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INVESTIMENTO DE 300 MILHÕES
Chongoene. Vai mesmo avançar a construção do porto de cabotagem de Chongoene, um projecto com um investimento avaliado em 300 milhões de dólares, que inclui uma linha férrea de ligação com o Corredor do Limpopo, em Macarretane, bem como um conjunto de ramais para os projectos estruturantes da economia regional como as areias pesadas de Chibuto, em Gaza e de Jangamo, em Inhambane. Leonardo Simão, presidente do conselho de administração da Muyaque, anunciou recentemente em Pequim, onde participou no Fórum de Negócio China-Moçambique, que “existe já uma parceria estabelecida com o China Railways International Group para materializar o projecto.” O presidente do conselho de administração da Muyaque assinalou ainda que, “após uma avaliação preliminar, as partes estão actualmente a analisar vários tópicos e a equacionar estudos pormenorizados que, numa fase posterior, deverão determinar os custos definitivos do projecto, bem como o tempo de materialização e o retorno do investimento”, deixou expresso.
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mil milhões de dólares para viabilizar iniciativas de diferentes sectores de actividade industrial, como “o desenvolvimento de portos secos e de águas profundas; parques de energia fotovoltaica; parques de zonas francas industriais; agro-processamento (macadâmia, castanha, etc); unidades industriais (siderúrgica, química); turismo cinegético; logística integrada; e ensino superior.” A CTA espera que parte significativa do pacote de investimentos seja aprovada em Novembro próximo, no Fórum Africano de Investimentos, em Joanesburgo, África do Sul
Dívida. Credores e Governo continuam a trabalhar no acordo sobre a restruturação da dívida comercial da Empresa Moçambicana de Atum (EMATUM), avaliada em 850 milhões de dólares. De acordo com o ministro da Economia e Finanças, Adriano Maleiane, o documento que propõe o pagamento de 200 milhões de dólares até 2023, sendo a parcela restante entregue a partir dessa data em função das receitas fiscais dos projectos de gás natural – com início de
INVESTIMENTO
Ferrovia. A construção da linha férrea Tete-Quelimane é “prioridade” de Moçambique para 2019. O Ministério dos Transportes e Comunicação (MTC) anunciou que pretende “viabilizar” a construção da Linha Férrea Chitima – Macuse entre as províncias de Tete e Zambézia. A vice-ministra dos Transportes e Comunicações assumiu assim que o governo “pretende viabilizar a construção já no próximo ano”. A obra, orçada em 2,40 mil milhões de dólares, será executada por um consórcio em que participam a construtora China Machinery Engineering e a Mota-Engil, prevendo-se que esteja finalizada em 2021.
Estádio. Foi lançada a primeira pedra para construção do Matola Stadium uma infra-estrutura desportiva com capacidade para 12 mil espectadores. Depois de ter investido na compra de um clube em Portugal para facilitar a transferência de jogadores moçambicanos para a Europa e assinar uma parceria com o FC Porto para a projecção de novos talentos nacionais, a Associação Black Bulls deu mais um passo na sua contribuição para o desenvolvimento do desporto moçambicano. As obras de construção terão a duração de um ano e meio, num projecto cujos valores não foram revelados.
Grafite. A australiana Syrah Resources vai proceder à emissão de acções ordinárias para angariar fundos que permitam reforçar o investimento no projecto de exploração de grafite em Cabo Delgado. Em comunicado, a empresa mineradora adianta que cerca de “30 milhões de dólares serão aplicados no projecto moçambicano de Balama, no norte de Moçambique.”
ECONOMIA
OE. O défice do Orçamento de Estado (OE) para o próximo ano deverá manter-se em níveis semelhantes aos deste ano, andando na casa dos 80 mil milhões de meticais, segundo a proposta de lei aprovada no mês passado, em Maputo, pelo Conselho de Ministros. O documento reporta despesas no valor de 324 mil milhões de meticais (acima dos 302 mil milhões de meticais programados para este ano), e receitas globais de, até, 244 mil milhões de meticais.
Apoio financeiro. A CTA submeteu à apreciação do Banco Africano de Desenvolvimento (BAD), um conjunto de projectos num valor global de 1.4
produção previsto para 2022, “está ainda a ser avaliado” pelos assessores do Executivo moçambicano.
Doação. O Estado voltou a perder a oportunidade de gerir 300 milhões de dólares doados pela União Europeia e que deveriam ter sido canalizados para o orçamento de 2019, por não ter havido ainda esclarecimentos cabais no que diz respeito às dívidas ocultas, contraídas entre 2013 e 2015, no valor de 2,2 mil milhões de dólares. De acordo com o ministro dos Negócios Estrangeiros e Cooperação, José Pacheco, ficou claro que “a suspensão do apoio ao OE continua porque a verba destinada ao país, será aplicada no financiamento a projectos de desenvolvimento e não será gerida directamente pelo Estado.”
