E&M_Edição 76_Agosto 2024 • Central Eléctrica de Temane - Mais Energia, Novas Oportunidades

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CONTEÚDO LOCAL

COMO AS PME NACIONAIS SE PODEM ESTABELECER NA CADEIA DE VALOR DA INDÚSTRIA EXTRACTIVA?

COMBATE À MALÁRIA

UMA NOVA PÁGINA ABRE-SE COM O INÍCIO DA ADMINISTRAÇÃO DA VACINA ESTE ANO

GÁS NATURAL

MOÇAMBIQUE TERÁ UMA SEGUNDA PLATAFORMA DE LIQUEFACÇÃO DO GÁS. O QUE VAI MUDAR?

INOVAÇÕES DAQUI O ISUTC ACABA DE INTRODUZIR O MODELO DE FORMAÇÃO ONLINE PARA CURSOS DE ENGENHARIAS

CENTRAL ELÉCTRICA DE TEMANE

MAIS ENERGIA, NOVAS

OPORTUNIDADES

Ultrapassados diversos contratempos, a central térmica deverá entrar em funcionamento no início de 2025. A nova linha de alta tensão e subestações entre Temane e Maputo está em fase de testes. EDM, Globeleq e Banco Mundial explicam como o projecto vai dar energia ao País

Um Importante Reforço na Produção de Energia

AA Central Térmica de Temane, que deve entrar em funcionamento em Janeiro de 2025, emerge como um marco crucial na evolução da matriz energética de Moçambique. Desempenha um papel vital no cumprimento da ambiciosa meta de acesso universal à energia até 2030 e solidi ca a posição do País como actor relevante no contexto energético da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC).

O País, dotado de vastos recursos naturais, especialmente em hidrocarbonetos, tem na Central Térmica de Temane um exemplo eloquente do aproveitamento estratégico desses recursos. A Central, localizada na província de Inhambane, utiliza gás natural proveniente dos campos de Temane e Inhassoro, traduzindo-se numa capacidade instalada de cerca de 450 MW. Estes números representam um reforço signi cativo da oferta energética nacional, contribuindo também para uma diversi cação da matriz e para a redução da dependência de fontes hídricas (sobretudo, Cahora Bassa), que, embora renováveis, são vulneráveis às variabilidades climáticas.

ra o desenvolvimento socioeconómico do País, proporcionando benefícios directos às populações em termos de educação, saúde e empreendedorismo. A disponibilidade de electricidade cria um ambiente propício para o surgimento de pequenas e médias empresas, incentivando a inovação e gerando empregos.

A produção adicional de energia, a partir desta Central, vai permitir a expansão da rede, alcançando regiões ainda desprovidas de electricidade

No contexto regional, a capacidade de exportação de energia para os países vizinhos fortalece a cooperação regional e reforça o lugar do País enquanto fornecedor ável de energia, capaz de contribuir para a estabilidade energética da SADC. Este facto é particularmente relevante num contexto em que muitos países do bloco enfrentam desa os signi cativos na produção e distribuição de energia (caso da África do Sul). Moçambique, ao aumentar a sua capacidade produtiva e assegurar a exportação, vai ajudar a mitigar as lacunas, consolidando a integração económica já iniciada e fortalecendo a sua in uência política e económica na SADC.

AGOSTO 2024 • N.º 75

DIRECTOR EXECUTIVO Pedro Cativelos

EDITOR EXECUTIVO Celso Chambisso

JORNALISTAS Ana Mangana, Filomena Bande, Jaime Fidalgo, João Tamura, Luís Patraquim, Nário Sixpene

PAGINAÇÃO José Mundundo

FOTOGRAFIA Mariano Silva

REVISÃO Manuela Rodrigues dos Santos

DEPARTAMENTO COMERCIAL comercial@media4development.com

CONSELHO CONSULTIVO

Alda Salomão, Andreia Narigão, António Souto; Bernardo Aparício, Denise Branco, Fabrícia de Almeida Henriques, Frederico Silva, Hermano Juvane, Iacumba Ali Aiuba, João Gomes, Rogério Samo Gudo, Salim Cripton Valá, Sérgio Nicolini

ADMINISTRAÇÃO, REDACÇÃO

E PUBLICIDADE Media4Development

Rua Ângelo Azarias Chichava nº 311 A — Sommerschield, Maputo – Moçambique; marketing@media4development.com IMPRESSÃO E ACABAMENTO

RPO Produção Grá ca TIRAGEM 4 500 exemplares

EXPLORAÇÃO EDITORIAL E COMERCIAL EM MOÇAMBIQUE Media4Development NÚMERO DE REGISTO 01/GABINFODEPC/2018

Além da produção adicional de energia, juntamente com a Central, está a ser construída uma linha de alta tensão, que vai permitir a expansão da rede, alcançando regiões ainda desprovidas de electricidade. Este avanço é fundamental pa-

Mais do que uma simples infra-estrutura de produção de energia, este empreendimento é um símbolo do potencial transformador dos recursos naturais do País e um passo decisivo rumo a um futuro mais próspero e sustentável. É a principal sugestão que a presente edição da E&M traz para si, caro leitor. Uma espécie de retrato do futuro do sector energético nacional, quando faltam menos de seis meses para a entrada em funcionamento desta importante infra-estrutura.

20 NAÇÃO ENERGIA

20 Central Eléctrica de Temane. A poucos meses da entrada em funcionamento da maior infra-estrutura de energia construída depois da independência, a E&M analisa o seu impacto económico

30 Entrevista. Adriano Jonas, director-executivo da Sociedade Nacional de Transporte de Energia, assegura que já foram concluídas 98% das obras de construção da linha Temane-Maputo

34 Na voz dos promotores. Globeleq, Banco Mundial e sector privado prevêem uma mudança estrutural na economia quando o projecto da Central Térmica de Temane entrar em funcionamento

12 ESG

12 Agricultura. A empresa Húmoz Fertilizantes mostra técnicas de agricultura biológica capazes de ampliar a produtividade do solo

CONTEÚDO LOCAL

16 Industria Extractiva. Banco Mundial e Governo mostram os desa os que as PME enfrentam para se estabelecerem na cadeia de valor extractiva

MACRO

40 Saúde. Moçambique pode estar diante da possibilidade de fazer recuar os casos de malária, quando começar a administrar, ainda este semestre, a primeira vacina contra a doença 40

MERCADO & FINANÇAS

48 Hidrocarbonetos. Moçambique vai ter uma segunda plataforma utuante de liquefacção de gás, cuja construção aguarda apenas por uma decisão do Governo. O que poderá mudar? 48

SHAPERS

44 Economista. O economista inglês John Stuart Mill colocou o sentido de justiça, a liberdade individual e a intervenção do Estado no centro dos seus estudos. Em que resultou? 44

55 ESPECIAL INOVAÇÕES DAQUI

56 EdTech. Instituto Superior dos Transportes e Comunicações aposta no ensino ‘online’ de engenharias em Moçambique

60 My Muse. A Vodacom Moçambique criou uma aplicação global que também promove a música moçambicana. Conheça-a aqui

18 Joel Almeida, Partner and Head of Tax, Outsourcing and Consulting services da Forvis Mazars

42 Sérgio Chitará, PCA do FNB

52 Absa Bank Moçambique

10 Wilson Tomás, analista do Banco BIG Moçambique

14 Mafalda Baião, EY Assurance Manager & André Afonso, EY Assurance Partner

Energy Sector

46 João Gomes, Partner @BlueBiz

SECÇÕES

5 Editorial

4 Sumário

6 Observação

8 Números em Conta

38 Radar África

62 Panorama

65

ÓCIO

66 Escape. Uma aventura pelas diversas atracções do Norte de Espanha 68 Gourmet Shawarma Show, todas as delícias do Líbano, à mesa, em Maputo 69 Adega Provar um dos melhores vinhos da Rioja, o “200 Monges Gran Reserva 1994” 70 Empreendedor Cuidar do cabelo com óleos 100% naturais, negócio inovador de Jéssica da Graça 72 Agenda Tudo o que não pode perder neste mês de Agosto 74 Ao volante do Defender 4x4 mais potente de sempre

Agosto, 2024

Crise Iminente no Sector da Justiça!

Que impacto poderá ter na economia? Este mês pode vir a ser marcado pela primeira greve de juízes de Moçambique, convocada pela associação profissional por um período de 30 dias, prorrogáveis, a partir de 9 de Agosto. Do caderno reivindicativo constam as exigências de segurança, independência financeira dos tribunais em relação ao poder político e revisão salarial, sobretudo após as incongruências detectadas du-

rante a implementação da Tabela Salarial Única (TSU) da função pública.

Através de um comunicado, emitido a 9 de Julho, a Associação Moçambicana de Juízes (AMJ) referiu que, “sem serem satisfeitas as inquietações levantadas no caderno reivindicativo e sem haver qualquer sinal das autoridades governamentais, a Assembleia Geral da AMJ, por voto da maioria, deliberou declarar uma greve geral, à escala nacional”. O Governo, em respo-

sta, assumiu não ter condições imediatas de satisfazer as reivindicações dos juízes, o que torna ainda mais provável a paralisação da actividade dos magistrados.

Ainda assim, o Executivo espera que a revisão da Lei dos Magistrados, que vai a debate no Parlamento, resolva alguns pontos. Aconteça ou não, só a convocação da greve dos juízes é já um sinal preocupante, num sector crucial para a estabilidade socioeconómica do País.

Que Energias Alimentaram o Mundo em

O consumo global de energia primária atingiu um novo recorde de 620 exajoules (EJ) pelo segundo ano consecutivo em 2023, acima dos 607 exajoules de 2022 (um exajoule é aproximadamente igual ao consumo anual de energia eléctrica de um país médio). O gráfico desta edição mostra as fontes de energia utilizadas a nível mundial, em 2023, medidas em exajoules.

Os dados são da Análise Estatística da Energia Mundial de 2024 do Instituto de Energia, publicada em Junho de 2024. Apesar dos esforços para descarbonizar a economia, os combustíveis fósseis ainda representavam mais de 80% do cabaz energético global em 2023. O carvão foi responsável por 32% da energia con-

2023?

sumida, seguido pelo gás natural (26%) e pelo petróleo (23%). O consumo de petróleo recuperou fortemente no ano passado em comparação com 2022, em grande parte devido ao facto de a China ter flexibilizado as suas políticas de confinamento ‘zero-covid’.

A quota-parte das energias renováveis no consumo total de energia primária atingiu 14,6 %, um aumento de 0,4 % em relação ao ano anterior. Juntamente com a energia nuclear, representaram cerca de 19% do consumo total de energia primária. As energias renováveis, como a solar e a eólica, representaram 8% da energia produzida em 2023, seguidas da hidroeléctrica (6%) e da nuclear (4%).

O Papel dos Fundos de Pensões na Promoção do Crescimento

Económico

Os Fundos de Pensões são patrimónios autónomos destinados ao financiamento de um ou mais Planos de Pensões e constituem um conjunto de activos, cujo objectivo é proporcionar aos Beneficiários uma fontede rendimento futuro adicional. A gestão dos Fundos de Pensões tem como foco a capitalização das contribuições, podendo ser realizada por Sociedades Gestoras ou por Seguradoras, procurando gerar uma acumulação de rendimentos suficiente para o beneficiário manter o mesmo nível após a reforma. Estas entidades fazem parte do sistema de segurança social complementar, não eliminando completamente a utilidade das instituições de previdência e segurança social. Deste modo, e porque os investimentos são de longo prazo, os fundos de pensões são dos maiores investidores institucionais a nível mundial, pois possuem elevados volumes de capital para investir.

rendimentos futuros resultaram em alterações nas políticas de investimentos dos Fundos de Pensões, que agora permitem investimentos na maioria das classes de activos. Estas novas classes de activos são empresas de capital de risco ou privado, imóveis, activos de infra-estrutura,, Hedge Funds, commodities, derivados financeiros, entre outros.

Além de proporcionarem estabilidade financeira para os Beneficiários, os Fundos de Pensões são também uma importante fonte de financiamento para as economias nacionais

As Sociedades Gestoras de Fundos de Pensões, entidades responsáveis por administrar e gerir os fundos de pensões, são encarregadas de investir os activos dos fundos, monitorar o desempenho dos investimentos e garantir que os benefícios sejam pagos conforme as regras estabelecidas. Estas sociedades desempenham um papel crucial na gestão financeira e na protecção dos interesses dos beneficiários.

Os activos dos Fundos de Pensões devem ser geridos de forma prudente para garantir que os reformados recebam as prestações de reforma prometidas. Durante muitos anos, de modo que giram retornos estáveis, os Fundos devem ser muito conservadores no processo de escolha dos seus investimentos e privilegiar títulos soberanos, sejam do tesouro ou municipais, por apresentarem risco reduzido, títulos corporativos investiment grade e acções sólidas. A alteração das condições de mercado e a necessidade de manter uma taxa de retorno suficientemente elevada para garantir os

O maior Fundo Público de Pensões (PPF) a nível mundial era, em 2024, o Social Security Trust Funds e estava domiciliado nos Estados Unidos da América com um total de activos de mais de USD 2,8 triliões. O Fundo de Investimento de Pensões do Governo do Japão era o segundo maior, gerindo activos superiores a USD 1,6 triliões. O Military Retirement Fund, sediado também nos Estados Unidos, aparecia na 3.ª posição, gerindo cerca de USD 1,3 triliões em activos. Os activos geridos por estes fundos incluem, entre muitos outros, financiamentos concedidos a governos, empresas públicas e privadas, com forte expressão para a realização de investimentos nas economias desses países.

Papel dos Fundos de Pensões

Os Fundos de Pensões desempenham assim um papel crucial no panorama económico global pois, para além de proporcionarem estabilidade financeira para os Beneficiários, são também uma importante fonte de financiamento para as economias nacionais desenvolverem as suas actividades de investimento. Como procuram rendimentos de longo prazo, para fazer cobertura das responsabilidades de longo prazo, os Fundos de Pensões devem privilegiar investimentos de longo prazo e que estejam protegidos da inflação, e investimentos de infra-estrutura em capacidade produtiva, pois são os melhores investimentos com esses objectivos. Desta forma, os fundos de pensões desempenham um papel vital no fortalecimento das economias globais, financiando os investimentos em projectos estruturantes, e que viabilizarão os

O impacto positivo dos Fundos de Pensões manifesta-se, também, através do aumento de investimentos

futuros económicos desses países. O seu impacto positivo é sentido através do aumento do investimento, da estabilidade financeira e do desenvolvimento sustentável, tornando-os um componente essencial do crescimento económico a longo prazo.

Em Moçambique, existe um quadro legal bem definido sobre os Fundos de Pensões que aprova o regulamento da constituição e gestão dos mesmos no âmbito da Segurança Social Complementar, estabelecendo regras e princípios gerais das políticas de investimento, entre outros normativos para a actuação destas entidades. Existem oito sociedades ges-

toras de Fundos de Pensões (SGFP) licenciadas para exercer esta actividade em 2024, segundo o Instituto de Supervisão de Seguros de Moçambique (ISSM).

Variabilidade dos Fundos

No País, a diversificação dos portefólios dos Fundos de Pensões fica condicionada ao nível de profundidade do mercado de capitais nacional, quer em termos de disponibilidade de instrumentos, quer da variabilidade dos mesmos. A Bolsa de Valores de Moçambique (BVM) dispõe maioritariamente Obrigações do Tesouro, emitidas num total de USD 2.738 milhões, sentindo ainda fraca adesão por

parte de empresas privadas. Para uma eficiente gestão patrimonial, seguindo as melhores práticas internacionais de gestão de risco, é necessária uma evolução do mercado de capitais nacional, com alargamento do número de emitentes, bem como com trabalho de base para fomentar a geração de liquidez e profundidade nos actuais activos disponíveis. Só deste modo, os Fundos de Pensões complementares nacionais, que ultrapassam já os MZN 15 biliões, terão capacidade de adquirirem os activos financeiros e assim fomentarem uma actividade económica mais próspera e estável em Moçambique.

Menos Químicos, Mais Natureza: Razões

Para Substituir a Agricultura Tradicional Pela Biológica

A Húmoz Fertilizantes é uma empresa agrícola moçambicana fundada em 2019. Os seus processos de produção são exemplo de adaptação aos princípios de sustentabilidade, com resultados. Sem segredos. Os responsáveis garantem que replicar estes métodos aumenta substancialmente a produtividade do solo

Texto Filomena Bande •Fotogra a Mariano Silva

Aagricultura biológica, também conhecida como orgânica, está a ganhar destaque globalmente como alternativa sustentável aos métodos agrícolas convencionais, com recurso a químicos. Adoptada por muitos países devido às práticas que respeitam o meio ambiente, trata-se de uma abordagem que evita o uso de pesticidas e fertilizantes sintéticos, focando-se em técnicas que promovem a saúde do solo e a biodiversidade.

O movimento avança em Moçambique e um dos exemplos é a empresa Húmoz Fertilizantes, dedicada a sementes biológicas (testadas em laboratórios próprios), fertilizantes e substratos biológicos. Além da área de produção, a Húmoz trabalha na componente social, ministrando formações

e a dar assessoria a pequenos produtores agro-pecuários e empresas do ramo agrícola.

Preservação do ambiente

Uma das demonstrações da preocupação em preservar o ambiente está patente no Eco-lápis, um lápis feito de resíduos de papel e gra te, que tem a particularidade de levar sementes na base. Quando já for demasiado pequeno para escrever, basta espetá-lo num pedaço de terra para mais tarde germinar. A iniciativa do lápis ecológico é destinada, sobretudo, ao público infantil, com o objectivo de consciencializar as crianças sobre a importância do meio ambiente e da plantação de árvores para a sustentabilidade do planeta.

Mas a especialidade da empresa Húmoz é a produção de sementes biológicas, sem qualquer modi cação gené-

“O que se pode fazer para apoiar a produtividade é aplicar um fertilizante orgânico, que, além de não danificar o solo, tem um tempo de vida relativamente maior”

tica. Este tipo de sementes é resistente a altas temperaturas e a certos tipos de pragas, e, portanto, dá as bases necessárias para sustentar a agricultura biológica, daí a sua importância.

Fim do dé ce de produção?

