus não passa de humano para humano. Para nos contaminar, o vírus só pode ser transmitido por um vetor (nesse caso, o mosquito). O aedes aegypti, mosquito transmissor, tem hábitos diurnos, e costuma agir no início da manhã e final da tarde, quando há menos sol, por isso fique atento se sofrer uma picada durante o dia. Os sintomas da doença podem variar de pessoa para pessoa, mas a febre e as dores no corpo são comuns a todos. Algumas pessoas podem confundir os sintomas da Fique alerta aos sintomas da dengue: • febre alta; • dor de cabeça; • dor atrás dos olhos; • dor no corpo e nas juntas; • manchas vermelhas no corpo.
dengue com os de uma gripe ou resfriado, por isso é importante procurar auxílio médico logo nos primeiros sinais, para um diagnóstico correto. O que geralmente diferencia a dengue de uma gripe são as manchas vermelhas que aparecem pelo corpo. No entanto, nem todos os pacientes apresentam essas manchas. A dengue hemorrágica é a forma mais grave de infecção. Geralmente atinge pessoas que são reincidentes na doença, mas isso não é regra. Pacientes com imunidade mais baixa ou debilitadas podem ser infectadas e desenvolver a forma mais grave já no primeiro ataque do mosquito. Dores abdominais, vômitos e qualquer tipo de sangramento podem indicar que o paciente está com a forma mais grave da doença. A dengue hemorrágica oferece maior risco de morte, mas a dengue clássica também podeser perigosa, caso o paciente tenha alguma doença crônica ou
se a própria dengue evoluir para a forma mais grave. Não existe um tratamento curativo para a doença, porém, algumas medidas podem ser tomadas, como: assegurar a hidratação, aliviar os sintomas de dor, febre e vômitos, manter o repouso e a alimentação. Nem todos os pacientes necessitam de tratamento hospitalar, mas isso quem define é o médico. O paciente também não deve ingerir medicamentos sem uma indicação médica, pois determinados remédios podem favorecer o aparecimento de manifestações hemorrágicas. Como não existe vacina ou medicamento que proteja contra a doença, a prevenção ao mosquito continua sendo a melhor forma de combater a dengue. Os municípios de Cachoeirinha e Gravataí já estão engajados no combate ao mosquito. Fique atento às recomendações: (Fonte: Ministério da Saúde)
• Não deixe água parada, mesmo limpa, em pneus, bacias e copos descartáveis;
escova ou bucha; e troque a água pelo menos uma vez por semana;
• Tampe caixas d’água, poços, cisternas e outros depósitos de água;
• Guarde as garrafas vazias de cabeça para baixo;
• Lave bem os pratos de plantas e xaxins, passando um pano ou uma bucha para eliminar completamente os ovos dos mosquitos. Uma boa solução é trocar a água por areia molhada nos pratinhos;
• Fure as folhas das bromélias para não acumular água;
• Limpe as calhas e as lajes das casas;
• Além de usar repelentes, uma dica é usar velas de andiroba. O produto inibe o mosquito, mas seu raio de ação é limitado aos cômodos em que é usado;
• Lave bebedouros de aves e animais com uma
• Mantenha os ralos fechados.
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||março de 2011 2012 || 21 julho de 21
:: CARDIOLOGIA
Infarto do miocárdio:
um vilão cada vez mais próximo Estima-se que, no Brasil, apenas metade dos infartados chega com vida a um hospital, em função da ajuda médica não ser procurada logo nas primeiras horas de sintomas Por Camila Schäfer Jornalista (MTB 15120)
Mais conhecido como ataque cardíaco, o infarto do miocárdio é responsável por mais de 70 mil óbitos por ano no Brasil. Ele ocorre quando há o rompimento de uma placa gordurosa nas artérias do coração (coronárias), gerando uma obstrução parcial ou completa do fluxo sanguíneo cardíaco, podendo resultar em perda irreversível de tecido miocárdico e até na morte do paciente. O problema preocupa especialmente porque a ajuda médica deve ser procurada nas primeiras horas de sintomas. Estima-se que, no Brasil, apenas metade dos infartados chega com vida a um hospital. Quem consegue ajuda rápido, além de ter mais chances de sobreviver, consegue diminuir eventuais sequelas. De acordo com o médico cardiologista Dr. Guilherme Teló (CRM 28821), diversos fatores são responsáveis pelo infarto. Entre eles, destacam-se: • Hereditariedade: se na família existirem parentes próximos que tiveram infarto, angina ou