Electricidade. A Hidroeléctrica de Cahora Bassa (HCB) está a desenvolver um programa de investimentos para renovar a infra-estrutura “e conferir eficiência à capacidade instalada, assegurar a operacionalidade e sustentabilidade da cadeia de produção e melhoria da qualidade da energia fornecida aos clientes.” À luz do respectivo programa, a hidroeléctrica prevê investir cerca de 590 milhões de dólares para recuperar e modernizar o sistema electro-produtor. O financiamento advirá de capitais próprios e crédito bancário.
Segurança Social. A Ministra do Trabalho, Emprego e Segurança Social, Vitória Diogo, defende que o Instituto Nacional de segurança Social (INSS) deve “aprimorar a informatização da instituição, para evitar a necessidade de contratação de novos trabalhadores.” Para a governante, esta medida acarreta também uma outra vantagem, sendo “uma das mais eficientes formas de combate à corrupção no sistema de segurança social.”
Pescas. Nos primeiros oito meses do ano, a safra do atum esteve muito aquém das previsões que levaram à criação da Empresa Moçambicana do Atum (EMATUM) há cinco anos. De acordo com a directora geral-adjunta da Administração Nacional das Pescas, Estela Maússe, foram capturadas, nesse período, “apenas 2 433 toneladas de atum, para um potencial estimado em 200 mil toneladas.” Em Abril passado, o primeiro-ministro Carlos Agostinho do Rosário anunciou a extinção da Empresa Moçambicana de Atum e sua substituição por uma nova sociedade, a Tunamar, ao abrigo de uma parceria com a empresa norte-americana Frontier Service Group, do empresário norte-americano Erik Prince.
Frango. Um centro de reprodução de frango foi inaugurado no distrito da Namaacha, província de Maputo, o primeiro da região sul do país, com capacidade de produção acima de seis milhões de ovos férteis por ano. Com este
PRODUÇÃO MECANISMO DE AGREGAÇÃO DE QUANTIDADE EM QUALIDADE E ACESSO AO MERCADO
A provisão de matéria-prima para o mercado passa pelo fornecimento contínuo de produtos em quantidade e qualidade. As perdas pós-colheita, reduzem em grande medida as quantidades que os produtores poderiam fornecer ao mercado. Este facto, aliado aos riscos e incerteza de mercado, fazem com que o lucro destes, esteja muito abaixo das suas expectativas. Os riscos e incertezas de mercado aumentam pelo facto de estes estarem desprovidos de informações de mercados (preços, procura, custos de transacção) e as perdas da sua produção aumentam pelo facto de não possuírem armazéns convencionais. A provisão dos Complexos dos Silos (CS) sob gestão da Bolsa de Mercadorias de Moçambique (BMM) nas regiões com maior potencial agrícola, visa garantir um armazenamento seguro reduzindo assim as perdas pós-colheita. Garantida esta redução, associada à informação da diferenciação do preço pela qualidade, ela poderá contribuir para o aumento de quantidades disponíveis no mercado e que, a médio prazo, o produtor use sementes melhoradas e preste atenção as práticas culturais para aumento da produção e produtividade com qualidade. Consciente das necessidades básicas dos produtores na época das colheitas, o governo implementa o Sistema de armazenagem com Certificado de Depósito (CD) da BMM. Este, também será usado nos armazéns licenciados pela BMM. Este Sistema irá ainda permitir que produtores distantes dos CS possam armazenar com segurança as suas mercadorias nestes armazéns e estejam dentro de um sistema que lhes garantam, além de informações atempadas sobre mercados, a classificação e certificação das suas mercadorias e oportunidades de mercado. O CD, é munido de informação suficiente (tipo da mercadoria, qualidade, quantidade, o valor da mercadoria) que lhe permite ser usado como colateral para aceder a financiamento na banca. Esta facilidade, vai fazer com que os produtores não vendam toda a sua mercadoria no período em que a oferta é alta (período de colheita) mas sim que a armazenem para colocar no mercado quando o preço for justo.
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empreendimento espera-se que o país poupe cerca de 125 milhões de meticais anuais em importação de frango. Para a instalação do empreendimento, considerado como um dos mais sofisticados da África Austral, a Higest investiu 350 milhões de meticais.
Exportações. A Índia foi o principal destino das exportações de Moçambique em 2017, com praticamente o dobro do valor da economia que surge classificada em segundo, a África do Sul, de acordo com os dados do anuário divulgado pelo Instituto Nacional de Estatística, onde se revela que a Índia comprou a Moçambique bens no valor de 1 621 milhões de dólares, ao passo que a África do Sul adquiriu mercadorias no valor de 884 milhões de dólares. A China surge nesta lista no quinto lugar, com compras no valor de 252 milhões de dólares, tendo Portugal, ficado em 18.º lugar com 21 milhões de dólares. O volume total das exportações de Moçambique atingiu, em 2017, a casa dos 4 725 milhões de dólares.