De acordo com o engenheiro químico da empresa, Junker Dembo, a agricultura orgânica pode ajudar Moçambique a melhorar a produtividade dos solos. “O solo moçambicano é rico em nutrientes, e não é necessário aplicar um fertilizante ou adubo químico. O que se pode fazer para apoiar a produtividade é aplicar um fertilizante orgânico, que, além de não dani car o solo, tem um tempo de vida relativamente maior.

Por exemplo, se for aplicado numa área, e numa determinada época, é provável que na próxima produção não seja necessário”, explicou o engenheiro. Além de fertilizar o solo, “tem nutrientes necessários para forti cá-lo e é constituído por componentes vegetais que se vão multiplicando e criam uma cadeia de solo nutrido”. Ao nível da saúde humana, a agricultura biológica “proporciona maior valor nutricional, sabor autêntico e redução do risco de alergias”, esclareceu a engenheira agrónoma da empresa, Zuhura Pedro.

Foco no mercado internacional Stefane Niquice, director de marketing da Húmoz, referiu que, a curto e médio prazo, a empresa pretende conquistar o mercado internacional. “Estamos a fazer contactos. Há muita procura por fertilizantes lá fora. Nós percebemos que o mercado internacional é mais amplo e, por isso, um dos nossos objectivos é alcançar empresas e produtores internacionais. Internamente, queremos trabalhar com mais produtores, dos mais pequenos aos médios e grandes”, apontou.

A empresa está instalada em Maputo, mas os seus produtos são distribuídos por todo o País. A empresa conta com dez funcionários e vários colaboradores que operam como subcontratados para fornecimento da matéria-prima para a produção do fertilizante (excremento bovino) ou para a distribuição de produtos. A Húmoz está em processo de mudança de instalações, da Matola para o distrito de Katembe, com o objectivo de obter maior espaço para implantar o seu campo de produção e laboratórios.

A agricultura biológica é uma prática agrícola que surgiu como uma alternativa à industrialização, a partir dos anos 1920, e hoje é reconhecida internacionalmente pela sua qualidade.

VANTAGENS DA AGRICULTURA BIOLÓGICA

A aposta nesta modalidade de produção assegura o alcance da sustentabilidade nos seus três principais domínios ESG (do inglês, environmental, social and governance, ou seja, ambiental, social e gestão).

- Ambiental: contribui para a conservação do solo e da água, promovendo a biodiversidade. Técnicas como rotação de culturas, compostagem e controlo biológico de pragas ajudam a manter o equilíbrio ecológico e a reduzir a poluição ambiental.

- Saúde: produtos biológicos tendem a ser mais saudáveis, por serem cultivados sem a utilização de pesticidas e fertilizantes químicos, que podem deixar resíduos nos alimentos e afectar a saúde dos consumidores.

- Económica: embora os custos iniciais da transição para a agricultura biológica possam ser elevados, a procura crescente por produtos orgânicos permite que os agricultores obtenham melhores preços no mercado.

- Social: pode criar empregos e promover práticas agrícolas tradicionais e conhecimentos locais. Também pode fortalecer a segurança alimentar ao proporcionar uma produção diversi cada e resiliente às mudanças climáticas.

ZUHURA PEDRO Engenheira Agronóma

Atransição energética em Moçambique é um tema de relevância crescente, não apenas para a criação de desenvolvimento sustentável do País, mas também como componente estratégica na geopolítica regional e global.

A descoberta de vastas reservas de gás natural em Cabo Delgado colocou Moçambique no mapa como um dos principais players no mercado global de gás encontrando-se assim, o País, numa fase de transição entre a exploração dos recursos fósseis e a identificação e o desenvolvimento do potencial das energias renováveis.

No que se refere às energias renováveis, Moçambique apresenta também um enorme potencial, destacando-se na África Subsaariana devido à sua posição geográfica. A energia solar é particularmente promissora, dado que Moçambique recebe uma média anual de cerca de 2500 horas de sol. A energia eólica também tem um grande potencial, especialmente ao longo da extensa linha costeira do País. E não menos importante é a energia hidroeléctrica, a qual já desempenha um papel significativo, nomeadamente com a barragem de Cahora Bassa, uma das maiores de África que, em 2023, produziu mais de 16.000 GW/h.

Determinantes da transição

Esta transição energética é influenciada por diversos factores, sendo um deles o ambiente social e demográfico. No caso de Moçambique, uma população jovem e em crescimento pode impulsionar a procura por energia e, ao mesmo tempo, fornecer uma força de trabalho dinâmica para a indústria de energias renováveis. Desta forma, a aposta nas infra-estruturas e no melhoramento da educação, aliado à expansão dos projectos de gás e de energias renováveis, poderá trazer um crescimento sustentável que aumentará os níveis de riqueza.

A Transição Energética em Moçambique

Outro factor relevante é a obtenção de capital para a implementação dessa mesma transição energética. Para atrair investimento estrangeiro, Moçambique deve continuar a garantir um ambiente político e regulatório estável e que continue a transmitir confiança, que inclua a gestão dos recursos de gás de forma transparente e responsável, alinhadas com a política global de transição energética, desenvolvendo políticas que incentivem as energias renováveis. Esta diversificação da matriz energética pode tornar o País mais atractivo para investidores preocupados com a sustentabilidade e a resiliência energéticas.

A transição é influenciada por factores como o ambiente social e demográfico

Para além do investimento estrangeiro, existem financiamentos aprovados a nível global. Em 2022, o G7 comprometeu-se publicamente em investir 600 mil milhões de USD até 2030 em infra-estruturas. Com o compromisso de: i) aumentar as infra-estruturas e permitir o acesso ao financiamento; ii) dar suporte na gestão eficaz de minerais críticos para a transição energética; iii) expandir o acesso à energia e apoiar a utilização produtiva da energia; iv) reforçar os quadros e capacidades institucionais e; v) ajudar a acelerar e reforçar o desenvolvimento sustentável e resiliente em África. Também o Banco Africano de Investimento e o Banco Mundial disponibilizam diversas linhas de crédito para projectos de investimento no sector. É importante referir que esses

compromissos assumidos a nível global com a transição energética, bem como as necessidades das instituições financeiras internacionais de cumprirem rácios significativos em investimentos sustentáveis, tornam os investimentos em energias renováveis em África bastante atractivos, tanto pela reduzida pegada carbónica (quando comparada com investimentos em energia de fontes fósseis), como pelo impacto positivo nas populações.

Oportunidades à vista

Todos estes factores representam oportunidades para os agentes económicos em Moçambique, tanto no Sector Público como no Sector Privado, que beneficiarão da criação de um Ambiente Económico propício ao investimento externo através de estratégias de mitigação de riscos como, por exemplo: i) desenvolvimento de um quadro legislativo e regulamentar duradouro favorável aos investidores; ii) desenvolvimento de parcerias público-privadas; e iii) celebração de acordos de implementação entre as empresas de projecto e o Governo.

Em suma, podemos verificar que Moçambique se encontra numa posição de elevado destaque no que se refere à transição energética, decorrente da sua posição geográfica e recursos naturais disponíveis, que, se utilizados de forma sustentável, poderão tornar o País num dos maiores produtores de energias renováveis a nível mundial. Para alcançar esta meta, é necessário equilibrar todos os diferentes factores acima mencionados, para tornar Moçambique num país atractivo para a captação de investimento estrangeiro enquadrado numa estratégia de longo prazo para a implementação dos diversos projectos que fazem parte da transição energética, colocando assim o País como uma componente estratégica a nível global, nesta transição, e contribuindo de forma determinante para o seu crescimento sustentável.

Como Converter os Desa os em Oportunidades?

Em Moçambique, muitas iniciativas têm sido desenvolvidas para apoiar as empresas a participarem na cadeia de valor da indústria extractiva. Contudo, prevalecem di culdades estruturais que impedem o alcance deste objectivo. Relatórios do Banco Mundial e do Governo mostram o que está mal e o que deve mudar

Aindústria extractiva em Moçambique, que inclui a mineração de carvão, gás natural e outros recursos minerais, tem sido um motor signi cativo para o desenvolvimento económico do País. No entanto, a maximização dos benefícios locais provenientes desta indústria tem enfrentado desaos substanciais. A implementação de políticas de conteúdo local emerge como uma abordagem crítica para enfrentar esses desa os, promovendo, ao mesmo tempo, oportunidades para as empresas moçambicanas.

A Política Nacional de Conteúdo Local e o Relatório sobre o Desenvolvimento Económico de Moçambique, do Banco Mundial, fazem o levantamento dos grandes desa os enfrentados pelas empresas moçambicanas no contexto do conteúdo local na indústria extractiva. Estes são signi cativos, mas consideram que tais desa os “não são insuperáveis”. Isto é, com a implementação de políticas e cazes, parcerias estratégicas e investimentos em capacitação e infra-estruturas, Moçambique pode transformar esses desa os em oportunidades. Qual será a fórmula certa para explorar as oportunidades da cadeia de valor da indústria extractiva?

DESAFIOS

1

Capacitação e competências

A falta de competências técnicas e de gestão nas empresas locais é um dos maiores desa os. A indústria extractiva

requer conhecimento especializado que muitas empresas moçambicanas ainda não possuem. A formação e capacitação de trabalhadores locais são essenciais, mas frequentemente limitadas pela falta de instituições de ensino técnico e prossional de qualidade.

2

Infra-estruturas inadequadas

A rede de infra-estruturas públicas inadequada, incluindo estradas, portos e transportes, limita a capacidade das empresas locais de participar efectivamente na cadeia de valor da indústria extractiva. Esta limitação torna difícil para as empresas moçambicanas competirem com fornecedores internacionais que têm melhor acesso a infra-estruturas e logística.

3

Acesso ao nanciamento

O acesso ao nanciamento é outro obstáculo signi cativo. As Pequenas e Médias Empresas (PME) locais, muitas vezes, não têm o capital necessário para investir em equipamentos e tecnologia de ponta, o que as impede de cumprir os rigorosos requisitos da indústria extractiva.

4

Ambiente regulatório

Embora existam políticas de conteúdo local, a sua implementação e monitorização têm sido inconsistentes. A falta de clareza e de um quadro regulatório robusto podem desincentivar as empresas a investir em formação e desenvolvimento local.

As Pequenas e Médias Empresas (PME) locais, muitas vezes, não têm o capital necessário para investir em equipamentos e tecnologia de ponta, o que as impede de cumprir os rigorosos requisitos da indústria extractiva

Texto Celso Chambisso •Fotogra a D.R

OPORTUNIDADES

Entretanto,háumasériedeaspectosapontados pelo Banco Mundial e reconhecidos pelo Governo como cruciais, para transformar o cenário e promover maior participação das empresas nacionais na cadeia de produção dos grandes projectos:

1

Desenvolvimento de capacidades

O desenvolvimento de programas de formação, em parceria com empresas internacionais e instituições de ensino, pode aumentar signi cativamente a competência técnica e de gestão das empresas moçambicanas. Estes programas devem ser adaptados às necessidades especí cas da indústria extractiva.

2

Parcerias estratégicas

As empresas podem estabelecer parcerias com empresas internacionais para a transferência de conhecimento. Tais parcerias podem incluir ‘joint-ventures’, acordos de partilha de produção e programas de acompanhamento, que facilitem a sua integração na cadeia de valor global.

3

Incentivos governamentais

O Governo pode oferecer incentivos scais e nanceiros para encorajar as empresas a investir em conteúdo local. Estes incentivos podem incluir isenções scais, subsídios para formação e apoio ao desenvolvimento de infra-estruturas especí cas para a indústria extractiva.

4

Melhoria das infra-estruturas

O investimento em infra-estruturas é essencial para melhorar a logística e a eciência operacional das empresas locais. Projectos de desenvolvimento de estradas, portos e redes de transporte podem facilitar o acesso ao mercado e reduzir os custos operacionais.

5

Fortalecer o quadro regulatório

O fortalecimento do quadro regulatório pode assegurar uma implementação mais e caz das políticas de conteúdo local. Uma abordagem transparente e consistente na aplicação das regulamentações pode aumentar a con ança das empresas locais.

Aindústria de energia renovável está a crescer rapidamente, e há uma grande quantidade de recursos com um potencial significativo para as energias solar, eólica, hidroeléctrica e bioenergia em Moçambique.

Recursos Naturais

Moçambique possui uma abundância de recursos naturais que podem ser aproveitados para a produção de energia renovável, incluindo sol, vento e água.

Iniciativas Governamentais

O Governo moçambicano tem implementado políticas e incentivos para promover o desenvolvimento da energia renovável.

Investidores Globais

O País tem atraído investimentos estrangeiros significativos em projectos de energia renovável, impulsionados pela procura crescente por energia limpa.

Desafios Contabilísticos Específicos dos Projectos de Energia Renovável

Os projectos de energia renovável apresentam desafios únicos para a contabilidade, como a gestão de subsídios e incentivos e a contabilização de activos com vida útil longa.

1- Tecnologia em Evolução

A rápida evolução da tecnologia na indústria de energia renovável exige adaptações contínuas nos métodos de contabilização.

2- Gestão de Riscos

A contabilização precisa de considerar os riscos associados à volatilidade dos preços da energia, à disponibilidade de recursos e às mudanças climáticas.

Contabilidade em Projectos de Energias Renováveis em Moçambique

3- Contabilização de Custos

A contabilização precisa de reflectir a complexidade dos custos dos projectos de energia renovável, incluindo o investimento inicial, as despesas operacionais e a manutenção.

4- Conformidade Regulatória

A contabilidade deve estar em conformidade com as regulamentações específicas da indústria de energia renovável e com as normas contabilísticas internacionais.

Os projectos de energias renováveis apresentam desafios na gestão financeira, incluindo o controlo de custos de produção, a gestão de inventário e a contabilização de subsídios do Governo

Requisitos Legais e Regulatórios da Contabilidade em Moçambique

Os projectos de energia renovável em Moçambique estão sujeitos a um quadro legal e regulamentar específico que orienta a contabilidade e a divulgação financeira.

• Lei Geral Tributária

Regulamenta os impostos aplicáveis aos projectos de energia renovável.

• Lei de Energia

Define as normas para a produção

e distribuição de energia, incluindo energia renovável.

• Normas Internacionais de Contabilidade

Fornecem orientação para a contabilização e divulgação financeira de acordo com as melhores práticas internacionais

Estruturação Contabilística de Projectos de Energia Solar e Eólica

A contabilidade de projectos de energia solar exige atenção especial para a depreciação dos painéis solares das turbinas eólicas, os custos de manutenção e o tratamento de subsídios e incentivos.

Investimento Inicial

• Contabilizar o custo de aquisição, instalação e comissionamento dos painéis solares.

Activos Fixos

• Contabilizar os painéis solares e as turbinas eólicas como activos fixos, incluindo a depreciação e a amortização ao longo da vida útil dos equipamentos.

Custos Operacionais

• Contabilizar os custos de manutenção, limpeza e reparação dos painéis solares.

Custos de Manutenção

• Contabilizar os custos de manutenção preventiva e correctiva das turbinas eólicas, dos painéis solares, incluindo peças de reposição e mão-de-obra.

Crédito de Carbono

• Contabilizar os créditos de carbono gerados pela produção de energia, caso o projecto esteja elegível para esse tipo de incentivo

Vendas de Energia

• Contabilizar os rendimentos prove-

nientes da venda de energia solar para a rede eléctrica.

Gestão Financeira e Reporting

Os projectos de energias renováveis apresentam desafios únicos na gestão financeira, incluindo o controlo de custos de produção, a gestão de inventário e a contabilização de subsídios governamentais.

Gestão de Custos

Controlar os custos de produção, incluindo a compra de peças para manutenção e a logística.

Análise Financeira

Realizar análises financeiras regulares para monitorar a rentabilidade do projecto, os fluxos de caixa e a gestão de riscos.

Relatórios Financeiros

Preparar relatórios financeiros de acordo com as normas contabilísticas, incluindo demonstrações de resultados, balanços e demonstrações de fluxos de caixa.

Conformidade Regulatória e Sustentabilidade

Cumprir com as regulamentações e os requisitos legais aplicáveis à produção e comercialização, assim como as regras de sustentabilidade e emissão de reportes regulares sobre políticas de ESG e TCFD.

Conclusão e Recomendações

A contabilidade desempenha um papel crucial no sucesso dos projectos de energia renovável em Moçambique. É fundamental garantir a precisão e a

conformidade das informações financeiras para atrair investimentos e promover a sustentabilidade.

Capacitação de Profissionais

Investir na capacitação de profissionais de contabilidade em relação às especificidades da contabilidade em projectos de energia renovável.

Padronização de Práticas

Promover a padronização de práticas de contabilidade em projectos de energia renovável para garantir a consistência e a comparação entre eles.

Utilização de Tecnologias

Implementar soluções tecnológicas para optimizar os processos de contabilidade e reporting financeiro

A contabilidade de projectos de energia solar exige atenção especial para a depreciação dos painéis

Projecto da Central Térmica de Temane

Contagem Decrescente Para Dar Mais Energia ao País

Os promotores querem sacudir os atrasos da obra e colocar o novo projecto a dar energia ao País no início de 2025. Será a maior central eléctrica construída em Moçambique após a independência, e a nova linha de alta tensão Temane –Maputo contribuirá para o acesso universal à energia. Que oportunidades se abrem para a economia? Vamos conhecer os detalhes e conversar com os intervenientes

Texto Redacção • Fotografia iStock Photo & D.R.

Oprojecto da Central Térmica de Temane (CTT) e Linha de Alta Tensão Temane–Maputo está a entrar na fase nal: a contagem decrescente deverá terminar no início de 2025. Este é um dos maiores projectos de engenharia em curso em solo moçambicano e terá um impacto relevante na economia nacional, contribuindo com cerca de 14% da capacidade de fornecimento para satisfazer a procura em Moçambique. Junta investimento público e privado, liderado pela multinacional Globeleq. A expectativa é que possa dar um empurrão crucial para o acesso universal à energia, assim como para investimentos relacionados com a industrialização do País.

O projecto engloba três componentes: a central eléctrica, a linha para distribuição de energia e um conjunto de serviços de assistência técnica e desenvolvimento do potencial de produção de electricidade.

