Pr rural internet

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Carga e Transporte S


Soluções Sob Medida


EDITORIAL

Produtividade é a solução As nossas lavouras ainda tem muito potencial para aumentar a produção, mas é preciso investir no solo e na nutrição das plantas. A reportagem de abertura do caderno agrícola desta edição explica bem o assunto. A abordagem se faz necessária, uma vez que as novas áreas agricultáveis estão cada vez mais restritas, exigindo que se aumente a produção no mesmo espaço já explorado por lavouras. Para compreender melhor o assunto, é interessante ler o relatório divulgado recentemente pelo Ministério da Agricultura, em que apresenta o agronegócio como um setor importante para a economia brasileira, responsável por nada menos que um trilhão de reais e 41% das exportações do país. Os dados também revelam previsões de um futuro próspero para o setor, que passa a ser considerado o mais competitivo da economia nacional. Hoje o agronegócio representa 20% do PIB, mas a sua expansão nos próximos anos, passa a depender fortemente da produtividade - 90% do crescimento da produção, uma vez que as extensões de terras, para abrir novas áreas agricultáveis, estão quase no limite. Outro destaque entre os grandes números apresentados, é para a quantidade de pessoas que trabalham com o agronegócio: entre 25 e 30 milhões de habitantes, ou, cerca de 30% do pessoal ocupado do país – direta e indiretamente. Na próxima década, essas pessoas deverão produzir 248 milhões de toneladas de grãos/alimentos. Entretanto, pesquisas revelam que a tendência em longo prazo é que a produtividade também diminua o seu ritmo de crescimento para algo em torno de 1,6% ao ano, enquanto hoje está em 4,04% – contra 2,26 nos EUA. Entre as revelações, consta que o Brasil usa 40 milhões de hectares para plantar produtos transgênicos. Só perde no mundo para os EUA, que planta 70 milhões de hectares. E mais previsões: o milho e o algodão em pluma serão as duas culturas que mais aumentarão a exportação até 2023, enquanto que a produção de grãos deve aumentar 58 milhões de toneladas nos próximos 10 anos, uma expansão de 30%. Mas, desconsiderando-se os gargalos da produção em termos de sistemas de armazenagem, perdas na pré e pós-colheita, além dos problemas de logística e infraestrutura, que formam uma lista enorme, nota-se que realmente precisa-se investir no solo e na planta para obter a produção esperada e atender as expectativas de crescimento.

Paraná RURAL 4 I Julho/Agosto de 2014 I paraná rural


ÍNDICE

entrevista

novas tecnologias

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O presidente do Iapar, Florindo Dalberto, fala sobre a importância da pesquisa agropecuária

Sob a coordenação do Iapar, Brasil discute cadeia produtiva do feijão

REPORTAGEM ESPECIAL

Rural” fez um tour pelo Mato Grosso, para falar 12 “Paraná dos sulistas que mudaram o panorama agrícola daquele Estado

pecuária

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Aveia de ciclo longo preenche vazio forrageiro das propriedades leiteiras

AGRICULTURA

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A nutrição ideal para as plantas e a produtividade

máquinas agrícolas

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Manutenção melhora a rentabilidade e a vida útil

Foto de capa: executivos da Overtech Jeferson Marcos P. da Silva - diretor presidente, Andrea Vieira Amaral Silva - diretora de Marketing e Édipo Alexandre Pereira Carneiro - diretor executivo da Enermaje.

EXPEDIENTE Revista Paraná Rural Ltda.- ME - CNPJ 15.454.495/0001 - 04 Rua Aroeira, 362, Parque Verde - Cascavel/PR - CEP 85807-802 - Fone (45) 9966-9667

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COLABORADORES . Heinz Schmidt . Lurdes Tirelli Guerra . Inara Gabrielle Rufati . Edmilson Gonçalves Liberal . Ass. Imprensa Coodetec . Ass. Imprensa Embrapa . Ass. Imprensa Sicredi Vanguarda . Cesar A Berger . Ass. Imprensa Bayer CropScience . Ass. Imprensa New Holland

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ASSESSORIA JURÍDICA . Advogados Associados - Dr. Reneu paraná rural I Julho/Agosto de 2014 I 5




ENTREVISTA

A pesquisa brasileira tem surpreendido com as novas tecnologias apresentadas ao campo, podendo ser equiparada às grandes empresas da área no mundo. No Paraná, o Iapar cumpre seu papel com muita eficiência, atendendo às expectativas dos profissionais do campo e dos produtores do Estado.

Divulgação Iapar

Rumo ao futuro

N

a presidência do Iapar Instituto Agronômico do Paraná, desde 2010, o engenheiro agrônomo Florindo Dalberto, abre o caderno de entrevistas da revista Paraná Rural. Ele faz uma análise sobre a importância da pesquisa nacional para os produtores e para os profissionais e empresas que atuam no ramo agropecuário e destada que a competitividade mercadológica já não se permite que a produção no campo seja mais ou menos. É preciso ser eficiente, produzir com qualidade e competência para ter rentabilidade. Uma tarefa que está totalmente lincada com os os profissionais que se dedicam aos

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Florindo Dalberto: a verdadeira revolução da agricultura está no conhecimento

estudos e conseguem, a cada ano, apresentar novas soluções para a produção agrícola. PARANÁ RURAL - Como analisa o campo da pesquisa no Brasil hoje? Podemos nos equiparar aos países de primeiro mundo ou estamos longe? FLORINDO DALBERTO - A pesquisa em agricultura é uma atividade universalmente reconhecida como estratégica para a produção e para a inovação com sustentabilidade. A ciência brasileira nessa área do conhecimento evoluiu muito nas últimas décadas e, seguramente, é referência mundial quando falamos de produção em

clima tropical e subtropical. Mas certamente temos muito ainda que avançar. Costumo dizer que a agropecuária brasileira se tornou dependente dos centros de pesquisa, dependente de inovação permanente. É uma dependência positiva. PARANÁ RURAL - Fala-se muito em produzir alimentos para atender a demanda mundial e da contribuição brasileira. Qual a responsabilidade da pesquisa nisso? FLORINDO - Nos últimos 40 anos, a incorporação de tecnologias pelos agricultores tornou o setor agropecuário do Paraná um dos mais eficientes do Brasil. Para


ENTREVISTA

uma rápida ideia, a produtividade de milho evoluiu de 3.800 quilos para cerca de 9 toneladas na mesma área. A produtividade do trigo, que era inferior a uma tonelada por hectare, hoje é de mais de três toneladas; em feijão, passou-se de 600 quilos para 1.300 quilos. A investigação científica forneceu técnicas para dominar a doença conhecida como “cancro cítrico”, e a produção de citros, antes proibida, hoje constitui um setor importante da economia paranaense, que envolve o plantio de aproximadamente 30.000 hectares e permitiu a implantação de quatro indústrias processadoras – em Rolândia, Uraí e duas em Paranavaí –, que exportam suco concentrado de laranja para os Estados Unidos e Europa. Além de incrementar a economia, a pesquisa vem desenvolvendo opções para a prática de uma agricultura menos agressiva ao ambiente e que permite obter alimentos mais saudáveis. É o caso do sistema de plantio direto; do monitoramento climático e zoneamento agrícola; da integração lavoura-pecuária-floresta; do desenvolvimento de máquinas e implementos de pequeno porte para agricultura familiar; da geração de cultivares resistentes a fatores adversos (como estiagens, por exemplo); do manejo integrado de pragas e doenças, possibilitando diminuir a aplicação de agrotóxicos nas lavouras; e, é claro, do modelo tecnológico do café adensado, para que o Paraná não deixe de produzir a bebida, dentre muitos outros estudos que fazem da pesquisa agrícola uma atividade imprescindível para o contínuo desenvolvimento da agropecuária paranaense. PARANÁ RURAL - O Iapar pesquisa culturas que tem foco na alimentação humana e que vão diretamente à mesa, como o feijão,

por exemplo. Isso é uma responsabilidade social? FLORINDO - O compromisso do Iapar é prover soluções para os produtores, a agropecuária e o meio rural do Paraná, sempre com foco na produtividade, rentabilidade e equilíbrio ambiental. Essa preocupação está presente, de modo transversal, nos 14 programas de pesquisa atualmente conduzidos na instituição – agroecologia, café, cereais de inverno, cultivos florestais, energias renováveis, feijão, fruticultura, integração lavoura-pecuária-floresta, milho, pecuária de leite e corte, propagação vegetal, raízes e tubérculos, recursos naturais e sistemas de produção. O feijão, especificamente, foi protagonista de uma verdadeira “revolução”. Lavoura de baixo nível tecnológico até pouco tempo atrás, passou a compor sistemas de produção tecnicamente mais complexos, com uso de plantio direto, irrigação e compondo sistemas de integração lavoura-pecuária. O desenvolvimento de novas cultivares e o aprimoramento das técnicas de cultivo possibilitam hoje uma produtividade superior a três tonela-

O insumo mais importante para o ótimo momento que vive a agricultura do Estado é a informação. Seu acesso tem sido facilitado e o agricultor tem percebido que precisa se informar.”

das por hectare, contra pouco mais que 600 quilos na década de 70. PARANÁ RURAL - Falando da produção em si, o Brasil ainda pode crescer muito? Qual o caminho, aumentar a área ou melhorar a produtividade? De que forma o agricultor pode fazer isso? FLORINDO - O crescimento da produção via incorporação de novas áreas é um modelo esgotado. A verdadeira e espetacular revolução na agricultura foi a apropriação tecnológica, com uma aplicação cada vez mais intensiva de conhecimento na atividade produtiva. Nossos agricultores perceberam isso, e, partindo de uma agricultura de subsistência e da monocultura extensiva de café, construíram no Paraná uma agricultura de vanguarda, que, em muitos aspectos, é paradigma em âmbito mundial. Não há outro caminho a seguir. PARANÁ RURAL - A pesquisa sempre foi vista um pouco distante do agricultor, ou seja, as informações originadas dos estudos demoravam para chegar ao campo. O que o Iapar tem feito para aproximar e transmitir o conhecimento de forma mais direta? FLORINDO - O dia a dia da investigação científica demanda intensa atividade em laboratórios e campos experimentais, e isso exige uma constante vigilância para evitar o distanciamento do setor produtivo. Essa característica da atividade é contornável com uma permanente abertura às parcerias. Além do vínculo institucional com as outras entidades integrantes do sistema Seab, especialmente a Emater-PR, os pesquisadores do Iapar cultivam um profícuo relacionamento com cooperativas, organizações de produtores, associações de profissionais e secretarias municipais de agricultura. paraná rural I Julho/Agosto de 2014 I 9


ENTREVISTA

Assim, ao longo do ano participam de centenas de dias de campo, palestras e eventos técnicos voltados a produtores. PARANÁ RURAL - Embora seja um órgão estadual, o Iapar tem suas sementes plantadas em vários Estados. Como tem conseguido esse êxito? FLORINDO - De fato, o programa de melhoramento genético do Iapar vem obtendo excelentes cultivares, que vêm extrapolando as fronteiras do Estado, é um orgulho para a instituição. Mal comparando, uma semente é como um chip de computador. Além da informação genética para maior produtividade, ali também vão codificadas características de resistência a doenças, tolerância a estiagens e outras características procuradas pelos produtores e até pelos consumidores – grãos de feijão de cozimento mais rápido ou com maior teor de proteína, por exemplo – ou pela indústria, caso dos trigos melhoradores. PARANÁ RURAL - A pecuária também faz parte do portfólio, com intensificação das pesquisas em pastagens para leite, e, em corte criou sua própria raça de bovinos(Purunã). O estado ainda pode evoluir nesse setor? FLORINDO - Pode e deve evoluir. Os índices zootécnicos do estado apontam espaço enorme para incorporar tecnologias, para o desenvolvimento da cadeia produtiva da bovinocultura, tanto de corte quanto de leite. Muitas dessas inovações já contam com resultados de pesquisas e dependem mais da articulação do setor produtivo com a assistência técnica. O Iapar tem linhas de pesquisa que procuram responder a gargalos tecnológicos que ainda persistem e a demandas específicas de determinadas regiões do estado.

Florindo: “O programa de melhoramento genético do Iapar vem obtendo excelentes cultivares, que vêm extrapolando as fronteiras do Estado”

PARANÁ RURAL - A integração lavoura X pecuária também tem suas raízes no centro de pesquisas do Iapar. Acredita que este é o caminho para a sustentabilidade das propriedades que trabalham com ambas as produções? FLORINDO - O Paraná já conta com sua área agrícola praticamente toda ocupada, portanto, nossa nova fronteira de expansão da produção é o incremento da produtividade nos mesmos espaços já cultivados. A integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF) é uma das formas de intensificar a produção sem expandir a área de cultivo. O Iapar, ao longo de sua trajetória, desenvolveu tecnologias para sistemas de produção, como é o caso do café adensado, e agora o ILPF; que pode gerar uma densificação das ati-

10 I Julho/Agosto de 2014 I paraná rural

vidades e da renda em áreas de pecuária e cultivos extensivos. PARANÁ RURAL - Para finalisar, uma análise do momento agrícola do Paraná e a expectativa em relação às próximas safras. FLORINDO - O clima e, especialmente os preços, tem favorecido ao uso intensivo de tecnologias nos últimos anos. Mas o insumo mais importante para o ótimo momento que vive a agricultura do estado é a informação. Seu acesso tem sido facilitado e o agricultor tem percebido que precisa procurar se informar, não apenas para poder produzir bem, mas para comprar bem seus insumos e vender bem sua produção; a soma de tudo isso é que resulta no bom desempenho do seu negócio.


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Cuiabá

Portal para o lazer e os bons negócios

A capital matogrossense consolidou-se como um importante polo para a produção agrícola, a agroindustrialização e o turismo

Por Mauro Silva Fotos: Divulgação

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Estado do Mato Grosso é de uma riqueza imensa, que se constitui pela especificidade de sua fauna e flora, pela vastidão do Cerrado e pelas características especiais da sua cultura. Somam ainda neste contexto, a Amazônia, o Pantanal e a Chapada dos Guimarães, que tornam a região num importante polo turís-

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tico. Ainda tem as futuras Metrópoles que se prospectam logo ao Norte de Mato Grosso e tudo que se produz neste solo acolhedor e produtivo. Assim é o estado de Mato Grosso, com seus 906,8 mil quilômetros quadrados, que se dividem em quatro regiões bem distintas: o Pantanal, a Amazônia, o Cerrado e


REPORTAGEM ESPECIAL

o Vale do Araguaia. Apenas como referência, só o Pantanal, possui mais de 103 mil quilômetros quadrados de extensão territorial e abriga a maior e mais rica biodiversidade do planeta. O berço do desenvolvimento Foi nesta capital, Cuiabá, que eu nasci. E com a intenção única de relatar o crescimento histórico e a evolução propagada pelos agricultores vindos do Sul do país, bem como a propagação das maravilhas turísticas, que retornei à cidade. E assim estou de volta ao meu aconchego, revivendo parte da minha história, onde tudo faz despertar a memória de minha infância. Cuiabá se reflete neste do-

cumentário, com suas ruas, os becos, os rios, bares, casarões antigos, igrejas e praças. Aqui também tem o mercado do peixe e em especial meu velho amigo, o rio Cuiabá, onde tudo começou. Cresci em um casarão construído na época da colonização bem em frente ao rio, próximo ao mercado do peixe, no porto. E é aqui que começa uma nova expedição; pioneiros do sul do Brasil, em terras do cerrado brasileiro. Por essas características, podese dizer que Cuiabá se abre para a modernidade, mas ainda assim sabe ser herdeira de uma cultura quase trissecular, com berço em várias etnias indígenas e cabocla mas que se perpetua nas músicas e nos eventos. Toda essa mostra cultural está presente nos adereços de seu povo, nas casas culturais e também nos museus históricos. A cidade também se dobra às suas tradições, com festejos para vários santos, tais como São Benedito e Bom Jesus. Seu passado, ainda se faz presente nos becos e vielas do centro histórico, onde se preservam os casarões de uma época em que o ouro aflorava em abundância nas valas de chuvas. O espírito religioso de sua gente hoje se vê retratado nas igrejas, que ainda mantém os estilos variados daquela época. Contracenando com a metrópole em expansão em seu cotidiano, graças ao labor de seu povo hoje formado por patriotas de todo o Brasil. Abertura para o setor produtivo Localizada no centro geodésico da America do Sul, Cuiabá, a capital de Mato Grosso, é chamada carinhosamente de ‘cidade verde’. Ainda assim, o clima na região é marcado por sua temperatura elevada, com média entre 20°C e 38°C e umidade baixa em longos períodos. A cidade é banhada pelo ‘seu’ rio Cuiabá, o primeiro espaço a

acolher os colonizadores vindos, primeiramente do continente europeu, e depois de todas as regiões do nosso país. E, aliás, é do rio que vem o melhor da culinária cuiabana, o pacu, o pintado, o dourado, a piraputanga e muitos outros peixes de sabor intenso. Com seus quase 300 anos, Cuiabá passou da colonização à Metrópole, com uma população de aproximadamente 550 mil habitantes. Além dessas particularidades, a capital também representa um dos maiores portais para o agronegócio e o turismo brasileiro. É a entrada para o Pantanal, o celeiro que abriga a mega biodiversidade e a maior planície alagada do mundo, dona de belezas e cenários para se contemplar ao longo de seus leitos transpantaneiros do Rio Cuiabá e do Rio Paraguai. O corredor do agronegócio Estes rios, que no passado serviram para transportar colonizadores e bandeirantes, hoje se tornaram meios de escoamentos de tudo o que se produz nos solos férteis de Mato Grosso. A beleza Pantaneira é mostrada ao longo dos seus percursos e está localizada logo à esquerda do portal Mato-grossense. À sua direita está a magnitude da Chapada dos Guimarães, geograficamente o maior município do mundo, com seus pontos turísticos que nos registram recordações de puro surrealismo, mostradas em seus paredões, grutas e cachoeiras. Subindo levemente ao oeste de encontra-se a nova referência do estado, Sapezal, onde o plantio de grãos tem, a cada ano, se revelado num verdadeiro celeiro da produção agrícola. Mais abaixo, a cerca de 210 km ao sul de Mato Grosso, está a já considerada polo no agronegócio brasileiro, a pujante Rondonópolis, carinhosamente chamada de princesinha do sul do estado.

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REPORTAGEM ESPECIAL

Ao norte, quase em linha reta, podemos visualizar as cidades em crescimento socioeconômico, completando esse corredor de produção. A primeira ao longo da BR 163 é Nova Mutum, a primeiríssima nos moldes sulistas, representativa e qualitativa em sua formação, principalmente na vida social. Marcante pela sua gente pujante e alegre, com ruas e avenidas projetadas para um desenvolvimento de metrópole. A agroindústria é também o seu ponto forte. A segunda cidade deste corredor agrícolas, é a irmã gêmea na projeção de crescimento e similar no progresso da industrialização: Lucas do Rio Verde, considerada cidade coirmã de Nova Mutum, por possuir o mesmo propósito focado no crescimento.

A verdade é que, tanto para uma como para outra, esta visão tem origem nos pioneiros e administradores, como prefeitos, vindos do sul do Brasil. Juntas estas cidades são o ponto forte do norte de Mato Grosso, pois ambas são prósperas e, vizinhas, caminham unidas para o progresso, ambicionado pelos prefeitos e empresários. Na veia do empreendedorismo Administradores por excelência e empreendedores visionários, os pioneiros Otaviano Pivetta e o seu irmão Daniel Pivetta, ambos prefeitos das duas cidades acima mencionadas (Lucas do Rio Verde e Nova Mutun), representam a força de uma nova consciência e da realidade do progresso do norte

de Mato Grosso, para o seu crescimento em tudo que se faz e produz, preocupados com o crescimento social e econômico dos municípios e, principalmente, voltados à evolução do agronegócio. Esse corredor de polos e agroindústrias no norte de Mato Grosso é só Sorriso. Sim, sorrindo está a cidade de Sorriso, pela sua prosperidade advinda de projetos vertiginosos, dignos de uma cidade de grande porte. Com uma população crescente e realista para as questões socioeconômicas, o município possui grandes empresas e indústrias, entre elas a Bunge, Afiagril, BRF e Nutron, entre outras empresas multinacionais. Nos dois últimos anos surgiram frigoríficos especializados em piscicultura, contando inclusive com

O antigo Mercado do Peixe, às margens do Rio Cuiabá, Do Rio Cuiabá vêm os peixes são a base da culinária matogrossense foi tombado e transformado em museu

No centro da cidade ainda prevalecem as construções antigas, preservadas como patrimônio histórico 14 I Julho/Agosto de 2014 I paraná rural

Na região central, ao lado de antigos casarões como o da foto ao lado, a cidade cresce verticalmente


A Cuiabá de antigamente

A praça no centro da cidade reunia os cuiabanos nos passeios de Domingo

A avenida Getúlio Vargas que corta o centro de Cuiabá

Às margens do Rio Cuiabá, moradores apreciam as embarcações de turistas que chegavam à cidade

Ponte sobre o córrego da Prainha, em 1941

No centro, o Morro da Luz e a tradicional Igreja do Bom Despacho paraná rural I Julho/Agosto de 2014 I 15


REPORTAGEM ESPECIAL

espécies nativas dos rios matogrossenses, mas criados em cativeiro. A Nativ Pescados é uma destas empresas, que vem com expressivos investimentos na área e está desenvolvendo projetos para produção e fornecimento de pescados para todo o Brasil. Nesta expedição, com os projetos da Revista Paraná Rural, voltada para os migrantes e pioneiros do sul do Brasil, poderíamos citar ainda muitas outras cidades Mato grossenses, pois muitas se destacam pelo dinamismo cultural e construtivo em tudo que se faz, principalmente pelos agro investimentos proporcionados pelos sulistas. Foco no contexto socioeconômico Na posição de capital, Cuiabá é a cidade que tem a maior base industrial do estado, a melhor infraestrutura urbana e a maior rede

de serviços estruturantes, tais como hotéis, universidades, centros de convenções, consultorias, aeroporto, sede administrativa do governo estadual, do legislativo e do judiciário e muitos outros. Assim, Cuiabá capitaliza boa parte dos recursos privados, direcionados para investimentos em Mato Grosso. Para o orgulho dos matogrossenses, cuiabanos e pioneiros, a progressiva melhora da cidade no ranking econômico e social das capitais brasileiras não foi fruto do acaso, mas sim de resultados de boas políticas públicas dos governos municipal e estadual. Também faz parte deste contexto o espírito empreendedor do empresariado cuiabano e mato grossense e, principalmente, dos visionários empreendedores do sul do Brasil, que aqui vislumbraram bom ambiente de negócios e boas condições para se viver muitíssimo bem.