Comércio. O comércio bilateral entre a China e Moçambique cresceu 45,13% de Janeiro a Julho, chegando aos 1 492 milhões de dólares. A balança comercial é favorável ao gigante asiático, que cedeu a Moçambique bens e serviços no valor de 1 092 milhões de dólares, um aumento de 51,93% face ao período homólogo. Já Moçambique vendeu à China 400 milhões de dólares, um salto de 29,32% em relação aos primeiros meses do ano anterior. A China vem, de resto, assumindo uma posição de peso crescente como parceiro económico dos países da CPLP. Com um volume de comércio bilateral a chegar aos 82 149 milhões de dólares de Janeiro a Julho de 2018, o que representa um aumento homólogo de 21,50%. Moçambique é o quarto maior parceiro da China neste grupo, depois de Brasil, Angola e Portugal, sendo a madeira o principal produto de exportação.
Indústria. Foi inaugurada há quatro anos e prometia, à época, “abrir uma era próspera no sector industrial em Moçambique”. Mas entretanto faliu e até endividou o Estado. Trata-se da fábrica de montagem de automóveis da marca Matchedje. O investimento para a constituição da fábrica, de 150 milhões de dólares, foi resultado de uma Parceria Público-Privada entre o Estado e a China Tong Jian Investment. Hoje, a unidade recentrou a sua actividade na transformação de carcaças de autocarros em salas de aula. Em 2014, ano em que foi inaugurada, a Matchedje Motors esperava assemblar meio milhão de veículos por ano a partir de 2020, tanto para consumo local como para exportação.
MERCADO
Banca. Mais de 70% do capital social dos bancos moçambicanos é detido por capitais externos, uma situação que o governador do Banco de Moçambique, Rogério Zandamela, considera “positiva”, uma vez que “a existência de grupos financeiros estrangeiros contribui para o aumento da concorrência, diversidade e disponibilidade de produtos financeiros, e por outro, para o desenvolvimento da indústria em termos tecnológicos”, diz. Ainda assim, para Zandamela, “é preciso uma maior supervisão desses fluxos de capitais estrangeiros na banca”, considerando ser por isso “inevitável” a discussão em torno da supervisão transfronteiriça.
Notação. Países africanos impulsionam mercado da notação financeira. A agência norte-americana Moody’s anunciou que o número de mercados emergentes (EM, na sigla em inglês) com notação financeira soberana, que classifica a dívida de cada Estado, está a crescer desde 2004, com a inclusão dos países africanos. Desde 2013, cerca de 2,6 mil milhões de dólares em ‘eurobonds’ - dívida pública emitida junto de investidores internacionais e em moeda diferente da do país emitente - “foram emitidos por fundos soberanos, sub-soberanos, corporações, instituições financeiras e entidades de financiamento de projectos e infra-estruturas”, destacou a agência de notação financeira internacional, na apresentação do relatório ‘Global Emerging Markets Chartbook’, durante um encontro em Joanesburgo, dedicado a investidores na África subsaariana.
Transporte aéreo. A concorrência ocasionada pela liberalização do espaço aéreo nacional está a resultar “no aumento da procura pelos serviços a aviação em Moçambique”, conclui um relatório do Instituto Nacional de Estatística (INE), que assinala o crescimento do transporte aéreo de passageiros na ordem de 2,4% entre Abril e Junho deste ano, em comparação com os primeiros três meses do ano passado. Neste período, o maior aumento, deu-se ao nível do transporte de carga aérea, que observou um crescimento, substancial de 32,2%. A companhia Fastjet é apontada “como a principal niveladora de preços para permitir o aumento da procura pelos serviços de transporte aéreo”, sendo de destacar que a ‘gigante’ Ethiopian Airlines, também anunciou a sua entrada no mercado para Outubro.
Agronegócio. A Future Agro Challenge Moçambique foi premiada com a “Melhor Iniciativa do Ecossistema Empreendedor”, na gala de Awards, pela Southern Africa Startup Awards. O Future Agro Challenge é uma iniciativa global focada em identificar e acelerar organizações criadoras de soluções inovadoras na cadeia de valor do sector agrícola, da produção ao consumo. Em Moçambique, a iniciativa é implementada, pelo terceiro ano consecutivo, pela Moz Innovation Lab.
