E&M_Edição 74_Julho 2024 • Mulher na Economia - A Voz Que Agrega Valor

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SUSTENTABILIDADE

MÁ CONCEPÇÃO E GESTÃO: ESTUDO ANALISA

LIXEIRA DE HULENE, EM MAPUTO

RESERVAS DE GÁS NO NIASSA

INVESTIGAÇÃO CIENTÍFICA: ROCHAS DO NIASSA

REVELAM POTENCIAIS RESERVAS

CONTAS PÚBLICAS

FMI ALERTA PARA A POSSIBILIDADE DE AS ELEIÇÕES

OCASIONAREM GASTOS EXCESSIVOS

INOVAÇÕES DAQUI

COMO A INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL ESTÁ A APOIAR A EDUCAÇÃO E O TRABALHO EM MOÇAMBIQUE

MULHER NA ECONOMIA

A VOZ QUE AGREGA VALOR

Que patamar atingiria a economia moçambicana se a mulher tivesse as mesmas oportunidades de se formar, trabalhar, liderar processos e ganhar salários como um homem?

Um relatório do Banco Mundial ajuda a recentrar a discussão sobre um tema em que as soluções são conhecidas, mas os avanços são tímidos

Um Novo Retrato à Desigualdade de Género

Em Moçambique, a desigualdade de género permanece como um dos maiores obstáculos ao desenvolvimento sustentável e equitativo. As mulheres continuam a enfrentar barreiras signi cativas em termos de salários, oportunidades de formação e do acesso a cargos de liderança, apesar de alguns avanços registados nas últimas décadas.

A disparidade salarial é uma realidade evidente no mercado de trabalho moçambicano, recentemente retratada num extenso relatório do Banco Mundial. Os dados indicam que, em média, as mulheres ganham signi cativamente menos do que os homens, mesmo quando desempenham funções equivalentes. Esta diferença não é apenas uma questão de injustiça social, mas também uma limitação económica, uma vez que reduz o poder de compra das mulheres e, por conseguinte, o seu bem-estar. A falta de políticas salariais equitativas perpetua este ciclo de desigualdade, evidenciando a necessidade urgente de uma reforma estrutural.

res, ocasionando um ciclo de pobreza e subdesenvolvimento.

Nos cargos de liderança, a presença feminina é ainda mais reduzida. As mulheres ocupam uma proporção mínima dos cargos de gestão nas empresas e a representação feminina em posições de decisão política é igualmente baixa. Esta sub-representação limita a in uência das mulheres nas políticas e decisões que afectam directamente as suas vidas, criando um círculo vicioso de exclusão e desigualdade.

A falta de políticas salariais equitativas

perpetua o ciclo de desigualdade

Apesar destes desa os, é importante reconhecer os avanços registados. Nos últimos anos, Moçambique tem adoptado políticas que visam promover a igualdade de género, como a implementação de quotas para a representação feminina em certas esferas e programas especícos de formação e capacitação para mulheres. Contudo, estas iniciativas são frequentemente insu cientes e enfrentam resistências culturais e institucionais profundas.

JULHO 2024 • N.º 74

DIRECTOR EXECUTIVO Pedro Cativelos

EDITOR EXECUTIVO Celso Chambisso

JORNALISTAS Ana Mangana, Filomena Bande, Jaime Fidalgo, João Tamura, Luís Patraquim, Nário Sixpene

PAGINAÇÃO José Mundundo

FOTOGRAFIA Mariano Silva

REVISÃO Manuela Rodrigues dos Santos DEPARTAMENTO COMERCIAL comercial@media4development.com

CONSELHO CONSULTIVO

Alda Salomão, Andreia Narigão, António Souto; Bernardo Aparício, Denise Branco, Fabrícia de Almeida Henriques, Frederico Silva, Hermano Juvane, Iacumba Ali Aiuba, João Gomes, Rogério Samo Gudo, Salim Cripton Valá, Sérgio Nicolini

ADMINISTRAÇÃO, REDACÇÃO

E PUBLICIDADE Media4Development

Rua Ângelo Azarias Chichava nº 311 A — Sommerschield, Maputo – Moçambique; marketing@media4development.com

IMPRESSÃO E ACABAMENTO

RPO Produção Grá ca TIRAGEM 4 500 exemplares

As oportunidades de formação são outro campo onde a desigualdade se manifesta de forma clara. Embora o acesso à educação básica tenha melhorado, as raparigas continuam a abandonar a escola em taxas alarmantes devido a factores como casamentos prematuros, gravidez na adolescência e responsabilidades domésticas. Estes fenómenos limitam as perspectivas de emprego e de ascensão social das mulhe-

Para que Moçambique possa verdadeiramente avançar em termos de igualdade de género, é essencial que haja um compromisso contínuo e reforçado, tanto a nível governamental como da sociedade civil. As políticas públicas devem ser mais assertivas e inclusivas e as empresas privadas precisam de adoptar práticas laborais que promovam a equidade salarial e a ascensão feminina a cargos de liderança. A educação deve ser priorizada, com especial foco na retenção das raparigas nas escolas e na promoção de uma cultura de igualdade desde cedo.

EXPLORAÇÃO EDITORIAL E COMERCIAL EM MOÇAMBIQUE Media4Development NÚMERO DE REGISTO 01/GABINFODEPC/2018

OBSERVAÇÃO

Inteligência Arti cial

O mundo da tecnologia vai concentrar-se em Recife, Brasil, na maior conferência de Inteligência Arti cial que discute como promover a adopção da IA pelos diferentes sistemas de ensino

12 14 ESG

OPINIÃO

“Correlação Entre Activos Financeiros”, Nilza Tenguice & Yara

Soto, Global Markets Analysts

Estudo da jurista e pesquisadora Vânia Cavel revela erros que di cultam a exploração sustentável da lixeira de Hulene

OPINIÃO

“Tendências da Liderança para o Futuro das Organizações”, Calson Sengo, Senior Human Capital Manager, SDO Moçambique 16

18

CONTEÚDO LOCAL

Porque é que as PME não estão em condições de explorar as vantagens do Conteúdo Local? Especialistas lançam as bases para os decisores e empresários solucionarem um velho problema

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69 ÓCIO

70 Escape Eternizar bons momentos em Laucala, nas Fiji? 72 Gourmet Que tal uma refeição na Casa do Peixe, à beira-mar, em Maputo?

73 Adega Neste Inverno, a aguardente de 1976, derivada do vinho alentejano, é uma sugestão a ter em conta 74 Empreendedor Meraki Carved Skulls, a arte de esculpir crânios de animais e criar obras de encher o olho 76 Agenda Tudo o que não pode perder neste mês de Julho 78 Ao volante do Xcient Fuel Cell, o primeiro camião movido a hidrogénio

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POWERED BY ABSA

“A Minha Maior Inspiração São as Mulheres que, Apesar dos Desa os, Continuam a Lutar Pelos Seus Sonhos e a Fazer a Diferença”, Denise Cruz, Directora de Canais do Absa Bank Moçambique

OPINIÃO

“A Evolução do Armazenamento de Energia em Baterias”, José Roque, EY Energy Segment Leader & Vasco Gomes, EY Assistant Business Consulting | Energy

POWERED BY FNB

“FNB Prevê Crescimento Económico de 4,9% no Sector Logístico em 2024”, FNB Moçambique

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SHAPERS

A visão interdisciplinar do economista francês omas Piketty e a forma como ajudou a interpretar e compreender o problema das desigualdades económicas em todo o mundo

Mecanismos de Comando & Controlo Empresarial (I), João Gomes, Partner @BlueBiz 50

OPINIÃO

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NAÇÃO

A MULHER NA ECONIMIA

24 Emprego de mulheres

Banco Mundial retrata a desigualdade de oportunidades de emprego e de remuneração que prejudica a mulher e pode minar a competitividade da economia nacional

34 Opinião

“Uma Nova Tribo, um Novo Movimento!”, Eugénia Salgado, Rita Angélico & Andreia Narigão, Tribe Move

36 Entrevista

A directora-executiva do Fórum Mulher, Ndzira de Deus, diz que há pouca acção em defesa do equlíbrio de género no trabalho e defende uma mudança de mentalidades

40 Luta pela igualdade

Pesquisa da E&M revela as inúmeras iniciativas levadas a cabo por diversas organizações pela emancipação da mulher, o que abre espaço para um futuro promissor

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MERCADO & FINANÇAS

Pesquisa cientí ca recente aponta para a possibilidade de ocorrência de grandes reservas de gás natural no Niassa

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MACRO

FMI chama a atenção para o risco de o Governo poder realizar despesas excessivas, induzido pelas eleições gerais, e alerta que será necessáro conter a propensão para aumentar gastos

59 ESPECIAL INOVAÇÕES DAQUI

60 Inteligência Arti cial

A SDO Moçambique e Edu Digital falam do estado actual, desa os, oportunidades e do futuro do uso da IA na formação de capital humano e no sector produtivo em Moçambique 64 AquaPro

A combinação da aquacultura e hidroponia, com resultados e cazes contra a poluição da água e produção alimentar

Julho, 2024

Mundo Discute Inteligência Arti cial na Educação

O Brasil acolhe, entre os dias 8 e 12 de Julho, a maior conferência internacional de Inteligência Arti cial (IA) aplicada à educação. A expectativa é que a International Conference on Arti cial Intelligence in Education (AIED), programada para acontecer no Recife, reúna entre 400 a 500 investigadores, entre os melhores do mundo. A realizar-se sob o tema “AIED para um

Mundo em Transição”, a conferência vai procurar estimular a discussão sobre como a IA pode moldar a educação para todos os sectores, como fazer avançar a ciência e a engenharia dos sistemas de aprendizagem assistidos por IA e como promover a ampla adopção dos novos modelos pelos diferentes sistemas de ensino. Uma das principais vantagens da IA na educação em saúde, por exemplo,

está na possibilidade de personalização da aprendizagem. Mas há muitos desa os a este nível, levantados pela UNESCO, nomeadamente no que diz respeito ao planeamento nas políticas educativas, à capacitação de professores, para a aprendizagem e sua avaliação, entre outros aspectos. A agenda adivinha-se recheada para os debates a realizar durante a conferência deste mês.

Fotogra a D.R.

Extractivas Moçambique prevê transferir 32,9 milhões USD anuais para o Fundo Soberano

O Governo prevê transferir anualmente, em média, um total de 2,1 mil milhões de meticais (32,5 milhões de dólares) para o Fundo Soberano de Moçambique (FSM), até 2027, de acordo com o Cenário Fiscal de Médio Prazo (CFMP).

Segundo o documento, aprovado em Junho pelo Conselho de Ministros, o Executivo recorda que o montante das receitas com o gás natural liquefeito (GNL), que deve ser transferido da Conta Transitória para o Orçamento do Estado (OE), é fixado em 60% das receitas projectadas até 2038, reduzindo-se depois para 50%.

O CFMP frisa ainda que as receitas do gás devem atender a objectivos específicos, nomeadamente o de financiar investimentos domésticos em áreas prioritárias, de acordo com a Estratégia Nacional de Desenvolvimento (ENDE), mas também impulsionar o crescimento e desenvolvimento económico e social em áreas de infra-estruturas, agricultura, energias renováveis e indústria.

O Governo já concluiu todos os instrumentos necessários para a operacionalização do FSM, estando em processo a constituição de dois órgãos importantes: o Conselho Consultivo de Investimento, cujos sete membros serão indicados pelo Executivo, e o Comité de Supervisão, com membros da sociedade civil, e que é da responsabilidade do Parlamento.

Negócios Banco Central anuncia eliminação de barreiras ao investimento estrangeiro

O Banco de Moçambique anunciou a “remoção de barreiras” ao investimento estrangeiro e aos investimentos de residentes no exterior, incluindo comércio internacional, aumentando para um milhão de dólares o limite anual sem necessidade de autorização prévia.

A título de exemplo, o banco central explica que no Investimento Directo Estrangeiro, as operações sobre certificados de participação em organismos de investimento colectivo e operações sobre títulos e outros instrumentos transaccionados no mercado de capitais fora de bolsa, os valores “que po-

dem ser realizados sem prévia autorização” do regulador aumentaram dos anteriores 250 mil dólares para um milhão de dólares anuais.

Fica também estabelecida “a obrigatoriedade de pagamentos em moeda nacional em todas as transacções domésticas no País” e a “harmonização dos vários regimes cambiais especiais vigentes, no âmbito dos projectos de exploração mineira e de hidrocarbonetos, sem, contudo, pôr em causa os compromissos já assumidos nesta matéria”. Parte destas medidas consta do Programa de Aceleração Económica (PAE) introduzida pelo Governo.

Turismo Empresários dizem que nova lei cambial prejudica o sector

Ainda em fase de divulgação pelo Banco de Moçambique, o novo instrumento normativo está a gerar restrições no acesso a divisas, de acordo com o empresariado nacional. Um dos sectores que mais se ressentem é o das viagens, onde já se regista a fuga de companhias aéreas devido a dificuldades para repatriar capitais e realizar operações no mercado.

Segurança

Moçambique espera apresentar, até 19 de Julho, as provas de que já cumpre as principais recomendações do Grupo de Acção Financeira Internacional (GAFI) para combate ao branqueamento de capitais e financiamento ao terrorismo e assim afastar-se de possíveis restrições.

O País passou, a 6 de Junho, pela pré-avaliação do quarto relatório para a sua remoção da lista cinzenta do GAFI, numa altura em que falta conhecer três resultados das actividades auditadas.

“O turismo precisa de novas companhias, mas estas estão a sofrer por falta de divisas. Estas entidades, em determinados momentos, precisam de repatriar capitais para fazerem face aos custos das operações de handling e combustíveis. Mas enfrentam constrangimentos para as suas operações quando aterram nos aeroportos de Maputo, Beira e Nampula”, disse o presidente do pelouro do Turismo na CTA, Muhammad Abdullah.

O sector privado fala ainda do registo de duas companhias aéreas que deixaram de operar no mercado moçambicano, como é o caso da Air France, que já voou para Moçambique e tinha a pretensão de regressar, mas retrocedeu na sua decisão. A CTA pede que o Governo reveja esta questão.

O Coordenador Nacional do Comité Executivo para Prevenção e Combate ao Branqueamento de Capitais e Combate ao Terrorismo, Luís Cezerilo, fez saber que o maior objectivo do Governo, actualmente, é cumprir os três resultados cruciais que podem mudar o cenário. Os parâmetros sob escrutínio “têm que ver com instituições como o Gabinete de Informação Financeira, o Serviço Nacional de Investigação Criminal, Procuradoria-Geral da República, entre outros”, disse o responsável.

Os 10 Países Mais Endividados Com o FMI. Cinco São Africanos

Estabelecido em 1944, o Fundo Monetário Internacional (FMI) apoia o crescimento económico dos países, fornecendo ajuda nanceira e orientação sobre políticas para melhorar a estabilidade, produtividade e oportunidades de emprego.

Os países procuram empréstimos do organismo para enfrentar crises económicas, estabilizar as suas moedas, implementar reformas estruturais e aliviar di culdades na balança

Egipto Ucrânia Paquistão

de pagamentos. Neste grá co, visualizamos os dez países mais endividados com o fundo, estando a Argentina a liderar, e com cinco nações africanas (com destaque para Angola) a constarem da lista. Este ranking utiliza os dados da instituição sobre o Crédito Total em Aberto do FMI, tendo sido seleccionados os dados de dívida mais recentes para cada país, até 29 de Abril de 2024.

Percentagem da Dívida face ao PIB

Correlação Entre Activos Financeiros

Quando se fala em investimento de longo prazo, um dos principais conceitos abordados é a gestão eficiente da carteira de investimentos e a diversificação do risco. A diversificação de uma carteira de investimento é a alocação de recursos de um portfólio em diferentes activos que possuem baixos níveis de correlação entre si, com o objectivo de reduzir o risco global do portfólio. O processo de diversificação eficiente não é um processo simples e requer conhecimentos financeiros e de cálculo para se conseguir uma diversificação eficiente. É por isso que muitos investidores recorrem a profissionais para poderem ter uma carteira de longo prazo eficiente, rentável e de baixo risco. Os gestores profissionais tendem a criar um portfólio com um mix de activos financeiros que possuam níveis muito baixos de correlação, chegando mesmo a colocar activos com correlação negativa, de modo a garantir que esta carteira de investimento seja adequada a todos os ciclos económicos e resiliente a possíveis choques não antecipados que possam gerar volatilidade nos mercados financeiros.

positivamente para o comportamento destes activos. Por outro lado, as obrigações são títulos que tendem a apresentar maior potencial de valorização em períodos recessivos, uma vez que durante estes períodos os bancos centrais adoptam políticas monetárias expansionistas, baixando as taxas de juro. Por este motivo, os investidores procuram estes activos em períodos conturbados, sendo intitulados então activos de refúgio para os investidores.

É então fácil perceber que uma carteira composta por acções e obrigações é uma carteira que poderá ter um comportamento mais seguro do que uma carteira apenas composta por acções ou por obrigações, pelo simples facto de que, historicamente, durante os diferentes períodos, estes activos comportam-se de maneira diferente, ou seja, apresentam correlações negativas entre eles.

Existem alturas em que esta correlação se altera, passando de negativa a positiva, alterando a solidez do portfólio.

Estas alterações acontecem, por exemplo, durante períodos de transição pós-choque económico

O conceito de correlação é fundamental na gestão de activos e, olhando para as duas principais classes de activos financeiros existentes na grande maioria dos portfólios, é fácil entender por que os gestores escolhem estas duas classes de activos quando estão a construir uma carteira de investimento. Analisando as diferentes fases dos ciclos económicos, podemos verificar que a performance dos activos de capital e dos activos de dívida têm comportamentos díspares durante grandes períodos. As acções tendem a ser um activo com elevado potencial de valorização em fases de antecipação de crescimento económico, uma vez que durante estes períodos as expectativas de geração de cash flows são mais elevadas, contribuindo

Porém, existem alturas em que esta correlação se altera, passando de negativa a positiva, alterando a solidez do portfólio. Estas alterações acontecem, por exemplo, durante períodos de transição pós-choque económico, como foi o caso do recente choque causado pela pandemia de covid-19. Durante anos, a correlação entre acções e obrigações sempre foi negativa, porém o período pós-pandemia gerou ineficiências nas cadeias de distribuição e no equilíbrio procura/oferta, com grande destabilização na inflação global. Este fenómeno criou um dos cenários mais violentos de política monetária restritiva, um pouco por todo o globo, com os Bancos Centrais a tentar controlar a inflação galopante que surgia em todo o lado. Durante este processo de estabilização, que ainda não está concluído, observou-se uma queda na valorização das obrigações ao mesmo tempo que as acções caíam por redução nas expectativas de crescimento futuro e capacidade de geração de resultados das empresas. Os famosos portfólios 60/40 tiveram as piores performances princi-

palmente durante o ano de 2022 e início de 2023, e isto deveu-se às quebras de correlação históricas entre as principais classes de activos que constituíam esses portfólios.

Como se pode verificar, não existe uma chave certa para todos os cenários nem todo o tempo, por isso a million dollar question é “Como deve ser feita a alocação dos activos nas carteiras dos investidores?” Nos mercados mais desenvolvidos tem-se observado a regra do 60/40, onde 60% dos activos são alocados a acções e 40% são alocados a obrigações. Vários estudos já mostraram que, em termos de retorno e risco, esta é uma das alocações que, historicamente, melhores resultados apresenta duran-

te mais tempo. No caso de Moçambique, a realidade é muito diferente. A liquidez dos activos financeiros e as elevadas taxas de juros reais criam um cenário onde uma carteira 60/40 não se tem revelado como a carteira mais eficiente. Por este motivo, a maioria dos investidores institucionais tende a privilegiar grande parte das suas carteiras à exposição a activos de dívida. Pelas razões apresentadas, ao que se pode adicionar o facto de a maioria dos títulos de dívida transaccionados serem títulos de cupão variável, estes activos têm apresentado rentabilidades muito superiores às que podem encontrar nos investimentos nas poucas acções disponíveis na Bolsa de Valores de Moçambique.

É, no entanto, expectável que esta situação possa alterar-se no futuro. Os projectos estruturantes, esperados para o País, irão criar um crescimento económico muito forte, onde as empresas bem posicionadas irão se beneficiar. O desenvolvimento do mercado, com mecanismos que possam potenciar o crescimento da liquidez, também será uma variável chave para poder aumentar o apetite pelo investimento em acções e, consequentemente, tornar esta classe de activos uma alternativa viável para ser incluída nos portfólios dos principais investidores profissionais no país, com o intuito de aumentar a rentabilidade e reduzir o risco através de uma carteira mais diversificada.

É preciso de nir regras sobre como alocar os activos nas carteiras dos investidores

Lixeira de Hulene: Como Convertêla Numa Fonte de Sustentabilidade?

Há aterros sanitários que se transformaram em fontes de sustentabilidade, nas suas três dimensões: Ambiental, Social e de Governança (ou, no caso, gestão), conhecidas pela sigla inglesa ESG. Mas isso não acontece em Maputo. Uma pesquisa da jurista e estudiosa em assuntos ambientais, Vânia Cavel, mostra o que está a falhar e como mudar este paradigma

Texto Filomena Bande •Fotogra a D.R

Apesquisa “Análise Ambiental da Lixeira de Hulene e a Responsabilidade Jurídica do Conselho Municipal” aborda o aterro sanitário de Hulene, Maputo, para alertar as autoridades. A autora salienta que há uma tendência para repetir os erros de Hulene nos novos aterros, anulando a possibilidade de estes servirem de pólos de criação de valor, como acontece noutros países.

