Alguma poesia

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alguma poesia o li v ro em s e u t em p o organização

Eucanaã Ferraz


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ca r lo s d ru m m on d de an drade

alguma poesia o li vro em s eu tempo organização Eucanaã Ferraz



Numa tarde em torno de livros, fotos, anotações, desenhos e memórias, no escritório que pertencera a Carlos Drummond de Andrade, seu neto, Pedro Augusto Graña Drummond, em resposta a meu interesse por come­morar, no ims, os 80 anos de Alguma poesia, sugeriu que fizéssemos uma edição fac-similar do exemplar de seu avô. Explicou-me que esse era um antigo projeto seu e de seu irmão, Luís Maurício, e que o aniversário parecia-lhe a data ideal para trazê-lo à luz. A reprodução que segue não é, portanto, apenas a imagem integral da primeira edição do livro inaugural de Drummond, publicado em maio de 1930. Reproduz-se, aqui, o exemplar — especialmente encadernado — que pertenceu ao próprio poeta, no qual anotou alterações que seriam incorporadas nas edições seguintes (registre-se, no entanto, que as imagens reproduzidas na capa e nas páginas 64 e 234-235 pertencem ao exemplar de Dolores, mulher de Drummond). Ao fac-símile, acrescentei uma fortuna crítica, em dois segmentos, que dá a ver a recepção de Alguma poesia quando de sua publicação. A primeira parte compõe-se de cartas que acusam o recebimento do livro enviado por Drummond a críticos e amigos; a segunda reúne artigos e resenhas. Além disso, julguei que seria desejável um texto introdutório ao volume. Foi imprescindível a colaboração da Fundação Casa de Rui Barbosa, especificamente do seu Arquivo Museu de Literatura Brasileira, onde estão depositados os recortes, fotos e cartas que ilustram esta edição. Por fim, cabe registrar a colaboração da editora Record e da Agência Riff, que representa a obra de Carlos Drummond de Andrade. e .f.



su m ári o

Apresentação Euc anaã Ferr az 9 Alguma p oesia Fac-símile  64 Caixa p ostal  23 4 Jor nal  270



Apresen tação | Eucanaã Ferraz

“Era tão gostoso brincar de Modernismo…” 1 cda

Oito décadas após sua publicação, em 1930, Alguma poesia, livro de estreia de Carlos Drummond de Andrade, não cessa de convocar novos leitores e releituras. Matriz inesgotável de investigações críticas, instiga-as e subsiste a elas, tendo conservado o frescor dos clássicos no franco diálogo que manteve com a poesia brasileira que se escreveu nos últimos 80 anos. Além de o livro conservar-se vigoroso no conjunto da excepcional obra de Drummond, certos poemas sobressaíram do volume. O célebre “Poema de sete faces” — que abre Alguma poesia como uma certidão de nascimento do poeta e de sua persona lírica (“Quando nasci, um anjo  andrade, Carlos Drummond de. Tempo vida poesia. 3ª ed. Rio de Janeiro: Record, 2008, p. 48.


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torto/ desses que vivem na sombra/ disse: Vai, Carlos! ser gauche na vida”) — tem sido objeto constante de interpretações que esquadrinham a composição multifacetada do poema e, a um só tempo, iluminam toda a obra drummondiana. Se o polêmico “No meio do caminho” despertou a fúria de conservadores por décadas e foi, simultaneamente, tomado como divisa pelos defensores da ousadia modernista, o desenvolvimento histórico da poesia brasileira apontou quem estava com a razão, já que o poema se sustenta íntegro, perturbador, belo e rigoroso. Oposto à sua enigmática e implacável “pedra”, o tédio de “Cidadezinha qualquer” é exemplo acabado de simplicidade, e a exclamação tão melancólica quanto cruel de seu conhecido verso final — “Eta vida besta, meu Deus” — gerou algo como uma jurisdição capaz de deslindar certo temperamento irônico e melancólico que se faz ver não apenas em Alguma poesia, mas em toda a poética de Drummond. Lembremos dos versos iniciais de “Quadrilha” — “João amava Teresa que amava Raimundo/ que amava Maria que amava Joaquim que amava Lili” — e reconheceremos de imediato o engenho, a ironia e o entusiasmo desmistificador que fazem desse poema um dos mais populares da nossa lírica moderna. Outro exemplo célebre é “Cota zero”,2 cujos três únicos versos — “Stop./ A vida parou/ ou foi o automóvel?” — parecem erguer um enorme desafio ao leitor e, por isso mesmo, fizeram desse texto um dos mais reproduzidos nos livros escolares como lição da síntese e da força sugestiva que caracterizam a linguagem poética. Deixando as peças isoladas, para olhar mais de perto o livro como um todo, logo atestamos a sua multiplicidade — como se as “sete faces” do poema que o descerra anunciassem também as multifaces do conjunto —