Tecnologia. Moçambique é o quarto país da CPLP com maior velocidade de internet só atrás do Brasil, Cabo Verde e Portugal, que lidera o grupo, ocupando a posição 153 do ranking mundial de velocidade de banda larga. O estudo foi conduzido pela consultoria Measurement Lab, em parceria com a Google Open Source Research. Singapura, com uma velocidade de download de ficheiros estimada em 1,76 Megabytes por segundo, é o líder mundial neste campo.
Conferência. Decorre no próximo dia 25 de Outubro, no Auditório do Complexo Pedagógico da Universidade Eduardo Mondlane, a Conferência Nacional de Agronegócios, direccionada a empresas e empreendedores que operam na cadeia de valor agrícola.
OPINIÃO
Espectáculos perigosos
António Souto • CEO da Gapi - Sociedade Investimentos S.A.
a indústria do entretenimento, muito conhecida pelo ter-
mo inglês ‘showbiz’, tem facturado significativas somas financeiras com a comercialização de “milagres”. Seitas religiosas e organizações políticas têm sabido usar meios de comunicação social e montado espectáculos capazes de levar multidões a verdadeiros delírios psicóticos. O sucesso do negócio reside, em grande medida, na manipulação de ansiedades e expectativas de importantes segmentos da sociedade nacional. Vem isto a propósito da tendência crescente de shows que se propõem promover empreendedorismo, empresários e novos negócios. Manipula-se a necessidade e, ou o vazio de líderes capazes de empreender novos negócios. São de saudar iniciativas de reconhecimento público de pessoas que tenham demonstrado capacidade de empreender negócios geradores de postos de trabalho, de modernização de sectores e actividades económicas. O ‘showbiz’ que enaltece estas figuras e o exemplo que elas possam representar como modelos inspiradores é um acréscimo de valor a essas personagens. Contudo, o aproveitamento da ingenuidade e inexperiência comercial de jovens para se organizarem espetáculos custeados por fundos públicos e ou de publicitação de marcas pode ter efeitos perversos. Nos últimos tempos tem-se assistido a eventos, onde geralmente não faltam adornos atractivos como “líder”, ou “empoderamento” antecedidas de mensagens de estímulo a jovens para se assumirem como empreendedores. Para tal, basta elaborarem umas páginas de texto untadas com algumas aritméticas a que se dá o nome pomposo de “plano de negócios” ou “projecto de negócio”. Em muitas casos são cópias a partir de um qualquer sítio da web. No final, organiza-se um concurso cujo auge é o ‘showbiz’, bem televisionado. Estas “feiras de vaidades” são um logro perigoso. De facto, induzir-se na mente de jovens a presunção de se terem tornado empresários, porque venceram (?) um “concurso de ideias de negócio” é uma fraude do género das passagens administrativas no nosso sistema de educação. Fraude maior ainda é a publicitação massiva e televisionada desses rostos enquanto líderes. Para que uma ideia se transforme num negócio sustentável é preciso muita persistência, disciplina e abdicação. É também preciso que o ambiente de negócios não seja excessivamente impeditivo. Nenhum jovem pode digerir este cocktail de condições se não for minimamente assistido ao longo de meses ou até mesmo anos. Estes espectáculos têm um efeito particularmente perverso porque eles manipulam a ansiedade de centenas de milhares de jovens cientes de que, dificilmente, encontrarão um emprego digno. Importa referir um estudo recente divulgado pelo Banco Mundial evidenciando que, ao longo da próxima década, cerca de meio milhão de jovens irão anualmente atingir a idade laboral. As estatísticas económicas dizem-nos também que o sector formal da economia não tem capacidade para gerar nem 30 mil postos de trabalho por ano, o que significa menos de 6%. Já em tempos me insurgi contra os chamados “7Bis”, aqueles fundos públicos que distribuíam dinheiro barato, mas que nunca se preocupavam com a responsabilização de quem decidia distribuí-los, nem de quem nunca tinha que se esforçar por reembolsá-los. Isto é deseducativo. Moçambique precisa de uma nova geração empresarial capaz de empreender, inovar, saber acrescentar valor aos recursos naturais, ser capaz de conquistar a boa reputação indispensável para se atrair mais capital financeiro e tecnologia e tudo o mais indispensável para se fazerem nascer empresas competitivas, sustentáveis e criadoras de postos de trabalho dignos. Pois os Moçambicanos vão viver cada vez mais sob a ansiedade dos milhões de postos de trabalho que são prometidos, mas continuam a não existir. Por isso, Moçambique precisa de menos espectáculos que manipulam estas ansiedades. Moçambique precisa de reforçar as instituições que com profissionalismo, resiliência e persistência já vêm trabalhando com os jovens mais dedicados e capazes de aceitar sacrifícios e riscos… sim, aqueles jovens que, nos distritos e localidades deste país, são a semente de um sector privado que não nasceu de facilidades, nem depende de espectáculos.