foram operados do coração antes dos 60 anos, é preciso estar atento, porque aspectos genéticos são relevantes para o desenvolvimento da doença. • Pressão arterial: controlar a pressão arterial e mantê-la em níveis adequados é fundamental para prevenir doenças cardíacas. Metade das pessoas que infartam é hipertensa. • Diabetes: a chance de ocorrência de infarto em diabéticos é de duas a quatro vezes maior. Os pacientes podem, às vezes, sofrer infartos subclínicos, que não provocam sintomas. Isso porque, nesse grupo de pacientes, há uma perda de sensibilidade à dor. • Colesterol: o colesterol ruim (LDL), quando em excesso, deposita-se no interior das artérias, levando à aterosclerose (placas de gordura que se desenvolvem no interior das artérias coronárias, dificultando a passagem do sangue). Existem medicamentos que 22 | março de 2012 |
ajudam a manter o valor do colesterol total abaixo de 200 e elevar o HDL, conhecido como colesterol bom. Exercícios físicos favorecem o aumento do HDL e o cigarro o diminui. • Triglicerídeos: em geral, os triglicerídeos sobem quando há aumento da ingestão de carboidratos. • Sedentarismo: além de ajudar na circulação, os exercícios físicos auxiliam no aumento do colesterol bom. • Tabagismo: a nicotina é um dos principais fatores de risco das doenças cardiovasculares. • Obesidade: a obesidade abdominal (acúmulo de gordura na região da cintura) aumenta a chance de um ataque cardíaco. O cardiologista explica que o ideal é que os pacientes saudáveis façam anualmente uma avaliação quanto ao risco de infarto. Em pessoas com doenças já identificadas, a periodicidade das avaliações depende da gravidade do caso. “Aqui cabe ressaltar que a cardiologia moderna tem se preocupado cada vez mais com a promoção de saúde e prevenção das doenças”, observa o Dr. Teló. Outro fator que preocupa é o número de jovens que sofrem infarto. Somente no último ano, a quantidade de casos entre pacientes na faixa etária entre 15 e 29 anos aumentou 12%. Entre janeiro e setembro de 2011 foram 589 internações por infarto deste grupo nos hospitais do Brasil, de acordo com dados do DataSus. No mesmo período de 2010 foram 526 internações. Para o Dr. Guilherme Teló, esse fato é decorrente da piora dos hábitos de vida, especialmente em relação à alimentação e ao sedentarismo. O cigarro e as drogas também são apontados como vilões entre os jovens. Sintomas Segundo o Dr. Teló, o principal sintoma de infarto do miocárdio é dor ou desconforto no peito (que dura mais de 15 minutos). Essa
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dor pode se irradiar para as costas, mandíbula, braço esquerdo e, mais raramente, para o braço direito. A dor costuma ser intensa e prolongada, acompanhada de sensação de peso ou aperto sobre tórax. Menos frequentemente, a dor é localizada no abdômen, podendo ser confundida com gastrite ou esofagite de refluxo. “Em parte dos casos, o paciente também refere mal-estar, sudorese, palpitações, falta de ar e náuseas”, afirma o cardiologista. Uma dúvida frequente, especialmente de pessoas que possuem um familiar com risco de infarto, é o que fazer quando há sinais evidentes de que a pessoa está infartando. De acordo com o cardiologista, a forma de identificação do infarto do miocárdio por parte de familiares passa pelo reconhecimento e valorização do sintoma principal, a dor torácica, especialmente se persistir por mais de 15 minutos e tiver as características citadas. “Nessa situação, o recomendado é que se chame um serviço de atendimento de emergências com a maior brevidade possível. Tanto a Sociedade Brasileira de Cardiologia, quanto a American Heart Association, aconselham que o transporte para os hospitais de referência seja realizado preferencialmente por ambulâncias especializadas”, explica o Dr. Teló. O diagnóstico passa pela identificação da dor torácica e é complementado pelo eletrocardiograma e por exames laboratoriais (marcadores cardíacos – troponinas e CK-MB). No caso do infarto mais grave – infarto com supra de ST – apenas o eletrocardiograma é suficiente. Segundo o cardiologista Dr. Guilherme Teló, um infarto pode provocar morte. Ademais, pode-se citar complicações como insuficiência cardíaca, reinfarto, angina recorrente e arritmias como condições potencialmente graves e que exigem atenção especial.