  Na primeira edição de Alguma poesia, o título do poema escreve-se “Cota 0”. A partir de 1942, quando o livro foi recolhido em Poesias, o título passou a trazer o numeral por extenso: “Cota zero”.


e, a um só tempo, a complexa harmonia entre suas peças. Com alguma razão, pode-se observar, quanto ao primeiro aspecto — o da multiplicidade — que há de ter concorrido para tanto o fato de os poemas terem sido escritos ao longo de um intervalo iniciado ainda em 1923 (data de composição de “Nota social” e “Coração numeroso”); quanto à coerência, dir-se-ia que os textos guardam em comum o espírito modernista que os animou. Para melhor avaliar uma coisa e outra, considere-se a intensidade daquele período na formação de Drummond, lembrando que o jovem poeta iniciou a carreira de escritor-jornalista ainda em 1918, com apenas 16 anos de idade; e, se estava então um bocado longe do futuro autor de Alguma poesia, apenas dois anos depois já colaborava no Diário de Minas, em Belo Horizonte, fazendo parte de uma trupe de escritores modernistas — ainda que vagamente modernistas —, formado por nomes como Milton Campos, Abgar Renault, Emílio Moura, Pedro Nava e Cyro dos Anjos; a consciência literária do grupo assomou bem mais arguta e impetuosa em 1925, com a publicação de A Revista, marco do Modernismo mineiro; em julho de 1928, Drummond veria o seu “No meio do caminho” ganhar a primeira página da aguerrida Revista de Antropofagia; no ano seguinte, passou a escrever no Minas Gerais e, por fim, em maio de 1930, trouxe à luz seu primeiro livro de poemas. Fato decisivo, nesse período, foi o contato pessoal com Oswald de Andrade e Mário de Andrade, os principais personagens do Moder­ nismo paulista, quando, em abril de 1924, passavam por Belo Horizonte a caminho de algumas cidades históricas mineiras, em plena celebração da Semana Santa. Formando uma espécie de embaixada cultural vanguardista, agregavam-se aos dois escritores a pintora Tarsila do Amaral, o escritor franco-suíço Blaise Cendrars, Oswald de Andrade Filho, a amiga e me­cenas Olívia Guedes Penteado e seu genro, Gofredo Teles.

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Segue-se o comentário sucinto dos poemas: “‘Política’, ‘Construção’, ‘Religião’, ‘Nota social’, ‘Sentimental’ são muito, muito bons. O ‘Oro­zimbo’ é simplesmente admirável. “Construção” como forma é perfeito. No ‘Orozimbo’ a piada do fim, não sei, não gosto muito disso. Tenho a impressão de que você escreveu aquilo só pra acabar. Pode ser que me engane. O ‘No meio do caminho’ é formidável. É o mais forte exemplo que conheço, mais bem frisado, mais psicológico de cansaço intelectual.” 10 Além dos comentários, Mário fez algumas anotações à mão em quatro datiloscritos, que reenviou para Drummond: dos poemas “Política”, “Construção”, “Passa uma aleijadinha” e “Nota social”. À margem deste último, no primeiro verso — “O poeta chega na estação” —, destacou o na, anotando: “Gostei da regência. Bravo!” 11 Elogiava, portanto, o uso de uma construção contrária àquela que a gramática normativa recomendaria — “O poeta chega à estação”. Mário, vendo na sintaxe desse verso um exemplo de escrita sem artificialidade, mais próxima da fala, ou, ainda, da gramática brasileira. Mas a abonação teve efeito perturbador e inesperado sobre o jovem poeta, que, sem dúvida, escrevera “na estação” não por convicção, nem por provocação, mas apenas por descuido, conforme se lê em carta enviada a Mário no dia 30 de dezembro: “‘O poeta chega na estação’. Você gostou da regência… Pois eu não gostei, e agora que peguei o erro, vou emendá-lo. Isto é modo de ver pessoalíssimo: correção ou incorreção gramatical. Sou pela correção. Ainda não posso compreender os seus curiosos excessos. Aceitar tudo o que nos vem do povo é uma tolice que nos leva ao regionalismo. Na primeira esquina do ‘me deixa’ você encontra o Monteiro Lobato ou outro qualquer respeitável aproveitador  andrade, Carlos Drummond de e andrade, Mário de. Op. cit., p. 72.   Ibidem, p. 75. Cf. a reprodução do datiloscrito na p. 16.