Cuiabá concentra a melhor infraestrutura e os grandes empreendimentos industriais do Estado, mas o seu desenvolvimento também é um legado dos migrantes do Sul do País que deram um novo impulso à sua economia 16 I Julho/Agosto de 2014 I paraná rural

O significado de Centro Geodésico O Centro Geodésico não foi um ponto estabelecido pelo marechal Rondon, para ser o referencial básico para sua missão de elaborar o primeiro mapa do Brasil, tarefa que lhe havia incumbido o governo brasileiro. Então, ele é um marco ‘zero’ a partir do qual todas as medidas foram tomadas para a elaboração do mapa do Brasil. Estivesse ele lá em Roraima, ou no Rio Grande do Sul, suas medições tinham como origem o centro, no Campo D’Ourique, em Cuiabá. Depois, esse mapa do Brasil serviu de referência para o mapa da América do Sul. Por isso, é o centro geodésico da América do Sul. Então, o centro geodésico foi um ponto determinado pelo marechal Rondon para ser a origem, o marco ‘zero’ de um de seus mais importantes trabalhos. É um ‘centro geodésico’ e não um ‘centro geográfico’, antes de tudo, um marco histórico, base do mapeamento histórico continental e também porque foi assentado pelo único brasileiro que receberia um Prêmio Nobel, não tivesse ele falecido no ano em que seria laureado (não existia premiação ‘post-mortem’ naquela época). Só para lembrança, um de seus indicadores ao prêmio foi Einstein. (Informações extraídas de um texto escrito por José Antonio dos santos, arquiteto e urbanista, Cuiabá/MT )


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REPORTAGEM ESPECIAL

Um novo perfil econômico ao MT Recursos hídricos disponíveis no Estado favorecem o turimo e a geração de energia

A expansão agrícola tem contribuído para a instalação de agroindústrias

Novas agroindústrias chegam ao Estado e impulsionam a economia do maior corredor da produção agrícola nacional Na última década o Mato Grosso deu um salto de desenvolvimento e de mudança no seu perfil. O Estado alcançou lugar de destaque como grande celeiro agrícola e hoje, além de ser o maior produtor de grãos, tem o maior rebanho bovino comercial do Brasil. Grandes grupos nacionais e internacionais também estão investindo em solo mato-grossense, com incentivos do governo para o desenvolvimento industrial. Dentre os destaques estão os segmentos têxtil, alimentício, de bebidas e embalagens. Comparando-se as últimas três décadas, não é difícil perceber que o MT saiu da sua antiga condição de subdesenvolvimento e entrou para o clube de emergentes no cenário econômico brasileiro. O setor agrícola tem fundamental importância nessa onda de crescimento, com a região produtiva se firmando e elevando o estado ao status de novo campeão nacional na produção de grãos, principalmente o algodão e a pecuária. É dali que saem muitas das exportações brasileiras, contribuindo com mais de 30% do saldo da balança comercial do país. Novos investimentos no campo e na indústria A chegada dos produtores do sul do Brasil, com um novo perfil de investimento na agricultura, alterou

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completamente a matriz produtiva, que hoje gera bons resultados e transforma cada vez mais a economia matogrossense numa imensa e globalizada plataforma exportadora. Aliada a produção no campo, vieram as agroindústrias, que representam um salto qualitativo ao desenvolvimento econômico e social. E foi assim que o estado saiu da posição periférica na produção agropecuária, para a diversificada industrialização. Essa transformação socioeconômica está embasada em um ciclo com alto índice de produtividade, visto claramente nos setores de grãos, carnes, tecelagem e bebidas. O norte de Mato Grosso acelera a expansão agrícola, pecuária e em especial a piscicultura. Uma região antes carente e muitas vezes descartada para essas atividades. Foi preciso que pioneiros viessem de outros estados, com uma dinâmica diferenciada e de conhecimentos, principalmente no uso de correção do solo, fertilidades e tecnologias, para mudar este cenário. No ponto de vista do crescimento sustentável, a produção requer uma consciência mais determinada, com o objetivo de continuar crescendo com sustentabilidade ambiental e principalmente social. Aliás, a sustentabilidade também já está sendo incorporada pelos padrões das cidades que crescem com modelos arrojados


REPORTAGEM ESPECIAL

e modernos, aliadas ao condicionamento socioeconômico. Um processo que acontece através da conscientização das prefeituras e de classes formadoras de opiniões para o crescimento com prioridade na qualidade de vida. Os prós e contras de uma região em evolução Contudo, a proposta vivida pelos produtores e todos os envolvidos com a economia da soja, requer uma conscientizações mais eficaz por parte do governo, principalmente o vínculo de envolvimento do governo em insumos. A cadeia produtiva da soja movimenta anualmente mais de 75 bilhões de reais na economia nacional, entretanto, especialistas do agronegócio tem constatado que será preciso uma política mais eficaz para a sobrevivência do complexo soja. Isto é, a implantação de um choque de eficiência e gerenciamento financeiro e de risco do negócio, redução de custos operacionais que deve desenvolver as indústrias fornecedoras de insumos e cobranças ao governo para melhoramento na infraestrutura de transportes.

Janela de novas oportunidades Mato Grosso está diante da sua maior oportunidade histórica para dar mais um salto em seu modelo econômico, saindo da posição de economia primária agroexportadora para uma economia agroindustrial. Há quase duas décadas muitas das variáveis geopolíticas e econômicas importantes conspiram de forma favorável ao progresso do estado. As chamadas janelas de oportunidades foram abertas para que este deixe de ser um estado de bens primários exportáveis, para se tornar uma região com base produtiva diversificada. Para se ter uma ideia, no período de 2000 a 2008 a economia matogrossense cresceu, segundo dados do IBGE, a uma média de 6,74%. No mesmo período o PIB brasileiro cresceu à média anual de apenas 2,2%. Analisando-se este aspecto, torna-se paradoxal responder como num ambiente político e econômico tão hostil na década anterior, -um estado conseguiu atingir crescimento socioeconômico em nível comparável às economias emergentes.

O perfil de um setor em ascensão Um estudo feito pela The Boston Consulting Group(BCG), uma das consultoria financeiras mais importantes do planeta, publicou um estudo sobre a evolução de milionários no mundo e no Brasil . A pesquisa foi feita através do cruzamento de dados da Receita Federal e de tudo que circula pelo sistema financeiro mundial. Os especialistas da BCG analisaram 62 países e, dentre estes, o Brasil saltou da 18% para 11% posição no ranking dos países com mais milionários, perdendo apenas para a China, entre os emergentes. Os brasileiros também aparecem como os mais ricos da América Latina. Chama a atenção na pesquisa o fato de ter sido o agronegócio o setor da economia que mais gerou novas fortunas, especialmente no Mato Grosso, onde estão 40% dos novos ricos mencionados no levantamento.

O Pantanal possui mais de 103 mil km2 de área e abriga a maior e mais rica biodiversidade do planeta

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Aprosoja atua na valorização da soja e do milho em MT Mais de 95% dos agricultores que formam o corredor da produção matogrossense são migrantes do Sul Da Redação Fotos: Sérgio Sanderson

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uando a produção de grãos começou a deslanchar no Mato Grosso, os agricultores sentiram necessidade de uma entidade que os representasse junto às esferas superiores, unindo e valorizando a classe. Foi assim que, espelhada na associação dos produtores de algodão, nasceu a Aprosoja - Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso, em fevereiro de 2005. A entidade tem como diretriz representar os direitos, interesses e deveres dos produtores de soja e milho e, para isso, desenvolve ações e projetos que visam o crescimento sustentável da cadeia produtiva em Mato Grosso. A sede está situada em Cuiabá, mas para facilitar a comunicação com os associados, a entidade possui núcleos regionais instalados nos Sindicatos Rurais dos maiores municípios sojicultores do Estado.

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REPORTAGEM ESPECIAL

Nelson Piccoli, diretor administrativo da Aprosoja/MT

AI Aprosoja

Ações em prol de todos os produtores De acordo com diretor administrativo da Aprosoja, Nelson Piccoli, a associação desenvolve ações e estratégias que beneficiam a maioria dos produtores do Estado. “Procuramos atuar na solução dos problemas da cadeia e com ações proativas que venham de encontro às necessidades dos agricultores”, justifica. O trabalho da entidade está focado na alteração e aperfeiçoamento de leis, decretos e marcos regulatórios, ao mesmo tempo em busca manter participação ativa na formulação da política agrícola. Tanto é que, em menos de dez anos de existência, a Aprosoja já realizou importantes feitos, a exemplo da ação que livra os agricultores de pagar o Funrural devido à sua inconstitucionalidade (ainda em andamento); ação contra os royaltes da Monsanto; participação na elaboração do Código florestal; e prêmio para suprir os altos custos de logística aos produtores de milho, entre outras. “Todas as ações são realizadas em parceria com as outras entidades representativas, como sindicatos, instituições públicas e a Federação da Agricultura”, salienta Nelson. A Aprosoja conta com profissionais que atuam em todos os setores, para solucionar dificuldades e garantir que as entidades públicas e privadas cumpram seu papel na cadeia produtiva, respeitando as leis existentes. Há ainda um trabalho muito forte no sentido de levar orientações aos agricultores sobre legislações específicas, bem como tecnologias de produção, além do trabalho solidário, por meio do projeto “Agro Solidário” que distribui bebida láctea à base de soja para mais de seis mil pessoas carentes no estado. Este trabalho é feito em conjunto com o Sindicato Rural de Mato Grosso.

A gestão é baseada em comissões de trabalho – fóruns de discussão coordenados por membros da diretoria e profissionais de áreas específicas. O relacionamento com os produtores acontece por meio dos núcleos regionais, resulando em ações que vão de encontro às necessidades de cada região. De acordo com Nelson, “a Aprosoja incentiva a organização dos produtores de soja e milho nos núcleos, promovendo um contato direto e constante com as bases por meio de seus delegados locais”. Um espelho para a cadeia produtiva A Aprosoja-MT foi a primeira associação da cadeia da soja no Brasil. Inspirada nela nasceram associações similares em vários Estados, bem como a federação nacional, que centraliza as instituições estaduais e ganha força para atuar junto ao governo federal e entidades nacionais. Para a sobrevivência econômica da associação, foi criada uma lei estadual que destina um pequeno percentual de cada saca de soja e

milho, comercializada no Estado, para um fundo. E este alimenta todas as ações da Aprosoja, bem como outras que possuem foco na cadeia produtiva desses cereais. Nesse sentido são realizados trabalhos junto a empresas de pesquisa visando melhorar a rentabilidade dos agricultores, bem como ações pró-logística, para melhorar o escoamento da produção. “Estamos muito bem na produção de grãos, mas precisamos de mais agroindústrias”, enfatiza Nelson, ao salientar que a entidade criou um projeto solicitando ao governo federal que desenvolva o programa de etanol a partir da cana-de-açúcar e do milho, naquela região. A partir dessas agroindústrias surgiriam outras correlacionadas, que podem inclusive fomentar outras cadeias produtivas, como a de aves e suínos. De acordo com Nelson Piccoli, os maiores problemas da região produtora atualmente são a carência de energia elétrica e o escoamento da produção, mas há perspectivas de melhora a médio prazo. “O terminal portuário Fronteira Norte, no Pará, que pretende mudar o mapa do transporte de grãos no país; a construção da rodovia 163, que liga Cuiabá a Santarém e sua duplicação; as agroindústrias que estão se instalando na região e a licitação já realizada para a construção de cinco ferrovias no Estado, prometem mudar radicalmente a nossa realidade nos próximos cinco anos”, frisa o diretor administrativo da Aprosoja.

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REPORTAGEM ESPECIAL

APROSOJA

Uma nova oportunidade vista pelos sulistas Quando deixaram suas raízes no sul do Brasil e partiram em direção a Mato Grosso, produtores rurais gaúchos, catarinenses e paranaenses foram atraídos pelas terras baratas, pelas belas paisagens e pelo clima propício à agricultura, mas sequer imaginavam que o solo no Centro-Oeste seria tão produtivo. “No início houve muitas dificuldades, e não sabíamos se seria possível produzir grãos numa região marcada pela pecuária”, lembra Nelson Piccoli, que também é migrante sulista. Mas, segundo ele, com o passar dos anos várias empresas se dispuseram a investir em pesquisa e melhoria genética das sementes, e foi aí que deu certo. “Apesar de termos muito o que melhorar ainda, somos quase excelentes, pois tivemos um grande avanço no melhoramento genético bem como na formulação certa de fertilizantes para o equilíbrio do solo”, observa. Entidades ligadas à agricultura também atuam na capacitação dos produtores, mantendo-os informados sobre tecnologias para melhorar a produtividade. Um fator que vem contribuindo muito para a eficiência da produção é o retorno

às fazendas, dos jovens, filhos de agricultores, que estão se graduando em faculdades de agronomia. “É um conjunto de bons procedimentos que tem feito com que a produção de soja seja tão boa em nossa região”, afirma Nelson Piccoli. Por outro lado, os associados à Aprosoja estão enfrentando um mesmo problema que agrava a cadeia produtiva em todo o país - as pragas e doenças das culturas. A perda de controle sobre o equilíbrio das lagartas e dos nematoides, causados por práticas rotineiras e intensivas de produção, como o uso de pivôs, a falta de rotação de culturas e de intervalo entre as lavouras (vazios sanitários), causou a proliferação de pragas e doenças do solo e está prejudicando fortemente a produtividade de grãos. “Sobre isso, é inaceitável a incompreensão dos órgãos federais, que não aprovam o uso de defensivos apropriados para o controle dessas pragas e doenças”, afirma Nelson Piccoli ao salientar que muitos desses produtos estão em uso em nos países de primeiro mundo, mas não são aprovados aqui, e quem perde com isso é a agricultura brasileira.

Uma entidade com as portas abertas “Nós, do Mato Grosso, gostaríamos que os produtores dos demais Estados fortalecessem as entidades representativas de classe, para que juntos tenhamos mais força para as conquistas almejadas pelo setor. Aqui tivemos um ganho muito grande para todo a cadeia, graças à união dos produtores e de suas entidades. Deixamos ainda as portas do nosso Estado abertas para todos os sulistas que querem conhecer ou investir aqui”. Nelson Piccoli – diretor administrativo da Aprosoja-MT

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REPORTAGEM ESPECIAL

Lucas do Rio Verde em novo cenário Há 33 anos, famílias oriundas de Ronda Alta/RS deram origem à cidade que hoje conta com cerca de 60 mil habitantes e um dos melhores IDH do país Da Redação Fotos: Divulgação

A

Origem do nome

s obras de abertura da rodovia BR-163, pelo 9º Batalhão de Engenharia e Construção (BEC), ligando Cuiabá a Santarém (PA), na segunda metade da década de 70, mobilizaram os primeiros colonizadores para esta região de cerrado situada no Médio-Norte de Mato Grosso e distante 350 quilômetros da Capital. No entanto, foi somente a partir de 1981, quando o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA) começou a implantar o projeto de assentamento de 203 famílias de agricultores sem-terra vindas de Ronda Alta (RS), que se formou a comunidade que deu origem a Lucas do Rio Verde. Outros 85 posseiros que já habitavam o local e mais 50 colonos vindos do interior de São Paulo também foram assentados em uma gleba de 198 mil hectares, pertencente ao município de Diamantino. No dia 04 de julho de 1988,

conquistou sua emancipação político-administrativa, contando com 5.500 habitantes. Três décadas depois da instalação do acampamento do 9º BEC, às margens do Rio Verde, esta moderna e dinâmica cidade em nada lembra aquele vilarejo onde tudo era difícil e precário. Hoje, seus 60 mil habitantes têm orgulho de viver nesta sociedade que em tão pouco tempo se tornou um pólo de desenvolvimento do estado e ficou conhecida por ter um dos melhores IDHs (Índice de Desenvolvimento Humano) do país, conforme relatório da Organização das Nações Unidas (ONU). O município conta, em sua estrutura administrativa com o distrito de Groslândia, e com as Agrovilas: Itambiquara, Nossa Srª. do Rosário, Campinho Verde, KM 30, Nossa Srª. Aparecida, Santa Bárbara, Santa Teresinha, São Cristóvão e Nossa Srª. Consoladora. Economia Fortalecida Com alta tecnologia e elevados índices de produtividade, a agricul-

tura do município desponta como uma das mais eficientes e foi fundamental para firmar-se entre os mais importantes pólos do agronegócio de Mato Grosso e do país. Responsável por 1% de toda produção brasileira de grãos, embora sua área ocupe apenas 0,04% do território nacional, o município agora ingressa de vez no seu segundo ciclo econômico. Um processo que evoluiu a partir de 2005, com o início da implantação da Usina Canoa Quebrada – um investimento gerador de mais 28 megawatts de energia que entrou em operação no início de 2007 e se consolida com a chegada de gigantes da indústria de transformação de alimentos. Com o agronegócio em franca expansão e o impulso dado para a verticalização da economia, Lucas do Rio Verde abre caminho para se tornar muito mais que um produtor primário altamente tecnificado e modelo de vida comunitária. O incentivo à instalação de novas empresas – através da isenção de impostos e da disponibilização de lotes sub-

n A denominação Lucas do Rio Verde é homenagem a Francisco Lucas de Barros e ao Rio Verde, curso d’água que corta o território municipal, assim chamado pela cor esverdeada que apresenta. n Francisco Lucas de Barros foi um seringalista, desbravador de sertões. Este homem, afeito à rudeza da selva, via na extração do látex sua motivação de vida. n Profundo conhecedor da região, teve seu nome perpetuado pela história ao emprestá-lo ao município de Lucas do Rio Verde..

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Cidade de Lucas do Verde, emancipada em 1981, congrega migrantes do Sul e de outras regiões do país

sidiados com toda a infra-estrutura necessária – evidencia a preocupação com o desenvolvimento sustentável e o equilíbrio social. Agricultura A produção agrícola é a principal mantenedora da economia regional, onde se encontra o município de Lucas do Rio Verde. Constitui-se também como a alavanca que impulsiona o crescimento econômico do Estado de Mato Grosso. As pequenas áreas de produção estão próximas à cidade, em chácaras que vivem da exploração comercial do leite e derivados, do plantio de hortaliças e frutas e da produção de mel, peixe e outros produtos. A comercialização se dá nos mercados e na feira do produtor. As médias e grandes áreas especializaram-se em produzir grãos e fibras como soja, milho e algodão. Algumas dessas áreas produzem em pequenas escalas feijão, arroz, sorgo, milheto e outros produtos

como forma de diversificação da produção e aproveitando o mercado momentâneo . n Produção da Soja O Brasil é o segundo maior produtor de soja do mundo, o Estado do Mato Grosso é o maior produtor do país e o município de Lucas do Rio Verde é considerado o 5° maior produtor do estado. Assim, a soja é o principal produto agrícola cultivado no município, sendo responsável quase que totalmente pela economia local. n Produção de Milho O município é um dos grandes produtores nacionais de milho segunda safra, especializando-se nessa cultura. O milho, além de atuar na cadeia regional, atua também nas cadeias produtivas de suínos e frangos de outros estados do país. Essa característica, impulsiona a produção local, que é uma das mais importantes para o Mato

Grosso. A agregação de valores através da diversificação econômica pode vir a gerar a industrialização do produto no mercado local trazendo geração de empregos e renda, impulsionando a economia da cidade, além de contribuir para o incremento da geração de imposto para os cofres municipais, sendo importante para o crescimento econômico e para o PIB municipal. n Produção de Algodão Apesar dos riscos e das poucas áreas de produção, o algodão é altamente competitivo e traz muitos benefícios para o município, principalmente para o setor industrial. Um fator importante da cultura é referente a tecnologia. Para cultivar o algodão, é necessário um grande investimento em máquinas e insumos, desde o plantio até a colheita do produto. Esse talvez seja o principal fator que impede que haja uma produção maior e mais áreas cultivadas no município.

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REPORTAGEM ESPECIAL

LUCAS DO RIO VERDE

Um pool agropecuário n Suinocultura A suinocultura é um investimento agregado junto à produção de grãos, podendo ser incorporada como uma alternativa rentável para as famílias rurais. O município de Lucas do Rio Verde conta com uma atividade potencial, pois produz milho e soja suficientes para a manutenção da cadeia regional, como de outros estados. A suinocultura é um investimento altamente viável devido à rapidez do retorno sobre o capital investido, pois essa é uma atividade de curto prazo. Um dos fatores importantes sobre essa atividade é a parceria que se forma em torno dessa produção. Empresas com potencial de investimentos têm nessa atividade sua fonte de sustentação bancando o financiamento para as estruturas, rações, matrizes e medicamentos, além de treinar a mãode-obra. Outro fator é o interesse pela carne suína em outros países. n Produção de bovinos Na bovinocultura de corte predomina a raça Nelore, criado em pastagens extensivas. Nos últimos anos as pastagens têm sido transformadas em áreas de lavouras restando um rebanho pequeno.

O confinamento vem surgindo como alternativa para uma terceira safra no município, sendo toda a produção de carne para exportação. “A nova unidade agroindustrial da Sadia visa ser uma referência no mercado tanto no que diz respeito à adoção dos mais avançados processos tecnológicos do mundo quanto à questão da sustentabilidade do negócio, considerando a preservação do meio ambiente, das comunidades e de todas as partes interessadas que estão sob a área de influência do empreendimento. Modernidade e desenvolvimento sustentável, aliás, norteiam como um todo o projeto da Sadia em Lucas do Rio Verde, construído numa região de transição entre os biomas da Amazônia Legal e do cerrado. Um bom exemplo nesse sentido é o programa Lucas do Rio Verde Legal, por meio do qual a Sadia e o Instituto Sadia são parceiros da Prefeitura, da Secretaria Estadual do Meio Ambiente, da Procuradoria Geral do Estado e da The Nature Conservancy (TNC), ONG que é uma das principais referências no tema no mundo, dentre outras organizações públicas e privadas do Mato Grosso.

As extensas áreas de pastagens estão deixando de existir, cedendo espaço para as lavouras, enquanto o gado vai para o confinamento

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atrações de lucas do rio Verde n Parque Municipal dos Buritis. A imensa área verde de proteção do Córrego Lucas deu origem ao Parque dos Buritis, uma reserva de preservação permanente que divide ao meio o perímetro urbano. n Lago Ernani José Machado. Este situa-se na área verde do Córrego Lucas, entre as avenidas Mato Grosso e Tocantins, onde foi construído um calçadão e trilhas para caminhada, além de uma ponte interligando os dois lados do lago. É um dos cartões postais do município, onde têm sido realizados eventos esportivos, artísticos e culturais. n Usina Hidroelétrica Canoa Quebrada. O nome foi dado a uma área do Rio Verde, a 15 km a jusante da PCH, por um proprietário de terras ribeirinhas, que teve sua embarcação quebrada na corredeira e chegou a instalar no local uma placa com a indicação “Canoa Quebrada”. Distante cerca de 35 km do centro da cidade, encontra-se a pequena Central Hidrelétrica Canoa Quebrada, com potência de 28 MW, energia suficiente para atender uma cidade de 100 mil habitantes. O lago formado com a instalação da usina é propício para o lazer, especialmente para passeios de barco e jet-ski. n Rio Verde. Conforme descrição do Projeto Brasil das Águas – Sete Rios 2007, o Rio Verde nasce no Cerrado e depois cruza o bioma da Floresta Amazônica. Sua foz está situada no Rio Teles Pires, limite tríplice dos municípios de Ipiranga do Norte, Sorriso e Sinop. Não há cachoeiras em seu percurso, apenas algumas corredeiras. A beleza natural, com suas águas limpas e suas matas, cria um potencial de turismo ecológico ainda não desenvolvido. Nos finais de semana algumas pessoas usufruem do Rio Verde para passeios de barco, caiaque, jet-ski, pesca e para tomar banho.