CTT no coração do projecto Entre os três componentes, tudo começa na Central Térmica de Temane, onde a electricidade vai ser gerada. Vai ser a maior central eléctrica pós-independência de Moçambique, com uma capacidade de 450 megawatts (MW), cerca de um quinto da hidroeléctrica de Cahora Bassa, a maior central do País, numa albufeira arti cial no rio Zambeze, herdada do tempo colonial.

A electricidade de Temane vai ser gerada em turbinas a gás Siemens SGT-800, apresentadas entre as mais e cientes em termos de emissões, a nível mundial, capazes de trabalhar em ciclo combinado e cogeração – duas premissas para melhorar a e ciência energética e reduzir o consumo de combustível, diminuindo as emissões de gases com efeito de estufa. Além do mais, são turbinas que podem ser adaptadas mais tarde para produção com misturas de hidrogénio ou biocombustíveis.

Porquê a localização em Temane (distrito de Inhassoro, província de Inhambane)? Porque a central vai funcionar com as reservas de gás natural que ali são exploradas, desde há 17 anos (as jazidas de Pande e Temane), pela petrolífera sul-africana Sasol. Estas reservas estão ligadas àquele país através de um gasoduto. A construção da central arrancou em Março de 2022 e está orçada em cerca de 650 milhões de dólares.

OS NÚMEROS DO EMPREENDIMENTO

Banco Mundial é o maior nanciador dos dois projectos

TOTAL

559

FINANCIADORES

Banco Mundial

Banco Islâmico de Desenvolvimento (BID)

Banco de Desenvolvimento da África Austral (DBSA)

Fundo para o Desenvolvimento Internacional da OPEP

Banco Africano de Desenvolvimento (BAD)

CENTRAL ELÉCTRICA

TOTAL

746

Governo da Noruega 110 50 36 33 30 300 253 191 50

FINANCIADORES

Banco Mundial e Fundo de Infra-estruturas para África Emergente

Corporação Financeira Internacional norte-americana (DFC)

Fundo para o Desenvolvimento Internacional da OPEP

Agência Multilateral de Garantia de Investimentos (MIGA)

251

FONTE Globelec (valores em milhões de dólares)
LINHA DE ALTA TENSÃO

A linha para levar energia

De que vale uma central eléctrica sem uma rede de distribuição à altura? É para dar resposta a essa necessidade que o projecto inclui outro componente: uma linha de alta tensão (400 Kv, quilovolts) entre Temane e a província de Maputo, com uma extensão de 563 quilómetros e orçada em mais de 400 milhões de dólares. O percurso compreende três secções: Vilankulo-Chibuto, Chibuto-Matalane e Matalane-Beluluane. Cada uma inclui subestações (três, no total) localizadas ao longo da extensão, garantindo uma distribuição e ciente de energia. Estas subestações eléctricas carão em Pambara (Vilankulo), Chibuto e Matalane (Marracuene).

Os sócios e as metas (ambiciosas) A central eléctrica é detida em 85% pela Mozambique Power Invest (MPI)

A electricidade de Temane vai ser gerada em turbinas a gás Siemens SGT-800, apresentadas entre as mais eficientes em termos de emissões, a nível mundial, capazes de trabalhar em ciclo combinado e cogeração

CICLO COMBINADO E COGERAÇÃO: O QUE SIGNIFICAM?

As turbinas de produção de electricidade em ciclo combinado, como as que vão equipar a central de Temane, usam dois ciclos. Primeiro, o gás natural é queimado numa câmara de combustão e os gases quentes resultantes são usados para girar uma turbina a gás, que produz electricidade. Depois, noutro ciclo, os gases quentes de exaustão da turbina a gás (equivalente à saída pelo tubo de escape de um carro) são usados para aquecer água numa caldeira e produzir vapor. Este vapor empurra outra turbina adicional, que gera electricidade extra. Já o termo cogeração quer dizer que, além de se utilizar o calor para produzir electricidade, este é utilizado paraoutras nalidades industriais, em vez de ser dissipado.

Na engenharia de uma central eléctrica, a cogeração é habitualmente vista como uma opção altamente e ciente, porque utiliza calor residual que normalmente seria desperdiçado, resultando num uso mais completo da energia disponível.

e em 15% pela Sasol Africa. A MPI é propriedade da multinacional Globeleq (76%, líder do projecto) e da Electricidade de Moçambique (EDM, com 24%). O objectivo é garantir acesso a energia eléctrica a mais de 1,5 milhões de famílias até 2030, no âmbito do programa do Governo de acesso universal à energia. Ao mesmo tempo, pretende contribuir para potenciar a industrialização nacional.

O investimento servirá ainda para consolidar a posição de Moçambique como pólo regional de produção de energia na região da África Austral –onde já tem desempenhado um papel de relevo com a exportação a partir da albufeira de Cahora Bassa – uma vez que, além da energia fornecida à EDM paradistribuiçãonomercadonacional, uma parte será exportada para a região austral africana. A Globeleq, líder do empreendimento, apresenta-o co-

MAPA DA CENTRAL TÉRMICA

E DA LINHA TEMANE-MAPUTO

O percurso a partir do local onde o gás será transformado em energia até aos consumidores

SUSTENTABILIDADE

O projecto está alinhado com o Acordo de Paris e apoiará a transição energética sustentável a longo prazo de Moçambique para uma meta (muito ambiciosa) de emissões líquidas zero até 2050. Será exequível? Este projecto é um dos passos.

CENTRAL TÉRMICA DE TEMANE

Localização: Inhassoro

Capacidade: 450 MW

Produção a gás em ciclo combinado

SUBESTAÇÕES

- Pambara (Vilankulo)

- Chibuto (Gaza)

- Matalane (Marracuene)

Localização: Temane – Maputo

Extensão:

563 quilómetros

Marromeu
LINHA DE ALTA TENSÃO

ESPECIFICIDADES DA LINHA

A linha Temane-Maputo faz parte de um conceito maior que é a "espinha dorsal" de electricidade de Moçambique. Trata-se do projecto de transporte de energia entre o norte e sul conhecido por Cesul: 1340 quilómetros de linha de corrente alternada e 1250 quilómetros de linha de corrente contínua, com capacidade para escoar cerca de 3100 megawatts. De norte para sul, eis as secções do Cesul:

• Linha Temane-Maputo (Inhambane, Gaza, Maputo), com 563 quilómetros e orçada em 530 milhões de dólares, em conclusão.

• Linha Chibabava (Sofala)Vilanculos (Inhambane), com 240 quilómetros e orçada em 35 milhões de dólares, em construção.

• Linha Chimuara - Alto-Molocué (Zambézia), com 367 quilómetros e orçada em 200 milhões de dólares com nanciamento do Banco Africano de Desenvolvimento (BAD), lançada em 2021.

• Na província de Nampula, está em curso a construção de várias linhas de transmissão integradas no empreendimento.

O projecto Cesul será alimentado por várias fontes energéticas, principalmente pela Hidroeléctrica de Cahora Bassa (HCB) e centrais térmicas, como a de Temane.

CONCEPÇÃO TÉCNICA DA CTT

As turbinas Siemens SGT-800 escolhidas para a Central podem ser actualizadas para lidar com alto teor de hidrogénio, reduzindo o impacto de carbono da Central.

A con guração técnica e comercial exível da Central Térmica permite um fornecimento variável de carga de base e ajustar a distribuição de energia.

Este projeto vai fornecer energia complementar para que Moçambique possa maximizar os investimentos paralelos de energia renovável, na sua rede, e prosseguir o desenvolvimento energético com baixo teor de carbono.

mo uma fonte de “energia ável e de baixo custo para a EDM", ao abrigo de um acordo de concessão de 25 anos, utilizando gás natural fornecido pelas reservas de Pande e Temane, operadas pela Sasol e pela Empresa Nacional de Hidrocarbonetos (ENH), empresa estatal moçambicana para o sector.

Será uma mais-valia ambiental? O projecto mereceu boa pontuação do Banco Mundial (co- nanciador) quando estava a ser estudado. "Demonstra um esforço integrado e bem coordenado para alavancar os recur-

sos do grupo Banco Mundial com uma abordagem de 'cascata'", ou seja, de envolvimento conjunto de parceiros, defendeu o IFC.

Do lado do Governo, o empreendimento é apresentado como uma das peças para mitigação das emissões de gases com efeito de estufa. "Enquanto país que está em risco de sofrer os piores efeitos das alterações climáticas, o Governo de Moçambique apoia totalmente o Acordo de Paris e está a trabalhar na descarbonização", referia Max Tonela no fecho do nanciamento, na altura, ainda na qualidade de mi-

"O projecto está em linha com a transição energética, que inclui o desenvolvimento de projectos solares, hídricos e eólicos", Max Tonela, então ministro da Energia

nistro dos Recursos Minerais e Energia. O projecto "está completamente em linha com a transição [energética], que também inclui o desenvolvimento de projectos solares, hídricos e eólicos".

Recentemente, o ministro dos Recursos Minerais e Energia, Carlos Zacarias, reiterou que a Central Térmica de Temane aumentará as suas exportações de electricidade para países vizinhos, nomeadamente Zâmbia, Zimbabué, Botsuana e África do Sul, o que contribuirá para os ganhos de Moçam-

bique no sector da energia. O governante assegurou, inclusive, que já foram assinados diversos memorandos de entendimento com esses países. Há alguns meses, a Sasol também anunciou a prontidão do projecto do Acordo de Partilha de Produção (Production Sharing Agreement - PSA, na sigla em inglês) para fornecer gás à Central Térmica de Temane. Trata-se de um dos mais relevantes megaprojectos, com um signi cativo contributo para o compromisso de monetização do gás em Moçambique.

ÚLTIMOS TESTES

NA CENTRAL, LINHA E SUBESTAÇÕES

Com o projecto a entrar na recta nal, prevê-se que durante os próximos meses decorra o processo de integração, veri cação e testes de toda a maquinaria da Central, recuperando de atrasos de empreiteiros e dos prejuízos provocados pela tempestade tropical Filipo, que atingiu Moçambique em Março. Segundo informação da EDM, está igualmente a decorrer a selecção e contratação de pro ssionais que vão operar a Central.

"Todas as nossas valências e competências vão ser postas à prova”, admitiu Pedro Nguelume, administrador executivo da eléctrica estatal moçambicana para a área de desenvolvimento de negócios da EDM.

Ao nível da linha de alta tensão, “todos os esforços estão concentrados na montagem dos cabos, marcando a fase nal do projecto”, explicou Fernando Andela, porta-voz dos serviços de representação do Estado. Entretanto, Adriano Jonas, director do projecto, atribui-lhe um nível de execução superior a 90%. A EDM anunciou testes de abilidade dos equipamentos instalados nas três subestações que compõem a linha: Pambara (Vilankulo), Chibuto e Matalane (Marracuene).

LINHA OBRIGA A REASSENTAMENTOS?

Um total de 212 casas estão previstas, com vários trabalhos de infra-estruturas. A construção está dividida em quatro lotes, distribuídos por 11 distritos. As obras incluem ainda a construção de equipamentos sociais (esquadra, escola, centro de saúde, arruamentos e electri cação) em dois dos lotes.

O coordenador de construção da linha, Bruno Baptista, garante que a componente reassentamento foi concluída, faltando a entrega de algumas casas em Maputo.

“Já

Executámos 98% das Obras” da Linha de Alta Tensão

Adriano Jonas, director-executivo da Sociedade Nacional de Transporte de Energia (STE), é responsável pela gestão da Linha de Transporte Temane-Maputo. O projecto está bem encaminhado, tanto ao nível da conformidade das obras, como do cumprimento de prazos: daqui a cinco meses, o País vai dispor de um importante reforço no abastecimento de energia

ASTE é um braço empresarial da Electricidade de Moçambique (EDM), criada para desenvolver infra-estruturas de transporte de energia como é o caso das linhas de alta tensão. Porquê? Adriano Jonas explica que, na altura da concepção da empresa, estavam em cima da mesa projectos de produção de energia como Mphanda Nkuwa (1500 MW), Cahora Bassa Central Norte (1250 MW), Boroma (165 MW), Lupata (520 MW), etc., com um volume total de produção previsto, na bacia do Zambeze, a rondar os 3000 MW (mais do que as centrais de Cahora Bassa e Temane juntas). No entanto, o nível de investimento que era necessário para desenvolver infra-estruturas daquela dimensão era tão grande que podia atrapalhar as operações normais da EDM. Foi assim que se decidiu criar um veículo específico para lidar com este tipo de investimento – a STE. Esta empresa tem contas separadas das da EDM e é uma Sociedade Anónima (S.A.), o que permite que todas as operações sejam controladas por uma equipa dedicada, virada para as necessidades dos utilizadores das linhas eléctricas, que são os grandes produtores. O director da STE, Adriano Jonas, reitera que a operacionalização do projecto da CTT é um marco histórico.

As últimas informações apontam para o início da operação comercial da Central Térmica de Temane em Janeiro de 2025.

Confirma? E a linha vai estar pronta nessa altura?

O cronograma integrado foi estabelecido de modo que a linha, enquanto parte que viabiliza a central, seja terminada previamente. O objectivo é permitir que, quando estiver concluída, a Central tenha tudo pronto para desenvolver as suas operações. O cronograma inicial apontava para que, em finais de 2024, arrancasse a operação comercial. No entanto, devido a vários factores, incluindo os ciclones (três desde o início do projecto), o cronograma foi alterado. Prevemos agora que a Central comece a funcionar em Janeiro de 2025. Neste momento, tudo está alinhado, a apontar para esse prazo, apesar do impacto do último ciclone, em Abril. E temos informação de que a parte do fornecimento de gás para a central térmica produzir electricidade também está bem encaminhada.

Qual é a importância da energia que será fornecida ao mercado nacional e qual será o relevo do excedente para a exportação? O conceito geral é este: nos primeiros quatro a cinco anos, a maior parte da energia (cerca de 70%) deve ser exportada e, à medida que as necessidades do País aumentarem, vai-se reduzindo essa proporção. Os restantes 30% servirão para suprir a procura nacional. Neste momento, somos praticamente auto-suficientes, tirando alguns momentos, em horas de ponta. Além disso, internamente, há vários projectos que a EDM

“O

défice energético interno não deve ser visto sob o ângulo da produção, mas sobre como fazer chegar a energia aos consumidores”

Texto Celso Chambisso • Fotografia Nário Sixpene

está a desenvolver para reforçar a capacidade de transporte de energia, o que possibilita a ligação de novos consumidores. É assim que o consumo nacional vai sendo ajustado.

Em que se baseia a “filosofia” de vender o excedente? O País não enfrenta ainda um défice considerável de energia? Há várias vertentes. Uma delas tem que ver com o próprio negócio, ou seja, quando exportamos, geramos divisas necessárias para fazer face à situação económica da empresa. Por exemplo, todo o material que a STE usa é importado. Ter divisas é fundamental. Olhando para as necessidades internas, verá que não temos muito défice de produção, mas sim de infra-estrutura. Ainda que tenhamos a central térmica, para chegarmos aos centros de consumo é

preciso realizar um grande investimento [na rede]. Portanto, o défice energético interno não deve ser visto sob o ângulo da produção, mas sobre como fazer chegar a energia aos consumidores. Na região norte do País, por exemplo, há uma grande expansão industrial, mas as nossas linhas de transporte [de electricidade] estão todas no limite. Por isso, estamos a construir uma linha de 400 kv [alta tensão] de Chimwara para Nacala.

Em que medida este projecto ajudará a alcançar a meta de acesso universal à energia eléctrica, agendada para 2030?

Alcançar o acesso universal implica a conjugação de vários componentes. Por exemplo, ao nível da produção, 450MW [capacidade da Central de Temane] representam cerca de 14% da capacidade instalada no País, o que é um contri-

buto muito grande. Os 560 quilómetros de linha [entre Temane e Maputo] e as quatro subestações que estão a ser instaladas vão permitir que, futuramente, se possa alcançar um milhão e meio de novas ligações.

Em que fase está exactamente a construção da linha de transporte e das subestações?

Em termos de progresso físico, temos o projecto executado a 98%. Ou seja, no que diz respeito à construção e montagem, está tudo feito. As duas linhas de Temane para Pambara foram entregues pelo empreiteiro em Abril. A linha Pambara para Chibuto será entregue dentro de dias e os testes demonstram que a infra-estrutura está em condições. Do lado de Maputo, todas as linhas estão concluídas, incluindo as quatro subestações. Decorrem testes finais, uma

ADRIANO JONAS Director-executivo da Sociedade Nacional de Transporte de Energia (STE)
“Tendo em conta os trabalhos de manutenção, vamos dar oportunidades de trabalho sazonal a pessoas das comunidades ao longo da linha”

demonstração feita pelos empreiteiros. Estes testes também servem para detectar eventuais anomalias, por forma que sejam corrigidas, num processo que esperamos ver concluído em meados de Agosto.

Por se tratar de um projecto estruturante, o presidente do conselho de administração da EDM, Marcelino Gildo Alberto, chegou a falar da necessidade de formar quadros nacionais para operar a central. O que está a ser feito neste sentido?

A disponibilidade de pessoas é muito grande. A questão está na capacitação. Nós estamos na fase final de enquadramento do pessoal que será responsável pela operação e manutenção das linhas. É o primeiro projecto que construímos desta dimensão e complexidade enquanto empresa pública (EDM),

por isso, é necessário um processo de formação muito especializado. Isto está a acontecer, mas terá de ser complementado. Diria que vai levar algum tempo até nos tornarmos autónomos. Nos primeiros três a quatro anos teremos uma mistura de trabalhadores nacionais (em maioria) e especialistas expatriados, que vão assegurar a transferência de conhecimento. Há consultorias que estão a ser mobilizadas para nos ajudarem a conceber, estruturar e pôr em prática todo um programa de formação.

Qual é o ‘staff’ em formação para operar o projecto no seu todo?

Há um conjunto de pessoal inicial básico, que entendemos ser o mínimo, 25 a 30 pessoas, que vão ser distribuídas pelas quatro subestações e pelas linhas, sem contar com o pessoal que estará na Central. Estamos a falar de en-

genheiros e técnicos. Se incluirmos trabalhos de manutenção das linhas, vamos dar oportunidades de trabalho sazonal a pessoas das comunidades ao longo da linha.

