DESIGNN DA INFORMAÇÃO
Solange Coutinho
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2008
LINGUAGEM GRÁFICA VERBAL
SOLANGE COUTINHO
Breve passeio sobre o estudo da linguagem gráfica O fenômeno cultural da comunicação só ocorre porque é estruturado como linguagem 1 (linguagem como parte consciente de um processo). Cultura pode ser entendida como toda e qualquer intervenção humana sob um dado natural, modificando-o de forma que possa estar ou ser inseridos dentro de uma certa organização social (COUTINHO, 1994). Esta intervenção humana sob ‘objetos naturais’ como meio de comunicação acontece aproximadamente há quarenta mil anos (figura 1). Este calendário lunar é uma representação clara e vigorosa da linguagem, particularmente, da ‘linguagem gráfica. 2
Figura 1: Representação gráfica de um calendário lunar gravado em placa de osso, com 40.000 anos, encontrado em Abri Larlet, na França. (Fonte: SLESS, 1992).
Um complexo processo ocorreu desde as primeiras manifestações da linguagem gráfica, até as avançadas configurações digitais da imagem que temos hoje. Uma proliferação de linguagens e com elas complexas variáveis de comunicação. Esta subjetiva corrente de signos culturais em conjunto com a super especialização da informação (como meio) criou uma ampla e emaranhada rede de comunicação. Os usos da linguagem gráfica são tantos quanto às conexões desta rede. Uma das características da linguagem gráfica é a sua diversidade de modos de simbolização e métodos de configuração e a combinação entre eles, como tão bem expôs TWYMAN (1979) em seu esquema para o estudo da linguagem gráfica, apresentado em formato matricial (figura 2). O esquema proposto possibilita a abertura de caminhos para novos usos principalmente como ‘um instrumento para dirigir o pensamento’ (TWYMAN 1979:118). Ele acredita que o maior objetivo do seu esquema é demonstrar a ampla variedade de abordagens abertas para o uso da linguagem gráfica, enfatizando os modos e configurações assim como as conexões entre 1
Reconhecida como força vital da cultura humana e comportamento social em todas as suas formas, na visão romântica e ampla de Jean-Jacques Rousseau e John Goltfried Herder no livro On the origin of language, 1966.
2
Adotaremos os conceitos propostos por Michael Twyman (1979:118): sendo ‘gráfico’ aquilo que é desenhado ou feito visível em resposta a decisões conscientes e ‘linguagem’ como o veículo de comunicação.
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diferentes áreas da linguagem. Cunha Lima (1994), no entanto, critica o esquema de Twyman pelo fato de que ele se deteve apenas nos aspectos estáticos da linguagem gráfica, ignorando o computador, o cinema, a televisão, prenunciadores da multimídia. Figura 2: Matriz proposta por Twyman (1979) para o estudo da linguagem gráfica.
Métodos de Configuração
Modos de Simbolização
Linear puro Linear Lista interrompido
Linear ramificado
Matriz
Não-linear dirigido
Não-linear aberto
Verbal Numérico
1
2
3
4
5
6
7
Pictórico & Verbal Numérico
8
9
10
11
12
13
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Pictórico
15
16
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18
19
20
21
Esquemático
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28
Twyman ressalta que a linguagem gráfica exige um mínimo de planejamento, ao passo que a linguagem oral é normalmente espontânea. Segundo Cunha Lima (1994) um programa de radio é o correspondente ao planejamento da linguagem gráfica, já que quem escreve nem sempre é quem planeja um livro, assim como um redator escreve o que o locutor falará. Twyman também coloca que nem todo planejador da linguagem gráfica é necessariamente um designer, visto que existem especialistas no planejamento de certas apresentações gráficas tais como cartógrafos e desenhistas técnicos. Para ele, os usuários da linguagem gráfica podem ser tanto originadores quanto consumidores dos artefatos gráficos. Twyman identifica alguns usos mais comuns da linguagem gráfica, principalmente na associação do modo verbal-numérico com a linearidade e, os modos pictórico e esquemático com a não linearidade. Os métodos de configuração indicam de que forma a informação se organiza espacialmente, e os modos de simbolização indicam de que forma a linguagem é simbolizada, se através de palavras e dígitos (verbal-numérico);
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desenhos e fotografias (pictórico), ou ainda se esquemático (gráficos e tudo que não for decididamente verbal ou pictórico).