REPORTAGEM ESPECIAL

Sulistas fazem história em Mato Grosso OTAVIANO PIVETTA Natural de Caiçara (RS), Otaviano Pivetta é o terceiro dos sete filhos do casal Tilidio José Pivetta e Margarida Gelmina Faccin Pivetta, e pai de cinco filhos. Nascido em 1959, passou na cidade natal toda sua infância e adolescência. Mato Grosso era uma terra distante e estranha para o jovem Otaviano Pivetta, quando, em 1983, chegou a Lucas do Rio Verde transportando a mudança do tio Izidoro Pivetta e carregando o sonho de se tornar proprietário rural. Os primeiros anos foram difíceis e de grandes desafios, mas vontade de trabalhar e ousadia fizeram com que prosperasse nas atividades agropecuária e empresarial. Bem sucedido na atividade privada, Otaviano Pivetta sentiu a necessidade de exercer a cidadania também no setor público. Assim, em 1996, se candidatou e venceu a eleição para prefeito de Lucas do Rio Verde, tendo sido reeleito em 2000. No comando do município, levou para a administração pública sua visão empresarial, transformando a pequena cidade num novo modelo de sociedade, com um dos melhores índices de desenvolvimento do Brasil e entre as primeiras em IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) de Mato Grosso. Implantou o sistema de gestão de resultados e deixou para a sociedade luverdense grandes legados, com destaque para a educação, saúde, habitação, saneamento básico, urbanização e infraestrutura. Desde que chegou a Mato Grosso, Otaviano Pivetta se dedicou à agricultura e ao movimento comunitário, tendo sido fundador de muitas entidades, associações e cooperativas. Em 1991, fundou a Intercoop (Integração das Coo-

perativas do Médio Norte de Mato Grosso), por meio da qual viabilizou o crescimento da suinocultura na região e a construção da marca “Excelência”. Como empresário rural, investiu na produção de soja, algodão, arroz, milho, suínos e bovinos e tornou-se um dos maiores expoentes da agropecuária mato-grossense e um dos maiores exportadores brasileiros do setor. É fundador, acionista majoritário e membro do Conselho de Administração da Vanguarda Agro S.A. Como líder político, Otaviano Pivetta encabeçou movimentos de prefeitos e empresários em torno de questões cruciais para o desenvolvimento, entre elas, a luta pela conclusão da BR-163 até Santarém, no Pará, e a implantação do Programa MT Legal, que se destina à regularização dos passivos ambientais das propriedades agropecuárias de Mato Grosso. Eleito deputado estadual em 2006, defendeu incansavelmente que o Estado precisa cuidar melhor do cidadão e foi intransigente na defesa da transparência na aplicação das verbas públicas. Sua atuação foi determinante para atrair para Mato Grosso investimentos de empresas como a Sadia, Perdigão, Bunge e Bertin, dentre outras.

Blairo Maggi Poucos empresários rurais conseguiram lapidar sua imagem tão bem como Blairo Maggi, um dos maiores produtores de soja do mundo. Em 2006, quando era governador de Mato Grosso, recebeu o premio “Moto Serra de Ouro” do Greepeace, por ser o brasileiro que mais contribuiu para a devastação da floresta. Quatro anos depois, em 2010, os líderes do Greepeace o presentearam com uma caixa de bombons de cupuaçu, fruto de uma árvore da Amazônia brasileira. Blairo Maggi foi premiado pelo sucesso do programa MT Legal, que cadastrou 20 milhões de hectares de propriedade, cerca de 50% da área de produção de todo Mato Grosso até o ano de 2011. O Grupo Maggi gera um volume de US 4 bilhões em impostos pagos ao governo, resultado das receitas anuais provenientes da agricultura, energia, exportação e navegação. O ex-governador do Estado é atual senador da República (PR-MT) e passou de desmatador a ambientalista.

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Escola Cora Coralina

Vista área atual da cidade de Nova Mutum

Frigorífico Excelência

Crescimento acelerado e qualidade de vida Boas características geográficas e clima favorável tornam o município de Nova Mutum propício para a produção agropecuária Da Redação Fotos: Divulgação

N

os últimos dez anos a população de Nova Mutum aumentou mais de 113%, uma proporção bem acima do nível médio do país. Os dados do Censo Demográfico 2010, realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE confirmou 31,6 mil habitantes, ante os 14,8 mil registrados no ano de 2000. Em 2012 a estimativa já era de 34,3 mil. O melhor de tudo é que essa população conta com um Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), de 5,3. O índice é medido através do fluxo escolar e das médias de desempenho nas avaliações. Para chegar a este índice a cidade conta com escolas municipais e estaduais muito bem preparadas e com profissionais qualificados. O Centro Municipal de Educação Básica Integral, Cora Coralina, localizada no Bairro Edelmina Querubin Marchetti, é um exemplo da importância que a administração municipal dá à educação. Nes-

se ambiente amplo e muito bem equipado, são atendidas cerca de 370 crianças somente com idade entre 04 e 05 anos. O município também contribui para que o Estado tenha um excelente IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) que mede o grau de desenvolvimento econômico e a qualidade de vida oferecida à população. De acordo com o último levantamento, o IDH de Nova Mutum alcançou 0.758, ficando atrás apenas de Cuiabá, que lidera o Ranking estadual, e Lucas do Rio Verde, que está em segundo. Quem lidera o ranking é São Caetano do Sul, em São Paulo, com índice de 0,862. O IDH do Mato grosso é de 0,801, enquanto que geral do país é de 0,727. No quesito renda per capita, o município também de destaca no cenário estadual e está entre os cinco municípios em que os moradores possuem maior poder aquisitivo Projetando um futuro melhor Ao visualizar que a cidade está em pleno crescimento, o prefeito

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de Nova Mutum Adriano Xavier Pivetta instituiu um grupo gestor para desenhar um novo planto diretor ao município que é destaque pela economia baseada na industrialização animal, empresas de renome internacionais e agricultura com destaque na exportação. O projeto vem sendo desenvolvido com base em reuniões realizadas junto às entidades representativas e pessoas da comunidade, com quem o grupo debate as propostas e projetos de um crescimento sustentável da cidade nos próximos 20 anos, com a distribuição da área de comércio e serviços. Coincidentemente, o Plano Diretor de Nova Mutum espelha-se na nossa vizinha Toledo. Essencialmente agropecuário Apesar das extensas áreas dos pioneiros do município, atualmente o maior número de agricultores possui menos de 100 hectares de terra, sendo que menos de 30% dos produtores rurais possuem fazendas com áreas superiores a mil hectares.


Bunge Alimentos

Frigorífico BRF

Como um município essencialmente agrícola, Nova Mutum tem na soja o seu carro chefe, com área plantada de 358,6 mil hectares. Em segundo lugar vem o milho, com menos da metade dessa área plantada, seguido pelo algodão e uma pequena área de fruticultura, basicamente melancia e maracujá. No setor de pecuária, a bovinocultura de Corte conta com o maior rebanho, cerca de 110 mil animais, enquanto que a bovinocultura de leite é pouco representativa, com apenas 320 animais. O município também conta com produções de aves e suínos em plantéis consideráveis e, ovinos, caprinos e equinos, em lotes menores. Boas características ambientais e geográficas Para quem mora no Sul, tem-se a impressão de que o Mato Grosso sofre com a falta de chuvas, entretanto, a média de precipitações na região revela o contrário, a média anual é de 2.200mm, com a umidade relativa do ar chegando a 80% no período chuvoso. Sendo que na época de estiagem cai para 35%. Além disso, Nova Mutum está localizado na Bacia Amazônica, de onde fluem importantes rios que cortam o município, tais como o Rio Verde, Rio Arinos, Rio Ranchão, Rio Novo, Rio Beija-Flor, Rio dos Patos, Rio Moderno e Rio Piuvão. O relevo da região se caracteriza por ser plano, com declive não superior a 3% e se constitui em parte da Chapada dos Parecis. Já a vegetação é composta de cerrado, cerca de 70% e de mata, 30%.

Indústria Inova

Mais uma história escrita por sulistas Antes de ser colonizada a região era conhecida como “Irmandade” e pertencia a Jorge Rachid Jaudy. Em 1966 um grupo de empresários paulistas adquiriu uma extensa área de terras, de aproximadamente 169 mil hectares no município de Diamantino, constituindo a Mutum Agropecuária S/A. Ali implantaram um projeto de pecuária em área de 120 mil hectares, dos quais mantiveram 60 mil hectares em reservas florestais. O projeto consistia em cria, recria e engorda de bovinos, divididos em dois grandes núcleos: Arinos e Mutum. Como a área era muito grande houve a ideia de gerar oportunidades para novos pioneiros. Assim, em 1974, iniciaram experimentos com arroz, milho e soja. A empresa destacou então 100 mil hectares para a colonização. Era o início da febre da conquista do Centro-Oeste e da última fronteira agrícola do país. Os tamanhos dos lotes vendidos variavam conforme a disponibilidade financeira dos compradores, em geral ficando entre 150 e 400 hectares.

O agrônomo gaúcho Luiz Carlos Ferreira Bernardes, por meio da empresa Eldorado de Porto Alegre, foi o responsável pela elaboração do projeto que criou a colonização de Nova Mutum em 1977 a convite do Dr. Ribeiro. A colonizadora construiu logo no início 10 casas e a matriz numa vila aberta provisoriamente por trator de esteira. Em seguida uma escola e um centro comunitário, posto de saúde, um alojamento para abrigar os compradores de terra e uma hidroelétrica para a energia inicial. Para o centro urbano foram reservados 551 hectares. Quem adquirisse um lote rural, recebia de bonificação dois terrenos urbanos. Os primeiros agricultores a ocupar suas terras foram Antônio Darold e filhos e Alfredo Horn, em Santo Antônio, onde ainda residem. .Em seguida, outros imigrantes foram chegando, todos se estabelecendo em Santo Antônio e Nova Esperança. Todos os primeiros moradores da região vieram do Rio Grande do Sul e Santa Catarina.

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REPORTAGEM ESPECIAL

Soja em produção extensiva Graças a esta oleaginosa, a agricultura brasileira tem registrado um crescimento exponencial nos últimos anos, transformando-se em uma das mais sustentáveis do mundo Por V-agro Vanguarda Agro SA Fotos: divulgação

Com seu clima mais ameno, o Sul do Brasil sempre ofereceu boas condições de clima para a produção, mas, com o passar dos anos suas terras foram ficando muito caras, impossibilitando a expansão da produção agrícola. Com a possibilidade de fazer mais dinheiro com o plantio em áreas maiores, muitos agricultores venderam suas pequenas propriedades do sul e se mudaram para áreas maiores no Cerrado. Entretanto, as variedades existentes na época e cultivadas no Sul não foram de todo adaptadas para as regiões mais baixas do Cerrado. Isso fez com que as empresas de pesquisas, a exemplo da Embrapa, da Fundação Mato Grosso, entre outras, desenvolvessem tecnologias apropriadas para a nova fronteira agrícola. As plantas tiveram que ser adaptadas ao menor número de horas de sol e um clima muito diferente. Através do melhoramento genético a iniciativa teve sucesso e, gradualmente, a região se transformou na mais importante paisagem agrícola vista atualmente. Um desses migrantes do Mato Grosso é hoje o maior produtor de soja no Brasil. Ele cobre uma área maior do que a da França e Alemanha juntas e produz mais de um quarto de toda a soja do Brasil. Outra fazenda, a Tucunaré, do grupo Maggi, localizada em Sapezal, com seus 44 mil hectares colhe mais que três toneladas de soja por hectare.

Os resultados da pesquisa A Embrapa teve um papel muito importante nesse desenvolvimento de produção de grãos do cerrado mato-grossense bem como na agricultura como um todo. Foi ela quem preparou o palco para alguns acontecimentos que transformaram a nação sul-americana no celeiro do mundo. Hoje, poucos países conseguem corresponder à experiência do Brasil neste setor. Através de tecnologias e métodos modernos, os agricultores brasileiros aumentaram a produção em mais de 250 por cento nos últimos 20 anos, apenas na soja. Isso fez com que a agricultura tropical do país, avançasse em eficiência. “A grande explosão come-

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Em 2014 os agricultores brasileiros colheram mais de 80 milhões de toneladas da oleaginosa a partir de quase 30 milhões de hectares plantados

çou quando Embrapa introduziu novas variedades de soja especificamente criadas para Centro-Oeste do país”, explica Gerhard Bohne, diretor de Operações de Negócios da Bayer CropScience Brasil. “Este passo consolida a soja como cultura principal da agricultura brasileira”, diz. O Cerrado se localizado no grande platô que ocupa o planalto central. Influenciado pelos quatro biomas circunvizinhos, a fauna e a flora do Cerrado são extremamente ricas e o clima é quente e semiúmido. Inovação tecnológica Mas as novas abordagens para a agricultura do Brasil não param aqui. A Embrapa tem lançado vários métodos que estão provando ser bem sucedido em todo o país. Duas delas são praticadas na fazenda do grupo V-Agro Ribeiro, a fazenda do Céu, que trabalha com o Sistema Plantio Direto, baseado em três princípios: não arar antes do plantio, mantendo o solo coberto com resíduos vegetais ao longo do ano e rotações regulares das culturas. Volnei Vasconcelos Vieira, gerente da exploração agrícola na V-Agro, em Nova Mutum, destaca que a primeira é a Fixação Biológica de Nitrogênio (BNF). “Ao lado de fotossíntese, este é um dos processos naturais mais importantes do planeta”, diz. As bactérias, chamadas de “rizóbios”, estabelecem simbiose com as raízes das leguminosas e formam estruturas nodulares. É ali que eles capturam


REPORTAGEM ESPECIAL

Em extensas áreas de terra, o grupo Vanguarda Agro cultiva soja, milho e algodão

e fixam o nitrogênio atmosférico. Esse nitrogênio é então transformado e colocado à disposição da planta hospedeira. A Embrapa identificou dezenas dessas bactérias capazes de fornecer nitrogênio para diferentes culturas. Mas o exemplo é de grande importância econômica para os produtores de soja do país. “BNF é capaz de fornecer todo o nitrogênio necessário, mesmo para variedades de alto rendimento”, diz Vieira. A tecnologia é agora adotada em todas as áreas cultivadas com soja no Brasil - no total, cerca de 24 milhões de hectares. Ao reduzir a necessidade de fertilizantes nitrogenados convencionais, BNF resulta em uma economia anual de cerca de sete mil milhões de dólares. Rotação de culturas e cobertura do solo Outro método agrícola utilizado é o Sistema Plantio Direto. “Este é um dos sistemas agrícolas mais eficientes e sustentáveis praticadas hoje”, diz Vieira. E seus benefícios são diversos: minimiza a perda de solo por erosão, permite a conservação das propriedades do solo, aumentando a sua matéria orgânica e reduz o gasto de energia e custos de produção. Ele também permite que os agricultores possam produzir duas safras por ano, porque o milho, trigo ou algodão podem ser plantados logo após a colheita de soja. Em 2014, mais de 52 mil hectares de terra foram cultivados na fazenda

da V-Agro, que também está focada em alcançar maior produtividade e ao mesmo tempo tentando manter o meio ambiente. A colheita principal da fazenda é de soja. Mas também produz milho, trigo, aveia, feijão e carne. Suporte e parceria com empresa privada Todos esses exemplos têm feito agricultura mato-grossense altamente produtiva. Mas isso não seria possível sem produtos altamente eficazes de proteção das culturas. Pois o clima tropical também é propício para o desenvolvimento das pragas e doenças. A Bayer CropScience desenvolveu soluções eficazes para resolver os dois principais problemas detectados nesse sistema, a lagarta Helicoverpa e um fungo conhecido como Ferrugem Asiática e disponibiliza vários produtos, tais como Cropstar, Belt e Fox que são bem conhecidos e utilizados no Brasil para proteger campos de soja de pragas e doenças “, explica Bohne. Outro problema é nematóides: pequenos vermes que infestam as raízes da planta e se espalhou rapidamente. Para isso, a Bayer desenvolveu soluções biológicas de ponta, que empregam uma barreira natural formada por bactérias corte. Na área de plantas daninhas Bayer está atualmente trabalhando em novas variedades que são resistentes ao glufosinato. Estas representam uma solução promissora para combater crescentes resistên-

cias de ervas daninhas, e logo estarão disponíveis para o mercado brasileiro. “Biologics e traços, os produtos convencionais, o tratamento de sementes e AgroServices são nossos quatro pilares da gestão integrada das culturas”, diz Bohne. Tecnologias como estas, oferecidas pela Embrapa e Bayer Crop-Science estão transformando o Brasil em um dos produtores de alimentos mais sustentáveis do mundo.

Vanguarda Agro É uma empresa produtora de commodities agrícolas, com foco na produção de soja, milho e algodão e valorização de terras. Possui 13 unidades de produção estrategicamente localizadas em cinco estados brasileiros (Mato Grosso, Goiás, Minas Gerais, Bahia e Piauí), totalizando uma área sob gestão de aproximadamente 253,5 mil hectares. Além disso, possui equipamentos e ativos complementares à sua operação agrícola, a saber: n 1.109 equipamentos agrícolas, sendo 1.002 próprios. n 12 unidades de armazenagem, sendo seis próprias. n 4 algodoeiras próprias.

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REPORTAGEM ESPECIAL

Empresa investe na produção e promove consumo de peixes Há uma tendência natural das pessoas em adquirir alimentos mais saudáveis, o que deve aumentar a comercialização de peixes no país

Pedro Furlan Criou a Nativ Ind. de Pescados Amazônicos, em 2008

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mbora o consumo de peixes no Brasil tenha aumentado significativamente nos últimos anos, passando de quatro para nove quilos por habitante/ano, os pescados ainda representam pouco no consumo total de proteínas, 8%. Isto é menos do que aves (40%), os bovinos (39%) e os suínos (13%). O volume também representa metade da média mundial de consumo, que é de 18 kg/ano.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda o consumo per capita de 12 kg de peixe por ano por habitante. Esses dados mostram que ainda há um espaço significativo para o aumento do comércio do produto no país. Um dos entraves para o aumento do consumo no Brasil é o preço do peixe, considerado caro. Com o processo industrial, e produção em grande escala, é possível disponibilizar aos consumidores um produto mais acessível. Com foco nesse mercado e visando atender às expectativas dos consumidores, que buscam produtos de menor custo e fáceis de preparar, a Nativ - Indústria Brasileira de Pescados Amazônicos, criada em 2008 por Pedro Furlan, um bisneto de Atílio Fontana, fundador

Sede da Indústria em Sorriso/MT 32 I Julho/Agosto de 2014 I paraná rural

da Sadia, passou a industrializar pescados prontos para o consumo e investe para tentar mudar esse quadro. Foco no público consumidor A Nativ tem sede em Sorrizo/ MT onde implantou uma estrutura planejada para atender os mercados mais exigentes em termos de qualidade do produto e principalmente de segurança alimentar. Tanto é que, preocupada com a garantia de procedência dos produtos, investiu na produção verticalizada, sendo responsável por 100% da produção de todos os alevinos e, junto com parceiros, faz a engorda dos peixes que abate. O Centro Tecnológico de Re-

Linhas de processamento industrial


REPORTAGEM ESPECIAL

produção e Engorda está situado a 50 km do centro da cidade de Sorriso e é composto de uma unidade para reprodução e uma unidade para engorda. Ele possui área total de 225 hectares, com 112,5 hectares de área construída. A unidade de reprodução tem capacidade para produzir até 5 milhões de alevinos por ano e sua infraestrutura conta com 83 tanques escavados de alevinagem, 45 tanques escavados de engorda, além de laboratórios de análise físico/química, instalações administrativas, depósitos de máquinas, equipamentos, ração e sala de medicamentos. Enquanto que a capacidade de abate é de 22,5 mil quilos por dia O frigorífico está instalado às margens da BR 163, apenas a 5 km do centro da cidade de Sorriso, em uma área de 10 hectares, com 3.900 m² de área construída. As dependências industriais têm temperatura controlada e rígido controle sanitário. Além da estrutura tecnológica do moderno abatedouro, a reprodução também possui um rigoroso sistema de rastreabilidade. Um software monitora desde o momento que o alevino é gerado, quem são seus pais, em que

tanque cresceu, qual foi sua alimentação, com que idade foi abatido, que produtos gerou, onde ficou armazenado e para quem foi vendido. A empresa investiu R$ 100 milhões para construir os tanques, que hoje produzem entre 5 mil e 6,4 mil toneladas de peixes por ano. A ideia é vir de encontro à tendência do consumidor, de procurar alimentos mais saudáveis, o que deve elevar o consumo de peixes no país. Uma linha diversificada A Nativ comercializa uma linha Premium de peixes de cultivo composta por produtos congelados in natura e empanados. As espécies produzidas e comercializadas são o Tambaqui, o Pintado da Amazônia e a Tilápia. Da indústria sai a linha de produtos in natura, que são os cortes de peixes prontos para diversas receitas, e os empanados, que visam facilitar o dia-a-dia de quem quer muita praticidade sem abrir mão de uma refeição saudável.

Linha de produtos conta com empanados e in natura

Produtos empanados w Hambúrguer de Tambaqui empanado w Fish Bits – empanado de peixe congelado w Crispy Fish – empanado de peixe congelado w Tirinhas de filé de Tambaqui w Tirinhas de filé de Pintado da Amazônia w Filé de Tambaqui Empanado w Filé de Pintado da Amazônia Empanado w Filé de Tilápia empanado w Tirinhas de Tilápia empanadas w Hambúrguer de peixe

Tanques de produção de alevinos em Sorriso/MT paraná rural I Julho/Agosto de 2014 I 33


A nutrição ideal para as plantas

34 I Julho/Agosto de 2014 I paraná rural


AGRICULTURA

Um novo conceito em tecnologia de produção mostra que, quanto melhor for a nutrição da planta, maior será a produtividade Da Redação Fotos: Sérgio Sanderson e Lurdes Guerra

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Ninguém pode parar no tempo. Para resistir na agricultura é preciso produzir mais e melhor a cada ano. Mas como aumentar a produção sem aumentar as áreas de plantio? Somente melhorando a produtividade. Um processo que exige conhecimento e planejamento por parte de quem está na atividade. Para fazer uma boa safra é necessário compreender e implementar na propriedade, de forma qualificada, um pacote tecnológico que inclui cuidados com solo, sementes adequadas e o controle de pragas, doenças e ervas daninhas. Entretanto, “dentre todos os fatores, a maior deficiência dos agricultores está em investir no aspecto em que terão maior retorno, a alimentação da planta”. A explicação é do engenheiro agrônomo e gerente da Coopavel, Rogério Rizzardi. Segundo ele, os produtores já sabem fazer um bom controle de pragas e doenças, e dominam as tecnologias relativas a sementes, mas falta conhecimento sobre como alimentar corretamente uma planta. “A culpa não é dos agricultores, pois o tema é bastante complexo”, afirma. A principal dificuldade está em entender o processo nutricional, e observar as regras dos quatro ‘C’ - produto certo, dose certa, local certo e época certa. “Quando o assunto é variedades e híbridos, estes estão sob o domínio dos produtores, porque se tornam visíveis nas plantas; já o aspecto nutricional é de difícil visualização, o que aumenta o grau de dificuldade para compreendê-lo”, explica Rizzardi.