A EDM estabelece relações estreitas com a Globeleq neste empreendimento e noutros projectos, incluindo na área das energias renováveis. Como olha para o futuro desta parceria e para os resultados que se pretendem?

Serão muitas as oportunidades que a parceria que temos com a Globeleq irá trazer. Houve um processo público de selecção, abrangente e transparente, que identi cou a Globeleq como melhor parceiro para este tipo de investimento, tendo em conta o valor acrescentado que traz em termos de conhecimento, robustez nanceira, entre outros aspectos.

A mesma avaliação acabou por acontecer na área das energias renováveis, em relação à central fotovoltaica de Cuamba, na província do Niassa. Há outras iniciativas que estão a ser desenvolvidas e esta parceria tem sido muito interessante. Tem possibilitado mobilizar e realizar investimentos que, de outra forma, não teriam sido possível concretizar.

Um Horizonte Promissor à Vista!

A Globeleq e o Banco Mundial, dois dos principais responsáveis pelo projecto da Central Térmica de Temane, juntam-se numa mudança estrutural para o sector energético e para a economia, assim que a infra-estrutura entrar em funcionamento (em Janeiro de 2025). O que esperar desta conquista?

AGlobeleq, líder do consórcio da Central Térmica de Temane, confirma que o projecto está bem encaminhado para começar a operar dentro de cinco meses. À E&M, a multinacional privada, que detém a maior participação no projecto e com intervenção noutros importantes empreendimentos de expansão da rede de energia no País, revelou que há um projecto de energia eólica em parceria com a empresa pública Electricidade de Moçambique (EDM), associado à Central Térmica de Temane (CTT). Este novo projecto pode vir a nascer na Namaacha, sul da província de Maputo, para explorar a proximidade com a África do Sul, maior mercado de exportação.

A Globeleq pretende desenvolver mais projectos na área das renováveis para equilibrar o leque de origens (a CTT vai funcionar a gás natural). Por isso, prevê manter uma presença e influência na estratégia energética nacional e consolidar a parceria com a EDM, por várias décadas.

As projecções do Banco Mundial O Banco Mundial (BM), instituição que desempenha um papel crucial no financiamento global de infra-estruturas e, particularmente, nos países em desenvolvimento (como Moçambique), apro-

vou financiamento para a Central e para a linha de alta tensão que a vai ligar ao País e ao mundo. No que respeita à central, o BM entra juntamente com o Fundo de Infra-estruturas para África Emergente num apoio de 253,3 milhões de dólares. Na linha de alta tensão, financia com 300 milhões de dólares.

Economicamente, o Banco Mundial espera que a infra-estrutura melhore substancialmente a disponibilização de energia em Moçambique, lembrando que, actualmente, o País enfrenta uma escassez que afecta famílias e trava projectos de industrialização. Em resposta às perguntas da E&M, a instituição disse prever que a entrada em operação da CTT aumente a fiabilidade de energia fornecida, proporcionando um impulso ao crescimento económico. “A disponibilização constante de energia é um factor crucial para atrair investimentos estrangeiros e fomentar o desenvolvimento industrial, criando emprego e melhorando a qualidade de vida da população”, sublinhou.

O Banco Mundial também fala de benefícios adicionais provenientes da afirmação de Moçambique enquanto actor relevante no fornecimento de energia à região austral de África, nomeadamente através do fortalecimento da integração regional, proporcionando uma nova fonte de receitas para o Governo moçambicano.

O Banco Mundial sublinha que o projecto deve seguir rigorosos padrões de responsabilidade social corporativa e isto inclui a consulta e participação das comunidades locais

OS BENEFÍCIOS DA CENTRAL TÉRMICA DE TEMANE

É unânime que a partir de Janeiro do próximo ano, quando a Central Térmica de Temane entrar em funcionamento, o País vai abrir uma nova página no capítulo da produção de electricidade, como parte dos seus passos, rumo ao desenvolvimento

1

Maior capacidade de produção de energia

A Central vai aumentar signi cativamente a capacidade de produção de energia do País (estima-se um aumento de capacidade da ordem dos 16%), melhorando a segurança energética, a capacidade de abastecer projectos industriais e ainda reforçar a exportação.

2

Estabilidade no fornecimento de energia

Com uma fonte de energia mais estável e ável, espera-se uma redução nas interrupções de fornecimento, bene ciando directamente os sectores industrial, agrícola e de serviços.

3

Melhor qualidade da energia

A produção de energia a partir do gás natural promete uma melhoria na qualidade da energia fornecida, minimizando utuações e picos que dani cam equipamentos e reduzem a e ciência.

4

Desenvolvimento económico local

A Central deverá impulsionar o desenvolvimento económico da região de Inhambane, criando empregos e estimulando o desenvolvimento de infraestruturas locais.

O défice energético e a fraca qualidade do fornecimento são desafios críticos. Sectores como a indústria, a agricultura e o comércio estão entre os mais afectados

Um olhar à parte social

A assistência financeira do Banco Mundial ao projecto CTT vai além da própria Central e da linha de transmissão. Inclui também componentes destinados ao fortalecimento das infra-estruturas associadas e ao desenvolvimento de capacidades. Isto abrange a formação de técnicos locais para operar e manter a Central. Trata-se de medidas fundamentais para garantir a sustentabilidade do projecto, a longo prazo, e maximizar os benefícios para a população local.

Ainda no domínio social, o Banco Mundial sublinha que o projecto deve seguir rigorosos padrões de responsabilidade social corporativa. Isto inclui a consulta e participação das comunidades locais, garantindo que os seus interesses sejam considerados e que os impactos negativos sejam minimizados. A criação de emprego durante a fase de construção e operação é vista pelo Banco Mundial como um dos principais benefícios do projecto.

Novo ímpeto para os negócios

A Confederação das Associações Económicas de Moçambique (CTA) alinha pelas mesmas expectativas. O défice energético e a baixa fiabilidade da electricidade são desafios críticos para o desenvolvimento empresarial em Moçambique. Sectores como a indústria, a agricultura e o comércio são particularmente afectados, comprometendo o crescimento económico do País. Por isso, a Central Térmica de Temane representa, para o empresariado nacional, uma esperança de melhoria da situação, proporcionando uma solução sustentável e de longo prazo para os problemas de energia, abrindo novos horizontes para projectos de indústria pesada, tanto quanto para o pequeno comércio. Para a CTA, a mais representativa organização empresarial do País, a CTT surge como uma solução promissora para mitigar os problemas energéticos, apontando para alguns sectores em particular (ver caixa na coluna seguinte).

PROBLEMAS A RESOLVER

- Indústria de manufactura

A interrupção frequente do fornecimento de energia provoca paragens na produção, resultando em perdas financeiras consideráveis. Além disso, a baixa qualidade da energia pode danificar equipamentos caros e reduzir a eficiência operacional.

- Agricultura e Agro-indústria

Por depender cada vez mais da mecanização, sofre com a falta de energia fiável. A conservação de produtos agrícolas e o funcionamento de sistemas de irrigação são seriamente comprometidos.

- Comércio e Serviços

A falta de energia estável dificulta operações diárias, desde a conservação de produtos perecíveis em estabelecimentos comerciais até ao funcionamento de escritórios e serviços de tecnologias de informação (TI).

Uma luz para novos investimentos Os empresários também acreditam que com a CTT estarão criadas condições adicionais para atrair investimentos externos no sector energético, onde Moçambique apresenta grande potencial de competitividade, tendo em conta os recursos naturais para produção de energia.

A propósito, delegações da CTA, no estrangeiro, têm levado na agenda inúmeras ideias de parceria nestes sectores. Em Outubro, por exemplo, uma delegação empresarial moçambicana que se deslocou a Ravena, Itália, apresentou a empresários de diversos países que participavam na Med Energy Conference & Exhibition – uma feira especializada dos sectores de energia, infra-estruturas e logística – oportunidades de investimento e parcerias no sentido de responder à necessidade de diversificação da matriz energética. A ênfase foi dada às energias limpas e renováveis.

Antes deste evento, em Agosto, um encontro entre empresas moçambicanas e sul-africanas também se debruçou sobre os sectores de energia e gás. Participaram 25 empresas sul-africanas e mais de 70 moçambicanas. Na ocasião, as partes rubricaram um protocolo de cooperação para explorarem as oportunidades naqueles sectores.

Apenas cinco meses separam-nos destas grande previsões. Esperemos para ver!

A Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) incumbiu o novo Presidente senegalês, Bassirou Diomaye Faye, de convencer os líderes militares de três nações a manterem-se no bloco económico regional. Mali, Níger e Burkina Faso formalizaram em Julho um novo bloco designado Aliança dos Estados do Sahel.

A separação surge na sequência de golpes de Estado naqueles países, afastando o poder democrático e em choque com as regras da CEDEAO. Os países dissidentes não dão sinais de voltar atrás, mesmo sabendo que a saída da CEDEAO os coloca em risco de perder acesso a um mercado de 702 mil milhões de dólares, expondo-os a tarifas mais caras e a restrições à circulação de bens e uxos nanceiros.

África

Tempestades causam prejuízos no transporte marítimo no Mar Vermelho

Tempestades perto da costa africana estão a causar estragos na principal rota marítima usada como alternativa para evitar ataques dos militantes Houthi, do Iémen, no Mar Vermelho.

A título de exemplo, a multinacional de cargueiros CMA CGM disse que um dos seus navios perdeu 44 contentores em Julho, devido às más condições meteorológicas na costa sul-africana, com outros 30 dani cados. Ao mesmo tempo, um navio de carga com bandeira do Panamá encalhou a noroeste da Cidade do Cabo.

Gâmbia

Mais um passo para erradicar

a MGF

Os deputados gambianos vetaram uma tentativa de derrubar a histórica proibição da mutilação genital feminina (MGF) no país. A pressão vinha crescendo desde 2015, ano em que a nação da África Ocidental baniu a prática que tipicamente envolve a violenta remoção parcial ou total dos órgãos genitais externos femininos por razões culturais ou religiosas. Em Julho, o deputado que levou a proposta ao Parlamento, Almaneh Gibba, disse que estava a defender as prerrogativas culturais e religiosas no país, de maioria muçulmana, onde a MGF é generalizada e profundamente enraizada. Mas estudiosos islâmicos contestaram os argumentos religiosos e a Organização Mundial da Saúde realçou: a MGF causa problemas psicológicos e até a morte.

Burkina Faso

Regime proíbe a homossexualidade

O regime militar que lidera o Burkina Faso, depois do golpe de Estado de 2022, proibiu, em Julho, a homossexualidade, aumentando a lista de países que restringe as liberdades sexuais.

“A homossexualidade e as práticas conexas são agora proibidas e punidas por lei”, sublinhou o ministro da Justiça, Edasso Rodrigue Bayala. Haverá penas de acordo com a orientação sexual que, em todo o caso, ainda não foram determinadas. A regulamentação vai fazer parte de um novo Código do Indivíduo e da Família, a aprovar em Conselho de Ministros.

Nigéria

População paga mais de mil milhões em subornos

Os nigerianos foram forçados a pagar cerca de 721 mil milhões de nairasequivalente a 1,26 mil milhões de dólares, usando a taxa de câmbio média - em subornos em dinheiro, a funcionários públicos, em 2023. O número foi apurado através de um inquérito da agência de estatísticas do país.

A corrupção foi mais intensa junto de procuradores, o ciais de registo de propriedades, funcionários de alfândegas e imigração, embora juízes e magistrados recebessem os pagamentos mais elevados. A corrupção compromete diferentes áreas de serviços públicos na nação mais populosa de África com 218,5 milhões de pessoas.

Senegal Diomaye Faye quer evitar fragmentação da CEDEAO

Quénia Manifestações persistem contra Presidente Ruto

A polícia queniana continuou a usar gás lacrimogéneo em Julho para dispersar manifestantes nalgumas das maiores cidades do país, incluindo a capital, Nairóbi, fechando lojas e escritórios nas zonas comerciais centrais. As manifestações antigovernamentais são menores que os

Ruanda

tumultos mortais de Junho, mas continuaram a ocorrer, mesmo depois de o Presidente William Ruto ter eliminado novos impostos controversos e demitido parte da equipa e o comissário da polícia. Todos aguardam pelas prometidas conversações de diálogo nacional.

Kagame reeleito com apoio praticamente total

Paul Kagame garantiu mais um mandato como Presidente do Ruanda após vencer com apoio praticamente total, prolongando o seu Governo de três décadas sobre a nação da África Oriental. O líder de 66 anos enfrentou os mesmos dois concorrentes que derrotou

nas eleições de há sete anos. Pelo menos três outros candidatos foram impedidos de concorrer, incluindo a crítica de longa data Victoire Ingabire e a empresária Diane Rwigara. Ambas foram presas por alegados crimes, incluindo terrorismo e incitação à insurreição.

RDC Bancos querem reavivar hidroeléctrica Grand Inga

Moçambique tem ambições na área da energia e deve estar atento: cinco instituições de nanciamento ao desenvolvimento uniram-se para reavivar o maior projecto de produção de electricidade do mundo, o complexo hidroeléctrico Grand Inga, na República Democrática do Congo (RDC).

O projecto está parado há décadas. Se for construído com a capacidade máxima (40 gigawatts), o complexo no rio Congo ultrapassaria a Barragem das Três Gar-

África

África do Sul

Sul-africanos festejam 100 dias sem cortes de electricidade

A África do Sul registou um número recorde de cortes de electricidade em 2023 e tem sofrido apagões regulares há mais de 15 anos, para lidar com a falta de centrais eléctricas. Mas o problema diminuiu este ano e o país alcançou um marco importante: 100 dias consecutivos com electricidade. Um momento importante, mas que não esconde a realidade.

“É importante lembrar que a rede de centrais a carvão é antiga e tem sido mal mantida durante uma década,” disse Raine Adams, analista de investimentos da gestora de fundos Allan Gray. “As avarias permanecem uma possibilidade, mas, por agora, acho que há passos positivos.

gantas, da China, como o maior complexo de produção eléctrica do mundo. O Banco de Desenvolvimento da África Austral (DBSA) e a Corporação de Desenvolvimento Industrial, ambos bancos estatais sul-africanos, estão a trabalhar com instituições pan-africanas - o Banco Africano de Desenvolvimento e o Banco Africano de Exportação e Importação - bem como com o Novo Banco de Desenvolvimento, o braço nanceiro das nações BRIC (Brasil, Rússia, Índia e China).

A aposta africana da Professional Fighters League

A Liga Pro ssional de Lutadores (Professional Fighters League, anteriormente conhecida como World Series of Fighting) realizará a sua primeira competição africana no próximo ano. A Nigéria vai ser um local-chave na mais recente expansão da empresa de artes marciais

mistas, agora avaliada em cerca de mil milhões de dólares, disse o seu fundador. A PFL realizará quatro eventos em duas regiões do continente, em 2025, disse Donn Davis numa entrevista. A expansão para África sinaliza que os planos de crescimento da PFL continuam.

Chegou a Vacina Contra a Malária: o Que Vai Mudar?

Poderá ser um momento de viragem: começou a ser administrada na Costa do Mar m a primeira vacina contra a malária. Moçambique, entre os cinco países do mundo com mais casos da doença (13,2 milhões em 2023), espera começar a vacinação este semestre

Texto Redacção •Fotogra a D.R.

Amalária é uma das doenças infecciosas mais comuns e mortais, especialmente em regiões tropicais e subtropicais. Mas este cenário pode estar à beira de mudar. A Costa do Marm, na costa ocidental de África, tornou-se no primeiro país a iniciar a aplicação da nova vacina contra a malária (ou paludismo, como também é designada), num esforço que visa cobrir cerca de 250 000 crianças com menos de 2 anos. A primeira campanha de vacinação arrancou a 15 de Julho, num país onde, em média, morrem quatro pessoas por dia com a doença – e, daquelas quatro vítimas, três são crianças com menos de 5 anos. A nação africana incluiu o medicamento antipalúdico no calendário de vacinação das crianças, após ter recebido 656 600 doses, no nal de Junho, de soro R21/Matrix-M desenvolvido pela empresa Serum Institute of India (SII) e recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Quatro doses devem ser administradas gratuitamente aos seis, oito, nove e 15 meses de idade. “Esta decisão marca um progresso signi cativo na protecção das crianças contra esta doença”, a rmou o ministro da Saúde, Pierre Dimba.

Vacina vai chegar a Moçambique

Por cá, o Ministério da Saúde prevê introduzir a mesma vacina neste segundo semestre do ano, com a meta de, a prazo, imunizar 600 mil crianças. Os estudos sugerem que seja mais de 75% e caz na prevenção de casos graves e mortes no primeiro ano e que a protec-

ção seja prolongada por, pelo menos, mais um ano, com um reforço. O Instituto Serum da Índia já produziu 25 milhões de doses da vacina de Oxford e a rma que planeia produzir pelo menos 100 milhões todos os anos, a um custo de cerca de quatro dólares por dose.

Situação actual

O País registou um aumento do número de casos de malária em 2023, com cerca de 13,2 milhões, comparando com 12,4 milhões de doentes registados em 2022. No relatório global sobre malária de 2023, a OMS estima que Moçambique tenha 21 000 mortes por malária, por ano – bem acima das 423 reportadas o cialmente. A disparidade dos números tem que ver com os métodos utilizados: os dados o ciais re ectem apenas os casos que chegaram a ser registados em unidades sanitárias ou hospitais, enquanto os números da OMS são calculados a partir da amostragem de casos e representam uma estimativa (13 200 no mínimo, 37 400 no máximo, sendo 21 000 o valor médio). A falta de saneamento e proliferação de águas paradas onde se multiplica o mosquito que espalha a doença tem prejudicado Moçambique, onde os meios de prevenção (como redes

mosquiteiras e insecticidas) não chegam para acudir a todas as necessidades.

Mudar o cenário global

Pelo menos 28 países em África planeiam introduzir a vacina recomendada pela OMS. Em 2022, a malária matou mais de 600 000 pessoas em todo o mundo, 95% das quais em África, 80% das quais crianças com menos de 5 anos, segundo a organização.

