POEMAS
para uma conta de
MAIS
| Bete Cunha S達o Paulo 2016
POEMAS
para uma conta de
MAIS
| Bete Cunha S達o Paulo 2016
| Apresentação
| Sobre a Autora
para Luiza, minha m達e.
AMAR RAMA
ĂŠ estar parecido com o mar, infinito que se percebe no finito. 8
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es estar parecido con la mar, infinito que se percibe finito. 9
NÉCTAR RATCÉN E... De repente, nuvens de néctar! De repente, sustos de luz. De repente você amplamente em mim.
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Poemas para uma conta de mais | Bete Cunha
Y... De repente, nubes de nĂŠctar! De repente, sustos de luz. De repente, usted ampliamente en mĂ. 11
TALVEZ ZEVLAT Já não sei de minhas fronteiras me perdi entre as tuas. Não sei se vou ou começo não sei se vivo ou se amo. Não sei de mim não sei de ti. Somos ilusão talvez sonho talvez nada. Nada sei de mim, não me encontro em mim, não me vejo em ti. Sei que deixei minha vida que poderia ser a tua, porém não sei onde estou. Talvez, no fundo de tua boca talvez na palma de tua mão, talvez em ti esteja eu que tenho que estar em algum lado. Talvez, no fundo de tua boca talvez. 12
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Ya no sé de mis fronteras me he perdido entre las tuyas no sé si voy o comienzo no sé si vivo o si amo, no sé de mi no sé de ti somos ilusión talvez sueño talvez nada nada sé de mi, no me encuentro en mi, no me veo en ti. Sé que he dejado mi vida que podría ser la tuya, peró no sé donde estoy, talvez en el fondo de tu boca talvez en la palma de tu mano talvez en ti este yo que tengo que estar em algún lado talvez, en el fondo de tu boca talvez. 13
DEMAIS SÁMED Nenhum nem jamais, por sobre a ignorância dos demais, saberá de nós o que fomos. Ninguém nem améns poderão celebrar a missa dos demais. Eu e você sós nessa conta de mais.
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Ninguno ni jamás por sobre la ignorancia de los otros, sabrá de nosotros lo que fuimos. Ninguno ni améns podrán celebrar la misa de nosotros. Yo y usted solos en esa cuenta de más.
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TE OUÇO OGÍO ET Por entre as sombras, nas dobras da luz eu te procuro. Nos intervalos da morte, toda reverência te ouço. Em sono profundo te arranco das profundezas de mim e te beijo.
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Por entre las sombras, en las pliegues de la luz yo te busco. En los intermedios de la muerte, toda reverencia te oigo. En sueĂąo profundo te arranco de las profundizas de mĂ y te beso.
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Evidências, sinais, transparências do jogo. Cruzamentos históricos na fotografia, grafia de luz dos espaços. No incessante ir e vir, finalmente a trégua da possibilidade do encontro.
Evidencias, signos, transparencias del juego. Cruzamientos históricos en la fotografía, grafía de luz de los espacios. En lo incesante ir y venir finalmente la tregua de la posibilidad del encuentro. 18
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COINCIDÊNCIAS SAICNEDICNIOC 19
ESPELHO OJEPSE Eu te roubo de mim por um momento. Arranco da cara o cotidiano e te acho num templo budista. Te adoro, estavas aqui o tempo todo e eu n達o te via. Doce amor, terno espelho, me ensina, me mostra.
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Yo te robo de mí por un momento. Quito de la cara el cotidiano y te encuentro en un templo budista. Te adoro, estabas aquí el tiempo todo y yo no te vía. Dulce amor, tierno espejo, me enseña, me muestra.
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Llove flor y agua en mi ventana. Llanto vital, no virtual escurriendo de la ni単a escondida en mi ojo. Olor de tierra amaneciendo en el aire. Llove naturalmente sin mientes sin mentir. 22
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NATURAL LARUTAN Chove flor e ĂĄgua, na minha janela. Choro vital, nĂŁo virtual escorrendo da menina escondida no meu olho. Cheiro de terra amanhecendo no ar. Chove naturalmente sem mentes, sem mentir. 23
ENTRE TANTO SAIDEM ERTNE Entre perder -se e ter, entre ficar e sair, entre trair e assumir, entre vender ou comprar a própria alma...