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AGRICULTURA

No dia em que o agricultor aprender a alimentar as plantas corretamente, todo o processo irá evoluir. E o primeiro passo, de acordo com Rizzardi, é compreender que toda planta de soja, de milho, ou de qualquer outra cultura, é um ser vivo, e enquanto ser vivo tem suas exigências nutricionais, ou seja, precisa “alimentar-se” para expressar o seu potencial produtivo. E a partir disso, associar as tecnologias necessárias para o bom desenvolvimento da lavoura. Uma vaca precisa ter boa genética para produzir bem, mas o que determina a quantidade e a qualidade do leite é o que ela come e não apenas a sua genética. As lavouras não são diferentes, segundo Rizzardi: “As sementes podem ter boa genética, mas é o alimento cedido às plantas que vai se transformar em grão maior, mais pesado e em mais quantidade”. Se a permanência do agricultor na atividade passa pelo incremento da produção e dos índices de produtividade, a alternativa é trilhar o caminho da eficiência. “Quem continuar produzindo 60 sacas de soja por hectare, pode estar com os dias contados. Nossa média deveria ser 100 sacas por hectare”, comenta o engenheiro agrônomo. Ao lado de sojicultores que colhem 60 sacas há outros, em áreas vizinhas, cultivando as mesmas variedades, que produzem 80 ou 90 sacas por hectare. “O diferencial está na nutrição da planta”, completa Rizzardi. O passo a passo Da fertilização O produtor rural deve, em primeiro lugar, buscar conhecimento, informar-se sobre o que é nutrição da planta e como funciona esse processo. Depois, avaliar e quantificar a porção de cada nutriente que há no solo da sua lavoura. Ou seja, o que o produtor construiu até hoje. A análise precisa identificar os vá-

RIZZARDI. É preciso compreender e investir no processo nutricional das plantas para melhorar a produtividade das lavouras

rios nutrientes necessários para A quantidade de fertilizantes alimentar as plantas, e não apenas aplicada é que vai se refletir na proo trio NPK. O que vale é detectar dutividade. Ou seja, se o agricultor e suprir o que está com deficiência, fornecer alimento para a planta prosejam macro ou micronutrientes. duzir 60 sacas por hectare, é isso “Ter elementos de sobra também que ela vai produzir. Mas se o foco não é eficiente. O que vale é o equi- for 100 sacas, então é preciso inveslíbrio, pois todos tir nisso. “Esse é são importantes”, o desafio”, afirma afirma o agrôno- O agricultor tem Rizzardi ao salienmo. tar que é impresque querer melhorar. cindível mudar o O terceiro passo é adquirir ferti- Se estiver estimulado, conceito, para se lizantes de qualieficiente na vai em busca de quem tornar dade. A produtiviprodução agrícola. dade não vem de tem o conhecimento graça. É preciso Te c n o l o g i a e subirá degrau por completa investir e tomar degrau” cuidado na hora Para trabalhar de comprar o protodo o pacote tecduto, pois há muinológico é precitos fertilizantes com formulações so começar pelo solo, a parte mais mal elaboradas no mercado. importante, pois é nele que se es-

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AGRICULTURA

tabelecem as raízes, ou seja a boca da planta, por onde ela absorve os alimentos. “Quanto melhor for o desenvolvimento radicular, mais a planta irá se alimentar”. O equilibrio é fundamental Num segundo momento entra a nutrição foliar, para equilibrar os micronutriente - estes devem ser aplicados de forma qualificada. De acordo com Rizzardi, “se não corrigir na base, não adianta usar o fertilizante foliar”. Ele lembra que também é preciso fazer a análise foliar para avaliar as deficiências e o potencial das plantas e assim corrigir o solo para a próxima safra. As análises do solo e da folha podem ser feitos por qualquer laboratório. O importante é solicitar o levantamento de todos os nutrientes e buscar uma boa assessoria técnica para fazer a leitura dessa análise e compor a formulação dos fertilizantes necessários. É recomendável fazer a análise anualmente e comparar com as anteriores, para ver o que já evoluiu e o que falta melhorar. “Atualmente, para cada tonelada que se deseja produzir, é possível saber a quan-

tidade de nutrientes que se deve ter disponível para a planta. A produtividade depende da escolha da variedade, da correção do solo, da época de plantio e do alimento fornecido à cultura”, resume Rizzardi, observando que cada variedade tem suas características particulares em termos de época de plantio e manejo. Evolução dentro das possibilidades Para produzir bem, uma planta precisa ser bem nutrida. Entretanto, cada produtor precisa avaliar o que lhe é economicamente viável. Poucos conseguem pular de 60 para 100 sacas por hectare, de uma safra para outra, mas todos podem evoluir gradativamente, passando de 60 para 70, depois 80 e assim sucessivamente. Os alimentos fornecidos às plantas podem ser por meio da semente, incorporados ao solo, a lanço no solo e por via foliar. A avaliação do estágio nutricional pode ser feita através da análise foliar ou da produtividade da lavoura. Assim sendo, as deficiências detectadas deverão ser supridas na mesma safra, se possível, ou nos anos seguintes.

A nutrição que faz a diferença Enquanto a planta está na fase de desenvolvimento, sua função é de absorver os nutrientes nas folhas e ramos; passada essa fase, entra para o período de frutificação, o que exige água como veículo para retirar esses nutrientes e deslocá-lo para os grãos, na sua formação, determinando assim o peso, a quantidade e o tamanho desses grãos. E é isso que determina a produtividade. Após o consumo de todos os nutrientes a planta seca, possibilitando a colheita. Por isso algumas lavouras secam antes, porque possuem menos nutrientes e, consequentemente, rendem menos. Há ainda o aspecto hídrico da planta. Quanto mais nutrida ela está, mais resistente se torna à estiagem. É comum haver lavouras contíguas, cultivadas com os mesmos híbridos ou variedades, no mesmo período, que reagem de maneira diferente à falta de chuvas. Uma sofre mais, outra apresenta maior ou menor resistência. Isso ocorre porque houve investimento diferenciado na estrutura física e química desse solo.

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AGRICULTURA

Controle de ervas daninhas da soja

Para evitar maior infestação das lavouras no verão, a estratégia é não deixar as plantas daninhas produzir sementes na época de pousio

É melhor começar o controle das ervas invasoras no período da entressafra, quando o solo descoberto favorece a proliferação

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e acordo com os pesquisadores da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) é comum ocorrer a multiplicação de plantas daninhas no período de entressafra da soja, porque o solo está descoberto, favorecendo sua proliferação. Por isso, é neste período que os produtores devem iniciar o manejo destas invasoras, enfatiza o pesquisador Dionísio Gazziero, da Embrapa Soja. Quando se colhe a cultura de inverno, o solo fica em pousio, as plantas daninhas têm facilidade de se multiplicar e produzir sementes. “É na entressafra que os produtores precisam evitar o aumento do banco de sementes de plantas daninhas que possam prejudicar a soja durante a safra de verão”, explica Gazziero. “Na região mais fria do sul do Brasil o pousio pode coincidir com o outono, mas a estratégia é a mesma, ou seja não deixar as infestante produzir sementes”. Segundo ele, é fundamental controlar a buva e o capim amargoso na entressafra, porque germinam com muita facilidade nesse período, assim como a trapoeraba, o amendoim bravo, o picão-preto, entre outros. “O reconhecimento prévio das invasoras predominantes na área é importante porque ajuda na escolha do manejo adequado”, ressalta. Gazziero reforça que entre os métodos utilizados para controlar

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as invasoras na entressafra estão o controle mecânico (retirada manual das invasoras e que tem sido comum no caso de infestação de buva e de amargoso presentes na soja) e o químico, com a aplicação de herbicidas. “Outra prática importante é o chamado controle cultural que preconiza a utilização de espécies de inverno que possam formar uma boa palhada para inibir as plantas daninhas”, ressalta. Entre as espécies que podem ser utilizadas estão a aveia, o trigo, a braquiária ruziziensis, consorciada ou não com o milho de segunda safra. lavouras de inverno favorecem o manejo Gazziero destaca a importância que tem a cultura agrícola semeada no inverno para o manejo das plantas daninhas. Isso porque o trigo e a aveia, por exemplo, produzem uma quantidade de palha que retarda o crescimento das plantas daninhas. “Se a cultura anterior for o milho, que produz uma palha de menor qualidade do ponto de vista de cobertura uniforme do solo, teremos mais problemas, especialmente com buva, cujo pico de germinação das sementes coincide com a colheita do milho. E assim, as plantas daninhas encontram boas condições para se desenvolverem.”, diz Gazziero. Para o pesquisador, depois da colheita da safra de inverno, as


AGRICULTURA

Embrapa Soja

aplicações sequenciais de herbicidas na entressafra têm proporcionado excelentes resultados, principalmente quando se trata de espécies de difícil controle. “No caso do milho, a primeira aplicação geralmente ocorre cerca de 15 a 20 dias após a colheita da cultura comercial ou espécie cultivada para cobertura do solo”. Se a cultura anterior for o trigo, este período pode ser mais estendido. “Não é possível fazer uma recomendação única para todos os produtores, porque a decisão vai depender da região, da cultura antecedente e das condições climáticas”, diz. “Além disso, o número de aplicações e as doses a serem utilizadas variam, em função das plantas daninhas na área e seu estádio de desenvolvimento”. Nesse sentido, Gazziero destaca a importância do diagnóstico da área que ajudará no planejamento das aplicações.

Otimizar o uso dos herbicidas O método mais utilizado para controlar as invasoras é o químico, por meio do uso de herbicidas. De acordo com o pesquisador Fernando Adegas, da Embrapa Soja a eficiência dos herbicidas aumenta quando aplicados em condições favoráveis. “Por isso, além de se fazer o mapeamento plantas daninhas presentes em cada área, é fundamental que se conheça as especificações dos produtos antes de sua utilização, assim como a regulagem correta do equipamento de pulverização para evitar riscos de deriva e de toxicidade ao homem e à cultura”, diz Adegas. O pesquisador ressalta ainda que é preciso investir na rotação dos mecanismos de ação dos herbicidas, como alternativa para prevenir e ou solucionar problemas de plantas tolerantes e resistentes.

Informações importantes nNão aplicar herbicidas pósemergentes no orvalho ou imediatamente após chuva; nNão aplicar com ventos fortes (>8 km/h), mesmo utilizando bicos para redução de deriva; nPode-se utilizar baixo volume de calda (mínimo de 100 L ha-1) o clima for favorável e observandose as as indicações do fabricante (tipo de bico, produtos); n A umidade relativa deve ser superior a 60%; n Utilizar água limpa; nNão aplicar quando as plantas estiverem sob estresse hídrico; nPara facilitar a mistura do herbicida trifluralin com o solo e evitar perdas por volatização e fotodecomposição, o solo deve estar livre de torrões e preferencialmente, com baixa umidade.

PRODUTIVIDADE é prejudicada em lavoura de soja infestada por buva

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Um novo conceito em pulverização agrícola Agroferti Indústria e Comércio é uma empresa especializada na Tecnologia de Baixa Vazão, que utiliza um novo método para aplicação de defensivos. Este novo conceito de trabalho vem sendo realizado já há dois anos pela empresa na região e, nos agricultores que adotaram a técnica de pulverização obtiveram resultados surpreendentes. A Tecnologia de Baixa Vazão vem para aprimorar e melhorar os custos operacionais e horas/máquinas na agricultura, bem como reduzir a perda de produtos por deriva. O $uce$$o desse novo negócio vem somar-se a vários fatores que possibilitam um resultado excepcional na lavoura. Dentre os fatores devemos considerar que as empresas de equipamentos de pulverização estão com produtos modernos no mercado, sem falar que o manejo, limpeza, horário de aplicações, manutenção das máquinas e bicos adequados são imprescindíveis nessa técnica. Na pulverização de alta vazão utiliza-se em média 130 litros de água por hectare, ou seja, teria que molhar a planta para funcionar o defensivo utilizado, perdendose muito com DERIVA e escorrimento do produto. Porém estudos comprovam que a eficiência de uma aplicação depende de uma boa deposição de gotas e do alvo alcançado. A nova tecnologia possibilitou a utilização de 40 à 60 litros por hectare, aumentando a área de aplicação com mesmo volume de água no tanque e, diminuindo o tempo com máquina parada para abastecimento. Também reduz em 25% a perda de defensivos em aplicações, o que garante a cobertura de gotas nas plantas e evita perdas por escorrimento, além do maior direcionamento da gota no alvo.

A Agroferti, também é fabricante de adubo foliar, da marca CERTO, produto desenvolvido para auxiliar na nutrição das plantas. Certo é recomendado para uso de BAIXA VAZÃO, adaptando-se em qualquer tipo de vazão utilizado em pulverizadores e aviões agrícolas. Este produto evita danos em equipamentos e incompatibilidade de produtos, possui fórmula extra de emulsificações condicionando uma calda livre de cristalizações. Ele também aumenta a eficiência dos produtos químicos mesmo em condição pós-chuva. Na sua composição contém surfactante, um princípio ativo que cria ambiente maior de deposição de gotas. Aplicando-se em condições de orvalho ou garoa leve, tem-se a quebra de tensão superficial da gota não havendo percas por escorrimento. CERTO possui uma grande quantidade de nutrientes necessários para um bom desenvolvimento para planta proporcionando assim resultados significativos na produção. Contribui no processo de equilíbrio de PH de calda, com efeito, tamponante estabilizando e adequando o produto utilizado para um melhor desempenho da aplicação. Através de uma moderna tecnologia, por meio de cargas negativas e positivas a queda de deriva se dá pelo processo da atração. CERTO estimula uma aceleração e ativação nas aplicações para dessecação, dispensando o uso de espalhante. E ainda colabora nas funções do processo de aplicação foliar e na ativação da fotossíntese proporcionando assim rápida a absorção do produto pela planta. CERTO não produz FITO TOXIDADE nas plantas, e é indicado nas aplicações com fungicidas e inseticidas. É um estimulante foliar que promove a abertura de estômatos acelerando sua absorção.


Edson Zuchi, do Senar/PR, com produtores de Juvinópolis (Cascavel)

Manutenção melhora rentabilidade e vida útil Da Redação Fotos: Lurdes T. Guerra

A modernização das máquinas agrícolas, com computadores de bordo, não é suficiente para se plantar ou colher com eficiência. Também é preciso saber usá-las

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stá chegando o momento do plantio da safra de verão. Depois vem a aplicação dos defensivos. E finalmente, a colheita. Em todas essas etapas da lavoura, trabalha-se com maquinários. Seja o trator, a plantadeira, os pulverizadores, a colheitadeira ou os demais acessórios. Cada uma dessas etapas é extremamente importante para a produção final. Como em cada fase trabalha-se com equipamentos diferentes, é preciso dar atenção a todos eles, por mais modernos que sejam. Aliás, de acordo com o engenheiro agrícola e instrutor do Senar, Edson Zuchi, mesmo as máquinas bem modernas continuam

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tendo desperdícios de grãos na lavoura. A colhedeira, por exemplo, tem cinco funções: o corte, a alimentação, a debulha, a separação e a limpeza dos grãos “mas a principal perda ainda está na plataforma de corte”, diz Edson. Aparentemente é uma peça fácil de regular, mas exige atenção e cuidado. Segundo Edson Zuchi, os motores que estão acoplados aos tratores do Brasil são os mesmos dos países de primeiro mundo. Entretanto, a durabilidade dos maquinários nesses países é de três a quatro vezes maior do que aqui, “isso porque falta manutenção por parte dos nossos profissionais”, Zuchi ao salientar que os operadores de


MÁQUINAS AGRÍCOLAS

máquinas do país aprenderam com as gerações anteriores, sem nunca frequentar uma aula para aprender a manusear corretamente o seu principal instrumento de trabalho. Plantar bem Faz a diferença Para aumentar a vida útil das máquinas, é necessário fazer reparos diários e as manutenções constantes do manual. Entre os principais cuidados estão a lubrificação, ajustes, revisões e proteção contra os agentes que lhes são nocivos, os quais estão presentes no ar, solo e plantas. Estes fatores problemáticos são decorrentes do próprio trabalho, do meio ambiente e do manejo. Diz respeito a alojamento, abastecimento, lubrificação, pequenos reparos, proteção contra ferrugem e deterioração. “Quando o operador faz uma boa regulagem, o equipamento aumenta em até 300% em ganho no valor da máquina”, diz Edson, ao ressaltar que este ganho está na prolongação da vida útil e no rendimento do trabalho na lavoura. Ainda segundo o instrutor, o desperdício no plantio começa na colheita anterior, quando não há uma boa distribuição da plalhada na lavoura. E o desperdício na colheita começa no plantio, quando a plantadeira não está bem regulada para fazer uma distribuição uniforme de sementes e fertilizantes. Por outro lado, se a plantadeira não estiver bem regulada, há ainda o desperdício desses insumos. O instrutor do senar ajudou a elaborar um concurso de produtividade no Sudoeste do Paraná, que premia o operador que perder menos grãos na lavoura durante a colheita da safra. Os campeões nunca perderam mais que 10 quilos por hectare, enquanto que a média nacional é de três sacas/ha. “Isso prova que só falta mesmo a regulagem correta da máquina” afirma Edson.

Etapas importantes no cuidado diário n Alojamento. Quando uma máquina não estiver em serviço, deve ficar abrigada da ação do sol e da chuva. O barracão pode ser simples e construídos de forma que evitem perigos de incêndios, goteiras etc.. e com piso compactado e recoberto por uma camada de cascalho ou pedregulho fino n Abastecimento. Este compreende não só o enchimento do tanque de combustível, como a verificação do nível de água do radiador; calibragem dos pneus, pressão correia e verificação do nível de eletrólito da bateria. n Combustível. Armazenar o produto em local coberto e com baixa variação de temperatura. Evitar impurezas no combustível, como água, sujeiras vindas do tanque, etc. Abastecer sempre ao final da jornada de trabalho. No dia seguinte drenar o préfiltro de combustível. n Água. Colocar água diariamente no radiador. Usar sempre água limpa e de preferência com

o motor frio. Se o motor estiver quente, tomar cuidado ao abrir a tampa e acrescentar a água fria lentamente e com o motor em funcionamento. n PNEUS. Um bom desempenho e a durabilidade dos pneus dependem da correta pressão recomendada pelo fabricante. Pneus muito pressurizados levam as perdas por patinamento, desgaste prematuro da banda de rolagem, aumento do consumo de combustível, etc.. Pneus com baixa pressão apresentam consumo irregular da banda de rodagem, menor resistência dos flancos à impactos do terreno, ruptura de lonas, maior consumo de combustível. Para enchê-los usar água limpa e uma solução anti-congelante se necessário. Controlar a pressão a cada duas ou três semanas. n Baterias. A manutenção deve ser feita entre 50 e 60 horas de trabalho ou semanalmente, utilizandoe água destilada, até que o nível atinja 1 cm acima das placas. A bateria tem que ser bem fixada à maquina, e os pólos limpos e untados com graxa neutra. n Lubrificação. É importante conhecer a especificação do tipo de óleo utilizado nos diferentes locais da máquina como motor, transmissão, sistema hidráulico, freios, e direção hidráulica. Os lubrificantes pastosos (graxas) são utilizados em mancais, articulações, rolamentos, são aplicados através de bicos engraxadores que devem ser mantidos limpos e em bom estado de funcionamento.

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MÁQUINAS AGRÍCOLAS

Curso de regulagem para operadores de máquinas Pensando num melhor resultado aos produtores da região, uma parceria entre o Sindicato Rural Patronal, o Senar e a Coopavel, tem levado informações técnicas importantes sobre regulagem de tratores, colheitadeiras e pulverizadores, entre outros. Dois desses cursos foram realizados em meados de julho, na propriedade do agricultor Élio José Alfen, em Juvinópolis. O primeiro reuniu operadores de colheitadeiras New Holland e o segundo, tratoristas. Em cada um dos cursos, os profissionais desvendaram os maquinários, conhecendo todas as peças e engrenagens e como operá-las de forma segura. Depois, aprenderam a detectar problemas, regular e fazer manutenção periódica para prolongar a vida útil das máquinas que estão sob suas respectivas responsabilidades nas fazendas. “O curso se faz necessário, mesmo ante a modernidade, porque as máquinas novas são mais hidráuli-

cas e elétricas, dispensando-se as funções manuais, o que exige que o operador se familiarize com as mudanças”, afirma Edson. Ele ressalta que não adianta a máquina ter tecnologia avançada se o produtor não está preparado para trabalhar com ela. O instrutor do Senar lembra que os complementos, como pulverizadores, plantadeiras e espalhadores de fertilizantes, são igualmente importantes no contexto da regulagem e manutenção. O agricultor Élio José Alfen diz que o aprendizado adquirido nestes cursos é muito importante, uma vez que as máquinas novas exigem mais dos profissionais, que na maioria das vezes não possuem estudo suficiente para manusear os computadores de bordo ou acompanhar as informações do monitor do GPS. “Acompanho sempre a regulagem das máquinas feita pelos operadores, mesmo assim algumas coisas passam despercebidas por eles”. O produtor salienta que essa re-

Operadores de máquinas New Holland em curso com instrutor do Senar

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Élio José Alfen, agricultor

gulagem precisa ser feita de acordo com o clima, pois a umidade do ar e o ambiente são fatores determinantes para o equipamento. “Se a colheita for pela manhã é uma regulagem, por causa da umidade do ar, à tarde, quando o sol está quente, é outra, e se colher à noite, precisa mudar novamente, principalmente a abertura do côncavo e a regulagem do cilindro”, diz. Também é preciso ficar atento a barulhos estranhos e, ao ouvir, parar na hora para verificar o que está acontecendo, pois uma peça quebrada, se trocada na hora, resolve o problema, mas se continuar o trabalho, pode comprometer di-


MÁQUINAS AGRÍCOLAS

fases de votação: na primeira, 23 jurados avaliaram os 275 casos e escolherem cinco finalistas para cada categoria; na segunda fase, os finalistas receberam os votos do público.

em resumo

VALTRA em ponta Grossa

Edson Zuchi, instrutor do Senar

versas outras peças da máquina, levando a um dano muito maior. Saúde e segurança Além das questões de durabilidade e rendimento das máquinas, também é preciso levar em conta a segurança dos operadores. Uma peça danificada é também uma possibilidade de acidente, da mesma forma que o uso de equipamentos de segurança pelos motoristas, pode evitar danos à saúde. “O Ministério do Trabalho está autuando os operadores que não estão devidamente equipados, conforme as normas estabelecidas em legislação nacional”, explica Edson. Segundo ele, desde as roupas e calçados estão pré-determinadas pelas normas de segurança do trabalhador e é importante que sejam seguidas em benefício próprio. Além de ser uma exigência normal de mercado e da evolução tecnológica, as máquinas também tiveram que se adequar às exigências do ministério do Trabalho, que cobrou ajustes em benefício da saúde dos trabalhadores do campo, observand0-se a ergonomia do organismo. “Com as máquinas mais antigas, os tratoristas chegavam ao fim do dia extremamente cansados”. Um exemplo é o calor do motor do trator que saía nas pernas do motorista e o afetavam, hoje tem que sair em direção ao solo.

André Carioba, da AGCO

TRATORES MF NO “TOP OF MIND” A Massey Ferguson foi mais uma vez a vencedora na categoria “Tratores”, do Top Of Mind Rural pesquisa de lembrança realizada há 17 anos junto aos leitores da Revista Rural (Editora Criação). O título foi recebido pelo vicepresidente sênior e gerente geral da AGCO para a América do Sul, André Carioba, na cerimônia realizada em São Paulo. Foram realizadas 1.108 entrevistas, envolvendo 683 agricultores e 425 pecuaristas de todas as regiões do país, para revelar quais são as marcas mais lembradas do agronegócio nacional. A Massey Ferguson atingiu 29,45% na categoria “Tratores”.