Falando à E&M, após apresentar o tema nas Jornadas Cientí cas da Universidade Politécnica, Vânia Cavel apontou para um problema de génese. “De niu-se um espaço para servir de lixeira e, logo a seguir, começou a deposição indiscriminada de resíduos. A lixeira foi crescendo no mesmo espaço em que se ergueram habitações. O resultado é que o aterro, que deveria ser uma fonte de rendimento para centenas e milhares de famílias, e até de produção de energia, representa o contrário: um perigo crescente à saúde pública com um custo social incomensurável. Está longe de ser um local gerador de ganhos”.

Falta de preparação do solo

Um dos objectos de estudo e comparação na pesquisa é a lixeira de Itajaí, no Estado de Santa Catarina, Brasil. Neste aterro, criado em 2008, foram seguidas todas as etapas de preparação do solo. A técnica consistiu em impermeabili-

zá-lo para evitar que o líquido lixiviado (produzido pelas reacções químicas do lixo) se in ltre na terra e atinja os lençóis freáticos. Além disso, foi colocada na superfície uma camada de argila que ajuda a impedir a aproximação das aves. Este investimento permite a operacionalização do sistema de captação de biogás para a produção de electricidade, cuja central foi instalada nas imediações da lixeira.

Com estas condições criadas, foi instalado um sistema de captação de biogás, que traz duas vantagens: a primeira é evitar a poluição do meio, e a outra é extrair o máximo do que pode ser reaproveitado para transformar em energia eléctrica, enquanto as águas residuais que saem da lixeira são tratadas para a limpeza dos espaços públicos.

Na lixeira brasileira, a central de biogás começou a operar em 2014 e produz energia distribuída na rede pública. Cálculos feitos pelos responsáveis indicam que a mesma continuará a produzir por mais 15 anos, ainda que o ater-

ro já só receba lixo por mais cinco. No caso de Hulene, isto não foi observado. A falta de preparação do solo para acolher a lixeira é apontada por Vânia Cavel como um factor de perigo: a lixeira vai expandir-se além dos limites, comprometendo a saúde e integridade de um número crescente de famílias. Vai provocar contaminação do ar, do solo e da água, directamente no lençol freático (visto que o lixo é depositado directamente sobre o solo).

Perdas em crédito de carbono Devidamente preparado, o aterro sanitário serviria para produzir energia a partir de uma fonte alternativa, ou seja, teria um determinado valor em “créditos de carbono”. O que são? À luz do Mecanismo de Desenvolvimento Limpo, instituído internacionalmente, por cada tonelada de CO2 não emitida, países como Moçambique têm a possibilidade de atrair investimentos de países que já esgotaram as suas metas, e assim gerar rendimentos avultados pela quota

Na prática, os aterros sanitários, incluindo o de Hulene, não foram preparados para serem fontes de créditos de carbono e este potencial é desperdiçado. Um recurso que pode ser valioso

OS PROBLEMAS DE “HULENE”

Este não é o primeiro estudo ambiental a ser realizado na lixeira de Hulene. Há cinco meses, o investigador Bernardino José Bernardo, da Universidade Pedagógica de Maputo, realizou um estudo denominado “Modulação dos impactos ambientais e de saúde nos arredores da Lixeira de Hulene”. O trabalho identi cou elementos químicos como chumbo, cobre, manganês e cobalto junto ao aterro, elementos considerados prejudiciais para a saúde, sobretudo das crianças, pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Nas conclusões, o estudo revelou que também as hortas situadas entre 600 e 800 metros da lixeira apresentam elevados níveis de contaminação.

de CO2 poupada, o “crédito de carbono”. Na prática, os aterros sanitários, incluindo o de Hulene, não foram preparados para serem fontes de créditos de carbono e este potencial é desperdiçado. Um recurso que pode ser valioso.

Falta de controlo e monitorização Vânia Cavel critica as autoridades municipais pelo que considera ser falta de controlo e monitorização da actividade no aterro de Hulene, resultando na deposição de resíduos fora dos limites da lixeira. Por isso, defende que há espaço para a responsabilização civil e constitucional das autoridades (há infracção dos artigos 90, 92, 96 e 117 da Constituição da República). A esta questão sobrepõe-se a necessidade de remoção da lixeira para outros locais, o que é muito difícil de concretizar.

A sugestão de Vânia Cavel é que se invista na contratação de uma empresa especializada (a partir da África do Sul, Brasil ou China) para, gradualmente, sistematizar a transferência da lixeira. Mais importante: que as obras de futuras lixeiras sejam antecedidas de estudos e investimentos apropriados. A propósito, recentemente, a Bélgica anunciou que vai nanciar a construção de dois aterros sanitários em Nampula, avaliados em 125 mil milhões de meticais, que vão servir também para criar centros de reciclagem e compostagem do lixo. Poderá ser um sinal de viragem de ciclo?

Calson

Estamos perante uma realidade contextual em que a liderança e a subjectividade assumem um papel de extrema relevância no que toca a uma gestão estratégica perspicaz das organizações. O perfil e os dilemas de um líder assentam numa abordagem predominantemente reflexiva, dado que classificar a gestão dos comportamentos é uma tarefa complexa devido à multiplicidade de variáveis em que a sua categorização se poderá fundamentar.

A liderança, enquanto competência, processa-se ao longo do tempo, pois não é um comportamento utilizado pontualmente. Em paralelo, a liderança anda com a motivação dos colaboradores, visto que os mesmos tendem a reconhecer um líder como tal, na medida em que este for capaz de os motivar.

Efectivamente, a assinatura comportamental de um líder tenderá a condicionar a forma como os colaboradores irão executar as tarefas no exercício de uma determinada função. O líder, por sua vez, deve saber como é que a equipa se prepara para gerir o trabalho rotineiro, de acordo com os objectivos globais da organização. No meio de uma equipa, para além de partilhar o plano de acção das actividades de carácter colectivo, importa conhecer as potencialidades e limitações de cada elemento integrante da mesma. Tendencialmente, começa a deixar-se de ver aquelas organizações em que os líderes são muito

Tendências da Liderança Para o Futuro das Organizações

fundamentalistas, na medida em que, cada vez mais, eles optam por criar estratégias ou mecanismos com vista a promover uma gestão mais participativa. No panorama actual das organizações, em que a gestão tende a ser mais humanizada, e seguindo aquilo que é típico de uma visão estratégica,criam-semecanismosnaperspectiva de gerar oportunidades “win-win” [todos ganham] entre a liderança e os colaboradores. Aliás, nalguns casos, a rigidez por parte do líder na relação com os colaboradores pode gerar uma impressão errada e até desencadear um fluxo elevado de turnover. Isso porque, por um lado, o líder pode apresentar um perfil agressivo e competitivo na prossecução dos resultados e, por outro, os membros das equipas podem necessitar de alguma previsibilidade quanto aos ritmos dos acontecimentos nas actividades rotineiras.

Com grande probabilidade, um líder motivador, analítico-inspirador, que age com exemplaridade e de forma persuasiva, pode promover um elevado grau de

Nas organizações é importante gerar oportunidades “win-win” entre a liderança e os colaboradores

concretização dos objectivos globais de uma dada organização junto dos colaboradores (accountability).

Outrossim, importa relevar que a liderança pode ser diferenciada na medida em que possui um líder relativamente equilibrado, capaz de gerir a inteligência emocional em função das exigências da situação, bem como com uma forte componente de tomada de decisão estratégica e/ou operacional de forma autónoma e assertiva em contextos de mudança.

Numa perspectiva macro, com a constante transformação do cenário empresarial, o facto de comunicar e articular a visão estratégica com a equipa, constitui um factor preponderante para manter os colaboradores em prontidão, tendo em conta a dinâmica e ritmos de trabalho a que estes estarão expostos.

Não menos importante, a questão do feedback contínuo em ‘meetings one-on-one’, do ponto de vista positivo ou de desenvolvimento do ‘mindset’ no decurso das actividades rotineiras, quer seja formal ou informal, é um factor imprescindível e crítico de sucesso naquilo que é a avaliação de indicadores de desempenho dos liderados. Daí, podendo resultar numa mudança significativa, certamente que o feedback contínuo, para além da qualidade, proporcionará a melhoria do ‘timing’ nos processos, isto é, pode promover pessoas mais proactivas e resolutas.Um outro aspecto imprescindível desta reflexão é a importância de o líder criar oportunidades para desenvolver os colaboradores através da delegação de tarefas desafiantes, bem como através de acções de coaching, no sentido de aumentar a eficácia do grupo na entrega dos resultados. Nesta onda de desenvolver talentos, este mecanismo poderá estimular nos colaboradores a capacidade para projectarem a autoconfiança em contextos novos. É por isso que, quanto mais forte e cordial for a relação hierárquica, os liderados tenderão a ser mais precisos e fiáveis nas actividades de que forem incumbidas.

Porque Continuam as PME Longe do “Conteúdo Local”?

É um assunto amplamente abordado, mas faltam medidas objectivas. Enquanto a solução não chega, os debates vão agregando novas ideias para ver se o País consegue encurtar o caminho e estabelecer uma ligação mais sólida entre as empresas nacionais e as multinacionais que exploram recursos naturais

Texto Nário Sixpene •Fotogra a D.R

Desta vez, o Conteúdo Local foi tema de um dos painéis que compuseram a edição de 2024 da Conferência da Banca, Serviços Financeiros e Seguros (BFSI 2024), realizada em Maputo. Representantes da banca, do Governo, do sector industrial e juristas voltaram a sentar-se à mesa para partilhar ideias e tentar levar os decisores à prática.

A primeira parte foi dedicada a analisar obstáculos, desde as barreiras de ordem legal às nanceiras, passando pela capacidade de produção, respeitando padrões de qualidade e e ciência exigidos pelos grandes projectos. Que di culdades implica cada um destes obstáculos?

Lacunas na legislação

O jurista José Caldeira começou por reconhecer que a legislação vigente, apesar de dispersa, apresenta regras importantes relativas à participação do Estado e das empresas privadas na cadeia de valor das multinacionais. “Por exemplo, a legislação sobre mecanismos de contratação de cidadãos estrangeiros no sector do petróleo e minas encoraja o enquadramento de trabalhadores moçambicanos. Também, relativamente aos megaprojectos, há legislação e princípios que estabelecem este incentivo para a participação de trabalhadores nacionais”, apontou.

Mas prevalecem lacunas preocupantes. “O facto de a legislação ser dispersa e aplicar-se de forma diferenciada nos diversos sectores de actividade traz

desa os importantes e torna mais difícil que as empresas conheçam os projectos e tirem o máximo proveito do conteúdo local.

Ainda de acordo com José Caldeira, alguns aspectos da legislação nacional não são coerentes e, por isso, não são de fácil aplicação. Ou seja, os diversos pacotes legislativos apresentam contradições. A Lei de Petróleo, por exemplo, estabelece que os moçambicanos têm direito de preferência na atribuição das concessões, se forem descobertos recursos naturais por serem explorados. A Lei de Minas também estabelece esta preferência. Enquanto isso, “o regulamento da contratação de empreitadas novas faz uma margem de preferência de 15% relativamente ao valor do contrato de empresas, mas, se o produto for feito localmente, ainda que o fornecedor seja estrangeiro, esta margemdepreferênciasobepara20%”,referiu a título de exemplo.

Acesso ao nanciamento Para o representante da Associação Industrial de Moçambique, Miguel Joia, o difícil acesso ao nanciamento é o principal entrave à participação das pequenas e médias empresas (PME) na cadeia de valor das multinacionais. “Embora as PME representem, segundo estatísticas o ciais, 98,4% do tecido empresarial, enfrentam desa os signi cativos que limitam a sua capacidade de participar nas actividades dos megaprojectos. Podemos considerar que é essencialmente esta barreira que impede que as empresas participem nos projectos de Conteúdo Local”, sentenciou.

“Há empresas que têm mais do que um relatório e contas: um interno, outro para apresentar às autoridades fiscais e outro ainda para apresentar aos bancos. Nestas condições fica difícil aferir a real situação da empresa e a capacidade de reembolsar o financiamento que solicita”

E a banca, também representada no evento, sublinhou mas apresentou o seu ponto de vista. A inobservância das boas práticas de gestão, apesar de ser um problema há muito identi cado, prevalece na maior parte das empresas, segundo o representante do conselho de administração do Moza Banco, Jaime Joaquim. “Temos encontrado muitas empresas com ‘one man ts all’ ou ‘one man show’. Nestas condições, colocamos a questão: o que acontece se um dia o gestor não tiver a capacidade de dar continuidade ao negócio? O negócio irá morrer com a morte do gestor - o que di cultará o reembolso do valor disponibilizado pelo banco? É, portanto, muito importante que as empresas tenham uma estrutura mais organizada”, sugeriu.

Contabilidade organizada

Segundo o responsável, outra barreira tem que ver com a contabilidade organizada. “Algumas PME têm di culdade em manter as contas auditadas, ainda que sejam áveis. E há empresas que têm mais do que um relatório

QUE SAÍDAS?

Em representação do Governo, a vice-ministra da Economia e Finanças, Carla Louveira, sugeriu que o sector nanceiro deve enfrentar determinados desa os para impulsionar, de forma e caz, o desenvolvimento do conteúdo local e a integração dos megaprojectos no desenvolvimento económico do País. Essencialmente, de acordo com a governante, o sector deve criar e massi car soluções que privilegiem o conteúdo local dentro dos segmentos de oferta de serviços que estão na esfera produtiva do País.

Já Miguel Joia entende que o caminho será a criação de seguros de crédito comercial, que estabeleçam uma relação de protecção B2B entre um fornecedor e um cliente.

e contas: um interno, outros para apresentar às autoridades scais e outro para apresentar aos bancos. Nestas condições ca difícil aferirmos a real situação da empresa e a capacidade de reembolsar o nanciamento que solicita”, argumentou.

Elevado padrão de qualidade

Outro obstáculo, também apresentado por Miguel Joia, é o elevado padrão exigido pelos megaprojectos – não apenas só relacionado com a qualidade dos produtos e serviços oferecidos, mas também com a e ciência operacional e a capacidade de cumprir prazos –, que está além da capacidade apresentada pelas empresas nacionais. “Há uma necessidade de as PME se reinventarem, porque os pagamentos só são feitos depois dos serviços executados, por vezes depois de 60 ou 90 dias. Essa disparidade pode criar um gap no uxo de caixa das empresas, com impacto severo nas suas operações diárias. E sobrepõem-se a isto os custos logísticos e alfandegários”, explicou Miguel Joia.

“A Minha Maior Inspiração São as Mulheres Que, Apesar dos Desa os, Continuam a Lutar Pelos Seus

Sonhos e a Fazer a Diferença”

Denise Cruz ingressou no Absa Bank Moçambique (então Barclays) em 2009 como gestora de projectos. Com mais de 15 anos de experiência no sector bancário, acumulou uma vasta experiência na gestão e entrega de projectos críticos, operações e processos, além da gestão de recursos humanos, vendas e gestão operacional da rede de balcões, relações com clientes, análise de informação de gestão e implementação do conceito de cadeia de valores CIB. Em 2018, assumiu a função de responsável de Canais Digitais, Físicos e de Voz (Contact Center) na Banca de Retalho e de Negócios, e, em Dezembro de 2022, foi nomeada Directora de Canais e membro do Comité de Gestão do País.

Como começou a sua carreira no Absa Bank Moçambique e o que a motivou a ingressar na área bancária?

ga eficaz dos mesmos. A superação destes desafios, a entrega, foco e auto-motivação foram fundamentais para o meu crescimento e preparação para cargos de maior responsabilidade.

Pode contar-nos sobre a sua progressão dentro do Banco e os marcos mais significativos da sua trajectória?

Os programas de empoderamento feminino do Absa Bank Moçambique, como o "EmpowerHer" e o "IgniteHer", têm sido essenciais para promover a igualdade de género e criar um ambiente de trabalho inclusivo

Iniciei a minha trajectória no Absa Bank Moçambique em 2009, quando a instituição ainda era conhecida como Barclays. A minha motivação para ingressar na área foi impulsionada pela minha paixão pela Gestão de Projectos e pela oportunidade de contribuir para o desenvolvimento do sector financeiro em Moçambique. Tinha boas referências do Barclays e decidi abraçar a oportunidade. Enfrentei desafios, mas cada um deles foi uma oportunidade de aprendizagem e crescimento profissional.

Quais foram os maiores desafios que enfrentou no início da sua carreira?

Um dos maiores desafios foi adaptar-me à dinâmica e complexidade do sector bancário. Tive de desenvolver rapidamente habilidades de gestão e liderança para lidar com projectos críticos, gerir vários stakeholders e garantir a entre-

Ao longo destes 15 anos de casa, fui de Gestora de Projectos a Gerente de Balcão, depois para Parceira de Negócio de HR, fui responsável pela área de Gestão de Informação, passei para Gestora de Negócios do Departamento de Operações, depois fui para o Corporate implementar o conceito de “Cadeia de Valor na Banca”, passei para o Retalho para Responsável de Canais Digitais, Físicos e de Voz e finalmente, para a posição de Directora de Canais e membro do Comité de Gestão do País, responsável por todos os canais do banco, incluindo o departamento de Reclamações e Experiência do cliente. Implementei sistemas inovadores que aperfeiçoaram a eficiência operacional, melhorei a experiência do cliente e liderei equipas que alcançaram metas ambiciosas. Tem sido uma grande viagem…

Que habilitações e competências considera essenciais para alcançar o sucesso no sector bancário?

Acredito que, em primeiro lugar, a humildade, pois todos os dias aprendemos alguma coisa com alguém. Mas sem dúvida que a resiliência, a capacidade de adaptação à mudança, a liderança e a comunicação eficaz também são competências essenciais.

Qual é o impacto dos programas de empoderamento feminino implementados pelo Absa no geral, e para si?

Os programas de empoderamento feminino do Absa Bank Moçambique, co-

Denise Cruz • Directora de Canais do Absa Bank Moçambique

Absa está empenhado no empoderamento da mulher em reconhecimento da relevância do seu papel na economia

mo o "EmpowerHer" e o "IgniteHer", têm sido essenciais para promover a igualdade de género e criar um ambiente de trabalho inclusivo. Iniciativas como o programa "Masedi - Creating Inspiration and Success", onde eu participei, oferecem ferramentas práticas para o desenvolvimento de competências de liderança e resiliência, impactando positivamente a carreira das participantes e ajudando-as a alcançar os seus objectivos profissionais.

Como vê o papel da mulher na sociedade actual, especialmente no contexto do sector financeiro?

O papel da mulher na sociedade actual é vital e está em constante evolução. No contexto do sector financeiro, as mulheres estão a assumir posições de liderança e a contribuir significativamente para a inovação e crescimento do sector. É crucial continuar a promover a igualdade de género e oferecer oportunidades

iguais para que as mulheres possam demonstrar todo o seu potencial. Deverão ser implementadas políticas de diversidade e inclusão, programas de mentoria e desenvolvimento para mulheres e garantir um ambiente de trabalho que apoie a conciliação entre vida profissional e pessoal. Só assim, as mulheres poderão competir em igualdade de circunstâncias. Além disso, é importante que as empresas reconheçam e valorizem as contribuições únicas que as mulheres trazem para o local de trabalho.

Quem são as suas maiores inspirações e porquê?

As minhas maiores inspirações são as mulheres que, apesar dos desafios, continuam a lutar pelos seus sonhos e a fazer a diferença nas suas áreas de actuação. Líderes como a Dra. Luísa Diogo e a Dra. Graça Machel são exemplos de resiliência e coragem e inspiram-me a continuar a trabalhar para alcançar os meus

objectivos e a apoiar outras mulheres no seu caminho para o sucesso.

Que conselhos daria às mulheres que estão a iniciar a sua carreira no sector bancário e aspiram a cargos de liderança?

O meu conselho para as mulheres que estão a iniciar a carreira nesta área é acreditar no seu potencial, correr atrás dos objectivos e nunca parar de aprender. É fundamental procurar oportunidades de desenvolvimento, ter coragem para enfrentar desafios, acreditar que são capazes e não ter medo de pedir ajuda ou mentoria. Nunca desistam dos seus sonhos e trabalhem arduamente para alcançá-los! Acreditem nas vossas capacidades, busquem constantemente o conhecimento e apoio e não tenham medo de assumir riscos. Juntas podemos criar um mundo corporativo mais inclusivo e equitativo. A determinação e a resiliência são a chave para o sucesso!

O

José Roque • EY Energy

Segment Leader & Vasco

Gomes • EY Assistant Business Consulting | Energy

Noactualcontextodetransição energética mundial, é essencial promover a flexibilização e resiliência da rede eléctrica; no fornecimento de energia, reduzindo a dependência dos combustíveis fósseis. Os sistemas de armazenamento de energia em baterias (BESS – battery energy storage systems) assumem-se como solução para este fim através, por exemplo, da maximização do aproveitamento de energia renovável, armazenando-a em períodos de pico de geração (ex: em dias com muito sol e vento) com posterior utilização em horas de pico de consumo (ex: quando chegamos a casa à noite e não há sol/vento), optimizando o balanço entre oferta e procura de energia.