:: CARDIOLOGIA
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Aqui cabe ressaltar que a cardiologia moderna tem se preocupado cada vez mais com a promoção de saúde e prevenção das doenças
Dr. Guilherme Teló
Uma das batalhas que os médicos cardiologistas enfrentam, além da prevenção aos fatores de risco das doenças cardiovasculares, é a prevenção secundária, ou seja, o atendimento às pessoas que já tiveram problemas cardiovasculares. Depois de enfrentar um infarto, o paciente deve evitar atividades físicas nos primeiros dias, de acordo com recomendação médica. Depois, ele entra em um programa de prevenção dos fatores de risco. Fumantes precisam parar de fumar. Hipertensos, diabéticos e pessoas com colesterol elevado recebem cuidados e atenção específicos. Redução dos níveis de estresse e programas de exercícios físicos também estão incluídos na prevenção de novos casos de infarto. “Todas as medidas quanto a um hábito de vida saudável devem ser seguidas para a prevenção de um novo infarto”, conta o cardiologista. É importante lembrar que os pacientes que sobrevivem a um infarto e adotam um estilo de vida mais saudável conseguem retornar à vida normal e às suas atividades profissionais.
Recomendações
Tratamento Infarto com supra de ST (obstrução completa da coronária): se identificado nas primeiras 12h, deve-se realizar a desobstrução do vaso através da angioplastia coronariana (preferencialmente) ou do trombolítico. Adicionalmente, são administradas medicações para a dor, antiagregantes plaquetários, anticoagulantes, inibidores da ECA, estatinas e beta-bloqueadores. Infarto sem supra de ST (obstrução parcial da coronária): nesse caso, a desobstrução não é feita em caráter de emergência. O tratamento inicial é feito com as medicações citadas anteriormente e o cateterismo/angioplastia é reservado para casos selecionados (mais graves).
O tratamento logo nas primeiras horas do infarto é fundamental para garantir a sobrevivência e o mínimo de sequelas para o paciente. Independentemente do tratamento escolhido pelo médico, o ideal é que ele comece dentro das primeiras seis horas após o início da dor. O paciente deve permanecer em observação por, pelo menos, 72 horas, pois podem surgir complicações nesse período. As principais são: arritmia cardíaca, choque cardiogênico, insuficiência respiratória, insuficiência renal ou parada cardiorespiratória. As complicações mais letais são as arritmias, que podem ocorrer, mais comumente, nas primeiras 24 horas após o infarto.
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Ao surgirem os primeiros sintomas, procure socorro imediatamente. Não dirija automóvel e evite andar ou carregar peso mesmo que a dor seja mínima; Se estiver com alguém que apresente sintomas de infarto por mais de 15 minutos, não perca tempo: procure socorro urgente. Mantenha a pessoa aquecida e calma. Salvo orientação médica em contrário, não lhe dê coisa alguma para beber ou comer; Se a pessoa desfalecer, verifique sua respiração e seu pulso. Na ausência desses sinais vitais, inicie imediatamente os procedimentos adequados de recuperação cardiopulmonar, mantendo-os até que o socorro chegue. Não tente transportar a pessoa desfalecida, porque ela corre sério risco de morrer no caminho. Coloque-a em posição confortável, levemente inclinada, e afrouxe suas roupas; Transmita confiança ao infartado e evite entrar em pânico. Os primeiros socorros são fundamentais para salvar vidas.
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:: RELACIONAMENTO
O casamento não está falido! Em entrevista, o Dr. Carlos Panni explica como os casais podem superar as dificuldades do dia-a-dia e manter um relacionamento saudável e que proporcione felicidade O clínico geral Dr. Carlos Panni (CRM 08935) recentemente se especializou em Terapia Cognitivo-Comportamental. Ele já lançou os livros: “Caminhos e Descaminhos” e “Vivências: Convivências e Outras Reflexões” e está prestes a lançar o próximo, sobre terapia de casais. Em entrevista, o médico conta como surgiu a ideia do livro e como os casais podem superar os momentos difíceis. Como surgiu a ideia de escrever um livro sobre a terapia cognitivo-comportamental para casais? Gostaria de começar citando um célebre pensador: “Milhões de casais infelizes reagem um ao outro com irritação e raiva, porque não sabem agir de outra forma. Famintos de amor, eles dão um ao outro apenas dor.” (William Glasser – The Identity Society). Ao