SISTEMA DE PRECISÃO É PREMIADO

O sistema de agricultura de precisão da New Holland - o Precision Land Management (PLM) - foi o vencedor do Prêmio REI (Reconhecimento à Excelência e Inovação) realizado pela Automotive Business, na categoria “Tecnologia da informação e software”. A quarta edição do prêmio, que visa destacar as realizações de profissionais e empresas da indústria automobilística, contou com um total de 70 concorrentes em 14 categorias. A premiação teve duas

A Valtra e o Grupo DHL inauguraram em junho as novas instalações da concessionária na cidade de Ponta Grossa (PR). Segundo o gestor administrativo do grupo, Alessandro Donha, a nova unidade tem a maior área física em metros da Valtra no mundo. O grupo DHL investiu R$ 15 milhões na revenda. Fundada há 22 anos em Londrina, a empresa começou a atuar no ramo de peças. Entretanto, há nove anos a DHL conquistou a concessão da Valtra e hoje atua no sul e em parte do norte do Paraná.

“GO HARVEST” DA JOHN DEERE A John Deere desenvolveu um aplicativo para smartphones, que possibilita ao produtor analisar e elevar a performance da colheita, por meio de uma série de recursos e informações em todos os modelos de colheitadeiras da marca. É o “Go Harvest”, dispositivo que está disponível para as plataformas Android e IOS gratuitamente em sete idiomas. O recurso permite aos operadores aperfeiçoar as funções da máquina de acordo com a safra ou tipo de cultura. “O aplicativo orienta a melhor regulagem do equipamento, por meio de perguntas e respostas, e interage com o operador sugerindo a regulagem necessária”, explica Gustavo Barden, gerente de Marketing de Produtos da John Deere do Brasil.

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MÁQUINAS AGRÍCOLAS

Feira de Esteio apresenta novos equipamentos Entre as novidades do setor, três tratores de média potência da New Holland serão mostrados ao público visitante da Expointer

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nova linha de tratores T6 atende a crescente demanda do mercado por máquinas com alta tecnologia e potência acima de 100cv. O trator pode ser considerado uma máquina multiuso, por estar presente em praticamente todas as fases das culturas, por isso a New Holland investe constantemente neste segmento e é referência no mercado. A linha de tratores de média potência da marca – o grande destaque da marca na Expointer 2014 – é composta por três modelos, T6.110, T6.120 e T6.130, com 112, 123 e 134 cv, respectivamente. Projetadas para atender de pequenos até grandes produtores brasileiros, seja na agricultura ou pecuária, que demandem por tecnologia, as máquinas apresentam três opções de transmissão: 8x8 com reversor mecânico; e 8x8 e 16x8, ambas com reversor hidráulico e Hi-Lo. “Esses tratores completam a família New Holland da nova geração, com o design global da marca, no qual o DNA está presente desde o farol cat eyes (novo conjunto ótico para melhorar a iluminação) passando pela cabine, até a forma do para-lama e faróis traseiros. Os modelos ainda permitem o acesso facilitado a todos os pontos de manutenção”, explica Nilson Righi, gerente de produto da marca. Com opções de

versões em plataforma e cabine, o peso dos tratores é de até 6120 kg, o que proporciona uma boa relação peso/potência, permitindo a operação de implementos com economia de combustível. “Os modelos cabinados apresentam a mesma cabine do pulverizador SP2500, o que assegura espaço, ergonomia, design e visibilidade. Assim, a cabine da linha T6 se encaixa como best in class na categoria de tratores entre 100 e 130 cv”, afirma Righi. O gerente de produto ainda destaca a opção de bomba hidráulica de até 100 litros/min e retorno livre, que permite operar as mais modernas plantadeiras do mercado. Os modelos têm como opção sistema hidráulicos de até três válvulas remotas. A linha ainda possui tomada de força de 540/1000 rpm com engate macio, terceiro ponto e barra de tração super dimensionados para qualquer implemento do mercado. Para completar, disponi-

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biliza opções de rodados singles e dual e agricultura de precisão. Sobre a New Holland A marca, pertencente à CNH Industrial, é especialista no sucesso de agricultores, pecuaristas, locadores e profissionais da agricultura, seja qual for o segmento em que eles atuem. Seus clientes podem contar com a mais ampla oferta de produtos e serviços inovadores: uma linha completa de equipamentos, tratores, colheitadeiras, pulverizadores e plantadeiras, além de equipamentos específicos para biomassa e silvicultura, complementada por serviços financeiros feitos sob medida e planejados por especialistas em agricultura. Visite www. cnhpress.com e cadastre-se para receber e solicitar informações sobre a New Holland, além de ter acesso a todas as fotos dos produtos em alta resolução.


MÁQUINAS AGRÍCOLAS

Construção e infraestrutura Escavadeira E215B e retroescavadeira B90B também são destaques na Expointer A marca de equipamentos de construção da CNH Industrial, New Holland Construction, marca presença com a escavadeira E215B e com a retroescavadeira B90B. A empresa, que vem aumentando cada vez mais a sua participação em projetos ligados ao agronegócio, exibirá ainda outras soluções para um dos segmentos que mais demanda produtividade no Brasil. Segundo o diretor Comercial e de Marketing da New Holland Construction para a América Latina, Nicola D’Arpino, o desafio do setor de máquinas de construção é colaborar de forma cada vez mais

efetiva com o mercado agrícola. “A solução é investir em alta tecnologia. De nossa parte, buscamos evoluir para oferecer produtos e serviços que gerem maior competitividade e desempenho aos produtores e empresários do segmento. A escavadeira que estamos levando para a feira é um exemplo. O alto rendimento da New Holland E215B se deve, em grande parte, ao seu sistema hidráulico avançado, que proporciona movimentos precisos e ciclos mais rápidos. O sistema eletrônico que comanda todas as funções hidráulicas da escavadeira proporciona um controle

total e preciso dos movimentos e regula a vazão hidráulica de acordo com o tipo de atividade”, explica. Na Expointer, também estará exposta uma retroescavadeira B90B cabine fechada. O produto é a “estrela” de uma campanha especial para aquisição de retroescavadeiras por meio do Consórcio New Holland, que garante a entrega de 100 unidades até o fim do ano.

As máquinas de construção no setor agro Case e sua concessionária J. Malucelli levam à Expointer soluções para o homem do campo A Case Construction Equipment, por meio da J. Malucelli, sua concessionária no Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná, participa pela sétima vez consecutiva da Expointer, feira agrícola que acontece entre os dias 30 de agosto e sete de setembro, em Esteio (RS). A presença da marca reforça a importância do setor, responsável pelas vendas de até 70% das máquinas de construção Case no Estado riograndense. Tanto a escavadeira hidráulica

CX220B, como a retroescavadeira 580N, estarão expostas no estande da Case IH (Lote 1 – Quadra 61), marca de máquinas agrícolas que, assim como a Case Construction, pertence à CNH Industrial. “Como os investimentos em infraestrutura e construção desaceleraram nos últimos dois anos, a participação do agronegócio em nossas vendas só tem subido, ultrapassando 70% das vendas. As máquinas de construção são amplamente utilizadas em várias

culturas, mas, no Rio Grande do Sul, há um diferencial importante por causa do uso das retroescavadeiras na cultura de arroz irrigado há mais de 40 anos. Hoje, 50% das nossas vendas de retroescavadeiras – direta ou indiretamente, através dos prestadores de serviço - vão para este segmento”, esclarece José Claudino Moreira, gerente da filial da concessionária Case no Estado. As retroescavadeiras Case foram as primeiras a chegar ao Brasil, importadas por empresários do Rio Grande do Sul para trabalhar na cultura do arroz irrigado, ainda em 1968.

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NOVAS TECNOLOGIAS

Milho Powercore para a safra verão Novo híbrido foi desenvolvido com tecnologia para o controle de pragas e ervas daninhas

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Coodetec coloca em campo mais uma excelente opção para quem planta milho. Na próxima safra, o agricultor contará com ainda mais tecnologia optando pelo híbrido CD 384PW. A nova versão do milho, já conhecido do produtor rural, controla pragas e plantas daninhas, com tolerância a dois tipos de herbicidas: o glifosato e o glufosinato. “Além do elevado índice de produtividade e da ampla adaptação, agora o híbrido CD conta com a tecnologia Powercore. O milho CD 384PW oferece controle de lagartas e fácil manejo de plantas daninhas. São três genes de controle de insetos, com efeito direto sobre pragas muito comuns na safrinha do Paraná e Mato Grosso do Sul”, informa o gerente de pesquisa Milho, região Sul, Adilson Schuelter. A tecnologia Powercore oferece o controle das lagartas Spodoptera frugiperda (lagarta-do-cartucho), Helicoverpazea (lagarta-da-espiga), Diatraea saccharalis (broca-do-colmo), Agrotis ipsilon (lagarta-rosca), Elasmopalpus lignosellus (lagarta-elasmo) e Spodoptera eridania (lagarta das vagens). Esse benefício é garantido pela associação dos três genes, sendo dois desenvolvidos pela Monsanto e um pela Dow. Outro diferencial está nas duas proteínas que conferem às plantas de milho tolerância aos herbicidas glifosato e glufosinato de amônio. “Esse conjunto de tecnologias garante mais segurança ao agricultor,

pois permite manter uma lavoura livre de ervas daninhas, o que poderá resultar em maior produtividade nos plantios comerciais de milho”, argumenta Schuelter. Manejo da cultura nas lavouras O agricultor brasileiro investe cada vez mais em tecnologia e, por isso, os resultados alcançados em produtividade e qualidade crescem a cada ano. Para que as novas tecnologias, como Powercore, tenham durabilidade, é preciso adotar algumas medidas no manejo da cultura. Optando pelo híbrido CD 384PW, o produtor deve trabalhar também com o cultivo de milho convencional. Diferente dos 10% recomendados para outras tecnologias, a área de refúgio para Powercore passa a ser de 5%, devido aos três genes estaqueados para o controle de pragas. “Além de outras ferramentas, o plantio de milho convencional em uma lavoura de milho Bt é muito importante para que não haja desenvolvimento de resistência por parte das pragas-alvo”, argumenta Adilson Schuelter. O pesquisador da Coodetec ainda destaca que plantas de milho “tiguera”, durante o cultivo de soja, por exemplo, pode diminuir a durabilidade da tecnologia. Nesse caso, Schuelter alerta para a mudança no manejo, que deve seguir as recomendações de um engenheiro agrônomo. “Temos uma tecnologia valiosa,

Adilson Schuelter, gerente de pesquisa de milho da Coodetec/Sul

mas precisamos preservá-la. Foram muitos anos de pesquisa para apresentar todos esses benefícios num único híbrido. E, caso o agricultor não adote as recomendações específicas, irá pagar o preço, alterando o manejo, pulverizando mais vezes e consequentemente, elevando custos”, destaca Schuelter. A Coodetec trabalha para o lançamento de novos híbridos com a tecnologia Powercore. Quatro estão em processo de avaliação no campo, sendo um híbrido simples e três triplos. Esses devem chegar ao produtor na safra 15/16. Para a região Centro, a Coodetec também disponibiliza o híbrido CD 333PW, de alto potencial produtivo, ótimo stay green e elevada resposta ao manejo. Uma empresa dos agricultores A Cooperativa Central de Pesquisa Agrícola – Coodetec é uma empresa que pertence a 185 mil agricultores filiados a 32 cooperativas no Brasil. Os produtores, além de contar com um fluxo contínuo de produtos e tecnologias de ponta, têm a oportunidade de apontar suas demandas para definição das linhas de pesquisa. O aumento do potencial produtivo das cultivares de trigo e soja, e dos híbridos de milho da Coodetec, se deve aos trabalhos de pesquisa e melhoramento genético, desenvolvidos para cada região produtora do Brasil e Paraguai, de forma específica.

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NOVAS TECNOLOGIAS

Cadeia da soja no Brasil – forte ou frágil? Uma cadeia como a da soja é complexa e quando um elo toma uma posição radical, sem pensar nas consequências, pode estar afetando o seu equilíbrio Ivo Marcos Carraro Pres. Exec. da Coodetec

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reocupa a ameaça publicada no site da Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais - ABIOVE no último dia 16/07/14, no qual a respeitada associação, que representa um importante elo da cadeia soja, certamente a maior, em valor, de nosso país, de que suas associadas podem não receber o produto da soja intacta na próxima colheita. Respeitamos a posição citada, mas é importante destacar que um elo sozinho, não forma uma corrente forte, como deve ser a da soja. A Coodetec, na condição de licenciada da Monsanto para introgressão do trait BtRR2PROTM, também conhecido por Soja Intacta, depois de mais de uma década de investimento em pesquisa, seguindo todos os passos para ver o resultado de seu trabalho gerando benefícios ao produtor rural, lamenta profundamente que tudo isso esteja sendo ignorado. Investimos na pesquisa para oferecer cultivares com controle natural de pragas importantes, ainda controle eficiente de plantas daninhas, além do ganho progressivo de produtividade e qualidade do grão. A declaração grave da ABIOVE

de que suas associadas não receberão Soja Intacta em suas indústrias e armazéns, justamente no momento que se iniciam as vendas de sementes para a safra 2014/15, pode causar enormes prejuízos às empresas de pesquisa e à indústria de sementes, que se preparou para atender a demanda crescente por esta nova tecnologia, que já está aprovada e disponível no mercado há dois anos. O que faremos com as milhares de toneladas de sementes de Soja Intacta produzidas para atender esta demanda? Este volume será substituído por outras sementes? Quem será responsável pelo prejuízo das empresas do segmento, caso o agricultor seja desviado de suas escolhas de variedades e projeções de plantio, pelo medo de não ter mercado para seu produto? Influência na decisão dos agricultores Entendemos os argumentos colocados pela ABIOVE em sua nota, porém são dificuldades muito inferiores frente ao prejuízo que esta informação pode causar. A decisão que cada agricultor vai tomar neste momento, pode ser influenciada de forma negativa, trazendo prejuízos irreparáveis para muitos elos da cadeia.

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É importante lembrar aos agricultores que, caso as associadas da ABIOVE decidam não receber a Soja Intacta, haverá ainda muitas Cooperativas, Armazéns, Indústrias e Traders que estarão com portas abertas para este produto, talvez em um percentual suficiente para receber toda safra. Lembrar às indústrias que não chegaram a um acordo para receber este produto, que poderão ter reduzidas as originações de matéria prima, perdendo seu espaço para as empresas que estão aptas a receber. Lembrar ainda, que a decisão de não receber Soja Intacta implica também, em não ter autorização do detentor da patente da tecnologia e, portanto, ter o custo de segregar o recebimento, correndo o risco de violar a Lei de Patentes Industriais, arcando com suas consequências. Uma cadeia como a da soja é complexa e quando um elo toma uma posição radical, sem pensar nas consequências, pode estar afetando o seu equilíbrio. Fazemos votos sinceros de que as negociações entre a ABIOVE e a Monsanto do Brasil cheguem, rapidamente, a bom termo e que volte a reinar o bom senso no mercado de soja, que já não está fácil com todas as dificuldades que enfrenta. O País está caminhando para dias e anos difíceis, por que dificultar ainda mais?


NOVAS TECNOLOGIAS

Dow anuncia acordo de compra da Coodetec Sementes com a marca Coodetec são conhecidas por produtores rurais de todo o Brasil e de países vizinhos

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Dow AgroSciences, subsidiária da companhia norte-americana Dow Chemical Company, anunciou a aquisição da Cooperativa Central de Pesquisa Agrícola - Coodetec, que atua na pesquisa, desenvolvimento e comercialização de novas cultivares de soja, milho e trigo. O acordo está sujeito à aprovação pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) e ao cumprimento pela Coodetec de diversos requisitos contratuais acordados entre as partes. A expectativa da Dow é que a transação seja concluída no fim de 2014. As empresas não informaram detalhes do negócio. O acordo inclui o banco de germoplasma da Coodetec, entre outros ativos necessários para a operação de sementes. O negócio inclui os modernos laboratórios de pesquisa, o acervo genético de trigo e soja, considerado um dos maiores do mundo e bases de pesquisa paranaenses sediadas em Cascavel, Palotina e Goioerê e ainda as de Rio Verde (GO) e Primavera do Leste (MT) e Paracatu (MG). Apenas a sede, em Cascavel, ocupa mais de 100 alqueires em região extremamente valorizada. “O Brasil é um dos mercados prioritários. Com o acordo, confirmamos nossa estratégia global de avançar no desenvolvimento de

nosso programa de soja, reforçar nossa posição no mercado de milho, e de entrar no de trigo”, disse a companhia em nota. Com a negociação, a Dow AgroSciences confirma a sua estratégia de avançar no desenvolvimento de seu programa de soja no Brasil, além de fortalecer a posição no mercado de milho e entrar no mercado de trigo. Em 2008, a Dow já havia adquirido uma unidade de produção de sementes de milho híbrido da Coodetec em Paracatu (MG). A transação incluía um acordo de colaboração tecnológica. A Coodetec tem sede em Cascavel, no interior do Paraná, e é reconhecida pelo desenvolvimento de germoplasma de

Dow AgroSciences é uma subsidiária da The Dow Chemical Company e registrou vendas globais de 7,1 bilhões de dólares no ano passado. A Coodetec é uma companhia de tecnologia e pesquisa voltada para a agricultura.

soja, milho e trigo. A Dow AgroSciences, com sede em Indianápolis, Indiana, nos Estados Unidos, é uma subsidiária em caráter integral da The Dow Chemical Company e obteve um volume de vendas global de US$ 7,1 bilhões em 2013. Perfil cooperativo deixa de existir Considerada uma companhia de tecnologia e pesquisa, a Coodetec é constituída por 32 cooperativas singulares de diversos estados brasileiros. Ela também é apontada como o braço avançado do agricultor, a quem estava reservado importante papel como reguladora do mercado de sementes de soja, milho e trigo, para ajudar a conter o apetite dos grandes players mundiais, que agora concorrerão entre si, tendo como contraponto apenas a Embrapa. Acumulando 39 anos de pesquisa e desenvolvimento (iniciou como um Departamento da Ocepar), a Coodetec tem, em seu portfólio, mais de uma centena de novas variedades de soja, trigo, e híbridos de milho, já colocadas à disposição dos agricultores brasileiros e de países vizinhos. Até a poucos anos, uma em cada quatro sacas de semente de soja plantadas no Brasil, levava a assinatura Coodetec. No Paraguai, as sementes de soja CD chegaram a ocupar 37 por cento da área plantada. A Coodetec também chegou a responder por 35% das cultivares plantadas no Brasil. Os Híbridos de milho Coodetec vinham conquistando participação no concorrido mercado nacional.

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Um sabor conquistado em 17 anos de história n A Pizzaria Martignoni começou sua história em 1997 e rapidamente se tornou-se referência na forma de servir. n Especializada em pizzas, agregou outros pratos ao rodízio, como nhoque, espaguete, lasanha, salpicão, frango, peixe e saladas. n Atualmente o cardápio conta com mais de 50 sabores de pizzas doces e salgadas, variedades de calzones, massas e também deliciosas porções. n O atendimento rápido e eficiente inspirou muitas casas do ramo em todo o Brasil. A Pizzaria Martignoni inovou e conquistou sabor incomparável em seus 17 anos de história. n A Pizzaria Martignoni faz questão de recebê-lo nos momentos especiais da sua vida, em um ambiente descontraído com amplo salão climatizado. Dispõe também de um espaço para eventos. n Com capacidade para atender 364 pessoas, a pizzaria conta ainda com um espaço infantil, onde as crianças podem se entreter enquanto os pais saboreiam o rodízio com tranquilidade e conforto.

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NOVAS TECNOLOGIAS

Os desafios da produção brasileira de feijão Ao contrário de países como a Argentina, os Estados Unidos e o Canadá, o Brasil enfrenta dificuldades para exportar seu feijão

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papel do feijão no agronegócio, seus maiores produtores, exportadores e importadores, além da produção brasileira do grão - um verdadeiro dilema para o produtor e os consumidores - foram os temas de duas palestras realizadas no 11ª Congresso Nacional de Pesquisa de Feijão (Conafe), promovido em Londrina no final de julho pelo Instituto Agronômico do Paraná (Iapar). Os pesquisadores Flávio Breseghello e Alcido Elenor Wander, da Embrapa Arroz e Feijão, abriram o debate expondo o panorama mundial do mercado de feijão com dados sobre produção e comércio internacional. Depois, uma conexão com o mercado nacional do grão e suas possibilidades de diversificação foi o tema abordado por Marcelo Eduardo Luders, da Correpar Corretora de Mercadorias. E é justamente essa uma das maiores preocupações de produtores brasileiros. Segundo Wander, países como a Argentina, Estados Unidos e Canadá exportam muito feijão branco e preto, entre outras variedades. “Produzem e basicamente exportam a produção, diferente de nós, que não conseguimos exportar nosso feijão”, explicou. Isso acontece porque nosso feijão, o carioquinha, é uma variedade tipicamente brasileira. Se por um lado sua aparição resultou numa revolução no gosto e na

cultura nacional, por outro, principalmente em épocas de maior custo de produção do que ganhos, deixou um problema de difícil solução: o que fazer com o excesso? “Tem produtor que estoca feijão em casa. Depender de um único tipo do produto, sem possibilidade de exportação, elimina qualquer possibilidade de ter supersafra (como ocorreu recentemente no Paraná)”, afirma. Institutos de pesquisa de todo o País já observaram que nos últimos de dez anos o comportamento do consumidor quanto ao consumo do grão também mudou. Feijão recém-colhido, explicou Marcelo Luders, tem destino certo na mesa dos consumidores, nem que seja pelo dobro do preço do feijão “mais velho”. “A população aceita pagar R$ 5 em um feijão mais branco, novo, mas não compra um

A pesquisadora do Iapar, Vania Moda Cirino, coordenou o Conafe

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O feijão carioquinha, é uma variedade tipicamente brasileira

mais barato, porém de 60 dias”, comentou. O excedente torna-se, então, problema para o produtor, que se vê obrigado a usá-lo, entre outras coisas, como ração animal. ALTERNATIVAS LIMITADAS As saídas para o impasse brasileiro são limitadas, na opinião do corretor: a diversificação de produção, que derrubaria os preços do feijão carioca, ou a compra do excedente pelo governo - e o destino dele basicamente para ração animal - ou a aposta do País na industrialização das leguminosas produção do feijão “ready to eat” (pronto para comer), enlatado e válido por até três anos. “A merenda escolar, por exemplo, poderia aproveitar esse produto”, complementou. A alternativa, diz, seria tão saudável quanto o consumo tradicional do feijão, embora os custos da produção sejam maiores. Diversificar a produção com outras variedades de feijão seria


NOVAS TECNOLOGIAS

ainda mais produtivo para o Paraná. Embora o Estado seja o maior produtor nacional do feijão, a qualidade do produto não é referência nacional. “Variações climáticas, para o carioca, não são muito toleráveis. O feijão preto ou o vermelho poderiam ter melhor desempenho aqui”, observa Luders. Apesar dos problemas, o corretor tem boas expectativas para o futuro da produção brasileira, principalmente por conta da pesquisa científica. “Não devemos esperar a solução de fora. Temos institutos como o próprio Iapar, Instituto Agronômico de Campinas (IAC) e Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig) que desenvolvem variedades de feijão”, afirma.