Todavia, a vacina não é su ciente para erradicar a doença. A distribuição de re-

O soro R21/Matrix-M desenvolvido pelo Serum Institute of India (SII) e recomendado pela Organização Mundial da Saúde envolve quatro doses administradas gratuitamente aos seis, oito, nove e 15 meses de idade

ÁFRICA CARREGA O FARDO DA MALÁRIA

600 000

Número de mortes por malária no mundo

Do total de 600 000 mortes, aconteceram em África. 95% 80%

Do total de vítimas mortais em África, foram crianças com menos de 5 anos

dados de 2022 FONTE OMS

des mosquiteiras, pulverizadas com insecticidas, continua a ser crucial para evitar a picada de mosquitos (do género Anopheles) infectados com parasitas do tipo Plasmodium. Após a picada, os parasitas entram na corrente sanguínea e infectam os glóbulos vermelhos, causando sintomas como febre, calafrios e anemia.

Adrian Hill, da Universidade de Oxford, disse que o arranque da vacinação na Costa do Mar m “marca o início de uma nova era no controlo da malária,” esperando que a vacina esteja, em breve, disponível para todos os países africanos que queiram usá-la.

A malária é considerada um grave problema de saúde pública no mundo, sendo uma das doenças de maior impacto na morbidade e na mortalidade da população dos países situados nas regiões tropicais e subtropicais do planeta. Segundo a OMS, 247 milhões de casos de malária foram registados em 2021 em 84 países endémicos.

QUE IMPACTO NA ECONOMIA?

Além da importância crucial para salvar vidas, as novas vacinas podem ajudar a economia africana em vários aspectos e, assim, apoiar o desenvolvimento.

- Combate à pobreza

A vacina pode signi car que cada família terá menos gastos com saúde, em tratamentos, hospitalizações e medicamentos contra a malária. Será um benefício para as famílias porque haverá mais rendimento disponível para outras actividades e necessidades.

- Alívio dos serviços de saúde

Com a vacina, prevê-se, a prazo, uma redução de gastos e menos pressão sobre os serviços públicos de saúde, permitindo uma melhor gestão de outros problemas. Uma boa notícia num continente que nalgumas zonas ainda enfrenta ameaças como o HIV, tuberculose e doenças cardiovasculares.

- Maior produção

Mais saúde pode trazer maior produtividade, tanto na agricultura como na força industrial. E também na escola, promovendo melhores níveis de instrução.

- Mais alimentos

Trabalhadores agrícolas mais saudáveis podem aumentar a produtividade agrícola, levando a melhores colheitas e mais alimentos disponíveis para as populações locais e para exportação.

- Maior atracção turística

A diminuição dos casos de malária pode fazer de África um destino turístico mais atractivo, aumentando o potencial de receitas, como têm demonstrado outros países que erradicaram a infecção, como Cabo Verde.

- Melhor ambiente de negócios

A redução da malária contribuirá para promover África como um destino seguro para investidores. A matriz de riscos é elevada em vários aspectos e a saúde é um deles.

Profissional com bastante experiência na gestão empresarial, Sérgio Chitará irá contribuir para a grande jornada de transformação do FNB

“Estou Con ante de Que Continuaremos a Ser Sólidos e Relevantes Para os Nossos Clientes”

Sérgio Chitará foi indicado para um mandato de quatro anos e este substitui o sul africano John Macaskill no cargo de Presidente do Conselho de Administração do FNB Moçambique.

Com uma longa experiência profissional, Sérgio Chitará dedicou-se nos últimos 20 anos à gestão de entidades privadas com destaque para a Vale Moçambique e o projecto da USAID - Speed+.

Foi gestor da área de sustentabilidade e Country Manager da Vale Moçambique (Mineradora Brasileira multinacional) e das Empresas do Corredor Logístico de Nacala incluindo o Malawi, tendo sido responsável por conduzir a transmissão dos activos da Vale em Moçambique e Malawi para o novo accionista Vulcan Resources, subsidiária da empresa Indiana Jindal.

Trabalhou como gestor nos sectores público e privado, com destaque para a função de Director Executivo da CTA na gestão de processos de melhoria do Ambiente de Negócios e como Director Nacional de Floresta e Fauna Bravia no Ministério da Agricultura e Desenvolvimento Rural, particularmente envolvido em actividades de reflorestamento e conservação do meio ambiente. É Engenheiro Florestal formado pela

Universidade Eduardo Mondlane, com um “MBA” pela Bradford University e um mestrado em tecnologias de indústrias florestais pela Bangor University em North Wales, ambos no Reino Unido.

Profissional com bastante experiência na gestão empresarial, Sérgio Chitará irá contribuir para a grande jornada de transformação do FNB, centrada na promessa de evolução, na excelência dos serviços que presta, na experiência do Cliente e na digitalização.

“Encontro um FNB que está num processo de mudança notável. No ano passado, mudámos a nossa imagem, tornando-a mais moderna e lançámos os nossos canais digitais. Estamos centrados nos nossos Clientes e temos uma responsabilidade para com eles e queremos garantir que através dos nossos serviços e das nossas plataformas, cumprimos com a nossa promessa de ajudar. Estou feliz em poder contribuir para o crescimento do FNBM”, referiu.

Num período em que o mundo está a viver as mais profundas preocupações económicas e geopolíticas, a uma série de choques climáticos consecutivos um ambiente macroeconómico cada vez mais complexo. “De um modo geral, a economia tem-se revelado resiliente e está a seguir o caminho certo para um desenvolvimento sustentável e próspero. Apesar destes desafios, o FNB tem tido um desempenho satisfatório e estou confiante de que continuaremos a ser sólidos e relevantes para os nossos clientes, colaboradores e accionistas”, disse Chitará.

Com uma gestão também centrada nas pessoas, Sérgio Chitará acrescentou: “acredito que uma organização não pode ser bem-sucedida sem profissionais competentes, motivados e engajados, sermos uma equipa que trilha o caminho com uma mesma visão. A nossa estratégia passa também por criar um ambiente de trabalho em que os colaboradores possam ter espaço para criar, inovar e trazer soluções que respondam às necessidades dos nossos Clientes", concluiu.

JO Sentido de Justiça, Liberdade e Intervenção do Estado

Filósofo inglês, um dos mais in uentes pensadores do século XIX, John Stuart Mill deixou um legado incontornável na história do pensamento económico. Viveu no século XIX, mas abriu caminho para muitas ideias cuja aplicação perdura

ohn Stuart Mill, um dos mais inuentes economistas e lósofos do século XIX, é reconhecido pelos seus contributos signi cativos para a teoria económica e pensamento liberal. As suas obras "Princípios de Economia Política" e "Sobre a Liberdade" moldaram a economia e lançaram bases para debates sobre a justiça social, liberdade individual e intervenção do Estado na economia. Mill desenvolveu as fundações estabelecidas por Adam Smith e David Ricardo, ampliando e re nando a teoria clássica. Defendeu a teoria do valor, o conceito de utilitarismo, a liberdade individual (por oposição à intervenção do Estado) e procurou fórmulas de justiça social.

Com a teoria do valor, argumentou que o valor de um bem é determinado pelo trabalho necessário para produzi-lo, uma continuidade da teoria de David Ricardo. No entanto, Mill reconheceu a in uência da oferta e procura no curto prazo, uma antecipação de ideias que iriam emergir posteriormente.

Mill cou conhecido pela sua losoa utilitarista, que propõe que a moralidade de uma acção é determinada pela maximização do bem-estar. No contexto económico, isso traduziu-se na defesa de políticas por um bem maior, para o maior número de pessoas.

Na sua obra "Sobre a Liberdade", John Stuart Mill considerou que a liberdade individual é essencial para o desenvolvimento pessoal e para a socie-

dade como um todo. Defendia que a intervenção do Estado na economia deveria ser mínima, restringindo-se apenas a prevenir danos a terceiros.

O economista também foi pioneiro em abordar questões de justiça social. Defendeu reformas na distribuição de rendimento e propriedade, como impostos progressivos e limitações na herança, visando reduzir a desigualdade, sem prejudicar a e ciência económica.

Aplicação prática das ideias de Mill

As ideias de John Stuart Mill encontraram aplicação em diversos aspectos da política económica contemporânea. No que diz respeito à política scal, a proposta de impostos progressivos de Mill in uenciou sistemas scais modernos que pretendem equilibrar a arrecadação com a justiça social. A ideia de taxar mais quem tem mais capacidade de pagar está enraizada em muitos sistemas tributários em todo o mundo. Já a defesa da liberdade individual e do mercado livre in uenciou fortemente a ideologia liberal e as políticas de desregulação e privatização adoptadas por muitos países nas últimas décadas.

No capítulo da intervenção estatal na economia, e apesar de defender a liberdade, o economista reconheceu a necessidade de intervenção estatal nos casos em que é preciso corrigir falhas de mercado e assegurar bens públicos. Este equilíbrio entre mercado e Estado continua a ser um tema central na economia moderna, como aconteceu du-

Mill influenciou sistemas fiscais que procuram equilibrar a arrecadação com justiça social.
A ideia de taxar mais quem tem mais capacidade de pagar está enraizada em muitos sistemas

rante a crise bancária de 2008, no sentido de acautelar os depósitos dos pequenos depositantes.

Quanto às reformas sociais, a preocupação de Mill com a justiça social inspirou movimentos progressistas e políticas voltadas para a redistribuição de rendimentos e criação de oportunidades, como o ‘welfare state’ – um modelo de estado assistencialista, fundado nos direitos sociais universais dos cidadãos, em que o Governo é responsável pela garantia do bem-estar social, pela qualidade de vida da população e promoção da igualdade e programas de segurança social.

Um pensamento sob críticas

Com os seus contributos signi cativos, o pensamento de Mill não passou incólume a críticas. Alguns acusam o economista e lósofo de não fornecer critérios claros para determinar quando é que a intervenção estatal é justicada, deixando a sua posição aberta a interpretações diversas.

No que toca ao utilitarismo, a teoria de Mill é frequentemente criticada por não dar relevo su ciente aos direitos individuais e às minorias. Os críticos entendem que a procura por um bem maior, para o maior número de pessoas, pode, nalguns casos, justi car a opressão de pequenos grupos.

Em relação à teoria do valor, a visão de Mill baseada no trabalho foi superada pela teoria marginalista (lançada por William Stanley Jevons, Carl Menger e Léon Walras), que explica o valor pelo consumo de uma unidade extra (adicional, daí o termo marginal) de um bem ou serviço.

John Stuart Mill deixou um legado duradouro que continua a in uenciar a teoria e a prática económicas. As suas ideias sobre valor, utilitarismo, liberdade e justiça social moldaram debates que perduram até hoje.

John Stuart Mill (1806-1873) foi um lósofo inglês, um dos mais in uentes pensadores do século XIX. A sua obra “Utilitarismo”, escrita entre 1854 e 1860, publicada em 1861, asseguroulhe notoriedade na sociedade da época. Em 1843, tinha publicado “Sistema de Lógica” que se tornou na sua principal obra losó ca, em que escolheu o método indutivo como instrumento cientí co de conhecimento. Depois de uma breve carreira política, John Stuart Mill retirou-se para Avignon, França, onde viria a falecer no dia 8 de Maio de 1873.

JOHN STUART MILL

No artigo publicado nesta revista, no mês de Julho de 2024, desafiei os meus leitores/as a responderem à seguinte questão: quais são os mecanismos não clássicos (i.e. de natureza económica, financeira, organizacional, social) de Comando & Controlo Empresarial (CCE)1?

Em continuidade, veremos os seguintes mecanismos de CCE:

Neste artigo, veremos sucessivamente:

. Controlo por informação e dados.

. Controlo por dependência tecnológica.

. Controlo por rede de influência social.

1. O Controlo por Informação e Dados a. O que é?

O controlo é exercido através da colecta, análise e utilização estratégica de dados e informações críticas. Este controlo é baseado na capacidade de i) aceder velozmente ii) a informação reservada e/ou confidencial; iii) processar e interpretar grandes volumes de dados; iv) para tomar decisões informadas e v) direccionar, a seu favor, as operações de entidades terceiras.

b. Exemplo prático

A Google utiliza vastos volumes de dados para personalizar anúncios, influenciando decisivamente as estratégias de marketing de outras empresas e a forma como os consumidores interagem com os produtos.

c. Como funciona?

Embrião: nesta fase, a colecta de dados de mercado e análise de tendências pode guiar a definição de estratégias e (re)posicionamento da empresa controlada.

Crescimento: nesta fase, os dados sobre clientes e concorrentes podem ajudar a expandir operações e melhorar produtos ou serviços, alinhando-os com as demandas do mercado.

Mecanismos de Comando & Controlo Empresarial (II)

Maturidade: nesta fase, a análise de dados pode optimizar processos, reduzir custos e identificar novas oportunidades de mercado, mantendo a competitividade da empresa controlada.

Turbulência: em tempos de crise, dados precisos podem ajudar a empresa a reagir rapidamente a mudanças e tomar decisões estratégicas para mitigar riscos.

Declínio: nesta fase, o uso de dados pode identificar áreas de inovação ou novos segmentos de mercado para revitalizar o negócio da empresa controlada.

Há um risco de práticas anti-éticas se a influência não for gerida com transparência

d.Prós e Contras

Prós:

Eficiência operacional: a análise de dados pode identificar ineficiências e optimizar processos.

Identificação de oportunidades: dados ajudam a identificar novas oportunidades de mercado e tendências emergentes.

Contras:

Riscos de privacidade: o mau uso de dados pode levar a violações de privacidade e sanções legais.

Dependência tecnológica: alta dependência de tecnologias de dados pode ser um risco em caso de falhas ou ataques cibernéticos2 .

2. Controlo por Dependência Tecnológica a.O que é?

O controlo é exercido através da

posse de tecnologias proprietárias ou inovadoras que são essenciais para as operações de outra entidade. A dependência dessas tecnologias pode condicionar o uso, acesso e desenvolvimento tecnológico de outras empresas, criando uma relação de controlo e influência.

b.Exemplo prático

A Apple controla um ecossistema fechado de hardware e software, onde desenvolvedores e consumidores dependem das suas tecnologias exclusivas como iOS e os dispositivos associados.

c.Como funciona?

Embrião: nesta fase, a dependência tecnológica pode ajudar a entidade a diferenciar-se no mercado, fornecendo uma base tecnológica sólida para o desenvolvimento inicial do produto ou serviço.

Crescimento: nesta fase, a dependência tecnológica pode acelerar a expansão ao fornecer tecnologias que aumentem a eficiência e a produtividade, reduzindo custos e aumentando a capacidade de inovação.

Maturidade: nesta fase, a empresa pode usar a sua vantagem tecnológica para manter uma posição competitiva, dificultando a entrada de novos concorrentes que não possuem as mesmas capacidades tecnológicas.

Turbulência: nesta fase, a dependência tecnológica pode ser um activo crucial para adaptação e resiliência, permitindo ajustes rápidos nas operações para enfrentar novos desafios.

Declínio: nesta fase, a entidade pode utilizar a sua dependência tecnológica para explorar novos mercados ou reinventar o seu modelo de negócios, prolongando a sua viabilidade.

d.Prós e Contras

Prós: Vantagem competitiva: mantém a empresa na vanguarda da inovação.

Barreira de entrada: cria barreiras significativas para novos concorrentes.

A dependência tecnológica pode ser um activo crucial para adaptação e resiliência

Contras:

Risco de obsolescência: as tecnologias podem tornar-se obsoletas rapidamente. Dependência crítica: a empresa pode tornar-se excessivamente dependente das suas próprias tecnologias, limitando a sua flexibilidade.

3. Controlo por Rede de Influência Social a.O que é?

O controlo é exercido através do uso de uma rede de contactos estratégicos, relacionamentos com líderes de opinião e stakeholders-chave. Este controlo é exercido por meio da moldagem de percepções, práticas de mercado e decisões empresariais através da influência social.

b.Exemplo prático

Anna Wintour, editora-chefe da revista Vogue, utiliza a sua rede de influência social para moldar tendências de moda e direccionar a indústria, influenciando designers, marcas e consumidores.

c. Como funciona?

Embrião: nesta fase, uma rede de influência pode ajudar a atrair investidores, parceiros e talentos essenciais, aumentando a credibilidade e viabilidade do novo negócio.

Crescimento: nesta fase, a rede de influência pode facilitar a expansão para novos mercados, acesso a novos clientes e recursos adicionais, impulsionando o crescimento.

Maturidade: nesta fase, a rede de influência ajuda a manter a relevância no mercado, protegendo a posição da empresa contra concorrentes e apoiando a defesa de interesses estratégicos.

Turbulência: nesta fase, uma rede de influência bem estabelecida pode fornecer suporte crucial, como acesso a informa-

ções privilegiadas, aliados estratégicos e soluções inovadoras para enfrentar crises.

Declínio: nesta fase, a rede de influência pode ser utilizada para encontrar novas oportunidades de mercado, parceiros estratégicos ou até mesmo compradores potenciais para revitalizar ou vender o negócio.

d.Prós e Contras

Prós:

Acesso a informações privilegiadas: permite acesso a informações e oportunidades que podem não estar disponíveis publicamente.

Credibilidade aumentada: melhora a credibilidade e reputação da empresa no mercado.

Contras:

Dependência crítica: a empresa pode tornar-se excessivamente dependente da sua rede de influência, dificultando a adaptação a novas realidades.

Risco de ética: há um risco de práticas anti-éticas ou manipulação imprópria se a influência não for gerida com transparência e responsabilidade.

4. Conclusão

Os mecanismos de Comando & Controlo Empresarial (CCE) são complexos e variados, reflectindo a diversidade de estratégias que as entidades utilizam para i) gerar dependência por parte de terceiros, ii) e deste modo, assegurar vantagens competitivas, iii) e proteger os interesses dos stakeholders.

Os mecanismos explorados demonstram como o poder pode ser exercido de diferentes formas, cada um com as suas particularidades e impactos.

Controlo por Financiamento: financiamento estratégico pode permitir ao fi-

nanciador influenciar directamente as decisões da empresa controlada, compartilhando riscos e garantindo que os recursos sejam utilizados de forma eficaz.

Controlo do Mercado e/ou da Rede de Distribuição: possuir ou gerir redes de distribuição essenciais pode conferir um controlo substancial sobre o fluxo de produtos e a presença competitiva no mercado.

