E&M_Edição 78_Novembro 2024 • Divisas - Onde estão os dólares?
COP 29 - AZERBAIJÃO
QUAL É A AGENDA DE MOÇAMBIQUE PARA A PRÓXIMA CONFERÊNCIA CLIMÁTICA?
FINANCIAMENTO ÀS PME
CONHEÇA O MECANISMO DE APOIO DO ACCESS BANK À ASSOCIAÇÃO DE CONTEÚDO LOCAL
TRANSPARÊNCIA FISCAL
MOÇAMBIQUE MANTÉM NOTA NEGATIVA NO
RANKING GLOBAL. O QUE DEVE MUDAR?
INOVAÇÕES DAQUI
MOÇAMBICANOS TESTAM ÓCULOS E BRACELETE PARA APOIAR MOBILIDADE DE INVISUAIS
DIVISAS
ONDE ESTÃO OS DÓLARES?
Desde o início do ano, alguns sectores da economia reportam uma escassez de divisas, afectando especialmente as empresas importadoras. O Banco Central descarta motivos para alarme. Onde estará o equilíbrio?
Celso Chambisso Editor Executivo da Economia & Mercado
O Que Corrói as Divisas?
Moçambique enfrenta uma escassez de divisas que se agravou nos últimos meses e com potencial para desestabilizar a actividade económica e o crescimento. Esta situação resulta de uma combinação de factores internos e externos (detalhados no nosso artigo de fundo) que têm limitado a disponibilidade de moeda estrangeira no mercado, gerando preocupações principalmente no seio da classe empresarial.
A insu ciência de divisas representa um risco directo ao comércio externo, que é agravado pelo facto de Moçambique ser uma economia excessivamente dependente de importações. As empresas, em particular, já começaram a relatar di culdades para obter as divisas necessárias para comprar matérias-primas, equipamentos e outros bens essenciais para as suas operações.
comerciais - principalmente as reservas em moeda estrangeira que estãoxadas em 39,5%. As reservas obrigatórias são a percentagem dos depósitos que os bancos são obrigados a manter junto do banco central. Uma redução destas taxas aumentaria a liquidez no mercado, permitindo aos bancos disponibilizar mais divisas para o comércio e para os sectores produtivos.
Além desta solução, estes especialistas fazem menção à necessidade de diversi cação das exportações para reduzir a dependência de um número limitado de produtos primários. São também necessários investimentos em sectores como o da agricultura sustentável e do processamento industrial, porque têm potencial de aumentar as receitas em divisas e equilibrar a balança comercial.
A dificuldade de importar bens essenciais pode corroer o poder de compra da população
Assim, outro risco signicativo é o aumento dos custos de produção e a consequente subida dos preços de bens e serviços para os consumidores. A in ação alimentada pelas di culdades em importar bens essenciais pode corroer o poder de compra da população, afectando sobretudo os mais pobres. A instabilidade económica também pode levar à perda de con ança por parte de investidores externos, o que reduz o Investimento Directo Estrangeiro (IDE) e limita o crescimento a longo prazo.
Para dar a volta à crise, a solução de curto prazo que tem sido sugerida por economistas é, sobretudo, a redução das taxas de reservas obrigatórias impostas pelo Banco de Moçambique aos bancos
A aposta na industrialização e no processamento local de matérias-primas, em vez da simples exportação de produtos não transformados, também ajudaria a aumentar o valor das exportações.
Olhando para a entrada de divisas pela porta do IDE, muitas reformas foram introduzidas entre as 20 contempladas no Pacote de Medidas de Aceleração Económica (PAE), propostas pelo Governo em 2022, e que estão em vigor há cerca de um ano e meio. Mas há muito ainda por fazer: é necessário fortalecer o controlo sobre os uxos nanceiros ilícitos, que representam uma signi cativa fuga de capital. A transparência e e ciência na gestão das receitas provenientes de recursos naturais são fundamentais para garantir que as divisas geradas por estes sectores contribuam efectivamente para o desenvolvimento económico nacional.