Estes sistemas podem também ser implementados para reserva de capacidade à escala da rede de distribuição de energia, em situações de contingência em que esta se encontre indisponível, tornando-se necessário o respectivo restauro, ou como parte integrante de microredes (redes locais de fornecimento de energia que podem operar de forma isolada face à rede eléctrica principal), assegurando autonomia e continuidade na distribuição de energia em zonas especificamente afectadas por constrangimentos de rede.

Neste sentido, o novo estudo global da EY – Is it time to invest in battery energy storage as a standalone asset? - analisa a viabilidade comercial de sistemas de armazenamento em baterias em regime autónomo, ou seja, sem fazerem parte de parques solares ou eólicos, assim como os principais modelos de negócio. O estudo apresenta as seguintes conclusões:

1. É expectável que em 2030, a nível global, o mercado de serviços de armazenamento em baterias seja 10 vezes maior do que o actual.

2. Os três principais modelos de negócio,

A Evolução do Armazenamento de Energia em Baterias

associados a cerca de 90% do total de receitas a nível global, correspondem a:

a. Serviços de Sistema, em que as baterias providenciam serviços como a regulação de frequência e controlodetensão,contribuindoparaaestabilização da rede eléctrica;

b. Arbitragem de preços, através do armazenamento de energia nas baterias a um custo mais baixo e injecção no sistema quando o preço é maior, com aproveitamento do spread entre preços;

c. Mercados de capacidade, com celebração de contratos de energia resultantes da promoção de leilões de capacidade de sistemas de armaze-

O armazenamento de energia em baterias assume um papel crucial na transição energética

namento para atender a potenciais necessidades futuras do sistema eléctrico.

3. Aanálisesugerequeumsistematípico standalone (20 MW, em ciclos de 4h) com prestação de múltiplos serviços (revenue stacking) tem o potencial de atingir uma rentabilidade de 9-10%.

Em posição de liderança do crescimento deste mercado encontram-se países como a Austrália, com projectos em operação como o Victorian Big Battery, associado a uma capacidade de armazenamento de 300 MW – suficiente para fornecer energia a mais de 1 milhão de casas no Estado de Victoria durante 30 minutos, sem interrupções – e o Reino Uni-

do, com o arranque do projeto Pillswood – correspondente ao maior sistema de armazenamento de energia em baterias da Europa.

Em Moçambique, o programa GET FiT (Global Energy Transfer Feed-In Tariff), introduzido em 2022 por parte do Ministério dos Recursos Minerais e Energia, prevê a realização de leilões específicos de capacidade de energia solar fotovoltaica hibridizada com sistemas de armazenamento em baterias. Estes leilões, actualmente em desenvolvimento, representam um marco importante na descarbonização do sector energético moçambicano, estimulando o investimento em projectos com esta tipologia e levando, subsequentemente, à diversificação da matriz energética nacional – no entanto, para que se verifique uma evolução deste mercado em linha com a tendência observada noutros países, é fundamental não esquecer que:

1. Um regulamento claro e granular é chave para a decisão de investimento, permitindo tarifas e enquadramentos destes activos mais abrangentes que os actuais

2. O revenue stacking, com a possibilidade de fornecimentos de múltiplos serviços, é crítico para a viabilidade económica destes sistemas, permitindo retorno sobre o investimento. O armazenamento de energia em baterias assume um papel crucial na transição energética, conduzindo a uma maior adequação entre oferta e procura de energia eléctrica e abrindo um leque de oportunidades financeiras e estratégicas para o sector energético moçambicano. Estaremos nós perante o advento deste mercado? As evidências demonstram que sim.

Pode ler o estudo EY aqui: https:// www.linkedin.com/posts/ey-parthenon_battery-energy-storage-systems-bess-activity-7201841263808012292-jHqg

Haverá Economia Sem Bons Empregos Para Mulheres?

O mais recente relatório do Banco Mundial sobre igualdade de género em Moçambique mostra que as mulheres têm muito do trabalho árduo, mas remunerações mais baixas. A igualdade é um imperativo de sustentabilidade, mas enquanto os conselhos a favor do equilíbrio forem ignorados, a economia moçambicana vai continuar a competir ao pé-coxinho num mercado global que já vai a passo de corrida, graças às mulheres

Texto Redacção • Fotografia iStock Photo & D.R.
Relatório do Banco Mundial

TAXA DE DESEM PREGO EM MO

ÇAMBIQUE continua mais alta nas mulheres do que nos homens”, foi um dos títulos do portal Diário Económico (www.diarioeconomico.co.mz) em Maio, juntamente com um outro: “Mudanças climáticas e desastres naturais colocam desa os às mulheres”. Ambos acompanharam a publicação do relatório do Banco Mundial sobre avaliação de género intitulado “Alavancar o Potencial das Mulheres e Raparigas”. Mas o que conta este relatório para lá daqueles títulos? Explorámos a componente económica do documento para descobrir que os progressos têm sido tímidos, e o caminho a percorrer ainda é longo no sentido da igualdade de género na economia moçambicana – e de ajudar o País a tirar partido do dividendo demográ co. Comecemos pela raiz: quem sair à rua, num inquérito, vai descobrir que as mulheres moçambicanas têm mais do dobro de probabilidades do que os homens de se justi car com responsabilidades domésticas e com crianças para não trabalharem a tempo inteiro. Trabalham muito, mas em trabalhos mal pagos (além do trabalho doméstico não remunerado). É tradição, tanto no meio urbano, como no meio rural (embora neste último de forma mais acentuada) e é um problema global, não apenas em Moçambique. Sempre foi assim, e há comunidades e locais onde nem sequer se imagina que haja um equilíbrio na repartição de tarefas entre homens e mulheres. Estes usos e costumes têm consequências: as cargas desiguais do trabalho de cuidados e responsabilidades domésticas resultam em menos horas de trabalho remunerado e na priorização da exibilidade laboral em detrimento da qualidade do trabalho (ou seja, detrimento dos postos mais bem pagos ou que requerem muitas horas de formação).

As responsabilidades domésticas “impedem frequentemente que as mulheres aceitem empregos de melhor qualidade, tais como emprego assalariado com horários xos ou trabalho a tempo inteiro. Muitas vezes, um emprego de menor qualidade no sector agrícola, trabalho a tempo parcial ou trabalho por conta própria proporciona mais exibilidade às mulheres”, permitindo-lhes acudir às tais necessidades de cuidados infantis e outras exigências domésticas enjeitadas pelos homens.

As mulheres nas zonas rurais moçambicanas são particularmente sacri-

cadas. Elas sofrem ainda mais com esta tradição de ter a casa às costas, porque é no meio rural que mais faltam infra-estruturas e serviços públicos, como electricidade e abastecimento de água. Ou seja, tratar das tarefas de casa numa aldeia, no campo, pode implicar percorrer quilómetros para encher garrafões com água num fontanário. Ou outro tanto para apanhar lenha para cozinhar para as crianças.

Mais creches e jardins de infância Diversos dados da África Subsaariana mostram que se houver creches, jardins de infância ou outros espaços de serviços infantis à disposição das mães, isso aumenta a capacidade das mulheres participarem em actividades económicas. É preciso criar mais valências para cuidar de bebés e crianças, o que lhes dará mais liberdade enquanto trabalhadoras, como parte da população activa

“A terra é um bem produtivo valioso, sendo fonte de alimentação e rendimento das famílias. Assegurar os direitos de terra é vital para a emancipação económica e segurança das mulheres”

do País. O Banco Mundial cita uma intervenção em Moçambique que “proporcionou centros pré-escolares comunitários para crianças entre os 3 e os 5 anos durante pouco mais de três horas por dia”. Além do impacto positivo que o programa teve no desenvolvimento das crianças, a intervenção resultou no alívio das responsabilidades das mulheres em mais de 15 horas por semana. Outros indicadores apontam para um aumento da taxa de emprego de 26% ao passar a haver alguém a quem deixar as crianças. Há outros exemplos a observar. O Quénia forneceu vales para subsidiar a prestação de cuidados para as crianças. A experiência mostrou que as mulheres que os receberam passaram a ter mais 8,5% de probabilidades de ser empregadas, e as mães solteiras que bene ciaram da intervenção mudaram para empregos com horários mais regulares e reduziram a perda de rendimentos.

HOMENS SÃO OS QUE MAIS BENEFICIAM COM O CASAMENTO

O relatório do Banco Mundial evidencia que os homens moçambicanos bene ciam mais de serem casados do que as mulheres. Quando se casam, eles têm mais probabilidade de ir trabalhar fora do sector agrícola, uma vez que essas tarefas – que até podiam ter quando eram solteiros – passam para a mulher. “Esta constatação sublinha o impacto negativo que as responsabilidades domésticas têm na produtividade das mulheres, tornando-as mais propensas a permanecerem em sectores menos produtivos (agricultura)”.

Muito trabalho, mal remunerado É difícil que uma busca por imagens na Internet sobre o tópico “mulher moçambicana” não devolva, pelo menos, a imagem de uma mulher com uma criança ao colo ou envolvida em actividades agrícolas ou domésticas. A realidade continua a ser dura para muitas mães. Um estudo (por Diksha Arora, em 2015), citado no relatório do Banco Mundial, indica que quase 20% das mulheres em Moçambique cuidam de uma criança enquanto trabalham na machamba. É uma imagem estereotipada: a mulher a tratar da terra, enquanto segura um bebé no regaço. O problema é que, por exemplo, na agricultura, “uma mulher agricultora com uma criança às costas pode não ser capaz de cultivar tanto a sua parcela de terra como o faria” se não tivesse de manter o equilíbrio para segurar o bebé. A participação das mulheres na força de trabalho em Moçambique

é elevada, como mostra um dos grácos destas páginas. O problema é a qualidade da participação das mulheres que leva a baixas remunerações. O pecado original de repartição desigual de tarefas (sempre a pesar mais para a mulher) faz com que o BM faça diversos retratos sectoriais, nos quais sugere intervenções, começando pelo emprego formal (assalariado).

Faltam empregos assalariados

O emprego assalariado representa cerca de metade do emprego mundial, mas em Moçambique equivale a apenas 16,3% dos postos de trabalho - 12,2% no sector privado e 4,2% no sector público. A maioria está concentrada em Maputo e noutras áreas urbanas. Moçambique até obteve bons resultados nos indicadores Women, Business and the Law (WBL, iniciativa do Banco Mundial)

A desigualdade de género no acesso aos serviços financeiros “é uma barreira prejudicial para as mulheres e limita o potencial de forte crescimento económico de Moçambique”

nas áreas de mobilidade, local de trabalho, casamento, empreendedorismo e património. Mas “áreas de pagamentos, paternidade e pensão precisam de melhorias. Os dé ces incluem a falta de disposições sobre remuneração igual para trabalho de igual valor e ampliação de licenças de maternidade e paternidade. “Além disso, embora existam protecções legais para as mulheres contra o despedimento de trabalhadoras grávidas e contra o assédio sexual, na prática nem sempre são aplicadas, e estas questões continuam a ser barreiras” à participação em ambientes de trabalho formal que precisam de ser eliminadas.

Empresárias têm menos lucros Entre as pequenas e médias empresas (PME) em Moçambique, existem diferenças signi cativas no desempenho entre homens e mulheres. As PME

EVOLUÇÃO GLOBAL

O Género e o Acesso a Actividades Económicas Historicamente, as mulheres enfrentaram barreiras substanciais em quase todas as esferas da vida económica, desde a educação e formação até ao emprego e ao empreendedorismo. No entanto, a luta tem registado progressos consideráveis, impulsionada por mudanças legislativas, movimentos sociais e iniciativas globais.

Discriminação e Luta pelos Direitos

Até meados do século XX, a participação das mulheres no mercado de trabalho era signi cativamente limitada. A discriminação de género era institucionalizada em muitas sociedades: as leis restringiam o acesso a certas pro ssões e níveis salariais. O movimento das sufragistas – uma ampla manifestação ocorrida em vários países do mundo entre o m do século XIX e o início do século XX –, que culminou na obtenção do direito ao voto em muitos países, foi um dos primeiros passos importantes na luta global pela igualdade de género.

Mudanças Legislativas e Sociais

As décadas de 1960 e 1970 foram marcadas por diferentes vagas de mudanças sociais e legislativas que começaram a abrir portas para as mulheres no mundo do trabalho.

Nos Estados Unidos, a Lei dos Direitos Civis de 1964 proibiu a discriminação com base no género. Na Europa, a Comunidade Económica incentivou a implementação de políticas de igualdade de género. O mesmo foi feito pela ONU através do estabelecimento da Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação.

Crescimento da Participação Feminina

Nos anos 1980 e 1990, a participação das mulheres na força de trabalho continuou a crescer, assim como na educação superior e em pro ssões anteriormente dominadas por homens. A globalização e a expansão dos mercados internacionais também criaram oportunidades para as mulheres. Mas a prosperidade de um novo mundo pro ssional esconde disparidades salariais e subrepresentação em cargos de liderança. Esta luta é travada em todo o mundo mas, principalmente, nos países em desenvolvimento.

Objectivos da Agenda 2030

Vários países implementaram políticas públicas para promover a igualdade de género no acesso a actividades económicas. Estas incluem licenças parentais pagas, programas de formação, quotas de género em conselhos de administração e incentivos scais para empresas que promovem a diversidade de género. A Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável da ONU inclui a igualdade de género como um dos seus objectivos principais.

Avanços Tecnológicos e Novos Desa os O início do século XXI trouxe novas oportunidades e desa os para a igualdade de género no mercado de trabalho. A revolução tecnológica abriu portas para o trabalho à distância e o empreendedorismo digital, permitindo a muitas mulheres conciliarem melhor as responsabilidades pro ssionais e familiares. Organizações como a ONU e o Fórum Económico Mundial intensi caram os seus esforços para promover a igualdade de género, destacando a importância da participação feminina para o crescimento económico.

Desa os Persistentes a Nível Global Apesar dos avanços, ainda existem desa os signi cativos em todo o mundo. As mulheres continuam a enfrentar desigualdades salariais, discriminação no local de trabalho e barreiras ao acesso a nanciamento e redes de negócios. Em muitos países, as normas culturais e sociais ainda limitam as oportunidades económicas das mulheres. A pandemia de covid-19 exacerbou muitas dessas desigualdades, destacando a necessidade de políticas mais robustas e inclusivas.

A SITUAÇÃO DA MULHER EM MOÇAMBIQUE

Moçambique supera a região e o mundo ao nível da participação da mulher na força de trabalho (população activa). O problema está, depois, na desigualdade na distribuição por sectores. Os dois sectores mais à direita (assalariados públicos e privados) estão dominados por homens.

As mulheres participam mais na força de trabalho…

... Mas há desigualdade na

de Moçambique”: Volume 1-Analisadores.

TIPO DE PROPRIEDADE: HOMENS VS. MULHERES

A nível global, as mulheres e raparigas carecem frequentemente dos direitos de possuir e herdar terra. A propriedade aumenta o acesso ao crédito e permite-lhes terem maiores níveis de serenidade e con ança para se arriscarem na procura de novas actividades.

propriedade de mulheres ganham cerca de 16% menos em lucros do que as que são propriedade de homens. As causas são comuns às que se encontram noutras economias da região. Há barreiras relacionadas com o contexto (barreiras regulamentares, normas e riscos da violência baseada no género), falta de competências, capital, con ança e redes, em boa parte devido aos limites impostos pela organização doméstica. Em Moçambique, os dados mostram que as mulheres proprietárias de PME cresceram com níveis de competências técnicas inferiores aos dos homens e são menos propensas a introduzir um processo inovador. Infância e adolescência agrilhoadas a costumes de casamento for-

Mundo
FONTE Lachler e Walker (2018). “Diagnóstico de Empregos

çado e trabalho, sem espaço para a escola, deixam marcas para o resto da vida e no país inteiro.

Auto-empregourbanoprevalece

Há um ponto em que as mulheres dominam: nas áreas urbanas, há ligeiramente mais mulheres do que homens envolvidas em auto-emprego não agrícola (29% contra 25%). Mas atenção: este empreendedorismo diz respeito sobretudo a empresas domésticas ou de costura, a trabalhar de forma informal. Alguns programas de inclusão conseguiram aumentar a produtividade das empresas de propriedade de mulheres de pequena escala, mas fornecendo um conjunto de apoios – e talvez este-

Infância e adolescência agrilhoadas a costumes de casamento forçado e trabalho, sem espaço para a escola, deixam marcas para o resto da vida e no país inteiro

AFINAL, O QUE É O “DIVIDENDO DEMOGRÁFICO”?

O dividendo demográ co referese ao potencial de crescimento económico quando a estrutura etária da população muda, passando a haver uma maior proporção de pessoas em idade activa (trabalhadores) em comparação com pessoas dependentes (crianças e idosos). Mesmo em países onde a natalidade continua alta, como Moçambique, se a taxa de crescimento populacional começar a diminuir, pode haver um período onde há um aumento proporcional na força de trabalho disponível. Este aumento relativo de pessoas em idade produtiva pode, se bem aproveitado, levar a um impulso signi cativo no crescimento económico.

Investir na educação

Décadas de estudo indicam que, para capitalizar o dividendo demográ co, é crucial que um país invista na educação, saúde e criação de empregos de qualidade, de forma que garanta que a população em idade activa esteja bem preparada e possa contribuir e cazmente para a criação de riqueza. Em Moçambique, o Fundo das Nações Unidas para a População de niu a promoção da boa governação como prioridade para bene ciar do dividendo demográ co.

ja aqui a receita para o sucesso: formação de competências, transferência de activos produtivos ou de dinheiro, ajuda pessoal e meios de poupança. Estes programas mostram que “estas mulheres enfrentam múltiplas restrições à sua produtividade”. “As empresas domésticas são mais restritas em oportunidades de crescimento. Por exemplo, os dados mostram que poucas evoluem para micro-empresas”.

Desigualdade na inclusão nanceira A desigualdade de género no acesso aos serviços nanceiros (da simples titularidade de uma conta bancária, até ao acesso a poupanças e crédito) “é uma barreira prejudicial para as mulhe-

res e limita o potencial de forte crescimento económico de Moçambique”, nota o Banco Mundial. Signi ca que as mulheres empresárias têm menor capacidade de investir nos seus negócios. O acesso ao capital “está fortemente ligado aos níveis de riqueza” e Moçambique apenas acentua um padrão continental. “Em todo o continente, as mulheres empresárias têm níveis de capital empresarial inferiores aos da contraparte masculina”. No caso de Moçambique, nas zonas rurais, onde mais de 60% da população vivia em 2020, mais mulheres do que homens estão excluídas dos serviçosnanceiros formais.

Desigualdade na posse de terra Embora a lei promova a igualdade de género quanto à posse da terra, os usos e costumes predominantes em grande parte do País mandam que a prática vá em sentido contrário. Mesmo nos casos em que a terra é herdada pelas mulheres, “os homens são os decisores relativamente à utilização da mesma, sendo

O acesso ao capital está fortemente ligado aos níveis de riqueza.
Em todo o continente, as mulheres empresárias têm níveis de capital empresarial inferiores aos da contraparte masculina

EIS PEQUENOS GESTOS QUE PODEM MUDAR VIDAS

Um programa de formação pro ssional, no Quénia, incluía uma sessão informativa sobre o lucro acrescido de quem já frequentou ensino pro ssional. A sessão mostrava a grande discrepância de rendimentos entre as pro ssões dominadas por homens (por exemplo, mecânicos) e as ocupações tradicionais de mulheres (por exemplo, costureiras). Além da sessão, a intervenção oferecia vales para ajudar a pagar o ensino pro ssional.

Resultados obtidos

No nal, constatou-se que a sensibilização e o vale de apoio promoveram um aumento de rendimentos, após a conclusão do curso, maior para as jovens mulheres do que para os homens. Na República do Congo, um estudo concluiu que mostrar as diferenças de ganhos por sector, através de um vídeo no momento da candidatura aumentou a probabilidade das mulheres escolherem um curso dominado pelos homens em 28,6%.

os principais decisores, primeiro, os pais das mulheres e depois os seus maridos”. O cenário não espanta: o Banco Mundial estimou que 90% das terras rurais na África Subsaariana são indocumentadas, e que as mulheres são mais propensas do que os homens a não terem títulos de propriedade. “A terra é um bem produtivo valioso sendo a fonte de alimentação e do rendimento das famílias. Assegurar os direitos de terra é vital para a emancipação económica e segurança das mulheres”.

Esta retrato é feito na óptica do relatório do Banco Mundial sobre a condição da mulher em Moçambique e não deixa de suscitar outras questões. O que pensam as mulheres, elas mesmas, sobre esta análise? O que sentem e almejam alcançar para se tornarem ainda mais activas no processo de tomada de decisão em prol do desenvolvimento? Quais os melhores exemplos de instrumentos que visam a consecução deste objectivo? Descubra as respostas nas páginas seguintes.

Eugénia Salgado • Partner & Global Manager da Tribe Move & Rita Angélico • Partner & Global Manager da Tribe Move & Andreia

Narigão • Founding Partner da Tribe Move

Uma Nova Tribo, um Novo Movimento!