Controlo por Dependência de Infra-estruturas: a dependência de infra-estruturas críticas, como instalações de produção ou redes de telecomunicações, pode assegurar estabilidade e eficiência operacional.

Controlo por Informação e Dados: a colecta e análise de dados críticos permitem decisões informadas e uma vantagem competitiva significativa.

Controlo por Dependência Tecnológica: possuir tecnologias proprietárias pode criar barreiras de entrada e manter uma posição de liderança inovadora.

Controle por Rede de Influência Social: utilizar uma rede de contactos estratégicos e relacionamentos com líderes de opinião pode moldar percepções e práticas de mercado.

Os mecanismos de CCE representam a eterna busca pelo poder e pela vantagem competitiva, encapsulada no novo3 motto Olímpico “Citius, Altius, Fortius – Communiter”. E cada mecanismo CCE oferece uma forma distinta de os alcançar:

. Citius (Mais rápido): implementar inovações rapidamente, melhorando a eficiência e a capacidade de resposta.

. Altius (Mais alto): aceder a novas tecnologias e informações antes dos concorrentes, mantendo a liderança.

. Fortius (Mais forte): diferenciar-se através de produtos ou serviços exclusivos e de alta qualidade.

. Communiter (Juntos): fortalecer as operações através de redes de influência e parcerias estratégicas.

1 De nição de mecanismo de CCE: um conjunto de estratégias, métodos e ferramentas, que uma entidade privada, ou indivíduo(s) utiliza para exercer poder, nas formas de in uência, direcção, gerar dependência, governança, sobre um mercado, uma organização, ou parte dela, para assegurar e controlar que os objectivos estratégicos sejam alcançados, as operações sejam e cientes e os interesses dos stakeholders sejam protegidos.

2 Sobre este tema, cfr. GOMES, João - “Cultura, o “Cavalo de Troia” da (In)Segurança Cibernética?” publicado na revista Economia e Mercado, novembro de 2023, e no Diário Económico de 02/11/23.

3 O Comité Olímpico Internacional em 2021 adicionou um quarto ideal: “Communiter”, no sentido de enfatizar a solidariedade e a união através do desporto.

Sem Soluções em Terra, Segundo Navio Vai Explorar Bacia do Rovuma

O con ito em Cabo Delgado e o elevado valor das reservas da bacia do Rovuma, num mundo ainda sedento de gás, deverão tornar realidade o que era visto como uma hipótese distante: Moçambique vai ter uma segunda plataforma utuante de exploração e liquefacção de gás natural. No estaleiro, na Coreia do Sul, só se espera por uma decisão do Governo moçambicano

Texto Redacção • Fotografia D.R.

Aplataforma utuante Coral Sul, que em 2022 deu início à exploração de gás da bacia do Rovuma, foi a primeira plataforma do género em águas profundas e o primeiro projecto do tipo desenvolvido em África. Agora, vai ter uma irmã gémea: Coral Norte. No mesmo estaleiro em Geoje, Coreia do Sul, em que foi construída a primeira, a Samsung Heavy Industry (SHI) posiciona-se: espera que lhe seja entregue o quanto antes a construção da segunda plataforma utuante para servir a Área 4 de concessão do Rovuma – em que a operação o shore é liderada pela italiana ENI (à ExxonMobil cabe liderar a parte em terra, ‘onshore’, mas a decisão de investimento continua adiada).

A construção pode arrancar ainda neste terceiro trimestre, anunciou, em Seul, o vice-presidente da multinacional sul-coreana. “Estamos ansiosos pela oportunidade de construir a segunda plataforma

utuante para Moçambique”, disse Young Kyu Han à comunicação social durante uma visita do Presidente da República, Filipe Nyusi, à Coreia do Sul, em Junho.

Um estaleiro movimentado

De lá para cá, sucedem-se as movimentações no estaleiro, que tem recebido um número recorde de encomendas de todo o mundo para a indústria de gás natural, sobretudo relacionadas com cargueiros: são navios com grandes depósitos abobadados para manter sob pressão, no estado líquido, quantidades gigantescas de gás natural que circulam para os países consumidores através do mar.

Comparando com os cargueiros que mais têm ocupado os estaleiros da SHI, construir uma plataforma é uma obra muito mais complexa e demorada. A Coral Norte terá a mesma capacidade da já instalada, para produzir, por ano, 3,4 milhões de toneladas métricas e será montada em colaboração com empresas da França e do Japão.

A construção da segunda plataforma flutuante pode arrancar ainda neste terceiro trimestre, anunciou, em Seul, o vice-presidente da multinacional sul-coreana SHI, Young Kyu Han

São os cargueiros que depois levam o combustível até aos países de destino para produção de electricidade, aquecimento ou outros ns.

O gás é extraído para uma fábrica a bordo que o arrefece, liquefazendo-o, de modo que seja transportado em cargueiros, abastecidos ali mesmo, lado a lado, em alto mar.

DA HIPÓTESE À REALIDADE

O con ito armado que eclodiu em Cabo Delgado em 2017 inviabilizou os projectos que tinham começado a ser construídos em terra. Mas, face a reservas tão ricas, expandir a operação em mar (o que, teoricamente, sai mais caro) passou de hipótese a realidade viável.

Abril, 2021

Após um ataque com um número de mortes até hoje por revelar, a TotalEnergies suspende as operações de construção da unidade de processamento de GNL em Cabo Delgado, investimento de 20 mil milhões de dólares (18,4 mil milhões de euros)

Ambas as plataformas têm os depósitos de armazenamento de gás no casco.

A plataforma está ancorada ao largo da costa de Cabo Delgado, presa por 20 cabos, ligada a seis poços.

Por cima do casco há 13 módulos, incluindo um módulo habitacional e de serviços com oito andares, onde podem viver 350 pessoas.

O módulo habitacional inclui uma pista para helicópteros

Semelhante a um navio gigante, tem 432 metros de comprimento

Novembro, 2021

Administrador da Galp ore Kristiansen é o primeiro a admitir que, por causa da insegurança, pode valer a pena estudar a possibilidade de instalar uma segunda plataforma de gás em Moçambique, à margem da cerimónia em que a Coral Sul fez ao mar, na Coreia do Sul.

Novembro, 2022

O primeiro navio cargueiro com gás da bacia do Rovuma é atestado pela plataforma utuante Coral Sul. Moçambique entra para o clube dos países exportadores de gás natural liquefeito.

Outubro, 2023

“A Eni nalizou o Plano de Desenvolvimento, que está actualmente em discussão com os parceiros e o Governo de Moçambique para aprovação nal. Ao mesmo tempo, está a avançar com processos de aquisição, estudos de impacto ambiental, etc, incluindo contratos associados à perfuração”, para alimentar a segunda plataforma, disse fonte o cial da empresa, à Lusa.

A produção da Coral Sul está a ser vendida à BP e assim será durante 20 anos, com opção de extensão por mais 10. Sobre a Coral Norte, ainda não houve nenhum anúncio

À espera do plano do Governo

“O arranque da construção da plataforma está condicionado à aprovação do plano de desenvolvimento pelo Governo de Moçambique, de modo que os trabalhos comecem no terceiro trimestre”, ou seja, até nal de Agosto, explicou o vice-presidente Young Kyu Han.

Para o consórcio da Área 4, é um investimento de sete mil milhões de dólares (6,3 mil milhões de euros) e, se o cronograma correr como previsto, a plataforma pode começar a produzir no segundo semestre de 2027 – ou seja, antes dos projectos em terra, parados e sem se saber quando serão retomados, dependendo de implicações de segurança devido à insurgência armada em Cabo Delgado. No mar, a Coral Nortecará estacionada 10 quilómetros a norte da Coral Sul.

Um negócio vital

A produção do projecto Coral Sul está a ser toda vendida à petrolífera BP e assim será durante 20 anos, com opção de extensão por mais 10. Sobre a Coral Norte, ainda não houve nenhum anúncio quanto aos contratos de venda.

Ainda está longe, muito longe, do potencial transformador da bacia do Rovuma, mas a entrada em funcionamento da plataforma Coral Sul gerou um impacto visível na economia moçambicana. As vendas de gás natural por Moçambique ascenderam a 1,7 mil milhões de dólares (1,5 mil milhões de euros) em 2023, três vezes mais do que em 2022, aproximando-se do carvão mineral, que ainda lidera entre as exportações moçambicanas. De acordo com dados compilados pela Agência Lusa a partir de relatórios estatísticos do Banco de Moçambique, a exportação de gás natural em 2023 aumentou 218% face ao ano anterior, em que essas vendas atingiram os 541,6 milhões de dólares (499,2 milhões de euros).

A agência de notação nanceira Standard & Poor’s considera que Moçambique terá ganhos signi cativos dos projectos de gás a partir de 2028, mas até lá enfrentará grandes desa os, incluindo um forte aumento nos montantes dos pagamentos da dívida. A S&P tem mantido o ’rating’ de Moçambique em CCC+, argumentando que as boas perspectivas de exportação de gás são anuladas pelos elevados riscos nanceiros actuais.

ENI ENTRA NAS FLORESTAS

Ao mesmo tempo que prepara o investimento numa segunda plataforma, a ENI avança com um projecto, em parceria com a Biocarbon Partners, que ambiciona preservar até quatro milhões de hectares de orestas do centro e sul de Moçambique. “As actividades de conservação visam, em particular, reduzir a perda de orestas através do envolvimento activo das comunidades na gestão dos recursos orestais, juntamente com a promoção de iniciativas agrícolas inteligentes em termos climáticos e a criação de oportunidades económicas, envolvendo mais de 320 000 pessoas”, refere a petrolífera, num comunicado sobre o projecto do Grande Limpopo, em Moçambique, que visa proteger as orestas em conformidade com o quadro REDD+, promovido pelas Nações Unidas.

GALP SAI DO BLOCO 4

A Autoridade Reguladora da Concorrência (ARC) moçambicana abriu uma consulta pública à operação de venda da posição de 10% da Galp, no consórcio liderado pela ENI e ExxonMobil, ao grupo árabe CNOC - um negócio avaliado pela petrolífera portuguesa Galp em 600 milhões de euros. O Instituto Nacional de Petróleo (INP) já tinha classi cado, em Maio, como “normal” a saída da Galp do consórcio.

Absa Bank Moçambique é “Amigo” do Parque Nacional de Maputo

Num mundo cada vez mais consciente da importância da preservação ambiental, o Absa Bank Moçambique deu um passo significativo ao unir-se ao Clube dos Amigos do Parque Nacional de Maputo (PNAM). Esta parceria estratégica não só reforça o compromisso do Banco com a Sustentabilidade, mas também destaca o seu papel pioneiro na conservação dos ecossistemas moçambicanos.

rar e atrair outros parceiros para esta nobre causa."

Comumaduraçãoinicialdetrêsanos,a parceria com o PNAM irá focar-se em projectos de grande impacto, como o projecto de Coexistência Homem-Fauna-Bravia. Este projecto visa promover actividades que assegurem a defesa de pessoas, bens e animais, incentivando um equilíbrio entre o desenvolvimento das comunidades locais e a conservação da fauna bravia.

Esta parceria é parte de um esforço do Absa para garantir que todas as suas actividades estejam alinhadas com os princípios do Acordo de Paris e os ODS das Nações Unidas

Foi no dia 10 de Abril de 2024 que o Absa formalizou a sua adesão ao Clube de Amigos do PNAM, tornando-se o primeiro membro institucional deste grupo dedicado à conservação ambiental. Este movimento é uma extensão natural do compromisso do Absa com os Objectivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) das Nações Unidas, especialmente com o ODS 13, que incita à acção urgente contra as alterações climáticas.

Pedro Carvalho, Administrador Delegado do Absa Bank Moçambique, não escondeu o entusiasmo do Banco ao aderir a esta iniciativa. "É uma honra enorme para o Absa ser Amigo do Parque Nacional de Maputo”, declarou. “Aproveitamos esta oportunidade de colaboração com o PNAM, pois entendemos o impacto do trabalho desenvolvido pelo Parque em todas as suas dimensões. Queremos, sem dúvida, ser um íman e poder inspi-

Esta parceria recentemente firmada com o Parque Nacional de Maputo é parte de um esforço mais amplo do Absa Bank Moçambique para garantir que todas as suas actividades estejam alinhadas com os princípios do Acordo de Paris e os ODS das Nações Unidas. O Banco está empenhado em respeitar os Princípios do Pacto Global das Nações Unidas e em seguir as políticas nacionais e internacionais relevantes em matéria de sustentabilidade e preservação ambiental.

Além do impacto directo na conservação dos ecossistemas em que resulta, esta parceria é um exemplo claro de como as instituições financeiras podem promover a sustentabilidade. Nos próximos anos, espera-se que esta colaboração se fortaleça e se expanda, com a implementação de novas iniciativas e projectos que contribuam para a protecção dos ecossistemas de Moçambique e o bem-estar das suas comunidades.

O Absa Bank Moçambique não só reafirma o seu compromisso com a sustentabilidade e a responsabilidade social através desta parceria, mas também convida outras instituições e a sociedade em geral a seguirem o mesmo caminho. Este esforço conjunto não só protege a rica biodiversidade de Moçambique, mas também promove o desenvolvimento equilibrado das comunidades locais, garantindo um futuro mais sustentável para todos.

Ao liderar pelo exemplo, o Absa demonstra que a colaboração entre diferentes sectores pode gerar resultados positivos tanto para o meio ambiente quanto para a sociedade. E assim, com cada passo firme na direcção da Sustentabilidade, o Banco reafirma o seu papel como líder em práticas bancárias sustentáveis, inspirando um mundo mais verde e resiliente

especial inovações daqui

56 ENSINO À DISTÂNCIA

Já é possível frequentar cursos de engenharia ‘online’ em Moçambique, graças ao investimento feito pelo Instituto Superior dos Transportes e Comunicações, ISUTC, em meios tecnológicos. Saiba como irá funcionar.

MY MUSE

6062

A Vodacom Moçambique criou um Spotify que também promove a música moçambicana. Conheça-o

PANORAMA

As notícias da inovação em Moçambique, África e no Mundo.

ENSINO À DISTÂNCIA

Engenharias ‘online ’, a aposta do ISUTC

Várias áreas de formação assistiram a uma rápida evolução no ensino à distância, mas as que exigem maior interacção, através da presença física, caram presas a modelos tradicionais. É o caso das engenharias. Pelo mundo fora, esta barreira está a ser vencida e Moçambique pode seguir o passo, graças a uma iniciativa do Instituto Superior de Transportes e Comunicações (ISUTC)

Texto Ana Mangana • Fotogra a D.R.

Oensino à distância é uma realidade em todo o mundo, inclusive em Moçambique, e a pandemia da covid-19 deu um empurrão. O modelo é mais aproveitado por cursos fora da área das engenharias, já que estas exigem actividades no terreno e em laboratório. No entanto, alguns países estão a testar formação de engenheiros pela Internet. Moçambique ainda não dispõe deste privilégio, mas pode ser apenas uma questão de tempo. O Instituto Superior de Transportes e Comunicações (ISUTC) lançou um projecto inovador de ensino de engenharia que ambiciona ter alta qualidade, aproveitando o poder da Internet para quebrar barreiras geográficas e oferecer uma educação acessível a estudantes de todo o País.

“Durante a covid-19, o ISUTC, como muitas instituições, teve de enfrentar o confinamento decretado pelo Governo, mas conseguiu leccionar todas as aulas previstas em regime online”, explicou à E&M Fernando Leite, director-geral do ISUTC. O Instituto “teve de adquirir os meios necessários, incluindo licen-

ças para o uso de plataformas e equipamentos. O ISUTC treinou docentes e estudantes e isso permitiu à instituição ganhar uma grande experiência. É possível apostar neste modelo, mesmo em cursos de engenharia”, acrescentou.

Que cursos é que o ISUTC irá cobrir? Numa fase inicial, esta modalidade de ensino vai abranger os cursos de licenciatura em Engenharia Informática, Engenharia de Ciências de Computadores, Engenharia Civil e de Transportes, Engenharia Electrónica e de Telecomunicações, Engenharia Electrotécnica e Engenharia Mecânica e de Transportes. Além da área de engenharia, serão também ministrados cursos de licenciatura em Gestão e Finanças, Contabilidade e Auditoria e Gestão Bancária e de Seguros. De acordo com Abiatar Manhiça, director da área de Ensino à Distância do ISUTC, para garantir eficácia na aprendizagem, será necessário remover as barreiras que caracterizam este modelo de ensino, criar canais de comunicação entre estudante e professor, com aulas simultâneas, onde, em tempo real, o estudante pode conversar com o docente.

Mesmo que um estudante tenha uma fraca ligação à Internet ou não tenha muito crédito de dados, pode aceder à matéria e o ISUTC garante que ninguém vai ficar para trás

Também deve haver condições técnicas que possibilitem a realização de reuniões e conversas via texto na plataforma, por cada disciplina.

Como foi preparado o projeto?

Este é classificado como um avanço de grande envergadura, que exige alterações profundas ao nível da organização da instituição. Assim, para se ajustar à nova realidade, o ISUTC criou um departamento de atendimento e apoio ao uso de novas plataformas, através de canais de comunicação como WhatsApp, chat, fóruns, entre outros. É um meio de atender a pedidos, reclamações e preocupações dos estudantes, reencaminhando-os para as áreas responsáveis, garantindo respostas e esclarecimentos. “Temos um ‘helpdesk’ que auxilia nas dificuldades de cariz tecnológico. Foram preparadas matérias de acordo com características dos cursos leccionados e serão reforçados conteúdos de vídeo, produzidos internamente, para assuntos mais complexos. Será também disponibilizada uma biblioteca digital para reforçar a tradicional”, acrescentou Abiatar Manhiça.

Alterações curriculares ajustadas

O director da área de ensino à distância falou também da alteração curricular para acolher as exigências do ensino ‘online’. “Antes do início do ano lectivo, temos um módulo de ambientação ‘online’, no qual o estudante aprende como usar as novas plataformas e recebe dicas sobre como ter sucesso nos seus estudos. As plataformas são acessíveis através de computador ou dispositivos móveis e com menor consumo de dados”, explicou. Por exemplo, na plataforma Moodle – através da qual serão realizadas as sessões simultâneas das aulas – está configurada a função Moodle AP, que permite que, através do telemóvel, se aceda aos mesmos conteúdos do computador, mas com menor consumo de dados. Para os vídeos, está integrada uma plataforma de ‘video-on-demand’ (VOD), vídeos disponíveis a qualquer altura, com várias opções de carregamento e adaptação à velocidade da ligação ou dispositivos ligados.