Entre todas as mazelas do poder, estou sem saco e com profundo cansaço das malditas contradições interessantes. 24
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Entre perder -se y tener, Entre quedar y salir, Entre traicionar y asumir, Entre vender o comprar la propia alma...
Entre todas las barbaries del poder, estoy sin paciencia y con profunda fatiga de las malditas contradicciones interesantes.
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Em toda essa América por sub en la Valle
GRACIAS SAICARG
en los campos gracias, hay índios! Índios que não obedecem
Gracias, hay porque los hay
a razão liberal,
índios!
gente que ainda canta
Como Paulo Freire y
e dançando descobre
Darcy Ribeiro e tantos
o sentido que interessa.
que por ignorância no los sé nombrar.
Gracias a los Dioses, somos índios salvajes
Quiero mi sangre bugre
que perturbam e intimidam
y la tierra celebrar.
a ordem e o progresso
Passem todas as razões
de um positivismo sem rumo.
e a pequena ciência dos brancos que apenas alimentam a vaidade.
Quiero mi piel negra que confunda e subvierta os olhos azuis do conquistador. seduzi-lo em todas las colores que a hegemonia do cinza aprisionou. 26
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Graças a este céu e a vida multicolor da natureza que es mia y tuya, porque somos a semente encalacrada dessa terra. Pensem todos os passos, passem todos os estrangeiros estamos en las cenizas de todas as queimadas da cana de tanto açúcar e da piel, por eso tan negra. Ay que llorar solamente, solito, solito. Mi papá, mi mamá, tus manos de tierra en los rios de mi existência. America – rincão de pobres hay que recordar -nos, hay que volver a la nuestra identidad. 27
TEDIO OIDÉT
Las reglas del juego están ahí dispuestas. No gusto del juego, me aburro. A mí me gusta lo que no es previsto A mí me gusta lo que no es contenido. 28
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As regras do jogo estão aí dispostas. Não gosto de jogo, me entedio. Gosto do que não é previsto do que não é contido.
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PERTENECER R E C N E TR E P
No te prender para no perder -te. Nada de eso! Tener, es ser en el otro apenas. 30
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NĂŁo te prender para nĂŁo te perder. Nada, nada disso! Ter, ĂŠ ser no outro apenas.
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NÓ NODO O amor é o sentimento que cria a vida e o sentido da morte. Amar é morrer é se re-conhecer é se re-fazer é se re-conquistar. Religar cada parcela desse todo, desse nó no qual estamos todos sós.
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Amor es el sentimiento que crea la vida y el sentido de la muerte. Amar es morir es volver a aprender es si re-hacer es si re-conquistar Reinicie cada tramo de este conjunto, este nodo donde estamos todos solos
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Estala o sol do meio dia, lambe o cĂŠu os sentidos do amor. Rasga o limite da sombra nesse lago que, espelhando a luz me corrige. ConsciĂŞncia, antes de ser, ĂŠ apenas sentimento. Amplia, que ampliado meu corpo de rio, vira mar no destino dessa viagem.
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Estalla el sol del mediodĂa, llame el cielo los sentidos del amor. Rasga el lĂmite de la sombra en este lago que espejando la luz mi amonesta. Consciencia antes de ser, es apenas sentimiento! Amplia, que ampliada mi cuerpo de rio, vira mar en el destino de esa viaje.
MEIO DIA AID OIDEM 35
LI IL
Li em seus olhos que hรก um mundo maravilhoso por criar. Li em seus lรกbios palavras mudas que percorreram meu corpo e silenciaram a espera. Li a vida em suas mรฃos e sonhei construir caminhos, atalhos nessas linhas. Li seu amor e tive medo de estar entendendo que era pra ser feliz.