Nos últimos meses, testemunhámos uma efusiva celebração do Dia da Mulher, em Março, seguido pelo Dia da Mulher Moçambicana, em Abril. Em todo o mundo, diversas organizações e comunidades expressaram a sua alegria e entusiasmo através de cartões, fotografias e outros formatos, marcando estas datas simbólicas. No entanto, o desafio continua a ser traduzir mais e melhor este entusiasmo em acções tangíveis de inclusão de género nas organizações, acelerando assim o progresso em direcção a um mundo mais justo e equilibrado.

Somos uma tribo que coloca amor, criatividade e alma em todas as suas intervenções e que elogia a divergência de raiz, de pensamento, de origem, de geração, como riqueza inigualável

De facto, a presença feminina na liderança desempenha um papel fundamental na promoção da diversidade, equidade e inclusão em todos os sectores da sociedade. Estatísticas e casos de sucesso revelam que muito de bom tem sido feito e que há desafios mais profundos a ultrapassar. Por exemplo, cerca de 8% dos CEO das empresas listadas na Fortune 500 nos Estados Unidos são mulheres, de acordo com um relatório da Catalyst de 2021. Globalmente, as mulheres ocupam cerca de 29% dos cargos de liderança sénior, conforme apontado pelo Relatório de Diversidade e Inclusão da McKinsey & Company de 2020. Além disso, a disparidade salarial persiste, com as mulheres a auferirem em média cerca de 20% menos do que os homens em todo o mundo, de acordo com os dados da Organização Internacional do Trabalho (OIT).

Mulheres líderes trazem perspectivas únicas, com competências de comunicação e empatia para as organizações, contribuindo para tomadas de decisão mais abrangentes e eficazes. Além disso, a representação feminina nos car-

gos de liderança é crucial para inspirar e motivar outras mulheres a aspirarem a posições de destaque, reduzindo assim as disparidades de género e promovendo a equidade no acesso às diferentes oportunidades. Superar estes obstáculos exige um compromisso contínuo com a igualdade de oportunidades e a criação de ambientes de trabalho inclusivos. Apoiar mulheres líderes e contribuir para a amplificação dos talentos que lhes são tão naturais é essencial para construir um mundo mais justo e equitativo. Muito mais do que o empoderamento da mulher, acreditamos verdadeiramente em reconhecer e valorizar o poder que a Mulher tem, nos seus diferentes papéis, na sociedade e na família, e em estimular o seu compromisso contínuo com a sua própria evolução e ganho consequente de responsabilidades (quer familiares, quer organizacionais e ao nível da sua comunidade).

Muito mais do que igualdade, somos pela equidade, e não nos focamos apenas no género: todos, com géneros, origens, cognição, gerações, condição socioeconómica, entre outros, diferentes, temos o nosso enquadramento muito próprio, e procuramos soluções ajustadas à essência de cada um de nós e não exclusivas à formatação para a qual as nossas crenças nos remetem, assumindo um determinado rótulo.

A Tribe Move é uma empresa nascida em Moçambique (antiga Jason Moçambique), liderada por três mulheres de diferentes gerações (X, Millennial e Zoomer), raízes diferentes e com padrões cognitivos díspares que se complementam e enriquecem a visão da empresa: contribuir para um mundo melhor, transformando as lideranças das organizações nas três operações em que actuam, hoje também em Angola e Portu-

gal. A nossa origem Moçambicana e o movimento de expansão, a partir daqui, para estes dois países, divergem do habitual padrão de internacionalização das empresas, o que nos enche de orgulho e faz parte do nosso ADN: temos uma cultura que cultiva a resiliência nos momentos mais complexos, a energia positiva mesmo quando muitos não acreditam, a profundidade nas relações quando o resto do Mundo nos empurra para a instantaneidade. Somos essência, somos raízes fortes, somos profundidadeuma cultura rica em talento, em potencial, em traços únicos, mesclados com diferentes origens.

Esta tribo de mulheres empresárias, de fibra forte e determinadas a mover o mundo no sentido certo, acredita e defende lideranças com alma, com “meraki”: lideranças com uma essência profunda e mobilizadora, implacável no que se refere a estimular a empatia e em atingir resultados de excelência para os seus clientes, o que começa com a sua equipa, escolhida a dedo e com base no fit, quer à sua cultura muito única, quer aos padrões de qualidade com que se compromete, em permanente evolução.

Somos uma tribo que coloca amor, criatividade e alma em todas as suas in-

tervenções e que elogia a divergência de raiz, de pensamento, de origem, de geração, como riqueza inigualável. Esta nossa cultura com “meraki” reflecte a nossa personalidade forte, e é uma tremenda vantagem competitiva na forma como respondemos aos desafios que reciprocamente colocamos e a que somos colocados, pelos nossos clientes.

Queremos inspirar cada vez mais Pessoas, mais “cabeças-coração-alma”, a fazerem parte deste nosso movimento de transformação de ideais e comportamentos na liderança, capazes de gerar e gerir organizações inclusas, mais saudáveis e, por conseguinte, mais produtivas:

Liderar com a cabeça e o coração no sítio certo, sempre.

Liderar com a alma de uma verdadeira tribo que coloca um pedaço de si mesma, da sua essência, em tudo o que faz!

“Tribos de líderes com alma movimentam o Mundo, juntas, no sentido certo.” Assim se estimula um círculo virtuoso de prosperidade na nossa sociedade, marca que queremos deixar no Mundo.

A vontade da mulher em alcançar o pódio está na luta incessante pela igualdade de oportunidades

“Ninguém Aceita Perder o Poder a Favor da Mulher”

Os últimos anos são caracterizados por avanços importantes nas políticas de emancipação económica da mulher, mas, paradoxalmente, a desigualdade de oportunidades não diminuiu. Porquê? Falta monitorização e envolvimento da sociedade, constata o Fórum Mulher

OFórum Mulher é uma rede feminista de organizações da sociedade civil que promove a igualdade de género e os direitos humanos das mulheres em Moçambique. Tem representação a nível nacional através de fóruns e núcleos provinciais. Os seus objectivos incluem contribuir para uma sociedade mais justa e igualitária, onde as mulheres gozam do direito a uma vida livre de violência, exercem os seus direitos, a sua autonomia económica e a sua cidadania. Pretende também influenciar as decisões políticas, as atitudes e comportamentos da sociedade com vista a um maior reconhecimento e observância dos direitos das mulheres. Como é que esta entidade percepciona a posição da mulher na sociedade moçambicana? É o que vai saber na voz da directora executiva do Fórum Mulher, Ndzira de Deus.

As mulheres trabalham muito, mas são mal pagas. O relatório do Banco Mundial indica que o problema de raiz é a mulher estar presa ao trabalho doméstico e como cuidadora de crianças. Concorda?

A sobrecarga do trabalho das mulheres e a desvalorização do “trabalho de cuidado” é algo para que temos chamado a atenção há vários anos. O trabalho das mulheres muitas vezes é invisível ou ‘invisibilizado’ pela sociedade. Refiro-me ao cuidar da casa, das crianças, do parceiro, de pessoas vulneráveis na comunidade (doentes, idosos, etc.), tarefas que são atribuídas às mulheres. Aliás, são entendidas como naturalmente atribuíveis

a elas. E nós, como defensoras dos direitos humanos, não concordamos, porque a economia só sobrevive graças a este trabalho invisível das mulheres. A nosso ver, a economia explora o trabalho feminino e este sistema capitalista vai enriquecendo. E aqui ainda nem nos referimos à gestação, que também é um custo de nove meses para trazer mais um recurso humano à sociedade. Então, o Banco Mundial volta a trazer-nos uma constatação sobre a expectativa que todos temos em relação ao que deve acontecer para alterar este paradigma que, como disse, não é novo.

Haverá outras razões que fazem com que as mulheres tenham menores remunerações do que os homens, além da secundarização que mencionou do seu papel na sociedade?

É a desigualdade de género que origina esta desigualdade de oportunidades económicas. Habitualmente, usamos o termo “patriarcado” para explicar o fenómeno de colocar o homem no centro de tudo. Ou seja, é assumido que, só por ser mulher, a pessoa não necessita de ser remunerada de igual forma que o homem, porque não é igual a este. É uma discriminação deste sistema patriarcal que consideramos “irmão” do capitalismo, e que vai promovendo as desigualdades de género que se somam em diferentes sectores, níveis e escalas e criam a desigualdade económica. Se questionar qualquer instituição sobre a razão de as mulheres terem salários inferiores aos dos homens, mesmo fazendo o mesmo trabalho, muitas não terão resposta. É como um ‘mindset’ que se definiu, uma forma de pensar,

Geralmente, as mulheres confrontam-se com ameaças de que podem perder o emprego a qualquer momento. Isto torna-as vulneráveis e tolerantes a situações de violação dos seus direitos e a abusos no sector laboral

em que a mulher “não precisa”, porque não tem as mesmas necessidades que o homem. Uma forma que definiu que o homem é o provedor e que a mulher apenas exerce trabalho complementar. É como se a sociedade negasse pagar o justo valor às mulheres por não concordar que ela tenha tanto valor quanto tem na realidade. Esta luta é antiga e foi a partir desta reivindicação que surgiu o 8 de Março, Dia Internacional da Mulher.

Acredita que alguma vez se vai conseguir alterar esta situação?

Esta luta tem de ser feita por todos. Primeiro, alguns homens têm de aceitar perder alguns privilégios. Ou seja, aceitarem que, na mesma organização, terão remunerações niveladas às das mulheres, e isso implica aceitar perder a vantagem que têm sobre ela. Será preciso desfazer as tentativas de subalternizar a mulher e su-

bordiná-la a um segundo grau. Há uma necessidade de mudar a mentalidade e isto só acontece quando há vontade. À medida que avançamos na luta pelos direitos iguais, discutimos e falamos, mas, do ponto de vista objectivo, ninguém aceita perder o poder a favor da mulher. Por isso, é uma luta muito dura, a que as mulheres têm de travar, ao lado dos homens, que também percebem a vantagem disso. Por outro lado, é desinteligente para um Estado não considerar as mulheres como parceiras na luta pelo desenvolvimento. À medida que lhes retiramos os direitos, estamos a perder quadros valiosos que poderiam contribuir para acelerar a economia. Países mais atentos e que estão a progredir estão a tomar medidas mais focadas na igualdade de género. Não tem sido um processo fácil, mas começa pela mudança de atitude e por políticas públicas com monitorização.

Há quem acredite que criar creches e jardins de infância pode funcionar como um nivelador da igualdade de oportunidades entre homens e mulheres, olhando mesmo para a vocação feminina como cuidadora. Concorda? Temos estado também a questionar esta noção de remeter a mulher a este papel de cuidadora e de reprodução, limitando-a de explorar outras áreas públicas e políticas. Nas últimas décadas, a luta tem sido por desconstruir esta noção, promovendo programas que possam destacar mulheres noutras áreas tipicamente de influência masculina, porque, afinal, elas podem ser o que quiserem. Isto é, a sociedade não pode impor às mulheres o lugar onde elas devem estar, mas deve haver condições para que explorem todos os talentos, aptidões e capacidades que tiverem. Mas para NDZIRA DE DEUS

Directora Executiva do Fórum Mulher
A posição de poder evoluiu e vai fragilizando a mulher ao negociar um emprego e salário. A mulher confronta-se com ameaças de que pode perder o lugar a qualquer momento, o que a torna mais vulnerável

isso, é preciso que haja uma intervenção administrativa de reparação como, por exemplo, estabelecer que uma quota de 50% das vagas de admissão nas engenharias deve ser para mulheres. Além disso, mulheres que estejam em situação de gestação ou maternidade não devem ser limitadas de finalizar a sua formação ou de exercer a sua função. Por isso, são necessárias políticas, medidas ou estratégias que permitam que a mulher consiga exercer o seu talento ao máximo. Importa recordar que uma sociedade só o é porque as mulheres podem ter filhos. No dia em que elas decidirem suspender essa função vamos ter uma séria crise de recursos humanos.

Que outras políticas de equilíbrio entre vida profissional e pessoal poderiam ajudar a reduzir a diferença salarial?

É importante investir em creches públicas, que são fundamentais, e criar espaços para que a família possa colocar as crianças enquanto a mulher estiver no trabalho. Outra alternativa é a criação de cantinhos para que a mulher tenha a possibilidade de amamentar e cuidar dos bebés. Já há melhorias na ques-

tão da licença de maternidade e isso dá a possibilidade de esta recuperar no período pós-parto, restabelecer-se e voltar ao trabalho. Isto mostra um reconhecimento do Estado pelos direitos da mulher. Também se deve prover o subsídio de maternidade e paternidade para lidar com custos adicionais de mais um membro da família. Aliado a isso, é fundamental que haja mudança de mentalidades a favor da partilha de tarefas domésticas e de trabalhos de cuidados, o que se faz através de políticas e da educação social, desconstruindo os tabus de que os homens não têm vocação para executar estas tarefas. Não se pode olhar para a função de cuidar da família como se fosse menos importante. Há mulheres que preferem dedicar-se à família e à casa. Para estas, devia haver algum subsídio, porque os que saem para trabalhar no dia-a-dia dependem do trabalho doméstico da mulher.

A tendência dos últimos anos tem sido para a situação melhorar ou piorar em termos de igualdade de género?

Infelizmente, não tem melhorado. Por exemplo, há um fenómeno que afecta

bastante as desigualdades, abalando, sobretudo, a mulher rural: são as mudanças climáticas. Enquanto este fenómeno dificultar o processo produtivo da mulher camponesa, não temos como ver a situação melhorar. Paralelamente, por causa da alta do desemprego, assiste-se a actos de corrupção crescentes, em que se cobra por uma vaga de trabalho, sem falar no assédio a que as mulheres estão sujeitas no local de trabalho.

Esta situação leva a que as mulheres não tenham a mesma confiança que os homens para negociar os seus salários?

Com mais conhecimentos sobre os seus direitos, as mulheres tendem a desenvolver essa con ança. Mas há uma tendência de o patriarcado e o capitalismo se reinventarem. Ou seja, a posição de poder que têm evolui e vai-se mascarando, fragilizando a posição da mulher ao negociar um emprego e salário. Geralmente, as mulheres confrontam-se com ameaças de que podem perder o lugar a qualquer momento. Isto torna-as vulneráveis e tolerantes a situações de violação dos seus direitos ou abusos no sector laboral. Aliado a isso, as mulheres são menos letradas que os homens em termos de educação formal. Isto faz com que entrem no mercado de trabalho numa posição frágil. É mais difícil para uma mulher estudar fora, porque, geralmente, tem de cuidar da família. Nestas condições, não há como competir com os homens que dispõem dessas oportunidades. Por isso, as instituições têm de desenvolver políticas de incentivo às mulheres e tem de haver muita compreensão da sociedade.

Qual tem sido a vossa experiência? O Fórum Mulher tem sido ouvido? Quando falamos de Fórum, não nos referimos a um gabinete, mas a um movimento de mulheres de todo o País no sector formal e não formal. É um espaço em que nos articulamos e debatemos as nossas preocupações com as autoridades competentes. Por exemplo, agora estamos a celebrar uma vitória na Lei do Trabalho, em que tivemos de levar 15 anos a reivindicar 90 dias de licença de parto, a tentar explicar que 60 dias eram insucientes, de acordo com estudos feitos pelas Nações Unidas. Somos ouvidas, de certa forma, porque existe abertura do Governo e do Parlamento para compreender o que dizemos. O grande desao é a implementação, porque a monitorização das legislações e políticas aprovadas a favor da emancipação da mulher é fraca, bem como a responsabilização.

Uma Sociedade

Inconformada... Uma Luz para o Futuro

No que à igualdade de género diz respeito, uma pesquisa no portal Diário Económico é elucidativa sobre as vozes que se erguem em busca do equilíbrio de oportunidades. São várias as iniciativas já anunciadas e em vigor. Conheça algumas das mais recentes

Texto Celso Chambisso • Fotografia D.R.

Em Abril deste ano, por ocasião da comemoração do Dia da Mulher Moçambicana, a vice-presidente da Confederação das Associações Económicas de Moçambique (CTA), Maria Abdula, mencionou o crescente número de pequenas e médias empresas (PME) sob gestão de mulheres em Moçambique, agora com um peso de 60%, como um avanço a ter em conta. É um ganho que contraria todas as barreiras de acesso ao financiamento, obstáculo que incide mais sobre as mulheres. Só por si, este dado mostra o quanto a mulher está a conquistar espaço decisivo no panorama do desenvolvimento socioeconómico de Moçambique.

Mas este avanço não é resultado de um mero acaso. São muitas as iniciativas de apoio às mulheres em Moçambique. Em termos de sectores, a banca lidera nas medidas de assistência à emancipação feminina, com linhas de financiamento direccionadas para investimentos de mulheres.

Uma iniciativa de inspiração “O que fazem de diferente as mulheres que conseguem chegar ao topo na liderança de grandes organizações?” Sob este tema, ainda em Abril deste ano, o Access Bank Mozambique juntou várias mulheres, com destaque para especialistas experientes como Gladys Gande, gestora sénior de consultoria empresarial na Ernst & Young e vice-presidente da New Faces New Voices (NFNV), e a secretária-geraldaOrdemdosEngenheirosepresidente do conselho fiscal da NFNV, Carlota Salomão, para abordarem a capacitação em cargos de liderança. Ambas par-

tilharam as suas próprias experiências de liderança, promovendo um momento de inspiração. “Em tudo o que fizermos, devemos dar mais de 100%, ir além daquilo que é esperado. É aí que começamos a crescer, a agregar valor à instituição e a destacarmo-nos no mercado de trabalho”, afirmou, na ocasião, Gladys Gande. Já Carlota Salomão realçou o facto de muitas mulheres enfrentarem desafios em cargos de chefia, como a falta de representação, estereótipos de género e grandes barreiras profissionais. “É crucial que as mulheres continuem a lutar pela sua valorização e aceitação na sociedade”, enfatizou, dando a entender que grande parte das mudanças necessárias devem ser da iniciativa das próprias mulheres. Mas há muitas que não começam com elas e, mesmo assim, têm grande impacto.

Apoio financeiro às mulheres

Em Dezembro do ano passado, o Banco Europeu de Investimento (BEI), em coordenação com o Moza Banco, anunciou 10 milhões de euros a favor das PME lideradas por mulheres em Moçambique. “O instrumento oferecerá empréstimos com condições favoráveis, direccionados para empresas que pertencem a mulheres ou são por estas lideradas”, revelava, na altura, um comunicado emitido pelo Moza Banco. O crédito, que resulta da iniciativa EIB Global (direcção do Banco Europeu de Investimento que actua fora da União Europeia), vai apoiar empresas ligadas à indústria transformadora, à agricultura e à saúde. “A emancipação económica das mulheres é essencial para o desenvolvimento de um país”, afirmou, na altura,

Em Setembro, o Banco Mundial prometeu 200 milhões de dólares a favor das raparigas e mulheres jovens moçambicanas para o acesso a oportunidades de educação e emancipação económica à luz do programa EAGER

o vice-presidente do BEI, Thomas Östros. Em Abril deste ano, o Moza Banco voltaria a cimentar o seu compromisso para com a causa da emancipação da mulher, lançando o projecto Moza Women, através do qual pretende transmitir, publicamente, o seu reconhecimento em relação à importância da mulher em todas as esferas sociais e de desenvolvimento do País.

Trata-se de um projecto cuja base para elaboração teve em conta o panorama social moçambicano, caracterizado por um ambiente em que, apesar de representarem a maioria da população, as mulheres ainda enfrentam dificuldades, incluindo questões de ordem sociocultural.

Moza Women, do Moza Banco Através deste projecto, o banco pretende congregar todas as soluções bancárias direccionadas à mulher, incluindo linhas de financiamento bonificadas, criadas especificamente para potenciar a emancipação, num pacote conjunto que passa a denominar-se Moza Women. Em-

bora a promoção das iniciativas ligadas ao Moza Women decorra ao longo deste ano de forma permanente, o projecto contempla uma componente social e reputacional, servindo como um “grito público” do banco, para que todas as mulheres saibam que podem contar com a instituição, independentemente da sua posição, categoria ou status social.

“No dia-a-dia, vemos a mulher moçambicana a levantar-se e a seguir os seus sonhos, sem se intimidar com os obstáculos que surgem ao longo da caminhada. Vemos a manifestação da resiliência e do querer, de um grupo social que movimenta a economia a vários níveis. E nós, justamente porque testemunhamos com admiração e estima a luta das mulheres, procuramos sempre estar entre elas”, referiu o PCE do Moza Banco.

BCI e CDM no apoio à mulher líder

Ainda em Abril, o BCI acolheu um workshop dedicado às mulheres na liderança, uma iniciativa promovida pe-

la Cervejas de Moçambique (CDM). Durante a sessão de abertura, o presidente da Comissão Executiva do BCI, Francisco Costa, admitiu que “quanto mais a sociedade for capaz de compreender esta questão e de valorizar a mulher, mais facilmente a liderança das mulheres será aceite”. E acrescentou que “existe um número muito significativo de mulheres em posições-chave no BCI, com estas a contribuírem de forma muito clara para o sucesso da instituição”.

Este evento contou também com a presença de mulheres líderes, como Vitória Diogo, deputada da Assembleia da República, na qualidade de ‘keynote speaker’, que falou sobre os desafios enfrentados pelas mulheres nos cargos de liderança no meio corporativo. “Vamos desmistificando esta realidade [desigualdade de oportunidades entre homens e mulheres] através da capacidade de o podermos provar, com uma resposta melhor, em tudo o que fazemos e em tudo o que nos é confiado”, disse Vitória Diogo.

