E&M_Edição 77_Outubro 2024 • Finanças - Mais Moeda Electrónica Sem Troco
SUSTENTABILIDADE
COMO O PROGRAMA ‘CHANGE’ DA GIRL MOVE APOIA A RAPARIGA EM PROJECTOS SUSTENTÁVEIS
CONTEÚDO LOCAL
PME ACABAM DE GANHAR NOVA FERRAMENTA DE GESTÃO APOIADA PELO PROGRAMA ‘+EMPREGO’
CEO TALKS
“SOMOS UM DOS PRINCIPAIS PROMOTORES DA INCLUSÃO FINANCEIRA”, SÉRGIO GOMES, M-PESA
INOVAÇÕES DAQUI OS PRIMEIROS DRONES ‘MADE IN MOZAMBIQUE’, PRODUZIDOS POR JOVEM DE 17 ANOS
FINANÇAS
MOEDA ELECTRÓNICA SEM TROCO
Apesar dos avanços dos últimos anos nos serviços financeiros digitais, os custos de transacção elevados, as exigências regulatórias e a fraca qualidade de serviços estão a travar o desenvolvimento de novos projectos
Celso Chambisso Editor Executivo da Economia & Mercado
Uma Inclusão Sustentável:
Entre Avanços e Obstáculos
Osector nanceiro em Moçambique encontra-se num momento decisivo, com a crescente expansão de serviços, impulsionada pela proliferação das ‘ ntech’ e o desenvolvimento dos serviços prestados pelas Instituições de Moeda Electrónica (IME). Estas novas plataformas estão a revolucionar a forma como os Moçambicanos interagem com o sistema nanceiro, abrindo portas para uma maior inclusão nanceira, especialmente entre a população não bancarizada.
As ‘ ntech’, com a agilidade e inovação, estão a liderar um processo de democratização de acesso a serviços nanceiros em Moçambique. Aplicações móveis, carteiras digitais e soluções de pagamento electrónico estão a ligar milhões de pessoas a serviços nanceiros que anteriormente lhes eram inacessíveis. As IME têm desempenhado um papel fundamental nesse contexto, facilitando transacções, poupando tempo e reduzindo as barreiras geográ cas. No entanto, apesar de avanços promissores, o crescimento do sector enfrenta desa os consideráveis.
entidades no sistema nanceiro gera incertezas, num cenário que, segundo alguns especialistas, pode inibir o crescimento. A criação de um ambiente regulatório mais exível, mas robusto, que promova a inovação e proteja os consumidores, é essencial para o sucesso.
“A regulamentação é um dos principais entraves para o desenvolvimento das ‘fintech’ e das instituições de moeda electrónica”
A regulamentação é um dos principais entraves para o desenvolvimento das ‘ ntech’ e das IME. As estruturas regulatórias, muitas vezes lentas e desactualizadas, não acompanham o ritmo acelerado da inovação tecnológica. A falta de uma legislação adequada para supervisionar e integrar estas novas
Há um ponto fulcral: os elevados custos de transacção continuam a ser uma barreira signi cativa. Mesmo com o surgimento de soluções digitais, muitas ‘ ntech’ ainda enfrentam di culdades para reduzir os custos operacionais e, consequentemente, as taxas cobradas aos consumidores. Isto pode limitar o impacto positivo destas empresas na inclusão nanceira. Para superar este desa o, é necessário incentivar a concorrência no sector e explorar novas formas de reduzir custos, tornando os serviços mais acessíveis à população de baixos rendimentos. Embora as ‘ ntech’ tenham criado meios mais fáceis de aceder a serviços nanceiros, muitos Moçambicanos ainda não possuem o conhecimento necessário para utilizá-los de maneira e caz. A falta de literacia nanceira impede que grande parte da população tome decisões informadas sobre poupanças, empréstimos e investimentos. Para garantir que a expansão do acesso se traduza em benefícios reais, é fundamental investir em programas de educação nanceira que ajudem os cidadãos a entenderem os riscos e oportunidades oferecidos pelo sistema nanceiro moderno.
OUTUBRO 2024 • N.º 77
DIRECTOR EXECUTIVO Pedro Cativelos
EDITOR EXECUTIVO Celso Chambisso
JORNALISTAS Ana Mangana, Filomena Bande, Jaime Fidalgo, João Tamura, Luís Patraquim, Nário Sixpene
PAGINAÇÃO José Mundundo
FOTOGRAFIA Mariano Silva
REVISÃO Manuela Rodrigues dos Santos DEPARTAMENTO COMERCIAL comercial@media4development.com
CONSELHO CONSULTIVO
Alda Salomão, Andreia Narigão, António Souto; Bernardo Aparício, Denise Branco, Fabrícia de Almeida Henriques, Frederico Silva, Hermano Juvane, Iacumba Ali Aiuba, João Gomes, Rogério Samo Gudo, Salim Cripton Valá, Sérgio Nicolini
EXPLORAÇÃO EDITORIAL E COMERCIAL EM MOÇAMBIQUE Media4Development NÚMERO DE REGISTO 01/GABINFODEPC/2018
22 Serviços nanceiros. Os últimos anos foram marcados por uma expansão assinalável do acesso, mas prevalecem desa os estruturais para transformar os avanços em desenvolvimento. Quais?
28 BCI. O director de canais digitais do banco, Arafat Bique, considera que a indisponibilidade de tecnologia e infra-estrutura estão entre as barreiras para a criação de serviços transformadores
29 Millennium bim. Banco reconhece que as soluçoes móveis serão cruciais na redução das assimetrias de acesso a serviços nanceiros em Moçambique
30 Standard Bank. O responsável pela área de transformação digital, Elísio Mabasso, realça a criação de serviços mais inclusivos
32 CEO Talks | Sérgio Gomes. Sérgio Gomes, CEO do M-Pesa aborda as conquistas e os desa os do maior operador de carteira móvel do País, quando se cumprem 11 anos da sua entrada no mercado
36 Entrevista. “Custos de Transacção São Elevados e Impedem Maior Inclusão”, Carlos Mondle, gestor de serviços nanceiros digitais da FSD Moçambique
40 África Subsaariana. Porque é que a região enfrenta este paradoxo: elevada exclusão nanceira mesmo investindo largamente na expansão do acesso aos serviços na última década?
14 ESG
Emancipação. Como o recém-lançado programa CHANGE da Girl Move Academy está a apoiar a inserção de jovens moçambicanas nos diferentes projectos de desenvolvimento sustentável
50 AS MAIORES DE ÁFRICA
Desempenho das economias. Saiba quais são as maiores economias e as previsões sobre as que vão crescer até nal do presente ano
SHAPERS
Linda Yueh. Em que resulta unir o mundo académico com o debate público em áreas da economia que incluem o crescimento, o desenvolvimento e os desa os das economias emergentes?
63 ESPECIAL INOVAÇÕES DAQUI
64 Engenharia. Conheça a história de um jovem de 17 anos que supreendeu ao tornarse no primeiro moçambicano a criar drones
68 Flutterwave. A plataforma que integra todas as ferramentas de nanças digitais numa só solução
56
MERCADO & FINANÇAS
48 Agricultura. ONU defende que se a África Austral melhorar a utilização de recursos pode tornar-se num celeiro de todo o continente
73
20 Absa Bank Moçambique
48 FNB
60 Mazzars
OPINIÃO POWERED BY
12 Wilson Tomás, Analista | Research, Banco Big Moçambique
16 Gonçalo Arroja, EY Manager, Financial Services
52 João Gomes, Partner @BlueBiz
SECÇÕES
4 Sumário
5 Editorial
6 Observação
10 Números em Conta
44 Radar África
70 Panorama
ÓCIO
74 Escape. Uma aventura por um dos melhores destinos do mundo para um safari 76 Gourmet Sabores do México, com os melhores tacos de Maputo 77 Adega Yellow Tail, a marca australiana que revolucionou o mercado mundial de vinhos 78 Empreendedor Wacy Zacarias mostra-nos como associar a sustentabilidade à moda
80 Agenda Tudo o que não pode perder neste mês de Outubro 82 Ao volante do novo Hyundai Santa Fe, recentemente apresentado em Moçambique
Eleições Gerais 2024
Oportunidade Para Rede nir Caminho do Desenvolvimento
Cerca de 17 milhões de Moçambicanos vão às urnas a 9 de Outubro votar em quem vai dirigir os destinos do País pelos próximos cinco anos, a contar a partir de Janeiro. Pela sétima vez, Moçambique realizará eleições presidenciais e legislativas que coincidirão com a quarta escolha de deputados das assembleias provinciais e governadores. Estas eleições acontecem numa altura particularmente difícil para a sociedade moçambicana em várias frentes. Entre os principais problemas que assolam o País estão a corrupção, o desem-
prego, a pobreza e a insegurança na região norte, devido ao conflito com grupos insurgentes em Cabo Delgado. Além disso, os eleitores vão sufragar melhorias no acesso à saúde, educação e infra-estruturas básicas, áreas em que Moçambique enfrenta desafios persistentes. Na corrida à Presidência da República estão inscritos quatro candidatos: Daniel Chapo pela Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo), Lutero Simango do Movimento Democrático de Moçambique (MDM), Ossufo Momade, da Resistência Nacional
Moçambicana (Renamo), e Venâncio Mondlane, com o apoio do Podemos. Para a Assembleia da República as eleições envolvem 37 partidos políticos, coligações e associações da sociedade civil, enquanto 16 formações políticas concorrem para as assembleias provinciais. Analistas políticos e especialistas em assuntos eleitorais entendem que estas eleições são, definitivamente, uma oportunidade decisiva, em que a sociedade espera dar início a um ciclo de crescimento, justiça e paz duradoura.
Crescimento
Economia moçambicana deve crescer 0,7 pontos percentuais abaixo do potencial em 2025
No seu mais recente relatório sobre riscos fiscais para 2025, o Ministério da Economia e Finanças (MEF) revelou que, durante a próxima época chuvosa e ciclónica (Outubro de 2024 a Março de 2025), o País estará sob influência do fenómeno La Ninã, que propicia a ocorrência de chuvas acima do normal nas regiões Centro e Sul.
O resultado disso, de acordo com o documento, que toma como base as projecções climáticas, o crescimento real do Produto Interno Bruto (PIB) poderá estar 0,7 pp (pontos percentuais) abaixo da capacidade potencial da economia nacional, para 4,7%.
O Ministério acrescenta que, em 2023, os efeitos do ciclone Freddy e da tempestade Filipo retiraram 2,3 pontos percentuais ao crescimento do PIB, que se seguiu aos quatro pontos em 2022 e 4,7 pontos em 2021, pelos mesmos motivos.
Para este ano o Governo prevê um crescimento económico de 5,5%, após um registo de 5% em 2023 e de 4,4% em 2022. O Governo revelou ainda que Moçambique está entre os dez países do mundo mais vulneráveis ao impacto das mudanças climáticas, sendo o 6.º país que mais sofre ao nível do continente africano. Entre 2012 e 2024, foram declarados mais de 59 desastres, incluindo 15 ciclones tropicais e 39 casos de chuvas acima do normal, que afectaram mais de 8,9 milhões de pessoas que ainda necessitam de ajuda humanitária urgente.
Divisas Moçambique entre os dez países africanos com maior crescimento das reservas externas
Dados compilados e publicados pelo Business Insider Africa indicam que Moçambique está entre os dez países africanos com maior crescimento de reservas externas.
Segundo o portal de notícias, reservas externas estáveis e crescentes ajudam a manter a saúde geral do sistema financeiro de um país, especialmente
Sustentabilidade
em África, o que pode trazer inúmeros benefícios às economias. “Dado que as receitas do petróleo representam mais de 36% das exportações em África, os preços das matérias-primas têm um impacto significativo na forma como a taxa de câmbio e as reservas externas funcionam, gerando lucros para as nações africanas”, escreve o site.
Arranca em Moçambique o maior projecto de restauração de mangais de África
Uma empresa fundada e controlada por um ex-executivo da BP Plc obteve uma licença para restaurar e proteger florestas de manguezais (man-
gais) em Moçambique, no maior projecto deste tipo em África até à data, com um investimento estimado em 3,7 mil milhões de meticais (60 milhões de dólares).
Segundo a Bloomberg, a Blue Forest, sediada nos Emirados Árabes Unidos, irá iniciar, em Novembro, o plantio de 200 milhões de árvores numa área com o dobro do tamanho de Singapura. O financiamento deste projecto será garantido através da pré-venda de créditos de carbono, baseados no carbono absorvido pelas árvores costeiras. A empresa já investiu cerca de 63,2 milhões de meticais na preparação desta iniciativa.
Finanças Moçambique poderá pagar mil milhões de euros em dívida interna até 2026
O País terá de pagar mil milhões de euros (69,86 mil milhões de meticais) em dívida interna nos próximos dois anos, advertiu a agência de notação financeira Standard & Poor’s (S&P), apresentando desafios económicos significativos ao nível nacional.
“Estas são maturidades muito avultadas”, disse o director-adjunto do departamento de ‘ratings’ sobera-
nos da S&P, Leon Bezuidenhout, referindo-se aos pagamentos de dívida interna que Moçambique terá de suportar em 2025 e 2026, anos em que terá de pagar 38 e 34 mil milhões de meticais, respectivamente.
“Isto é algo que colocará desafios potenciais e necessidade de compromissos políticos para o Governo”, acrescentou Bezuidenhout, tendo igualmente afirmado que, ainda assim, “o sistema financeiro local ainda tem capacidade para absorver emissões adicionais”, apesar de os juros estarem “extremamente altos”.
A crescente dívida pública interna de Moçambique resultou, em grande parte, do afastamento do País dos mercados financeiros internacionais após o escândalo das dívidas ocultas, o que levou o Governo a recorrer ao endividamento interno para financiar as despesas públicas.
Que Países Dominam a Cadeia de Abastecimento de Metais Estratégicos?
À medida que a transição energéticacontinua a evoluir, é crucial explorar as reservas de minerais críticos e assegurar as suas cadeias de abastecimento. Neste gráfico podemos ter um contexto visual
dos principais países, em termos de reservas, produção e processamento de minerais vitais para a transição energética. A análise utiliza dados do United States Geological Survey (USGS) e da Agên-
cia Internacional de Energa (IEA) sobre quatro minerais: lítio, cobalto, terras raras e grafite natural, nesta última em que Moçambique surge no top 3 das maiores reservas a nível mundial.
Abaixo, comparamos os três principais países envolvidos na mineração e no processamento de materiais chave para a transição energética limpa, juntamente com os que possuem as maiores reservas globais.
MineraçãoProcessamentoReservas
A produção de lítio nos EUA não é divulgada.
A expansão da cadeia de abastecimento global de minerais críticos para a transição energética limpa exigirá o aproveitamento de nanciamento personalizado e exível.
Wilson Tomás • Analista, Banco BIG Moçambique
Carry TradeUma Estratégia de Investimento
No vasto sistema financeiro global, que conecta economias locais com o resto do mundo, existem várias formas de realizar investimentos. Uma dessas formas é conhecida como carry trade, uma estratégia de investimento que é implementada através do mercado de capitais. Para um melhor entendimento, é importante abordar a relevância do mercado cambial, bem como das taxas de juro e do seu papel na economia.
O mercado cambial é o maior mercado financeiro do mundo, onde os bancos, empresas comerciais, bancos centrais, empresas de gestão de investimentos, hedge funds, brokers e investidores compram, vendem ou trocam moedas. O comércio de divisas tem acompanhado, quer o crescimento global, quer o aumento das trocas comerciais, que em meados da década de 2020 foi mais de sete vezes superior ao valor diário das divisas negociadas no início do milénio. As moedas circulam entre aqueles que estão a negociar, embora com o apoio de brokers que fornecem os meios para o fazer.
do, provocam alterações nas diferentes maturidades de taxas de juro disponíveis. Estes comportamentos fazem com que as taxas de mercado sejam dinâmicas, com a sua volatilidade a ser explicada tanto pelas diferentes teorias de expectativas dos agentes financeiros como pela lei da procura e oferta. Estes movimentos nas taxas de juros de referência tendem a gerar impactos sobre os mercados de capitais, causando volatilidade sobre os activos, incluindo os pares cambiais.
Moçambique é um dos países do mundo com a taxa de juro real mais atractiva, fazendo com que o metical seja uma boa opção para a realização de investimentos de ‘carry trade’
Existe uma quantidade substancial de transacções Forex interbancárias, o que ajuda a determinar as oscilações nas taxas de câmbio e a definir os preços a que as transacções comerciais se efectuam. Os grandes bancos negoceiam divisas para se protegerem, ajustarem os balanços e negociarem em nome dos clientes, entre outras razões, e os pares de moedas mais negociados têm sido EUR/USD, USD/JPY e GBP/USD, entre outras, tendo estas moedas, até Março de 2024, tido uma quota de transacções de 28%, 13% e 11%, respectivamente.
Por seu lado, a variação das taxas de juro obedece a uma lógica, quer económica, quer de mercado. Se, por um lado, os bancos centrais utilizam as taxas de referência como instrumento de política monetária, por outro, os intervenientes de mercado ajustam as suas expectativas e, através de transacções de merca-
As estratégias de carry trades tentam explorar as diferenças nas taxas de juro dos diferentes bancos centrais relativas a duas moedas distintas. Para implementarem estas estratégias, os investidores pedem financiamento numa moeda com uma taxa de juro baixa (a moeda de financiamento) e utilizam esses fundos para investir em activos de rendimento superior denominados noutra moeda (a moeda alvo), com o objectivo de lucrar com o diferencial de taxas de juro e a potencial valorização da moeda alvo. Historicamente, os pares de carry trade mais populares incluem empréstimos em ienes japoneses (JPY) ou francos suíços (CHF), moedas historicamente com juros baixos, para investir em moedas com juros mais altos. Por exemplo, um investidor pode pedir emprestado JPY a uma taxa de juro de 0,1% para comprar Obrigações do Tesouro dos Estados Unidos que rendem 4,0%. O investidor lucra com a diferença de 3,9% se as taxas de câmbio se mantiverem praticamente iguais.
Os riscos
No entanto, este tipo de estratégias de investimento está sujeito a uma variedade de riscos materiais que podem levar o investidor a incorrer em perdas no rendimento esperado, e até mesmo a perdas de capital. Entre os principais riscos enfrentados pelos carry traders estão: a variação nas taxas de juro, pois pode impactar na geração de rendimento do investimento; o risco da taxa de
Investimentos de carry traders podem acarretar riscos cambiais e relacionados com taxas de juro
Comparação de Taxas de Juro de Referência
Evolução das Taxas de Câmbio
câmbio, porque alterações significativas podem anular quaisquer ganhos resultantes das diferenças de taxas de juro e causar perdas no capital investido; mudanças nas expectativas futuras de mercado; o risco de desvalorização dos activos em moeda alvo; volatilidade, pois aumentos na volatilidade dos mercados financeiros ou saídas de capitais podem gerar volatilidade excessiva nos mercados cambiais; entre outros.
A título de exemplo, em Agosto de 2024, vivenciou-se um ‘unwind’ do principal carry trade do mercado, onde uma posição considerável de investidores abandonou esta estratégia, que noutras circunstâncias era lucrativa, por causa de alterações na políti-
USD/MZN EUR/MZN ZAR/MZN (EE)
ca monetária do Japão. O Banco do Japão ao subir as taxas de juro, ao mesmo tempo que efectuava uma intervenção no mercado cambial vendendo USD e comprando JPY, motivou grandes alterações no câmbio USD/JPY, o que levou a que os investidores decidissem sair das posições especulativas deste carry trade. Este unwind de posições potenciou uma forte inversão da tendência cambial, com o JPY a valorizar-se 19% face ao USD. Este movimento teve impactos negativos nos mercados financeiros a nível mundial.
Vantagens para Moçambique Moçambique é um dos países do mundo com a taxa de juro real mais atractiva,
fazendo com que o metical (MZN) seja uma boa opção como moeda alvo para a realização de investimentos de carry trade. O mercado de capitais do País apresenta uma diversidade de Obrigações do Tesouro, assim como obrigações corporativas com taxas de rendimento muito atractivas para investidores sul-africanos, europeus e americanos. Além da possibilidade de realizar altos rendimentos pelas taxas de juros, as suas moedas têm apresentado um comportamento muito estável nos últimos anos, como consequência das políticas monetárias do Banco de Moçambique. A taxa de câmbio USD / MZN tem apresentado desde 2021 uma volatilidade muito reduzida.
Zona Euro Estados Unidos Moçambique (EE) África do Sul (EE)
Histórias de Três Jovens Que Podiam Ser as de Tantas Outras
A Girl Move Academy, uma organização que promove a educação e liderança feminina através de um modelo de mentoria circular intergeracional, acaba de lançar o programa CHANGE, com foco numa maior emancipação da rapariga em todos os domínios. Que resultados esperar?
Texto Ana Mangana •Fotogra a D.R.
AGirl Move Academy foi recentemente reconhecida pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) como a melhor iniciativa de educação para raparigas e mulheres em Moçambique. Agora, através do programa CHANGE, concluiu a primeira fase do Changemakers LAB, uma acção de inovação social que envolve as ‘girlmovers’ (raparigas bene ciárias do programa), os membros da comunidade de Murrapaniua, na província de Nampula, e as empresas parceiras, que trabalham em conjunto para encontrar soluções sustentáveis e inovadoras para problemas dos residentes.
Para este ano, 36 ‘girlmovers’ do programa foram desa adas a liderar a criação de soluções nas áreas das energias renováveis, mobilidade inteligente, criação de rendimento, economia circular, participação comunitária e mentoria digital.
Após sete meses de formação e desenvolvimento de soluções inovadoras em Nampula, as bene ciárias avançam agora para a segunda fase do CHANGE, que consiste em programas de estágio em grandes empresas portuguesas, parceiras da Girl Move. À luz desta iniciativa, partiram recentemente para Portugal e permanecerem durante sete semanas. Espera-se que, além da experiência pessoal, possam desenvolver os conhecimentos até aqui adquiridos –aquilo que um estágio pro ssional deve proporcionar.
A ideia é in uenciar as trajectórias pro ssionais e, em última análise, bene ciar todos os que se vão cruzar com
o seu percurso. O que esperar deste movimento? Três das 36 girlmovers –Joice, Grace e Jenifa – trazem-nos algumas respostas.