terminar o curso de Especialização em Terapia Cognitivo-Comportamental, precisava escolher um tema para o trabalho de conclusão. Pensei em escrever sobre os problemas emocionais da criança abandonada (são tantos os problemas e tantas as crianças!). Poderia abordar o drama vivido pelos jovens frente ao desafio das drogas. Outra possibilidade seria discorrer sobre o abandono, limitações e sofrimento do idoso, cada vez em maior número. As possibilidades eram muitas, mas a escolha só poderia ser uma. Como considero a família o alicerce da sociedade, entendo também que o casal é o legítimo alicerce da família. Por isso, ao invés de abordar as consequências de tantas dores e amores, preferi estudar e escrever sobre as causas das grandes realizações ou das nefastas separações e suas inestimáveis consequências, ou seja, o trabalho versou sobre o Relacionamento Conjugal. Desde então, empolguei-me tanto com o assunto que resolvi escrever o meu próximo livro: “Felizes – até pode ser – para Sempre”. Nele, pretendo fazer uma abordagem bastante completa, mas ao mesmo tempo 24 | março de 2012 |
de fácil compreensão, do que preconizam os principais autores do gênero, acrescida de algumas considerações pessoais, dentro da minha vivência médica e social. A que fatores o senhor atribuiu a grande procura de casais por orientação profissional? As pesquisas mostram que, aproximadamente, metade dos casamentos acaba em separação. Granvold, importante estudioso da relação marital, refere que o divórcio mantém a nefasta estatística de ser a segunda forma mais grave de estresse sofrido por uma pessoa, ficando atrás apenas para a perda por morte de um filho ou do cônjuge. Tais dados nos dão uma ideia, ainda que superficial, da extensa e profunda crise vivida pelos casais, pelas famílias e pela sociedade. É, na verdade, um complexo desafio que se apresenta tanto para casais em crise quanto para terapeutas. Apesar de todos os estudos, estatísticas e pesquisas, jamais se poderá aquilatar todo o sofrimento, frustração, carências e infelicidade que um casamento mal sucedido pode acarretar a um incontável número de pessoas. Por isso, apesar de crescente, a procura por orientação profissional ainda está muito aquém da importância e da real necessidade. Isso sem contar o quanto é postergada a iniciativa de se buscar ajuda, muitas vezes após anos de sofrimento e com resultados nada promissores. Fale um pouco sobre seu novo livro: Espero escrever um livro muito fácil de ser lido, entendido e de proveito para quem esteja vivenciando problemas de relacionamento ou, preferivelmente, por quem deseja entender, mesmo antes de uma união estável, os intrincados caminhos que os amantes precisam percorrer para construírem um casamento bem sucedido. Há uma revisão aprofundada sobre as causas das desuniões, como a influência da família de origem (às vezes antes e durante o casamento, e até após a separação), diferenças culturais,
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sociais, religiosas e financeiras, assim como dificuldades de comunicação, de resolução de problemas, de ajuste sexual e de adequação das peculiaridades individuais como humor, temperamento e personalidade. Haverá um aspecto bastante prático, com questionários para avaliação sobre a “Qualidade do Relacionamento”; “Expectativas em Relação à Mudança”; “Atribuição de Culpa”, entre outros. Também serão apresentadas “Técnicas para quem fala”, “Técnicas para quem ouve”, “Hora Determinada para Resolver Problemas”, “Relação de Atividades Prazerosas”, entre as várias previstas e explicadas. O assunto é amplo, desafiador e empolgante e, com certeza, poderá ajudar a muitos, mas não pretende dispensar o apoio do profissional quando necessário. Não só pelo curso e pelo livro, mas, de igual forma, me sinto imensamente gratificado quando sou convidado a proferir palestras em “Cursos de Noivos” ou em colégios, escolas, empresas e instituições. Acredito que o maior regozijo de quem quer que seja é poder contribuir para alicerçar uma família estável e feliz! O que os casais devem ter em mente para construir uma relação forte e de companheirismo? O psiquiatra Paulo Gaudêncio, em seu livro “Minhas razões, tuas razões”, diz que o casamento é uma instituição que deveria ter tudo para dar certo, uma vez que é estabelecida entre pessoas que se amam. Teoricamente está correto, mas na prática é bem diferente. Não fosse assim, não have-
gre) tão almejado.
