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FIGURA DO MÊS
IMAGINAÇÃO E IMPLEMENTAÇÃO SÃO FRAQUEZAS DAS PME
JUSCELINA GUIRENGANE Presidente da ANJE – Associação Nacional de Jovens Empresários
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já lá vão oito anos de exis-
tência da associação nacional de jovens empresários (anje), e de esforços para construir uma nova geração de empresários. Apresentando à E&M as linhas que norteiam os objectivos da ANJE, Juscelina Guirengane, fala da necessidade de maior formação, mas coloca a tónica numa nova visão, “decisiva”, para o sucesso dos jovens empresários nacionais.
Como surge a ANJE e com que objectivos foi concebida?
A ANJE surge no início de 2010, fruto da união de diferentes jovens que haviam tentado começar os seus próprios negócios e encontraram barreiras para poder aceder a melhores oportunidades e entrar em determinadas instituições.
Ser empresário no país continua a ser tarefa difícil, não por falta de boas iniciativas, mas de meios para materializar os projectos. Como é que a ANJE tem trabalhado para contornar estas dificuldades?
Os desafios são imensos, da formalização ao acesso a informação relevante para as empresas. Apesar de se ter dado um salto qualitativo
cv
curriculum vitae
Natural de Inhambane, é formada em gestão empresarial e de tecnologias pela Universidade de KwaZulu Natal, na África do Sul. Ali trabalhou um ano na IBM, até que em 2015 fundou a Sahane Consultoria & Serviços. Foi docente nas universidades Técnica e São Tomás de Moçambique e uma das seis moçambicanas seleccionadas para participar do Mandela Fellowship for Young African Leaders.
ANJE
com a criação do Balcão Atendimento Único (BAU), existem aspectos que ainda estão ligados a outras instituições que muitas vezes acabam por levar jovens empresários a desistir. Depois, a própria capacidade de fazer o seu negócio, e que vai muito para além de ter um alvará, aliada à falta de imaginação e formas de implementação são ainda grandes fraquezas dos nossos empresários. E há as elevadas taxas de juro. Advogamos que as taxas baixem, mas temos consciência de que a maioria das pessoas que vão pedir crédito não têm intenção ou capacidade de devolução devido a esta fraca preparação para fazer negócios.
E é também neste sentido que a ANJE tenta intervir?
Dividimos a nossa intervenção em duas áreas: a capacitação empresarial e a acção para criar um ecossistema empreendedor, propondo regulamentos sobre negócios que vão no sentido de um maior acesso a informação. Lutamos por uma política e um programa nacional de empreendedorismo que funcione como uma bússola para promover iniciativas empreendedoras. Para além disso, organizamos anualmente uma conferência nacional de empreendedorismo com representantes de instituições públicas e privadas .
Já lá vão oito anos após a sua criação. Que avaliação a ANJE faz em relação ao cumprimento dos objectivos para os quais foi concebida?
Era necessário criar uma organização que incluísse os jovens no processo de debate sobre o desenvolvimento económico do país, que existisse e fosse reconhecida pelas entidades competentes. Isso foi feito de forma a que conseguíssemos estabelecer parcerias estratégicas como, por exemplo, com o BCI, várias instituições do governo e com a embaixada dos EUA. Agora, entrámos numa nova fase, e queremos ser uma entidade de referência na promoção do empreendedorismo em Moçambique. A nossa aspiração é fazer aprovar o programa nacional de empreendedorismo, conseguir um programa com um parceiro da banca que aceite o risco de subsidiar o crédito para os empresários a uma taxa de juro a rondar os 12%. E aliar isso a um programa estruturante de capacitação e orientação para os empresários.
Depois de anos difíceis para muitos empresários, quais são as perspectivas?
Queremos ver mais jovens e empresas detidas por moçambicanos a entrar nos grandes negócios de recursos naturais como o carvão e o gás. Idealizamos um cenário em que vão surgir necessidades por parte dessas grandes indústrias, na prestação de serviços e venda de produtos paralelos, que achamos que os moçambicanos devem preencher. E temos o desafio de criar processos administrativos mais eficientes e regras de certificação a que muitas empresas moçambicanas terão de poder aceder, para poderem fazer parte dos grandes projectos liderados por empresas multinacionais,