Mais rendimentos comunitários Para Joice Quinta, uma das participantes da edição de 2024, formada em Economia e Gestão, estar no Changemakers LAB “foi uma experiência transformadora”. Apesar de já ter trabalhado em áreas de liderança, o programa apresentou-lhe uma realidade completamente diferente. “Para mim, foi uma experiência incrível. Estava no grupo do ‘income generation’ (criação de negócios), no qual procurámos descobrir oportunidades para as mulheres da comunidade”, explicou, destacando o facto de terem conseguido produzir, em pouco tempo, um produto que já está a ser comercializado pela comunidade e a gerar rendimento para várias famílias. “Criámos uma fórmula para produção de um sabonete natural, à base de aloé vera e outros produtos naturais. Demos o nome de ‘Sabonete de Murrapaniua’, que, hoje em dia, é comercializado em toda a comunidade. Nas duas primeiras vagas de produção, cada mulher teve um lucro de 160 meticais, algo que nos deixou muito felizes. São pessoas que não tinham nenhuma fonte de rendimento”, recordou.
Joice, que terá a oportunidade de estagiar no grupo de distribuição alimentar Jerónimo Martins, um dos líderes de mercado em Portugal, espera aprofundar a sua área de formação, assim como em activismo social. “Estou entusiasmada por poder estagiar numa empresa tão grande e importante e espero que is-
Para este ano, 36 ‘girlmovers’ foram desafiadas a liderar a criação de soluções nas áreas das energias renováveis, mobilidade inteligente, criação de rendimento, economia circular, participação comunitária e mentoria digital
JOICE QUINTA (Criação de Negócio)
so me ajude, não só no meu negócio futuro, mas também a ltrar aquilo de que preciso enquanto economista e activista social. Lá também apostam muito em inovação social e penso que isso é fundamental para mim”, referiu.
Expansão da literacia digital
Para Grace Wanna, outra participante, formada em Engenharia Informática e oriunda da cidade da Beira, em Sofala, este programa continua a ser uma constante aprendizagem. “Estive no projecto de mentoria digital, que tinha como foco a orientação vocacional e a literacia digital, uma área cujo desenvolvimento eu defendo bastante, pois vejo que há uma grande necessidade de se investir na inclusão digital no nosso país”. Grace fará o seu estágio na Cisco Systems, gigante tecnológica, para onde partirá com o intuito de perceber até que ponto pode trabalhar, aprender e tirar partido do que lá se faz na área da inovação tecnológica, para depois trazer consigo alguma dessa experiência
para Moçambique, principalmente na área da segurança cibernética. “Quero continuar a defender a literacia digital, pois há uma necessidade muito grande de proporcionarmos ferramentas tecnológicas a todos os estudantes. Pretendo desenvolver projectos que trabalhem de forma concreta com os professores e com os estudantes, e, depois de estar na Cisco, acredito que voltarei dotada de ferramentas que me irão auxiliar nesse projecto”, antecipou.
Fornecer água e saneamento
Já Jenifa Murane, da província de Gaza, esteve inserida num grupo que tinha a missão de dar acesso a cuidados de saúde primários, com destaque para a energia sustentável. “Dentro da comunidade, procurámos saber quais eram os principais problemas de saúde, tendo em conta que o hospital mais próximo ca a cerca de três horas. É muito distante. Neste sentido, tivemos conhecimento de que a malária e as doenças diarreicas são as que mais asso-
lam a comunidade. Assim, organizámos um fundo comunitário que usámos para garantir que cinco activistas tenham formação em áreas de saúde e comecem a trabalhar com a comunidade, porta-a-porta, a falar sobre os métodos de prevenção da malária e outras doenças”, explicou.
Jenifa vai estagiar no Grupo EDP (Energias de Portugal), nas áreas de recursos hídricos e gestão de projectos. “Eu preocupo-me muito com a questão do consumo de água contaminada em Moçambique e com a sua escassez. Gostaria de um dia ajudar as comunidades, formando jovens em áreas de engenharia ou geologia, para pesquisa de águas subterrâneas e ainda desenvolver projectos com parceiros para resolver os seus próprios problemas de falta de água ou contaminação”, revelou.
Esta foi a quinta edição do Changemakers LAB e, desde o início, foram formadas 141 girlmovers, com mais de sete mil bene ciários directos e mais de 30 soluções desenvolvidas.
JENIFA THEILA (Cuidados de Saúde) GRACE WANNA (Mentoria Digital)
Gonçalo Arroja • EY Manager, Financial Services
Biometria no Sector Bancário: a Digitalização do Toque Moçambicano
No dia 27 de Março de 2024, o Banco de Moçambique publicou o Aviso n.º 06/2024, o qual define o novo Regulamento do Regime de Contas Bancárias (cuja respectiva implementação dispõe de um período de adequação de 180 dias). Este Regulamento define os procedimentos de abertura e gestão de contas bancárias, sendo aplicável a todas as instituições de crédito que captam depósitos em Moçambique.
No âmbito deste Aviso, verificámos que são introduzidas diversas alterações relevantes, quer em termos de requisitos de documentação, como também ao nível da definição de normas específicas para a regulamentação de contas conjuntas e para a gestão de contas inactivas. Dos cerca de trinta e quatro Artigos presentes no Aviso n.º 06/2024 do BdM, destaca-se sobretudo a inovação subjacente ao Artigo 5, definindo que “as instituições de crédito devem identificar os seus clientes através de mecanismos biométricos”.
Em particular, para o processo de verificação conhecido como Know Your Customer (KYC), a Biometria ajuda a garantir a conformidade regulatória, criando um processo de verificação de identidade digital mais seguro e fidedigno. Um dos principais benefícios da Biometria é a sua vantagem face aos tradicionais métodos de autenticação baseados em conhecimento (nomeadamente PIN – Personal Identification Numbers ou OTP – One Time Passwords), que podem ser facilmente roubados ou esquecidos. Em contraste, os métodos de verificação biométrica permitem que os utilizadores acedam às suas contas usando os seus traços biológicos únicos. Como podemos então avaliar os potenciais benefícios deste novo requisito para o sector bancário de Moçambique? Para responder a esta questão, importa começar por compreender os seguintes aspectos:
Embora pioneiro em Moçambique, o uso de dados biométricos no sector bancário é bastante mais comum do que muitos de nós podemos imaginar
A introdução da obrigatoriedade de captação de dados biométricos pelo Banco Central, aplicável às instituições de crédito (que captam depósitos) a operar no sector bancário em Moçambique, surge assim como novo desafio para os players deste mercado, sendo expectável a necessidade de ajustamentos consideráveis ao nível dos processos internos e dos controlos em vigor no âmbito do processo de abertura e gestão de contas bancárias de clientes. Poderá, contudo, este desafio materializar-se em benefícios acrescidos para o sector, e para os seus clientes?
Embora pioneiro em Moçambique, o uso de dados biométricos no sector bancário é bastante mais comum do que muitos de nós podemos imaginar. A nível global, diversas instituições financeiras substituíram os sistemas “tradicionais” de identificação de clientes por sistemas assentes em dados biométricos.
1. O que é a Biometria no sector bancário? Biometria no sector bancário consiste no uso de características fisiológicas ou comportamentais únicas de indivíduos para efeitos de autenticação e segurança em transacções bancárias digitais e acesso a contas bancárias. Estas características podem ser divididas em cerca de seis grandes categorias: reconhecimento facial, reconhecimento de voz, reconhecimento de impressão digital, reconhecimento de retina, biometria comportamental e reconhecimento de veias dos dedos e/ou da palma da mão.
2. Quais os benefícios da captação de dados biométricos para as instituições de crédito?
A introdução de Biometria nas instituições financeiras apresenta três principais benefícios para as instituições bancárias e seus clientes: em primeiro lugar, destaca-se (i) a maior conformidade com os requisitos regulamentares de Prevenção ao Bran-
A biometria no sector bancário permite identi car características especí cas dos indivíduos para ns de segurança
queamento de Capitais e Financiamento ao Terrorismo (PBC-FT). Este ponto revela-se de extrema relevância, não apenas pela sua conformidade com a Lei n.º11/2022 do Banco de Moçambique e com as melhores práticas internacionais em matérias de PBC-FT, mas também pelo seu alinhamento com o foco do GIFIM – Gabinete de Informação Financeira de Moçambique, para retirar o país da Lista Cinzenta do GAFI – Gabinete de Acção Financeira Internacional. Em segundo lugar, destaca-se (ii) a melhoria da capacidade no processo de prevenção de fraude nas instituições de crédito, que por si só permitirá às mesmas reduzir o montante de perdas operacionais e evitar danos reputacionais num mercado com crescente competitividade. Por fim, de salientar (iii) o aumento de eficiência/celeridade no processo de verificação da identidade do cliente, sendo que sempre que um provedor de serviços financeiros enfrenta demoras / atrasos durante o processo de verificação de identidade de clientes, isso gera não apenas uma má experiência para o utilizador, mas aumenta também a probabilidade de os clientes abandonarem o processo.
Em termos práticos, e embora o Aviso n.º 06/2024 do Banco de Moçambique apenas defina a obrigatoriedade das instituições de crédito em “identificar os seus
clientes através de mecanismos biométricos”, verificamos que os benefícios para as instituições de crédito acima referidos poderão ser, sobretudo, captados quando maximizando o investimento necessário para dar resposta ao mesmo, noutras componentes do negócio. Ao analisar o sector financeiro num contexto internacional, verificamos que algumas das principais áreas de uso da Biometria incluem: (a) processo de onboarding de clientes e re-autenticação da identificação de clientes, sobretudo no âmbito dos procedimentos de aceitação do cliente, KYC e de verificação da identidade para acesso a dados e processamento de transacções; (b) processo de identificação no acesso a serviços de Mobile Banking e nas agências, permitindo às instituições reduzir os riscos de fraude ao nível nos serviços bancários prestados por via de ambos os canais; e (c) acesso a ATM, minimizando a possibilidade de acesso fraudulento a contas bancárias por via de cartões de clientes que possam ter sido extraviados, clonados ou furtados.
Por outro lado, é também importante estarmos conscientes dos desafios que a implementação da Biometria no sector irá representar para as instituições de crédito: o investimento necessário deverá ser levado a cabo de forma integrada, e não somente ao nível da aquisição de tecnologia para captação e armazenamento de dados. Numa fase inicial, será necessário reavaliar o ambiente de IT e
perceber a capacidade de integração dos sistemas e plataformas em vigor com as ferramentas e tecnologia necessária para implementação da Biometria. Ao nível processual, será essencial reavaliar, actualizar e (eventualmente) redesenhar procedimentos e controlos em vigor, assegurando consequentemente a sua devida formalização interna ao nível das instituições. Simultaneamente, deverá ser promovido o reforço das competências internas de protecção de dados e de cibersegurança das organizações, bem como a capacitação dos recursos humanos necessários, por forma que assegurem o funcionamento e a gestão futura deste novo processo, de forma autónoma.Na EY, estamos cientes dos desafios que esta nova realidade representa para as instituições de crédito em Moçambique, e totalmente confiantes quanto às oportunidades e ao potencial que a Biometria apresenta para a distinção e reputação das mesmas no mercado. Sendo a transformação digital um dos nossos actuais pilares estratégicos, não poderíamos deixar de acompanhar a (re)evolução que esta iniciativa representa e contribuir de forma activa e diferenciadora para a digitalização e transparência do sector que, por sua vez, permitirá potenciar uma maior eficiência das instituições e maior satisfação dos utilizadores, promovendo também a conformidade com os requisitos do Banco Central e com as melhores práticas internacionais.
Empresas de Cabo Delgado Ganham Nova Parceira
O projecto +Emprego visa criar oportunidades de trabalho digno e com valor acrescentado para a população de Cabo Delgado, particularmente para os mais jovens. A iniciava iden cou mais um talento promissor na região. Saiba quem é a So.son e que mais-valias traz?
Texto Ana Mangana •Fotogra a D.R
Mendelson da Costa, 18 anos, é proprietário da SoftSon, uma ‘startup’ virada para a criação de soluções tecnológicas inovadoras. Numa região marcada pela instabilidade, este jovem destaca-se numa área ‘fora da caixa’, literalmente, e a sua trajectória mostra como o poder das boas ideias, aliado à vontade, com os apoios certos, pode mudar vidas.
Mendelson fez formação média em Agro-pecuária, mas a curiosidade levou-o a desenvolver ferramentas de software que hoje são mais-valias para empresas e utilizadores individuais. “Aprendi a desenvolver estes sistemas por mera curiosidade. Em 2020, quando as escolas foram encerradas devido à pandemia, tive tempo livre e decidi desenvolver alguns jogos”, seguindo tutoriais de programação no Youtube. “Descobri que é possível de criar qualquer tipo de aplicação, de forma relativamente simples”, conta Mendelson. Mais tarde, tornou-se decisivo para o jovem empreendedor a participação num encontro organizado pelo projecto +Emprego, onde aprendeu a organizar o lado empresarial do negócio, com criação de propostas de valor para a sua ideia e formação sobre diferentes formas de investir e fazer crescer as suas ambições. “Este momento foi importante porque, além da formação, o +Emprego deu-me um apoio em termos materiais. Foi então que pude começar, efectivamente, a desenvolver melhor os meus produtos. Foi uma grande mais-valia para mim e para o
meu negócio, fez toda a diferença para estar onde estou hoje”.
Uma start up dirigida às PME Nascia assim a SoftSon que, actualmente, apresenta um portefólio com diversas aplicações de software. Uma dos mais destacadas é a Kitgest, software de gestão a pensar nas necessidades das pequenas e médias empresas (PME), com gestão de stocks, apoio às vendas, produção de relatórios e facturação.
Outro produto de grande destaque é o Software de Registo de Produtores (SRP), um sistema que recolhe e armazena informações, tais como o nome, idade e produtos que cada qual comercializa, bem como gastos em campanhas agrícolas anteriores e rendimentos. O objectivo é facilitar o acesso a informações detalhadas sobre empresas ou indivíduos que desejem encontrar parcerias. Esta informação é armazenada numa base de dados e pode ser consultada posteriormente.
Existem ainda o Son App, um programa de apoio a estudantes, que permite criar e gerir projectos de qualquer nível escolar, além de oferecer acesso a cursos e explicações detalhadas sobre diversas matérias. “Este sistema permite aos estudantes aceder a cursos, obter explicações de professores ou especialistas em determinadas áreas e realizar trabalhos escolares, directamente, através da aplicação. Após inserir as informações, o estudante fornece um número do WhatsApp e a aplicação envia o trabalho concluído para o cliente”, explica Mendelson. “Originalmente, desenvolvi este sistema para ajudar a mi-
Mendelson fez formação média em Agro-pecuária, mas a curiosidade levou-o a desenvolver ferramentas de software que hoje são uma vantagem para empresas e utilizadores individuais
nha tia, que frequentemente me pedia para fazer trabalhos escolares. No entanto, percebi o potencial de transformar essa ferramenta numa fonte de rendimento, ao disponibilizá-la para um público mais amplo”, esclareceu.
Outras ferramentas
A SoftSon fornece ainda o Enupa, sistema de arrendamento de casas, o Smart Filas, sistema de gestão de utentes para escolas, serviços médicos ou salões de beleza, e o Electro-tlim, campainha electrónica.
Criado em 2020, o objectivo do projecto + Emprego é fomentar oportunidades económicas para a população de Cabo Delgado, em particular para os jovens, com atenção à mulher, contribuindo para a melhoria do acesso ao trabalho digno e rendimento dos jovens daquela região do País.
Parcerias Que Criam Histórias: Absa Focado em Apoiar a Cadeia de Valor dos Seus Clientes
OAbsa Bank Moçambique reafirma o seu compromisso com o desenvolvimento económico sustentável através de parcerias estratégicas robustas. Recentemente, firmou um Memorando de Entendimento (MoU) com a Kenmare, marcando o início de um programa pioneiro de Financiamento aos fornecedores locais. Esta colaboração é uma resposta eficaz à necessidade de melhorar o acesso ao crédito das empresas locais, reforçando a cadeia de fornecimento da Kenmare e promovendo igualmente o crescimento e desenvolvimento económico do País.
O programa Purchase Order Finance disponibiliza um crédito significativo de MZN 300 milhões a taxas preferenciais, permitindo que os fornecedores elegíveis acedam a financiamento de forma rápida e simplificada. Esta iniciativa de-
monstra a dedicação do Absa Bank em proporcionar soluções financeiras personalizadas, concebidas para atender às necessidades específicas dos seus Clientes e parceiros de negócio.
O diferencial deste programa reside na sua capacidade de facilitar o acesso a fundos em menos de 48 horas, assegurando que os fornecedores mantenham a continuidade operacional e possam aproveitar as oportunidades de mercado com agilidade. Além disso, o programa enfatiza a gestão de riscos, promovendo métodos de financiamento inovadores que beneficiam todas as partes envolvidas.
Este acordo estratégico alinha-se perfeitamente com a abordagem global do Absa Bank Moçambique, que adopta o ecosystem banking como seu modus operandi. Através desta estratégia, o Banco não apenas apoia os clientes nas suas necessidades imediatas,
O impacto deste programa é potencialmente transformador, especialmente para as PME, ao promover o desenvolvimento económico
mas também fortalece toda a cadeia de valor, promovendo parcerias sólidas e duradouras.
Complementarmente à abertura da agência em Larde, que ocorreu em 2018, na província de Nampula, esta recente iniciativa de parceria ilustra o compromisso do Absa em facilitar a tramitação de negócios e expandir o seu apoio a empresas como a Kenmare que desenvolvem projectos de relevância e impacto significativo no País.
“A parceria de longa data entre a Kenmare e o Absa Bank Moçambique tem sido fundamental para o sucesso das nossas operações, e este novo programa de financiamento reforça ainda mais o nosso compromisso conjunto”, afirmou Gareth Clifton, Country Manager da Kenmare em Moçambique. “Ao facilitar o acesso ao crédito para os fornecedores locais, estamos não só a fortalecer a nossa cadeia de fornecimento, mas também a contribuir para o desenvolvimento sustentável das comunidades onde operamos, promovendo um impacto positivo a longo prazo. Estamos empenhados em continuar a explorar novas oportunidades com o Absa, sempre em benefício de todos os envolvidos", acrescentou.
O impacto deste programa é potencialmente transformador, especialmente para as Pequenas e Médias Empresas, ao promover o desenvolvimento económico sustentável e a criação de empregos. O Absa continua a expandir o seu leque de iniciativas, incluindo programas de desconto de facturas e garantias bancárias, para atender às diversas necessidades dos fornecedores e contribuir para o fortalecimento do tecido empresarial de Moçambique.
O compromisso do Absa Bank Moçambique em fomentar parcerias estratégicas evidencia a sua visão de futuro, centrada em soluções financeiras inovadoras que impulsionam o crescimento sustentável e beneficiam todos os actores económicos envolvidos.
Finanças
Expansão Sem Transformação Social
Nos últimos anos, o sector nanceiro moçambicano tem assistido a uma transformação substancial, impulsionada pela informatização do acesso a serviços bancários tradicionais, pela ascensão das ‘ ntech’ e, principalmente, das instituições de moeda electrónica (IME). Desde 2015, o número de contas em IME subiu de 28,6% para 94,5% da população adulta. Mas os resultados desta expansão não se têm traduzido em desenvolvimento socioeconómico. Porquê?
Apreocupação de expandir os serviços nanceiros para o meio rural ganhou novo ímpeto com o lançamento do projecto estatal “Um Distrito, Um Banco”, há nove anos. Com um orçamento superior a 480 milhões de meticais, o projecto ajudou a construir 51 agências bancárias, de 2016 a 2021.
No mesmo período, assistiu-se à consolidação das ‘ ntech’ e das instituições de moeda electrónica (IME). Em Moçambique há três e são conhecidas como “carteiras móveis”, uma por cada operadora de telecomunicações: M-Pesa (Vodacom), E-Mola (Movitel) e Mkesh (Tmcel). Estes avanços, em paralelo com a informatização da banca tradicional (acelerada pelos con namentos impostos durante a pandemia de covid-19), acabaram por expandir os serviços nanceiros.
Tempos de mudança
Em Janeiro, o Banco de Moçambique deu conta da redução de caixas ATM em todo o País, uma queda de 12% desde 2020. Um recuo que não espanta João Gaspar, presidente da Fintechmz - Associação Moçambicana de Fintech. “Todos os grandes bancos têm contas móveis e já não há muita expansão de redes bancárias físicas.
Pelo contrário, o que se veri ca é uma concentração, o que acaba por ajudar a racionalizar os custos de instalação dos balcões que são muito elevados. Ter um banco numa aldeia em que é preciso investir em segurança, funcionários, deslocações, etc., pode não ser rentável para o potencial de negócio que ali existe. Portanto, o melhor é ter a cobertura através de meios digitais - seja um banco digital ou carteira móvel”.
Ir além das operações tradicionais
Apesar da aceleração acentuada na expansão de serviços nanceiros, não houve grandes melhorias na qualidade das transacções. Esta percepção é comum entre os diferentes representantes de instituições nanceiras ouvidos pela E&M.
Há muitos depósitos, levantamentos e transferências de dinheiro, mas ainda é reduzida a matriz de transacções que gera valor acrescentado à economia, como a realização de poupanças, empréstimos e investimentos (seguros, por exemplo).
“Hoje, quase toda a população moçambicana com mais de 15 anos tem uma conta digital (móvel, bancária ou as duas). O que é preciso é passar do acesso ao uso. Se houver uma mudan-
ça de mentalidade, no sentido de usar o dinheiro móvel para fazer pagamentos digitais e essa cadeia se prolongar, não seriam precisos espaços físicos, caixas ATM, nem agentes de moeda electrónica. É isso que tem de ser feito e que já existe nos outros países. África está a caminhar para lá”, disse João Gaspar. O responsável entende que a rapidez com que este processo de mudança vai acontecer será maior nos mercados que estão em evolução, como Moçambique, do que nos que estão mais estáveis.
