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ESPECIAL INOVAÇÕES DAQUI
52 STARTUPS AFRICANAS
O protagonismo do continente na angariação de financimentos atingiu níveis jamais vistos em 2021
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56 FIDLI 58 PANORAMA
As notícias da inovação em Moçambique, África e no Mundo
Startup Africanas Angariaram Quase 4 Mil Milhões em 2021. Como?
Nigéria, África do Sul, Egipto e Quénia garantem a parte de leão do investimento, assegurando quase 80% do volume de fundos angariados. Nos últimos meses, há negócios superiores a um milhão de dólares anunciados diariamente num ecossistema em que as fintech dominam, os homens predominam e as mulheres começam a dar cartas
TEXTO Pedro Cativelos • FOTOGRAFIA Istock Photo , D.R
Se estivermos atentos às notícias, percebemos que há cada vez mais financiamento a ser canalizado para muitas startup africanas, mas os dados são apresentados na base de dados de startups “Africa: The Big Deal”, que decompôs o financiamento total angariado por startups em África para negócios no valor de 100 mil dólares, ou mais, vem confirmar a tendência: 2021 é “O” ano das startups africanas em termos de financiamento.
Olhando para os quatro grandes mercados de angariação de investimento em startups, Nigéria, África do Sul, Egipto e Quénia foram responsá-
Histórias de sucesso
Uma das maiores histórias do ano foi a Chipper Cash que angariou um total de 250 milhões de dólares este ano. Ainda em Novembro, esta fintech africana angariou 30 milhões de dólares na série B ,liderada pela Ribbit Capital, com a participação da Bezos Expeditions - o fundo de capital de risco pessoal do
CEO da Amazon, Jeff Bezos.
Fundada em São Francisco, em 2018, pelos ugandeses Ham Serunjogi e Ghanaian Maijid Moujaled, a empresa oferece serviços de pagamento P2P em sete países, sem taxas, com base em telemóvel: Gana, Uganda, Nigéria, Tanzânia, Ruanda, África do Sul e Quénia.
Paralelamente à sua aplicação P2P, a empresa também executa Chipper Checkout - um produto de pagamento baseado em taxas e centrado no comércio que gera as receitas para apoiar o negócio de dinheiro móvel gratuito da Chipper Cash. A empresa aumentou para três milhões o número de utilizadores
Uma das maiores histórias do ano foi a Chipper Cash, fundada por dois ugandeses, e que angariou 250 milhões de dólares em 2021
veis por 80% do total angariado no continente este ano, com 35% do capital angariado apenas na Nigéria.
A maior economia do continente angariou 1,37 mil milhões de dólares em 2021, seguida de 838 milhões de dólares na África do Sul, 588 milhões de dólares no Egipto e 375 milhões de dólares no Quénia.
Se acrescentarmos o Gana e a Tunísia aos quatro anteriores, então os seis primeiros países representaram 84,6% das empresas financiadas em fase de arranque e 92,6% do investimento total.
Seguem-se, em termos de montante total angariado, o Senegal (222 milhões de dólares) e a Tanzânia (96 milhões de dólares), com uma diferença muito grande em comparação com os Quatro Grandes. Em ambos os casos, um único negócio representa mais de 90% do total angariado este ano (Wave e Zola Electric).
na sua plataforma e processa uma média de 80 000 transacções diárias.
Agora, a empresa planeia expandir os seus produtos e o seu âmbito geográfico, com soluções de pagamento empresarial, opções de negociação de moeda criptográfica e serviços de investimento. “Seremos sempre uma plataforma de transferência financeira, mas temos tido procura dos utilizadores para oferecer outros serviços de valor, como a compra de activos em moeda criptográfica e a realização de investimentos em acções”, disse Serunjogi numa entrevista à TechCrunch.
Fintech dominam, cleantechs crescem
O Relatório de Investimento Africano concluiu que, apesar do crescimento constante do investimento ao longo da última década, o panorama do financiamento continua fortemente inclinado para um número limitado de sectores, que representam mais de 75% dos beneficiários do financiamento.
O boom das fintech em África continua a ser impulsionado pelo aumento da literacia digital e fintech, acesso a smartphones, redução dos custos da Internet e um empurrão para aumentar a inclusão financeira e os pagamentos sem dinheiro.
“Estamos a experimentar uma enorme desintermediação da maioria dos serviços bancários por parte destas startups fintech”, diz Ndubuisi Ekekwe, empresário e membro do corpo docente do Instituto Tekedia, centrado na inovação. “Com rapidez, segurança e preços justos, oferecidos por esta nova geração de produtos financeiros, os melhores produtos estão a ganhar”.
