Matéira mundo Música

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14 : HORIZONTE

oc ura m po r om um um

a o d n a Certific r p a s c i sidente s ú m a n e Vozes dis agonia nt c e dam gar a r e e p s t e s de lu n e d n e indep É manhã de uma terça-feira. Acordo. Sempre ligo o computador de manhã para ouvir música enquanto me preparo para ir ao trabalho. Neste dia em particular, vi na internet que haveria um debate na Livraria Cultura sobre coletivismo no mercado da música independente. Os dois debatedores: Pablo Capilé, um dos fundadores do Circuito Fora do Eixo, grupo que nasceu com o intuito de estimular a circulação de bandas pelo país e a troca de experiências entre produtores de diversos locais; e Tathiana Nunes uma das integrantes do Coquetel Molotov, grupo que, entre outras coisas, organiza o Festival No Ar: Coquetel Molotov. O que os dois têm em comum? Vêem no coletivismo uma forma ideal para trabalhar com o mercado indie. Mas o que importa mesmo é o que eles têm de diferente. Antes de falar sobre como foi o debate, é importante situar o leitor leigo nesta área. O Fora do Eixo foi criado no ano de 2005 e de lá pra cá tem ganhado bastante visibili-

dade, se tornando uma espécie de lugar comum quando se fala de música independente. Como grupo organizado, defende uma série de premissas que acredita ser essenciais para o desenvolvimento deste mercado. Do outro lado temos o Coquetel Molotov, também referência entre os indies, que defende outro modelo de gestão, totalmente diferente do Fora do Eixo. Este confronto, pelo menos no que se refere às ideias, é apenas um exemplo da segmentação que existe hoje entre os indies. Acontece que antigamente só existiam dois caminhos: ou a banda estava numa gravadora ou fora dela. Aí você pode estar pensando: “oras, e hoje também, ou a banda está em uma gravadora ou é independente”. Correto, mas existem diversas formas de ser independente, e estes modelos estão hoje em conflito, cada um quer defender o seu peixe, como diz o dito popular. Um fato que demonstrou bem toda esta agonia que existe no meio independente foi uma entrevista com Capilé


sumiu esta agonia atual das bandas independentes. Ele disse que tinha uma banda e que diante de tantos modelos diferentes para ‘fazer acontecer’ não sabia onde encaixá-la. As pessoas estão confusas. Hoje, com a facilidade de divulgação pela internet, os caminhos são muitos, mas parece que isto ao invés de ajudar, atrapalha. Os músicos ainda não se acostumaram com o período pós-majors e ainda estão perdidos quanto ao o que fazer neste cenário atual repleto de possibilidades. É uma ironia natural o fato de que sempre foi desejo dos músicos independentes um mercado que não houvesse regras a seguir, um mercado plural, no qual circulasse infinitas idéias e ideais, e quando isto acontece, fica todo mundo perdido sem saber o que fazer. É como se as bandas sentissem falta das gravadoras, pois eram pelo menos um ideal a seguir. Hoje o trabalho é bem maior, é preciso trilhar o próprio caminho, sem saber o que vem pela frente, dando um passo de cada vez e aguardando o resultado. Os modelos prontos se foram. É hora de experimentar, criar novos caminhos e isto nunca é fácil de fazer. É aí que as vozes agonizam pedindo a volta de um lugar comum. Mas não, ele não voltará. E sim, isto é muito bom!

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no site O Inimigo. Foram centenas de comentários recebidos, repercussão em toda a internet e até em jornais impressos, como no caso do Diario de Pernambuco, que publicou no dia 2 de fevereiro uma matéria abordando o tema mais prevalente nos comentários desta entrevista, o fato das bandas pagarem para tocar em alguns festivais. Durante os meses de janeiro e fevereiro de 2010 não se falava em outra coisa nos subterrâneos espaços de convivência de músicos independentes a não ser nesta entrevista e nos comentários que se sucederam. Por estes e outros motivos decidi ir ao famigerado debate que aconteceu na Livraria Cultura, no bairro do Recife, no dia 23 de março de 2010. A mediação ficou a cargo de Alex Antunes, jornalista, músico, produtor, entre outras facetas. Cheguei bem cedo ao auditório da Livraria Cultura, a ponto de presenciar uma conversa informal entre os dois debatedores. Apesar do clima descontraído, senti sim, sintomas daquele conflito que falei ali em cima, cada um querendo defender o peixe do seu modelo de trabalho. E de fato durante todo o evento eles se alfinetaram cordialmente. Mas após uma intervenção que fiz no debate e citei este possível conflito entre os dois, Tathiana prontamente negou qualquer chance de existir isto, afirmando inclusive que já trabalhou em parceria com Capilé. É como numa relação diplomática: dois países se odeiam, mas precisam fazer negócios. O termo odiar pode ser exagerado, mas serve como analogia. Do lado dos músicos, uma pergunta de um garoto re-


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