O dilema dos custos de transacção
Transferir dinheiro de uma carteira móvel para um banco ou vice-versa custa, no mínimo, 30 meticais. Tranferir de uma carteira móvel para outra também tem custos (embora relativamente inferiores), e o pagamento de diferentes tipos de serviço por meio das plataformas digitais é igualmente taxado, mas de forma desajustada, segundo o FSD Moçambique, entidade que promove a inclusão nanceira. Carlos Mondle, gestor de serviçosnanceiros digitais da FSD Moçambique, alerta: um ambiente de custos elevados contraria a informatização, porque pode levar a sociedade a optar pe-
“Hoje em dia, todos os grandes bancos têm contas móveis e já não há grande expansão de redes bancárias físicas. Pelo contrário, o que se verifica é uma concentração de redes e balcões, o que acaba por ajudar a racionalizar os custos”
la utilização do dinheiro em numerário. João Gaspar segue na mesma linha. “É preocupante. Na Tanzânia, houve um retrocesso na utilização de carteiras móveis e voltou o dinheiro em numerário, porque aumentaram os impostos das transacções electrónicas”, indicou.
E se os custos continuarem a subir? O presidente da Fintechmz lamenta que o Instituto Nacional das Comunicações de Moçambique (INCM) – entidade reguladora das telecomunicações – tenha a intenção de introduzir novas taxas sobre a utilização dos serviços nanceiros digitais. “De cada vez que alguém utilizar o telemóvel para ter acesso a um banco, realizar uma transferência ou pagamento, os operadores (de moeda electrónica, bancos ou ntechs) terão de validar se o número de telefone está na base de dados da lista negra do INCM e cada consulta tem um custo. Este custo acabará por ser repassado ao consumidor”, lamentou.
Além disso, o responsável faz referência a uma taxa aplicada pelo Instituto Nacional de Tecnologias de Informação e Comunicação (INTIC) – instituição reguladora das TIC – de 1% sobre o volume de negócios das plataformas di-
SERVIÇOS FINANCEIROS DISPONÍVES EM MOÇAMBIQUE
O mapa actual dos serviços nanceiros em Moçambique, segundo dados do Banco de Moçambique, no 2.º trimestre de 2024, encontra-se distribuído do seguinte modo:
Em unidades
DISTRIBUIÇÃO MUITO CONCENTRADA
Prevalecem consideráveis assimetrias na disponibilidade dos serviços nanceiros, com os grandes centros urbanos e o sul a serem os pontos mais privilegiados
Disponibilidade dos serviços nanceiros
Cidade de Maputo
Província de
*Estes números incluem todos os oito tipos de fornecedores de serviços: agências bancárias, microbancos e cooperativas de crédito, agentes bancários, agentes de instituições de moeda electrónica, operadores de microcrédito, seguradoras, ATM e POS
FONTE Banco de Moçambique
Agentes
Instituições de Moeda Electrónica
Agentes Bancários
Agências bancárias
Microbancos
A FORÇA DA BANCA MÓVEL
Se em 2015 havia equilíbrio no número de contas bancárias e de IME (M-Pesa, E-Mola e M-kesh), a partir de 2017, a força dos serviços móveis começou a impor-se e cou cada vez mais vincada perante uma quase estagnação dos bancos
MULHERES SÃO DESFAVORECIDAS
O uso dos serviços nanceiro favorece os homens. Em ambos, a evolução das contas quase estagnou
FRACA COBERTURA NO MEIO RURAL
Apesar das campanhas para acelerar a bancarização do meio rural, o desequilíbrio a favor das cidade prevalece
SUPERÁVITE DAS IME
A evolução das contas M-pesa, E-Mola e Mkesh foi de tal forma forte que, em certos casos, há várias contas por pessoa
O PAPEL DO 'MOBILE'
Ao contrário do que acontece com a banca tradicional, os serviços de IME expandem-se mais depressa para o meio rural
gitais. Isto é, todos os operadores vão pagar 1% ao INTIC. A Autoridade Tributária prepara-se também para introduzir taxas sobre as transacções electrónicas. “Somados estes impostos, podemos ter até 4% a mais em termos de custos que devem ser repassados ao cliente, o que o pode levar a utilizar o numerário, que não tem custos de transacção”, prevê o responsável. João Gaspar lança um alerta. “Não se podem aumentar os custos dos serviços nanceiros digitais, de tal maneira que cheguem a desincentivar o seu uso, porque, depois, não vamos crescer, nem conseguir chegar ao nível em que a economia digital seja predominante e permita baixar custos”.
Assimetrias de disponibilidade
As assimetrias regionais no acesso aos serviços nanceiros re ectem as disparidades socioeconómicas entre provín-
Evolução de contas bancárias em % de adultos
Contas bancárias de homens em % de adultos
Contas
Contas
Evolução das contas de IME em % de adultos
FONTE Banco de Moçambique
cias. A maior concentração de infra-estruturas está em Maputo e arredores. O Centro e o Norte permanecem sub-atendidos.
O desenvolvimento dos serviçosnanceiros em Moçambique está ligado ao crescimento económico, à densidade populacional e à infra-estrutura. Maputo, Matola e Beira destacam-se como centros económicos mais dinâmicos, possuindo uma maior concentração de bancos, micro nanças, cooperativas de crédito e sistemas de pagamentos electrónicos. Por outro lado, nas províncias mais rurais, nomeadamente Niassa, Cabo Delgado e Zambézia, a densidade populacional é baixa e faltam infra-estruturas rodoviárias e de telecomunicações.
A infra-estrutura bancária também é escassa nas áreas rurais. As instituições nanceiras investem, preferencialmente, em regiões urbanas, mais seguras e
economicamente viáveis. Neste capítulo, a informatização dos serviços é vista como uma oportunidade para nivelar as assimetrias.
Mulheres em desvantagem
Há também disparidades signi cativas de acesso aos serviços nanceiros na óptica do género. Dados do Banco Central apontam para barreiras que limitam a inclusão nanceira da mulher: menor acesso à escola, impedida de ter posse de bens ou documentação formal (como bilhete de identidade ou registo de propriedade), pontos fundamentais para a abertura de contas bancárias ou obtenção de crédito.
O ambiente rural, onde vive a maior partedapopulação,agravaessasdisparidades. Mulheres em áreas rurais, frequentemente responsáveis por pequenas actividades agrícolas ou de comércio in-
INFORMATIZAÇÃO DO ACESSO AOS BANCOS
A informatização dos serviços bancários do lado do consumidor é um marco importante na expansão dos serviços nanceiros em Moçambique. Bancos tradicionais têm investido fortemente em plataformas digitais para facilitar o acesso remoto. Desde o lançamento de aplicações até à criação de plataformas na Internet, os clientes podem realizar uma ampla gama de operações nanceiras a partir dos seus dispositivos móveis ou computadores, sem necessidade de visitar sicamente uma agência.
A tendência tem permitido que os bancos alcancem uma clientela mais ampla, incluindo segmentos da população que antes eram ‘desbancarizados’. Serviços como transferências instantâneas, pagamento de contas e consultas de saldo estão disponíveis 24 horas por dia, eliminando as barreiras de tempo e distância. Esta modernização tem reduzido os custos operacionais das instituições nanceiras, permitindo-lhes oferecer produtos com taxas mais competitivas. Mas apesar do avanço na expansão, ainda se impõem desa os.
formal, têm menos acesso a bancos e cooperativas nanceiras.Alémdisso,afalta de infra-estruturas, como agências bancárias e a dependência de formas informais de poupança e crédito, reforçam o ciclo de exclusão.
Por outro lado, a expansão dos serviços de pagamento móvel tem surgido como uma oportunidade para mitigar essas desigualdades. Plataformas como E-Mola, M-Kesh e M-Pesa têm permitido que mais mulheres tenham acesso a serviços nanceiros sem a necessidade de interagir directamente com bancos tradicionais. No entanto, apesar desses avanços, o desa o da inclusãonanceira permanece, especialmente no que diz respeito ao acesso ao crédito para o desenvolvimento de pequenos negócios liderados por mulheres. Aqui, os operadores do sector, os reguladores e o Governo têm muito por fazer.
“Falta Acesso à Internet e Infra-estruturas Tecnológicas”
O BCI garante estar a acompanhar o processo de informatização para fornecer serviços mais abrangentes. Mas o País carece de infra-estruturas, diz o director de canais digitais do banco, Arafat Bique
Texto Pedro Cativelos • Fotogra a D.R.
Nos últimos relatórios sobre inclusão nanceira é notório um abrandamento do número de novos balcões e uma descida dos terminais de pagamentos, o que pressupõe uma crescente aposta no digital por parte das instituições nanceiras. Como é que o estão a fazer?
A inclusão nanceira é um processo dinâmico, que envolve o acesso e a utilização e caz de produtos e serviços pela população, melhorando a qualidade de vida e o bem-estar das comunidades. Outro pilar essencial é o fortalecimento das infra-estruturas, com o objectivo de garantir a segurança e a e ciência do sistema nacional de pagamentos, que inclui a nova plataforma de interoperabilidade em Moçambique. Este es-
forço visa superar barreiras geográ cas e sociais que historicamente limitavam a bancarização, especialmente nas zonas rurais. O desa o principal tem sido expandir a oferta às comunidades afastadas dos grandes centros urbanos.
De que forma é que a vossa instituição está a utilizar a inovação para melhorar a inclusão nanceira?
No caso do BCI, têm sido implementadas várias iniciativas. A nossa estratégia tem sido estabelecer parcerias com intervenientes relevantes no mercado de pagamentos digitais, facilitando a interoperabilidade entre diferentes sistemas, como carteiras móveis e outros métodos de pagamento. O lançamento de plataformas que não dependem da Internet, acessíveis através de simples
comandos, via telemóvel - por exemplo o *134# -, têm sido cruciais para incluir populações em áreas de fraca cobertura, promovendo assim a inclusão digital e nanceira. Além das soluções tecnológicas, estamos empenhados em campanhas de sensibilização e educação nanceira.
Quais são as principais barreiras à inclusão digital em Moçambique e como pretendem superá-las? Moçambique enfrenta desa os estruturais importantes, nomeadamente, a falta de infra-estruturas tecnológicas em áreas rurais e a literacia digital limitada de parte signi cativa da população. São barreiras que exigem abordagens inovadoras e coordenadas entre o sector nanceiro e o Estado, em projectos de longo prazo que melhorem o acesso à Internet e à tecnologia. Para enfrentar estas barreiras, o nosso foco tem sido duplo: por um lado, investir na modernização das infra-estruturas tecnológicas, com o desenvolvimento de soluções que funcionam em ambientes de cobertura limitada. Por outro lado, implementando formação, tanto para os nossos colaboradores, como para os nossos clientes, com a nalidade de desmisti car o uso das ferramentas digitais e promover a con ança no sistema nanceiro digital.
Como é que estão a adaptar os serviços para garantir que são seguros e acessíveis?
Todos os nossos serviços são desenvolvidos com um desenho simples e linguagem acessível, garantindo que mesmo os utilizadores com menor literacia digital possam utilizá-los de forma intuitiva. Além disso, temos adoptado as mais recentes tecnologias de autenticação, reforçando a segurança. Também realizamos campanhas educativas sobre riscos e boas práticas no uso de serviços bancários digitais, fortalecendo a con ança dos nossos clientes no uso diário destas plataformas.
Quais são as expectativas relativamente ao impacto das tecnologias em Moçambique?
As carteiras digitais e os pagamentos móveis têm o potencial de transformar radicalmente o panorama nanceiro. São essenciais para a inclusão nanceira, particularmente nas zonas rurais, onde as infra-estruturas bancárias tradicionais são escassas. A crescente penetração de dispositivos móveis abre portas para que mais pessoas tenham acesso a serviços nanceiros.
“Soluções Móveis Serão Cruciais na Redução do Fosso Financeiro”
O Millennium bim, à semelhança dos demais bancos, também diz estar focado na digitalização dos serviços e avisa que a banca está a mudar e que os processos serão completamente diferentes num futuro breve
Nos últimos relatórios sobre inclusão nanceira, é notório um abrandamento do número de novos balcões e uma descida dos terminais de pagamentos, o que pressupõe uma crescente aposta no digital por parte das instituições nanceiras. Como é que a estão a fazer?
O Millennium bim, pioneiro em soluções digitais no sector bancário moçambicano, tem na digitalização um dos pilares centrais da sua estratégia. Perante a redução no número de novos balcões e terminais de pagamento (ATM), o banco tem apostado fortemente na inovação digital para expandir os seus serviços e melhorar a acessibilidade. Em 2023, mais de 70% dos clientes do Millennium bim utilizavam regularmente as plataformas digitais, o que re ecte o impacto da sua estra-
tégia de digitalização. A plataforma Mobile Banking, que é um exemplo notável de inovação, registou um aumento signicativo de utilizadores, passando de 791 mil em 2022 para 855 mil em Dezembro de 2023, o que representa um crescimento de aproximadamente 8%. Além disso, a plataforma oferece serviços de recargas de electricidade, telefones e televisão, dos quais mais de 90% são realizados digitalmente, o que re ecte a crescente dependência dos clientes nos serviços digitais do banco. A plataforma, com mais de 250 mil clientes activos, foi ainda constantemente actualizada para oferecer uma experiência de utilização cada vez mais amigável, simples e acessível. Entre as actualizações, destacam-se a introdução de novos produtos, como o Crédito Salário e o Microcrédito, que permitem aos clientes solicitar crédito directamente através
da aplicação com um processamento automático e rápido, e com fundos disponíveis em menos de 24 horas.
De que forma a vossa instituição está a utilizar a inovação digital para melhorar a inclusão nanceira?
O Millennium bim tem uma presença signi cativa nas zonas rurais, com 63 balcões, os quais representam 32% da rede total. No entanto, a verdadeira transformação está a acontecer através da estratégia digital, que permite que os clientes, independentemente da localização, tenham acesso a serviços bancários através do Mobile Banking e Internet Banking. Neste contexto, a plataforma Smart IZI tem desempenhado um papel central na promoção da inclusão nanceira. Com funcionalidades como a interoperabilidade com todas as operadoras de dinheiro móvel (M-Pesa, e-Mola, e mKesh), o Smart IZI permite transferências entre as contas bancárias e todas as carteiras móveis em Moçambique, um serviço crucial para as comunidades rurais onde o acesso a bancos físicos é limitado. Em 2023, o Smart IZI registou mais de 10 milhões de transacções móveis por mês, reforçando a sua posição como uma das plataformas digitais mais utilizadas no País. Além disso, em 2023, o Microcrédito IZI registou mais de 1,65 milhões de operações, totalizando cerca de 3,7 mil milhões de meticais em desembolsos.
Quais são as principais barreiras que identi cam para a implementação de soluções de inclusão digital em Moçambique e como pretendem superá-las?
As principais barreiras para a inclusão digital em Moçambique incluem a baixa literacia digital e as infra-estruturas limitadas em regiões mais remotas. Para enfrentar esses desa os, o Millennium bim tem investido em várias frentes. Primeiro, o banco tem promovido a educação nanceira e digital através de programas especí cos, procurando aumentar a literacia dos seus clientes para que possam utilizar melhor os serviços digitais. Além disso, parcerias estratégicas com operadoras de dinheiro móvel, como M-Pesa, e-Mola e mKesh, têm sido essenciais para superar a falta de infra-estruturas bancárias em áreas remotas.
Qual será o efeito das novas tecnologias na redução do fosso nanceiro e digital?
Acreditamos que as tecnologias de carteiras digitais e pagamentos móveis terão um papel crucial na redução do fossonanceiro e digital nos próximos anos.
Texto Pedro Cativelos • Fotogra a D.R.
“Aposta em Ecossistemas Digitais Ditará o Futuro”
A tecnologia é já um factor de competitividade entre os bancos, o que ajuda a acelerar a adopção de novas soluções. O responsável pela área de transformação digital do Standard Bank, Elísio Mabasso, fala dos avanços a este nível
Texto Pedro Cativelos • Fotogra a D.R.
Como estão a conduzir a aposta na criação de serviços nanceiros digitais?
Estamos a investir fortemente na transformação digital. Estamos a criar parcerias para desenvolver ecossistemas de pagamentos digitais mais robustos e integração com plataformas de parceiros. O objectivo é melhorar a experiência dos clientes. Ao mesmo tempo, continuamos a assegurar que a transição digital seja inclusiva, investindo em educação nanceira e digital.
Há algum olhar especial para as zonas rurais e comunidades com menor cobertura de Internet?
Estamos empenhados no desenvolvimento de soluções ‘self-service’. Por exemplo, a abertura de contas ‘online’ permite fazê-lo de forma totalmente remota. Por outro lado, temos uma plataforma USSD [comandos numéricos que podem ser enviados por telemóveis sem ecrã], denominada Quiq, acessível pelo código *555#, que permite aos nossos clientes acederem às suas contas bancárias através de um telemóvel, mesmo sem ter acesso à Internet.
Como estão a adaptar os vossos serviços digitais para garantir que são seguros e acessíveis?
Realizamos estudos de mercado e de satisfação dos utilizadores dos nossos serviços, cuidadosamente estruturados para garantir a representatividade de toda a nossa base de clientes, abrangendo o território nacional. Os resultados obtidos são fundamentais para a melhoria contínua dos produtos e serviços.
Como vêem o futuro dos serviçosnanceiros digitais em Moçambique?
Acreditamos que as novas tecnologias, como as carteiras digitais e os pagamentos móveis, não são uma ameaça à ban-
"Tecnologias como as carteiras digitais e os pagamentos móveis não são uma ameaça à banca tradicional, mas uma grande oportunidade"
ca tradicional, mas uma grande oportunidade. Aumentam a competitividade e impulsionam a inovação, permitindo criar soluções digitais mais inclusivas, e cientes e acessíveis. Através da colaboração e da partilha de boas práticas, podemos acelerar o desenvolvimento de produtos nanceiros que atendam melhor às necessidades dos nossos clientes, ampliando o acesso e melhorando a experiência do utilizador.
"Somos um Dos Principais Promotores da Inclusão Financeira"
Quando se cumprem 11 anos da sua entrada no mercado, Sérgio Gomes, director-geral do M-Pesa, revela a nova estratégia, recorda as conquistas e enumera os desa os do maior operador de carteira móvel do País
Que o M-Pesa tem revolucionado o sector financeiro em vários países africanos, do Quénia, onde foi criado em 2008, a Moçambique, desde que surgiu, há mais de uma década, não é novidade. A questão surge com a expansão brutal da utilização da carteira móvel, hoje em dia com mais de 6 milhões de clientes activos, muitos fora das grande cidades nacionais, e que levou a uma mudança estratégica que já está em curso. De provedor de serviços de troca de dinheiro digital a principal motor de inclusão financeira para os moçambicanos, é esse o caminho que o M-Pesa está a seguir. Sérgio Gomes, director-geral da empresa, explica-nos como.
Realizaram recentemente a segunda edição das FinTalks. Qual é o objectivo e a intenção em promover este tipo de debate?
No décimo aniversário do M-Pesa, em 2023, iniciámos um período de reflexão. Não só por questões de revisão estratégica, mas também por um realinhamento com o nosso propósito e com a razão da nossa existência. É óbvio que há um objectivo comercial mas há um propósito muito forte que tem que ver com a inclusão financeira, e há um compromisso que fizemos com a sociedade civil, com o Regulador e com as demais entidades, de que seríamos, sempre, um promotor de inclusão
financeira para aqueles que não têm acesso a serviços financeiros. Assim, no ano passado decidimos fazer uma reflexão: onde é que tínhamos chegado, como contribuímos e o que é que iríamos fazer para os próximos 10 anos.
E que conclusões daí retiraram?
Uma das primeiras foi que, sem dúvida, é um grande sucesso o que fizemos. Conseguimos ter presença em todos os distritos do País, e em todos os postos administrativos é possível encontrar um agente M-Pesa ou pessoas com acesso a serviços financeiros. Foi possível começar a desmaterializar a moeda física para um ambiente digital que é mais controlado e mais seguro e que pode trazer mais valor e benefícios para a maioria dos moçambicanos. Mas a nossa premissa não fica por aí, e essa foi a segunda grande conclusão —, já existe a porta de entrada, mas não existia ainda o valor acrescentado para todos.
Em que aspecto?
Chegámos à conclusão que não existia aindaumaofertasuficientementerobusta que fosse de encontro às necessidades da população rural, e estamos a trabalhar sobre isso. Falo de serviços fundamentais como o micro-financiamento, micro-seguros e serviços de poupança adaptados a essa população. Então se temos uma população que tem acesso a uma carteira móvel onde consegue
"Chegámos à conclusão que não existia uma oferta robusta para preencher as necessidades das populações rurais e é nisso mesmo que estamos agora a trabalhar, já com resultados"
colocar o seu dinheiro, fazer depósitos, pagamentos, levantamentos e transferências mas que ainda não consegue aceder a serviços financeiros que estejam a empoderar economicamente e que possam trazer uma diferença naquilo que é o resultado nas suas vidas e nas oportunidades que vão ter, decidimos adaptar a nossa estratégia e avançar com uma revisão sobre a execução do nosso próprio propósito. Mantemos o foco na inclusão financeira e no aumento do acesso, e em ser um dos principais promotores deste desígnio nacional, mas refundámos a nossa visão sobre ele, e com alguma ousadia, devo dizer. Dissemos, no ano passado, que queremos ser mais que uma carteira móvel e providenciar soluções efectivas que se traduzam em valor para milhões de pessoas que ainda estão longe do sistema financeiro, especialmente no meio rural, e estamos a fazê-lo.
Em que é que essa nova visão se materializa?
As pessoas não podem ser meros depositantes, tem de existir uma razão pela qual depositam connosco. Para termos um ecossistema digital viável têm de haver várias formas de interacção e de transacção, de pagamento e aplicações diversas, devem existir vários serviços agregados que têm que responder à realidade das necessidades da população. Num ambiente urbano, por exemplo, com os pagamentos de Credelec, água, serviços de televisão por cabo ou transportes, isso já acontece. Mas no meio rural, as pessoas precisam de outro tipo de suporte que os apoie na sua actividade social e económica. E isto é o fundamental para nós. Quando olhamos para a questão rural e para o real valor que estávamos a trazer, percebemos que as soluções estão distanciadas das cadeias de
Texto Pedro Cativelos • Fotografia Paulo Alexandre
valores que existem lá. Porque 78% da população rural sobrevive à custa da actividade agrícola, por exemplo e não havia instrumentos financeiros digitais que os suportem nesta actividade.
