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Elena Cerviño: “Tecnologia digital em ortodontia

Tecnologia digital em ortodontia

Fig. 1. Planificação virtual.

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Fig. 2. Cefalometria digital.

Elena Cerviño

Médica dentista. Licenciada pela Universidad de Santa María (Caracas, Venezuela). Pós-graduada em Ortodontia pela New York University College of Dentistry (Nova Iorque, EUA). Mestre em Medicina Dentária pela Faculdade de Medicina Dentária da Universidade de Lisboa. Certificação no Sistema Invisalign (2006). Master em Ortodontia Invisível Sistema Invisalign (2015). Prática clínica privada no Instituto de Implantologia, nas áreas de Ortondontia e Odontopediatria.

Os constantes avanços tecnológicos exercem uma enorme influência no indivíduo e na sociedade, não só nos aspetos mais básicos da vida quotidiana, mas também em áreas nobres como a medicina, economia, educação e comunicação, tornando-se uma ferramenta de trabalho inestimável. Dentro da Medicina Dentária, a ortodontia não é exceção. Desde 1982, que programas cefalométricos computorizados têm vindo a ser desenvolvidos e melhorados, para a realização não só de planos de tratamento de correção e alinhamento mas também de cooperação com a cirurgia maxilofacial.

Ciência e prática

Durante anos, os traçados cefalométricos foram a única tecnologia digital usada em ortodontia. Em 2003, foram introduzidos no mercado, os tratamentos ortodônticos virtuais usados para a confeção de aparelhos fixos e alinhadores transparentes, tendo sido a Align Technology™ pioneira com o produto Invisalign™.

Pessoalmente, tenho vindo a ser uma utilizadora e testemunha da constante evolução digital. Tive a “sorte” de ter estado na Universidade de Nova Iorque (NYUCD) a realizar uma pós-graduação em Ortodontia, em 2006, tendo sido uns dos primeiros cursos a ter a oportunidade de obter a certificação de alinhadores Invisalign™ e começar a usar o sistema. Como qualquer tecnologia nova, os primeiros passos não foram fáceis e implicaram periodos com curvas de aprendizagem grandes.

Dos inúmeros problemas existentes nessa época, um dos maiores era a falta de elementos digitais necessários para ter um fluxo digital completo (fully digital workflow) e controlar o caso. Isto levou a uma falta de domínio da técnica com o consequente impacto no outcome final do caso.

Vários avanços foram introduzidos nesse sentido, sendo, na minha opinião, o scanner intraoral (IOS) um dos elementos chave da revolução da Medicina Dentária digital. O IOS é o elemento que mais contribuiu para a mudança da prática diária de uma unidade/equipa de ortodontia. Reduzimos drásticamente as impressões em alginato e silicone assim como os modelos de gesso e o consequente armazenamento. Ao eliminar estes passos de moldagem tradicional, conseguimos ser incisivos no que concerne ao bem-estar do paciente, suprimindo entre outros, o reflexo de vómito típico deste procedimento.

O scanner intraoral não substitui apenas as impressões intraorais “tradicionais”, mas influencia outras técnicas como o posicionamento indireto virtual e fabrico de brackets, o planeamento virtual de casos para aparatologia fixa ou alinhadores transparentes, sendo que a regra geral precisão é o fator determinante, uma vez que a margem de erro é bastante reduzida.

Ferramenta poderosa

Mas talvez uma das vantagens mais apelativas do IOS se verifique na comunicação médico-paciente, observando-se um aumento de eficácia na transmissão de informação, quando é utilizado, sendo considerado uma ferramenta poderosa, de fácil interpretação de um problema clínico e de demostração de posição final da movimentação dentária (simulação virtual do tratamento após vários minutos).

A união/encerramento do ciclo digital interferiu de uma forma profunda nas quatro áreas de intervenção ao paciente: diagnóstico, planificação, execução e monitorização. Esta última é a contribuição tecnológica mais recente com a introdução de um software informático que permite avaliar a correta adaptação de alinhadores, estando o paciente externo à consulta, o que permite trabalhar à distância.

Fig. 4. Alinhadores transparentes.

O meu objetivo como ortodontista é continuar a caminhar na direção do planeamento virtual com a intenção de minimizar os erros de execução e mantê-lo o mais paralelo possível à realidade clínica dos tratamentos

Fig. 5. Plano de tratamento virtual.

Afetando estas valências os tratamentos ortodônticos com o sistema de alinhadores massificaram-se e permitiram que grande parte da população adulta “aversa” ao uso da aparatologia fixa por razões estéticas/funcionais, pudesse corrigir a posição dos dentes e obter um sorriso mais estético e mais saudável.

Em suma, hoje em dia os pacientes estão a exigir tratamentos estéticos, indolores e rápidos. E nós, profissionais, temos que nos adaptar às mudanças cada vez mais rápidas nas sociedades. Nunca esquecer que todos os conceitos académicos básicos da ortodontia são e continuarão a ser importantes no futu

ro; no entanto, é necessário avaliar as novas alternativas com uma postura crítica, acompanhando as evidências científicas.

A inovação tecnológica não começou hoje e, definitivamente, também não terminará amanhã, novos equipamentos e desenvolvimento científico estão a evoluir rapidamente. E devemos entender que ela deve ser incorporada ao trabalho diário e que os cuidados clínicos do paciente serão definitivamente aprimorados, evitando obsolescência e tratamentos invasivos desnecessários.

O meu objetivo como ortodontista é continuar a caminhar na direção do planeamento virtual com a intenção de minimizar os erros de execução e mantê-lo o mais paralelo possível à realidade clínica dos tratamentos.

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