Devido a estes factores, o número de investimentos no sector está a aumentar em África, apesar de, em comparação com outras regiões, ainda ser baixo e de as lacunas de financiamento ainda persistirem, revelou um relatório recente da empresa de investigação Briter Bridges e do Fundo Catalisador Global de Aceleradores Tecnológicos.
A Fintechs representam mais de nove décimos do volume total de fusões e aquisições, algumas de grande visibilidade, como a Paystack, DPO Group e a Wave, e mais de um terço de todos os fundos de não-aquisição utilizados.
Enquanto as empresas de tecnologia financeira mantêm a maior parte do financiamento total (31%), as cleantechs (22%) estão, cada vez mais, a atrair capital de investidores locais e internacionais, incluindo um número crescente de empresas interessadas em acelerar a sua transição para as energias renováveis. Seguem-se as Healthtech (9%), dados e pesquisas (7%), agritech (7%) e e-Commerce (5%).
África do Sul cresce como nunca
Com mais de 758 milhões de dólares angariados em 2021, até ao momento, a África do Sul está no bom caminho para um ano recorde, especialmente tendo em conta os grandes anúncios da Jumo e da MFS Africa nas últimas semanas. O número de negócios de um milhão de dólares tem crescido constantemente nos últimos três anos, o que alavancou o montante global angariado através de 81 milhões, que se registavam em 2019, para quase 300 milhões no ano passado, com os 758 milhões deste ano.
Com este forte desempenho, o país vizinho passou da quarta posição, em 2019, para a segunda, este ano, apenas ultrapassada pela Nigéria.
Analisando em detalhe os números, a maior parte deste financiamento
O FINANCIAMENTO ANGARIADO PELAS STARTUPS AFRICANAS EM 2021
Marrocos Algéria
Tunísia
Egipto
Gana Nigéria
Camarões
RDC
Financiamento total obtido pelas empresas em fase de arranque no país através de negócios de 100 mil dólares e mais
África do Sul
Financiamento total obtido através de negócios $100k = negócios Nigéria
África do Sul
Egipto
Quénia segue a tendência do continente e vai para a fintech, um segmento cuja importância cresceu de cerca de 40%, em 2019, para mais de 68%, em 2021 até agora, especialmente devido à ronda de 120 milhões de dólares de Jumo e à série C de 100 milhões de dólares da MFS Africa.
Depois, a África do Sul é um caso único também na medida em que a grande maioria dos CEOs das suas startup, que angariaram mais de um milhão de dólares, são formados no país. A esse respeito a Universidade de Cape Town lidera, já que quase um terço dos founders e CEOs que fecharam rondas de financiamento se formaram precisamente nesta instituição.
Um milhão por dia nos últimos seis meses. Pelo menos...
Desde Julho de 2021, um negócio de mais de um milhão de dólares é anunciado, em média, todos os dias por uma startup africana. Daí que até comece a tornar-se um pouco difícil seguir as notícias.
E a aceleração é clara: em 2019, foi anunciado um negócio de um milhão de dólares em média a cada três dias, média que desceu para um a cada dois dias, em 2020, e que caiu ainda mais este ano, com um negócio de um milhão a cada 1,6 dias na primeira metade de 2021.
De Julho para cá, o investimento ganhou novo ímpeto visível em todos os sectores. Por exemplo, em 2019, havia apenas um negócio de mais de 1 milhão anunciado fora dos “Quatro Grandes” (Nigéria, África do Sul, Quénia, Egipto) em média quinzenalmente. Em 2021, até agora, o mesmo está a acontecer todas as semanas.
No mesmo período, o ecossistema passou de um negócio de 1 milhão em fintech, anunciado de dez em dez dias, para dois negócios deste tipo divulgados por semana. E até na disparidade de género, que continua a ser evidente, há sinais de mudança.
Em 2019, era necessário esperar, em média, seis semanas (!) entre dois negócios de mais de um milhão de dólares anunciados por uma startup liderada por uma mulher.