Este reposicionamento, existe em todas as geografias ou esta é uma questão de Moçambique?
Este pensamento existe em todas as geografias mas Moçambique é um caso muito específico. Primeiro porque em termos demográficos é totalmente diferenciado. Somos o País mais rural de todas as operações que temos. Todos os outros têm grandes concentrações urbanas, ao passo que nós temos 66% da população a viver em ambiente rural, e só isso já é uma diferença grande. Depois, o peso da agricultura na economia em Moçambique é muito superior àquilo que é nos outros. Por fim, a questão demográfica e migratória, em que Moçambique também é muito díspar das nossas outras operações. Quando começámos, em 2013, a receita passava por implementar toda a estratégia que advinha da experiência do Quénia, onde o M-Pesa surgiu em 2007. E ele aí foi um sucesso porque devido a ser uma solução pa-
ra o envio de dinheiro para longas distâncias, recordando que, ali, Mombassa e Nairobi têm mais de 50% da população, pessoas que migram do interior para aquelas cidades. Em Moçambique isso não é assim. Portanto, um modelo de negócio que estava alinhado com este tipo de premissa não resultaria, porque essas correntes migratórias são muito escassas em Moçambique. Maputo até é uma cidade pequena, relativamente àquilo que é o tamanho do País e à população global. Nampula e Zambézia têm 50% da população que não se está a movimentar para Sul. Então o negócio do M-Pesa em Moçambique é um caso particular a nível do grupo, porque resultou mais pelos pagamentos e não pelo lado das transferências de longa distância para substituir os métodos antigos de enviar dinheiro para as famílias.
Voltando à vossa mudança estratégica. O que mudou então?
A população rural e o meio agrícola, são vectores a que estamos a dar muito ênfase agora porque estamos a tentar, efectivamente, criar soluções para as suas necessidades e no meio deste pensamento, percebemos que há inúmeras entidades
SÉRGIO GOMES
Sérgio Marques Gomes é Managing Director da Vodafone M-Pesa na Vodacom Moçambique desde dezembro de 2022. Antes, foi Chief Operating O cer no FNB Moçambique e ocupou vários cargos de liderança na área de serviços nanceiros, tanto em Moçambique como no exterior, incluindo na Accenture no Médio Oriente. Possui um MBA pela e Lisbon MBACatólica | Nova e um Mestrado em Integração Económica Regional pela Universidade Católica Portuguesa.
em Moçambique com um propósito semelhante: inclusão financeira. E todos nós temos o mesmo problema, estamos orientados para um desígnio comum mas a trabalhar de forma isolada, ou relativamente isolada, e não falo das entidades financeiras, porque aí existe uma estratégia de inclusão financeira que é promovida pelo Banco de Moçambique e que agrega bem todo o sistema financeiro. Mas depois existem ONG, organizações de desenvolvimento, empresas privadas, o sistema académico, entidades públicas. Todas com um mandato específico ou com um propósito específico relativo à inclusão financeira e que estão a seguir um programa com um objectivo comum mas de uma forma diferente, sem grande comunicação ou integração entre si. E nós percebemos que não estávamos a falar. Portanto, não existia uma comunicação activa, ou uma partilha activa entre todos e não estávamos a conseguir potencializar o que cada entidade estava efectivamente a fazer. Então o primeiro FinTalks nasce da necessidade de, primeiro, nos conhecermostodos,eperceberoquecadaumestá a fazer neste sentido para tentarmos fundar uma plataforma que se baseia
numa conferência anual que arrancou em 2023, e que junta todas estas entidades, mas, que entretanto se multiplica numa série de iniciativas que continuam a trazer ao de cima o potencial da parceria entre todos com um mesmo objectivo, a aceleração da inclusão financeira em Moçambique.
O que é que já resultou desse debate?
Em primeiro lugar, e para além da revisão estratégica que nos levou a pensar que, mais do que uma carteira, temos de dar acesso a todos aqueles serviços financeiros que de facto vão ter um impacto positivo para a sociedade, para a actividade económica e o empoderamento económico. Só para dar mais uma nota sobre o Fintalks, o programa de facto evoluiu e este ano, não só a nível do showcasing que nós fizemos das parcerias, também inaugurámos o nosso podcast, em que estamos a sair de Maputo para dar voz a todas estas entidades que estão pelo País e que têm impacto no caminho da inclusão financeira. E também quisemos integrar o meio universitário em tudo isto, como um motor de criatividade e de geração de novas ideias e soluções para acelerar a inclusão financeira vendo a população como um todo. Este ano tivemos uma sessão experimental em que convidámos três universidades. No próximo, o objectivo será conseguir ter a participação da generalidade das universidades e dos institutos de ensino do País.
Depois, e olhando à criação de serviços para essa faixa da população, lançaram uma ‘Super App’ que entra nesta lógica também. Em que medida? Sim, foi apresentada na primeira Fintalks, e isto é muito importante porque tem que ver com a questão do M-Pesa ser uma plataforma que tem de estar aberta. Já tínhamos essa prerrogativa através das nossas Open API em que qualquer entidade já podia, por si só, tendo conhecimento suficiente, fazer uma integração dos seus meios de pagamento. E também temos centenas de developers moçambicanos registados connosco e que estão capacitados para poderem fazer este desenvolvimento e esta integração para qualquer entidade. A ‘Super App’ segue o mesmo caminho mas aqui já é uma aplicação, na qual abrimos espaço para toda e qualquer entidade lá poder colocar uma ‘Mini App’, criando assim um ecossistema de vários aplicativos e vários serviços aos nossos clientes.
Qual é a grande vantagem que isto traz?
Uma aceleração comercial de contacto com os clientes que de outra forma estas entidades não tinham. E do nosso lado, providenciamos o acesso a serviços que antes não havia, de micro-crédito, por exemplo, como é o caso do Txuna, que é apoiado pelo Access Bank, os micro-seguros de funeral, lançados pela Sanlam, ou um mais recentemente apresentado pela seguradora Hollard, em que o utilizador de M-Pesa pode adquirir um seguro automóvel de forma rápida e prática na sua app, entre muitos outros serviços. Enquanto plataforma que já somos, temos 6 milhões de consumidores activos e uma base de subscrição que já ultrapassa 10 milhões e, por outro lado, temos todas as empresas que precisam de conseguir chegar a estes consumidores, precisam de conseguir apresentar os seus produtos as suas soluções a este público e também de colectar os seus pagamentos de forma simples, e podem fazê-lo dentro do nosso ecossistema. As ‘Mini Apps’ funcionam também num esquema pare-
cido com o da Open API em que existe um portal de desenvolvimento disponível para qualquer developer do País que, utilizando a informação que lá está, consegue desenvolver a aplicação e depois enviar para nós para poder ser publicada.
Quantos serviços já estão disponíveis dessa forma?
Já temos nove aplicações activas e neste momento estamos a proceder ao lançamento de uma a duas por mês, sendo que esperamos uma aceleração progressiva durante o próximo ano para atingir a centena de 'Mini Apps' muito rapidamente.
E essas aplicações estão disponíveis via USSD, uma vez que no meio rural não existe ainda acesso massificado à Internet?
Sim, no meio rural a penetração de smartphones é inferior à dos meios urbanos. Portanto, quando pensamos em plataformasena'SuperApp',nãopodemosesqueceressarealidade.Epararesponderaisso, o nosso negócio enquanto plataforma a presenta-se com três canais, sendo que
O M-PESA
Desde o seu lançamento em 2007, tem sido fundamental para a inclusão nanceira em vários países africanos. No Quénia, onde foi criado, apresenta uma ampla gama de serviços nanceiros, de pagamentos móveis aos microempréstimos, tem promovido uma transformação signi cativa no sector nanceiro.
Além disso, serviços como o M-Shwari, em parceria com o CBA Bank, oferecem a possibilidade de poupança e crédito rápido, promovendo a gestão nanceira e ciente.
Em Moçambique, onde surgiu há 11 anos, em 2013, tem hoje mais de 6 milhões de clientes activos.
dois deles estão disponíveis nas zonas rurais e, ainda que tenha alguma limitação na experiência do utilizador, são robustos o suficiente para apresentar muitos destes benefícios para a população que utiliza primordialmente o USSD. E depois há a rede de agentes que vai começar a vender muitos destes serviços. Vamos apostar também em continuar progressivamente a capacitar essa rede para providenciar serviços mais especializados e que necessitam de um contacto humano dentro da nossa plataforma. A especialização que queremos trazer para a rede de agentes estende-se a todos os serviços que necessitem de uma interacção humana, o que transforma a rede de agentes num elemento fundamental da plataforma. E isto completa aquilo que é o pensamento de plataforma enquanto M-Pesa. No entanto, tudo isto precisa de uma aceleração da digitalização dessas zonas rurais também. O que implica a educação, que é muito importante, mas também a melhoria dos aparelhos usados. Felizmente a nossa estratégia decorre em paralelo com a da Voda-
com para proceder com essa aceleração e temos um serviço que se chama ‘Pouco Pouco’, que passa pelo financiamento de smartphones à população rural. E depois o caminho será alargar os serviços. Se em ambiente urbano faz sentido ter um serviço como o do Txuna, que é um financiamento ao consumo, no meio rural terá toda a lógica criar serviços de financiamento ligados à agricultura, por exemplo, e aqui, a rede de parceiros na plataforma é fundamental. Já existem alguns modelos em modo experimental a avançar, por exemplo com a Portucel Moçambique, em que estão a criar soluções de pagamento com serviços financeiros associados utilizando à nossa plataforma. Por isso o M-Pesa abriu-se para ir buscar o máximo possível de parceiros para poder amplificar o acesso.
A banca pode ser um parceiro desta estratégia?
Já o é, como disse, através do Txuna, mas há espaço para mais, claro. O maior problema é que continuamos a identificar,
çarmos a criar instrumentos financeiros que possam suportar o crescimento económico da população de baixa renda. E é para aí que nós temos que virar, a inclusão financeira também é isso.
Até porque inclusão financeira serve para isso mesmo, incluir... Sim, acreditamos que inclusão financeira é um conceito mais abrangente que apenas só o número de balcões, ATM, POS, ou o número de pessoas com contas bancárias e móveis. Entendemos o conceito como o número de pessoas, empreendedores, micro e pequenas empresas com acesso a financiamento, o número de pessoas com seguros, ou com uma conta poupança de algum tipo. Estas métricas são fundamentais para medirmos a efectividade do que estamos a fazer. A plataforma está aberta e disponível para que os serviços dos bancos possam ser tramitados e colocados, há disponibilidade de toda a nossa base de clientes. Nós, M-Pesa, não temos ambição nenhuma de
"Para termos um ecossistema digital viável têm de haver várias formas de interacção e transacção, de pagamento e aplicações diversas que respondam às necessidades da população"
e isso está associado a alguma estagnação do crescimento do sector bancário em termos de inclusão da população, é que há um rol de serviços que predominantemente são fornecidos por bancos a que a generalidade da população continua a não ter acesso, exactamente pelas ineficiências que a capilaridade do sistema bancário tem neste momento. Porque a realidade é que o número de balcões não aumentou e o de ATM decresceu de forma bastante visível nos últimos anos. Isto significa que pode haver uma integração cada vez maior entre o sistema financeiro e as carteiras móveis para conseguirmos começar a trazer estes serviços e a aumentar a capilaridade. Este será o grande exercício que tem de ser feito nos próximos anos e é nisso que queremos continuar a ser líderes. Creio que tem de haver uma adaptação progressiva do sistema bancário para oferecer mais serviços através destes canais, de integrar-se melhor e de se abrir mais para as carteiras móveis, mas tem de haver também espaço e um quadro regulatório favorável a isto ocorrer para come-
estar licenciados para financiar ou adquirir depósitos. O nosso negócio é atribuir e garantir acesso e criar uma plataforma onde as entidades possam interagir. E ela está criada. Portanto, neste momento a abertura do nosso lado é plena para que qualquer entidade financeira possa vir colocar os seus serviços através da nossa plataforma e, assim, ajudar à inclusão de milhões de moçambicanos dos meios rurais no sistema financeiro.
Daqui por cinco anos, em que ponto estará o M-Pesa?
O nosso plano é que, efectivamente, seja uma plataforma que presta serviços que tragam valor acrescentado a todo o ambiente rural, com as funções específicas que têm de existir lá, e muito mais adaptadas a essa realidade de milhões de pessoas. Para que tenhamos a generalidade da população que hoje vemos a ter acesso a uma carteira móvel, a poder usufruir de serviços e instrumentos financeiros que tenham impacto na sua actividade e nas suas vidas. É nisso que acreditamos e para o qual trabalhamos.
“Custos de Transacção São
Elevados e Impedem Maior Inclusão Financeira”
Os serviços nanceiros chegam a cada vez mais Moçambicanos, mas os custos de transacção, as exigências feitas às ‘‘ ntech’’ e a parca educação nanceira travam maiores progressos. A análise de Carlos Mondle, gestor de serviços nanceiros digitais da FSD Moç.
Texto Celso Chambisso • Fotografia D.R.
AFinancial Sector Deepening Moçambique (FSD Moç.), associação para a inclusão financeira, foi criada há dez anos, trabalhando com empresários, reguladores do sector financeiro, seguros e telecomunicações, com os quais assinou memorandos de entendimento. Nos últimos anos, passou de um programa co-financiado pelo Reino Unido e Suécia para uma cooperativa e, mais recentemente, converteu-se numa fundação (em processo de lançamento público). O seu âmbito deve alargar-se para as finanças verdes e impacto das mudanças climáticas. Em representação da FSD Moç., Carlos Mondle, gestor de serviços financeiros digitais, fala à E&M dos grandes desafios do sector.
Têm sido criadas soluções digitais que expandiram o acesso aos serviços financeiros. Em que medida?
A avaliar pelos esforços feitos no quadro da Estratégia Nacional de Inclusão Financeira 2016–2022, houve uma subida bastante significativa. Um relatório recente do Banco de Moçambique sobre inclusão financeira indica que nove em cada dez adultos tem uma conta de moeda electrónica – o que não acontece, por exemplo, com as contas bancárias. Este progresso aconteceu graças à
informatização e cobertura por Internet móvel, que chegou às províncias, distritos e localidades. Muitos procuram, hoje, ter uma conta electrónica, mas também querem um agente que tenha dinheiro para possibilitar depósitos e levantamentos. Aí está o próximo desafio: tornar o processo útil, dispensado o numerário.
Ou seja, discute-se um acesso mais eficiente e disseminado aos meios financeiros eletrónicos?
O que está a faltar?
A transformação qualitativa já começou: digitalmente já é possível pagar serviços e produtos como energia eléctrica, água, televisão, recargas de telemóvel, mas é preciso alargar muito mais o leque de serviços até ao ponto em que o numerário comece a ser dispensável. A preocupação, agora, é pôr os utilizadores a fazer transacções usando as suas diversas contas electrónicas [interoperabilidade]. Outra questão é que ainda não se acumulam muitas poupanças e isso é preocupante, porque é a poupança que tem influência no desenvolvimento económico. Quanto aos empréstimos, sinto que o mercado cresceu, embora ainda haja muito espaço por explorar. Por exemplo, verifica-se que as pessoas estão cada vez mais endividadas no M-Pesa (carteira virtual da Vodacom) e solicitam cada vez mais serviços do E-Mola (Movitel) para fugir à dívida. Isto pode ser mais uma razão para o
“O Banco Central exige que as ‘fintech’ aprimorem critérios de risco e que tenham um capital social mínimo de cerca de 100 mil dólares. Mas elas não têm essa capacidade
crescimento no número de subscritores do E-Mola. Mas isto não é qualidade. Então, o que é que podemos fazer do ponto de vista de educação financeira para as pessoas perceberem que é com a mesma conta que usam no dia-a-dia que devem procurar pequenos financiamentos? É isto que faz parte do desenvolvimento. Um relatório do Banco de Moçambique, que avalia a educação financeira no País, refere que o nível de conhecimento em finanças ainda é reduzido para a maioria da população, ou seja, está muito aquém do desejável. Assim, a próxima Estratégia de Inclusão Financeira, até 2030, poderá ter a educação financeira como prioridade, depois de uma primeira fase em que o foco era a expansão de serviços.
Mas não há iniciativas do Banco de Moçambique e dos bancos comerciais na promoção da educação financeira?
Há um esforço do regulador que deve ser reconhecido. A educação é feita através de programas de rádio e de outros órgãos públicos de comunicação social. Mas, infelizmente, a maioria das pessoas não tem o hábito de escutar rádio ou ler jornais. Penso que a solução deveria passar por introduzir este tipo de conhecimento no ensino básico, até ao sétimo ano de escolaridade. Em relação aos bancos comerciais, noto que fazem um tipo de educação ou literacia em finanças que está mais focado em publicitar o seu produto. Por isso, acredito que a solução seja, além da educação no ensino básico, que o Banco de Moçambique comece a supervisionar todos os operadores (bancos, micro-bancos, operadores de moeda eletrónica e ‘fintech’) num trabalho conjunto para aprimorar a educação financeira. Infelizmente, não há sinal de que isso venha a acontecer.
CARLOS MONDLE
Gestor de Serviços Financeiros
Digitais da FSD Moç.
Em Janeiro deste ano, o Banco de Moçambique reportou a redução do número de caixas ATM em 12%, desde 2020. Estaremos perante os primeiros sinais de desinvestimento na expansão física dos bancos?
Para um banco, ter uma ATM numa região remota representa um custo diário com colocação de dinheiro, energia, segurança, limpezas, toda a manutenção. Todo este custo, às vezes, não compensa. Para que a ATM seja lucrativa, tudo depende do número de transacções nela feitas, pelo que alguns bancos mantêm as suas ATM apenas por uma questão de imagem ou de marketing, não por serem rentáveis. O que os bancos vão fazer, tendencialmente, é alargar a rede junto de pequenos comerciantes através de apa-
relhos POS. Temos notado também que muitas pessoas que têm conta bancária, fazem um movimento por mês, para levantar ou transferir o salário para uma conta móvel – que é muito mais flexível e prática. As três instituições de Moeda Electrónica (e-Mola, mKesh e M-Pesa) têm entre si um número maior de contas do que todo um sistema bancário, que já existe há cerca de 50 anos.
Quais são os grandes problemas regulatórios que a FSD Moç. identificou no sector financeiro, e que, eventualmente, estejam a influenciar o aumento dos custos de transacção?
O Banco do Moçambique fez uma revolução notória na componente regulató-
ria. Primeiro, mexeu na lei das instituições e sociedades financeiras, e permitiu que estas reconheçam as instituições de moeda electrónica e os provedores de serviços de pagamentos como novos actores, a par dos bancos e microbancos. Segundo, criou a regulamentação específica para os provedores de serviços de pagamentos. As ‘fintech’ têm hoje um regulamento. O problema disso é que o banco central exige que esses provedores aprimorem critérios de risco e tenham um capital social mais elevado. O capital social mínimo para estar no mercado é de cerca de 100 mil dólares (6,3 milhões de meticais). E as ‘fintech’, que são empresas pequenas, não têm capacidade para cobrir esse custo. De um modo geral, não acho que haja um problema
“De cada vez que alguém vai ao telemóvel consultar um saldo, fazer uma transferência ou pagar um serviço, o operador em causa (M-Pesa, M-Kesh ou E-Mola) paga uma taxa ao INCM”
da regulamentação. A grande questão é: como tornar a regulamentação mais leve para que os pequenos actores possam operar em melhores condições?
As ‘fintech’ também manifestam insatisfação com o aviso emitido pelo Instituto Nacional de Telecomunicações de Moçambique (INCM) de introduzir novas cobranças sobre as suas actividades, a partir de 2025. Não estaremos a desincentivar as ‘fintech’? Há cerca de quatro anos, a FSD Moç. fez um estudo que se referia aos elevados custos de transacção. Até hoje, estes custos continuam altos e impedem uma maior inclusão financeira por via das contas electrónicas. Felizmente, o INCM publicou um anúncio, há poucas semanas, a pedir propostas de empresas que vão fazer consultorias visando a redução desses custos. Só para ter uma ideia, ca-
da vez que alguém vai ao telemóvel consultar um saldo, fazer uma transferência ou pagar um serviço, o operador em causa (M-Pesa, M-Kesh ou E-Mola) paga uma taxa ao INCM. É com base nestes custos que se marcam os preços de transacções para o consumidor final que ficam, obviamente, mais elevados. O que seria desejável era que essa cobrança fosse feita uma vez por dia, independentemente do número de transacções que vierem a ser realizadas.
Então, podemos prever um futuro em que estes custos possam baixar?
Sim, porque essa é também, por um lado, uma forma de impulsionar a inclusão financeira, e, por outro, de aumentar a qualidade, no sentido em que as pessoas vão poder fazer transacções, sem receio de várias cobranças. Os bancos estão cientes de que é preciso baixar os custos, seja no ‘internet banking’, seja nos aparelhos POS ou nas ATM. Eventualmente, po-
deremos esperar uma situação em que a primeira transacção do dia seja gratuita. Ou um cenário em que, simplesmente, haverá uma redução de tarifas.
Falou em finanças verdes como um dos novos focos da FSD Moç. Do que se trata e quais as metas que pretendemos alcançar enquanto País ?
Fizemos um estudo e desenvolvemos um cronograma para acções que têm de ser desenvolvidas, para identificarmos actores que devem ser envolvidos, para implementar as finanças verdes em Moçambique. Temos de definir qual é o papel de cada um, bancos, seguradoras, e instituições do Governo. E esse guião foi entregue ao Ministério da Economia e Finanças, que é a tutela financeira do Estado. Por exemplo, como podem, as seguradoras financiarem um sector agrícola pouco mecanizada e que depende da chuva? Em épocas de fraca pluviosidade, os produtores não conseguiriam produzir quantidades suficientes para comercializar e honrar os seus compromissos financeiros. Aí entram as finanças verdes, que pressupõem linhas que financiam a produção em situações de maior risco, a par de financiamento a projectos amigos do ambiente. Quénia, Zâmbia e Uganda já desenvolveram essas soluções financeiras e apresentam bons resultados.