[pp. 15 a 17] Poemas enviados por Drummond a Mário de Andrade, com anotações manuscritas deste último




“Eu também já fui brasileiro” (Alguma poesia, “Também já fui brasileiro”, 1930, p. 19)


anos e muitas cartas, Mário, sintonizando com Drummond, tinha outra impressão: “Quanto ao nome Minha terra tem palmeiras, como nome é fraco mesmo. Além de comprido por demais, coisa inquizilante de a gente escrever e falar, logo dimi­nuído por síntese, preguiça e outras necessidades psicológicas, é mais uma glosa de coisa muito glosada, não acha?” E, adiante, um diagnóstico irônico: “Poemas de interesse imediatamente brasileiro estão em moda positivamente. Estão em moda até por demais. Minha terra tem palmeiras viria reforçar esse ritmo tomado, já um pouco com caráter de ‘apoiado’, embora útil. […] Me parece um pouco tardio pra você ir na onda. Tanto mais que o espírito individualistamente contemplativo e observador de você, bem livre, não combina com isso. Mais liberdade de inspiração, mais variedade déroutante é que é você. O Minha terra tem palmeiras não parece mesmo pra você também que vinha agora a meio de cambulhada? Talvez fosse melhor sacrificar a unidade do livro em prol duma maior unidade de você…” 72 O entusiasmo demonstrado por Drummond no início de 1928 desandou com o passar dos meses: “Sou mais do que preguiçoso, sou sem vontade, sem força. Meu destino é fazer diariamente belos projetos e marcar a realização deles para a próxima segunda-feira, o próximo mês, o próximo ano.” No entanto, na mesma carta a Mário, de 10 de julho, é com grande alegria e animação que comenta o nascimento de sua filha, Maria Julieta. Portanto, o desânimo dizia respeito à literatura: estava, há três meses, com as provas da Antologia dos 4 poetas mineiros na gaveta, sem tocar nelas, e tinha menos ânimo ainda para cuidar de Minha terra tem palmeiras: “Do meu livro só meu não cuido mais. Tenho para mim mesmo a desculpa da falta de dinheiro, que me satisfaz e me desvia de pensar em outros motivos psicológicos mais sérios.”73   Ibidem, pp. 320-321.   Ibidem, p. 613

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Desenho de Santa Rosa, reproduzido a partir do baixo-relevo feito pelo artista para a encadernação do exemplar de Carlos Drummond de Andrade.


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carta de rodrigo de m. f. de andrade a cda, de 6 de maio de 1930

Rio, 6 de maio de 1930. Meu querido Carlos, apanhei ainda há pouco seu livro no balcão de O Jornal e vim me enfiar neste escritório sossegado para ler os poemas que você até hoje vinha negando à gente. Li o volume do princípio ao fim sem parar senão para reler alguma coisa de um lirismo mais fundo. Agora, fechei o livro e quis escrever a você para lhe agradecer imediatamente a remessa do livro e a dedicatória da “Europa, França e Bahia”. Há muito tempo, não se publicava nada que prestasse no Brasil. Seu livro saiu à hora boa, quando o Graça acabou de incompatibilizar a gente com o Todo Universal, e o Guilherme está se preparando para ser recebido na Academia pelo Olegário, enquanto o Oswaldo descasou e casou de novo. Todo mundo precisava de alguma poesia, Carlos amigo. A vida anda feia, e a revolução nem aí. Muito obrigado a você. Recomende-me à sua senhora e beijo à pequenina. Com a maior saudade, abraça-o seu Rodrigo. Rua Barcellos,1 [108] Copacabana.

  Atual rua Francisco Sá.


carta de augusto frederico schmidt a cda, de 16 de maio de 1930

Rio, 16 de maio de 1930. Carlos Drummond de Andrade,

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muito obrigado pelo seu livro e pela felicidade que ele me deu. Há muito que andava precisando admirar alguém. No entanto, nada acontecia aqui. Ninguém surgia com alguma coisa de forte, de grande e de sério. Foi quando o correio me trouxe Alguma poesia. Tanta poesia! Antes de tudo, preciso lhe dizer que fez muito bem, publicando o livro. Coisa muito boa e generosa. Seu livro enriqueceu de muito a Poesia Brasileira. Escrevi sobre Alguma poesia para O Jornal. Sei que é meio ridículo quem não é crítico se meter a dizer coisas sobre livros. Não me importo, porém senti necessidade de dizer minha admiração pela sua poesia. Muito obrigado. Augusto Frederico Schmidt. p.s. Se lhe interessarem uns dois poemas meus publicados, faz tempo, terei contentamento em lhe mandar. ....................................................................................................................