Já em 2021 temos assistido a um desses negócios a cada dez dias, um aumento impressionante que não deve esconder, ainda assim, o grande fosso que resta entre as startups lideradas por homens e por mulheres que é, hoje, de um para sete.
fidli Um Íman Para Atrair e Fidelizar Clientes
Ao atribuir um simples cartão a um cliente, a empresa emite uma espécie de chip para controlar a sua ligação com esse mesmo cliente através do volume de produtos ou serviços que este solicita. Se perceber que o perdeu, pode accionar mecanismos para o recuperar
TEXTO Yana de Almeida • FOTOGRAFIA Mariano Silva
Acrise gerada pela pandemia do Covid-19 exigiu, e ainda exige, das empresas uma boa dose de resiliência e inovação. O termo “reinventar-se” passou a ser usado em todos os sectores, não apenas em busca da sobrevivência, mas também para garantia da continuidade das empresas no pós-crise.
A ideia de “reinvenção” tem estimulado o desenvolvimento de soluções tecnológicas, capazes de impulsionar as empresas, evitando a sua extinção num mercado cada vez mais desafiador.
O Fidli é uma dessas respostas inovadoras. Criado pela VOID, uma empresa de tecnologia e comunicação sediada em Maputo, este novo sistema de fidelização de clientes já começa a conquistar a simpatia dos moçambicanos.
“O Fidli é um sistema inovador de fidelização de clientes, que promete aos negócios locais aumentar o número de visitas dos seus clientes e as suas vendas. É uma solução ´chave na mão´, simples e de baixo custo, que permite a qualquer negócio oferecer cartões personalizados aos clientes, realizar campanhas promocionais, atribuir ofertas e enviar SMS automáticas”, afirma Alexandre Coelho, director geral da VOID Tecnologia e Comunicação, empresa que desenvolveu o Fidli.
“Ao subscrever a solução, as empresas têm ao seu dispor um kit composto por 500 cartões personalizados com tecnologia contactless, um dispositivo para efectuar a leitura do cartão a cada compra do cliente e um painel de gestão para gerir as suas campanhas promocionais, ver dados estatísticos dos seus clientes e muito mais”, acrescentou o responsável. Outra grande vantagem é que “o nosso programa con-
siste na fidelização à base de pontos. Cada vez que o cliente faz a compra no estabelecimento, e ao introduzir o seu cartão no dispositivo, vai acumulando pontos. Mais tarde, o estabelecimento pode definir um conjunto de ofertas em troca desses pontos”. É, na verdade, uma espécie de gratificação aos clientes fiéis.
Lançado no passado mês de Novembro, o sistema surgiu da necessidade de impulsionar os negócios severamente afectados pela pandemia através do marketing de fidelização, uma estratégia que impulsiona empresas do mundo inteiro.
Desenhado para ser simples e de baixo custo, o Fidli alberga um conjunto de soluções adaptadas ao contexto moçambicano, destinadas tanto a pequenas como grandes empresas.
Apesar de ser recente a sua penetração no mercado, a receptividade do público anima a VOID que já faz planos para o futuro. “Neste momento, estamos muito focados em Maputo e Matola, por questões operacionais e logísticas. Queremos, até o próximo ano, ter cerca de 100 clientes, expandirmo-nos, obviamente, para outras províncias e, mais tarde, levar este produto para outros mercados da região da África Subsaariana”, projecta Alexandre Coelho.
O conjunto de vantagens de se ter um programa de fidelização de clientes faz acreditar no sucesso futuro. “Um programa de fidelização ajuda a aumentar a taxa de contenção de clientes, ou seja, clientes fiéis voltam mais vezes porque se sentem recompensados. Os clientes desenvolvem amor pela marca e é, no fundo, o que as grandes marcas no mundo fazem como estratégia: criar essa relação com o cliente que, por sua vez, promove e recomenda mais a sua marca”, concluiu.
B
EMPRESA
VOID Tecnologia e Comunicação
FUNDAÇÃO
2019
FUNDADOR
Alexandre Coelho
SISTEMA
Fidli
Healtechs
A Agência Internacional de prevenção da Cegueira (IAPB), um organismo com sede no Reino Unido, nomeou a docente da Universidade Lúrio, Isaura Ilorena d’Alva Brito dos Santos, heroína mundial em saúde ocular, edição 2021. No total foram nomeadas 81 personalidades entre clínicos e não clínicos, que trabalham em prol da prevenção da cegueira em vários países do mundo. Isaura Brito dos Santos é docente e directora do curso de optometria na Faculdade de Ciências de Saúde.
A optometria é uma profissão relativamente nova em Moçambique, resultado de diferentes iniciativas colaborativas internacionais. O curso começou no País pela primeira vez através da Universidade de Lúrio, em 2009.