riam tantos homens, mulheres e famílias carregando o doloroso fardo dos conflitos e sofrimentos. Quem casa precisa se despir da sua condição de solteiro e mudar a roupagem para os compromissos de casado. Não há como fazer uma escolha sem aceitar as renúncias e sem assumir as consequências daquilo que escolheu. Durante a fase de namoro, este processo pode parecer automático, mas não é. Cada um precisa estar preparado (e aí reside um dos desafios básicos e universais dos enamorados) para se conhecer e conhecer a pessoa amada. Daí a importância do namoro sem pressa, sem atropelo, sem queimar etapas. Para permitir um tempo para ver, entender, analisar e escolher. Em suma, é preciso ter uma estrela-guia (o que se quer? aonde se quer chegar?) e não perdê-la de vista, mesmo que as nuvens escuras de alguns desentendimentos tentem ocultá-la. Se não houver uma atenção permanente e uma oportuna mudança de rumo, o casal pode se perder e não chegar ao porto (ale-
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Como é o perfil dos casais que lhe procuram? Dificuldades no relacionamento entre marido e mulher existem em qualquer idade, sexo, família pequena ou numerosa... Os conflitos começam, às vezes, muito cedo e por razões insignificantes. Havendo maturidade de ambos (e a “estrela” a lhes guiar!), os problemas são resolvidos e o relacionamento tende a ser equilibrado e gratificante. Caso contrário, o pequeno se torna grande e o grande progride para o insuportável. E isto não é prerrogativa dos casamentos; qualquer empreendimento onde os problemas menores não são resolvidos, eles poderão evoluir para os insolúveis, a ponto de determinarem a derrocada e a falência. Sábias as palavras de Francesco Guicciardinni, lá pelos idos de 1500: “É da natureza das coisas que os começos sejam sempre pequenos, mas se o homem não percebe isso a tempo, eles se multiplicam com rapidez e caminham de tal maneira que não há mais como remediá-los”. Mais uma vez é bom frisar a necessidade de o casal estar atento aos primeiros e menores sinais de que algo não está indo bem. Quando será lançado o livro? E onde o público poderá encontrá-lo? Lançar um livro é uma grande responsabilidade: precisa ser realista sem ser derrotista, precisa ser otimista sem ser superficial e milagroso. Por isso, mesmo com todo o meu entusiasmo com o assunto e com a demanda inestimável por orientações por tantos que padecem das dores de separações iminentes, preciso de mais tempo para escrever, revisar e aperfeiçoá-lo adequadamente. Logo que for publicado, espero poder divulgá-lo na Revista Matéria de Saúde! Você considera o casamento uma institui-
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ção falida? Dizem alguns que o casamento está falido. Não está! Existem dificuldades que nem todos conseguem superar, por inúmeras razões. Outros, melhor preparados, conseguem resolver juntos, com determinação e amor, problemas muito maiores... Acredito que vale à pena dedicar atenção, cuidado, energia e superação para resguardar um bem tão precioso quanto a harmonia conjugal e todas as consequências salutares que ela pode proporcionar. O casamento não está falido, a família não está falida, o amor não está falido. Tudo passa por uma transformação constante, mesmo que não percebamos – mas é fundamental estarmos atentos e preparados para acompanharmos a evolução (não o modismo!) pelo qual passa a humanidade, seus princípios, tendências e valores. As pessoas de hoje são diferentes das pessoas de ontem e das que virão. Destruirão algumas coisas, mas construirão outras, mais modernas, mais adequadas – mas ambos, marido e mulher, precisam crescer juntos, num processo simbiótico e não parasitário, onde (e novamente a estrela) haja objetivos claros para ambos, bons para os dois, com igual interesse, empenho e entusiasmo. Tudo isso, em suma, tem o nome de AMOR! Assim sendo, evoluirá o casal, a família, a sociedade e toda a humanidade! Finalizando, gostaria de fazer a citação de um parágrafo do meu primeiro livro “Caminhos e Descaminhos”: “Às vezes me invadia uma sutil preocupação: - como seria o dia seguinte, como lidaríamos com nossas diferenças, com os desafios da convivência? Isto não constava nos meus sonhos, mas fazia parte da realidade. Felizmente a vida me ensinara a sonhar acordado e a perceber que os relacionamentos, assim como os jardins, precisam de cuidados permanentes – desde que desejemos colher flores e manter amores”. (Panni, Carlos - Caminhos e Descaminhos, 2007, pg 193, Palotti Editora).