11o CONAFE Cerca de 640 pessoas pesquisadores, estudantes, professores, produtores rurais, empresários e técnicos agrícolas - participaram no final de julho, em Londrina (PR), da 11ª edição do Congresso Nacional de Pesquisa de Feijão (Conafe), realizada pelo Instituto Agronômico do Paraná (Iapar) com apoio com apoio do Londrina Convention & Visitors Bureau, Fundação de Apoio à Pesquisa e ao Desenvolvimento do Agronegócio (Fapeagro), Basf, Miac Máquinas Agrícolas, Selegrãos, Bayer, Syngenta e Laboratório Farroupilha. Durante os três dias do evento (23 a 30), seis painéis com apresentações de pesquisadores de todo o Brasil e também do exterior contribuíram para o debate aprofundado de questões ligados à cadeia produtiva do feijão.

Manejo é melhor arma contra doenças e pragas Doenças e pragas que afetam a cultura do feijão também tiveram espaço para debates em vários painéis durante do 11º Congresso Nacional de Pesquisa de Feijão. O pesquisador Luis del Rio, da Universidade de North Dakota, nos Estados Unidos, chamou a atenção para o mofo branco, doença que atinge lavouras de feijão no estado americano, maior produtor nacional, e provoca perdas que podem chegar a vários milhões de dólares. “A doença é o problema mais grave da cultura nos EUA”, afirma. Segundo o pesquisador o uso de fungicidas é um dos itens de maior custo no enfrentamento da doença - até US$ 30 por hectare. Por isso, enumera algumas práticas que podem minimizar os prejuízos. Em primeiro lugar, recomenda a rotação de culturas não hospedeiras, como trigo, cevada e milho (no caso dos Estados Unidos). “O produtor deve estar atento quanto ao uso correto de fungicidas e utilizar materiais resistentes”, afirma. Um programa de manejo integrado é a principal ferramenta dos

produtores para o enfrentamento da helicoverpa armígera, lagarta que ameaça culturas do algodão, soja e feijão no Brasil desde 2012. Segundo o pesquisador Geraldo Papa, da UNESP, a praga já causou prejuízos da ordem de R$ 5 bilhões - R$ 2 bilhões só no primeiro ano principalmente no algodão. De acordo com o pesquisador, a lagarta é polífaga e tem alto poder de dano porque atinge a estrutura reprodutiva da planta. A recomendação de Papa é o monitoramento constante da lavoura, com o controle nos primeiros estágios da lagarta. O controle químico deve ser feito em doses adequadas e com produtos seletivos e registrados nos órgãos reguladores. HERBICIDAS - Atenção ao manejo é também recomendação da pesquisa para solucionar problemas da resistência das invasoras aos herbicidas. O tema foi tratado por Pedro Jacob Christofoletti, professor da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq), especialista no manejo de plantas daninhas. Ele também falou sobre a fitotoxidade na cultura.

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do outono à primavera Aveia de ciclo longo preenche o ‘vazio forrageiro’ das propriedades leiteiras e se torna importante aliada na alimentação dos rebanhos durante o período de inverno Da Redação Fotos: Lurdes T. Guerra

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mbora seja um cereal muito antigo, originário da Ásia, a aveia passou a ser estudada no Brasil bem recentemente. A variedade preta foi a primeira a ser cultivada aqui, e a única por muitos anos. Por outro lado, havia uma brecha nas propriedades leiteiras que trabalham com sistema de pastejo intensivo, que precisava ser preenchida. Ou seja, justamente no inverno, quando o clima é favorável à produção, faltava pasto e a produtividade caia significativamente. Foi aí que as empresas de pesquisas começaram a dar mais atenção ao cereal e a desenvolver variedades que atendessem à expectativa de alimentar o rebanho leiteiro, durante todo o período de inverno. E então nasceram as variedades de aveia ciclo longo, com durabilidade de 120 a 200 dias, e possibilidade de 7 a 9 pastejos na mesma área. Aos poucos estas vão invadindo as regiões produtores e ocupando o espaço antes destinado à única variedade disponível, a preta comum, de ciclo curto e mais apropriada para produção de semente, destinada à alimentação humana. Limitantes da produção As variedades de aveia de ciclo longo se adaptam bem nas regiões que possuem temperaturas amenas e boa umidade do solo. Entretanto, de acordo com o pesquisador do Iapar, Dr. Elir de Oliveira, o Sul do Brasil é caracterizado por apresentar boas condições edafoclimáticas que permitem o cultivo de espécies produtoras de grãos de verão e de inverno, além das forrageiras tropicais perenes e anuais de clima temperado, “e por isso muito apropriada às diversas espécies de aveias”. Como a pastagem é a base da alimentação para muitas propriedades leiteiras, segundo Dr. Elir, a intensificação da produção a pasto sofre limitações de toda ordem,

necessitam consumir uma dieta que varia de 14 a 18% de proteína bruta (PB), sendo maiores para os animais com maior produção. É mediante a essa análise que o Dr. Elir considera necessário o cultivo de forragens de inverno para pastejo direto ou o uso de suplementação protéica e energética, para atender a produção animal. E, dentre as forrageiras de inverno a aveia é a mais cultivada. “O cereal é rico em proteína (21-25%), possui ampla possibilidade de uso como pastejo direto, feno, silagem, cortada para cocho, tem excelente sistema radicular como planta melhoradora do solo, cobertura do solo, controle de nematoides, além de controlar plantas invasoras como buva, entre outras”, explica.

NÚMERO

120 a 200

dias é a durabilidade da aveia de ciclo longo, que possibilita até 9 pastejos para que ocorra uma oferta equilibrada de forragens de qualidade, ao longo do ano. Ele ressalta que “em condições tropicais e subtropicais, uma das limitações à intensificação da produção animal a pasto é a estacionalidade das pastagens tropicais perenes, onde cerca 80% da produção é obtida no período das águas, tendo como fatores limitantes a ocorrência de temperaturas abaixo de 16°C e diminuição do fotoperíodo”. Por esses motivos, no período de outono/inverno os animais a pasto sofrem restrições nutricionais, pois as forragens perenes apresentam baixa qualidade, ocorrendo alimentação com deficiência protéica, vitamínica, de minerais e energia. “O nível crítico de proteína da forragem em que a ingestão é limitada pela deficiência de nitrogênio é de 7%”, afirma o pesquisador. Assim, para planejar o atendimento da demanda das exigências dos bovinos, devem ser levados em conta vários fatores, considerando-se que as vacas em lactação

diversidade de aveias Entre as aveias forrageiras existem as denominadas pretas, as brancas forrageiras e as brancas especialmente graníferas, cujos novos cultivares apresentam potencial de produção de 5-8 toneladas de grãos por hectare, que são utilizados na alimentação humana e animal. No grupo das aveias forrageiras ainda existem as de ciclo precoce, intermediário e tardio que florescem com aproximadamente 85, 115 e 135 dias após a emergência, respectivamente. Por outro lado, mesmo utilizando as forrageiras de inverno para pastejo, ainda restam dois períodos considerados como ‘vazio forrageiro’, em que os pecuaristas enfrentam. O primeiro ocorre no outono e o segundo ocorre no final do inverno e início da primavera. É justamente aqui que se encaixam as aveias de ciclo longo, e, de acordo com Dr. Elir, melhor ainda se for cultivada em sistema de integração lavoura e pecuária, o que permite um planejamento forrageiro melhor para superar tais desafios.

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PECUÁRIA

Resultados da aveia surpreendem produtor Uma propriedade que se curvou aos benefícios da aveia de ciclo longo é a de Leandro Copetti, de Serranópolis do Iguaçu. É claro que o aumento de 20% na produtividade de leite ocorrida somente no último ano, não se deve apenas à aveia, mas ela fez uma boa diferença na passagem do gado da gramínea de verão, a Tífton 85, para a aveia de ciclo longo. Isso porque a planta possui boas características, tais como como ser de fácil digestão, ter maior teor de proteína, mais energia e com agradável palatabilidade aos animais. “E tudo isso significa mais leite”, afirma o produtor. Para mudar o sistema de pastagem, Leandro Copetti foi buscar ajuda junto aos profissionais de assistência técnica do Emater/Pr, na unidade municipal de Medianeira, e há um ano o zootecnista José Luiz Bortoluzzi da Silva o acompanha de perto. “Nossa primeira orientação é para que o produtor plante a pastagem no melhor terreno, com característica de solo próprio para agricultura, pois em solo ruim é preciso investir mais, elevando os custos”, disse Bortoluzzi, que trabalha em parceria com os profissionais do Iapar. “O objetivo é fazer com que os animais consumam mais pasto verde nas 24 horas do dia, porque isso vai reduzir o consumo de proteína (farelo de soja) no cocho”, afirma o zootecnista, salientando que é indispensável a suplementação com dieta balanceada, ao que chama de ‘precisão alimentar’.

APOIO TÉCNICO. Leandro Copetti buscou orientação de profissinais para melhorar o manejo das pastagens e se surpreendeu com os resultados

As mudanças na propriedade A mãe de Leandro, dona Helena Copetti, e o esposo Vilson estão na atividade há mais de 40 anos, mas sempre sem orientação técnica, e, com 10 vacas chegavam a produzir 15 litros por dia no total. Até que, há três anos, passaramos animais aos cuidados do filho. E, como boa parte das pequenas propriedades de leite, que não têm a quem recorrer pela falta de profissionais de assistência técnica no campo, até metade do 2013 a família Copetti produzia a média de 5 litros por vaca dia. Depois que passou a receber acompanhamento já chegou à média de 12,5 litros e alguns animais com 24 litros/dia. A meta de Leandro agora é chegar a 20 litros por vaca/dia ou a 30 mil litros por hectare/ano, até 2019. Um aumento de 200% sobre os atuais sete mil litros por hectare/ ano. “Queremos diminuir o custo e aumentar a produtividade, para isso vamos melhorar a pastagens, caprichar na adubação, aumentar o número de piquetes e prestar mais a atenção no ponto ideal das gra-

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míneas na entrada e saída dos animais do pasto”, orienta Bortoluzzi, que aposta no produtor como um exemplo para a região. De acordo com a orientação do Emater, Leandro deverá adotar a divisão da pastagem em piquetes, da gramínea Tifton-85, baseada na taxa de crescimento da pastagem no período de outubro a abril e com isto permite a confecção de 2 a 3 piquetes por dia para as vacas em lactação e o repasse com os animais que não estão em produção, facilitando o consumo adequado e reduzindo as sobras. Além do manejo da pastagem, ele também foca na dieta de precisão, baseada no consumo estimado dos animais no campo. Outro passo para atingir o objetivo, de acordo com o zootecnista, é fazer um selecionamento das vacas e bezerras, e melhorar a nutrição e o acompanhamento às novilhas. As mudanças proporcionadas pela orientação técnica são muito positivas e conduziram a propriedade a uma boa rentabilidade, com custo de R$ 0,47 centavos o litro e comercialização a R$ 1,02, com


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mais 0,4 centavos de bonificação pagos pela cooperativa devido à boa qualidade do leite. Na propriedade a CBT está entre 50 e 70 mil e a CCS com média de 230 mil. Técnicas de manejo da aveia Segundo Bortoluzzi, o produtor que trabalha com o sistema à pasto, pode cultivar a Tífton 85 de outubro a abril e, de maio a setembro, as aveias de ciclo longo. Mas para que a pastagem esteja pronta para a entrada do gado nesse período, as primeiras parcelas de aveia precisam ser plantadas entre 10 e 20 de março, logo após a colheita das lavouras de verão. “Orientamos para que, no sistema de pastejo, se prolongue a tifton até junho, para passar o rebanho gradativamente de uma pastagem para outra, sem mudança brusca na alimentação”, diz Bortoluzzi. Para isso é preciso fazer análise de solo e reposição de nutrientes anualmente. O Fósforo pode ser aplicado todo de uma vez em setembro, enquanto que o nitrogênio e o potássio devem ser divididos em quatro a cinco vezes, distribuídos no período de outubro a abril, de acordo com a quantidade indicada na análise. “Com a orientação técnica, pela primeira vez estamos conseguindo estender a durabilidade da pastagem de verão e alternar o rebanho entre as duas áreas, nesse período inicial”, disse o produtor Leandro Copetti. Enquanto que para o plantio das aveias de ciclo longo, é recomendada a aplicação de 200 kg/hectare de adubo formulado ou MAP, juntamente com o lançamento das sementes ao solo. “O mais indicado é para que esse plantio seja feito sobre as lavouras de verão, porque ao trabalhar com o sistema de integração, o produtor consegue colher mais grãos e produzir mais leite”, justifica Bortoluzzi.

Integrando os sistemas de produção de leite e grãos Apesar da propriedadeter apenas 22 hectares, Leandro Copetti trabalha com o sistema de integração, destinando 2,5 hectares para o gado e o restante para lavouras de verão. No inverno, mesmo colocando todo o rebanho de 21 cabeças nos piquetes, ainda sobram pastagens. A área é dividida em 18 piquetes e os animais ficam um dia em cada, retornando no 18° dia. “Quando há um bom manejo da cultura, esse é o tempo suficiente para a planta se recompor e estar no ponto de consumo novamente”, salienta Bortoluzzi. O ponto ideal para o retorno dos animais é quando a folha da aveia começa a dobrar as pontas e a saída é quando sobram de sete a dez cm do solo. Para que Leandro atinja o objetivo de seis pastejos o zootecnista orienta a reposição de 20 kg por hectare de adubo nitrogenado, a cada dois pastejos. Quando se opta por cultivar de ciclo longo, além de estender o período de pastejo, há excelente retorno dos investimentos em adubação, principalmente nitrogenada. “Com isso, a aveia suporta uma lotação de 3-4 UA/ha (UA-Unidade

Dr. Elir de Oliveira, do Iapar

Animal = 01 animal de 450 kg) por hectare permitindo uma produção de até 16 litros de leite por vaca/ dia”, afirma Dr. Elir ao ressaltar que, “para obtenção de ganhos maiores há necessidade de suplementação no cocho”. O pesquisador também explica que os sistemas de integração lavoura e pecuária com cultivares de aveia de ciclo longo permitem a intensificação da produção animal a pasto. Entretanto, é preciso compatibilizar animais e grãos, e manter a qualidade do sistema de plantio direto, utilizando tecnologias específicas. A primeira delas é deixar resíduos de palhada acima de 3 t/ha de matéria seca na présemeadura da soja ou milho.

animais adaptados ao ambiente e ao clima O rebanho é todo Jersey, adotado pelo tipo de animal, mais leve para uma região que chove muito, e também pela qualidade superior do leite, embora a produtividade seja menor que a da raça holandesa. “Temos muitas dificuldades por ser região chuvosa e acreditamos que a Jersey se adapta melhor nessas condições”, disse Leandro.

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PECUÁRIA

Negócio da China para a carne bovina Brasil espera vender de US$ 800 milhões a US$ 1,2 bilhão para o maior mercado consumidor da Ásia no próximo ano Da Redação com informações da Agência Brasil

C Agência Brasil

om retirada do embargo à carne bovina brasileira, anunciada durante reunião do presidente da China, Xi Jinping, com a presidenta Dilma Rousseff no dia 17 de julho, o maior mercado consumidor da Ásia reabre

perspectivas de bons negócios para a pecuária nacional. Segundo o ministro da Agricultura, Neri Geller, a expectativa é vender de US$ 800 milhões a US$ 1,2 bilhão para os chineses no próximo ano. Dessa forma, as vendas para a China podem representar quase 20% do total de carne bovina exportado anualmente pelo País.

O Brasil começou a enviar carne bovina para a China em 2009, quando foram comercializados US$ 2,5 milhões do produto. Em 2012, até ser interrompido pelo embargo em dezembro daquele ano, o volume negociado atingiu US$ 37,7 milhões. Enquanto esteve fechado à carne brasileira, o mercado chinês ampliou-se consideravelmente. No ano de 2012, o país importou do mundo todo US$ 255 milhões em carne bovina. Em 2013, o volume saltou para US$ 1,269 bilhão. O embargo chinês à carne bovina brasileira ocorreu em função da suspeita de um caso de encefalopatia espongiforme bovina (EEB), a doença da vaca louca, em um animal morto em 2010 em Sertanópolis (PR). Mais tarde, foi comprovado que o caso era atípico, menos perigoso que a variedade clássica

COMÉRCIO. A presidenta Dilma Rousseff com o presidente da China, Xi Jinping, dia 17 de julho em Brasília 64 I Julho/Agosto de 2014 I paraná rural


PECUÁRIA

da doença. Desde então, o mercado chinês vinha sendo abastecido via Hong Kong, que tem sido um entreposto da carne brasileira na Ásia. Apesar de pertencer à China, Hong Kong é uma região administrativa especial e possui normas sanitárias próprias. O ministro Geller considera que as exportações para a Hong Kong devem cair, agora que o Brasil vai exportar diretamente para a China. O Brasil aguardava em fins de julho apenas um comunicado oficial da defesa sanitária chinesa para retomar as vendas. Depois disso, segundo Geller, dependerá da indústria brasileira se mobilizar para fechar negócios. Inicialmente, oito frigoríficos terão autorização para exportar para o país asiático; outros nove pediram credenciamento. Atualmente, continuam com restrições à carne bovina brasileira os mercados da Arábia Saudita, que anunciou o embargo em 2012, e os do Peru e Irã, que suspenderam as compras somente de Mato Grosso, onde também foi constatado um caso de EEB atípico. O Ministério da Agricultura negocia a reabertura de negócios com os três países.

US$ 6,6 BILHÕES Segundo a Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec), as vendas de carne bovina brasileira para o exterior totalizaram US$ 6,6 bilhões em 2013. A evolução foi de 13,9% em comparação com os US$ 5,8 bilhões registrados no ano anterior. O volume de carne exportada chegou a 1,5 milhão de toneladas, 19,4% a mais que em 2012. Os resultados positivos foram impulsionados pelo mercado asiático, que através de Hong Kong importou 360,72 mil toneladas de carne bovina brasilera, no valor de US$ 1,442 bilhão.

O Principal parceiro comercial do Brasil, do Paraná e de Cascavel A república popular proclamada em 1949 por Mao TséTung é atualmente o principal parceiro comercial do Brasil. Tanto nas importações quanto nas vendas externas. Em 2013, as exportações do Brasil para a China totalizaram US$ 46 bilhões. Os principais produtos da pauta de vendas para o mercado chinês foram minério de ferro, soja em grãos, açúcar, celulose, couros e cobre. Enquanto fornece commodities e produtos pouco industrializados para a potência asiática, o Brasil importa da China produtos acabados como máquinas, motores, tecidos, brinquedos e eletrônicos. No ano passado, as compras de produtos chineses feitas pelo Brasil somaram US$ 37,3 bilhões. O País registrou, portanto, um superávit de US$ 8,7 bilhões no comércio bilateral. Até 2011, os Estados Unidos figuravam como principal vendedor de produtos para a economia brasileira. A China é também o principal destino dos produtos exportados pelo Paraná. Dos US$ 18,2 bilhões em vendas externas contabilizados pelo Estado em 2013, cerca de US$ 4 bilhões (22%) resultaram de produtos embarcados para a China. Argentina (US$ 2 bilhões), Holanda (US$ 839 milhões) e Estados Unidos (US$ 720 milhões) foram, por ordem de importância, outros destinos das exportações paranaenses. Os chineses desbancaram o Paraguai como principal destino das exportações do município de Cascavel. Dados da Secex/MDIC apontam que em

2013 a China absorveu 24,51% (US$ 104,6 milhões) das vendas cascavelenses para o exterior. O Paraguai, que até 2012 era o principal destino, ficou na segunda posição com um total de US$ 90,4 milhões negociados (21,18%). Arábia Saudita (11,98%), Países Baixos (5%) e Japão (4,07) completam a lista dos principais mercados externos da produção cascavelense. Por bloco econômico, a Ásia absorveu no ano passado 36,09% (US$ 154,06 milhões) das exportações de Cascavel; em seguida vêm o Mercosul (22,59%), Oriente Médio (17,89%)e União Européia (8,11%). Os Estados Unidos retomaram em 2013 o papel de principal vendedor de produtos para Cascavel, respondendo por 18,93% (US$ 32,3 milhões) das importações feitas pelo município. Mas a China está logo atrás, com 17,09%. EXPORTAÇÕES DE CASCAVEL Principais destinos - 2013

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MUNICÍPIOS

Empresas ganham incentivo em Matelândia Com o objetivo de ampliar o seu parque industrial, prefeitura de Matelândia leva à prática projeto que incentiva as empresas a se instalar no município

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MUNICÍPIOS

A Administração Municipal de Matelândia, através do Prefeito Rineu Menoncin, tem procurado atender as empresas já existentes em Matelândia e as que também querem se instalar no município. Nesta visita na área industrial Texeirinha acompanha o trabalho da máquina que estava fazendo terraplenagem no distrito de Agro Cafeeira para a empresa Isotherm Soluções Térmicas, que foi fundada em Março de 2009. A Isotherm surgiu a partir da necessidade de atender a região Oeste do Paraná, e atua no mercado de refrigeração e isolamento térmico. Atende principalmente a Indústria frigorífica, laticínios, distribuidores de bebidas, supermercados e aviários. A empresa possui a mais completa linha de produtos que atenda o seu projeto de isolamento térmico, painéis, portas e acessórios. Os painéis térmicos “ISOTHERM” são do tipo sanduich, fabricado em máquina contínua para garantir o melhor padrão de qualidade. Acompanhando o prefeito nessa visita, o Secretário de Obras Clair Rinaldi e o Chefe de Gabinete Beny Renon. (Matéria e foto: Cesar A. Berger Assessor de Imprensa da Prefeitura de Matelândia)

Equipe do conselho tutelar, com o prefeito, o vice e a primeira dama do Município

CONSELHO TUTELAR TEM NOVO VEÍCULO O município de Matelândia foi contemplado pelo Governo Federal na ação de Equipagem do Conselho Tutelar realizada pela Secretaria de Direitos Humanos do Paraná, com um automóvel Spin da Chevrolet, entregue pelo Prefeito Municipal Rineu Menoncin as Conselheiras Tutelares, no dia 13 de agosto de 2014 com a presença do vice prefeito Enio de Oliveira, de vários Secretários Municipais, vereadores, o Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente - CMDCA e funcionários públicos que se fizeram presentes no momento da entrega na rampa

Prefeito Rineu Menoncin recebeu a dupla de cantores Gilberto e Gilmar em comemoração ao 54 anos de emancipação de Matelândia

do Paço Municipal 25 de Julho. O objetivo da entrega do veículo para o Conselho Tutelar é apoiar as prefeituras municipais nos processos de qualificação da rede local, fortalecer os Conselhos Tutelares enquanto órgão estratégico do Sistema de garantia de Direitos e fomentar o acesso e o uso do Sistema de Informações para Infância e Adolescência (SIPIA WEB). O prefeito Teixeirinha exaltou o trabalho dos conselheiros. “Este veículo vai contribuir para que o Conselho Tutelar possa realizar cada vez melhor o seu trabalho, que é uma missão difícil, mas nobre, no que diz respeito em garantir a integridade das nossas crianças e adolescentes”, frisou o prefeito. A Secretária de Desenvolvimento Social e Habitação e primeira dama do município de Matelândia Maria Lucia Weber Menoncin disse que o veículo representa a melhoria no atendimento do Conselho, uma vez que a demanda é grande. “Este carro significa mais conselheiros atuantes na rua, mais conforto para as crianças, mais segurança, sigilo e integridade – uma vez que como o carro tem insulfilme -, além de ter a identificação do Conselho, para que as pessoas não confundam com outros órgãos”.