Isaura Brito concluiu a licenciatura em Optometria, em 2014, com a distinção de melhor aluna e fez parte do terceiro lote de optometristas formados em Moçambique. No final da missão dos professores internacionais de optometria, havia a necessidade de contratação de optometristas treinados localmente para dar continuidade à formação dos alunos daquela especialidade. Face a isto, tornou-se professora júnior na Universidade de Lúrio, em Nampula, função que aceitou e que desempenha actualmente.
Astronomia
Moçambique quer lançar primeiro satélite a partir dos Açores, em Portugal
Moçambique quer ser “o primeiro” dos Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOP) a lançar satélites a partir dos Açores, arquipélago de Portugal, revelou o presidente do Conselho de Administração do Instituto Nacional de Comunicações de Moçambique (INCM).
Em declarações a jornalistas em Ponta Delgada, nos Açores, no âmbito da Conferência Internacional sobre a Estratégia dos Açores para o Espaço, Tuaha Mote explicou que Moçambique quer “ter o privilégio”, no âmbito do seu projecto de sistema de satélites, de “ser o primeiro país dos PALOP a usar o pólo de lançamento de satélites da ilha de Santa Maria”.
O responsável da autoridade reguladora de comunicações em Moçambique, que tem protocolos com a Autoridade Nacional de Comunicações portuguesa (Anacom), explicou que é também “coordenador nacional da comissão criada para desenvolver o conhecimento e a capacidade técnica para lançar o primeiro satélite moçambicano”.
Segurança
INCM Reafirma Compromisso de Combate ao Cibercrime em Moçambique
O presidente do Conselho de Administração (PCA) do Instituto Nacional das Comunicações de Moçambique (INCM), Tuaha Mote, disse no posto administrativo de Matibane, distrito de Mossuril, na província de Nampula, que o problema dos crimes cibernéticos está a merecer a atenção de todos os sectores sociais.
Falando na abertura da XV Reunião Anual de Balanço e Planificação do INCM, Mote destacou, entre os crimes cibernéticos mais frequentes no País, a burla, fraude financeira, lavagem de dinheiro e branqueamento de capitais.
“Não estamos no estado óptimo, mas ao nível institucional já temos capacidades básicas para colaborar e mitigar o impacto destes crimes cibernéticos. Falo de todo o tipo de crimes que possa ocorrer com recurso às redes de telecomunicações, de plataforma de tecnologias de informação e comunicação. Estamos em condições de produzir informação pericial com vista ao esclarecimento dos crimes”, explicou.
Outro desafio do INCM apontado pelo PCA é a necessidade de modernização e expansão de infra-estruturas digitais para que o serviço prestado seja abrangente e tenha qualidade.
A segurança cibernética é um tema que vem ganhando a atenção das autoridades, sobretudo na área financeira.
Ambiente
Itália Financia Projectos de Investigação em Sustentabilidade da UEM
A Itália anunciou um financiamento de três milhões de euros para projectos de investigação relacionados com ecossistemas e biodiversidade da Universidade Eduardo Mondlane (UEM). O valor será aplicado no reflorestamento de mangais, na estação de biomarinha da ilha de Inhaca, e para o fortalecimento das redes de laboratórios de investigação da UEM.
É mais uma acção dos dois países com vista ao cumprimento das decisões mundiais sobre a preservação do meio ambiente e combate às mudanças climáticas.
A Itália é, por excelência, parceiro da Universidade Eduardo Mondlane, que tem em carteira mais de 20 projectos na área de cooperação.
Desempenho e Perspectivas do Mercado de Capitais
Claudio Pondja • Head Of Wealth Management
Nos últimos anos tem-se verificado um crescimento do mercado de capitais em Moçambique, tanto no mercado primário, onde inicialmente são colocados à disposição os títulos financeiros, como no mercado secundário, onde estes transaccionam entre os agentes do mercado, após a admissão à cotação. Essa evolução tem sido evidente quer no crescimento sustentado no volume, quer no número de transacções.
A pandemia do COVID-19 tem influenciado significativamente o comportamento dos mercados financeiros mundiais e o nosso mercado não foi excepção. Os constantes sinais de riscos e incertezas associadas ao combate à pandemia têm trazido volatilidade, quer na propensão ao risco por parte dos investidores, quer nas medidas paliativas por parte dos bancos centrais e governos. As medidas de contenção da propagação do vírus, nomeadamente os lockdowns, criaram disrupções significativas nas cadeias de logística globais com implicações muito materiais no normal funcionamento do comércio internacional. Estas disrupções criaram escassez nas matérias-primas e motivaram, consequentemente, o aumento dos preços e da inflação um pouco por todo o globo. Por cá, o prolongamento dos conflitos militares nas zonas centro e norte do País, aliados às preocupações em torno da evolução da pandemia e vacinação contra a COVID-19, e a probabilidade de ocorrência de desastres naturais, dominaram as preocupações dos agentes económicos e autoridades monetárias, que optaram por manter uma política monetária restritiva ao longo do ano.