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Alguma poesia 1 soares de faria

Alguma poesia, o recente livro de Carlos Drummond de Andrade, é originalíssimo. Carlos Drummond de Andrade, de 22 para cá, se constituíra um dos elementos mais resistentes da chamada escola modernista, que não era senão uma reação um pouco extremada contra todos os nossos processos de fazer literatura. O lirismo anêmico, o Parnasianismo perfeito e sem vida, o Classicismo carunchoso — tudo lhes causava revolta, e da revolta à reação foi um nada. Assistimos a essa peleja destruidora, quase sem atinar bem no que resultaria. Mas, intimamente, tínhamos a convicção de que dessa luta só poderiam sair vitoriosos os que tivessem, de fato, muito talento. Todos os outros se anulariam, seriam corridos pelo ridículo. De fato, assim foi. Os que podiam triunfar, triunfaram, apesar da escola; e foram poucos. Carlos Drummond de Andrade foi um desses eleitos. E acaba de fazer o milagre de dar-nos um livro de verdadeira poesia em versos que, aparentemente, só têm a forma de versos. Falta-lhes, como técnica (a antiga), tudo. Mas são versos, de fato, e dos melhores. E o são, porque a própria vida do autor, toda ela, se impregnou de poe­ sia; o seu temperamento, as suas tendências o levam irresistivelmente para a arte. Deste modo, à força da vocação — em tudo que escreve — versos, artigos de jornal, transparece o mesmo esteta. Os ligeiros escritos assinados Antônio Crispim e publicados no Minas Gerais são provas disso. Em Alguma poesia, o poeta não pôde fugir de mostrar-nos a sua grande sensibilidade. Por vezes, parece arrependido de a deixar transparecer, e o  Publicado em: Minas Gerais, 27/03/1930.


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seu humorismo vem logo obscurecendo-a. Mas, a meu ver, esse humorismo contribui para que a sua alma se torne mais compreensível. Em geral, não aparentamos, senão raramente, o que somos. Temos pudor de nós mesmos, receamos a fraqueza das situações em que a nossa alma se exterioriza talvez demais. Somos pudicos do nosso afeto. Assim o autor. Quando uma lágrima aparece, enxuga-a logo como o riso forçado. Riso doloroso e que dá a medida do poder dessa estranha sensibilidade. Porque, do contrário, o livro não seria o que é, não teria o singular relevo que tem. O autor consegue, sem pontuação, sem métrica, com termos comuns e construções anárquicas — consegue que a poesia apareça neste livro, inundando-o todo, iluminando-o, como num desafio ao versejar antigo. Carlos Drummond de Andrade conviveu no sertão, conhece as rudes e chagadas almas dos nossos patrícios. A sua “Romaria” tem uma dolorosa realidade: Jesus já cansado de tanto pedido dorme sonhando com outra humanidade.

Carlos Drummond de Andrade é um pessimista, irremediavelmente triste, porque é antiga a sua origem: Quando eu nasci, um anjo torto desses que vivem na sombra falou: Vai, Carlos! ser goche na vida. 2

E, assim pensando, não atinava que ele mesmo se desmentia adiante nessa linda “Infância”:  Versos 01-03 de “Poema de sete faces”.


E eu não sabia que minha história era mais bonita que a do Robinson Crusoé.

De fato: Meu pai montava a cavalo, ia para o campo. Minha mãe ficava sentada cosendo. Meu irmão pequeno dormia. Eu sozinho menino entre mangueiras lia a história do Robinson Crusoé, comprida história que não acaba mais. No meio-dia branco de luz uma voz que aprendeu a ninar nos longes da senzala — e nunca se esqueceu chamava para o café. Café preto que nem a preta velha café gostoso café bom. Minha mãe ficava sentada cosendo olhando para mim: — Psiu… Não acorde o menino. Para o berço onde pousou um mosquito. E dava um suspiro… que fundo! Lá longe meu pai campeava no mato sem fim da fazenda.

E, com esta transcrição, quis, para finalizar, mostrar aos que não leram o livro — como é verdadeira a poesia de Carlos Drummond de Andrade.

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Livro de estreia de Carlos Drummond de Andrade, publicado originalmente em 1930, Alguma poesia é um marco da poesia modernista e prova cabal da maturidade precoce de seu autor. Alguma poesia – O livro em seu tempo comemora os 80 anos do livro, estampando em fac-símile o volume que pertenceu ao poeta, com anotações de próprio punho que seriam incorporadas às edições seguintes. Além disso, reúne cartas de amigos e críticos acusando o recebimento do livro, bem como uma rica amostra das resenhas e artigos estampados no calor da hora pelos jornais de 1930 e 1931. Organizado por Eucanaã Ferraz, este volume mostra que, desde as primeiras semanas em que começou a circular, Alguma poesia já se afirmava como peça central da poesia brasileira, destinada a convocar sempre mais leitores e a conservar o frescor das obras clássicas.

isbn 978-85-86707-54-4

9 788586 707544


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