25 | março de 2011 |
:: BEM-ESTAR
Divulgação
O saudável cochilo pós-almoço Se para alguns o cochilo não faz a menor diferença ou é sinônimo de preguiça, para a maioria é tão valioso que revigora o corpo e fortalece a memória Diversos locais do mundo cultivam o saudável hábito de fechar as lojas e estabelecimentos, após o almoço, para a hora da soneca. Se para alguns o cochilo não faz a menor diferença ou é sinônimo de preguiça, para a maioria é tão valioso que revigora o corpo e fortalece a memória. O fato foi comprovado por pesquisadores da Universidade de Berkeley, na Califórnia (EUA), após testes feitos com 39 jovens saudáveis. Os participantes tinham que decorar 100 nomes e rostos na hora do almoço. Em seguida, uma parte deles era liberado para dormir. Às 18h, o grupo voltava e precisava decorar outros 100 nomes e rostos. A conclusão do estudo foi de que os 20 jovens que tiraram uma soneca apresentaram desempenho 10% melhor na tarefa, o que apontou para um melhor funcionamento do cérebro após a soneca. Outros trabalhos já demonstraram que descansar após o almoço alivia o estresse. Um time de psicólogos e neurocientistas do Allegheny College, nos Estados Unidos, avaliou os benefícios do sono diurno na recuperação cardiovascular, após uma situação tensa. Para isso, separaram 85 pessoas em dois grupos. Um deles deveria dormir por 45 minutos durante o dia enquanto o outro permanecia acordado. Todos os participantes foram submetidos a testes de 26 | março de 2012 |
estresse. Os cientistas também aferiram a pressão arterial e constataram que ela se apresentou mais baixa entre a turma que repousou. Em outras palavras, o impacto negativo do nervosismo sobre as artérias foi revertido mais rapidamente. • Poucos minutos que valem ouro Ao contrário do que muitos pensam, a curta duração de um cochilo não desmerece suas qualidades. Em 45 minutos, é possível atingir a fase três do sono. Ou seja, dá tempo suficiente de ele se aprofundar a ponto de proporcionar vantagens ao corpo. Vale reforçar, porém, que é na escuridão da noite que o cérebro secreta um hormônio fundamental para que se adormeça bem pra valer: a melatonina. Em função disso, uma venda nos olhos ou um quarto escuro ajudam a simular o descanso noturno, potencializando a ação positiva da sesta. • As fases do adormecer O sono cumpre ciclos de 90 minutos em que se alternam as etapas classificadas como NREM e REM. A primeira é subdividida em quatro estágios. Os dois iniciais se caracterizam pela liberação da melatonina, que marca o início do relaxamento, a redução do ritmo cardíaco e da pressão arterial. Nos dois últimos, ocorre o aprofundamento
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do descanso. No sono REM, nós sonhamos e processamos as informações assimiladas durante o dia. Acredita-se que os 45 minutos de cochilo diurno sejam capazes de contemplar pelo menos as três primeiras fases do sono NREM, promovendo os efeitos descritos abaixo: 01. No sistema nervoso central, cai a atividade do sistema simpático, aquele que agita o organismo, e predomina o parassimpático, que faz o coração trabalhar mais devagar e a pressão baixar. 02. A calmaria induz a queda dos níveis de cortisol no sangue, o hormônio do estresse. Daí, o nervosismo e a ansiedade vão embora.
Atenção com o almoço Tirar uma pestana após uma refeição pesada, especialmente quando o indivíduo fica deitado, pode fazer com que o conteúdo estomacal retorne para o esôfago, provocando mal-estar, como azia ou enjoo. Sesteie, sim, mas como complemento de uma refeição mais leve.
:: FONOAUDIOLOGIA E QUIROPRAXIA
A surdez
Cerca de 20 milhões de brasileiros apresentam diminuição de audição Por Silmara Virginia Silveira Silva Fonoaudióloga CFFa - 9143/RS
Audição é o sentido responsável por captar as informações sonoras que estão à nossa volta. A ausência dela, considerada surdez, pode causar diversos problemas como: alterações de aprendizado, alterações na fala, problemas psicológicos e emocionais que afetam as relações sociais. Cerca de 20 milhões de brasileiros apresentam diminuição de audição. As pessoas que apresentam perda auditiva recebem tratamento: médico (problemas alérgicos ou metabólicos); cirúrgico (no caso dos tumores) ou uso de prótese auditiva (quando não há cura do problema). As próteses auditivas tiveram grande avanço tecnológico nos últimos anos, com melhoria da qualidade, tornando cada vez mais benéfico seu uso, basta apenas a escolha e adaptação correta. Existem dois tipos de surdez: a de condução e a neurosensorial, que ocorre no nervo auditivo ou na cóclea. Algu-
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Cervicalgia
A cada crise de cervicalgia, os sintomas se tornam mais intensos Por Lilian S. Santos Quiropraxista ABQ 0476
mas vezes a pessoa pode apresentar problemas de condução e neuro-sensorial juntos, o que chamamos de surdez mista. A surdez de condução é a menos comum. Afeta o ouvido externo ou médio e acontece quando as ondas sonoras não são bem conduzidas para o ouvido interno. Se você ou alguém que você conheça apresentar características como: escutar televisão ou rádio em volume muito alto, pedir para que as pessoas repitam o que acabaram de falar, respondem coisas diferentes do que foram perguntadas, dificuldades durante conversas ao telefone, percebe que escuta melhor em um dos ouvidos, faz esforço para ouvir, sente desconforto a sons fortes, poderá estar apresentando uma perda auditiva. Sendo assim, primeiramente deve-se procurar um médico otorrinolaringologista, que vai avaliar e encaminhar para os procedimentos conforme o caso do paciente.