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PISCICULTURA

A arte de criar peixes Há alguns anos eram poucos os que apostavam na piscicultura, mas ela se consolidou, transformando-se em boa culiária e lazer, com lucratividade Adilar Venites Presidente da Associação de Aquicultura de Toledo Até bem pouco tempo, eram poucas as pessoas que acreditavam no cultivo de peixes. A maioria dos produtores simplesmente ignoravam o fato de que essa atividade um dia poderia dar certo. As dificuldades eram grandes, nem rações existiam, muito menos melhoramento genético, enfim tudo era difícil. Em busca de forma de comercializar os peixes gordos, foram surgindo ideias que vieram inovando o setor da piscicultura; uma delas foi o surgimento dos “Pesque-Pagues”, unindo o útil ao agradável, daí em diante o amor pela criação foi tomando conta dos produtores, que souberam vencer todos os obstáculos dessa criação tão recente e prazerosa.

Não querendo comparar com outras criações, o percentual do lucro da produção é incomparável podendo chegar a 50%, enquanto que em outras criações o percentual de lucro é muito inferior à essa atividade. Outro fator limitante é a disponibilidade de área, onde o cultivo de peixe pode chegar até 15kg de peixe /m², em tanque escavado. Fator esse que comprova a superioridade em relação as demais criações. Áreas pequenas podem produzir grande quantidade de peixe, o fator implicante é ter uma boa qualidade de água. Tem muitos piscicultores construindo tanques em áreas secas e bombeando água, tamanha é a satisfação em criar peixe, e saber que temos muito em aprender com essa atividade, e que ainda pouco é aproveitado na

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indústria, são tantas coisas que podem ser inventadas e que possam trazer ainda mais lucratividade para o setor. Aqui ainda podemos nos dar o luxo de comer só o filé do peixe, pois o restante ainda é pouco aproveitado. Fica um desafio lançado aos investidores que querem garantia de produto , o que realmente falta para a piscicultura é ter parceiros que possam assimilar essa evolução da piscicultura montando industrias que consigam absorver toda essa produção, pois potencial temos e o mais importante é que temos um povo trabalhador que não tem preguiça para produzir e estamos muito bem amparados com técnicas de cultivo que a cada dia que passa vem melhorando cada vez mais. E um dos maiores motivos dessa criação é que o povo brasileiro está consumindo mais carne de peixe, obtendo com isso uma alimentação muito mais saudável, e saúde está acima de tudo.


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AGRONEGÓCIO Foto: Inor Assmann

Produção agrícola em Alta na Bahia Soja, milho e algodão devem gerar uma receita de R$5,5 bilhões no Oeste da Bahia na safra 2013/2014. Com uma produção de 3,3 milhões de toneladas de soja e 2,3 milhões de toneladas de milho já colhidos, a Bahia vem confirmando as previsões feitas pelo Conselho Técnico da Associação de Agricultores e Irrigantes da Bahia (Aiba). O algodão ainda está em fase de colheita, mas a expectativa é que sejam produzidas 270 arrobas/hectare, levando a uma produção de 1,2 milhões de toneladas. Com estas três principais culturas, estima-se que a receita bruta alcance R$ 5,5 bilhões. Em setembro, o Conselho Técnico se reunirá novamente para analisar os números finais do algodão e do café. Para a safra 2014/15, a previsão é que a área plantada do algodão deverá ser mantida, enquanto a do milho diminuirá, dando espaço para o crescimento da área da soja. (Texto: Ascom Aiba)

Bayer CropScience contribui com as lavouras de citros Os meses de agosto e setembro – época que antecede a primavera e o início da temporada de chuvas – é um período de atenção para os produtores de citros, pois é nessa época do ano que se inicia a florada e com ela, surgem as principais doenças da cultura, podendo comprometer seriamente a produção. A estrelinha ou podridão floral (Colletotrichum Acutatum) é uma das principais doenças do citros que, quando não tratada de forma preventiva, ataca as pétalas das flores e provoca a queda precoce dos frutos, reduzindo consideravelmente a produção. Para isso, a Bayer CropScience coloca à disposição dos produtores o fungicida Nativo®, solução com alto desempenho para o controle da doença, que evita a perda dos frutos, con-

S2Publicom

tribuindo para a produtividade no campo. Segundo o gerente de Cultura Citrus da Bayer CropScience Ricardo Baldassari, o uso do fungicida Nativo® traz diversos benefícios à citricultura brasileira, pois o produto ajuda no controle da doença, considerada limitante no processo produtivo dos pomares. “Quando não controlada, a Fungicida Nativo® para o controle de uma das principais doenças em citrus, a estrelinha doença pode provocar até mercado norte-americano”, afir95% de perda da produção, por mou Baldassari. A empresa ainda isso destacamos a importância do disponibiliza outras soluções para uso de Nativo® durante o processo a cultura em todos os períodos de produtivo da citricultura. desenvolvimento do cultivo, como Além disso, o fungicida possui o acaricida Envidor®, os insetia aprovação do Limite Máximo cidas Winner®, Provado® e Turde Resíduos para a exportação do bo®, além do fungicida Flint®. suco de laranja, concedida pelo

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MEIO AMBIENTE

Os ventos que levam agosto O oitavo mês do ano é o que mais venta no Brasil, forçado pela pressão que vem do mar e modula o nosso clima

E

m grande parte do litoral brasileiro, agosto é conhecido como mês dos ventos. É nessa época do ano que o Anticiclone Subtropical do Atlântico Sul (ASAS), um sistema de alta pressão com centro em alto mar, costuma se intensificar e ampliar sua área de influência sobre o continente Sul-Americano. Como no Hemisfério Sul, sistemas de alta pressão giram em sentido anti-horário, o resultado são ventos de leste e nordeste em quase toda a costa brasileira. E nós, somos influenciados por esse sistema de alta pressão, que costuma se intensificar nessa época do ano e assim amplia sua área de influência sobre o continente Sul-Americano. Mas. por que os ventos sopram da terra para o mar durante o dia e, à noite, do mar para a terra? O ar sempre se desloca do ponto onde a

pressão é mais alta para onde ela é mais baixa. Isso explica porque a brisa marítima surge da diferença de temperatura entre o mar e o continente. Para se aquecer, a água precisa de mais energia solar do que a terra. Ambas recebem a mesma quantidade de energia, mas o mar aquece mais porque o solo é mau condutor e concentra o calor - enquanto a água é boa condutora e dispersa o calor para as profundezas. Assim, a temperatura mais alta da terra aquece o ar sobre ela, tornando a pressão atmosférica menor que sobre o oceano e fazendo o vento soprar para a terra. À noite, a situação se inverte: o mar demora para resfriar porque as águas profundas mantêm a temperatura noturna quase igual à diurna. O ar sobre o oceano é mais quente que na terra. Como a pressão sobre o

continente é mais elevada, os ventos se dirigem para o mar, que tem pressão mais baixa.

Para prever o que vai acontecer com o clima, os meteorologistas levam em consideração a pressão atmosférica, os ventos, a umidade relativa do ar, a fração de cobertura de nuvens, a radiação solar e a temperatura, com precisões fornecidas por supercomputadores.

A explicação científica e os costumes populares O vento é o ar em movimento, decorrente das diferenças de pressão no globo terrestre. Eles seguem das altas para as baixas pressões e modulam o clima do nosso planeta. Assim sendo, o sistema de alta pressão no Oceano Atlântico é determinante para os ventos que temos na costa do Brasil. Quando esse sistema está fraco, os ventos ficam fracos, reduzindo as chuvas; quando está forte, os ventos ficam fortes, trazendo as

paraná 76 I Maio/Junho Julho/Agosto rural de Ide Maio/Junho 2014 2014I Iparaná paraná de 2014 rural rural I 76

precipitações para o continente, como geralmente ocorre nos meses de agosto. Os agricultores têm o hábito de observar a nebulosidade, olham o que chamam de barra de nuvens no horizonte no primeiro dia do ano, comemoram quando chove no dia de São José, 19 de março. A explicação científica chega depois e, geralmente, não nega a sabedoria popular, que se aplica bem aos microclimas.


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PESQUISA

Biofábricas a partir da soja Plantas de soja cultivadas sob condições controladas e com alterações genéticas permitem produzir diversas biomoléculas de uso medicinal

U

m grupo de pesquisadores brasileiros que vem estudando uma forma de produzir ‘teias’ sintéticas, resistentes e flexíveis, a custo razoável, pode ter obtido resultados importantes. A partir do DNA de aracnídeos brasileiros, eles produziram biopolímeros que poderão ser aplicados a produtos tecnológicos no futuro. O grupo também estuda a utilização de sementes e folhas de vegetais como biofábricas para a síntese em escala de moléculas naturais das próprias teias e de substâncias importantes no combate a doenças como Aids e câncer. A pesquisa, feita na unidade de Recursos Genéticos e Biotecnologia da Embrapa, em Brasília, utilizou avançadas técnicas de biotecnologia e de engenharia genética para a obtenção de biofibras. Eles analisaram o genoma de cinco aranhas brasileiras para identificar os genes expressos nas glândulas responsáveis pela produção e pelas características da teia. “Trabalhamos com o Instituto Butantan na seleção e coleta das aranhas, esco-

lhidas por se originarem de diferentes biomas”, diz Elíbio Rech, coordenador do estudo. Bactérias Escherichia coli foram geneticamente modificadas para receber as sequências selecionadas e passaram a atuar, então, como biofábricas capazes de sintetizar os polímeros desejados. “As bactérias produzem a proteína em maior quantidade que as aranhas, são biorreatores muito usados na produção de diversas substâncias sintéticas”, conta Rech. “Após a purificação do material produzido, um processo também desenvolvido por nós simula a ação da espirineta, aparelho das aranhas que organiza as proteínas em fibras.” Fios sintéticos Após nove anos de pesquisas, o grupo aprendeu muito sobre a complexa organização das proteínas das teias de aranha em escala nanométrica que confere as características únicas ao material. O conhecimento acumulado permite que a equipe produza, por exemplo, fibras com diversos graus de resistência e flexibilidade, dependendo das perspectivas de aplicação. A expectativa é que, no futuro, elas possam ser utilizadas na produção de materiais como coletes à prova de bala mais leves, fios biodegradáveis para medicina e parachoques mais resistentes e flexíveis. Esse futuro, no entanto, ainda não chegou e a pesquisa tem mui-

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tos desafios pela frente. Segundo Rech, o próximo passo é desenvolver formas econômicas, eficientes e seguras para produzir biofibras em larga escala - em especial porque o uso de bactérias modificadas ainda é muito caro. Uma possibilidade para superar isso é criar ‘biofábricas’ alternativas: o grupo de Rech estuda, por exemplo, o emprego de outras células modificadas para a produção de biomoléculas, como as das sementes da soja. O processo estudado em vegetais é similar ao empregado com as bactérias: as células vegetais são geneticamente alteradas para receber os genes específicos e passam a atuar como biorreatores para produção da substância de interesse. A opção pela soja se deu pelo domínio já existente no país sobre a leguminosa. “No mundo todo há grupos trabalhando com outras possibilidades, como arroz, cevada e milho”, explica Rech. Importância médica Na Embrapa, as sementes de soja vêm sendo usadas para a produção de diversas substâncias de interesse médico, como a cianovirina, proteína isolada em algas que pode inibir a replicação do HIV, e antígenos como o NY-ES01 e o Hormad1, importantes no diagnóstico de câncer - trabalhos em parceria com grandes centros internacionais, como Instituto Ludwig de Pesquisa sobre o Câncer, de Nova York. O laboratório da Embrapa também tem testado o uso de folhas de tabaco como biorreatores.


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INFORME ESPECIAL

Quem somos OVERTECH é uma empresa brasileira especializada em fornecer soluções integradas, destinadas ao monitoramento ambiental, telemetria e hidrometeorologia, além do desenvolvimento de softwares para armazenamento, monitoramento e gerenciamento de dados. Atuando no mercado há vários anos, A OVERTECH é uma empresa dedicada à venda de soluções, prestação de serviços de manutenção de redes de monitoramento voltadas para o suprimento de informações hidrometeorológicas e destacase pela capacitação de seu corpo técnico, fruto de consideráveis investimentos em treinamento,

constante atualização tecnológica, aliada a uma infraestrutura composta de veículos, equipamentos de campo, teste e laboratório. Conta também com a representação exclusiva para todo o território nacional da renomada empresa norte americana STEVENS WATER, que destaca-se no âmbito internacional de equipamentos hidrometeorológicos. Em 2013 a Overtech visando ampliar os seguimentos de atuação firmou aliança com a empresa ENERMAJE, fundada em 2008, com o principal objetivo de atender os mercados agrícola e aeroportuário, nascendo assim o Grupo Overtech.

atuando em todo o país com excelência OVERTECH Realiza manutenção e assistência técnica, destacando-se no segmento de produtos e serviços hidrológicos e meteorológicos. Capacitada para realizar toda a gama de serviços de telemetria e monitoramento hidrometeorológico. Os serviços incluem: n Consultoria e assessoria técnica especializada; n Implantação de redes telemétricas, estações automáticas meteorológicas e hidrológicas; n Inspeção de redes de monitoramento; n Manutenções corretivas e preventivas; n Venda e assistência técnica de equipamentos; n Medições de Vazão, Coleta de sedimentos e qualidade d’agua n Laboratório, reparo e calibração de sensores. n Desenvolvimento de sistemas hidrometeorológicos, alerta de enchentes e desmoronamento de morros e encostas. ENERMAJE Atende os setores agrícola e aeroportuário, com equipamentos de alta tecnologia e softwares personalizados, provendo soluções voltadas às necessidades dos clientes. Realiza os seguintes serviços: n Consultoria e assessoria técnica especializada; n Implantação de redes telemétricas, estações automáticas meteorológicas e de qualidade do solo; n Manutenções corretivas e preventivas; n Venda e assistência técnica de equipamentos; n Laboratório, reparo e calibração de sensores. n Desenvolvimento de sistemas meteorológicos, agrícolas e de aeroportos. 80 I Julho/Agosto de 2014 I paraná rural


Agricultura de precisão e umidade do solo A água ainda é o principal insumo para a agricultura, mas precisa ser bem gerenciada para evitar custos maiores no futuro Ronal E. Manz Geógrafo do grupo Overtech A utilização de máquinas e insumos agrícolas para reduzir os custos de operação e aumentar a produção de grãos no Brasil teve início com a chamada ‘Revolução Verde’, durante as décadas de 60 e 70. Atualmente somos responsáveis por 26% da produção mundial de oleoginosas, e estima-se que em 2018 o Brasil supere os EUA, chegando a 35%. Porém esse futuro promissor demanda algo que colheitadeiras e insumos de última geração não são capazes de suprir, Água. Estimativas da própria Agência Nacional de Águas (ANA) indicam que 69% da água consumida no Brasil é destinada à irrigação de culturas, e estão sendo gradualmente implantadas ferramentas de controle de uso da água, conhecidas como Outorga de Uso. Mesmo se hipoteticamente desconsiderássemos a gradual preocupação com recursos hídricos e o gradativo aumento do preço da água, a má gerência em sua utilização acarreta custos ao produtor. Custos esses, tanto de curto como de longo prazo. Custos de curto prazo incluem gastos desnecessários de energia elétrica para o funcionamento do sistema de bombeamento e perda na produtividade, devido irrigação tardia. Custos de longo prazo tendem a ter efeitos mais drásticos na produtividade decorrentes de irrigação exagerada, como a lixiviação de nutrientes importantes para camadas inferiores, ou até a perda irreversível de solo produtivo, devido a erosão laminar. Desse modo o conhecimento das condições do solo em tempo real torna-se uma ferramenta essencial ao gestor que busca otimizar sua produção, irrigando a quantidade certa, na hora certa.

Monitoramento Remoto

A utilização de equipamentos para monitoramento das condições de lavouras não é um conceito recente a nível mundial. Técnicas como essas possibilitaram que locais de clima árido, como em Israel e Sul da Califórnia nos EUA, fossem bem sucedidos e tornassem suas terras produtivas para determinadas culturas. Esses equipamentos de monitoramento são constituídos, basicamente, por um conjunto integrado de sensores, coletores e transmissores de dados, que operam automaticamente, alimentado por baterias conectadas a um painel solar. Estas estações são instaladas em porções representativas da propriedade, podendo medir vários parâmetros, entre eles: umidade do solo, condutividade elétrica, temperatura (superficial ou profunda), precipitação, irradiação solar, direção e velocidade do vento, entre outros.

Monitoramento do Solo Através da programação apropriada é possível identificar exatamente quando a lavoura necessita ser irrigada ou quando o solo encontra-se saturado. Isso é possível por meio de sensores inseridos dentro do solo, em profundidades que variam conforme o tipo de cultivo. Para tanto se deve considerar dois fatores principais: Granulometria do Solo e Tipo de Cultivo. A variação granulométrica do solo determina sua capacidade de reter água e sua taxa de infiltração. De modo geral, quanto maior a granulometria menor sua capacidade de retenção e maior a taxa de infiltração. Concomitantemente as plantas possuem diferentes capacidades de extração de água do solo (Depleção Máxima Permitida – DMP), a profundidades variadas. paraná rural I Julho/Agosto de 2014 I 81


INFORME ESPECIAL

Isso implica que, mesmo o solo estando úmido, uma determinada cultura pode ser incapaz de “vencer” a força de retenção do solo, atingindo assim o Ponto de Murcha. (Veja a relação no gráfico abaixo). Sensores comumente empregados, como tensiômetros ou blocos resistivos, são uma alternativa, porém estes não medem diretamente a quantidade de água no solo, mas sim os efeitos decorrentes de sua variação, como pressão ou condutividade elétrica. Imagine calcular a quantidade de água que estará presente no solo após um evento de chuva, de mm para kPa ou mV? Medições que retornam diretamente a relação volume de água por volume de terra (q ou m3/m3), como as fornecidas pela Hydra Probe, da Stevens Water, proporcionam ao gestor maior facilidade e rapidez para solucionar problemas como o citado a cima. Outra vantagem que respostas em volume oferecem é a possibilidade de comparação entre medições realizadas em solos distintos. Ou seja, um teor de umidade por volume de 0,20 m3/m3 será o mesmo independente da granulometria do solo. O mesmo não pode ser feito com outros tipos de sensores. A Hydra Probe é um sensor Eletromagnético que mede a Permissividade Dielétrica do solo, retornando também a Temperatura e a Condutividade Elétrica do ponto medido por meio de um único instrumento. Essa tecnologia tem

sido testada por mais de 10 anos pelo Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (http://www.wcc.nrcs. usda.gov/scan/), sendo também utilizada pela NASA para validar as imagens de satélite baseadas em estudos do solo (https://www. ncdc.noaa.gov/isis/). Converse com seu Agrônomo ou Técnico Agrícola sobre as vantagens que uma estação de monitoramento do solo proporcionaria à sua lavoura.

Esquema de uma porção de solo não saturado (Adaptado de Bellingham)

Medição Portátil

Mesmo monitorando as variações de umidade que ocorrem em diversas camadas do solo e servindo como ferramenta de irrigação, uma Estação de monitoramento pode não ser viável a determinadas propriedades e aplicações. Para contornar esse problema o gestor pode utilizar uma sonda de medição portátil. A sonda Wi-Fi POGO emprega os mesmos princípios de operação eletromagnéticos da Hydra Probe, em medições que são disponibilizadas para visualização no Celular ou Tablets. Os dados coletados também podem ser transferidos para o compu-

Relação entre as classes de textura do solo e os limites hidrológicos. Os níveis Depleção Mínima Permitida são exibidos na região de água disponível para a planta (Adaptado de Bellingham).

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Wi-Fi POGO efetuando medições em lavoura. tador, com coordenadas geográficas, permitindo uma análise detalhada e geração de mapas. Esse equipamento de fácil operação, é ideal para Agrônomos e Técnicos, permitindo medir vários pontos em poucos segundos. (Ronald E. Manz é Bacharel em Geografia, formado pela Universidade Federal do Paraná (UFPR). Realizou classes complementares na Universidade Simon Fraser, Canadá. Durante a graduação participou como pesquisador pelo Laboratório de Hidrogeomorfologia da UFPR, trabalhando no desenvolvimento e instalação de sensores hidrossedimentológicos. Publicou artigos relacionados a produção de sedimentos e dinâmica da água no solo. Atualmente trabalha para o Grupo Overtech, atuando nas áreas de análises de bacias hidrodráficas, hidrometria, transporte de sedimentos e consistência de dados Hidrológicos). Referências: * B. K. Bellingham - Method for Irrigation Scheduling Based on Soil Moisture Data Acquisition. * Stevens Water Monitoring Systems, Inc.


entrevista Como representante exclusiva no Brasil, a Empresa Overtech convidou os representantes, Carmen Magro e Keith Bellingham, da fabricante Americana Stevens Water, a responder questões que possam sanar dúvidas relevantes, no uso dos equipamentos, Hydra Probe e Wi-Fi Pogo no setor agrícola Brasileiro. P - De acordo com o que é anunciado pela Stevens, e o material disponível aos interessados, o sensor Hydra Probe foi testado em campo há mais de 10 anos. Para um equipamento eletrônico enterrado na terra é um tanto impressionante. Vocês poderiam falar sobre a durabilidade desse equipamentos e citar exemplos dos mesmos? K. Bellingham - O Hydra Probe vem com 5 anos de garantia e pode durar, instalado em campo, 20 anos ou mais. Existem sensores Hydra Probe instalados durante os anos 90 que ainda estão em operação. Por exemplo, sensores do programa SNOTEL nas estações de Jackson, Bogus e Atlanta Peak, em IDAHO/ EUA, foram instalados em 1997 e ainda proporcionam dados de boa qualidade. P - Alguns agricultores ainda usam sensores de princípios tecnológicos mais antigos, como tensiômetros e bloco resistivos. Como vocês comparariam a tecnologia do Hydra Probe a esses sensores mais antigos? K. Bellingham – Eu diria que o Hydra Probe é um sensor mais preciso e é mais durável que tensiômetros e bloco resistores, entretanto o Hydra Probe tem um custo mais elevado e necessita te uma estação coletora de dados. O Hydra Probe é um investimento de longo prazo, pois as medições são melhores e o custo para repor os sensores seria menor. Também deve-se levar em consideração que tensiômetros e bloco resistores medem o Portencial Mátrico do solo não diretamente a umidade. De certo modo, parece que o uso de tecnologias para monitoramento das condições ambientais de plantações não é algo novo na América do Norte. P - Com a sua experiência em ajudar a melhorar sua produtividade agrícola, que tipo de resultados um agricultor iria notar após equipar sua lavoura com um conjunto adequado de sensores Hydra Probe? Quais outros sensores também seriam importantes? C. Magro - A irrigação eficaz é sempre um processo de aprendizado. Existe um nível ideal de umidade que leva a uma colheitas de melhor qualidade e maior produtividade. Normalmente, após instalados, nossos equipamentos aceleram o processo de aprendizado que o gestor de irrigação já está administrando em sua propriedade. Por

Carmen Magro - Agrônomo e ViceDiretor da Stevens Water Monitoring Systems, Inc.