Coca-Cola e a causa da inclusão

Em Março, a Coca-Cola Beverages Africa (CCBA) anunciou o seu apoio à promoção da inclusão económica das mulheres em África, reconhecendo o papel crucial que desempenham no desenvolvimento socioeconómico do continente. No âmbito do Dia Internacional da Mulher, Tshidi Ramogase, directora de Relações Públicas, Comunicação e Sustentabilidade da CCBA, afirmou que a empresa está comprometida em criar oportunidades para as mulheres em toda a cadeia de valor. Nos últimos anos, a CCBA tem estado a implementar uma série de iniciativas em vários países africanos para capacitar e apoiar as mulheres empreendedoras. Em Moçambique, por exemplo, apoiou um programa de inclusão económica para mulheres colectoras de resíduos plásticos, oferecendo formação e promovendo a reciclagem nas comunidades. Na Tanzânia, foi lançado o programa Mwanamke Shujaa, que ofereceu formação em áreas como a contabilidade e gestão de negócios para mulheres vendedoras de alimentos. Na Etiópia, o programa “Mulheres na Engenharia” oferece estágios para estudantes do sexo feminino, proporcionando-lhes oportunidades de desenvolvimento profissional. Além disso, a CCBA colabora com organizações locais, como a Girls in Science and Technology (GIST) no Gana, para promover carreiras em STEM (Ciência, Tecnologia, Engenharia e Matemática) entre as mulheres. Na África do Sul, foi estabelecido um fundo de bolsas de estudo para apoiar estu-

São muitas as iniciativas de apoio às mulheres em Moçambique. Em termos de sectores, a banca lidera com linhas de financiamento direccionadas para investimentos

dantes de engenharia do sexo feminino de meios desfavorecidos.

Vodacom apoia a formação

Muitas iniciativas estão também orientadas para a capacitação da mulher em termos de competências, uma área determinante para a competitividade da sua força de trabalho. Em finais de Maio deste ano, a operadora móvel Vodacom Moçambique relançou o seu Programa de Bolsas de Estudo STEM para jovens mulheres interessadas em construir carreiras nas áreas digitais e tecnológicas.

Trata-se de uma iniciativa que, na sua segunda edição, disponibilizou 60 bolsas de estudo para formação na área de Analítica Empresarial (Business Analytics). A oportunidade abrangeu interessadas com nacionalidade moçambicana, dos 20 aos 40 anos de idade e domínio da língua inglesa, condição essencial para uma carreira tecnológica ou na área digital, na actualidade.

Igualdade nas reservas naturais

Ainda em Maio, a Karingani Game Reserve (KGR), uma reserva reconhecida como importante área de conservação ambiental para a protecção da história e das espécies de mamíferos terrestres, realizou uma cerimónia interna para celebrar a importância do potencial da mulher no sector laboral. “Hoje, as mulheres no Karingani trabalham pela protecção e uso sustentável do ecossistema. A Karingani compromete-se a oferecer oportunidades equitativas para ambos os géneros e, consciente das razões históricas para a menor presença feminina em posições de destaque, promove a formação e integração de jovens mulheres na sua força de trabalho”, a rmou o director-executivo da KGR, Mateus Mutemba. Uma das principais iniciativas destacadas foi a mobilização de recursos nanceiros pela KGR, que permitiu que 15 raparigas dos distritos de Magude e Massingir bene ciassem de uma formação de 11 meses em hospitalida-

de e turismo no Southern African College for Tourism (SACT), na África do Sul.

A intervenção do Banco Mundial Em Setembro de 2023, o Banco Mundial, uma das instituições multilaterais que mais apoiam a causa do desenvolvimento da mulher, prometeu que as raparigas e mulheres jovens moçambicanas terão maior acesso a oportunidades de educação e emancipação económica, graças ao programa de Emancipação e Resiliência das Raparigas da África Oriental e Austral (EAGER).

A iniciativa surgiu para impulsionar a educação e os rendimentos de raparigas e mulheres, ao mesmo tempo que ajudará a fortalecer a capacidade institucional dos países bene ciários em implementar políticas de igualdade de género.

“Moçambique é um dos primeiros países a participar nesta iniciativa regional, da qual vai receber 200 milhões de dólares em nanciamento. O programa EAGER reúne países que enfrentam desa os semelhantes no empoderamento de raparigas e mulheres”, explicou, na altura, a directora para a Integração Regional, África e Oriente Médio no Banco Mundial, Boutheina Guermazi. Iniciativas há. São su cientes? Pode ser que ainda não, mas há sinais de que o futuro das mulheres, da sociedade e da economia pode mudar para melhor.

Nigéria

‘Tomato Ebola’ agrava in ação sem precedentes

Os preços elevados do tomate, na Nigéria, estão a criar um problema para as autoridades que enfrentam uma in ação alimentar sem precedentes, em décadas, fomentando protestos e pilhagens. O ministro da Agricultura, Mohammad Abubakar, a rmou que a produção foi afectada por uma grave praga de ‘Toma-

África

to Ebola’, causada por um insecto semelhante a uma traça. O Governo enviou equipas para as áreas afectadas para combater a ameaça e ajudar os agricultores a recuperarem as suas colheitas. O tomate é um ingrediente essencial em muitos pratos tradicionais na nação mais populosa de África.

Iniciativa voluntária produz mapas humanitários

Um grupo de organizações sem ns lucrativos está a elaborar mapas de assentamentos informais para facilitar a distribuição de ajuda, a reconstrução e o planeamento urbano. Chama-se Humanitarian OpenStreetMap Teams (HOT), grupos de ajuda e residentes de bairros de lata que estão a usar drones entregues para criar imagens aéreas de cada assentamento e cartógrafos locais para entrevistar os residentes e documentar

todas as estradas e estruturas. A informação pode ser utilizada de várias formas: mapas detalhados que podem servir como base para avaliar os danos causados por desastres (ciclones, inundações, deslizamentos de terras, etc.), enquanto, noutra abordagem, a contagem do número de estruturas pode informar sobre a quantidade de tinta branca necessária para telhados re ectores que reduzem o calor.

Botsuana

Estado reforça posição no negócio dos diamantes

O Botsuana está em negociações para aumentar a sua participação na De Beers, conglomerado de empresas envolvido na mineração e comércio de diamantes, enquanto a Anglo American se prepara para terminar a sua relação quase centenária com o icónico produtor de pedras preciosas. Como parte de um plano de recuperação (para afastar uma abordagem do rival BHP), a Anglo anunciou no mês passado que iria vender ou separar a sua participação de 85% na De Beers. O restante é detido pelo Botsuana, onde se situam as maiores minas da empresa. “Vamos aumentar as acções que temos na De Beers”, disse o Presidente do Botsuana, Mokgweetsi Masisi.

África do Sul

Fábricas de automóveis desesperam por linha férrea

Volkswagen, Isuzu e outros fabricantes de automóveis que operam aqui mesmo ao lado, na África do Sul, estão em conversações com a empresa estatal de logística Transnet, para revitalizar a linha férrea, uma infra-estrutura fulcral, mas degradada. As empresas querem contratar um operador privado para gerir os comboios na linha de mil quilómetros entre a província central de Gauteng e a cidade fabril e portuária de Gqeberha (antiga Port Elizabeth, no Cabo Oriental). Actualmente, as marcas dependem quase inteiramente de camiões para transportar os seus veículos para Gauteng, o maior mercado. A linha também poderia bene ciar outras fábricas em torno de Joanesburgo, como as da Ford e BMW.

Egipto

AI acusa autoridades de deportarem sudaneses

Um novo relatório da Amnistia Internacional (AI) indica que refugiados sudaneses são reunidos e reenviados ilegalmente do Egipto para o Sudão - uma zona de con ito activa - sem direito a um processo justo ou sem oportunidade de pedir asilo, o que viola o direito internacional. O relatório documenta as di culdades de 27 refugiados sudaneses e

mostra como as autoridades submeteram 800 detidos sudaneses a retornos forçados entre Janeiro e Março. O Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR) estima que 3000 pessoas foram deportadas do Egipto para o Sudão só em Setembro de 2023. Durante décadas, o Egipto acolheu milhões de emigrantes sudaneses.

Quénia BAD reforça capital para apoiar África

O Banco Africano de Desenvolvimento (BAD) anunciou “um mandato reforçado dos seus accionistas, permitindo-lhe alinhar-se melhor com a evolução da arquitectura nanceira mundial e reforçar o seu apoio ao continente”. Após os Encontros Anuais de 2024, em Nairóbi, foi aprovado um aumento de capital de 117 mil milhões de dólares, elevando o total do BAD para 318 mil milhões de dólares. “Este aumento des-

tina-se a reforçar a capacidade de intervenção do banco em África. É uma demonstração importante da fé e da con ança que os accionistas depositam em nós”, a rmou o presidente Akinwumi Adesina. “Mostra con ança na nossa capacidade de utilizar bem os recursos e de mobilizar mais capital com o que temos, o que nos dará mais liquidez enquanto banco para podermos fazer mais”, acrescentou.

Maláui

O Vice-Presidente do Maláui, Saulos Chilima, potencial candidato ao cargo máximo nas eleições do próximo ano, morreu num acidente de avião, a 10 de Junho. O avião militar saiu de Lilongwe, a capital, na manhã de segunda-feira, com destino a Mzuzu, uma cidade no

Zimbabué

Nova Moeda: à sexta tentativa será de vez?

A estabilidade da nova moeda do Zimbabué levou as autoridades a abolir uma regra em vigor desde 2022 que exigia que os investidores na sua principal bolsa de valores mantivessem as acções durante 180 dias ou arriscassem pagar impostos mais elevados. Na altura, o mercado era uma das poucas opções de investimento na nação do sul de África para os investidores se protegerem contra a volatilidade da taxa de câmbio e a in ação. A antiga unidade, que regularmente se desvalorizava em relação ao dólar, foi substituída pelo ZiG em Abril deste ano. É a sexta tentativa de uma moeda local estável em 15 anos. Desde o início do ano, o dólar zimbabueano perdeu 4/5 do seu valor no mercado o cial.

norte do país, onde o terreno é montanhoso e densamente orestado. A viagem estava prevista para durar menos de uma hora, mas o contacto foi perdido. Não houve sobreviventes no acidente, disse o Presidente Lazarus Chakwera num discurso televisivo.

FNB Prevê Crescimento Económico de 4,9% no Sector Logístico em 2024

Beira, 12 de Junho de 2024 - O FNB organizou recentemente o encontro económico "Business Economic Breakfast" na cidade da Beira, província de Sofala, com o objectivo de debater as oportunidades e desafios actuais do sector de transportes e logística e o seu impacto na economia local e regional. Sob o tema “Transportes e Logística”, o evento contou com a presença de clientes, representantes de várias empresas, parceiros e quadros seniores do Banco. Durante o encontro, foram abordados diversos temas, incluindo as perspectivas económicas para Moçambique, o contexto do sector dos Transportes e Logística em Moçambique e na cidade da Beira, bem como as necessidades e desafios do sector. Entre os oradores estavam Alfredo Mondlane, Responsável de Economia e Pesquisa de Mercado do FNB; Félix Machado, Director Executivo da empresa Terramar Logística e Presidente da Associação Comercial da Beira e Hedie Soberano, Economista e representante dos CFM (Caminhos de Ferro de Moçambique).

Alfredo Mondlane destacou a importância deste debate, afirmando que visa “melhorar o acesso à informação espe-

cializada sobre o sector logístico para o tecido empresarial moçambicano. Sabemos que é um sector preponderante para a economia nacional e que a cidade da Beira assume um papel fundamental, sendo o mais importante corredor logístico do país. Pretendemos melhorar a dinâmica económica e estar mais próximos dos nossos clientes, facultando-lhes ferramentas para a tomada de decisões mais informadas. O sector logístico representa uma das espinhas dorsais para o crescimento económico de Moçambique”.

Mondlane mostrou-se optimista quanto ao impacto económico do sector, citando estatísticas económicas: “após um crescimento de 5% em 2023, prevemos um crescimento do sector na ordem dos 4,9% em 2024. O sector logístico representa, actualmente, cerca de 8% do PIB nacional e tem vindo a receber investimentos consideráveis. Embora existam desafios associados ao país, estamos confiantes de que é um sector próspero e com tendência para crescer, nos próximos anos, a um ritmo de 5% ao ano, acompanhando o crescimento económico nacional”.

Félix Machado, Presidente da Associação Comercial da Beira e Director Executivo da Terramar Logística, também abordou os desafios do sector lo-

Embora existam desafios associados ao país, estamos confiantes de que é um sector próspero e com tendência para crescer 5% nos próximos anos

gístico: “não podemos negar que há vários desafios, especialmente ao nível das infraestruturas. Os nossos portos, corredores, a ferrovia, vias de acesso e sistemas aduaneiros precisam de funcionar eficazmente para atender à demanda do mercado. Há ineficiências no nosso corredor que não podemos ignorar”. Machado propôs que “o sector privado e o Governo unam esforços para refletir sobre como queremos gerir o nosso sistema de transportes, trazendo os números para a mesa com o objectivo de tornar os nossos corredores mais competitivos, avaliando a perspectiva de custo/benefício e eliminando a burocracia existente”.

Referindo-se à cidade da Beira, Machado destacou projectos relevantes que podem impulsionar o desenvolvimento do sector logístico, incluindo a expansão do sistema de pipeline, o aumento da capacidade da linha férrea de Machipanda, a construção de mais terminais de cargas, a melhoria da estrada de acesso ao Porto da Beira, a atracção de investimentos para o desenvolvimento das infraestruturas e a implementação de soluções tecnológicas para melhorar a eficiência do transporte.

Hedie Soberano, representante dos CFM, descreveu o trabalho em curso para a melhoria das infraestruturas existentes nas Linhas de Machipanda e Sena: “A linha férrea de Machipanda, que liga a Beira ao Zimbabwe, foi recentemente reabilitada para colmatar o estado de degradação em que se encontrava. Antes da intervenção, os comboios alcançavam uma velocidade máxima de 40 km/h, comprometendo a fluidez no transporte de carga. Após as intervenções, esta linha permite uma maior capacidade de transporte de carga, passando de 1.5 para 3.5 milhões de toneladas por ano, em menos tempo. Quanto à Linha de Sena, também apresenta desafios que já foram identificados e estão a ser abordados para melhorar a fluidez do transporte, à semelhança da Linha de Machipanda”.

Alfredo Mondlane concluiu, destacando o compromisso do FNB com o sector: “historicamente, o FNB tem um forte apetite de crédito pelo sector dos Transportes e Logística. Este debate promovido pelo Banco demonstra o nosso optimismo em relação a este segmento, que queremos continuar a promover para ajudar o país a expandir e crescer”.

Um Olhar às Desigualdades e à Economia Pública

Num mundo com desigualdades cada vez maiores no acesso às oportunidades de desenvolvimento – e com políticas públicas da maioria dos países a necessitarem de melhorias –, estudos sobre estes temas ganham especial relevância. Eis a área de intervenção de omas Piketty

Thomas Piketty, nascido a 7 de Maio de 1971 em Clichy, França, é um economista de renome que se destacou pelo seu trabalho na área da desigualdade económica e da economia pública. Professor na Escola de Economia de Paris, Piketty ganhou reconhecimento internacional com a publicação de "O Capital no Século XXI", em 2013, uma análise aprofundada sobre a evolução da desigualdade de rendimento e riqueza desde o século XVIII até aos nossos dias.

Teoria da desigualdade económica

A principal contribuição de Piketty para a ciência económica é a sua teoria sobre a desigualdade económica. O economista francês argumenta que a desigualdade não é um acidente, mas uma característica intrínseca do capitalismo. Segundo Piketty, a taxa de retorno do investimento sobre o capital tende a ser maior do que a taxa de crescimento económico, o que leva a uma concentração crescente de riqueza. Esta desigualdade resulta em desequilíbrios sociais e económicos que podem ameaçar a estabilidade democrática.

Piketty utiliza extensos dados históricos para apoiar as suas teorias, compilando informações de diversos países ao longo de mais de dois séculos. Este trabalho meticuloso permitiu-lhe demonstrar que a desigualdade de rendimento e riqueza aumentou signi cativamente nas últimas décadas, especial-

mente nos Estados Unidos e na Europa, após um período de relativa igualdade no pós-Segunda Guerra Mundial.

Políticas redistributivas

Outra área signi cativa da sua investigação é a economia pública, onde Piketty defende políticas redistributivas como forma de mitigar a desigualdade. O economista sugere a implementação de impostos progressivos sobre o rendimento e a riqueza como mecanismos e cazes para redistribuir recursos e promover uma sociedade mais equitativa. Em "O Capital no Século XXI", Piketty propõe um imposto global sobre o capital para limitar a acumulação excessiva de riqueza e defende que se nanciem serviços públicos essenciais.

Piketty também enfatiza a importância da transparência nanceira e da cooperação internacional para combater a evasão e os paraísos scais, que aceleram a desigualdade, ao permitir que os mais ricos evitem a tributação.

O impacto de omas Piketty na ciência económica e no debate público é vasto. "O Capital no Século XXI" tornou-se num best-seller global, traduzido em dezenas de idiomas, e gerou ampla discussão entre académicos, políticos e público. A abordagem interdisciplinar, que combina história, economia e sociologia, revolucionou a maneira como a desigualdade é estudada e compreendida.

Piketty in uenciou não apenas a academia, mas também a formulação de

As teorias de Piketty também enfrentaram críticas. Alguns economistas argumentam que ele subestima os benefícios do crescimento económico e do empreendedorismo

políticas públicas. O trabalho foi citado por líderes políticos e organizações internacionais, como o Fundo Monetário Internacional (FMI) e a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE), ao formular políticas destinadas a reduzir a desigualdade. Além de "O Capital no Século XXI", Piketty escreveu outras obras importantes, como "Capital e Ideologia", publicado em 2019, onde expande a análise da desigualdade para incluir uma perspectiva sobre as ideologias políticas e sociais que sustentam as estruturas económicas. O economista argumenta que a desigualdade é um fenómeno profundamente enraizado em narrativas e ideologias que legitimam a concentração de riqueza e poder.

Críticas e debates

Apesar do seu sucesso, as teorias de Piketty também enfrentaram críticas. Alguns economistas argumentam que ele subestima os benefícios do crescimento económico e do empreendedorismo, e que as suas propostas de impostos elevados podem desincentivar o investimento e a inovação. No entanto, Piketty respondeu a estas críticas defendendo que uma sociedade mais igualitária não promove apenas justiça social, mas pode também estimular um crescimento económico mais sustentável e inclusivo. omas Piketty é considerado uma das guras centrais da economia contemporânea, com um trabalho sobre desigualdade e economia pública que continua a in uenciar o debate académico e político. As suas análises detalhadas, a par das propostas de políticas redistributivas, oferecem uma visão crítica e necessária sobre os desa os económicos e sociais do nosso tempo. Ao destacar a importância da equidade e da justiça social, omas Piketty contribui para a construção de um mundo mais justo e próspero.

THOMAS PIKETTY

omas Piketty nasceu a 7 de Maio de 1971 em Clichy, cidade localizada a noroeste de Paris, na França. Estudou Matemática e Economia na Escola Normal Superior de Paris e, com 22 anos, concluiu o doutoramento em Filoso a. A sua tese sobre a redistribuição de renda foi escrita na Escola de Altos Estudos em Ciências Sociais em Paris e na Escola de Economia de Londres.

Vem este artigo a propósito de uma transacção cujo mandato da BlueBiz Consultoria consistiu na preparação do plano de negócio para suportar a aquisição de uma plantação de cana-de-açúcar, em Moçambique.

O cliente pretendia assumir o comando e controlo do novo veículo societário a criar usando, para o efeito, outros mecanismos para além destes: i) maioria de capital social; ii) maioria dos direitos de voto; iii) direito de nomeação de representante nos conselhos de administração, ou do órgão de fiscalização; iv) direito de destituição de membros do conselho de administração, ou do órgão de fiscalização; v) direito de participações qualificadas, ou direitos especiais.

Neste artigo, desafio os meus leitores/as a responderem à seguinte questão: que outros mecanismos privados1 de Comando & Controlo Empresarial (CCE) podem ser utilizados?

Neste artigo, veremos sucessivamente:

- O que é um mecanismo privado de CCE.

- Os seguintes mecanismos de CCE:

. Controlo por financiamento.

. Controlo do mercado e/ou da rede de distribuição.

. Controlo por dependência de infra-estruturas.

Dada a extensão deste tema dividi-lo-ei em partes que serão publicadas em artigo subsequente.

Analisaremos estes mecanismos nas cinco diferentes fases do ciclo de vida de uma empresa: embrião, crescimento, maturidade, turbulência e declínio.

1. O que é um mecanismo privado de Comando & Controlo Empresarial?

Na minha opinião, um mecanismo privado de CCE é:

- Um conjunto de estratégias, métodos e ferramentas,

- que uma entidade privada, ou indivíduo(s)

- utiliza para exercer poder2

- nas formas de influência, direcção, gerar dependência, governança,

Mecanismos de Comando & Controlo Empresarial (I)

- sobre um mercado, uma organização, ou parte dela,

- para assegurar e controlar que os objectivos estratégicos sejam alcançados, as operações sejam eficientes, e os interesses dos stakeholders sejam protegidos.