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Leí en sus ojos que existe un mundo maravilloso por crear. Leí en sus labios palabras mudas que recorrieran mi cuerpo y silenciaran la espera. Leí la vida en sus manos y imaginé construir caminos, senderos en estas líneas. Leí su amor y tuvo miedo de estar entendiendo que era para ser feliz. 37
PERFUME EMUFREP Necessito de árvores, vento, mar, rios e pássaros. Tudo que cheire a Deus e proteja o mistério.
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Necesito de árboles, viento, mar, ríos y pájaros, todo lo que exhale a Dios y proteja el misterio.
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CÉU UÉC
Porque os olhos
Era isso o que eu
É que
de meu amado
me perguntava
quando o vejo,
são azuis?
até que logo chegou
saio das cruzes
o entendimento.
atadas ao meu destino para adentrar por seus olhos ao céu.
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Era eso lo que yo
Es que
de mi amado
me preguntaba
cuando lo miro
son azules?
hasta que llegó
salgo de las cruces
de pronto
atadas a mi destino
el entendimiento.
para adentrar
Porque los ojos
por sus ojos al cielo. 41
PENA ANEP Pena que crece en el pรกjaro que vuela. Pena, penar! Al final es la pena que hace volar o es el vuelo que hace penar. 42
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Pena que cresce no pássaro que voa. Pena, penar!
Afinal, é a pena que faz voar ou é o vôo que faz penar. 43
COTIDIANO ONAIDITOC Meu amor,
Os faróis dos meus olhos
tangente lírica
rebrilham de passagem
que se faz, que se refaz.
mas...(e o mas...) são mudos,
Carências, necessidades...
abstratos,
na meia volta
distantes e
do cotidiano
sóbrios,
como me espanto!
para a complicada linguagem
Na moldura do espelho
do casamento.
estilhaço o tédio na esperança mas, amanhã continuará o mesmo ato contínuo da desatenção. 44
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Mi amor
Los faroles de mis ojos
tangente lírica
cintilan de pasaje
que se hace, que se rehace.
pero.. (e o pero...) son callados,
Carencias, exigencias
abstractos,
en la media vuelta
distantes y
del cotidiano...
sobrios,
como mi asombro!
para la compleja lenguaje
En la moldura del espejo
del matrimonio.
destrozo el tedio en la esperanza pero, mañana permanecerá lo mismo acto continuo de la desatención. 45
TU UT Me diste una dolor fina dosis única del afecto contrahecho. Ya no es y no serás. El tu es más seguro, no soy yo ni es usted.
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Me deste uma dor fina, dose única de afeto contrafeito. Já não és e não serás. O tu é mais seguro, não sou eu nem é você.
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EU OY
A gente se encontra no infinito E, todos os dias nas paralelas. 48
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La gente se encuentra en el infinito y, todos los dĂas en las paralelas. 49
A vida no que a entendo, é apenas desdobramento de um mesmo no tempo. Tempo, tempo passado, presente, futuro, relativizações da essência de um igual. Nada, nenhum surpreendente, apenas, mais um experimento. Na curva dos anos, no espaço do aprender, eu/comigo desfiando a carne reconhecendo o espírito. 50
ESSÊNCIA AICNESE
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La vida no que la entiendo es apenas desdoblamiento de uno mismo en el tiempo. Tiempo, tiempo pasado, presente, futuro son relativizaciones de la esencia de uno idéntico. Nadie, ninguno sorprendente, apenas, más uno experimento. En la curva de los años en el espacio del aprender, yo/conmigo deshilando la carne reconociendo el espíritu. 51
Amor imaginação, necessário para manter a vida, p’ra assustar a morte. Amor verdadeiro dentro, inteiro, denso em mim, p’ra mim no escuro do medo do sim.
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MEDO ODEIM Amor imaginaciĂłn, necesario para mantener la vida para asustar la muerte. Amor verdadero adentro, entero, denso en mĂ, para mĂ en el obscuro miedo de lo sim.
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DICTADURA A R U D AT I D La noche sonoriza todos los ruidos: voz de muerto, escurrir de sangre, gritos de aes. El reloj apronta media hora más. Sucumben activos, minúsculos fragmentos de lo real. Y es este real que solo se da cuenta de su existencia en la noche, con sus astillazos tirados en el silencio, que susurra en mí el profundo vacío de los sueños que ahora y no más que ahora imaginan libertad.