Do lado do ISUTC, o ensino à distância significou avultados investimentos no treino de docentes em três áreas: elaboração de conteúdos, uso de plataformas e acompanhamento dos alunos ‘online’. Áreas-chave para ganharem autonomia e confiança ao responderem às necessidades dos estudantes, mesmo à distância. Os professores vão ter também uma nova realidade quanto às aulas práticas e laboratoriais. Parte delas vai ser realiza-

da através de experiências virtuais, graças a software disponibilizado por diferentes instituições com as quais o ISUTC criou parcerias. Nalgumas matérias, os alunos serão orientados em “experiências caseiras”, para que adquiram sensibilidade relativamente a diferentes leis da física e da química.

Uma parte sempre presencial “Para se fazer ensino à distância é preciso que as pessoas possam ir a um local, de preferência não muito distante, para fazer exames, a parte prática, laboratorial, etc. Porque nem tudo pode ser feito com software ou ensaios virtuais. Ao contrário do que muitos pensam, a maior parte das províncias do País dispõe de laboratórios e oficinas muito bem equipados, nos respectivos institutos comerciais e industriais. Através de parcerias com vantagens mútuas, serão criados centros de recursos nessas instituições, o que irá garantir um excelente treino dos estudantes nas áreas laboratoriais e oficinais”, garantiu o diretor-geral do ISUTC. Por exemplo, no final de cada

O ensino à distância significou avultados investimentos no treino de docentes em três áreas: elaboração de conteúdos, uso de plataformas e acompanhamento dos alunos ‘online’

semestre, os centros de recursos vão acolher exames. Assim como aulas e actividades de laboratório que estejam além dos limites que o trabalho à distância impõe. Adicionalmente, se necessário, cada aluno poderá ter de se deslocar uma ou duas vezes ao ISUTC, durante a realização do seu curso, para complementar as acções práticas impossíveis de realizar nos centros de recursos.

Espera-se também que a qualidade de ensino contribua para o aumento significativo do número de alunos e permita que se estabeleçam mais centros de recursos e, consequentemente, as despesas com deslocação dos estudantes diminuam. Simultaneamente, o aumento do número de estudantes permitirá uma redução dos custos de formação (que a instituição prefere não divulgar).

Os Cursos do ISUTC tem acreditação pelo Conselho Nacional de Avaliação da Qualidade do Ensino Superior (CNAQ) e pelo Instituto Nacional de Ensino à Distância (INED) e pretende manter a qualidade de ensino com reconhecimento nacional e internacional.

Também em Moçambique: Vodacom Aposta na Música

No cenário competitivo do streaming de música, a Vodacom tem a sua própria plataforma e aplicação MyMuze, com a vantagem de oferecer poupança de dados dentro da rede. Agora, é a vez de tentar conquistar os moçambicanos

Texto Ana Mangana • Fotogra a D.R.

AMyMuze é uma plataforma de ‘streaming’ que pretende dar acesso aos moçambicanos a música, podcasts e audiolivros. “A música é muito importante para todos os moçambicanos, é algo que nos une, que permite celebrar semelhanças e esquecer as nossas diferenças”, explicou à E&M, Mara Sindaco, directora de serviços digitais da Vodacom.

“Só que, em Moçambique, a música ‘online’ ainda não é completamente acessível para todas as pessoas e ainda não é possível aos artistas locais obterem uma rentabilidade directa com este trabalho. O nosso objectivo, através do MyMuze, é promover uma plataforma local com um pouco de conteúdo internacional. Dar acesso fácil a artistas locais célebres, e permitir ainda aos músicos usarem a sua arte para obter algum lucro”, acrescentou.

Funcionalidades da MyMuze?

Como noutras aplicações, esta permite alinhar a música ao gosto pessoal, gravar e partilhar listas, acesso ‘offline’ e explorar os catálogos sem preocupações com o consumo de dados. A Vodacom não cobra dados aos utilizadores da rede.

A MyMuze promete dar maior destaque aos artistas nacionais e assim tentar dar-lhes mais rendimentos, que são obtidos consoante o número de ouvintes. “Queremos trazer diferença e o MyMuze é isso, dá a possibilidade de apoiar os artistas locais e ainda ter acesso a conteúdos de qualidade”, realçou Mara Sindado.

A plataforma já conta com mais de 110 milhões de faixas musicais e oferece subscrições pagas (além do pla-

“A MyMuze é uma plataforma local com conteúdo internacional e permite aos músicos usarem a sua arte para obter algum lucro”

no base, que é gratuito), o que permite aos utilizadores aceder a conteúdos especiais e personalizados.

Como adicionar a MyMuze?

Para adicionar o MyMuze à vida diária basta descarregar a aplicação através da Google Play Store ou da Apple App Store, ou visitar https://mymuze.vm. co.mz. A inscrição é rápida e a plataforma reconhece automaticamente os clientes Vodacom, facilitando um acesso imediato e sem complicações.

MYMUZE
MARA SINDACO
Directora de Serviços Digitais da Vodacom
Empresa

Healthtech

Emprego Plataforma Work4Progress já criou mais de 530 empresas e 4400 postos de trabalho

A plataforma Work4Progress – inovação para a promoção do emprego, uma iniciativa da Fundação “La Caixa”, já beneficiou, directa e indirectamente, desde 2018, um total de 40 618 pessoas e permitiu a criação de 535 empresas e 4485 empregos nas províncias abrangidas, nomeadamente Maputo e Cabo Delgado.

Coordenada pela Fundação Universitária para o Desenvolvimento da Educação (FUNDE), a plataforma promove o emprego e o aumento dos rendimentos de mulheres e jovens em situação vulnerável, tendo a agricultura, o empreendedorismo e a formação profissional como prin-

Cientistas revolucionam visão nocturna com tecnologia de “conversão ascendente”

Uma equipa de cientistas australianos fez uma descoberta revolucionária ao desenvolver uma nova tecnologia de visão nocturna, utilizando a “tecnologia de conversão ascendente, baseada em meta-superfície”.

Esta inovação elimina a necessidade de componentes volumosos de processamento da luz e de arrefecimento crio-

Healthtechs

génico, tradicionalmente utilizados nos sistemas de visão nocturna.

“Reduzir os requisitos de tamanho, peso e potência da tecnologia de visão nocturna é um exemplo de como a meta-óptica é crucial para a indústria e para a futura miniaturização extrema da tecnologia”, destacou Dragomir Neshev, do Conselho Australiano de Investigação

Ciência já produz nutrientes do leite materno

Um grupo de investigadores da Universidade da Califórnia, nos Estados Unidos, desenvolveu uma planta geneticamente modificada, parente próxima do tabaco, capaz de produzir nutrientes essenciais que se encontram no leite materno humano. O estudo inovador foi recentemente publicado na revista Nature Food. Os investigadores revelaram que esta planta, chamada Nicotiana benthamiana, foi geneticamente alterada para produzir oligossacáridos do leite humano (HMO).

Estes compostos complexos são conhecidos por promoverem uma microbiota intestinal saudável e por reforçarem o sistema imunitário dos bebés. No leite materno, os HMO são o terceiro componente sólido mais abundante, desempenhando um papel crucial nas primeiras semanas de vida de um recém-nascido.

Os HMO, embora indigestos para os bebés, servem de alimento para as bactérias benéficas do intestino, contribuindo para uma flora intestinal saudável e para reduzir o risco de infecções bacterianas e virais. Actualmente, estão identificados cerca de 200 tipos diferentes de HMO no leite materno, o que realça a sua complexidade e importância.

A criação desta planta mutante representa um passo significativo para a produção de fórmulas infantis que reproduzam os benefícios da amamentação, com o potencial de melhorar a saúde de milhões de bebés e adultos.

cipais áreas de intervenção. Trata-se de uma iniciativa que aposta em projectos que são posteriormente transformados em empresas sustentáveis e autónomas.

“Temos protótipos na área de serviços de capacitação de pessoas para a hotelaria, segurança, entre outras áreas, mas os de maior impacto estão ligados à agricultura. Por isso, estão a ser implementados em zonas rurais”, informou Rosânia da Silva, coordenadora da Work4Progress.

A plataforma é um programa pioneiro desenvolvido na Índia, Moçambique, Colômbia e Peru. Funciona no País desde 2018 .

Telecomunicações

Moçambique pode apoiar Timor-Leste na implementação de um projecto de ciência e tecnologia

A intenção foi manifestada pelo Presidente timorense, José Ramos Horta, durante a visita realizada em Julho ao País. Horta disse que Timor-Leste dispõe de quadros suficientes formados em diversas áreas das ciências humanas, mas muito menos em ciências e tecnologia. “Temos muitos doutorados em Filosofia, Teologia e Relações Internacionais, mas poucos em ciências de tecnologias, Digitalização, Inteligência Artificial, Medicina, Economia e Indústria”, lamentou. Na ocasião, o chefe de Estado de Timor-Leste abordou a necessidade de se aprofundarem estudos sobre captação de recursos hídricos e novas fontes de produção de alimentos. “Estudem sobre questões de água porque o mundo está com dificuldades e vão ser muito graves. Há carência de água para o ser humano. Apenas 1% da água potável existente no mundo é acessível à população mundial”, alertou Horta, na sua primeira visita a Moçambique.

666869

ESCAPE

Espanha

Uma aventura pelas atracções diversi cadas do norte do país

GOURMET

Shawarma Show Sabores do Líbano servidos no coração da capital moçambicana

ADEGA

200 Monges Gran Reserva 1994 Degustar um dos melhores vinhos da Rioja

72 70

EMPREENDEDORA

Jéssica da Graça Solução estética para o cabelo, da marca “Crespa que Nem Eu”

AGENDA

Agosto 2024

Todos os eventos globais que não pode perder, incluindo as artes

74

VOLANTE

Land Rover OCTA O Defender 4x4 mais potente de sempre chega aos mercados

Portugalete

NORTE DE ESPANHA

Descobrir os encantos de Espanha, e ir ao encontro de obras do engenho humano, por entre maravilhas naturais.

Entre “Marmitako” e “Chipirones”,

SE ACHA QUE ESPANHA

SE RESUME A TOURADAS, sol e festas de praia até de madrugada, prepare-se: há todo um país a descobrir para lá do horizonte dos estereótipos. Parte dele está entre Santander e Bilbao, forjado por um Atlântico Norte que surpreende a cada esquina, pela história, natureza costeira e engenho industrial e arquitectónico

Santander, capital da comunidade nortenha da Cantábria, é o nosso ponto de partida. O Palácio de Magdalena, incrustado na emblemática península com o mesmo nome, é daqueles locais icónicos para qualquer visitante – e com razão.

à Descoberta do Engenho Industrial

A vista para o mar é deslumbrante e é um exemplo notável da arquitectura do início do século XX. Depois, o Paseo de Pereda, um calçadão à beira-mar repleto de cafés e lojas, vai garantir tempo bem passado, sem stress, a apreciar a paisagem e a atmosfera local.

Em Santander encontramos o Centro Botín, um moderno centro de arte e cultura, ponto de encontro com exposições contemporâneas e onde há belas vistas panorâmicas para a baía. Na altura certa do ano, as praias locais também são uma atracção imperdível. Sugestão: a

e Arquitectónico

Playa del Sardinero, perfeita para um mergulho ou banhos de sol. Na capital da Cantábria, a gastronomia local inclui um “cocido montañés” (ensopado de montanha) e frutos do mar frescos, sendo que não faltam bons vinhos regionais para acompanhar.

Rumo a Laredo

Saindo de Santander rumo a nascente, encontramos Laredo, que há quem considere ser uma das mais belas cidades costeiras da região. No caminho, vale a pena parar em Santoña, conhecida pelas conservas de anchovas. Algumas fábricas são bastante hospitaleiras e recebem visitantes, oferecendo uma oportunidade única de conhecer o processo de fabrico e provar o resultado. Ao chegar a Laredo, há que explorar a cidade velha. Ruas estreitas, casas históricas. A Playa de la Salvé é um ponto obrigatório, com uma extensa faixa de areia dourada ideal para relaxar. Na última sexta-feira de Agosto, há a “batalha das flores”, com um desfile de carros alegóricos enfeitados com flores naturais. Para jantar, há que encomendar uma “marmita de bonito” (guisado de atum) e vinhos locais, num dos restaurantes à beira-mar.

Seguir a Castro Urdiales Continuando a viagem, Noja oferece praias tranquilas e paisagens naturais. E encontramos Castro Urdiales, uma cidade com uma rica herança histórica. As atracções são a Igreja de Santa María, exemplar da arquitectura gótica, e o castelo-farol de Santa Ana.

Nos restaurantes locais vale a pena experimentar pratos como “rabada” (rabo de boi) e o tradicional “pastel de cabracho” (bolo de pei-

Museu Guggenheim

xe), acompanhado por vinhos locais.

Bilbao está perto, mas, antes de lá chegar e já na comunidade autónoma do País Basco, vale a pena conhecer Portugalete e a Ponte de Vizcaya, Património Mundial da UNESCO. Esta é uma ponte diferente: foi construída por privados no final do século XIX, o tabuleiro está lá no alto, como um prédio de 15 andares, e serve de carril para uma barcaça suspensa que une os dois lados da ria de Bilbao. Uma maravilha que serve de aperitivo para o engenho na cidade em que estamos prestes a entrar.

Em Bilbao, é “obrigatório” visitar o icónico Museu Guggenheim. Mesmo quem prefira outras diversões, não dará o tempo por mal empregue ao conhecer um marco da arquitectura moderna. O espaço exterior, à beira do rio Nervión, é inesquecível. Lá dentro, há várias exposições de arte contemporânea.

Passear pelo Casco Viejo, o bairro antigo de Bilbao, repleto de bares de ‘pintxos’ (tapas bascas) e lojas tradicionais é outra atracção cinco estrelas.

Quando chegar a noite, há vários restaurantes de renome internacional para escolher em Bilbao, degustando pratos como “bacalao a la vizcaína” (bacalhau à moda de Biscaia) e “txangurro” (santola). Prove os vinhos de Rioja, uma das regiões vinícolas mais famosas de Espanha.

Gastronomia e vinhos

A gastronomia do norte de Espanha é rica e variada, com destaque para os frutos do mar frescos e pratos tradicionais como o “marmitako” (guisado de atum), “chipirones” (lulas) e os famosos pintxos de Bilbao. A região é também famosa pelos seus vinhos, especialmente os da Rioja, conhecidos mundialmente.

Texto Redacção

Vale a pena conhecer Portugalete e a Ponte de Vizcaya, Património Mundial da UNESCO. É uma ponte diferente: foi construída por privados no nal do século XIX, o tabuleiro está lá no alto, como um prédio de 15 andares

QUANDO VISITAR E COMO CHEGAR

A melhor época para visitar Santander e Bilbao é durante a Primavera (Abril a Junho) e o Outono (Setembro a Outubro), quando o clima é ameno e as multidões são menores. O Verão também é agradável, com temperaturas médias em torno de 25°C. É possível chegar a Santander ou Bilbao de avião, com voos directos a partir de várias cidades europeias. Em alternativa, há ligações de comboio e autocarro a partir de grandes cidades espanholas.

Ponte Suspensa
Portugalete

O restaurante Shawarma é um autêntico pedaço do Líbano representado pela genuína gastronomia. O cheiro da casa por si só faz atravessar fronteiras. O olfacto é servido ora pelo aroma de incensos, ora por temperos que fazem a essência do sabor árabe

Localização: Avenida Armando Tivane

Contacto (+258) 84 100 2001

Horário de funcionamento 9:00 às 22:00 todos os dias

Tipo de culinária Libanesa

A HISTÓRIA DO QUE HOJE

é Moçambique com os árabes remonta ao século X com a chegada de AI-Massudi. No século XV, os árabes movimentam-se no comércio de especiarias e tecidos, com a costa moçambicana a ser considerada estratégica no caminho marítimo português para a Índia. Os árabes chegaram a criar feitorias em várias províncias moçambicanas e as marcas dessa presença são visíveis ainda hoje na cultura e religião, sobretudo na zona norte do País.

Agarrado a esse laço histórico entre continentes e regiões (África, Médio Oriente e Ásia), Bassam Manana deixou o Líbano com a intenção de chegar a África e criar uma referência da culinária do seu país: “Eu sonhava em trazer a gastronomia libanesa para África porque sempre gostei do continente e queria cá estar”, contou, num sotaque que ainda denuncia as origens no estrangeiro.

Shawarma Show,

O desejo de Bassam torna-se realidade quando, em Agosto de 2017, consegue abrir o restaurante Shawarma Show, em Maputo. Localizado na Avenida Armando Tivane (perto do Palácio dos Casamentos, entre as avenidas 24 de julho e a Ahmed Sekou Touré), o restaurante Shawarma Show é um autêntico pedaço do Líbano na capital moçambicana. O cheiro da casa, só por si, faz-nos viajar e atravessar a fronteira para terras árabes. O olfacto é servido por incensos, temperos e especiarias que condimentam a ementa e fazem a essência dos sabores oferecidos pela cozinha aberta, logo à entrada.

Nos pratos servidos pela casa, há carnes e legumes, do humus aos taboule, kibe, mezze, entre outros. Mas a verdadeira marca da casa, que já

Todas

as Delícias

do Líbano à Mesa em Maputo

vem descrita no nome do restaurante, é mesmo o shawarma. Trata-se de um prato típico e famoso do Médio Oriente, feito de fatias de carne de carneiro ou frango, assada e servida em pão árabe com legumes, algumas especiarias e outros acompanhamentos à escolha. Dos shawarmas que constam do menu, o de frango é um clássico, é servido com picles, molho de alho e tahina (creme feito de sementes de gergelim).

Além da culinária libanesa, outro grande atractivo do restaurante Shawarma Show é a lista de sumos naturais, que inclui frutas locais da época, algumas raízes e ervas.

Exemplos? O sumo de menta e morango, a limonada com gengibre, o sumo de abacate e vários cocktails naturais, deliciosos e saudáveis.