2. O Controlo por Financiamento

a) O que é?

O controlo é exercido por meio da concessão de empréstimos, de investimentos, de linhas de crédito ou outros instrumentos financeiros, que fazem a empresa depender do financiador (v.g. a casa-mãe, um sócio, um banco) para as suas operações e crescimento.

b) Exemplo prático

A Dangote Cement, uma das maiores empresas de cimento de África, é um exemplo notável de controlo por financiamento. Aliko Dangote, fundador e proprietário da empresa, utilizou extensivamente financiamento externo para expandir as suas operações em África. A empresa obteve financiamento significativo de instituições financeiras internacionais, como o Banco Mundial e o Banco Africano de Desenvolvimento (BAD).

c) Como funciona?

Embrião: no início, a Dangote Cement utilizou financiamento de bancos nigerianos para estabelecer as suas operações básicas de produção de cimento.

Crescimento: para expandir as suas operações em África, a empresa obteve financiamento de grandes instituições financeiras internacionais. Esses financiadores impuseram certas condições, como padrões ambientais e sociais, que a Dangote Cement deveria cumprir para continuar a receber apoio financeiro.

Maturidade: na fase de maturidade, a empresa continuou a utilizar financiamento para modernizar as suas fábricas e expandir sua capacidade de produção. Os financiadores têm uma influência significativa nas decisões estratégicas da empresa, como expansão para novos mercados.

Turbulência: durante períodos de instabilidade económica, como a recessão na Nigéria, a Dangote Cement contou com financiamento externo para manter as suas operações e implementar estratégias de mitigação de riscos.

Declínio: até agora, a Dangote Cement não enfrentou um declínio significativo, mas continua a depender do financiamento para manutenção de sua infra-estrutura e exploração de novas oportunidades de mercado.

d) Prós e Contras

Prós:

Influência estratégica: permite ao financiador influenciar decisões e garantir que os recursos sejam usados eficazmente.

Partilha de riscos: o financiamento pode ser estruturado para compartilhar riscos entre o financiador e a entidade.

Contras:

Dependência financeira: pode criar uma dependência excessiva da entidade no financiador.

Conflitos de interesse: pode haver conflitos entre os objectivos do financiador e os da administração da empresa.

3. Controlo do Mercado e/ou da Rede de Distribuição a) O que é?

O controlo é exercido através da posse ou gestão de redes de distribuição essenciais para outra entidade. Este mecanismo permite que uma empresa controle o fluxo de produtos ou serviços, influenciando directamente o acesso ao mercado e a presença competitiva das entidades dependentes dessa rede.

b) Exemplo prático

A Shoprite Holdings, maior retalhista de alimentos em África, exemplifica o controlo da rede de distribuição para dominar o mercado. Com sede na África do Sul, a Shoprite expandiu as suas operações para mais de 15 países africanos, garantindo uma posição de liderança no sector de retalho.

c) Como funciona?

Embrião: no início, a Shoprite estabeleceuumaredededistribuiçãoeficiente na África do Sul, construindo centros de distribuição estratégicos que facilitavam o abastecimento das suas lojas.

Crescimento: à medida que a Shopriteexpandiuassuasoperaçõesparaoutros países africanos, investiu pesadamente em infra-estrutura logística, incluindo armazéns regionais e frota de transporte.Issogarantiuqueosprodutos fossem entregues de forma eficienteeconsistenteemtodasaslojas,independentemente da localização.

Maturidade: nesta fase, a Shoprite optimizou a sua rede de distribuição para reduzir custos operacionais e melhorar a eficiência. A empresa também implementou sistemas avançados de gestão de inventário para garantir que os produtos estivessem sempre disponíveis nas prateleiras.

Turbulência: duranteperíodosdeinstabilidade económica ou crises (v.g. pandemia covid-19), a Shoprite utilizou a sua robusta rede de distribuição para manter a operação contínua. A capacidade de ajustar rapidamente a logística permitiu que a empresa respondesse às mudanças na demandadoconsumidoreàsinterrupçõesna cadeia de suprimentos.

Declínio: embora a Shoprite ainda não tenha enfrentado um declínio significativo, a empresa está preparada para usar a sua rede de distribuição como uma vantagem estratégica, explorando novas oportunidades de mercado e mantendo a sua posição dominante.

d) Prós e Contras

Prós:

Controlo sobre o mercado: acesso directo ao mercado e controlo sobre o fluxo de produtos.

Eficiência operacional: optimização de custos e processos logísticos.

Contras:

Altos custos iniciais: investimento significativo em infra-estrutura e manutenção de redes.

Riscos regulatórios: possíveis desafios legais relacionados com práticas anti-concorrenciais.

4. Controlo por Dependência de Infra-estruturas

a) O que é?

O controlo é exercido por meio da dependência de infra-estrutura essen-

No período de crise, a Shoprite utilizou a sua rede de distribuição para manter a operação

cial, como redes de telecomunicações, instalações de produção ou sistemas de transporte que são críticas para as operações de uma entidade.

b) Exemplo prático

A Kenya Airways, principal companhia aérea do Quénia, exemplifica o controlo por dependência de infra-estrutura ao dominar a infra-estrutura de aviação no país. A companhia aérea, em parceria com o Aeroporto Internacional Jomo Kenyatta (Nairóbi), controla uma parte significativa do tráfego aéreo na África Oriental.

c) Como funciona?

Embrião: inicialmente, a Kenya Airways estabeleceu rotas domésticas e regionais cruciais, utilizando a

infra-estrutura do principal aeroporto do Quénia. Isso incluiu a construção de terminais, hangares e instalações de manutenção.

Crescimento: à medida que a demanda por viagens aéreas aumentou, a Kenya Airways expandiu as suas rotas internacionais e modernizou a sua frota e instalações aeroportuárias. Investimentos significativos foram feitos em infra-estrutura de aviação para garantir a segurança e eficiência das operações.

Maturidade: nesta fase, a Kenya Airways optimizou as suas operações utilizando a infra-estrutura avançada do Aeroporto Internacional Jomo Kenyatta como hub principal. A dependência dessa infra-estrutura garantiu que a companhia aérea mantivesse uma posição dominante no mercado de aviação africano.

Turbulência: durante períodos de turbulência, como a pandemia de covid-19, a dependência da infra-estrutura aeroportuária foi crucial para a recuperação. A Kenya Airways utilizou as suas instalações e rotas estabelecidas para gerir voos de repatriação e carga, mantendo a operação durante a crise.

Declínio: em tempos de declínio, a dependência da infraestrutura de aviação permite à Kenya Airways explorar novas oportunidades de mercado, como expandir serviços de carga e explorar novas parcerias estratégicas para sustentar as suas operações.

d) Prós e Contras

Prós:

Estabilidade: fornece uma base sólida e confiável para operações contínuas.

Eficiência: melhora a eficiência operacional e reduz custos a longo prazo.

Contras:

Custo elevado: requer investimentos substanciais em aquisição, manutenção e actualização da infra-estrutura. Dependência excessiva: pode criar uma dependência excessiva de uma infra-estrutura específica, limitando a flexibilidade.

Este artigo terá continuidade, e apenas por limitesdeespaçoeditorialaquiseinterrompe. Espero por si na próxima edição.

1 Não abordaremos neste artigo mecanismos públicos de comando e controlo empresarial.

2 Para saber mais sobre este tema: GREENE, Robert “48 Leis do Poder”; MONKS, Robert “Corporate Governance”; DIXIT, Avinash “ e Art of Strategy: A Game eorist`s Guide to Success in Business and Life”.

Como as empresas agem (ou devem agir) nos diferentes ambientes de mercado?

Haverá Gás Natural no Niassa? Este Estudo Aposta Que Sim

Um trabalho geológico da Universidade de Witwatersrand, Joanesburgo, abre caminho para a descoberta de potenciais reservas numa zona no noroeste do Niassa. Um laboratório brasileiro deu apoio às conclusões que podem lançar pistas para futuras acções de prospecção

Texto Universidade de Witwatersrand • Fotografia Wits University

Aregião noroeste da província do Niassa pode ser rica em hidrocarbonetos, principalmente gás, indica um novo estudo geológico, realizado por uma equipa liderada por Nelson Nhamutole, estudante de doutoramento na Universidade de Witwatersrand (África do Sul). A zona estudada corresponde à Bacia de Maniamba, há muito identi cada nos mapas da geologia moçambicana. O trabalho publicado no South African Journal of Geology indica que “pode ser uma grande fonte de gás natural”. As camadas de rochas da bacia tiveram origem numa época da pré-história, do Pérmico ao Triássico Inferior. Foi uma era há cerca de entre 299 a 251 milhões de anos, em que houve grandes mudanças na Terra. O Pérmico foi palco da formação do supercontinente Pangeia e terminou com uma extinção em massa, eliminando cerca de 96% das espécies marinhas e 70% das terrestres. O Triássico Inferior começou com a recuperação da vida, com a diversi cação de novos grupos de plantas e animais, incluindo os primeiros dinossauros, estabelecen-

do a base para o domínio dos répteis no Mesozoico. É por isso que estas camadas são consideradas ricas em material orgânico capaz de se ter transformado em gás natural, preso entre as rochas. Nelson Nhamutole e a sua equipa de investigação analisaram amostras de quatro a oramentos dentro da bacia, segundo a informação da Universidade de Witwatersrand, citada pelo portal de divulgação cientí ca Newswise. Utilizando técnicas de ponta, como a Pirólise Rock Eval (ver caixa), recolheram informação sobre a riqueza orgânica de diferentes tipos de rochas, incluindo xisto, argilito, arenito e siltito. A Universidade de Rio Grande do Sul, no Brasil, ajudou na análise. Ao utilizar esta técnica, os investigadores encontraram carbono orgânico num nível “bom a excelente” nas rochas da Bacia de Maniamba, um indicador-chave do potencial de existirem reservas de hidrocarbonetos na zona.

Indícios geológicos sugerem gás

No cerne deste grande potencial energético valioso está o “querogénio”, a matéria orgânica presa entre as rochas

A Universidade do Rio Grande do Sul, no Brasil, ajudou na análise. Os investigadores encontraram carbono orgânico num nível “bom a excelente” na Bacia de Maniamba

QUE TÉCNICA DE PROSPECÇÃO É ESTA?

A Pirólise Rock Eval é uma técnica utilizada principalmente na indústria petrolífera e em estudos geológicos para avaliar o potencial hidrocarbonífero de rochas sedimentares. Envolve o aquecimento controlado para decompor matéria orgânica presente nas rochas (querogénio) em hidrocarbonetos, que são depois quanti cados. A análise fornece informações cruciais sobre o conteúdo de carbono orgânico total (TOC), a qualidade da matéria orgânica e o potencial de petróleo ou gás natural. É uma ferramenta essencial para determinar a maturidade térmica das rochas e identi car potenciais reservas de hidrocarbonetos.

“Os dados de avaliação das rochas por si só não podem esclarecer totalmente as fontes potenciais de petróleo e gás, por isso, precisamos de usar outros métodos”

que, sob as condições térmicas certas, pode transformar-se em gás natural e óleo. O estudo identi cou esta substância, sugerindo que a matéria orgânica é principalmente de origem terrestre. Isto aponta para uma paisagem outrora exuberante com vegetação típica do ecossistema de Gondwana, um continente antigo. O que antes foi uma extensa cadeia de seres vivos transformou-se sob a pressão de quilómetros de solo e agora é fonte de potenciais reservas de gás.

A vida desta matéria orgânica até ser convertida em hidrocarbonetos é uma questão de maturação. As rochas analisadas na pesquisa dão sinais de grande maturação, principalmente por causa de actividades tectónicas e pela proximidade de magma, a lava que vemos nos vulcões, mas que, neste caso, movimenta-se debaixo da superfície da Terra, arrefece e solidi ca antes de alcançar a superfície. Este nível de maturação, integrado com a análise do tipo de matéria orgânica, indica a capacidade de a bacia guardar reservas de gás natural em vez de petróleo, uma indicação que pode ser importante para futuras estratégias de prospecção.

Novas pesquisas em perspectiva A descoberta do potencial de reservas de gás natural pode ser um passo importante para a exploração energética, mas é apenas um primeiro passo, muito inicial. A equipa reconhece a necessidade de investigações adicionais para desvendar completamente as características da bacia. Estudos avançados, com análises geoquímicas e geológicas, são essenciais para mapear um eventual caminho do potencial à produção.

“Os dados de avaliação das rochas por si só não podem esclarecer totalmente as fontes potenciais de petróleo e gás, por isso precisamos de usar outros métodos,” diz Nelson. “Na minha futura pesquisa, planeio combinar várias técnicas, incluindo o estudo dos tipos de material orgânico nas rochas, examinando pólen e esporos, observando fósseis e analisando os elementos presentes para aprender mais sobre o potencial das rochas na Bacia de Maniamba, província de Manica. Além disso, será útil descobrir a idade das camadas rochosas ao observar quando certos microfósseis aparecem”.

A con rmar-se a presença do gás do Niassa, o País consolida-se entre os mercados com maior potencial do mundo.

GÁS EM EXPLORAÇÃO EM MOÇAMBIQUE

A Sasol explora desde o ano 2000 as reservas de gás em Pande e Temane, na província de Inhambane e, em Abril de 2023, anunciou uma nova descoberta entre aquelas duas áreas, na parte ‘onshore’ da área PT5-C da Bacia de Moçambique - descoberta cuja viabilidade comercial carece de estudos. Mas o maior potencial está sob o oceano Índico. Moçambique tem três projectos de desenvolvimento aprovados para exploração das reservas de gás natural na Bacia do Rovuma, classi cadas entre as maiores do mundo, ao largo da costa de Cabo Delgado. Dois desses projectos têm maior dimensão e prevêem que o gás seja canalizado, do fundo do mar para terra, e arrefecido numa fábrica para ser exportado, por via marítima, em estado líquido.

Projectos ainda não avançaram Um projecto é liderado pela TotalEnergies (consórcio da Área 1) e as obras avançaram até à suspensão por tempo indeterminado, após um ataque armado a Palma, em Março de 2021, altura em que a energética francesa declarou que só retomaria os trabalhos quando a zona fosse segura. O outro é o investimento, ainda sem anúncio à vista, liderado pela ExxonMobil e Eni (consórcio da Área 4). Um terceiro projecto concluído e de menor dimensão pertence também ao consórcio da Área 4 e consiste numa plataforma utuante de captação e processamento de gás para exportação, directamente no mar, cuja produção arrancou em Novembro de 2022.

“Cuidado Com as Despesas: é Ano de Eleições!”, Alerta do FMI

É um problema cíclico: em anos eleitorais, as contas estatais sofrem uma grande pressão e correm o risco de afundar, porque quem está no poder pode cair na tentação de seduzir o eleitorado a todo o custo.

Texto Redacção •Fotogra a D.R.

Oalerta vem da directora-adjunta do Departamento de África do FMI, CatherinePattillo.Asautoridades devem manter-se “vigilantes” em relação às despesas, num ano com numerosas eleições. “Nos países de baixo rendimento, as despesas podem ser desequilibradas durante os anos eleitorais, no sentido de reforçarem o apoio popular”, disse Pattillo, a propósito do último relatório do FMI sobre a África Subsaariana. “Terminadas as eleições, pode ser necessário fazer cortes, incluindo no sector público, que, no entanto, é uma fonte de crescimento”. Cerca de vinte eleições, da África do Sul à Argélia, passando por Moçambique, Gana e Mauritânia, marcam, desde Janeiro, a actualidade do continente (e ainda só vamos a meio do ano).

Algumas eleições já se realizaram, como no Senegal, com distúrbios e com um “atraso” que “aumentou a incerteza na região”, de acordo com o FMI. Na África do Sul, Ramaphosa conseguiu a reeleição, mas só depois de um entendimento com a Aliança Democrática, depois de o ANC ter perdido a maioria. No caso de Moçambique, as eleições gerais deverão decorrer em Outubro e, historicamente, representam um momento de tensão – embora, nas últimas décadas, o País tenha sempre conseguido acomodar este atrito político. Em termos nanceiros, as marcas arriscam-se a ser mais duradouras.

“De uma forma mais geral, observamos que a instabilidade política em tor-

no das eleições não só acarreta custos macroeconómicos, mas também desencadeia ajustamentos orçamentais em detrimento do investimento público”, lê-se no último relatório regional, apontando para riscos de mudanças súbitas nas políticas públicas induzidas pelas eleições. Neste contexto, Catherine Pattillo apelou às autoridades “para que se mantenham vigilantes face a certas pressões, mantendo o rumo do programa de reformas”. O FMI sublinhou estar ainda mais atento a esta questão porque o período actual “é crítico para o ajustamento orçamental, devido aos elevados níveis de dívida e às necessidades de capital para nanciar as despesas de desenvolvimento”.

Recuperação “morna e dispendiosa” O crescimento na África Subsaariana deverá atingir 3,8% este ano, “uma taxa muito mais baixa do que antes da pandemia”, sublinhou Pattillo, descrevendo a recuperação económica como “morna e dispendiosa. O nanciamento é muito difícil e dispendioso, e muitos governos estão a enfrentar grandes prazos para o pagamento da dívida”, a rmou.

Confrontados com o aumento das taxas de juro nos últimos dois anos, por parte dos bancos centrais de todo o mundo, os países africanos estão a ter de pagar mais para nanciar os seus empréstimos. A ajuda pública ao desenvolvimento para África aumentou 2% no ano passado, de acordo com as estatísticas preliminares da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE), mas abrandou acentuadamente em relação aos 11% do ano anterior.

“Nos países de baixo rendimento, as despesas podem ser desequilibradas durante os anos eleitorais, no sentido de reforçar o apoio popular”, directora-adjunta do Departamento de África do FMI, Catherine Pattillo

Crescimento será modesto No caso de Moçambique, as pressões que podem surgir em ano eleitoral juntam-se às perspectivas “mornas” sobre o crescimento do País que têm estado sob análise desde Abril. O economista do Fundo Monetário Internacional (FMI) que, na altura, coordenou o último relatório sobre a África Subsaariana, disse que o crescimento do País deverá manter-se modesto nos próximos anos, mantendo-se os desa os signicativos que Moçambique tem enfrentado. O sector não mineiro do País “deverá acelerar em 2024, impulsionado por uma melhoria da dinâmica da indústria transformadora e da construção”, apontou. Ainda assim, “para este ano, e a médio prazo, esperamos uma recuperação modesta do crescimento”, disse ibault Lemaire, em declarações à Lusa.

Para este ano, o FMI prevê para Moçambique um crescimento de 5%, depois de, no ano passado, a expansão

ÁFRICA E O MUNDO

3,8%

África Subsaariana

O crescimento deverá aumentar dos 3,4% previstos em 2023 para 3,8% em 2024, e 4% em 2025, com os efeitos dos choques climáticos a manterem-se e os problemas nas cadeias de fornecimento a melhorarem

3,2%

Crescimento mundial

A previsão do crescimento global melhorou para 3,2% este ano. Ou seja, o FMI prevê que o crescimento global registado em 2023 continue ao mesmo ritmo em 2024 e 2025.

económica ter melhorado para 6%, acima dos 4,4% registados em 2022. O crescimento de Moçambique “foi impulsionado pelo projecto de gás natural liquefeito (GNL) Coral Sul – liderado pela petrolífera italiana ENI –, o primeiro projecto GNL em grande escala do País. No entanto, devido a condições nanceiras restritivas, o crescimento do sector mineiro cou aquém do seu potencial”.

Quanto ao resto dos projectos de gás, a esperança mantém-se: para o FMI, a petrolífera TotalEnergies deverá recomeçar as obras em Cabo Delgado “nos próximos meses”, o que terá “um impacto positivo e signi cativo no crescimento, nas receitas scais e na conta corrente do País, após o início da produção” e exportação de GNL. “Moçambique enfrenta desa os signi cativos de desenvolvimento, nomeadamente com maior frequência e gravidade, catástrofes naturais e choques climáticos”, acrescentou ibault Lemaire.

especial inovações daqui

60 IA E O CAPITAL HUMANO

A SDO Moçambique e a EDU Digital realizaram uma conferência para re ectir sobre como a Inteligência Arti cial está e pode ser aproveitada para melhorar a formação de capital humano e o desempenho das empresas em Moçambique.

AQUAPRO

PANORAMA

As notícias da inovação em Moçambique, África e no Mundo. 6466

A tecnologia que combina a aquacultura, o cultivo de vegetais e a produção de ração animal

Como é que a IA Apoia a Educação e o Trabalho em Moçambique?

O recurso à Inteligência Arti cial na Educação, no treino de pro ssionais e em tarefas laborais continua a acelerar em países desenvolvidos. Em Moçambique, já começa a marcar presença. Contudo, pouco se sabe sobre o estado, tendências e desa os do mercado. Um debate promovido por empresas focadas neste novo paradigma traz-nos o panorama interno

ASDO Moçambique, empresa de consultoria em Gestão, Negócios e Gestão de Capital Humano, em parceria com a EDU Digital, especializada em soluções tecnológicas de aprendizagem e plataformas e-Learning, decidiu suscitar um debate sobre “A Inteligência Artificial (IA) e o Futuro da Aprendizagem”, com foco nos profissionais de recursos humanos (RH).