Keith Bellingham - Cientista de Solos da Stevens Water, com Mestrado em Engenharia Ambiental

exemplo, todo agricultor vê acúmulo de água de tempos em tempos, ou percebem quando raízes de certos cultivos se desenvolvem ou notam doenças e sintomas de má ou boa qualidade para o crescimento da planta. Geralmente esses fenômenos estão diretamente relacionados com o teor de umidade. O que o sensor faz é permitir a extração quantitativa (umidade do solo) das respostas qualitativas da planta e, geralmente esses números surpreendem o agricultor. Então, desde o primeiro dia, o manejo de irrigação é um processo de aprendizado e aprimoramento. O Hydra Probe permite ao usuário, não apenas, encontrar o teor de umidade ideal, mas também modificar suas práticas de irrigação (e fertilização) de modo a manter-se próximo a esse teor por mais tempo e com mais eficiência no decorrer dos anos. P - Quanto maior o tempo de monitoramento, melhor essas práticas se tornam. É bem fácil medir as práticas de irrigação e fertilização ao mesmo tempo para economizar água e nutrientes, enquanto se melhora a qualidade do plantio. Seria possível citar outros países em que medições com o Hydra Probe foi implementado com sucesso? Que tipo de culturas eles foram utilizados? C. Magro - Nós temos participado e introduzido a tecnologia de sensores em plantações em vários países. Em consultas pessoais, eu estive diretamente envolvido com aplicações de sensores e monitoramento de culturas de cana-deaçúcar, nozes, tomates, alfafa, batatas, milho, uvas, amoras e cacau. Nós também aplicamos essa tecnologia no setor de gramas esportivas como golf, fotebol, entre outros esportes no mundo todo. A Stevens confia que sua tecnologia pode ser aplicada em qualquer cultura onde práticas de irrigação e fertilização são importantes. Nós oferecemos soluções em agronomia não apenas para melhorar aquela cultura, mas também para compensar o desgaste que ocorre ao longo do tempo, e acaba deteriorando a produção e qualidade da plantação.

P - Uma porção considerável da agricultura mecanizada no Brasil, ocorre nos solos que chamamos de Latossolo e Nitossolo. Com base na literatura disponível estes se enquadrariam como Oxisols no sistema americano (U.S Soil Taxonomy). O Hydra Probe já foi utilizado em solos semelhantes? K. Bellingham - O Hydra Probe foi desenvolvido para ser utilizado na maioria dos solos. Sua calibração padrão para solos Francos já foi testado em Oxisols e tiveram um bom desempenho. C. Magro - Sim. E vocês tem sorte de ter esse tipo de solo. Eles são bom solos para produção agrícola, pois tendem a ser ácidos e bem drenados. O Hydra Probe tem um bom desempenho nesses tipos de solo. Em um trabalho que estive envolvido, usando irrigação por gotejamento, o momento apropriado para fertilização foi aprimorado por meio de sensores colocados corretamente em uma lavoura de tomates de 1 Hectare. P - Agora a Stevens Water disponibilizou um novo dispositivo portátil, Wi-Fi POGO. O que você recomendaria para um agricultor que está pensando em investir no monitoramento de sua propriedade? Ele deveria iniciar com um sensor Wi-Fi POGO e depois investir em um monitoramento mais profundo? Ou ele deveria usar o dispositivo portátil como ferramenta auxiliar do Hydra Probe? C. Magro - O que o POGO oferece ao agricultor é a habilidade de tomar leituras em qualquer lugar na sua propriedade a qualquer profundidade, desde que a superfície desejada seja exposta. Ele é uma forma, financeiramente, mais acessível de colocar a tecnologia de monitoramento nas mão do usuário. Mas trabalha melhor quando combinado com os sensores no solo (Hydra Probe) e estações meteorológicas. Desse modo nós temos sensores estacionários medindo em tempo real as variações causadas pelas operações agrícolas, enquanto o POGO preenche as lacunas a qualquer hora com medições específicas em outras partes da fazenda ou área não monitorada por um sensor de subterrâneo.

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VIDA E SAÚDE

Trate suas varizes sem sair do campo

Paciente em tratamento com laser, sendo feito pelo dr. Carlos Rover

Novo método minimamente invasivo no tratamento de varizes facilita a vida dos pacientes

PROCEDIMENTOS ESTÉTICOS ASSOCIADOS O tratamento depende do tipo de varizes e da queixa dos pacientes, podendo ser estética ou funcional. 86 I Julho/Agosto Maio/Junho de de2014 2014I Iparaná paranárural rural

FOTO: Vanderson Faria

P

ara quem mora no campo, a maior dificuldade em qualquer procedimento cirúrgico é o internamento hospitalar e o tratamento pós-operatório, além das várias idas e vindas até as clínicas. No caso de cirurgias de varizes convencional, os dias de recuperação através de longos períodos de repouso também dificultam as atividades na propriedade. Para facilitar a vida dessas pessoas, o cirurgião vascular dr. Carlos Alberto Rover, está usando um novo método, que permite que após o tratamento o paciente saia do consultório e retorne direto para casa, podendo levar uma vida normal no dia seguinte, sem necessidade de repouso. O ‘tratamento com espuma’ é uma metodologia diferenciada, usada pelo dr. Rover há três anos, período em que já tratou mais de 2 mil pacientes com a técnica, que se utiliza de métodos minimamente invasivos, feitos na própria clínica, para resolver o problema de varizes dos pacientes e também para curar as feridas provocadas pelas varizes, de forma rápida e segura. Por meio dessa técnica, as varizes de grande e médio porte são secadas, em vez de retiradas cirurgicamente. “O tratamento é acompanhado pelo uso do aparelho de ultrasson e é realizado no próprio consultório”, explica Rover. Segundo ele, as vantagens dessa metodologia são a não necessidade de internamento, não precisa anestesia e nem repouso, podendo o paciente trabalhar normalmente após o procedimento. Outra vantagem é a rápida cicatrização das úlceras varicosas. O método também facilita para aqueles pacientes que tem risco de anestesia, pois esse procedimento devido o fato de não precisar de anestesia pode com segurança ser realizado nos pacientes com idade avançada.

O mais importante é que as tecnologias avançadas garantem bons resultados, garantem segurança nos procedimentos e, normalmente são menos doloridos. Os principais tipos de tratamentos utilizados na clinica do Dr. Carlos Rover são: n Escleroterapia ampliada: É aplicada nas microvarizes, que formam as varicoses. É praticamente indolor permitindo várias sessões em um único dia. A técnica foi aprimorada pelo dr. Rover e apresentada pela primeria vez em 2008, em um congresso em São Paulo. n Radiofrequência transdérmica: é utilizada no tratamento das varicoses do rosto e das pernas. Pode


VIDA E SAÚDE

ser usada em todos os tipos de pele sem apresentar pigmentação. n Tratamento com laser: Utiliza-se da luz do laser para tratar varicoses e pequenas veias aparentes no rosto e nas pernas. Por ser utilizado associado a outro aparelho que resfria a pele, torna-se praticamente indolor, gerando conforto ao paciente. Para alguns pacientes, que buscam resultados mais estéticos, torna-se necessário o uso associado de algumas dessas técnicas, como a retirada de varizes, o laser e as aplicações para varicoses. Com a associação destas novas técnicas de tratamento, torna-se possível fazer tudo num único dia, sem o paciente precisar voltar várias vezes à clínica. EM RESPEITO AO PACIENTE A paixão pela medicina tem como principal razão o respeito ao ser humano. “É por isso que buscamos atender as expectativas dos pacientes tanto em termos de estética como na saúde”, explica Rover, que se utiliza de tecnologias

modernas aliadas à relação de reciprocidade com seus pacientes. “A tecnologia sofisticada precisa ser praticada e acompanhada por um profissional que a conheça bem e que esteja preocupado com o ser humano”, afirma. Uma preocupação que, alias, se estende no dia a dia de Rover. Com o apoio dos municípios que fazem parte do Ciscopar, que atende aos pacientes dos municípios da regional de Toledo, implantou o Projeto Bambu, que em 3 anos já tratou mais de 2000 pacientes com problemas de varizes, utilizando o método de espuma. Em Cascavel, atende voluntariamente pacientes assistidos pela Sociedade Espírita Paz, Amor e Caridade, no Bairro Interlagos. Para saber mais sobre o projeto bambu acesse o site www.vascularmastercenter.com.br. Após 18 anos de intensas pesquisas na área, o cirurgião Vascular Carlos Rover tornou-se referência nacional na área e passou a ensinar para médicos do Brasil todo a metodologia que ele próprio aperfeiçoou.

EXCELÊNCIA NA ÁREA VASCULAR Desde 2011 Rover ministra o Curso Master em Fleboestética, em parceria com o colega Charles Esteves Pereira. O curso tem sede em Goiânia e já capacitou mais de 300 médicos vasculares de todo o Brasil, sendo que um dos módulos é realizado aqui em Cascavel. Seguidamente ele também ministra palestras em congressos científicos no Brasil. E sua presença já está confirmada no XII encontro de Angiologia e Cirurgia Vascular do CONESUL, que será realizado em outubro, em Gramado/RS. Lá mostrará sua metodologia de tratamento de varizes para profissionais de todo o país e para o experiente médico americano Dr. Nick Morrison, um dos primeiros a tratar varizes com endolaser nos Estados Unidos.


MODA DO CAMPO

DE ONDE VIERAM? O cowboy é uma espécie de pastor que cuida de animais em fazenda de gado, em cima de um cavalo.

O belo charme das botinas de cowboy

Ele surgiu no período em que os Estados Unidos estavam expandindo fronteiras e colonizando o Velho Oeste! Esse momento da história americana transformou o cowboy em um verdadeiro mito, gerando muitas obras na literatura, no cinema e na própria moda.

As botinas fazem parte de um grupo de acessórios que nasceu com o cawboy, para atendê-lo na montaria de seu cavalo, pois o cano longo, o bico fino e o salto são perfeitos para proteção da perna e encaixe no estribo. Entretanto ela popularizouse e passou a ser muito usada no campo, tanto pelos homens quanto pelas mulheres. Ela também invade o gosto urbano, com modelos para o inverno e verão. Aliás, é bem interessante como a moda tem o poder de transformar aquilo que é particular de um grupo, para um todo. Como usar De cano alto, baixo, de couro ou de camurça - as botinas são peça chave no guarda roupas de quem vive ou trabalha no campo. A bota cowboy pode ser incorporada no estilo country pra valer! Vale colocar um jeans e uma blusa xadrez com a bota, que não fica muito over. A bota é um pouco complicada de combinar com roupas diferentes de seu estilo, mas nada que uma camiseta comum e um cardigã não resolvam. Para quem gosta de um visual mais romântico, vale tentar vestidos leves com estampas florais pequenas fazendo parzinho com as botinas. Aliás, todos os tipos

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de flores combinam com ela, tanto em aplicações nas roupas como em adereços nos cabelos, pois ambas fazem parte do estilo ‘campo’! Também dá até pra fazer um estilo rock se o seu modelo de bota cowboy for curtinha e preta! Ao seu estilo Botas de cawboy não são novidades, aliás, elas existem há dezenas de anos e muitas celebridades são vistas por aí usando botinas com peças fresquinhas. Acontece que agora essas botinhas estão ganhando alma nova à moda, tendo sido reinventada com modelo de cano bem curtinho. Aliás, essas as botinhas são super versáteis e podem ser sim, o acessório perfeito para o seu verão, combinando com short jeans, vestidos leves ou saias floridas. O look de verão com as botinhas é exatamente essa mistura de uma peça urbana e moderna com algo masculino, o estilo cowboy, e um toque feminino: saias floridas e rendas. Segundo as estilistas, a bota é tão neutra que combina com tudo, mas o legal é um mix dos gêneros.


A melhor estação do ano e todos os seus encantos Primavera, a época das, flores, dos pássaros e das cores. O tempo de encontrar a harmonia na natureza, e acima de tudo, aprender com ela a valorizar a vida

Homenagem À Primavera Lá vem ela Pelas praças e jardins Sorridente e bela A primavera Com as chuvas criadeiras Resplandecendo nos canteiros Alegrando as brincadeiras Florescendo nos outeiros Sua brisa já posso sentir O aroma que trás lembrança Perfume que envolve a alma No colorido que da esperança Estação que alegra os olhos Estação que embeleza a terra Estação que acalanta e revela E inspira a escrita dos poetas É tempo de ver as “borboletas” É tempo de ouvir passarinhos É tempo de luz que revela A beleza da Primavera ***Cláudia Liz***

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GENTE & EVENTOS

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GENTE & EVENTOS

O sonho de morar bem No ano em que comemora 17 anos de instituição no setor de construção civil em Cascavel, a Saraiva de Resende lança um dos seus maiores e mais modernos empreendimentos, o edifício Abrahan Lincoln. Entre suas particularidades, este será o mais alto edifício da cidade, com 23 andares e 92 apartamentos, cada um com três suítes, e também o único edifício residencial da cidade com minipista de golf e uma área de lazer com mais de 2,5 mil metros quadrados. Uma raridade em se tratando de um empreendimento localizado no centro da cidade, na Rua Natal, entre a Visconde de Guarapuava e a Marechal Candido Rondon. Com foco exclusivamente familiar, este também será o primeiro edifício da cidade a contar com lavanderia coletiva, equipada com duas máquinas industriais, para uso dos moradores.Mais da metade das unidades foram vendidas no dia do lançamento da obra, que deverá ficar pronta ao final de 2017. Restam agora apenas 40 apartamentos para ser comercializados.

Alçando voo

Nascida e radicada em Cascavel, a Saraiva de Resende já construiu 10 edifícios (treze torres) todos na cidade, mas no próximo mês lançará seu primeiro empreendimento em outra região, ou seja, em Campo Grande, MS.

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GENTE & EVENTOS

Obra concluída

Quatro dias antes de lançar o edifício Abrahan Lincoln, a Saraiva de Resende reuniu clientes, amigos e imprensa para inaugurar o edifício João Baptista Cunha. Com duas torres e apartamentos em dois tamanhos, o residencial foi entregue aos novos moradores em solenidade festiva realizada em meados de julho. O nome João Batista Cunha é uma homenagem da família Saraiva de Resende ao agropecuarista, que nasceu em Cafelândia em 1938 e mudou-se para Cascavel em meados dos anos 70, depois de morar um tempo em Goioerê, onde se casou com dona Dulce Andrade Siqueira em 1965, com quem teve os filhos - João Baptista Cunha Jr e Joelma Siqueira Cunha. Foi um dos fundadores de entidades importantes para o município como a Sociedade Rural e a Loja Acácia do Oeste I. Ficou viúvo em 1981. Casou-se novamente em 1985 com a Sra. Leda Mariza Lazzarin Cunha, com quem teve duas filhas - Daniela e Izabela. Duas vezes trabalhou em secretarias municipais, onde mais de uma vez, fez sua parte na sociedade. João Baptista Cunha - faleceu no dia 3 de setembro de 2003. Por sua importante contribuição ao desenvolvimento da região e para a construção desta bela cidade que é Cascavel, João Batista Cunha recebeu esta homenagem da Construtora Saraiva de Rezende.

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GENTE & EVENTOS

João Batista Cunha Júnior com os diretores e conselheiros

João Batista Cunha Júnior assume presidência da SRO

Erwin Soliva transfere o cargo de presidente da SRO a João Batista Cunha Júnior

Edgar Bueno falou da satisfação de estar na posse do filho de um grande amigo

A Sociedade Rural do Oeste do Paraná (SRO) está sob nova direção. Tomou posse no dia primeiro de agosto, a diretoria que ficará à frente da entidade pelos próximos dois anos. Em solenidade realizada no Parque de Exposições Celso Garcia Cid, associados e lideranças políticas e empresariais acompanharam a transmissão da presidência de Erwin Soliva a João Batista Cunha Júnior. Filho de João Batista Cunha (in memorian), um dos fundadores do SRO, o novo presidente – que atua como empresário do ramo de sementes e insumos agrícolas e ocupa a presidência da Fundetec – agradeceu as palavras de carinho do seu antecessor e reafirmou seu compromisso de lutar em favor dos interesses do agronegócio regional, paranaense e brasileiro. “Passo a presidir uma entidade que já faz parte da história de nossa região, que agrega o setor mais falado e menos valorizado, que faz nosso país estar entre os mais importantes do mundo nessa área, a respeito da qual tantos cobram e poucos executam, mas que tem uma nobre missão: acabar com a fome”, comentou. “O Brasil tem ‘Ordem e Progresso’ na bandeira e onde houver essas duas coisas, a SRO estará lá para defender aqueles que produzem e geram riquezas para o país”, salientou. Confira a composição completa da nova diretoria: Presidente: João Batista Cunha Junior 1º vice-presidente: Bernardo Milano Junior 2º vice-presidente: Adelino Vetorello Netto 1º tesoureiro: Adani Primo Triches 2º tesoureiro: Acir Albino Dybas 1º secretário: Wagner Duraes de Oliveira 2º secretário: Luis Augusto Koyama (Maycon Catelli/Blanco Lima Comunicação e Marketing)

Expovel Na oportunidade, foi divulgada a data da festa de lançamento da 35ª Exposição Feira Agropecuária e Industrial de Cascavel (Expovel): dia 12 de setembro (sexta-feira). Neste ano, a festa será realizada de 11 a 16 de novembro João Batista Cunha Júnior com a deputada Cida Borghetti, o e a programação completa será divulgada nos próximos dias pela comissão organizadora. prefeito Edgar Bueno e a primeira-dama Lorita Bueno 94 I Julho/Agosto de 2014 I paraná rural


GENTE & EVENTOS

Manfred Alfonso Dasenbrock, Sicredi PR/SP/RJ

Dr. Claudio Aragon recebeu o prêmio em nome da empresa

Um brasileiro no Conselho Mundial das Cooperativas

pela sétima vez a Semex conquista Troféu Agroleite

O Conselho Mundial das Cooperativas de Crédito (Woccu) promoveu, de 27 a 30 de julho, em Gold Coast, na Austrália, mais uma edição da Conferência Mundial das Cooperativas de Crédito. O primeiro dia de atividades foi marcante para o cooperativismo de crédito brasileiro, já que, pela primeira vez, um cidadão do País foi nomeado secretário geral da entidade. Trata-se de Manfred Alfonso Dasenbrock, presidente da Central Sicredi PR/SP/RJ e da holding Sicredi Participaçôes S.A., que já era um dos conselheiros do Woccu desde 2009. “É um grande orgulho para o Sicredi ocupar o cargo. Isso demonstra a importância do Brasil no cenário mundial e comprova que estamos no caminho certo”, destaca. Ele adianta que o principal objetivo do WOCCU continuará sendo o fortalecimento e a expansão das cooperativas de crédito em todo o globo. Nos últimos anos, o Conselho Mundial implementou mais de 290 programas de assistência técnica em 71 países. Ao todo, participam da entidade 57 mil cooperativas de crédito de 103 países, que atendem 208 milhões de pessoas.

A noite da quarta-feira (06/08) foi de muita comemoração para a equipe Semex. Isso porque a empresa foi consagrada Heptacampeã do Troféu Agroleite, prêmio que elege desde 2002 os maiores e melhores da cadeia produtiva do leite. Com a premiação, a Semex Brasil passa a ser a única empresa de genética do país a ter recebido sete vezes o prêmio. A cerimônia de entrega do troféu aconteceu durante um jantar realizado no Memorial da Imigração Holandesa (um dos maiores moinhos holandeses da América Latina) na Cooperativa Castrolanda, em Castro, no Estado do Paraná. A premiação, que reuniu as principais autoridades do agronegócio na capital nacional do leite, também contou com a presença dos principais empresários do setor. A escolha dos vencedores aconteceu entre Fevereiro e Maio, através de uma votação aberta ao público, no site da cooperativa. “Receber o Troféu Agroleite pela sétima vez é a afirmação de que o trabalho que realizamos está seguindo o caminho certo. Na Semex, nós buscamos oferecer sempre inovação e qualidade aos nossos clientes. Por isso, receber um prêmio através de votação aberta, é sinal de que todos acreditam no que estamos fazendo. Este troféu nos faz querer seguir em frente, investindo mais a cada dia para melhorar sempre!”, comentou o diretor-presidente da Semex Brasil, Nelson Eduardo Ziehlsdorff. A premiação aconteceu na 14ª edição da Agroleite, considerada uma das principais feiras do agronegócio brasileiro, que reúne anualmente as principais novidades tecnológicas do setor leiteiro. A feira segue até sexta-feira (08) no Parque Dario Macedo, em Castro/PR.

Conferência Mundial A proposta da Conferência Mundial das Cooperativas de Crédito é incentivar o intercâmbio de informações, o aprendizado colaborativo e expor as melhores práticas mundiais para reforçar e renovar o movimento das cooperativas de crédito. Neste ano, a delegação do Sicredi contou com 81 integrantes, entre eles, dirigentes, executivos e colaboradores. Além da participação na conferência do Woccu, a comitiva do Sicredi visitou cooperativas australianas para de trocar informações e conhecer a forma de atuação.

A Semex Brasil Há 19 anos a empresa atua como distribuidora exclusiva da canadense Semex Alliance, no país. O objetivo da é oferecer sêmen de touros que contribuam com o melhoramento genético dos rebanhos de leite e corte. Atualmente a empresa possui 13 Distritais e mais de 70 regionais que atendem todo o território nacional. São profissionais que além de oferecer uma excelente bateria de touros ao mercado, prestam consultoria técnica, diferenciada aos criadores. paraná rural I Julho/Agosto de 2014 I 95


AMIGOS DA PARANÁ RURAL

Em evento social, promovido pela Construtora SR, o administrador Jadir Saraiva de Rezende com a esposa Luciana

Rogério Rizzardi, Gerente da Coopavel, com sua esposa Eni, participando da inauguração do residencial João B. Cunha

No lançamento do Edifício Abrahan Lincoln, a presença do Sr. Nilo e a esposa Dolores Saraiva de Rezende

O pastor em Nova Mutum/MT Marcel Siqueira e sua esposa Izailda com um grupo de participantes da igreja

Pastor em Nova Mutum/MT Getulio Siqueira e familia

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AMIGOS DA PARANÁ RURAL

O agrônomo do ano O Representante Técnico de Vendas da Bayer CropScience, Rodrigo Begale (na foto com Eduardo Estrada – presidente da Bayer CropScience para Brasil e América Latina), foi homenageado na 17ª edição do Prêmio ANDEF (Associação Nacional de Defesa Vegetal), que visa incentivar líderes do setor em busca de uma agricultura mais sustentável. Begale se destacou como “Agrônomo do Ano”, na categoria Profissionais da Indústria. O Prêmio ANDEF reconheceu o trabalho realizado pelo colaborador da área de Stewardship – responsável por gerenciar o uso correto e seguro dos produtos da empresa – em 2013.

Para ilustrar a nossa página, toda a singeleza da jovem estudante Inara Rufati. Ela é filha de Edna Rufati e Mauro Silva, de Cascavel/Pr.

Consórcio de Uniport e Colhedoras Jacto

O Consórcio Nacional Jacto realizou no dia 2 de agosto a primeira assembleia do consórcio de equipamentos da linha Uniport e Colhedoras de Café Jacto. A contemplação se deu através da apuração do resultado da Loteria Federal. As contemplações, um Uniport 2500 Star (por sorteio) e um Uniport Plus Vortex (por lance) saíram, respectivamente, para as cidades de Primavera do Leste e Sinop, ambas do MT. Lançado no início deste ano, o Consórcio Nacional Jacto oferece planos para toda linha Uniport e Colhedoras de Café Jacto em até 102 parcelas, sem juros, com amortizações mensais, trimestrais, semestrais e anuais. As assembleias são Um registro de Edna Rufati, para a amigos da Paraná Rural, mensais com contemplação por sorteio e lance. O faturamento em homenagem ao seu aniversário comemeorado no último é direto da fábrica. A próxima assembleia será presencial, no dia 15 de agosto dia 03 de setembro, na Expointer em Esteio/RS.

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