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Quero saber onde anda
aquele amor desesperado que ainda ontem,
preocupava e envelhecia romances. 56
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ONDE EDNO Quiero saber donde anda aquel amor desesperado que aĂşn ayer preocupaba y envejecĂa romances. 57
Amar es estar para ademรกs de si mismo.
Amar es, salir de si en viaje! 58
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VIAJE MEGAIV Amar ĂŠ estar para o mar. Amar ĂŠ, sair de si em viagem.
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A maturidade não pode significar a perda da paixão. Saber crecer no significa saber conformar -se Trabajar con lo real dentro de las circunstancias concretas es saber maximizar el sueño. El sueño no si somete a la lógica pues es expresión del sentir. A maturidade é o enfrentamento entre o possível e o impossível e não a exclusão do mais velho em nós.
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REALIDADE EDADILAER
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Velho é aquele que não sonha. Ser maduro es antes saber trabajar el fuego mas, es necesario tener lo cuidado de en este trabajo no apagarlo. Manter a contradição onde por vezes a unilateralidade vem a tona, não significa despreparo, mas sim, a tentativa desesperada de continuar disponível para o novo, para o sonho, e para os 20 anos de amor.
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AMORES SEROMA Tesoros. Abejorro de alas Que volean Lejos en el espacio.
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Tesouros. Besouros de asas que voam longe no espaรงo. 63
SECA OCES Estamos secos. Abundan palabras, ramas desnudas discursos. Secos, secos en la p谩lida raz贸n de las justicias formales y no de ley. En la garganta sonidos incomprensibles irreprensibles secos. Datos de la vida fados de la lucha, tiempo ruin, verano! 64
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Estamos secos. Abundam palavras, galhos nus discursos. Secos, secos na pálida razão das justiças formais e não de lei. Na garganta sons incompreensíveis irrepreensiveis secos. Dados da vida, fados da luta, tempo ruim, verão! 65
Essa comum solidão sem eco nem ressonância
de nossas próprias razões de apego que nos tocamos
aproxima e permanece.
na possível esperança que nos é dada acredita de poder traçar
Esse rir-se para dentro nos momentos que temos
com nossos próprios sentidos
de nós para nos próprios.
A margem da boa aventurança. de poder ser
Nessa geografia ilhada por continentes povoada, em outro gemer, porém onde apenas a margem nos é dada, estamos. Nesse sofrer sem trégua onde não há ombro e não se demora. Onde buscamos razões nos tantos homens presentes e passados existidos. Porque os pertences não são nossos, nem a alma nem a formosura. E é porque nos cansamos 66
de poder estar em outra plenitude.
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Esa común soledad sin eco ni resonancia acerca y permanece.
PROCURA ARUCORP
Ese reírse para adentro en los momentos que tenemos de nosotros para nosotros. En esa geografía aislada por continentes poblada
Y visto que nos cansamos
pero aún solo la orilla de nuestras propias razones del apego a nosotros es legada, estamos.
nos tocamos
en la posible esperanza que a nosotros es dada acreditar En ese sufrir sin tregua aún no hay espalda y no se demora.
de poder trazar, con nuestros propios sentidos la margen da buena venturanza de poder ser
Aún buscamos razones
en otro gemir,
en los tantos hombres
de poder estar
presentes y pasados.
en otra plenitud.
Porque los perteneces no son nuestros, ni la alma ni la hermosura. 67
SIEMBRAME EMAIEMES Porque tú eres mí mañana te gané entre la penumbra luchando contra un molino amo, todas tus angustias tus dolores, tus secretos quiero arrastrarlos conmigo enterrar tu soledad forjar con vos el camino quererte por las praderas cómo a una yegua salvaje destruye-me siembra-me acaricia-me muerde-me
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la loca que me ha atado a su cabello que anudo su cuerpo al mío en la noche/ silenciosa que está cercando este amor solo para mí no puedes ser de otra forma yo tengo hambre de tu cuerpo lo busco desesperado quiero verme en vos destruido recogido sembrado acariciado mordido ama-me! 69