Segundoodirector-executivodaSDO Moçambique, Vicente Sitoe, o principal objectivo é mostrar como os processos de aprendizagem podem ser organizados através do e-learning e como a IA pode auxiliar a recolha de dados. É uma forma de garantir que uma empresa dá formações aos seus colaboradores em tempo real e, ao mesmo tempo, avalia o desempenho.

O evento enquadrou-se na celebração dos 15 anos da SDO e, através da parceria com a EDU Digital, promoveu a evolução digital do sector dos recursos humanos, mostrando aos profissionais da área que, mais do que olharem para as tecnologias como uma ameaça

aos postos de trabalho, devem abraçá-las como ferramentas. Mas o tema estendeu-se e acabou por trazer importantes contributos para o conhecimento das empresas e da sociedade. O ponto alto foi a apresentação de uma das mais importantes ferramentas de IA disponíveis para uso de empresas e de profissionais em Moçambique.

A Grande Inovação: Totara Uma das formas de aproveitar a IA é através de uma aplicação designada Totara, apresentada pelo director-executivo da EDU Digital, Ricardo Santos, dirigida a plataformas de aprendizagem.

Desenvolvida pela marca, utiliza IA para analisar o perfil do trabalhador, seja ele um técnico de recursos humanos, de tecnologias ou da área bancária. Com base nas escolhas formativas, a plataforma sugere novos conteúdos de aprendizagem.

Oriunda da Austrália e Nova Zelândia, a aplicação está relacionada “com mecanismos de gestão de aprendizagem, formação e criação de relatórios sobre ‘reskilling’ (formação oferecida a um colaborador com o propósi-

Por exemplo, através da App, um trabalhador da área de vendas pode ser direccionado para cursos relacionados com o seu perfil como “Business Sales” ou “Business Development”

DESAFIOS DA IA NO FUTURO DA APRENDIZAGEM

De acordo com Orlando Zacarias, investigador e director do mestrado em Ciências da Computação na Universidade Eduardo Mondlane, alguns dos principais desa os da IA no futuro da aprendizagem, que devem ser tidos em conta, incluem:

- Eliminação da Discriminação Sistemas de Inteligência Arti cial podem, involuntariamente, aumentar preconceitos sociais. É crucial que os dados sejam computados de forma a não reforçar preconceitos.

- Protecção da Privacidade É importante, ao utilizar os meios de IA, anonimizar os dados e tomar todos os cuidados necessários para evitar que informações pessoais sejam expostas.

- So sticação dos Sistemas Avaliar se o nível de so sticação dos sistemas garante a segurança dos dados. Por exemplo, considerar se é su ciente usar apenas ferramentas antivírus ou se é necessária mais protecção.

- Barreiras Técnicas É necessário estar preparado para desa os relacionados com armazenamento, segurança e escalabilidade dos dados e garantir que os sistemas possam funcionar em diferentes escalas.

- Transparência e Especi cidade Construir sistemas con áveis e transparentes para os utilizadores e garantir que as decisões tomadas pelos sistemas de IA sejam claras e compreensíveis.

- Desa os de Regulação É necessário regular a e ciência de serviços de IA. Estabelecer regras claras para a utilização e desenvolvimento da IA.

- Inclusão e Diversidade Garantir que a IA seja inclusiva e que todos tenham acesso às suas vantagens e promover a diversidade na criação e implementação de sistemas de IA.

to de colocá-lo numa nova função) e ‘upskilling’ (aquisição de competências para desenvolver as já existentes) do seu capital humano.

A plataforma existe em Moçambique há dez anos, mas agora apresenta uma inovação: um assistente de Inteligência Artificial que entende as áreas de aprendizagem do utilizador e sugere outras áreas, com base num algoritmo adaptado à formação. Além disso, oferece mecanismos analíticos mais avançados, com dados que ajudam a identificar lacunas no conhecimento dos trabalhadores, fornecendo informações que antes podiam não estar acessíveis aos gestores.

Personalização e Abrangência

A aplicação inclui diversos cursos online e adequa o tipo de formação ao uti-

A plataforma (Totara) existe em Moçambique há dez anos, mas agora apresenta uma inovação: um assistente de Inteligência Artificial. É destinada a todos os tipos de actividades

lizador. Por exemplo, um trabalhador da área de vendas pode ser direccionado para cursos relacionados com o perfil como “Business Sales” ou “Business Development”. A plataforma destina-se a todos os tipos de actividades, sendo já usada por várias empresas nacionais de diferentes sectores, entre as quais o BCI, o Porto de Maputo e a Electricidade de Moçambique (EDM). No entanto, as pequenas e médias empresas (PME) podem, segundo Ricardo Santos, aderir à solução Totara Cloud, uma espécie de “aluguer” da plataforma, e beneficiar de todas as ferramentas que a aplicação principal oferece. “As pequenas empresas, geralmente com operações numa única província, tendem a centrali-

RICARDO SANTOS

Director executivo da EDU Digital

zar as formações na sua sede. Esta plataforma oferece vantagens significativas para empresas cujos colaboradores estão mais dispersos”, afirmou o director-executivo da EDU Digital.

Funcionalidades da Totara Aquando da sua apresentação, Ricardo Santos referiu-se às áreas-chave de utilização da IA na aprendizagem, a saber:

Análise e Decisões Informadas Permite a centralização e agregação de informações que podem ser facilmente consultadas e exibidas em painéis gráficos. Ricardo Santos destacou que essa abordagem ajuda a identificar lacunas no conhecimento dos formandos e trabalhadores, permitindo intervenções precisas para alcançar os objectivos organizacionais.

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Automatização de Rotinas

Pode economizar tempo ao lidar com tarefas rotineiras. Por exemplo, a triagem de currículos pode ser automatizada, assim como a inscrição em cursos e a emissão de certificados. Isso liberta tempo para que os profissionais se concentrem em actividades de maior valor.

Chatbots e Assistentes Virtuais Podem responder automaticamente a consultas simples, ajudando os utilizadores a encontrar informações rapidamente. Além disso, podem actuar como mentores virtuais, fornecendo suporte contínuo, sem a necessidade de interacção humana constante.

Experiência Personalizada de Aprendizagem

As plataformas de Experiência de Aprendizagem são a evolução dos sistemas tradicionais de gestão de aprendizagem. Estas plataformas adaptativas ajustam o conteúdo com base no nível de conhecimento, proporcionando uma experiência de aprendizagem personalizada e eficiente.

Gamificação

O uso de gamificação, exemplificado pelo Duolingo (a aplicação mais popular de aprendizagem de idiomas), mantém os alunos envolvidos através de notificações e recompensas. Esta abordagem incentiva a continuidade da aprendizagem de forma lúdica e eficaz.

Protecção de Dados e Ética

A protecção de dados e a ética na utilização da IA foram destacadas como áreas de preocupação. Segundo Ricardo Santos, é crucial garantir que as informações dos utilizadores sejam tratadas com confidencialidade e que os resultados não sejam enviesados.

Integração com Sistemas Corporativos

A integração da IA com sistemas corporativos, como o Cegid (Primavera), PHC, SAP e Oracle, é fundamental para libertar tempo para tarefas estratégicas. Tal permite que os departamentos de “Learning e Development”, bem como as universidades, se concentrem em actividades de maior valor.

AQUAPRO

Uma Jornada Verde no Centro da Inovação Sustentável

Mais do que uma alternativa de produção alimentar, a AquaPro é um passo signi cativo em direcção à sustentabilidade e resiliência na agricultura. A combinação inovadora de aquacultura e hidroponia oferece uma resposta e caz aos desa os da poluição da água e da agricultura convencional

AAquaPro é uma empresa projectada para reduzir o uso excessivo de água, maximizar o rendimento das culturas agrícolas produzidas, minimizar o desperdício e eliminar ou cortar significativamente o uso de fertilizantes químicos, promovendo a economia circular. Trata-se de uma solução holística e inovadora que integra aquacultura e hidroponia, promovendo práticas produtivas sustentáveis e resilientes. “A AquaPro combina a criação de peixes (tilápia), o cultivo de vegetais e a produção de uma planta aquática chamada lentilha-d’água. Esta planta é usada como ração animal, biorremediadora e para a recuperação de nutrientes de águas residuais, criando um ciclo fechado no qual os nutrientes são reciclados e reaproveitados de forma eficiente”, explica Vasco Cossa, estudante finalista da Universidade Eduardo Mondlane (UEM) e um dos fundadores deste projecto.

A ideia foi concebida no final de 2022 e testada em 2023 por uma equipa constituída por cinco jovens estudantes de outras tantas instituições de ensino superior: UEM, Chengde Medical University (China), University of Maryland (EUA), University of Ghana e Kwame Nkrumah University of Science and Technology (Gana).

Impulsionados pela necessidade de enfrentar os desafios globais da poluição da água e da agricultura convencional, ao mesmo tempo que aproveitavam as oportunidades oferecidas pela hidroponia, os jovens escolheram o Gana como local-piloto devido à poluição e problemas agrícolas no país, tornando-o no local exacto para testes. “A proximidade de comunidades agrícolas e instituições

educacionais, como a Universidade de Ciência e Tecnologia Kwame Nkrumah, ofereceu uma oportunidade única para implementar e testar a AquaPro num ambiente real”, destaca Vasco Cossa.

Como funciona a Aquapro?

O sistema combina aquacultura (criação de peixes) e hidroponia (cultivo de plantas sem solo). Os resíduos dos peixes fornecem nutrientes para as plantas, enquanto estas ajudam a filtrar e a purificar a água para os peixes. Vasco Cossa detalha os principais componentes e como o sistema funciona.

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Tanque de Cultivo de Peixes – é o componente central do sistema, onde peixes como a tilápia são criados. Os peixes produzem resíduos (principalmente amónia) através das suas excreções.

Filtragem Mecânica – os resíduos sólidos produzidos pelos peixes são removidos da água através de filtros mecânicos, como filtros sólidos ou decantadores, para evitar que se acumulem e causem problemas de qualidade da água.

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Filtragem Biológica – a água filtrada dos resíduos é encaminhada para uma área onde é colonizada por bactérias benéficas. Estas bactérias convertem a amónia em nitritos e, posteriormente, em nitratos, formas de nitrogénio absorvíveis pelas plantas.

Canteiros de Cultivo de Plantas –a água rica em nutrientes, agora livre de amónia e nitrito, é direccionada para canteiros de plantas onde são cultivados vegetais co-

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mo alfaces. As plantas absorvem os nutrientes da água, ajudando a purificá-la.

Circulação da Água – um sistema de circulação contínuo mantém o fluxo constante da água do tanque de peixes para os canteiros de plantas e de volta ao tanque, garantindo a distribuição uniforme dos nutrientes e a oxigenação da água.

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Monitorização e Manutenção –é essencial monitorizar regularmente a qualidade da água, incluindo parâmetros como pH, níveis de amónia e nitrito, para garantir um ambiente saudável para os peixes e plantas. A manutenção regular do sistema, incluindo a limpeza de filtros e poda de plantas, também é necessária.

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Suplementação com Lentilha-d’Água – além das plantas nos canteiros, o sistema incorpora lentilha-d’água, uma planta aquática de rápido crescimento que também absorve nutrientes da água e é usada como alimento para os peixes.

Perspectivas e Expansão O projecto AquaPro pretende comercializar os produtos produzidos (peixes e vegetais), criando parcerias com restaurantes e hotéis. Estão também nos planos programas de assinatura e entrega de alimentos. Há ainda ideias para expandir o projecto para outros países, considerando a procura de mercado, disponibilidade de recursos, impacto social e ambiental e a aceitação por parte das comunidades.

Texto Ana Mangana • Fotogra a D.R.

Projecto AquaPro

Fundador Vasco Cossa

Funcionários 5

Ano de Criação 2022

Sector

Aquacultura e Hidroponia

Sede Maputo

O sistema combina aquacultura e hidroponia (cultivo de plantas sem solo). Os resíduos dos peixes fornecem nutrientes para as plantas, enquanto estas ajudam a filtrar e a purificar a água para os peixes

VASCO COSSA
Fundador do projecto AquaPro

Inovação

Estudante moçambicana cria bracelete sensorial para de cientes visuais

Digitalização

Yone Saranga, uma estudante de 17 anos do curso de Engenharia Informática no Instituto Superior de Ciências e Tecnologia de Moçambique (ISCTEM), desenvolveu uma pulseira sensorial para ajudar as pessoas com deficiência visual a movimentarem-se. A pulseira, concebida para detectar obstáculos na rua, funciona como um navegador seguro, revelou o jornal “notícias”.

“A tecnologia funciona como um amigo inteligente ou um cão-guia que conduz o seu dono com deficiência visual em segurança. Os sensores permitem alertar quando está perto de um obstáculo e orientam o utilizador para caminhos seguros”, explicou Sa-

Moçambique tem mais um centro de armazenamento de dados

Foi inaugurado em Moçambique, pela empresa intercontinental Raxio Moçambique, um novo centro de armazenamento de dados (‘data center’) independente, localizado no Parque Industrial de Beluluane, na província de Maputo. A infra-estrutura, orçada em cerca de 20 milhões de dólares, nasce com o objectivo de dinamizar o ecossistema digital. O centro de dados tem capacidade

Healthtechs

de ligar prestadores de serviços na Internet, nacionais e internacionais, visando impulsionar a transformação digital, sendo a primeira instalação com a classificação de ‘Data Center Tier III’ neutra em termos de operadora. Uma das ambições é permitir que serviços internacionais, como o TikTok, a Microsoft, a Google e a Amazon, possam instalar os seus serviços no País.

Médicos em Roma realizam cirurgia em Pequim

Um cirurgião chinês fez a primeira remoção de próstata transcontinental assistida por robot, ao tratar, a partir de Roma, um paciente internado em Pequim. Liderada pelo urologista da Academia Chinesa de Ciências (CAS), Zhang Xu, a equipa médica contou com apoio simultâneo nas duas salas. Enquanto Zhang operava remotamente um robot cirúr-

gico, desenvolvido por si próprio em Roma, um outro robot em Pequim replicava as ordens com precisão, num doente com cancro da próstata. O objectivo era remover a lesão e parece ter sido alcançado.

“O maior problema da cirurgia à distância é a comunicação, se houver atrasos”, também conhecidos como “lag” ou “delay”. Mas durante esta cirurgia pioneira, quase não houve atrasos e a sensação de comandar a máquina foi de resposta quase imediata, “quase igual à cirurgia no local”, disse Zhang, segundo a imprensa local.

Zhang referiu que a cirurgia remota é uma tecnologia em constante evolução, resultante da integração cruzada de novas ferramentas e conceitos, sendo de grande importância para o tratamento à distância, em ambientes de campos de batalha ou áreas atingidas por desastres, por exemplo.

ranga. O protótipo foi produzido utilizando um “esqueleto” de relógio, associando-o a uma série de circuitos, sensores ultra-sónicos e baterias.

A estudante relevou que a ideia de produzir o dispositivo electrónico surgiu numa situação em que uma pessoa com deficiência visual atravessava a estrada e, apesar de ter prioridade, estava prestes a ser atropelada por um condutor distraído, sem ter oportunidade de reagir. “Foi assim que pensei no que poderia fazer para evitar que tal acontecesse”, explicou. Saranga espera que a pulseira possa ser produzida em larga escala, tornando-se acessível para muitas pessoas que enfrentam dificuldades semelhantes.

Telecomunicações

Goodbyememo: simular a comunicação após a morte

Através do Goodbyememo, qualquer pessoa viva pode deixar mensagens planeadas que os seus entes queridos receberão depois da sua morte. Desta forma, os familiares receberão e-mails com as palavras do seu familiar ou amigo falecido, nas quais podem deixar mensagens de conforto para ajudar a fazer o luto ou podem exprimir tudo o que não disseram em vida por timidez, vergonha ou medo. Segundo revela o Telecinco, as mensagens podem também ser acompanhadas de fotografias e vídeos e servir de despedida quando, devido às causas súbitas da morte, não foi possível dizer adeus. O serviço permite que as mensagens sejam programadas para serem enviadas em datas específicas, como aniversários ou datas comemorativas, proporcionando um consolo contínuo aos entes queridos.

70 72 73 78

ESCAPE

Laucala

Uma aventura pelos encantos do arquipélago de Fiji, na Oceânia

GOURMET

Casa do Peixe

Uma proposta obrigatória para os apreciadores dos frutos do mar

ADEGA

Aguardente 1976

A degustação de uma raridade derivada do vinho alentejano

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EMPREENDEDOR

Magriet e Gavin

Meraki Carved

Skulls ou a arte de transformar crânios em obras de arte

AGENDA Julho 2024

Todos os eventos globais que não pode perder, incluindo as artes

VOLANTE

Xcient Fuel Cell

O primeiro camião

movido a hidrogénio da Hyundai Motor Company e da Plus

As espectaculares “villas” de um paraíso com vista para o oceano Pacífico

O Luxo de Eternizar Fiji os Bons Momentos

CHEGAR A LAUCALA, NO FIJI, é quase como entrar no quadro do pintor francês Paul Gauguin, “Jardim do Éden”. Imaginar o Pacífico Sul, as praias serenas, a água azul-turquesa, o bater das ondas, a vegetação tropical luxuriante, as vistas espectaculares sobre as falésias – tudo isto o espera em Laucala, descrita por muitos como um paraíso.

Laucala fica ao largo da costa nordeste de Taveuni, a terceira maior ilha das Fiji, e é um pouco diferente do que se poderia esperar de uma estância turística. A sua filosofia abrange toda a ilha, ao cultivar o próprio gado e legumes, ao fabricar artesanalmente todos os produtos para os hóspedes e a utilizar os recursos naturais da ilha.

Ao viajar para Laucala, pode ver uma grande variedade de paisagens, que vão desde a floresta tropical (e vistas circundantes), até às plantações e praias. O acesso à estância é feito exclusivamente através de jacto privado, com

um voo de 50 minutos, do Aeroporto de Nadi. As deslumbrantes ‘villas’ de Laucala estão disponíveis a partir de 5600 dólares por noite, mais taxas. As espaçosas residências podem acomodar entre dois a seis hóspedes, em um, dois ou três quartos. Todas as 25 bures (que significa “casa” na língua local) são feitas individualmente com materiais locais, combinando interiores de design exclusivo. Cada residência tem o seu próprio encanto, ostentando um carácter único e vistas incomparáveis.

Todas as bures estendem-se por áreas exteriores de dimensões generosas, com piscinas privadas, pavilhões, terraços para banhos de sol, espreguiçadeiras e luxuosas áreas de convívio. Perfeitas para descontrair, as deslumbrantes banheiras de pedra estão, tanto no interior, como no exterior. O duche exterior integra-se no ambiente natural, onde maravilhosos passa-

em Laucala

diços serpenteiam até às enseadas privadas e às suaves extensões de areia branca.

Gastronomia

Utilizando uma apetitosa variedade de frutas e legumes exóticos provenientes dos jardins da própria ilha, cada um dos bares e restaurantes de Laucala promete um sabor do Pacífico. O toque das Fiji está presente na incrível cozinha da ilha, enquanto um serviço atencioso assegura que todos os desejos individuais sejam atendidos. Decorada de acordo com o estilo decorativo colonial que prevalece na região, as refeições são servidas com desenvoltura numa casa de plantação reconstruída, que actualmente alberga um restaurante requintado. Os enófilos apreciarão uma visita à maravilhosa adega de Laucala, repleta de uma impressionante selecção de colheitas. O restaurante está distribuído por dois pisos e inclui uma cozinha dinâmica, ou seja, concebida para ser a cozinha da frente da casa. O menu utiliza predominantemente ingredientes frescos, incluindo muitos produtos provenientes directamente dos jardins da ilha. Todas as refeições são acompanhadas por uma gama de vinhos e bebidas espirituosas de qualidade, para garantir uma noite inesquecível.

Actividades

A lista de diversões inclui equitação, pesca desportiva, golfe, ténis e ioga. Laucala tem de tudo! Por isso, se quiser passar horas na praia ou dedicar-se a actividades cheias de adrenalina, nunca lhe faltará o que fazer. No coração do resort, os hóspedes encontrarão uma lagoa encantadora, e cada ‘villa’ tem a sua própria praia privada.

Fotogra aD.R.

Dentro do edifício do resort, o centro de actividades alberga um grande número de recantos confortáveis, perfeitos para se entreter com um livro ou jogar uma partida de gamão. Alberga também um estúdio de fitness totalmente equipado, não havendo necessidade de interromper o seu regime desportivo diário.

O spa é o local de espectáculo natural do espírito de Laucala. Existem quatro suítes no spa, cada uma com o seu próprio balneário, sala de tratamento com entrada aberta para o salão de relaxamento ao ar livre, onde se encontra uma cama e uma grande banheira de pedra. Oferecem os tradicionais duche vichy, de balde e a vapor, tudo privado, seguindo a filosofia do spa de curar através da água. Depois da experiência, pode relaxar no terraço para banhos de sol. Ainda no jardim do mesmo spa, pode explorar e conhecer as flores tropicais, ervas, especiarias e frutas de Fiji. Poderá até criar a sua própria destilaria de óleos essenciais com o que colher do jardim.

Outras actividades incluem bicicleta de montanha, voleibol de praia, ioga, snorkelling e cursos de mergulho. Para além disso, o Laucala Kids Club assegura que há diversão para pessoas de todas as idades. Só não se esqueça de levar o seu sentido de aventura!