Exclusão Acentuada em Tempos de Grande Expansão
Na última década, os países africanos investiram muito na expansão de serviços nanceiros e alcançaram números impressionantes, mas muitas comunidades permanecem excluídas. É um desa o que África precisa de ultrapassar para encontrar o caminho do desenvolvimento
Texto
Celso Chambisso • Fotografia D.R.
Porque é que a expansão dos serviços financeiros continua a deixar de fora parte importante da sociedade africana? E o que se deve fazer para aproveitar todo o esforço feito desde 2011? Um estudo do Banco Mundial, feito durante uma década (2011 a 2022), traz as respostas. O trabalho intitulado “Inclusão financeira na África Subsaariana – Visão geral” baseou-se em 36 dos 47 países da região e concluiu que o acesso a serviços financeiros (tradicionais ou ‘mobile’) mais do que duplicou desde 2011, abrangendo 49% dos adultos. Mas este resultado não reflecte um desempenho similar de todos os países avaliados. Por exemplo, olhando para os casos extremos, no Sudão do Sul, o aumento foi de 6%. Nas Maurícias foi de 91%. Em 16 das 36 economias avaliadas, mais de 50% dos adultos tinham uma conta em 2022. Outros dos casos de sucesso são o Quénia (79%), Senegal (56%) e África do Sul (85%). Entre 2017 e 2022, nove das 36 economias registaram um crescimento de dois dígitos no número de contas de serviços financeiros, impulsionado, na sua maioria, pela adopção das designadas carteiras móveis. Os casos mais destacados foram os do Senegal e da África do Sul, cada um com um crescimento de cerca de 15 pontos percentuais. Em contraste, algumas economias, como o Quénia, não mostraram crescimento e outras até regrediram. Segundo o Banco Mundial, as causas para estas variações estão relacionadas com a estabilidade política, regulamentação do sector financeiro, competição entre fornecedores de serviços financeiros, dimen-
são do ecossistema financeiro e efeitos da pandemia da covid-19.
O papel do ‘mobile money’
As carteiras móveis ou dinheiro móvel, ‘depositado’ e gerido no telemóvel, ganhou uma significativa atenção na África Subsaariana na última década, devido à forma como ajudou a expandir o acesso e uso de serviços financeiros tradicionais. O Quénia é famoso pelo seu mercado robusto e pioneiro. Em 2014, o primeiro ano em que o Global Findex do Banco Mundial fez a recolha de dados sobre as taxas de penetração do dinheiro móvel, 58% dos adultos naquele país já tinha uma conta. Em comparação, 55% dos adultos tinha uma conta bancária tradicional.
A África do Sul também tinha uma taxa relativamente alta de contas tradicionais em 2014, a rondar 70%. A adopção do dinheiro móvel foi mais modesta, apenas 14%, mas esses serviços eram totalmente adicionais, já que quase 100% dos proprietários de contas em dinheiro móvel também tinham uma conta bancária. O país continuou a aumentar a parcela de adultos com contas bancárias (84%, em 2021) e dinheiro móvel (37%, também em 2021).
Em contraste, Mali e Senegal (no extremo oposto) mostram um padrão que é mais comum entre economias que tinham taxas muito baixas de posse de contas bancárias. Mas desde a introdução do dinheiro móvel, ambas as economias têm visto aumentos constantes de posse de contas, de tal modo que 44% e 56% da população, respectivamente, têm agora uma conta (de qualquer tipo). Em ambas as economias, as ta-
O QUE DEVE MUDAR?
As tendências de adopção e uso, combinadas com os desafios contínuos que as economias enfrentam para fornecer serviços financeiros de forma equitativa, apontam para duas oportunidades de expandir a inclusão financeira na região: informatização de pagamentos e acesso à documentação. Mais de 80 milhões de adultos não bancarizados na África Subsaariana recebem pagamentos por produtos agrícolas em dinheiro. A informatização destes pagamentos pode levar uma parcela de adultos não bancarizados a adoptar contas formais e a um aumento na inclusão financeira. “Fazer pagamentos agrícolas por meio de telemóvel – dispositivo que 45% dos beneficiários de pagamentos agrícolas sem conta bancária têm – pode ser útil para agricultores que vivem em áreas rurais remotas”, conclui o relatório do Banco Mundial.
Apesar do progresso geral na promoção da inclusão financeira em todo o continente, há lacunas significativas no acesso a contas para mulheres, jovens, adultos mais pobres, com menor escolaridade e população rural
População da África
Subsaariana com acesso aos serviços naceiros em 2021, representando mais do dobro de 2011
EXPANSÃO SUBSTANCIAL DO ACESSO
O dinheiro móvel foi determinante, excepto no caso da África do Sul, enquanto no Quénia ocorre o contrário: há poucas pessoas a utilizar apenas as contas bancárias. Senegal e Mali são o outro extremo do continente, mas em ascensão
Adultos com acesso a serviços nanceiros em % (2014, 2022)
Conta apenas numa instituição nanceira
Conta apenas de dinheiro móvel
FONTE Global Findex 2021, Banco Mundial
Na África Subsaariana, 52% dos adultos constituíram poupanças, uma parcela maior que os 42% que conseguem poupar nas economias em desenvolvimento
xas de adopção de contas de dinheiro móvel cresceram mais rapidamente entre 2014 e 2017 do que as taxas de crescimento de contas bancárias. Mas entre 2017 e 2022, as taxas de crescimento para os diferentes tipos de contas foram mais uniformes.
A exclusão dos “vulneráveis” Apesar do progresso geral na promoção da inclusão financeira em todo o continente, há lacunas significativas no acesso a contas para mulheres, jovens, adultos mais pobres, com menor escolaridade e para a população rural. No que se refere ao género, a exclusão da mulher na região representa o dobro da registada na média das economias em desenvolvimento.
As economias que fizeram grandes avanços para impulsionar o acesso equitativo incluem o Mali, que reduziu drasticamente a exclusão da mulher: de 20% em 2017 para apenas 5% em 2021. Já a África do Sul é o país da região onde as assimetrias de género são mais reduzidas. Entretanto, em nenhuma destas economias, o dinheiro móvel, por si só, foi responsável por uma redução das assimetrias de género. Em vez disso, tanto no Mali como na África do Sul, mulheres e homens ganharam posse de contas de dinheiro móvel e contas bancárias.
Já no caso do Quénia, onde a disparidade de género permaneceu inalterada, o dinheiro móvel trouxe uma parcela maior de mulheres para o sistema financeiro formal do que os bancos.
AUMENTO DA POUPANÇA...
O dinheiro móvel pode ajudar a formalizar mais as economias...
Poupanças através de outros métodos
... E DE EMPRÉSTIMOS
... assim como a integrar mais habitantes no acesso a crédito formal
Empréstimos formais
Empréstimos através de outros métodos
No Senegal, a disparidade de género subiu, mas a posse de contas, em geral, aumentou quase dez vezes na última década – uma história de sucesso, apesar de o crescimento ocorrer mais lentamente para mulheres do que para os homens. Assim, no Senegal, são mais as mulheres que têm contas de dinheiro móvel (38%) do que as que têm contas bancárias (24%).
As barreiras à inclusão?
A pesquisa Global Findex perguntou aos adultos não bancarizados porque não têm sequer uma conta tradicional. O motivo mais comum foi a falta de liquidez. Outras razões frequentemente apontadas incluíram a falta de documentação, como um bilhete de identidade ou comprovativo de residência.
A distância de uma agência física e o custo dos serviços financeiros também foram motivos recorrentes, ou seja, parece haver um mercado para produtos mais económicos e acessíveis digitalmente. Mas também há barreiras específicas no contexto dos serviços financeiros digitais como, por exemplo, a falta de um telemóvel!
Adultos com alguma poupança em %, 2021/2022
Adultos que assumiram empréstimos em % (2021/2022)
África Subsaariana
FONTE Global Findex 2021, Banco Mundial
Poupanças formais
Poupanças
Bassirou Diomaye Faye, Presidente do Senegal, dissolveu o Parlamento num esforço para consolidar o poder e implementar reformas. O mais jovem líder eleito de África, com uma vitória esmagadora nas eleições presidenciais de Março, encontra-se num impasse com uma Assembleia Nacional dominada
por deputados leais ao seu antecessor, Macky Sall. A dissolução ocorreu depois de o Parlamento ter bloqueado uma revisão da constituição e apresentado uma moção de censura contra o primeiro-ministro. Agora, a decisão está nas mãos do eleitorado. As eleições legislativas estão marcadas para 17 de novembro.
África
Preço do café sobe: grãos roubados como se fossem ouro
Agricultores em várias plantações de café africanas estão a montar sistemas de vigilância ou simplesmente a soltar os cães para impedir que os ladrões levem os grãos directamente das árvores, na calada da noite.
O problema agravou-se à medida que os preços dispararam, especialmente de-
pois da seca no Vietname, um importante produtor. Toda o mercado global está afectado. Duas associações agrícolas no Uganda, o segundo maior produtor de África, a rmam que o roubo de café atingiu níveis sem precedentes. Além de levarem o café, os saqueadores dani cam as árvores.
Sudão Para onde foram os artefactos saqueados em Cartum?
Suspeita-se que grupos armados que travam uma guerra civil no Sudão tenham saqueado artefactos de valor inestimável de um museu que alberga grande parte do património cultural da nação, no Norte de África. Os combatentes levaram caixas com estátuas antigas, vasos e outros artigos do Museu Nacional da capital, Cartum, no ano passado.
A agência das Nações Unidas, UNESCO, disse estar “profundamente preocupada” com os relatos de pilhagens e danos em vários museus no Sudão. O conito assola o Sudão desde Abril. Cerca de 150 mil pessoas morreram e 10 milhões foram deslocadas.
do Sul UE nancia projectos de hidrogénio verde
A União Europeia fornecerá duas subvenções, no total de 35 milhões de dólares, para ajudar a África do Sul a impulsionar a sua indústria de hidrogénio verde. Os apoios permitirão ao país tirar partido dos seus abundantes recursos eólicos e solares para produzir hidrogénio, sem energia oriunda de queima de combustíveis.
O caminho é visto como uma potencial alternativa limpa aos combustíveis fósseis utilizados para abastecer navios e a indústria pesada. Ao ser produzido através de energia renovável para dividir a água e libertar hidrogénio, deixa de contribuir para o aquecimento global e afectar as alterações climáticas.
Zimbabué
ZiG, sexta tentativa do banco central para lançar uma moeda
O ZiG é a sexta tentativa do Zimbabué para estabelecer uma moeda funcional em 15 anos. O banco central prometeu “duplicar esforços” contra os “sabotadores cambiais” que a rma estarem a alimentar o declínio da moeda nacional apoiada em metais preciosos no mercado paralelo.
A diferença cada vez maior entre as taxas o ciais e de rua do ZiG deve-se a “alguns comerciantes e indivíduos sem escrúpulos”, disse o governador John Mushayavanhu à Bloomberg.
Somália
Alerta: Estado Islâmico mobiliza fundos
O Estado Islâmico na Somália, a liado no Corno de África daquele grupo terrorista global, cresceu em in uência através da sua capacidade de mobilizar fundos para desembolso à rede no continente, de acordo com a consultora Crisis Group. Cabo Delgado, no norte de Moçambique, é uma das regiões suspei-
Somália
tas de estar na sua esfera de in uência. Embora o impacto seja ofuscado pelo maior rival Al Shabaab, que está ligado à Al Qaeda, os recursos na Somália parecem desempenhar um papel crucial nas operações do Estado Islâmico, segundo um relatório da Crisis Group, com sede em Bruxelas.
Turquia estuda testes de foguetões
A Turquia manteve conversações com a Somália sobre a criação de um local para testar mísseis e foguetões espaciais. Aquele país africano terá a localização ideal para disparar projécteis de longo alcance em direção ao oceano Índico. A proximidade do país ao equa-
dor torna-o também num local adequado para um porto espacial. A Turquia aspira há muito juntar-se à corrida espacial tradicionalmente dominada por potências globais, e os planos para lançar um foguetão estão em preparação há alguns anos.
Quénia
Gautam Adani quer aeroporto, quenianos em alvoroço
A segunda pessoa mais rica da Ásia ofereceu-se para remodelar e gerir o principal aeroporto do Quénia, uma proposta que está a criar polémica. O controverso bilionário Gautam Adani, habituado a enfrentar tempestades políticas na Índia, fez uma oferta para assumir o controlo do Aeroporto Internacional Jomo Kenyatta, gerido pelo Estado, na capital do país, durante 30 anos.
Tanzânia
Um tribunal queniano suspendeu o plano: os opositores argumentam que viola os princípios constitucionais de boa governação, transparência e utilização responsável dos dinheiros públicos. Os trabalhadores dos aeroportos também estão preocupados com os seus empregos: zeram uma greve de um dia inteiro que deixou milhares de viajantes retidos.
Autoridades investigam raptos de guras políticas e críticos do Governo
A Presidente da Tanzânia, Samia Suluhu Hassan, ordenou uma investigação sobre o rapto de guras políticas e críticos do Governo, após o sequestro e assassinato de um alto membro do Chadema, principal partido da oposição. Hassan, que chegou ao poder em 2021, quando
John Magufuli morreu em funções, procura aumentar a con ança, enquanto o país se prepara para uma votação para o poder local, em Novembro. Esta disputa dará uma indicação do apoio ao partido no poder, Chama Cha Mapinduzi, antes das eleições gerais do próximo ano.
Quais São as Maiores Economias e as Que Mais Crescem?
O relatório World Economic Outlook, do FMI, prevê que a África do Sul se torne na maior economia africana este ano. No campeonato do crescimento, Moçambique poderá ter o 16.º melhor desempenho
Texto Direcção • Fotografia D.R.
Diz-se que um campeonato desportivo é competitivo quando existe equilíbrio entre as equipas candidatas ao título e incerteza quanto ao vencedor (caso, por exemplo, da Premier League no futebol). Se aplicarmos este mesmo princípio à economia africana, podemos dizer que também se trata de um campeonato competitivo. Em 2022, a Nigéria era a maior economia, seguida do Egipto e África do Sul; em 2023, o Egipto ascendeu à liderança, seguido da África do Sul e da Nigéria e, este ano, a acreditar nas previsões do Fundo Monetário Internacional (FMI), a África do Sul será a maior economia do continente, seguida do Egipto e Argélia (que relega a Nigéria para quarto lugar).
Nos lugares seguintes deste prognóstico estão Etiópia, Marrocos, Quénia, Angola, Costa do Mar m e Tanzânia. Moçambique repete o 21.º lugar de 2023, com um PIB nominal avaliado em 22 mil milhões de dólares.
“Moçambique cresce 5% este ano No “campeonato do crescimento”, segundo as estimativas do World Economic Outlook, do FMI, Moçambique será, este ano, o 16.º país africano com a maiorvariaçãodoPIBfacea2023:5%de crescimento, acima da média da África
Subsaariana de 3,8%. Em comparação com os países vizinhos, só a Tanzânia regista um melhor desempenho (5,5%), o Quénia tem o mesmo nível de crescimento (5%), ao passo que a Zâmbia (4,7%), Maláui (3,3%), Zimbabué (3,2%) e, sobretudo, a África do Sul (0,9%) expandem-se menos.
Para 2025, a previsão do FMI mantém um crescimento de 5% para Moçambique (acima da média regional de 4%), o que equivale ao 21.º maior desempenho entre 53 nações africanas. Acima de Moçambique estará a Tanzânia (6%) e o Quénia (5,3%) e abaixo carão Zâmbia (4,8%), Maláui (3,8%), Zimbabué (3,2%) e África do Sul (1,2%).
A economia mundial segue lenta O FMI prevê que a economia mundial continue a crescer na ordem dos 3,2% durante 2024 e 2025, o mesmo ritmo de 2023. Projecta também uma ligeira aceleração para as economias avançadas, onde o crescimento deve aumentar de 1,6% em 2023 para 1,7% em 2024 e 1,8% em 2025. Entretanto, uma desaceleração modesta é esperada nas economias emergentes e em desenvolvimento, de 4,3% em 2023 para 4,2% em 2024 e 2025. Enquanto se projecta um crescimento tímido do PIB, as previsões de inação são animadoras: a in ação global deve cair de 6,8% em 2023 para 5,9% em 2024 e 4,5% em 2025.
O FMI prevê que as economias emergentes serão as que mais irão crescer
AS ECONOMIAS AFRICANAS QUE MAIS CRESCEM
Variação do PIB
1Níger 10,4%
2Senegal 8,3%
3Líbia 7,8%
4Ruanda 6,9%
5Costa do Marm 6,5%
6Djibouti 6,5%
7Etiópia 6,2%
8Gâmbia 6,2%
9Benin 6,0%
10Sudão do Sul 5,6%
16Moçambique 5,0%
1Senegal10,4%
2Ruanda8,3%
3Líbia7,8%
4Sudão do Sul6,9%
5Etiópia6,5%
6 Ugabda 6,5%
7Costa do Mar m6,2%
8Libéria6,2%
9 Níger 6,0%
10Benin5,6%
21Moçambique 5,0%
MAIORES ECONOMIAS DE ÁFRICA
PIB nominal, em milhões de dólares
1Nigéria477 2Egipto475 3África do Sul405 4Argélia225 5Marrocos130 6Angola122 7Etiópia118 8Quénia113 9Tanzânia74 10Costa do Mar m72
1Egipto393 2África do Sul377 3 Nigéria 347 4Argélia244 5Etiópia159 6Marrocos144 7Quénia108 8Angola94 9Costa do Mar m79 10Tanzânia79
África do Sul373
Egipto347
Argélia266 4 Nigéria252
Etiópia205
Marrocos152
Quénia104
Angola92 9 Costa do Marm86 10 Tanzânia79
Stélio Tauzene • Responsável pelo Departamento de Operações de Crédito e Jurídico no FNB Moçambique
Modalidades de Garantias Bancárias –Hipoteca
Oprocesso de análise de solicitação de financiamento requer, frequentemente, a apresentação de garantias por parte do solicitante. A constituição de hipoteca é uma das garantias de crédito mais importantes e comuns no mercado financeiro moçambicano e internacional.
Geralmente, as hipotecas incidem sobre bens imóveis e móveis sujeitos a registo, pertencentes ao cliente ou a terceiros.
As hipotecas são garantias fundamentais na análise e pré-aprovação de crédito pois reduzem o risco de crédito, tornando-o mais atractivo para o banco e resultam na redução dos juros aplicáveis para o cliente. Este tipo de garantia é muito utilizado devido à sua eficácia e envolve o uso de imóveis como caução para o empréstimo, beneficiando tanto o cliente quanto o credor.
Somente quem tem legitimidade para vender os bens poderá constituir a hipoteca, normalmente na pessoa do proprietário
Para o cliente, as hipotecas permitem aceder a financiamentos mais elevados, com taxas de juro mais baixas, considerando que os imóveis são tidos como activos estáveis e de valor significativo, reduzindo o risco do financiamento.
Por outro lado, os imóveis oferecem maior flexibilidade, podendo ser usados como garantia para uma variedade de empréstimos.
A constituição de hipotecas voluntárias é a mais comum, resulta da vontade das partes envolvidas e pode ser formalizada por contrato ou declaração unilateral do proprietário. Nos casos de bens imóveis, devem constar de escritura pública, testamento ou documento particular autenticado. Para bens móveis, a forma escrita é suficiente.
O registo da hipoteca é essencial para a validade do negócio. Somente quem tem legitimidade para vender os bens poderá constituir a hipoteca, normalmente na pessoa do proprietário ou de um terceiro autorizado. É crucial que os bens hipotecados sejam descritos detalhadamente, caso contrário, a hipoteca pode ser considerada nula.
O bem hipotecado não torna o credor proprietário do bem, permitindo ao proprietário constituir outras hipotecas sobre o mesmo bem com a anuência do credor primário nos casos em que assim se tenha convencionado. Após a assinatura dos contratos, a hipoteca deve ser registada na conservatória correspondente.
Além de bens imóveis, as hipotecas podem incidir sobre bens móveis equiparados a imóveis, como veículos, navios e aeronaves. Durante o período do financiamento, é possível reduzir a hipoteca se o valor dos bens aumentar ou havendo pagamentos parciais da dívida. Após o cumprimento da obrigação garantida, a hipoteca é extinta através de um distrate. O credor pode renunciar, de forma expressa e em documento assinado, e essa renúncia não carece da aceitação do autor da hipoteca para produzir efeitos.
O Poder da Democratização do Conhecimento Económico
Quantas mais pessoas têm informação e capacidade de interpretar fenómenos económicos, na sua transversalidade, mais perto estarão as sociedades de alcançar estabilidade nanceira. Este pensamento tornou Linda Yueh, economista de origem taiwanesa, numa das mais in uentes na era contemporânea.
Texto Celso Chambisso • Fotografia D.R
Linda Yueh é conhecida pela sua análise clara e abordagem prática aos fenómenos da economia global. Yueh conquistou notoriedade por unir o mundo académico ao debate público. As suas áreas de estudo cobrem uma ampla gama de tópicos, em especial, o crescimento económico, desenvolvimento e desa os das economias emergentes. O campo de especialização de Yueh tem sido o crescimento económico de longo prazo da China e economias asiáticas. A economista investiga o que impulsiona o crescimento sustentável e como é que os países podem transitar de economias de riqueza média para alto rendimento. Outro tema importante é a relação entre a globalização e o crescimento, além das políticas que in uenciam a inovação, produtividade e comércio internacional. O seu trabalho em economia aplicada tem contribuído para debates sobre a recuperação económica pós-crise nanceira global e os efeitos das mudanças tecnológicas no emprego e nos rendimentos.
Reconhecimento e in uência
Yueh leccionou nalgumas das universidades mais prestigiadas do mundo, como Oxford e a London School of Economics (LSE), além de ser membro da Royal Society of Arts. O prestígio no mundo académico é complementado
pela sua participação activa como comentadora e conselheira económica em organismos como o Banco Mundial, o Banco de Inglaterra e a Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Económico (OCDE). Este envolvimento com grandes instituições deu-lhe um papel crucial na organização de políticas públicas, em especial nas relacionadas com a economia global e o comércio internacional.