Cervicalgia é uma condição de dor acometendo a região cervical (pescoço). No Brasil, mais de 50% da população será acometida em algum momento por dor, diminuição do movimento do pescoço, tensão muscular na região cervical e ombros, dor que irradia para os braços, entre outros sintomas. A cervicalgia surge de forma insidiosa, podendo ser transitória. Os sintomas se intensificam lentamente e a cada crise se tornam mais fortes, até que a causa seja descoberta e tratada. As causas podem ser simples como a cervicalgia causada por má postura dos ombros, utilização de travesseiros inadequados e/ou dormir de bruço (barriga para baixo), permanência por tempo prolongado utilizando computador em postura errada, musculatura cervical enfraquecida por falta de atividade física, disfunção da articulação temporomandibular (ATM), depressão, ansiedade, desalinhamentos vertebrais. Também pode haver causas
mais sérias, como osteoartrose, osteoporose, hérnias cervicais, traumatismos, artrites, tumores, entre outras. O diagnóstico é feito através do conhecimento do histórico do paciente, juntamente com a examinação física, utilizando-se de testes ortopédicos e neurológicos. Algumas vezes são necessários exames de imagens, como radiografia da região cervical, e, em alguns casos, exames de ressonância magnética ou tomografia computadorizada. Cintilografia óssea e exames laboratoriais poderão ser solicitados dependendo da situação. O tratamento dependerá de cada situação. Nas condições mais simples, alongamentos da região cervical, atividade física orientada, cuidados posturais, manter a coluna cervical alinhada através de ajustes quiropráticos, ajudarão a coluna cervical a se manter estável e livre de tensões que causarão transtornos neuro-músculo-esqueléticos. O quiropraxista graduado está capacitado a identificar problemas, dos mais simples até os mais sérios, que acometem a coluna vertebral, encaminhando o paciente para o especialista competente quando necessário.
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:: PSICOLOGIA
Depressão pós-férias tem tratamento! Dados revelam que a insatisfação profissional está presente em 93% dos casos Por Arianne de Sá Barbosa Psicóloga (CRP 07/15985) Mestre em Psicologia (UFRGS)
Quem não gosta de estar de férias? Dias tranquilos, prazerosos, sem compromisso, repletos de momentos de lazer. Voltar à rotina de trabalho não é fácil! Encarar o trânsito, os horários e as obrigações fica mais difícil frente às lembranças recentes dos dias de férias. A maioria das pessoas sente, com o retorno à realidade, um pouco de preguiça e uma leve dificuldade para retomar a rotina do dia-a-dia. O problema está quando esse pesar se estende por mais de duas semanas, tempo em que o organismo demora a se adaptar à velha rotina. Segundo estudo realizado pelo ISMA-BR (International Stress Management Association no Brasil), instituição voltada para a investigação e gerenciamento do estresse, a depressão pós-férias aflige cerca de 23% dos brasileiros (Associação Brasileira de Qualidade de Vida, 2010). A pesquisa contou com 540 profissionais de 25 a 60 anos de idade, de São Paulo e Porto Alegre, com uma média de tempo de trabalho de 12 anos. Os sintomas mais comuns entre os participantes com diagnóstico de depressão pós-férias foram dores musculares, incluindo cefaleia (comum a 87% deles), cansaço (83%), angústia (89%) e ansiedade (83%). Do total, 68% afirmaram usar medicamentos e 52% citaram o consumo de álcool como forma de aliviar o mal-estar (Universidade de Brasília, 2011). Segundo a psicóloga Dra. Ana Maria Rossi, presidente da ISMA-BR, o mal, geralmente, é uma manifestação de problemas profissionais: descontentamento, sobrecarga de trabalho, atividades laborais
estressantes e/ou pouco atrativas, bem como problemas de relacionamento no trabalho, baixa perspectiva de ascensão profissional, entre outros. Dados da pesquisa realizada pelo ISMA-BR revelam que a insatisfação profissional está presente em 93% dos que sofrem da síndrome pós-férias, sendo que 86% não veem possibilidade de promoção ou desenvolvimento, 71% consideram o ambiente de trabalho hostil ou pouco confiável e 49% têm conflitos interpessoais no local de serviço (Isto É Independente, 2012). Felizmente, existem alternativas para quem sofre de depressão pós-férias. A ajuda de um psicólogo pode ser fundamental para o manejo do estresse e a avaliação sobre as tomadas de decisão do paciente. Existem caminhos que podem ser seguidos por este, mas eles devem ser analisados com cautela, pois podem trazer consequências agradáveis ou aversivas. Dez alternativas úteis para minimizar o impacto da depressão: 1) procurar descobrir as áreas de interesse nas quais gostaria de trabalhar. Buscar empregos nessas áreas; 2) se o trabalho se tornar rotineiro, em vez de focar no incômodo que isso traz, pensar na importância que o seu serviço tem para a sociedade; 3) se no ambiente de trabalho há muita pressão, tentar conversar com o superior e mostrar que você está se sentindo sobrecarregado; 4) ao perceber que pequenas coisas, como cadeira desconfortável, teclado sem condições de uso ou iluminação desagra-