Melhor Altura para Viajar

As ilhas Fiji têm um clima tropical durante todo o ano, com temperaturas que oscilam constantemente entre os 22°C e os 31°C. A região é afectada por chuvas fortes entre Dezembro e Março, pelo que os hóspedes são aconselhados a reservar entre Abril e Novembro. Para obter as melhores condições de mergulho, faça a sua reserva entre Maio e Setembro, altura em que há menos vento e uma visibilidade quase perfeita.

Texto Ana Mangana

Utilizando uma apetitosa variedade de frutas e legumes exóticos provenientes dos jardins da própria ilha, cada um dos bares e restaurantes de Laucala promete um sabor do Pací co

Fotogra aD.R.
Fotogra aD.R.

A maioria do público da Casa do Peixe prefere um ambiente mais acolhedor, sem grandes agitações ou música alta. Para satisfazer esta preferência, o restaurante proporciona música ao vivo, mensalmente, e organiza festivais de jazz

RESTAURANTE

CASA DO PEIXE

Localização:

Av. Marginal, perto de lugares de referência como a praia da Costa do Sol ou o Clube Marítimo e suas embarcações

Contacto (+258) 84 543 0269

Abertura: 8h-23h todos dias

LOCALIZADO NA AVENIDA

MARGINAL, no limite oposto às barreiras da praia, o restaurante Casa do Peixe, aberto em 2012, já nasceu focado em executar uma missão: ser referência em Maputo a servir peixe e mariscos. Está localizado numa região da cidade por onde passam turistas, perto de lugares célebres da cidade, como a praia da Costa do Sol ou o Clube Marítimo e suas embarcações.

Do pátio da Casa do Peixe dá para sentir a agradável brisa marítima e ouvir o quebrar das ondas do mar. Se não se deixar hipnotizar por completo pelos aromas das refeições e dos temperos, todos naturais e preparados minuciosamente pela casa, é também possível sentir o cheiro salino do mar. A vista, ao car de pé, no quintal, é bastante privilegiada. Permite ver uma parte da Baía de Maputo e viajar, com os olhos, no imenso mar ao ritmo da maré.

O restaurante nasce numa sociedade entre portugueses e moçambicanos, que viria a desfazer-se em 2015, passan-

Uma Casa do Peixe Para Quem Aprecia os Paladares do Mar

do a ser detida e administrada apenas por moçambicanos, entre os quais está Luís Momad, com quem conversámos. O restaurante preserva a combinação da linhagem portuguesa e moçambicana nas suas sugestões de cardápios.

A ementa

A proposta da casa é peixe e mariscos, trazidos maioritariamente da rica costa moçambicana, ainda frescos, para degustação. A Casa do Peixe serve desde garoupa, bacalhau, atum, salmão, camarão, lulas, lagosta, caranguejo, polvo, massada e arroz de marisco, sopa de peixe, entre muitos outros.

Além dos mariscos, serve alguns pratos da culinária internacional para abranger todos os gostos. O restaurante tem ainda uma grande diferença: a opção de um menu dinâmico, em que o cliente pode solicitar o que

desejar, mesmo que não conste da lista.

Os pratos são preparados por uma equipa que contém membros com mais de 30 anos de experiência na restauração e jovens altamente quali cados para garantir refeições de alta qualidade. O peixe grelhado é uma iguaria bastante apreciada, mas outra que também faz parte do cartaz é o arroz de marisco, que alguns frequentadores da casa classi cam como “o melhor arroz de marisco de Maputo”. O rigor da preparação justi ca o título. Primeiro, escolhe-se o melhor arroz do mercado, depois os mariscos mais frescos e, por m, os condimentos feitos sob uma receita secreta da casa, resultando num sabor digno de um manjar de reis.

O ambiente

A maioria do público da Casa do Peixe prefere um ambiente mais acolhedor, sem grandes agitações ou música alta. Para satisfazer esta preferência, o restaurante proporciona música ao vivo mensalmente e organiza festivais de jazz. Os espaços do restaurante são, por si, uma atracção, com um quintal grande e opções para todos, desde os que preferem car mais distantes e num canto reservado, aos que preferem um jardim com relva para diversão em família. O espaço interno é so sticado, com detalhes decorativos de luxoeconforto.ACasadoPeixe é uma opção a ter em conta para quem deseja usufruir das delícias do mar.

Texto Filomena Bande

Fotogra aD.R.
GOURMET
O sabor é suave e macio, com uma textura que revela algumas notas de geleia de frutos, combinadas em harmonia e elegância

Aguardente de 1976: o Ícone Derivado

A AGUARDENTE é uma bebida de alto teor alcoólico, feita a partir da destilação de vinhos, licores ou produtos vegetais como cereais ou tubérculos. Utiliza um processo semelhante ao do conhaque francês e é muitas vezes envelhecida em pipas de carvalho, adquirindo uma coloração amarelada e um sabor e aroma característicos. Passa a designar-se “aguardente velha”. A produção de aguardentes vínicas tem uma grande tradição em Portugal, e há cada vez mais produtores de vinho a incorporar esta bebida nos seus catálogos, apostando na qualidade do produto e na sua apresentação. Antigamente, a destilação era um negócio de grande expressão nas operações das empresas, com produção de bebidas em volume. Nesse modelo, o tratamento das

matérias-primas e o cuidado no processo de produção não tinham muito rigor. Mas houve uma inversão da estratégia: o processo de destilação do vinho e posterior envelhecimento é mais moroso e rigoroso, resultando em aguardentes de alta qualidade, produzidas em pequenas quantidades e destinadas a nichos do público apreciador.

A fase de estágio da bebida tem sido mais prolongada: a aguardente é mantida em vasilhas de madeira nas quais passa por diversas mudanças na sua composição química e no aspecto físico, conferindo-lhe características sensoriais diferentes das de uma mera bebida destilada. A Aguardente Vínica Velhíssima de 1976, da Adega de Borba, é um exemplo deste novo mo-

delo de produção com a utilização de técnicas e processos rigorosos.

Raízes antiquíssimas Fundada em 1955, as raízes da Adega de Borba remontam a um passado ainda mais longínquo, quando Portugal ainda nem tinha sido fundado. A vinha está presente no Alentejo há mais de três mil anos. Desde então, várias épocas marcaram a paisagem vitivinícola, umas de forma positiva, como a implementação de técnicas mais modernas de produção, e outras de forma negativa, como a destruição provocada pela Guerra da Restauração e pelas invasões napoleónicas. Independentemente destas oscilações, a importância da vinha em Borba nunca se dissipou e foi sempre uma grande cultura agrícola da região.

A Aguardente Velhíssima foi produzida a partir das uvas das castas Roupeiro e Rabo de Ovelha, que viriam a produzir o vinho branco, cultivadas na região alentejana de Borba. A destilação do vinho de base desta bebida foi feita no alambique (equipamento usado na destilação de várias bebidas alcoólicas) de forma morosa e cuidada, com selecção aprimorada.

O sabor é suave e macio, com uma textura que revela algumas notas de geleia de frutos. É ligeiramente ácida e tem persistência de frutos secos que permanecem longamente, sendo ideal para servir como digestivo no nal de uma refeição.

Texto Filomena Bande

VELHÍSSIMA DE 1976

País

Portugal

Província

Alentejo

Região Borba

Volume 0,70 L

Teor Alcoólico 41% Vol

Castas

Roupeiro e Rabo de Ovelha

Meraki Carved Skulls é uma iniciativa de arte que trabalha crânios de animais e os transforma em obras de arte esculpidas

MERAKI

CARVED SKULLS

As obras de arte são vendidas nos mercados moçambicano e sul-africano

Empreender Como Sinónimo de Alma, Amor e Arte

MERAKI é uma palavra grega que signi ca aplicar amor, alma e sentimentos em cada detalhe do que se faz. A Meraki Carved Skulls nasceu na África do Sul e opera também em Moçambique, transformando crânios de animais em obras de arte. Magriet e Gavin, um casal de músicos, contam a aventura que começou em 2015. O casal conheceu-se na África do Sul quando ambos estudavam música, e o amor e a vida levaram-nos a outros caminhos da arte, no caso, a escultura, tudo de forma inesperada. Hoje, trabalham sobre crânios de animais, subproduto da actividade agrícola. O processo de transformação passa por uma limpeza dos esqueletos, seguindo-se a cozedura, que

é feita várias vezes, e, por último, lavam-se com peróxido para garantir que cam devidamente limpos.

Magriet revelou que a ideia de fazer arte com crânios surgiu a partir de imagens na aplicação Pinterest que decidiu tentar reproduzir, acabando por in uenciar o marido (na altura namorado) a assimilar a ideia.

Da curiosidade ao negócio “Vi belos crânios esculpidos no Pinterest, gostei e quis ter um. Um ano depois, estava numa quinta e encontrei um velho crânio de vaca. Pensei em tentar fazê-lo. Comecei logo a aprender o ofício de esculpir e, pouco tempo depois, comecei a ver na Internet as obras que se faziam. Percebi que podia re-

sultar em algo sério”, contou a artista. Tendo aprendido o ofício da escultura e depois de alguns anos a praticar sozinha, Magriet obteve ajuda do seu companheiro, que também aprendeu muito rapidamente. Gavin aprendeu tão bem que, depois de se casarem e terem lhos, Magriet deixou de esculpir, passando apenas o marido a fazê-lo, enquanto ela se concentrou na parte comercial das suas obras, que se tornaram num negócio familiar.

A Meraki Carved Skulls começou apenas como mais uma actividade para ter um rendimento extra. Entretanto, depois de terminar os estudos, o casal entendeu que

os crânios podiam tornar-se na sua actividade principal. “Seria muito difícil ganhar a vidacomamúsica,mastambém não queríamos um trabalho de escritório. Nesta altura da nossa vida - em que temos lhos, temos de os sustentar e garantir o futuro -, este negócio signi ca tudo para nós. Sempre que alguém compra uma peça de arte, está a apoiar a nossa família. Os clientes nem sempre se apercebem do grande impacto que uma compra tem e de como estamos gratos por isso”, a rmou.

Da RAS para Moçambique Gavin e Magriet são uma família de Pretória, Áfri-

Fotogra aD.R.

ca do Sul, que resolve viver em Moçambique e levar sonhos à prática.

Apesar das di culdades de viverem como artistas no País, encontram inspiração no que consideram ser uma “rica cultura local” e planeiam incorporar desenhos tradicionais moçambicanos nos seus trabalhos. O casal promove as suas obras de arte como genuinamente “made in Mozambique”.

A Meraki Carved Skulls é uma ideia inovadora de fazer arte e empreender, com grande foco no crescimento e no desenvolvimento de novas peças, e com a ambição de entrar nos mercados americano e europeu.

O casal aplica todo o amor e alma nas suas obras e cada uma das criações é uma marca única no mundo da arte.

Filomena Bande

Texto
Fotogra aD.R.
Fotogra aD.R.

A NÃO PERDER EM JULHO

Todos os eventos globais que não pode perder, desde a sustentabilidade ao desporto, incluindo as artes

DESPORTO

Jogos Olímpicos Paris (França) De 26 de Julho a 11 de Agosto olympics.com

A maior competição desportiva do mundo irá ter lugar em Paris. Os Jogos Olímpicos prometem ser um evento espectacular, marcado por uma combinação de desporto, cultura e inovação. Atletas de todo o mundo vão competir em diversas modalidades, em busca não apenas de medalhas, mas também de momentos de glória que carão para a história. Além das competições tradicionais, haverá a inclusão de novas modalidades.

DE QUATRO EM QUATRO

ANOS, acontece a maior celebração desportiva do mundo, os Jogos Olímpicos , que começam este mês. Durante três semanas, a cidade de Paris vai acolher o mundo, transformado-se em desporto e diversidade, numa gigantesca celebração e excelência.

Noutro ângulo, a Nova SBE, em Carcavelos, Portugal, vai receber o “EurAfrican Forum”, plataforma orientada para a acção que procura reforçar a colaboração entre Europa e África, melhorando o crescimento verde e inclusivo, revelando oportunidades inovadoras de negócio e de investimento de impacto social para ambos os continentes.

A cidade de Lomé, capital do Togo. alberga o primeiro “Fórum Infra para África”, subordinado ao tema “Bankable, Scalable, Replicable”. Iniciadopelo“Africa50”,oevento reúne líderes de vários sectores que partilham a sua experiência no investimento em infra-estruturas para responderem às necessidades de desenvolvimento de África.

INOVAÇÃO / COOPERAÇÃO

EurAfrican Forum 2024

NOVA SBE, Carcavelos (Portugal)

De 15 a 16 de Julho euroafricanforum.org

Este ano, assinala-se a sétima edição deste fórum, sob o tema “África: O Próximo Capítulo – Parceria para o Crescimento”. O evento reúne líderes europeus e africanos de vários sectores para um debate objectivo, actual e inclusivo, apoiado em ideias, propostas, realidades e projectos de interesse mútuo dos dois continentes. O EurAfrican é uma plataforma orientada para a acção que procura reforçar a colaboração entre Europa e África, potenciando o crescimento verde e inclusivo partilhado, revelando oportunidades inovadoras de negócio e investimento.

Todas as Atenções

Voltadas para as Olimpíadas

No mundo do streaming, propomos uma viagem à Roma dos gladiadores, numa série realizada por Roland Emmerich, com Marco Kreuzpaintner, e inspirada no livro homónimo de Daniel P. Mannix. “ ose about to die” vai levar o público ao espectacular, complexo e corrupto, mundo das corridas de carruagens e lutas de gladiadores da antiga Roma, ao longo de dez episódios. Um drama histórico protagonizado por Anthony Hopkins, que tem

INVESTIMENTO INFRA-ESTRUTURAS

Fórum Infra para África

Lomé (Togo)

De 3 a 4 de Julho

A capital do Togo alberga o primeiro “Fórum Infra para África”, subordinado ao tema “Bankable, Scalable, Replicable”. Iniciado pelo “Africa50”, o evento reúne líderes de vários sectores que partilham a sua experiência no investimento em infra-estruturas para responder às necessidades de desenvolvimento de África. Vão discutir oportunidades de investimento, inovação, parceria e o futuro da infra-estrutura do continente e tornar projectos nanciáveis.

no elenco o actor português Gonçalo Almeida. Nos livros, destacamos o lançamento da obra, “O investidor inteligente”, de Banjamin Graham. Desde a sua primeira edição, vendeu milhões de cópias em todo o mundo. Trata-se de um clássico intemporal que continua a ser leitura obrigatória para qualquer pessoa interessada no mundo da literacia nanceira e investimentos.

Texto Luís Patraquim

STREAMING

“ ose about to die” Prime Video 18 de Julho

Em Roma, 79 d.C., o epicentro do Império Romano e a cidade mais opulenta do mundo, há um constante in uxo de escravos para sustentar o crescimento das obras imperiais. Para manter a população romana, cada vez mais entediada, agitada e violenta, sob controlo, duas coisas são essenciais: comida e entretenimento espectacular (Panem et Circenses), como as emocionantes corridas de quadrigas e os brutais combates de gladiadores. A série, realizada por Roland Emmerich, com Marco Kreuzpaintner, e inspirada no livro homónimo de Daniel P. Mannix, vai levar o público ao mundo das corridas de carruagens.

ARTES

Mesmo Depois de 18 Anos, “Os Tambores Cantam”

“Os Tambores Cantam”, obra literária do antigo Presidente da República de Moçambique, Armando Emílio Guebuza, volta a ser lançada. São 30 poemas escritos durante a luta de libertação nacional, lançados inicialmente em 2006, e que voltam para inspirar a juventude através da literatura, narrando liricamente os sacrifícios por trás da construção da liberdade do País da opressão colonial.

O autor pretende, “nesta nova edição, que as novas gerações encarnem no espírito de sacrifício e luta que os seus pais e avôs manifestaram para termos esta pátria com as conquistas alcançadas de que nós devemos todos orgulhar-nos”.

No canto destes tambores, Guebuza dedica a obra ao também antigo Presidente Joaquim Chissano, a quem a rma que considera um irmão mais velho.

A obra “Os Tambores Cantam” foi relançada a 27 de Junho passado pela Fundação Armando Emílio Guebuza.

LIVROS

O Investidor Inteligente

Autor: Benjamin Graham • Género: Economia / Finanças • Editora: Self PT

O livro n.º 1 a nível mundial, sobre investimentos e nanças pessoais.

Desde a sua primeira edição, vendeu milhões de cópias em todo o mundo. Trata-se de um clássico intemporal que continua a ser leitura obrigatória para qualquer pessoa interessada no mundo da literacia nanceira e investimentos. O maior consultor de investimentos do século XX, Benjamin Graham, foi um dos investidores mais bem-sucedidos de sempre. A loso a de Graham protege os investidores de erros substanciais, ensina-os a desenvolver estratégias de longo prazo e fez de ”O Investidor Inteligente” um livro único e insubstituível.

Esta edição inclui comentários actualizados do jornalista nanceiro Jason Zweig, que incorpora as realidades do mercado actual, traça paralelos entre os exemplos de Graham e as notícias nanceiras actuais e dá aos leitores uma compreensão mais completa de como aplicar os princípios de Graham nos dias de hoje.

STREAMING

Outros Lançamentos Que Merecem a Nossa Atenção

Dia 1: Morangos com Açúcar T3 (Prime Video/TVI) e A Good Girl’s Guide to Murder (BBC)

Dia 5: Las Pelotaris 1926 (SkyShowtime) e Pedaço de Mim (Net ix)

Dia 8: All American: Homecoming T3 ( e CW)

Dia 10: Sunny (Apple TV+)

Dia 11: Um Novo Eu T2 (Net ix) e Sausage Party: Foodtopia (Prime Video)

Dia 12: e Serpent Queen T2 (Starz) e Exploding Kittens (Net ix)

Dia 15: Hit-Monkey T2 (Hulu)

Dia 17: UnPrisoned T2 (Hulu) e e Ark T2 (Syfy)

Dia 18: Cobra Kai T6A (Net ix) e O Senhor da Casa (Net ix)

Dia 19: Lady in the Lake (Apple TV+) e Betty, La Fea: La Historia Continúa (Prime Video)

Dia 21: Snowpiercer T4 (AMC)

Dia 24: Time Bandits (Apple TV+) e Impuros T5 (Disney+)

Dia 25: Kleo T2 (Net ix) e e Decameron (Net ix)

Dia 29: Futurama T12 (Hulu)

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XCIENT

FUEL CELL

Marca: Hyundai

Modelo: Xcient Fuel Cell

Motor:

Hidrogénio de 90Kw e eléctrico de 350Kw

Autonomia:

Mais de 725 km

Xcient Fuel Cell, o Primeiro Camião Movido a Hidrogénio

A HYUNDAI, em parceria com a Plus, uma empresa líder em software de condução autónoma, lançaram o primeiro camião eléctrico com células de combustível a hidrogénio. O veículo pesado foi apresentado na Advanced Clean Transportation (ACT) Expo 2024, a maior feira de tecnologia avançada de transportes limpos da América do Norte, em Las Vegas.

O camião é alimentado por dois sistemas a hidrogénio de 90kW e um motor eléctrico de 350kW, proporcionando uma autonomia de mais de 725 km. Baptizado de Xcient Fuel Cell, tem capacidade para conduzir sozinho, funcionalidade que está em fase de avaliação pelas autoridades dos EUA. “Estamos entusiasmados” com este avanço, disse Martin Zeilinger, vice-presidente executivo e director de Desenvolvimento de Veículos Comerciais da Hyundai. O Xcient

Fuel Cell foi testado pela primeira vez em 2020 e já foi usado em operações comerciais em oito países.

O conceito de carro pesado apresenta um painel de instrumentos totalmente digital de 12,3 polegadas e um sistema de infotainment com ecrã táctil também de 12,3 polegadas com botões físicos integrados na consola central. O modelo apresentado na ACT também inclui um conjunto de Sistemas Avançados de Assistência ao Condutor (ADAS) da Hyundai Motor. As ofertas incluem assistência para evitar a colisão frontal, aviso de saída da faixa de rodagem, aviso para evitar colisão lateral e controlo de velocidade de cruzeiro inteligente.

A solução SuperDrive da Plus, que está a ser implementada nos EUA, Europa e Austrália, combina sensores

O camião, que recebeu o nome de Xcient Fuel Cell, está equipado com tecnologia de condução autónoma, em fase de avaliação nos EUA

de última geração, como radar e câmaras para fornecer percepção ambiental no modo de condução autónoma. “Estamos felizes por colaborar com a Hyundai para criar opções de transporte mais sustentáveis e seguras”, a rmou Shawn Kerrigan, COO e co-fundador da Plus.

Com esta proposta de camiões eléctricos autónomos com célula de combustível de hidrogénio, a Hyundai e a Plus melhoram a segurança e a e ciência da tecnologia de condução autónoma de ponta. E este não é o primeiro veículo pesado apresentado com estas características, embora seja o mais trabalhado. Na ACT Expo do ano passado, a Hyundai apresentou o tractor Xcient Fuel Cell, o modelo eléctrico de célula de combustível Classe 8 6x4 comercializado, alimentado por dois sistemas de células de combustível de hidrogénio de 90kW e um e-motor de 350kW, proporcionando uma autonomia de condução de mais de 450 milhas por carga quando totalmente carregado.

Fotogra aD.R.

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