A in uência de Yueh estende-se a grupos globais como o Fórum Económico Mundial, onde analisa regularmente a situação global e sugere respostas às rápidas mudanças nos mercados e nas estruturas sociais.
Publicações de destaque
Linda Yueh é autora de várias obras, tanto técnicas como dirigidas ao grande público, o que lhe confere um alcance signi cativo. Um dos seus livros mais notáveis é “ e Great Economists: How eir Ideas Can Help Us Today” (Os Grandes Economistas: Como as Suas Ideias Nos Podem Ajudar Hoje), no qual explora as ideias dos principais economistas da história, desde Adam Smith até Keynes, aplicando os ensinamentos de então no mundo contemporâneo.
Esta obra foi amplamente elogiada por académicos e pela crítica em geral por conseguir traduzir teorias económicas complexas em conceitos acessíveis. Além dos seus livros, Yueh escreve re-
O prestígio no mundo académico é complementado pela participação como comentadora e conselheira económica no Banco
gularmente para publicações de grande circulação, como “ e Financial Times” e “ e Wall Street Journal”, além de ser comentadora económica na BBC e Bloomberg. A sua capacidade de alcançar um público diversi cado, indo além dos muros académicos, fez dela uma das economistas mais in uentes da sua geração.
Curiosidades
Linda Yueh iniciou a carreira pro ssional como advogada, antes de fazer a transição para a economia. Esta formação jurídica deu-lhe uma perspectiva multidisciplinar, o que é visível na forma como aborda questões económicas, sempre considerando o impacto social e legal das políticas.
Além disso, Yueh tem um forte compromisso com a divulgação para um público mais amplo. Ela defende que o conhecimento económico deve ser democratizado, para que cada vez mais pessoas possam compreender as forças que moldam as suas vidas nanceiras. Isto explica, em parte, o seu sucesso como autora de ‘bestsellers’ e a sua presença constante nos meios de comunicação social.
Outro aspecto interessante da vida da economista é a sua ligação à China. Apesar de ter nascido em Taiwan e ter crescido nos Estados Unidos, mantém um interesse profundo no desenvolvimento económico da China, algo que orientou grande parte da sua pesquisa e análise sobre mercados emergentes.
Linda Yueh é presidente executiva da Royal Commonwealth Society e directora não executiva de algumas empresas listadas publicamente no FTSE 100 na Bolsa de Valores de Londres, como a Rentokil Initial plc, SEGRO plc e Standard Chartered plc, onde é presidente do Comité de Cultura e Sustentabilidade.
Nasceu em Taiwan e radicouse nos Estados Unidos. É investigadora da faculdade de St. Edmund Hall, da Universidade de Oxford, e professora adjunta de ciência económica na London Business School. É também professora convidada da London School of Economics e da Universidade de Pequim, na China.
Foi editora de economia da Bloomberg e apresentadora do programa “Talking Business with Linda Yueh”, da BBC News. É colaboradora do e New York Times. Foi consultora do Fórum Económico Mundial de Davos e do Banco Mundial. LINDA YUEH
João Gomes • Partner @BlueBiz
Vem este artigo a propósito dos recentes Jogos Olímpicos de Paris 2024 (adiante JO24) e, neste contexto, desafio os meus leitores/as a responderem à seguinte questão: Que lições de gestão poderemos retirar de um dos maiores e mais recentes eventos à escala global dos Homo Sapiens Sapiens?
Os JO24 não foram apenas uma celebração do desporto; foram também um verdadeiro estudo de caso em gestão, inovaçãoeliderança.Esteeventoglobal, cercado de desafios e decisões estratégicas, oferece valiosas lições que podem ser aplicadas em diferentes contextos organizacionais. Gestores, administradores, professores e estudantes universitários, entre outros, podem aprender muito ao analisar como Paris e o Comité Organizador enfrentaram essas complexidades.
Vamos explorar oitoliçõesdegestão que,naminhaopinião,emergiramdeste evento, todas elas intrinsecamente ligadasaosquatrovaloresOlímpicos: Citius, Altius, Fortius e Communitis.
1. Gestão de Crises: rio Sena poluído Facto: O rio Sena, um ícone de Paris, surpreendentemente destinado a ser i) palco da abertura dos JO24 e, bem assim, ii) local para as competições de natação e triatlo, apesar das autoridades parisienses terem investindo 1,4 biliões de euros em melhorias na infra-estrutura de tratamento de água e no sistema de alerta e monitorização contínua da qualidade desta, enfrentou sérios problemas de poluição que quase comprometeram a saúde dos atletas e a imagem do evento.
Lição: A gestão eficaz de crises exige antecipação e uma resposta ágil. Ter um “plano B” de contingência robusto é crucial para garantir a continuidade das operações.
Valor Olímpico: Citius — mais rápido. A capacidade de resposta rápida é essencial para enfren-
Jogos Olímpicos de Paris 2024: Oito Lições de Gestão
tar desafios emergentes na gestão, com excelência.
2. Gestão da Capacidade: pavilhões cheios, sucesso de bilheteira Facto: Nos JO24, foram vendidos aproximadamente 9,5milhõesdebilhetes (novo recorde para os JO) para os diversos eventos desportivos, marcando uma tendência decrescente em comparação com edições anteriores: Pequim 2008 (7M), Londres 2012 (8,2M), Rio 2016 (6,1M) e Tóquio 2020 (4,45M). A procura nos JO24 foi excepcionalmente alta, resultando em arenas cheias em prati-
A gestão eficaz dos JO24 exemplificou o poder do trabalho colectivo e da solidariedade
camente todas as modalidades, facto também associado a uma experiência de cliente fantástica.
Lição: Maximizar a capacidade requer um planeamento meticuloso e uma gestão eficiente dos recursos e uma promoção inteligente. A eficácia na gestão do fluxo de clientes e recursos é vital para o sucesso de eventos e operações de grande escala.
Valor Olímpico: Fortius — mais forte. A força de uma operação bem-sucedida está na sua capacidade de planear e gerir recursos de forma eficaz, garantindo a total satisfação do cliente.
3. Diversidade e Inclusão: 50% de Atletas Mulheres
Facto: Nos JO24, pela primeira vez, foi atingida a paridade de género,
tendo participado aproximadamente 10 500 atletas, o que equivale a cerca de 5250 atletas femininas.
Em comparação com edições anteriores Pequim (4637), Londres (4676), Rio de Janeiro (5059) e Tóquio (5457), os JO24 reflectem i) uma tendência de crescimento do número de atletas femininas; e, bem assim, ii) um compromisso crescente com a igualdade e inclusão, que se tem desenvolvido consistentemente ao longo das últimas edições dos Jogos.
Lição: Promover a diversidade e a inclusão não é apenas uma questão de justiça social, mas também um impulsionador de inovação e desempenho organizacional. Ambientes diversos favorecem a criatividade e o sucesso.
Valor Olímpico: Communitis — comunidade. A diversidade fortalece a coesão dentro das organizações, criando um senso de pertença e colaboração entre os Homo Sapiens Sapiens.
4. Reavaliação da Performance: poucos recordes mundiais batidos Facto: Nos JO24, apenas 15 recordes mundiais foram batidos, marcando uma tendência decrescente em comparação com edições anteriores: Pequim 2008 (38), Londres 2012 (30), Rio 2016 (19) e Tóquio 2020 (22). Isto levanta questões sobre os limites do Homo Sapiens Sapiens, as condições de competição e a evolução das práticas desportivas.
Lição: Num ambiente competitivo, a estagnação é um risco, e a inovação contínua (v.g. admissão de novas modalidades) é vital. Reavaliar a performance e adaptar estratégias às novas realidades é crucial para manter a competitividade, a excelência e o interesse nos JO.
Valor Olímpico: Citius — mais rápido. A busca constante por melhoria e adaptação é essencial para o progresso contínuo.
5. Resiliência e Adaptação: o lutador cubano que “arrumou as botas” em directo
Facto: Mijaín López, o lutador cubano que, após conquistar a sua quarta medalha de ouro, decidiu aposentar-se, em directo e para biliões de espectadores, com um icónico “arrumar as botas”.
Lição: A resiliência, a adaptação e o saber “sair de cena” são competências essenciais para enfrentar fases de transição.
Valor Olímpico: Fortius — mais forte. A força interior e a resiliência são cruciais para superar desafios e prosperar em novos ambientes.
6. Comunicação e Imagem: a atleta chinesa e o pin da bandeira espanhola
Facto: Chen Yu Fei, jogadora chinesa e campeã olímpica de badminton, homenageou a sua adversária espanhola, Carolina Marín (que se lesionou gravemente durante a final), ao usar um pin com a bandeira de Espanha durante a cerimónia de entrega de medalhas.
Lição: Este gesto simples teve um impacto muito significativo, destacando a importância de cuidar do outro, da comunicação não verbal e da gestão da imagem pública. A comunicação estratégica e a gestão da imagem são fundamentais para moldar a percepção pública e construir uma reputação positiva. Pequenos gestos podem ter um impacto profundo e duradouro.
Valor Olímpico: Communitis — comunidade. A comunicação eficaz fortalece os laços dentro de uma comunidade global, promovendo a compreensão e o respeito mútuo.
7. Participação Cidadã: co-produção e voluntariado
Facto: Cerca de 40 000 voluntários (pessoas de diferentes origens, idades e competências, reflectindo o espírito inclusivo dos Jogos) foram essenciais para o sucesso dos JO24, exemplificando o espírito de solidariedade e engajamento cívico. Eles demonstraram como a participação cidadã (v.g. no apoio logístico, suporte aos atletas, operações de media, tradução e interpretação, limpeza, saúde e segurança) pode contribuir significativamente para grandes empreendimentos. A estimativa de poupança que o Comité Organizador teve ao utilizar os 40 000 voluntários é de aproximadamente 200 milhões de euros.
Lição: O envolvimento activo das comunidades e a promoção da participação cidadã são fundamentais para o sucesso de grandes iniciativas. A gestão deve fomentar e facilitar a co-produção para alcançar objectivos comuns.
Valor Olímpico: Communitis — comunidade. A participação cidadã fortalece o tecido social e cria uma base sólida para o sucesso colectivo.
8. Inovação em Eventos: maratona feminina encerrando os jogos
Facto: Pela primeira vez na história
dos JO a maratona feminina, cuja vencedora foi a queniana Peres Jepchirchir, foi a prova de encerramento, simbolizando um compromisso renovado com a igualdade de género e uma reavaliação das tradições olímpicas.
Lição: A inovação é essencial para manter a relevância. As Organizações devem estar dispostas a adaptar tradições e processos para se alinharem aos valores e expectativas contemporâneos.
Valor Olímpico: Altius — mais alto. Elevar os padrões de igualdade e inclusão deve ser uma prioridade na gestão moderna.
Conclusão
Os Jogos Olímpicos de Paris 2024 (JO24) não foram apenas um evento desportivo; foram também uma rica tapeçaria de lições de gestão que ultrapassam os limites do desporto.
Cada uma das oito lições destacadas neste artigo - desde a gestão de crises até à promoção da diversidade e a inovação - reflecte a capacidade do Homo Sapiens Sapiens enfrentar desafios com criatividade e determinação.
A gestão eficaz dos JO24 não só garantiu o sucesso do evento, como também exemplificou o poder do trabalho colectivo e da solidariedade.
OsJO24destacam-secomoumexemplo brilhante do que podemos alcançar quando nos unimos em busca de um ideal mais elevado. Que essas lições sejam uma inspiração contínua para gestores, líderes e todos aqueles comprometidos em criar um futuro mais Altius, Fortius, Citius e Communitis.
Os Jogos Olímpicos de Paris 2024 deram uma importamte lição sobre a relevância da união em busca da excelência
África Austral, Celeiro do Continente?
A África Austral pode ser celeiro do continente e tem de usar melhor os recursos, diz a ONU. Até lá, a realidade é dura: a percentagem de população moçambicana em risco de insegurança alimentar subiu para 33%, devido à seca. Será que a tecnologia pode dar uma ajuda?
Texto Redacção • Fotografia D.R.
Asituação é paradoxal: em Moçambique, o Programa Alimentar Mundial (PAM) estima que 1,8 milhão de de pessoas necessita de ajuda. A percentagem de população em risco de insegurança alimentar subiu para 33% devido à seca prevalecente nalgumas zonas do País – enquanto outras vão recuperando de cheias e ciclones. Esta dicotomia faz parte da natureza (e extensão) de Moçambique.
O responsável está à vista: “O número de pessoas que enfrentam insegurança alimentar aumentou de 20% em 2023 para 33% em 2024 devido à seca provocada pelo ‘El Niño’. O número de pessoas em risco severo de insegurança alimentar é quase quatro vezes superior ao de 2023”, escreve o PAM.
O que é paradoxal é que este cenário prevalece, após décadas de discurso sobre o potencial agrícola do País e da região. “Não há razão para África importar cerca de 120 mil milhões de dólares em produtos alimentares quando a Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC) pode ser o celeiro do continente”, disse Claver Gatete, responsável das Nações
Unidas em África. O responsável discursava na cerimónia de encerramento da última cimeira da SADC, em Harare, Zimbabué.
SADC pode liderar soluções
A região, que engloba Angola e Moçambique, pode liderar as soluções para mitigar a fome no continente, porque tem os recursos naturais de que a agricultura precisa e que, ao mesmo tempo, servem de garantia para formas de nanciamento inovador, combatendo os impactos das alterações climáticas, garantindo um desenvolvimento sustentável. “Isto deve ser enquadrado no contexto dos desa os nanceiros e climáticos, incluindo a elevada dívida pública em África, que causa di culdades nanceiras, com um em cada três países em sobreendividamento ou em elevado risco de lá chegarem”, disse Gatete.
O aproveitamento dos recursos naturais será essencial, defendeu, lembrando que a África Austral alberga aos maioresreservasdeouro,cobre,cobalto, lítio, crómio, gra te d platina, tendo signi cativasquantidadesdegadoeprodutos agrícolas. Se conseguir subir na cadeia de valor regional da energia, agricultura e minerais, pode colher os benefícios de uma industrialização sustentável, garantir a segurança alimentar, aumentar os empregos e reduzir a pobreza e as desigualdades. A receita já é conhecida. Falta implementá-la. Dito assim, há de tudo para alcançar os Objectivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS).
“A SADC pode ser um fornecedor continental de energia com o desen-
“O ‘El Niño’ está a afectar o preço dos alimentos. Os preços do grão de milho em junho de 2024 foram 40% mais altos do que face ao último ano e 55% superiores à média dos últimos cinco anos
NOVO MODELO METEOROLÓGICO PROMETE MUDANÇAS
O Stormcast, o novo modelo meteorológico à base de inteligência artificial (IA), parece aumentar significativamente a precisão da previsão meteorológica e a capacidade para antecipar cenários globais.
O Stormcast, da Nvidia Research, divisão de investigação da líder mundial na produção de microchips de IA,pode ajudar a prever diversos perigos, como inundações repentinas ou tempestades com forte precipitação localizada, assimcomo a antecipar assistência em caso de secas ou chuva prolongada.
Por um lado, trata-se do primeiro modelo de IA a demonstrar uma capacidade melhorada na simulação de eventos climá- ticos extremos à escala de quilómetros. Ou seja, olhando para uma cidade como Maputo, desde que haja estações meteorológicas no terreno, este modelo pode conseguir antever os perigos ao nível do bairro.
Previsões mais precisas
Se este avanço for replicado por outros investigadores, poderá inaugurar uma nova era de previsões de curto prazo ainda mais precisas, salvando vidas, poupando recursos e ajudando as pessoas a manterem-se seguras. Por outro lado, para além de previsões precisas, o novo modelo poderá ajudar os cientistas a fazer projeções das alterações climáticas globais e a aplicá-las com maior precisão às escalas locais.
De referir que a a área das previsões meteorológicas é uma das que tem beneficiado da IA para aprendizagemautomática. Já são feitas projeções meteorológicas globais de médio alcance que rivalizam ou superam os modelos convencionais. Este novo modelo de IA foi escrito pelas equipas do Laboratório Nacional Lawrence Berkeley e da Universidade de Washington.
-volvimento desta cadeia de valor, uma vez que só está a usar 1% do seu potencial solar e eólico”, defendeu, salientando que a aceleração da industrialização “não é só uma questão de conveniência, é uma absoluta necessidade”.
El Niño agrava situação no País
Para já, há muitos Moçambicanos a precisarem de ajuda, segundo o último relatório do PAM. Entre os problemas, destaca-se o “acesso limitado” a alimentos e água em várias zonas remotas do País, com grupos vulneráveis a sujeitarem-se a violações de direitos humanos para sobreviver, incluindo exploração e abuso sexual.
O documento identi ca 1,1 milhão de pessoas a necessitar de assistência de emergência em termos de segurança ali-
A região, que engloba Angola e Moçambique, pode liderar as soluções para mitigar a fome no continente, porque tem os recursos naturais de que a agricultura precisa
SADC: MNANGAGWA SUCEDE A LOURENÇO
Os líderes do sul de África reuniram-se, em Agosto, durante a 44.ª cimeira anual da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC), em Harare, no Zimbabué, na qual o chefe de Estado de Angola, João Lourenço, passou a presidência para o Presidente do Zimbabué, Emmerson Mnangagwa, que assumiu a liderança rotativa anual da SADC.
Anualmente, o encontro junta chefes de Estado e de Governo dos 16 Estados-membros (Angola, Botsuana, Comores, República Democrática do Congo, Essuatíni, Lesoto, Madagáscar, Maláui, Maurícias, Moçambique, Namíbia, Seicheles, África do Sul, Tanzânia, Zâmbia e Zimbabué) e líderes de organismos continentais e regionais na qualidade de observadores.
mentar e de meios de subsistência. Cabo Delgado continua a ser epicentro das preocupações humanitárias no País, mas o contexto agravou-se.
“O ‘El Niño’ está a afectar o preço dos alimentos básicos, empurrando milhares para uma situação de vulnerabilidade. No geral, os preços do grão de milho em junho de 2024 foram 40% mais altos em comparação com o último ano, e 55% superior à média de cinco anos”, descreve o PAM.
O fenómeno meteorológico ‘El Niño’, no oceano Pací co, que afecta as condições em todo o planeta, induziu “seca no centro e sul de Moçambique” no último ano, prevendo-se “que 3,3 milhões de pessoas enfrentem insegurança alimentar”no período de Outubro de 2024a Março de 2025.
Joel Almeida • Partner and Head of Tax, Outsourcing and Consulting Services
Joel.Almeida@mazars.co.mz
Moçambique oferece um ambiente promissor para investimentos, impulsionado por um crescimento económico consistente e recursos naturais abundantes. Este artigo pretende fornecer informações sobre o clima de investimento no País, destacando oportunidades, desafios e perspectivas futuras.
Estabilidade política e económica
Nos últimos anos, Moçambique tem experimentado um período de estabilidade política e económica positiva devido a reformas estruturais implementadas e um crescimento sustentável alcançado com sucesso até ao momento. O Governo tem direccionado as suas políticas para a diversificação da economia e o desenvolvimento da infra-estrutura com o objectivo de criar um ambiente propício para actividades comerciais:
• Governo Estável
O Governo moçambicano tem-semostrado comprometido com a estabilidade política e económica, criando um clima propício aos investimentos.
• Crescimento Económico
Moçambique tem registado um crescimento económico consistente, impulsionado por sectores como energia, mineração e agricultura.
• Reformas Estruturais
O Governo tem implementado reformas estruturais para melhorar o ambiente de negócios e atrair investimentos estrangeiros.
Moçambique apresenta diversas possibilidades de investimento em sectores estratégicos variados em que o País detém uma riqueza em recursos naturais como gás natural e minerais e terras férteis disponíveis para agricultura e ainda com um amplo potencial de crescimen-
Introdução ao Mercado de Investimento em Moçambique
to nos segmentos da energia, turismo, agrícola e infra-estrutura.
Força vital
Moçambique detém grandes reservas de gás natural que têm despertado interesse significativo para o progressismo da infra-estrutura energética e de gás no País.
Oportunidades sectoriais-chave: Moçambique oferece uma série de oportunidades de investimento em sectores estratégicos. O País é rico em recursos naturais, como gás natural, mine-
Moçambique apresenta
diversas possibilidades de investimento em sectores estratégicos variados e detém uma riqueza em recursos naturais como o gás e minerais
rais e terras aráveis, e tem um potencial significativo para crescimento nos sectores de energia, turismo, agricultura e infra-estrutura:
• Energia
Moçambique possui vastas reservas de gás natural, que estão a atrair investimentos significativos para o desenvolvimento de infra-estrutura de gás e energia.
• Turismo
Com belas praias, paisagens deslumbrantes e uma rica cultura, Mo-
çambique oferece um potencial significativo para o desenvolvimento do turismo.
• Agricultura
O sector agrícola é um dos principais motores da economia moçambicana, com oportunidades para investimento em produção de alimentos, processamento e agro-indústria.
Incentivos fiscais e regulatórios:
O Governo moçambicano oferece uma série de incentivos fiscais e regulatórios para atrair investimentos estrangeiros. A nova Lei de Investimento (Lei n.º 8/2023, de 9 de Junho) entrou em vigor em 8 de Setembro de 2023. Esta lei substitui a anterior, que estava em vigor há cerca de 30 anos, e traz várias inovações. Esses incentivos visam estimular o desenvolvimento de sectores estratégicos tentando criar um ambiente de negócios mais competitivo:
1. Isenções Fiscais
Existem isenções fiscais para determinadas actividades tais como exportação e investimentos em sectores estratégicos.
2. Incentivos para Investimentos
A nova lei prevê a concessão de incentivos fiscais e não fiscais para projectos de investimento. Estes incentivos podem incluir benefícios fiscais, criação de zonas económicas especiais e zonas francas industriais.
3. Simplificação de Processos
O Governo tem trabalhado para simplificar os processos de licenciamento e registo de empresas, tornando o ambiente de negócios mais amigável.