NOVEMBRO 2024 • N.º 78
DIRECTOR EXECUTIVO Pedro Cativelos
EDITOR EXECUTIVO Celso Chambisso
JORNALISTAS Ana Mangana, Filomena Bande, Jaime Fidalgo, João Tamura, Luís Patraquim, Nário Sixpene
PAGINAÇÃO José Mundundo
FOTOGRAFIA Mariano Silva
REVISÃO Manuela Rodrigues dos Santos DEPARTAMENTO COMERCIAL comercial@media4development.com
CONSELHO CONSULTIVO
Alda Salomão, Andreia Narigão, António Souto; Bernardo Aparício, Denise Branco, Fabrícia de Almeida Henriques, Frederico Silva, Hermano Juvane, Iacumba Ali Aiuba, João Gomes, Rogério Samo Gudo, Salim Cripton Valá, Sérgio Nicolini
EXPLORAÇÃO EDITORIAL E COMERCIAL EM MOÇAMBIQUE Media4Development NÚMERO DE REGISTO 01/GABINFODEPC/2018
22 Mercado de Divisas. O País está a enfrentar uma insu ciência de divisas desde o início do ano, que afecta a actividade de empresas, sobretudo importadoras. Que factores justi cam a crise?
30 Prejuízos e incerteza. Há empresas a reportarem já a perda de encomendas. A E&M ouviu as da área de medicamentos, agricultura, equipamentos médicos e aviação. Todas clamam por uma solução urgente
34 Que soluções? Alguns economistas sugerem que o Banco Central reduza a taxa de Reservas Obrigatórias e retome o subsídio aos combustíveis, entre as medidas para devolver divisas ao mercado
COP-29. Moçambique vai ao Azerbaijão focado na cooperação para obtenção do nanciamento dos países desenvolvidos, para melhor se posicionar na luta contra os efeitos das alterações climáticas
20 Absa Bank Moçambique
42 FNB
OPINIÃO POWERED BY
52 EY 14 ESG
12 Yara Soto, Global Markets Analyst do Banco BIG Moçambique
16 Marcelo Tertuliano & Bruno Chicalia, Partners na CTJ Consultorias
46 João Gomes, Partner @BlueBiz
SECÇÕES
4 Sumário
5 Editorial
6 Observação
10 Números em Conta
38 Radar África
62 Panorama
ÓCIO
Desempenho das marcas. Saiba quais são as maiores marcas numa lista onde o TOP 200 inclui as moçambicanas Movitel e Tmcel 40
44 AS MAIORES DE ÁFRICA
SHAPERS
Daron Acemoglu, Simon Johnson e James Robinson. O Prémio Nobel de Economia de 2024, concedido por explorar os motivos por que algumas nações prosperam e outras permanecem pobres
MERCADO & FINANÇAS
Transparência Fiscal. Relatório global mantém Moçambique entre os piores, apesar da melhorias de alguns indicadores nos últimos anos
55 ESPECIAL INOVAÇÕES DAQUI
56 Engenharia. Jovens moçambicanos criam óculos inteligentes e bracelete para apoiar a mobilidade de pessoas cegas
58 Malachi Plant Identi er. O aplicativo que permite identi car plantas num clique, e que pode ajudar a presentar a biodiversidade
66 Escape. Uma visita às cúpulas de granito de Matobo, no Zimbabué 68 Gourmet “Xibutxana”, uma nova tendência do churrasco em Maputo 69 Adega Vinho de banana: de uma medida de sobrevivência a uma bebida exótica 70 Empreendedor Joni Swalbach, quando a música se torna o centro da vida! 72 Agenda Tudo o que não pode perder neste mês de Novembro 74 Ao volante AMG GT 63, a nova versão da Mercedes que ganhou um design de Fórmula 1
Eleições Gerais 2024
Manifestações e Incerteza Pós-Eleitoral em Moçambique
As eleições gerais de 9 de Outubro fizeram alastrar um clima de tensão por Moçambique como já há muito tempo não se via. Os resultados eleitorais acabaram por gerar manifestações em várias cidades, com denúncias de irregularidades, falta de transparência e suspeitas de manipulação de resultados. As dúvidas foram subscritas por observadores nacionais e estrangeiros, destacando preocupações sobre a legitimidade do processo eleitoral. A FRELIMO, no poder desde a independência, em 1975, e o seu candidato Daniel Chapo foram de-
clarados vencedores com resultados arrebatadores. Venâncio Mondlane, o segundo candidato presidencial mais votado, reclama vitória, promete contestação legal e tem liderado os protestos – inflamados depois do assassinato do seu advogado, Elvino Dias, e de Paulo Guambe, mandatário do Partido Podemos.