O Shawarma Show tem também uma sala especial de ‘shisha’ para quem gosta de fumar no narguilé, com cachimbos típicos, aromas de frutas, menta, entre outras ervas. Para os amantes do futebol, a sala deste restaurante é um verdadeiro templo: no grande ecrã no salão assiste-se à transmissão de jogos num ambiente que junta boa comida e convívio entre amigos.

Texto Filomena Bande

A colheita de 1994 é especialmente notável, considerada uma das melhores da década, devido às condições climáticas que permitiram uma maturação perfeita das uvas

200 Monges Gran Reserva 1994: Um Tesouro da Rioja

O 200 MONGES GRAN RESERVA 1994 é uma viagem sensorial pela história e tradição da região vinícola espanhola da Rioja, reconhecida mundialmente. Combina elegância e fulgor, ideal pa ra ocasiões especiais e mo mentos de celebração. Pa ra muito críticos, este tinto é de um dos melhores vinhos que a Rioja tem a oferecer De entre a produção de vinhos de Espanha, a região de Rioja é mundialmente fa mosa. Tem marcas de exce lência e o 200 Monges Gran Reserva 1994 é uma das jóias da coroa. Produzido pela Bodegas Vinícola Real, é um dos vinhos mais aclamados da região, em que a produ ção está cheia de história. À mesa, é apreciado pe la qualidade de topo. O no me deixa antever as origens: o 200 Monges Gran Reser va é uma homenagem aos monges que, ao longo dos séculos, cultivaram as vinhas e perpetuaram a tradição vinícola na Rioja.

A colheita de 1994 é especialmente notável, considerada uma das melhores da década, devido às condições climáticas que permitiram uma maturação perfeita das uvas. Este vinho é elaborado a partir de uma mistura das castas Tempranillo, Gra ciano e Garnacha, que lhe conferem complexidade e profundidade.

Visualmente, o 200 Mon ges Gran Reserva 1994 apre senta uma cor rubi intensa com re exos alaranjados, re sultado dos seus longos anos de envelhecimento em barricas de carvalho fran

cês e americano, seguido de um período adicional em garrafa. No nariz, revela uma torrente de aromas de frutos secos, especiarias, baunilha e notas de couro, que evoluem gradualmente com o tempo. No paladar, este vinho é encorpado e bem estruturado, com taninos suaves e uma acidez equilibrada, oferecendo um nal longo e persistente.

Prepare o ‘barbecue’. Para uma experiência gastronómica a condizer, este vinho deve ser acompanhado por pratos que complementem a sua complexidade e riqueza: carnes vermelhas grelhadas, pratos de caça, como javali ou veado, e queijos curados.

Vários Prémios e Recomendações

Este vinho parece ter conquistado os corações dos enó los e recebeu inúmeros prémios e distinções ao longo dos anos. Entre os mais destacados estão a medalha de ouro no Concours Mondial de Bruxelles e altas pontuações em publicações renomadas como a Wine Spectator e Robert Parker’s Wine Advocate Estas conquistas atestam a qualidade superior do 200 Monges Gran Reserva 1994, tornando-o um dos vinhos mais recomendados da Rioja. Pode ser adquirido por cerca de 100 dólares a garrafa de 750 mililitros.

Texto Redacção

MONGES GRAN RESERVA 1994

Origem Espanha, La Rioja

Castas Tempranillo, Graciano e Garnacha

Garrafa

750 ml

Teor

Alcoólico

13,5%

“Os

produtos da ‘Crespa que Nem Eu’ carregam a responsabilidade de ajudar as outras mulheres a ter uma rotina capilar saudável, ensinando-as a amar e valorizar os seus cabelos crespos e darlhes ferramentas necessárias para este processo”

JÉSSICA DA GRAÇA

Solução estética para o cabelo crespo

É COMUM ENCONTRAR mulheres de cabelo crespo a moldá-lodeoutrasformas,seja com produtos químicos para o alisar, misturando-o com mechas arti ciais ou usando outras técnicas para torná-lo mais maleável. Outras vezes o objectivo é contornar os preços altos e a escassez de produtos destinados aos cuidados especí cos que requer. A jovem empreendedora Jéssica da Graça viveu na pele este dilema. Mas impulsionada pela curiosidade e pela vontade de ver o seu próprio cabelo crespo a crescer saudável, criou, em 2023, uma marca de produtos naturais designada ‘Crespa que Nem Eu’. “Sempre tive vontade de criar e ver crescer o meu cabelo e, por curiosidade, sempre segui páginas de terapeutas capilares nacionais e estrangeiros. Queria entender melhor todos os cuidados com cabelo e estudar produtos naturais de fabrico caseiro. Foi assim que, com a ajuda da minha mãe, passei a produziralgunsóleoseausá-

JÉSSICA

Crespa Que Nem Eu” , Empreendedorismo

-los”. Não passou muito tempo até que os resultados positivos começassem a aparecer. Jéssica passou a receber elogios e pedidos de outras mulheres. “Procuravam ajuda para também cuidarem do seu cabelo”, contou a empreendedora à E&M.

Como tudo começou

Jéssica começou a oferecer consultas capilares a pessoas maispróximaseapartilharos óleos que usava, até angariar um número signi cativo de seguidoresquepagavampara continuar a receber os cuidados desejados. A procura por óleos cresceu e, a determinada altura, decidiu transformar a sua curiosidade num negócio. Uma fonte de rendimento que carrega uma missão: “os produtos da ‘Crespa que Nem Eu’ têm a responsabilidade de ajudar as outras mulheres a ter uma rotina capilar saudável, ensinando-as a amar e valorizar os seus cabeloscresposedar-lhesferramentas necessárias para este processo. O nome ‘Cres-

Que Cresce com o Cabelo

pa Que Nem Eu’ é um convite para as mulheres abraçarem o seu cabelo natural, como eu z”. Jéssica vê na actividade uma forma de transmitir um sentimento positivo. “É bom verem que, assim como eu consigo ter o meu crespo bonito e saudável, elas também podem”, explicou.

Produtos artesanais

Os produtos da marca são óleos 100% naturais, feitos de forma artesanal com ingredientes locais. O catálogo conta com três produtos já consolidados: óleo de coco, óleo de rícino e um óleo especial que leva o nome de “bomba”, feito à base de plantas como alecrim, hibisco, moringa e rícino, entre outros ingredientes, para estimular o couro cabeludo. São produtos com um efeito multifuncional que fornecem várias vitaminas, preparadas com base em frutas e

ervas, para aplicação no couro cabeludo. Além dos óleos, a marca ‘Crespa Que Nem Eu’ oferece consultas capilares (ao domicílio, de forma presencial ou virtual) e dispõe de um salão especializado: o Lar das Crespas.

Sinal de emancipação

A ‘Crespa Que Nem Eu’ tem uma componente social de emancipação feminina, ajudando jovens a garantir a sua independência nanceira com a revenda dos produtos, à base de comissões e brindes. Jéssica revela que o que mais a motiva na sua marca é “ver o sorriso e a satisfação no rosto de cada cliente”. “Eu preparo cada receita e cada óleo com muito amor, como se fosse para mim mesma porque me sinto representada em cada coroa crespa que vejo”.

Texto Filomena Bande

Todos os eventos globais que não pode perder, desde a sustentabilidade ao desporto, incluindo as artes

Agosto é Mês de Ver Estreias

AINDA COM OS JOGOS DO EURO E A COPA AMÉRICA

NA RETINA, Agosto traz a Supertaça Europeia. Real Madrid e Atalanta vão enfrentar-se, num jogo que vai decidir qual o melhor clube de futebol da Europa, nesta época.

Na Cidade do Cabo, África do Sul, vão reunir-se milhares de astrónomos na primeira Assembleia Geral da União Astronómica Internacional (IAU GA) em África, neste que promete ser um evento estimulante e inspirador para a comunidade global. A Indo Africa Expo 2024 vai

FUTEBOL

Supertaça Europeia

Estádio Nacional Varsóvia, Polónia 15 de Agosto uefa.com

A Supertaça Europeia vai eleger o melhor dos melhores, no que respeita a clubes europeus, num jogo sempre apetecível e ainda para mais, no rescaldo do Euro e Copa América. Real Madrid, vencedor da UEFA Champions League, e Atalanta, detentora do título da UEFA Europa League, serão os protagonistas deste jogo electrizante, idealizado pelo jornalista neerlandês Anton Witkamp.

INOVAÇÃO / TECNOLOGIA

XXXII Assembleia Geral da União Astronómica Internacional (IAU GA 2024) Cidade do Cabo / África do Sul

De 6 a 15 de Agosto council.science/pt/events/ iau-ga-2024

Reunindo milhares de astrónomos em África, o encontro será um evento estimulante e inspirador para a comunidade global. O programa da conferência cientí ca abordará todos os aspectos da astronomia, incluindo o papel de liderança que África está a desempenhar neste esforço humano colectivo. Seguindo o exemplo das recentes Assembleias Gerais da UAI, esta reunião terá um formato híbrido, ou seja, os participantes poderão participar presencial ou virtualmente.

e de Observar as Estrelas

acontecer em Nairóbi, Quénia. Esta feira estará repleta de oportunidades e inovações e será terreno fértil para explorar as conexões comerciais, culturais e turísticas entre a Índia e os países africanos. Com uma programação diversi cada, a Expo promete ser um ponto de encontro para empresários, investidores e entusiastas da cultura africana. No mundo do streaming, Agosto traz a muito aguar-

EMPREENDEDORISMO NEGÓCIOS

Indo Africa Expo 2024 Nairóbi, Quénia

De 1 a 4 de Agosto Kenyatta I nternational Conference Center (KICC)

A Indo Africa Expo 2024 promete ser um evento repleto de oportunidades e inovações. Terreno fértil para explorar as conexões comerciais, culturais e turísticas entre a Índia e os países africanos. Com uma programação diversi cada, a Expo promete ser um ponto de encontro para empresários, investidores e entusiastas da cultura africana.

dada segunda temporada de “ e Lord of the Rings”. Com base na jornada épica e na ambição da primeira temporada, esta nova mergulha até aos seus personagens mais queridos e vulneráveis numa maré crescente de escuridão, desa ando cada um a encontrar o seu lugar num mundo que está cada vez mais à beira da desgraça. Elrond (Robert Aramayo), Príncipe Durin IV (Owain Arthu), Arondir (Ismael Cruz Córdova) e Celebrimbor (Charles Edwards) estão entre as personagens que vamos ver de regresso. Nos livros, destaque para “Optimal”, obra que apresenta os pontos-chave da competência em inteligência emocional, e métodos para a aplicarmos de maneira directa. Os autores demonstram como preparar as che as para serem mais e cazes e para construírem uma cultura empresarial que capacite os trabalhadores para um desempenho continuado de grande qualidade.

Texto Luís Patraquim

STREAMING

e Lord of the Rings: e Rings of Power T2 Prime Video 29 de Agosto

Em Roma, 79 d.C., o epicentro do Império Romano e a cidade mais opulenta do mundo, há um constante in uxo de escravos para sustentar o crescimento das obras imperiais. Para manter a população romana mais entediada, agitada e violenta, duas coisas são essenciais: comida e entretenimento espectacular (Panem et Circenses), como as emocionantes corridas de quadrigas e os brutais combates de gladiadores. A série, realizada por Roland Emmerich, com Marco Kreuzpaintner, e inspirada no livro homónimo de Daniel P. Mannix, vai levar o público ao mundo das corridas de carruagens.

ARTES

Madala: De Niassa a Maputo

Enaltecendo a Esperança

Vindo da Reserva Especial do Niassa, a maior área protegida de Moçambique e um dos últimos bastiões da vida selvagem na África Austral, o elefante Madala chega a Maputo para apregoar uma mensagem de esperança, mostrar o que está em causa na luta contra a caça furtiva e sensibilizar homens e mulheres para a importância da protecção dos ecossistemas e dos grandes animais selvagens.

Madala é um elefante em tamanho real feito de lã e de ferro, resultado da ideia da bióloga Paula Ferro e Derek Littleton, director da Fundação Lugenda e da concessão Luwire de trazer uma obra de arte monumental que representasse a luta pela protecção da Reserva Especial do Niassa.

Em 2023, em parceria com o escultor francês Jules Pennel e com a ajuda de mais de 50 membros das comunidades locais,zeram nascer Madala.

LIVROS

Alcançar

a Excelência com a Inteligência Emocional

“Madala é uma criação colectiva, possível graças à participação de mais de 40 artistas moçambicanos e internacionais e ao apoio das comunidades locais, de antigos caçadores furtivos reconvertidos, de numerosos guardas orestais, dos anjos da guarda da fauna e da natureza africanas e das mulheres do projecto Yao Crochet. Todos nos juntámos para criar esta majestosa escultura, que tem como objectivo transmitir a importância e a imensidão da Reserva do Niassa, recordar um passado sombrio e também reconhecer os esforços feitos na luta contra a caça furtiva. Mas acima de tudo, a nossa ambição é trazer esperança a todos os homens e mulheres que vivem na Reserva. Ao dar vida a este elefante em tamanho real, o nosso sonho é ligar a arte à protecção do ambiente!” STREAMING

Autor: Daniel Goleman e Cary Cherniss • Género: Ciências Sociais / Psicologia • Editora:Temas e Debates

Neste livro, Daniel Goleman e Cary Cherniss mostram de que modo a inteligência emocional pode contribuir para que todos os dias sejam óptimos. Explicam como xar um objetivo realista e alcançável: a satisfação de ter um dia produtivo, trabalhando de forma consistente ao nosso melhor nível. Baseando-se em testemunhos escritos de centenas de pessoas que descrevem a arquitetura interior de um dia bom, traçam o plano geral de como é o estado óptimo, e revelam que a inteligência emocional é a chave para a nossa melhor performance.

Esta obra representa o culminar de décadas de descobertas cientí cas sobre a inteligência emocional. Está demonstrado que um reforço da inteligência emocional se traduz em maior comprometimento com os projectos, produtividade acrescida e dias mais compensadores.

Outros Lançamentos

Dia 1: Unstable T2 (Net ix) e Batman: Caped Crusader (Prime Video)

Dia 8: e Umbrella Academy T4 (Net ix) e A Lenda de Shahmaran T2 (Net ix)

Dia 9: Tales of the Teenage Mutant Ninja Turtles (Paramount+)

Dia 11: SEAL Team T7 (Paramount+)

Dia 12: Solar Opposites T5 (Hulu), Industry T3 (Max) e Fallen (Sky)

Dia 14: Bad Monkey (Apple TV+) e e Tyrant (Disney+)

Dia 15: Emily in Paris T4A (Net ix) e Bel-Air T3 (Peacock)

Dia 16: Rick and Morty: e Anime (Max)

Dia 22: Reasonable Doubt T2 (Hulu), Baby Fever T2 (Netix) e GG Precinct (Net ix)

Dia 23: Pachinko T2 (Apple TV+)

Dia 27: Only Murders In e Building T4 (Hulu/Disney+)

Dia 29: Terminator Zero (Net ix), Escola dos Romances Proibidos (Net ix) e Kaos (Net ix)

Dia 30: Respira (Net ix)

LAND ROVER

Marca

Land Rover

Modelo

Defender OCTA

Potência

635 cv

Velocidade

0 a 100 km/h em 4 segundos

Motor

Mild-hybrid biturbo

Já Conhece o Land Rover OCTA? É o Defender Mais Potente

A LAND ROVER apresentou o Defender 110 mais potente de sempre. O novo carro, que recebeu o nome de OCTA é um modelo 4x4 de grandes dimensões que conta com um motor V8 mild-hybrid (possui um motordecombustãoeumabateria) biturbo de 4,4 litros de capacidade da marca BMW.

O potente 4x4 é capaz de debitar635cvdepotênciaeum binário máximo de 750 Nm, aceleração dos zero aos 100 km/hemapenasquatrosegundos. Valores que fazem com que o automóvel se sagre, como não apenas como o Defender mais potente de sempre, mas também o mais rápido.

As estruturas internas e externas desde novo Land Rover são também dignas de relevo. No chassis, o veículo contém componentes totalmente revistos com tecnologia inovadora, incluindo a suspensão 6D Dynamics que eleva o desempenho dinâmico e a aceleração. A suspensão cou aproximadamente28mmmaisalta e 68 mm mais larga em com-

paração com as demais versõesdoDefender.Centímetros a mais que se re ectem numa condução aperfeiçoada.

O Defender ganhou braços triangulares mais longos e resistentes para melhorar a articulação entre as rodas, tem novos amortecedores semi-activos (continuamente variáveis) interligados hidraulicamente e que reduzem a inclinação da carroçaria na estrada e melhoram o desempenho o -road (fora da estrada).

O sistema

O Defender OCTA conta ainda com um sistema que detecta automaticamente a superfície e optimiza diversos parâmetros de acordo com o piso. Dá ainda ao motorista a possibilidade de ajustar manualmente as con gurações de direcção, aceleração e suspensão.

O Terrain Response é um sistema desenvolvido pela Land Rover que ajusta o veículo e activa as con gurações ideais

O potente 4x4 é capaz de debitar 635 cv de potência e um binário máximo de 750 Nm. Acelera dos zero a 100 km/h em apenas quatro segundos. Não é apenas o Defender mais potente de sempre: é também o mais rápido

para quaisquer condições de condução, com base nas informações fornecidas pelo condutor. Este sistema está presente com as con gurações de Areia, Lama e Buracos, Cascalho, Neve e Rock Crawl. A caixa é sempre automática, de oito velocidades.

O design

O desenho do Defender OCTA também chama a atenção: está equipado com pneus Goodyear Advanced All-Terrain de 33 polegadas, novos pára-choques, grade frontal com novo visual e destinada a aumentar o uxo de ar sob o capot. O pacote ca completo com uma carroçaria com esquema de pintura em dois tons, incluindo tecto e tampa do porta-malas na cor Narvik Black, a contrastar com as novas tonalidades Petra Copper e Faroe Green. Por dentro, o Defender OCTA tem bancos exclusivos, completamente revestidos a couro e um sistema de áudio ‘Body and Soul Seat’. As encomendas abriram a 31 de Julho. Se estiver interessado, corra para encomendar!

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