dável, estão comprometendo o seu trabalho, buscar soluções para isso, tentando mudar o que está incomodando; 5) se o trabalho se tornou um fardo a ponto de afetar a saúde física ou mental, pense em mudanças de vida a médio ou longo prazo; 6) se não for possível a mudança de emprego, a busca por um hobby prazeroso ou algum trabalho voluntário são válidos para a manutenção da saúde mental; 7) retomar uma rotina semelhante à do trabalho três dias antes do fim das férias ou voltar de viagem no mínimo dois dias antes do retorno ao serviço também é válido; 8) fracionar as férias em dois ou três períodos de descanso de aproximadamente 10 dias, ao invés de pausar 30 dias seguidos, é funcional, pois exige menor mobilização para deixar as coisas em ordem antes de sair e evitam o acúmulo de pressões e demandas para o retorno; 9) colocar metas pós-férias para si, assim, o organismo já vai se organizar para retornar ao trabalho mais motivado para buscá-las; 10) não abdicar do descanso: aprenda a reconhecer quando seu corpo precisa de uma pausa e respeite-o. Saiba que deixar de ter férias pelo menos uma vez por ano diminui o rendimento laboral e prejudica a produtividade.
Referências: Associação Brasileira de Qualidade de Vida (2010). Atenção com a depressão pós-férias. Isto É Independente (2012). Depressão pós-férias. Universidade de Brasília (2011). Depois das férias, a depressão.
APPI busca parceria com entidades Com o propósito de integrar os grupos de assistência ao público da terceira idade de Gravataí, a Assessoria de Políticas Públicas para o Idoso (APPI) está buscando parcerias com entidades que tenham ações voltadas para este público. O município conta atualmente com uma rede de atendimento www.revistamateriadesaude.com.br | ao idoso, que oferece profissio-
nais médicos, oficinas de lazer e atividades esportivas. Conforme a assessora da APPI, Marlene Espíndola, o objetivo é cadastrar todos os grupos, associações e entidades que tenham como preocupação a qualidade de vida dos idosos, para incorporar uma rede que permitirá o acesso da terceira | março de 2012 | 29 idade a todas as atividades.
Centro de Especialidades Ortopédicas e Traumatológicas de Gravataí - CEOT
Dr. Fernando Sanchis (Coluna Vertebral) | Dr. Paulo Velasco (Ombro) | Dr. Roberto Schwanke (Joelho) Dr. Ricardo DeBona (Joelho) | Dr. Tiago Sumi (Ombro) | Dra. Ronise Ribeiro (Ortopedia Pediátrica) Leohnard Bayer (Mão e Cotovelo) | Dr. Pablo Lessa (Quadril) Dr. Fabrício Brinco (Mão e Cotovelo) | Dr. Alfredo Sanchis (Quadril) Dr. Pedro Kanan (Pé e Tornozelo)
Divulgação
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Ampliação do CEOT concluída A sala de gesso também foi ampliada e re-estruturada, garantindo maior privacidade A ampliação do Centro de Especialidades Ortopédicas e Traumatológicas do HDJB (CEOT-HDJB) foi concluída no mês de fevereiro, permitindo um aumento na agilidade e no número de atendimentos realizados pela equipe de especialistas do CEOT. Uma nova recepção foi incorporada, ampliando a já existente, e um novo e moderno consultório médico foi instalado. A sala de
gesso também foi ampliada e re-estruturada, garantindo maior privacidade e resolutibilidade dos pacientes que procuram os serviços de traumatologia e ortopedia do CEOT. Um novo serviço de Raio X (com um moderno aparelho digital) e ecografia foram anexados ao CEOT, no mesmo corredor, conferindo grande agilidade, rapidez e eficiência aos atendimentos, além de diminuir Divulgação
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drasticamente o tempo de espera para a realização dos exames. “Esperamos para 2012 um aumento de 20 a 30% em nosso volume de atendimentos, que só será possível graças à incorporação de novos especialistas à equipe e à recente reforma que foi concluída”, comemora o Dr. Fernando Sanchis, especialista em Coluna Vertebral e coordenador do CEOT. Divulgação
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