Esta política monetária adoptada pelo Banco Central permitiu conter uma subida descontrolada da inflação e alcançar um controlo cambial, atenuando desta forma as incertezas dos agentes económicos, contribuindo para um ambiente favorável à poupança e ao investimento em activos financeiros. Como reflexo desta estabilidade económica, assistimos a um aumento do apetite por activos de maior risco, que se repercutiu num aumento das transacções na Bolsa de Valores de Moçambique.
Conforme demonstra o gráfico abaixo, o volume transaccionado em mercado secundário foi de 5100 milhões de MT em 2019 e 5572 milhões de MT em 2020. Em 2021, este volume, em Novembro, já ascendia a 8620 milhões de MT.
Este crescimento do volume transacionado esteve assente num conjunto de factores: • Maior apetência por partes dos bancos comerciais a exposição a títulos vs. crescimento das carteiras de crédito; • Necessidades de financiamento do Estado que têm vindo a ser supridas através de um crescimento do endividamento interno, sobretudo com a emissão de OTs e BTs, aumentando o stock de instrumentos disponíveis para os investidores; • Uma quantidade superior de títulos com maturidades curtas (1 a 3 anos) que venceram em 2021, criando condições para renovações dos investimentos e aplicações dos juros libertos, fazendo com que os investidores optassem por aumentar a exposição a este tipo de instrumentos; • Melhoria do ambiente económico na segunda metade do ano, influenciando positivamente o sentimento dos investidores;
Perspectivas Para 2022
Para 2022, as perspectivas continuam animadoras e consideramos existirem condições para continuarmos a observar um desenvolvimento cada vez mais inclusivo do mercado de capitais no nosso País.
Considerando que, do volume inter-
mediado em transacções de títulos no mercado de capitais, a maior porção corresponde a transacções de Obrigações do Tesouro, que entre Janeiro e Novembro de 2021 representaram 97% do volume total transacionado, e tendo em consideração o volume de emissão de dívida interno aprovado em Orçamento de Estado para 2022, prevê-se que esta rubrica deverá aumentar de 40 957,5 milhões de meticais em 2021 para 53 081,4 milhões de meticais em 2022. Neste sentido, estima-se um crescimento do volume em mercado primário, e potencialmente em mercado secundário, no próximo ano.
Consideramos ainda que com a conjugação dos seguintes factores, poderão estar criadas condições para o crescimento contínuo do nosso mercado de capitais: • Com o equilíbrio a nível de procura e oferta de moeda estrangeira, estimamos que a estabilidade da taxa de câmbio deverá manter-se em 2022, o que poderá atrair mais investidores internacionais para o investimento em Dívida Pública em Meticais, que se revelou como um dos melhores investimentos de Obrigações a nível global em 2021; • A materialização das projecções de inflação média anual de 5,3% para 2022 (segundo as estimativas do Governo), continuará a criar condições favoráveis ao desenvolvimento económico e ao aumento do investimento no País, o que ajudará a clarificar as estimativas dos investidores da evolução das taxas de juro durante o ano; • A retoma das operações dos grandes projectos em Cabo Delgado poderão trazer, de novo, alento ao tecido empresarial nacional e fomentar o também o investimento em activos financeiros. • O aumento da taxa de vacinação em Moçambique irá criar resiliência no combate à COVID-19, permitindo uma economia mais aberta e com maiores relações com os parceiros comerciais, com as consequentes melhorias no comércio internacional e no desenvolvimento da economia nacional.
As previsões de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB), por parte do Governo (+2,9%) e de outras entidades como o FMI e Banco Mundial, apontam para uma aceleração da economia face às previsões que se tinha no início de 2021.
Em jeito de conclusão, esperamos que 2021 fique na História como o início do tão desejado progresso económico que o País anseia há alguns anos, e que 2022 seja um ano de crescimento sustentando, quer dos diferentes sectores da economia nacional, quer do mercado de capitais, e que deixemos para trás as preocupações, distanciamentos e dificuldades com que os últimos anos nos brindaram. Votos de um BiG 2022!