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fIgUra do MÊs

inclusão financeira é fundamental para o país

esselina macome Directora-geral da FSDMoç

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fazer aumentar o número

de moçambicanos incluídos no sistema financeiro. É este o desígnio da Financial Sector Deepening Mozambique (FSD Moç), entidade apoiada pelo DFID (Reino Unido) e pela embaixada da Suécia. Depois de passar pela administração do Banco de Moçambique (BdM), Esselina Macome fala à E&M de uma entidade que “identifica e forma parcerias com intervenientes-chave, promovendo oportunidades e investimentos direcionados à materialização do potencial do sector financeiro.”

Qual é a missão da FSD Moç? A FSD existe em Moçambique desde 2014 com a missão de ser um programa que facilita a inclusão financeira; não implementamos, mas trabalhamos em parceria com entidades que o fazem. A nossa visão é a de que, através deste programa, possamos estar a contribuir para tornar as pessoas mais resilientes na perspectiva financeira, o que significa aumento de qualidade de vida das pessoas. Este é o objectivo final da inclusão financeira. Não nos intitulamos enquanto instituição financiadora, trabalhamos na base de parcerias de várias vertentes. Por exemplo, com o BdM, estamos a desenvolver conjuntamente a Sand Box, ao nível dos aspectos regulatórios. Com a Bolsa de Valores

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esselina Macome juntou-se ao fSDMoç depois de dez anos no Banco de Moçambique, onde foi directora executiva do sistema de pagamentos, e membro do Conselho de administração. Liderou várias comissões, com destaque para a de estratégia da inclusão financeira. É, ainda, professora na UeM. fsdmoç

de Moçambique (BVM) desenvolvemos uma estratégia do mercado de capitais, por exemplo. O nosso programa vai até 2020, e estamos em várias outras frentes. Trabalhamos, por exemplo, com o Instituto Nacional das Telecomunicações de Moçambique (INCM) para vermos o que se pode fazer para mais pessoas terem acesso aos serviços de telefonia móvel e assim permitir que serviços como o M-Pesa ou o mKesh possam chegar a mais utilizadores.

Que metas tem a FSD Moç?

Temos uma estratégia de inclusão financeira, fundamental para o país, que assenta na estratégia nacional do próprio Governo. Nesse sentido, trabalhamos para que, no fim do programa possamos, pelo menos, atingir mais 2,6 milhóes de moçambicanos através de serviços financeiros. A nossa perspectiva é que, para além da banca, essa inclusáo passe pela área dos seguros e outras componentes do mercado financeiro, porque geralmente, quando se fala da bancarização, as pessoas pensam logo na banca. Para nós, o sector financeiro é muito mais amplo.

Após o alcance dos objectivos definidos em cada projecto, existe um follow up?

De uma ou de outra forma, continuamos ligados aos projectos, mas, a nossa intenção é de os tornar sustentáveis e independentes.

Um cidadão com uma conta de carteira móvel está ‘incluído’ financeiramente?

Definimos inclusão financeira em três níveis: disponibilidade; utilização; e por fim, perceber como isto ajuda a melhorar a sua qualidade de vida. Aí sim, se se cumprirem estes três passos, alguém pode ser considerado como estando efectivamente incluído financeiramente. Na primeira fase do nosso trabalho, demos maior foco ao acesso, ao ter conta bancária ou de carteira electrónica. Agora, estamos na fase de estudar o impacto destes serviços, o volume de transações e como isso tem alterado modos de vida. Nesta perspectiva, também trabalhamos com grupos de poupança informais. O próximo passo é, como dizia, trabalhar com empresas de seguros para vermos a possibilidade de se introduzir a componente de micro-seguros que, penso eu, em breve estarão disponíveis.

E na componente da educação? Existe algum projecto de literacia financeira para os estudantes?

Neste momento, o BdM tem uma estratégia de educação financeira activa. Estamos a apoiar na avaliação e a desenhar a nova fase desse programa. O que temos feito para colmatar este tipo de falta para as crianças, pelo menos duas vezes ao ano, é um programa que designamos de “Semana Mundial do Dinheiro”. Também existe o “O Dia Internacional de Poupança” em que, através das novas tecnologias conseguimos estimular os estudantes a familiarizarem-se com os conceitos simples do meio financeiro. Temos também uma plataforma a que chamamos de “Tablet Comunitário”, onde as crianças vão fazendo as perguntas e a plataforma dá logo as respostas. E depois faz-se um concurso onde se apura o vencedor.

Que papel terá a banca digital neste esforço de inclusão?

A nossa geografia mostra que não poderá haver serviços financeiros generalizados sem a banca presencial. Mas temos de arranjar novas formas de fazer chegar a banca a toda a população e a banca digital será decisiva. Estamos numa aldeia global e o sector financeiro está a saber adaptar-se.

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