Infra-estrutura e logística
Moçambique está a investir na expansão e melhoria da sua infra-estrutura, incluindo portos, ferrovias, rodovias e aeroportos. Estas melhorias visam melho-
rar a conectividade, reduzir os custos logísticos e facilitar o comércio:
1. Expansão Portuária
O País está a investir em novos portos e na expansão dos existentes para aumentar a capacidade de movimentação de carga e melhorar a eficiência logística.
2. Modernização de ferrovias
O Governo está a modernizar e a expandir a rede ferroviária para melhorar o transporte de carga e de passageiros.
3. Construção de Rodovias
Moçambique está a construir e a melhorar as rodovias para conectar as diferentes regiões e facilitar o transporte de mercadorias e pessoas.
Desafios vs riscos:
Apesar do progresso significativo, Moçambique enfrenta uma série de desafios e riscos que podem impactar o clima de investimento. É importante estar ciente desses desafios e tomar medidas para mitigá-los.
Desafios
• Pobreza e desigualdade social;
• Corrupção e falta de transparência;
• Mão-de-obra qualificada;
Riscos
• Risco social e instabilidade política;
• Risco de perda de investimentos e reputação;
• Risco de custos de formação e recrutamento elevados.
Histórias de sucesso de investidores: Moçambique tem atraído investimentos de várias empresas internacionais que encontraram sucesso em diferentes sectores. Estes casos de sucesso demonstram a viabilidade do mercado moçambicano e o potencial de retorno para os investidores.
• Indústria Extractiva
Empresas de mineração e gás natural têm encontrado sucesso em Moçambique, aproveitando os recursos naturais do País.
• Sector Agrícola
Empresas agrícolas têm beneficiadodas terras férteis e do clima favorável deMoçambique, investindo na produção de alimentos e agro-indústria.
• Turismo
Empresas do sector turístico têm encontrado sucesso em Moçambique, aproveitando as belas paisagens e a rica cultura do País.
Em conclusão...
Moçambique oferece uma série de oportunidades para investimento estrangeiro, impulsionado por um crescimento económico consistente, recursos naturais abundantes e políticas governamentais favoráveis aos negócios. No entanto, é importante estar ciente dos desafios e riscos e tomar medidas para mitigá-los.
Pesquisa Detalhada
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Networking
Estabeleça contactos com empresas e profissionais locais para obter informações privilegiadas e construir relacionamentos comerciais.
Consultoria Especializada
Considere contratar consultores especializados em investimento em Moçambique para obter orientação e suporte.
Elaboração de Estratégia
Desenvolva uma estratégia de investimento sólida, definindo os seus objectivos, metas e planos de acção.
O sector do oil & gas é o que mais atenção dos investidores tem atraído nos últimos anos
especial inovações daqui
64 INOVAÇÃO EM ENGENHARIA
Conheça a história de um jovem de apenas 17 anos, que supreendeu ao tornar-se no primeiro moçambicano a criar drones. Sonha poder contribuir para solucionar um problema que se tornou cíclico na última década: os desastres naturais
A plataforma que integra todas as ferramentas digitais das nanças numa só solução
As notícias da inovação em Moçambique, África e no Mundo
ENGENHARIA
Moçambique no Mapa de Produção de Drones
Alguns moçambicanos têm marcado presença no mundo da inovação e já há drones com selo nacional. Entre outras utilidades, vão ajudar a mitigar o impacto dos cíclicos desastres naturais
Texto Ana Mangana • Fotogra a D.R.
Chama-se Cleiton Michaque, tem apenas 17 anos e reside na cidade de Maputo. A sua visão e competência técnica levaram-no a criar os primeiros drones inteiramente desenvolvidos em Moçambique, com o propósito de auxiliar as autoridades em cenários de emergência. O projecto oferece uma nova ferramenta para resposta rápida e eficaz a desastres, contribuindo para a protecção de comunidades vulneráveis.
O primeiro drone de Moçambique
Cleiton Michaque deverá ser o primeiro moçambicano a desenvolver drones, uma história que começou há quatro anos quando o jovem inventor tinha apenas 13 anos e decidiu começar a criar os seus próprios engenhos. Descobriu que era possível juntar componentes e desenvolver drones, dando asas a uma paixão que já se traduziu em sete aparelhos voadores criados pelo próprio.
Com capacidade para atingir até 240 quilómetros por hora, 300 metros de altitude e com um peso de 250 gramas, estes engenhos são sistemas ligados aos comandos via rádio. Inicialmente, Cleiton usava material reciclado de cartão
ou madeira, mas foi procurando materiais mais resistentes. Decidiu testar a fibra de carbono, garantindo maior robustez e menos ruído.
“Já experimentei diversos materiais, incluindo madeira, esferovite e fibra de carbono. A madeira produz muita vibração. Esferovite é mais leve, mas não oferece a mesma durabilidade. Já a fibra de carbono destacou-se como uma excelente escolha, por ser um material mais resistente e, ao mesmo tempo, muito leve. A combinação faz com que o drone se torne quase indestrutível, sem peso excessivo”, explicou à E&M o jovem inventor.
Tempo (muito curto) de produção Uma hora é tempo suficiente para montar um drone completo. “Levo apenas 45 minutos para a montagem e alguns minutos mais para a programação e testes, o que, totalizando, não excede uma hora. No início, podia levar vários dias”, mas a experiência levou à evolução. Cleiton também pretende criar uma escola para mostrar a outros moçambicanos como criar e pilotar estes dispositivos. Mais do que isso, pretende criar um clube de drones, que funcionará como espaço desportivo para realizar competições.
Depois dos ciclones Idai e Kenneth, em 2019, IA e drones foram oficialmente utilizados, pela primeira no país”, numa emergência pelo Programa Mundial da Alimentação (PMA)
Os drones em Moçambique
Nos últimos anos, assiste-se a um aumento da utilização de drones em várias aplicações. A tecnologia já trouxe benefícios para o País, desde a melhoria dos rendimentos agrícolas ao desenvolvimento de infra-estruturas. Por exemplo, depois dos ciclones Idai e Kenneth, em 2019, a Inteligência Artificial (IA) e drones foram oficialmente utilizados num cenário de emergência humanitária pelo Programa Mundial da Alimentação (PMA).
Milhares de imagens foram recolhidas e reunidas, como se fosse uma manta de mapas, ricos em dados, apresentando as informações de que o Governo e as organizações de ajuda humanitária precisavam para tomar decisões críticas: onde e como entregar ajuda nas regiões mais afectadas, nomeadamente no centro e norte do País.
Uma área em crescimento
De acordo com a empresa americana de consultoria Gartner, cinco milhões
CLEITON MICHAQUE
Inventor de Drones Moçambicanos
“Levo
apenas
45
minutos para a montagem de um drone e alguns minutos mais para a programação e testes, o que, totalizando, não excede uma hora”
de dispositivos de voo autónomo devem ser vendidos por ano, até 2025, gerando um volume de negócio de cerca de 15,2 mil milhões de dólares por ano.
A DJI Agriculture, divisão da marca comercial de drones dominante a nível mundial, fornece soluções inteligentes e equipamentos para a agricultura, com o objectivo de melhorar a eficiência e o desempenho do sector. No seu último relatório sobre o mercado, indicou que mais de 300 mil drones operam globalmente em mais de 500 milhões de hectares de terras agrícolas. Uma das principais conclusões do relatório é que a rápida adopção de drones agrícolas em todo o mundo é uma prova do poder transformador das tecnologias emergentes na agricultura.
A implementação de drones agrícolas diminuiu significativamente as emissões de carbono (em cerca de 25,72 milhões de toneladas). Esta redução é equivalente ao sequestro de carbono proporcionado por 1,2 mil milhões de árvores, referiu o relatório.
HISTÓRIA DOS DRONES
Primeira Guerra Mundial
Também conhecidos como Veículos Aéreos Não Tripulados (VANT) ou Sistemas de Aeronaves Não Tripuladas (RPAS), os drones, cujos modelos mais arcaicos remontam à época da Primeira Guerra Mundial (1914-1918), foram desenvolvidos por militares para ns de treino e testes.
Segunda Guerra Mundial
Mas foi apenas durante a Segunda Guerra Mundial (1939-1945) que os verdadeiros antecessores dos drones modernos surgiram. Alguns autores referem que foram inspirados em bombas voadoras alemãs do tipo V-1, que eram controladas remotamente. Em contrapartida, os britânicos criaram o “Queen Bee”, um avião-alvo controlado remotamente para treino de artilharia.
Pós-guerras
Os drones continuaram a ser desenvolvidos para ns militares e foram usados nos con itos da Coreia, do Vietname e durante a Guerra Fria.
Na década de 1980
Passaram a ser usados em missões de vigilância e reconhecimento. E com o tempo, a sua aplicação expandiu-se para diversas áreas, incluindo agricultura, mapeamento, inspecções industriais, entregas e até mesmo entretenimento.
Actualmente
Assim como a Internet, a história dos drones foi caminhando rumo à acessibilidade e trouxe muitos benefícios tanto para o mercado de drones quanto para os seus consumidores.
Integrar Todas as Ferramentas Financeiras Numa só App
Com os serviços nanceiros cada vez mais fragmentados em diferentes plataformas,
ca evidente a utilidade de ter à mão uma solução integrada. Uma nova aplicação acaba de entrar em Moçambique com este propósito e pode até ajudar a promover a inclusão nanceira
Texto Ana Mangana • Fotogra a D.R.
Fundada na Nigéria, a Flutterwave é aquilo a que se chama na área de tecnologia como ‘Payment Service Provider’ (PSP), um Provedor de Serviços de Pagamento presente em mais de 30 países e que agora chega a Moçambique. Traz consigo a promessa de ajudar os utilizadores a acederem às contas bancárias com maior facilidade, gerirem as carteiras móveis e fazerem transferências e pagamentos, tudo a partir de um único interface. Este PSP oferece, igualmente, uma plataforma financeira que permite às empresas expandirem as suas operações em África e noutros mercados emergentes, através de transacções locais e transfronteiriças.
“Nós facilitamos pagamentos para comerciantes e clientes por meio de uma solução denominada Flutterwave for Business, que permite que os comerciantes recebam pagamentos dos seus clientes através de diversas transacções comerciais aceitáveis e disponíveis em todo o País. Reconhecemos que, tanto em Moçambique, como em África, os meios de pagamento estão altamente fragmentados. Geralmente, as pessoas precisam de utilizar vários dispositivos — seja para receber pagamentos de uma empresa, seja para transacções com carteiras móveis
ou cartões. A nossa proposta é oferecer uma única plataforma que permite ao cliente agregar todos os métodos de transacção, optimizando os custos e proporcionando uma visão global das operações”, explicou à E&M Hermínio Manjate, director nacional de expansão e parcerias da Flutterwave.
Facilitar a inclusão financeira Para além de simplificar a vida financeira dos consumidores, a plataforma é capaz de promover a inclusão financeira, já que pode ser acessível em zonas remotas ou sem acesso a serviços bancários tradicionais, ou até com dificuldades de acesso à internet. “O nível de penetração e uso da internet em Moçambique é ainda bastante limitado. Há um trabalho de base que tem de ser realizado para garantir a oferta de pacotes de internet atractivos e acessíveis, especialmente para pessoas de baixo rendimento. Vemos essa dificuldade como uma oportunidade para expandir os nossos serviços. Por isso, temos a nossa aplicação acessível via website e também disponível na App Store (para iPhones), Play Store (para Android), entre outros”, detalhou Hermínio Manjate.
A experiência conquistada no mercado nigeriano incluiu terminais de pagamento (POS) nos mercados. Foi ali que ficou evidente que, “mesmo em re-
Os utilizadores em Moçambique poderão beneficiar da aplicação Flutterwave For Business, que também actua na área de remessas, permitindo receber fundos do exterior
giões onde a Internet não é amplamente utilizada, os clientes podem efectuar pagamentos para comerciantes ou empreendedores que possuem os nossos POS, utilizando dispositivos móveis baseados em USSD”, menus de interacção, através de números, que podem ser usados até pelos telefones básicos.
Variedade de serviços
Numa primeira fase, os utilizadores em Moçambique, poderão beneficiar da aplicação Flutterwave For Business como o produto inicial. Esta funcionalidade também actua na área de remessas, permitindo receber fundos do exterior, através da ‘Send App’, que possibilita à diáspora fazer transferências para os familiares ou amigos em África e vice-versa.
“O nosso portefólio de produtos não se limita a estes serviços. A disponibilização de novos produtos está alinhada com a procura do mercado. Estamos continuamente a trabalhar para oferecer soluções que atendam às necessidades dos nossos clientes. No entanto, é fundamental considerar os requisitos regulatórios de cada produto, para garantir que operamos dentro da legalidade”, esclareceu o director nacional de expansão e parcerias da Flutterwave.
Apesar de já ter recebido a aprovação do Banco de Moçambique para operar no País, a Flutterwave ainda se encontra numa fase de criação de parcerias com os serviços de carteiras móveis, assim como com a SIMO rede. Contudo, a empresa pretende replicar, de forma autêntica, o sucesso que teve nos outros mercados.
A Flutterwave foi fundada em 2016 e, globalmente, já atendeu, de acordo com Hermínio Manjate, mais de 1,5 milhão de clientes.
FLUTTERWAVE
HERMÍNIO MANJATE
Director nacional de expansão e parcerias da Flutterwave
Finanças
Informatização
ISUTC apresenta inovações de e-Governance
O engenheiro Elton Sixpence, docente do Departamento de Tecnologias de Informação e Comunicação do Instituto Superior de Transportes e Comunicações (ISUTC), apresentou um artigo científico na 32.ª Conferência Internacional de Desenvolvimento de Sistemas de Informação (ISD-2024), realizada na Universidade de Gdansk, em Sopot, Polónia. O artigo, intitulado “E-Government Interoperability Enterprise Architecture: Systematic Literature Review” (Arquitectura Empresarial de Interoperabilidade de Governo Electrónico: Revisão Sistemática da Literatura), faz parte do doutoramento
Startup lança plataforma nanceira inovadora para jovens africanos
A PayBox, uma startup de fintech do Gana, lançou a plataforma Buddy, uma ferramenta financeira para garantir aos jovens africanos o acesso a serviços financeiros inclusivos.
Os serviços de destaque são pagamentos transfronteiriços e transferências para Pequenas e Médias Empresas (PME), numa rede que abrange mais de 23 países africanos. Outra das funcionalidades
FinTech
Mastercard e Scale impulsionam ntechs em África e no Médio Oriente
A Mastercard estabeleceu uma parceria com a Scale para acelerar a implantação no mercado de empresas de fintech em África e no Médio Oriente. A colaboração tem como objectivo aliviar as principais barreiras técnicas e comerciais para activar sistemas de pagamento na Internet.
A Mastercard e a Scale apoiarão as empresas de fintech e outros participantes do ecossistema em vários passos do processo: obtenção de números de identificação bancária (BIN), desenho e comercialização de cartões, avaliação de modelos de rentabilidade e apoio ao cliente.
A colaboração evoluirá para uma proposta tecnológica, permitindo que qualquer empresa adquira capacidade de emissão de cartões Mastercard através da Scale.
inclui Inteligência Artificial, actualmente em teste, que permite aos utilizadores interagirem com as suas finanças, fornecendo conselhos e ajudando a tomar decisões financeiras.
A startup posicionou a Buddy em paralelo a serviços financeiros de renome, como o PayPal ou o Monzo, mas com um foco único no mercado africano e reforçado pela tecnologia blockchain.
Energias renováveis
Sam Altman e DiCaprio revelam baterias solares para ‘data centers’
A startup Exowatt apresentou nos EUA detalhes de um novo produto de armazenamento solar, apelidado de Exowatt P3, construído para ajudar a alimentar centros de dados de Inteligência Artificial.
A empresa, apoiada por Sam Altman (Open AI) e o actor Leonardo DiCaprio, entre outros, mostrou o tipo de bateria solar que vai usar: foi preciso carregá-la na secção de carga de um camião. A startup com sede em Miami referiu que a Switch, uma operadora de ‘data centers’ em Las Vegas, estará entre os primeiros clientes e adiantou que tem procura adicional por parte das empresas do sector para implementações no valor de 1,2 GW de energia.
A empresa disse que planeia vender cada caixa de bateria solar de 25 quilowatts-hora por 7500 dólares.
em Engenharia Informática e Computadores que Sixpence está a realizar no Instituto Superior Técnico de Lisboa (IST) e tem como objectivo desenvolver soluções inovadoras para projectos de governação electrónica, utilizando ferramentas avançadas de arquitectura empresarial e engenharia informática.
No estudo, é destacada a possibilidade de, a cada cidadão, corresponder uma entidade única dentro da administração pública, em vez de ter vários cartões e identificações como BI, NUIT, passaporte, etc. para diferentes serviços (finanças, segurança social, entre outros).
Sustentabilidade
Cientistas criam plástico que se autodestrói e acelera decomposição
Uma equipa de cientistas da Universidade do Missouri, nos Estados Unidos, criou um plástico que se autodestrói quando o material começa a sofrer erosão. No processo de compostagem, o novo produto decompõe-se numa semana, em comparação com as versões mais tradicionais que demoram até 55 dias a fazê-lo nas mesmas condições.
Segundo o Science Alert, esta tecnologia foi inspirada no poder das proteínas trituradoras de plástico, que são produzidas por uma espécie de bactéria descoberta em 2016 numa instalação de reciclagem no Japão. À medida que a superfície do plástico sofre erosão, os esporos libertados começam a germinar.
A bactéria Bacillus Subtilis começa a degradar quase completamente as moléculas e, na presença de um segundo scomponente (produzido pela levedura Candida Antarctica), o plástico degradou-se em apenas uma semana. Em contraste, os plásticos PCL tradicionais tratados da mesma forma ainda persistiam, após três semanas.
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ESCAPE
Tanzânia
Aventuras por um dos melhores destinos do mundo para um safari
GOURMET
Hey Jo Tacos
Sabores do México com os melhores tacos da cidade de Maputo
ADEGA
Yellow Tail
A marca australiana que revolucionou o mercado mundial dos vinhos
80 78
EMPREENDEDORA
Wacy Zacarias
Um (bom) exemplo sobre como associar a sustentabilidade à moda
AGENDA
Outubro 2024
Todos os eventos globais que não pode perder, incluindo as artes
VOLANTE
Kawasaki Ninja 7
O fabricante japonês Kawasaki acaba de apresentar a primeira moto híbrida
A cratera de Ngorongoro, Tanzânia
TANZÂNIA
O país talvez seja o melhor destino para fazer um safari em África e ver muitos animais (muitos mesmo), incluindo os ‘Big Five’
Os Encantos de um
DAS MAJESTOSAS PAISAGENS NATURAIS à vibrante vida selvagem, que percorre livremente o território, um safari na Tanzânia é uma viagem a não perder. Situado no coração da África Oriental, o país é um daqueles lugares que se quer visitar pelo menos uma vez na vida, porque a aventura é inigualável.
O nascer do sol traz a oportunidade de ouro para explorar as savanas douradas do Serenguéti, o imponente Monte Kilimanjaro, a deslumbrante Cratera de Ngorongoro, sem nos esquecermos das praias de Zanzibar. A aventura continua até à noite, pois existem muitos alojamentos luxuosos para contemplar o céu limpo e adormecer com os sons da savana como canção de embalar.
Parque do Serenguéti
Lar de uma famosa rota de migração de gnus, o Seren-
Safari na Tanzânia
guéti está entre os parques de observação de animais mais famosos de África. É um candidato ao melhor sítio do mundo para observar a vida selvagem. Situa-se no norte da Tanzânia e proporciona o terreno necessário para mais de dois milhões de gnus percorrerem uma tradicional rota da grande migração anual da espécie. Além disso, leões, chitas, leopardos e hienas também são residentes, alimentando-se de herbívoros.
A cratera de Ngorongoro Situado no norte da Tanzânia, este é outro ponto deslumbrante, com uma alta concentração de vida selvagem. É um dos locais a visitar para quem quiser ver os ‘Big Five’ (leões, leopardos, búfalos, rinocerontes e elefantes).
Os animais optam por ficar nesta área todo o ano e de-
pender das pastagens férteis e da água abundante da cratera – razão pela qual é, por vezes, referida como “jardim do Éden”.
Parque de Ruaha
Outro destino em destaque, por causa dos grandes felinos, é o Parque Nacional de Ruaha. Este é o local com uma das maiores concentrações de predadores em África. Menos concorrido que outros parques, permite realizar safaris de uma forma ainda mais serena.
Este parque, fora dos circuitos habituais, é reservado em conjunto com o Parque Nacional Nyerere, que é o maior parque nacional do continente. Algumas das actividades em Ruaha incluem exploração de lagoas, pântanos e canais com safaris de barco, o que envolve
As savanas douradas do Serengeti, Tanzânia
a observação da vida selvagem a partir do conforto de um barco.
Parque do Lago Manyara
O Lago Manyara é uma grande atracção na Tanzânia porque cerca de dois terços estão cobertos por água. Embora seja pequeno, oferece experiências fantásticas de observação da vida selvagem. O parque é famoso por ter grandes manadas de elefantes, mas o que centra a atenção de muitos turistas aqui são os leões trepadores de árvores. Para além da observação da vida selvagem, outras actividades que os turistas apreciam no Parque do Lago Manyara incluem canoagem, passeios na natureza e visitas à comunidade.
Parque de Arusha
Se o seu sonho é ver girafas, então o Parque Nacional de Arusha é o local a visitar. Estende-se por 552 quilómetros e é famoso por ser o lar da maiorpopulaçãodegirafasdo mundo. É também o local onde se podem ver espécies de vida selvagem que raramente se encontram noutros parques, como os ‘duikers’ (antílopes) vermelhos, os macacos colobus pretos e brancos, os macacos azuis e os javalis. Devido à sua pequena dimensão, os turistas que visitam o parque podem desfrutar de todas as actividades num só dia, antes de regressarem à cidade de Arusha ao fim da tarde. Este é o palco da segunda montanha mais alta da Tanzânia – o Monte Meru.