Elementos da linguagem Um dos objetivos fundamentais da informação é a relação entre conteúdo e forma. Esta relação é descrita por Twyman (1982) como o ‘elemento da linguagem na comunicação gráfica’. Os elementos da linguagem são afetados pela tecnologia adotada, todavia se mantendo constante em sua função. Ele considera o elemento da linguagem com sendo o ‘denominador comum’ entre os três meios de produção: manuscrito, impresso e eletrônico. Quando definindo qualquer solução gráfica, o designer ou originador (criador) da mensagem deve levar em consideração todos os requisitos técnicos para aquela solução em particular, perguntando-se qual deverá ser a tecnologia mais adequada para produzi-la, por exemplo. Algumas tecnologias impõem limites e podem não ser a mais adequada para aquele modo de simbolização, ou de configuração da informação. Para compreender melhor o estudo da linguagem gráfica, se torna importante entender a relação com outros ramos da linguagem. Do ponto de vista da lingüística, a linguagem é dividida em duas grandes áreas: a falada e a escrita. Do ponto de vista do design gráfico a linguagem é dividida em verbal e pictórica (figura 3). Figura 3: a] Na abordagem gráfica a linguagem tem dois modos diferentes de simbolização (verbal e pictórico) e um canal comum (o visual). b] Na abordagem lingüística a palavra é o modo comum para dois canais diferentes (oral e visual). a] Verbal
Linguagem
b] Pictórica
Linguagem
Falada
Escrita
Twyman (1982, 1985) sugere um modelo que acomoda tanto a abordagem lingüística quanto a gráfica, onde demonstra a distinção entre o modo e o canal de comunicação em relação à linguagem (figura 4).
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Figura 4: Modelo de Twyman que acomoda a abordagem lingüística e gráfica em relação à linguagem. Linguagem
Oral
Visual
Gráfica
Verbal
Não verbal
Verbal Pictórica
Feita à mão (escrita)
Não Gráfica (paralingüística)
CANAL
Esquemática
Feita à máquina
MODO
(impressão, videotexto)
O modelo está organizado do ponto de vista pela qual a mensagem é recebida, e não como ela é transmitida. Foram considerados os principais canais pelo qual a mensagem é recebida, oral e visual. O visual está subdividido em gráfico e não-gráfico - gestual, facial (chamados de paralingüísticos). O gráfico está dividido em três categorias: verbal, pictórico e esquemático (modos de simbolização). Os modos esquemáticos e pictóricos também poderiam estar subdivididos em feito à mão ou feito à máquina.
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Referências COUTINHO, S. G., 1994 “An analysis of the use of graphic language in teaching workbooks: a case study”, dissertação do Postgraduate Diploma in Typography & Graphic Communication, The University of Reading, pp.86. LIMA. E. L., 1994 “Entendendo o esquema para o estudo da Linguagem Gráfica de Michael Twyman”, Recife: Laboratório de Programação Visual da UFPE (mimeo). SLESS, D., 1992 “What is Information Design?”, em Designing information for people, proceedings from the symposium, editado por Robyn Penman & David Sless, pp.1-16. TWYMAN, M. L., 1979 “A schema for the study of graphic language” in Processing of visible language, editado por Paul A. Kolers, Merald E. Wrolstad & Herman Bouma. Nova York & Londres: Plenum Press, vol.1, pp.117-150. TWYMAN, M. L., 1982 “The graphic presentation of language” in Information Design Journal, vol.3, no.1, pp.2-22. TWYMAN, M. L., 1985 “Using pictorial language: a discussion of the dimensions” in Designing usable text, editado por Thomas M. Dufty & Robert Waller. Orlando, Florida: Academic Press, pp.245-312.