Quanto custa um safari? O custo ronda, em média, 250 dólares por pessoa, por dia (cercade16milmeticais),para viajantes com um orçamento limitado. Se estiver a reservar num safari de gama média, o custo é de cerca de 350 dólares (cerca de 22,2 mil meticais) por pessoa. Um safari de luxo neste país tem preços que começam em 525 dólares (33,4 mil meticais) diários por pessoa
Texto Ana Mangana
O Serenguéti está entre os parques de observação de animais mais famosos de África. É um candidato ao melhor sítio do mundo para contemplar a vida selvagem
Actividades recreativas no Parque nacional na Tanzânia
Safari no Parque nacional na Tanzânia
O Hey Jo Tacos tornou-se numa sensação, sobretudo para o público mais novo. Só o nome já sugere descontracção.
“Hey Jo” é uma expressão usada no trato informal entre jovens, uma forma de demonstrar amizade
HEYJOTACOS
Localização Esquina das avenidas Eduardo Mondlane e Mártires de Machava
Contacto (+258) 85 780 3337
Horário de funcionamento
Todos os dias, das 7h00 às 22h00
SABERONDEHÁCOMIDA
RÁPIDA E DELICIOSA em Maputo, além do habitual hambúrguer ou sanduíche, é sempre um trunfo. Apresentamos-lhe os melhores tacos da capital.
Conhecida como comida típica do México e muito famosa nos Estados Unidos, o taco é uma iguaria feita de massa na, de milho (tortilha ou apa, como se diz em Moçambique), que é moldada para receber recheio: carne, vegetais picados, muito queijo e molhos, que variam de região para região, de acordo com a preferência gastronómica.
As propostas do Hey Jo Tacos chegam a Maputo pela mão de Miguel Francisco Nhamposse e tornaram-se numareferência.Ahistóriade resiliência do restaurante está intimamente ligada à vida de Miguel, o fundador. Nascido no distrito de Chibuto, Gaza, cresceu no seio de uma família pobre. No início dos
Hey Jo Tacos: México Nos Melhores Tacos de Maputo
anos 2000, chegou a viver na rua. Sempre teve a curiosidadedecozinharepreparavarefeições para comer com os irmãos. Foi adoptado por uma família sul-africana/australiana, teve a oportunidade de estudar e morar com a nova família na África do Sul, onde passou a olhar com mais atençãoparaacomida,sobretudo para lanches rápidos.
Sinal de boa disposição! De volta a Moçambique, em 2012, com a ajuda de um amigo e o apoio da família, decide investirnaáreadarestauração. Em 2013, começou a vender tacosnumveículocombalcão, um dos primeiros a circular em Maputo e um dos primeiros a trazer tacos para o mercado nacional. Atravessandoalgumas crises, Miguel deixou de trabalhar em 2015, mas não deixou morrer o negócio. Passou a cozinhar a partir de
casa e a fazer entregas. Com a pandemia, teve de interromper o negócio, mas, em nais de 2022, ressurgiu mais forte.
Com melhor infra-estrutura e uma localização privilegiada, na esquina entre a avenida Mártires da Machava e a Eduardo Mondlane, o Hey Jo Tacos tornou-se numa verdadeira sensação, sobretudo para públicos mais jovens. Só o nome já sugere descontracção. “Hey Jo” é uma expressão usada no trato informal entre jovens em Maputo, uma forma de demonstrar amizade, simplicidade e boa disposição.
O foco principal da casa são mesmo os tacos, mas o Hey Jo integra outros pratos no seu menu, incluindo pratos tipicamente moçambicanos e outros de gastronomia internacional. Tacos, burritos
e quesadilhas de todos os gostos estão ao dispor de quem quiser um bom lanche e o cliente tem a opção de personalizar o recheio.
Música ao vivo e mais O palco do Hey Jo acolhe concertos aos ns-de-semana, aproveitando os conhecimentos de Miguel como músico. A música ao vivo está inserida num projecto de apoio a novos talentos, designado Hey Jo Perform, em coordenação com a Associação Moçambicana de Músicos.
Umlugaragradável,acompanhado ou não, com o cuidado de uma equipa de 17 simpáticos jovens. Todas as terça-feiras há uma superpromoção:comprarumtacoereceber a dobrar!
Texto Filomena Bande
YELLOW TAIL CARBENET SAUVIGNON
Tipo: Tinto ; Uva: Carbenet Sauvignon ; Volume alcoólico: 13,5% ; Visual: Vermelho rubi ; Características: Aromas de frutas maduras e notas de especiarias, sabor suave com boa concentração, nal agradável e bem amadeirado
YELLOW TAIL MOSCATO
Tipo: Branco ; Uva: Moscato; Volume alcoólico: 7,5% ; Visual: Amarelo esverdeado Características: Aromas frutados brilhantes de pêssego branco, maracujá e or de laranjeira oral, paladar refrescante repleto de sabores de maracujá, kiwi e melão doce
YELLOW TAIL SHIRAZ
Tipo: Tinto ; Uva: Shiraz ; Volume alcoólico: 13% ; Visual: Rubi profundo ; Características: Frutas vermelhas maduras, com notas de especiarias e nuance de alcaçuz, frutado, macio, equilibrado e fresco
YELLOW TAIL CHARDONNAY
Tipo: branco ; Uva: Chardonnay ; Volume alcoólico: 13% ; Visual: Amarelo dourado; Características: possui aromas de frutas tropicais com um toque cítrico, na boca é um vinho de corpo médio com acidez presente e um toque nal cítrico de abacaxi
O Yellow Tail capturou a atenção de muitos consumidores que procuravam uma alternativa aos vinhos tradicionais
Yellow Tail, a Marca Que Revolucionou o Mercado dos Vinhos
O NOME DESTE VINHO É INSPIRADO no “YellowFooted rock Wallaby” (Wallaby das rochas, de patas amarelas), animal conhecido como o primo mais pequeno do canguru, com patas douradas. É um símbolo da fauna australiana. A marca de vinhos Yellow Tail foi criada pela família Casella, de origem italiana, refugiada na Austrália desde o nal da década de 1950.
tiva aos vinhos tradicionais. Com qualidade e uma abordagem visual única, a marca transmite diversão e leveza ao consumo de vinhos, afastando-se da imagem formal. A estratégia impulsionou as vendas nos Estados Unidos e solidi cou a presença global da marca Yellow Tail, hoje comercializada em mais de 50 países, responsáveis por 170 milhões de garrafas vendidas anualmente.
País: Austrália YELLOW TAIL
YELLOW TAIL PINK MOSCATO
Tipo: Rosé ; Uva: Moscato ; Volume alcoólico: 7,5% ; Visual: Rubi claro ; Características: Aromas que remetem a rosas, com paladar refrescante, leve e equilibrado
Os Casella tinham já ligação com o vinho en quanto negócio fami liar desde Itália, sem, no entanto, terem atingido muito sucesso. Recome çaram a vida na Austrália e 14 anos depois desse re começo, a família conse guiu comprar 20 hectares de terra e cultivar vinha, começando assim o no vo negócio. A produ ção cresceu, tanto a nível de quantidade ccomo de qualidade, e a família Casella estabeleceu uma sociedade com a rma Deutsch & Sons, um dos maiores distribuidores de vinhos no mercado norte-americano. Com esta parceria, ganharam o privilégio de aceder a 44 Estados norte-americanos, permitindo alargar o número de apreciadores e críticos.
O Yellow Tail capturou a atenção de muitos consumidores que procuravam uma alterna-
A marca é liderada pela sexta geração da família Castella e os vinhos Yellow Tail são os mais vendidos na Austrália e estão entre cinco mais vencidos a nível mundial. Yellow Tail representa um marco na indústria vinícola pela sua distribuição global e estratégia de marketing, mas também pela capacidade de democratizar o consumo de vinho. A marca ostenta o slogan: “abra a garrafa onde estiver”. Em 2009, um dos seus vinhos foi o 4.º mais vendido do mundo.
A marca
Yellow Tail possui cinco variedades de vinho, incluindo branco, tinto e rosénomeadamente o Cabernet Sauvignon, Moscato, Chardonnay, Pink Moscato e Shiraz.
Texto Filomena Bande
A colaboração da Woogui com a manufactura vai além da produção. A marca procura transmitir conceitos de sustentabilidade para serem incorporados no trabalho dos artesãos.
WACY ZACARIAS
Aplicar economia circular em artigos de moda
DE SOUSA Designer e gestora da Woogui
A MARCA MOÇAMBICANA
WOOGUI foi criada em 2008 e apresenta-se como um exemplo inovador de moda sustentável e valorização do artesanato local.
Fundada por Wacy Zacarias, a Woogui surgiu da visão de transformar os tecidos de capulana em peças elegantes e versáteis. O pano extenso que tradicionalmente se amarra na cintura e serve como uma espécie de saia (vestida principalmente por mulheres mais velhas) ganha novas utilidades. Com a Woogui, os tecidos podem ser usados em eventos formais, no dia-a-dia e em cerimónias, como casamentos. Visto que, na altura da fundação da Woogui, a capulana não atraía o interesse dos jovens, Wacy, com formação em psicologia e experiência na área de desenvolvimento, viu na arte e na moda o potencial para interligar culturas e causar impacto.
OnomeWooguiéumaexpressãoembitonga(umadas línguas faladas em Inhambane, sul de Moçambique), que
Woogui: uma Aposta
signi ca “alvorecer”. O nome está ligado a uma parte das origens de Wacy, no distrito de Homoíne.
Pouco tempo depois da criação, a marca começou a conquistar o mercado e a ganhar espaço na moda moçambicana e internacional. “Em Julho de 2009 participámos na primeira apresentação da colecção em Milão. No ano seguinte, em 2010, ganhámos o prémio ‘Young Designer’do Mozambique Fashion Week”, recorda Wacy, com orgulho.
Economia circular
Em 2013, após ter lançado colecções de sucesso, a designer optou por fazer um curso de moda sustentável. Nessa altura, aprofundou-se a intenção de tornar a marca ainda mais amiga do ambiente e socialmente responsável. Em 2016, jun-
na Moda Sustentável
tou-se à designer Djamila de Sousa. O foco da marca passou a ser a produção de acessórios e carteiras. Desde então, a marca tem apostado na criação de produtos com base em matéria-prima e técnicas locais, promovendo o artesanato moçambicano e aplicando práticas de moda sustentável e economia circular.
Portefólio diversi cado A marca produz uma gama de acessórios: carteiras, estojos, mochilas, chapéus de palha e de bra de bananeira, recorrendo a tecidos usados e cabedal, bem como a técnicas de tecelagem, bordado e costura. Tudo em colaboração com artesãos de várias partes do País. A colaboração da Woogui com ar-
tesãos vai além da produção de artigos de moda. A marca oferece formações e busca transmitir conceitos de sustentabilidade para serem incorporados no trabalho dos artesãos. Por outro lado, e como forma de enriquecer a cadeia de valor e tornar os produtos únicos, a Woogui promove formação técnica para diversos grupos de artesãos. Já capacitou produtores de várias partes das províncias de Maputo, Nampula e Cabo Delgado.
Outros parceiros
Além da colaboração com artesãosindependentes,aWoogui é marca a liada da Karingana Textiles, que desenvolve novos materiais para a marca, e parceira da Made51, uma organização na esfera do Al-
DJAMILA
WACY ZACARIAS
Directora criativa da Woogui
to Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR), que apoia artesãos que tiveram de deixar as suas terras de origem. Estes esforços ajudam a enriquecer a cadeiadevalordamodasustentável e a fortalecer a presença da marca.
Actualmente, a Woogui conta com dois funcionários e uma rede de mais de 50 artesãos independentes. A marca está focada em expandir o seu alcance no mercado nacional e regional, enquanto continua a mostrar o que há de melhor na moda sustentável moçambicana.
Os produtos da Woogui estão à venda em vários estabelecimentos da Cidade de Maputo: Centro Cultural Sabura, Loja Celo, livraria Mabuko e Café 3D. Com uma abordagem que valoriza a autenticidade, a ligação à cultura e a co-criação, a Woogui desa a o ‘status-quo’ e celebra o talento local.
Texto Filomena Bande
Todos os eventos globais que não pode perder, desde a sustentabilidade ao desporto, incluindo as artes
NO ICÓNICO E DESAFIANTE “Circuito das Américas”, em Austin, Texas, o rugir dos motores dos bólides da Fórmula 1 vão voltar a ecoar. É o emocionante Grande Prémio dos Estados Unidos a marcar este mês, no que respeita a eventos desportivos. Em Joanesburgo, África do Sul, vai realizar-se a Seamless Africa 2024, uma conferência e exposição líder no comércio digital, com todas as novidades em pagamentos, ntech, banktech e insuretech. Imperdível para car a par de todas as inovações no sector.
FÓRMULA 1
Grande Prémio dos Estados Unidos Austin / Texas De 18 a 20 de Outubro formula1.com/en/ racing/2024/united-states
É uma das pistas mais desaadoras do mundo. São 5,5 km de extensão e 20 curvas que fazem do GP dos EUA um dos mais famosos e procurados pelos amantes dos motores velozes. Conhecido pela sua atmosfera festiva e grande presença de fãs das Américas, a corrida também é importante, pois pode denir o vencedor da temporada ou aumentar a rivalidade entre os principais pilotos.
CONFERÊNCIA
COMÉRCIO DIGITAL
Seamless Africa 2024
Joanesburgo / África do Sul
De 16 a 17 de Outubro seamless-expo.com/africa
Seamless Africa 2024, uma conferência e exposição líder no comércio digital, com todas as novidades em pagamentos, ntech, banktech e insuretech. Este evento é uma oportunidade imperdível para pro ssionais e empresas do sector explorarem as últimas inovações, estabelecerem conexões de negócios e discutirem o futuro do comércio digital. Com uma expectativa de atrair milhares de visitantes e centenas de expositores, o evento promete ser um ponto de encontro essencial para decisores de grandes empresas, PME, startups, ONG, reguladores e órgãos governamentais.
Circuito das Américas,
Seamless Africa e o Regresso do ‘Lobo de Wall Street’ em Livro
Igualmente na África do Sul, mas na Cidade do Cabo, a Africa Oil Week (AOW) irá reunir líderes da indústria petrolífera para desenvolver políticas estratégicas, compartilhar descobertas, garantir investimentos e moldar o futuro energético de África.
No mundo do streaming, destaque para a terceira temporada de e Lincoln
FÓRUM
Africa Oil Week Cidade do Cabo / África do Sul
De 7 a 10 de Outubro africa-oilweek.com
A Africa Oil Week (AOW) é um evento que se destaca no sector da energia. Reúne líderes da indústria para desenvolver políticas estratégicas, compartilhar descobertas, garantir investimentos e moldar o futuro energético de África. A edição de 2024 será especial, marcada pelo 30.º aniversário da AOW, e promete celebrar a comunidade e o legado de excelência, com uma conferência de classe mundial.
Lawyer, que este mês chega à Net ix.
Nos livros destacamos os conselhos nanceiros de Jordan Belford. Intitulado “Investir”, o livro é um guia que parte da experiência de Belfort para lhe oferecer formas e cazes para fazer o seu percurso de investidor e construir fortuna do zero.
Texto Luís Patraquim
STREAMING
e Lincoln Lawyer T3 / Net ix 17 de Outubro
Em 2021, estreou nos cinemas “Cliente de Risco”, um lme protagonizado por Matthew McConaughey, no qual o actor interpreta um advogado que defende um homem rico que não é aquilo que parece. A história baseia-se na saga de livros de “ e Lincoln Lawyer”, escrita por Michael Connelly. Passada uma década, chegou à Net ix “Nos Meandros da Lei”, uma série baseada na mesma fonte. A produção chegou rapidamente ao top das mais vistas da plataforma e foi renovada para novos capítulos.
A terceira temporada vai contar com dez novos episódios inspirados no quinto livro da interessante série de Connelly.
ARTES Exposição “Xitaxi”
Homenageia Jovens Massacrados em Cabo Delgado
A artista plástica Dora Chipande usa da arte para homenagear a memória dos 52 jovens brutalmente assassinados na aldeia de Xitaxi, no distrito de Muidumbe, em Cabo Delgado, no dia 8 de Abril de 2020, após se recusarem a integrar um grupo armado terrorista. A exposição será inaugurada no próximo dia 24 de Setembro, às 17 horas, na histórica Fortaleza de Maputo. Além da exposição, que cará aberta ao público até 24 de Outubro, um leilão bene cente será realizado para apoiar as vítimas do con ito, com o apoio da Fundação Alberto Joaquim Chipande. A iniciativa procura arrecadar fundos e promover a consciencialização sobre a situação em Cabo Delgado, que tem sido palco de con itos e desestabilização nos últimos anos. Xitaxi é composta por 15 quadros que abordam diferentes temáticas, desde dores, perdas e a esperança por um futuro de paz. A exposição nasce da descrição dos depoimentos do Comandante Geral da Polícia da República de Moçambique Bernardino Rafael, sobre os actos macabros ocorridos naquela região do País.
As obras da exposição de Dora são um convite para o público re ectir sobre a realidade enfrentada por muitos em Cabo Delgado e a importância de preservar a memória dos que perderam as suas vidas em busca de um futuro melhor.
LIVROS
Investir
Autor: Jordan Belford • Editora: Editorial Presença • Género: Economia / Finanças
Quer comprar, vender ou saber quando sair do jogo? Precisa de perceber quais são as estratégias de investimento melhores, mais seguras e e cazes? Procura a forma ideal de acumular riqueza a curto e longo prazo? Este livro é para si. Escrito por um dos maiores nomes mundiais da área, o famoso Lobo de Wall Street, este é o guia que parte da experiência de Jordan Belfort para lhe oferecer as soluções mais e cazes para fazer o seu percurso de investidor e construir fortuna do zero. Belfort ensina-lhe tudo o que é preciso para assegurar estabilidade e crescimento, mesmo que as acções que tenha comprado ontem valham zero hoje. Pelo meio, e porque com o Lobo de Wall Street nada é aborrecido, vemo-nos a ler e a sorrir perante a frontalidade tão brutal quanto inconfundível do homem que mudou para sempre a bolsa e revolucionou o modo como podemos tirar partido de um universo em que o dinheiro nunca pára de circular e crescer.
STREAMING
Outros Lançamentos
Dia 2: Where’s Wanda? (Apple TV+) e e Last Days of the Space Age (Disney+)
Dia 3: Heartstopper T3 (Net ix), e Legend of Vox Machina T3 (Prime Video), Law & Order T24 (NBC), Law & Order: SVU T26 (NBC), Found T2 (NBC) e Gremlins: e Wild Batch T2 (Max)
Dia 8: Accused T2 (FOX) e e Irrational T2 (NBC)
Dia 9: Abbott Elementary T4 (ABC), Amor Traiçoeiro (Netix) e La Máquina (Disney+)
Dia 10: Tomb Raider: e Legend of Lara Croft (Net ix), Citadel: Diana (Prime Video), Teacup (Peacock) e Outer Banks T4A (Net ix)
Dia 11: Disclaimer (Apple TV+) e Regreso a las Sabinas (Disney+)
Dia 13: Tracker T2 (CBS)
Dia 14: NCIS T22 (CBS) e NCIS: Origins (CBS)
Dia 15: FBI T7 (CBS), FBI: International T4 (CBS) e FBI: Most Wanted T6 (CBS)
Dia 16: Shrinking T2 (Apple TV+)
Dia 17: Georgie and Mandy’s First Marriage (CBS), Ghosts T4 (CBS), Elsbeth T2 (CBS), Gundam: Requiem for Vengeance (Net ix) e Jurassic World: Chaos eory T2 (Net ix)
HYUNDAI
Marca
Velocidade máxima
198
Distribuidor
Ronil
Moçambique
A NOVA VERSÃO DO SUV
Ronil Apresenta o Novo Hyundai Santa Fe
SANTA FE da marca sul-coreana Hyundai assume formas mais modernas e elegantes e, o melhor de tudo, já está em Moçambique.
Comercializada pela Ronil, distribuidora o cial da marca no País, surge no mercado com uma campanha ousada cujo objectivo é “romper a conversa técnica e descrever a experiência de conduzir o novo Santa Fe.”
Sob o lema “Novos Horizontes”, o novo SUV promete conduzir o mercado nacional a uma nova forma de encarar o conceito de viagem. “A qualidade de fabrico, tecnologia, desempenho e segurança são elementos há muito reconhecidos pelos Moçambicanos. Queremos uma nova e madura abordagem, na qual reconhecemos e celebramos a viagem como algo tão importante quanto o destino”, explica Eric Vidal, coordenador de marketing da Ronil. “O novo Hyundai Santa Fe é mui-
to mais do que SUV. É compreender a necessidade pela aventura, ultrapassar limites e atingir novos destinos. É a liberdade de denir ‘Novos Horizontes’ e um convite para uma nova era na excelência automóvel”, descreveu.
O Santa Fe vem com espaço para sete passageiros, distribuídos ao longo de três las, tecnologia de topo, novas características de segurança. O novo Hyundai possui um sistema de tracção HTRAC e é 4WD, ou seja, tem tracção às quatro rodas (4x4), característica que o modelo anterior não tinha e que está presentes nas duas versões: Executive e Prestige. A segunda tem tudo o que a Executive apresenta e acrescenta-lhe o espelho retrovisor digital (com câmara embutida), informações projectadas no vidro para auxiliar o condutor. Tam-
O novo Hyundai Santa Fe está equipado com um motor 2.5 GDI, com um torque máximo de 246 nm e uma potência de 191 cv que lhe permite atingir
uma velocidade máxima de 198 km/h
bém está equipado do sensor de chuva, carregamento sem os de dois telemóveis em simultâneo, bancos ventilados com ajuste automático (e possibilidade de regulação de temperatura), e tecto panorâmico duplo.
Além disso, possui um painel de instrumentos com um sistema de info-entretenimento de 12,3 polegadas LCD cada, sendo que no total temos um painel com 24,6 polegadas; uma bagageira eléctrica com quatro modosdeabertura,dezpontos de carregamento distribuídos ao longo da viatura. Tem um desempenho muito mais elevado que na versão anterior, com um motor 2.5 GDI, com um torque máximo de 246 nm e uma potência de 191 cv, que lhe permite atingir uma velocidade máxima de 198 km/h.
Apresenta ainda quatro modos de condução – normal, eco, sport e smart –, e três estilos de con guração de terreno: areia, lama neve. Saiba mais em www.novos-horizontes.net ou visita o showroom da Hyundai na Av. das FPLM, 1954, Maputo.