O Governo reforçou a presença policial em áreas estratégicas, argumentando que é necessário manter a ordem pública e proteger a população. O cenário tem merecido atenção mediática no exterior e Moçam-
bique tem sido ilustrado com imagens dos confrontos da população com as forças de segurança, por vezes mortais, retratando um clima de instabilidade.
As representações diplomáticas recomendam precaução aos estrangeiros que residem no País e várias actividades económicas e serviços têm fechado portas nos dias de protestos. Por entre toda a contestação, a bola está agora do lado do Conselho Constitucional: é a este órgão que compete ouvir as queixas e decidir o que fazer com os resultados eleitorais.
Dívida pública Governo prevê dívida interna elevada no próximo ano
A dívida interna continuará a ter um peso significativo em 2025, representando 65% do total do serviço de dívida, o que equivale a cerca de 90,3 mil milhões de meticais (1,4 mil milhões de dólares). A informação consta de um relatório sobre os riscos fiscais para 2025 elaborado pelo Ministério da Economia e Finanças (MEF). O documento mostra ainda como o serviço da dívida externa deverá representar os restantes 35%.
De acordo com as projecções do MEF, a dívida interna deverá começar a diminuir gradualmente, passando de 65% em 2025 para 61% em 2026, enquanto a dívida externa deverá aumentar para 39%. Em 2027, prevê-se uma mudança mais pronunciada, com o serviço da dívida interna a descer para 43% e a externa a subir para 57%.
O relatório chama a atenção para o risco de refinanciamento da dívida interna, que tem vindo a aumentar devido à concentração das maturidades no curto prazo. A maturidade média da dívida interna desceu de nove para oito anos, enquanto a dívida com vencimento num prazo de um ano aumentou de 15% para 15,9%. Em 2025, o elevado volume de Obrigações do Tesouro a vencer poderá aumentar a pressão sobre o orçamento público.
Ainda assim, o relatório sublinha que o rácio da dívida pública total, incluindo os passivos contingentes, caiu de 81,8% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2022 para 76% em 2023, representando uma diminuição de 5,8 pontos percentuais, reflexo da melhoria do PIB nominal em relação ao stock da dívida total.
Descentralização Municípios gastam quase 80% do orçamento em salários
A percentagem explica porque é que os municípios apresentam dificuldades de execução de projectos de desenvolvimento, sobretudo de infra-estruturas. A informação foi revelada pelo Ministério da Economia e Finanças (MEF), na recente avaliação de riscos fiscais para 2025. “Este cenário reflecte a dependência dos municípios das transferências via Orçamento do Estado para reforçar a execução das des-
Energia
pesas de funcionamento e investimento”, refere o MEF. Ao despender cerca de 80% da receita arrecadada em salários e remunerações, os municípios fragilizam-se. A percentagem de gastos com salários só se reduz (para 47%) graças à compensação transferida pela administração central. As receitas próprias dos municípios correspondem, em média, a 43% das despesas totais.
EDM investe numa central solar em Maputo
A Electricidade de Moçambique (EDM), em parceria com o sector privado, prevê investir 110,6 milhões de dólares (7,1 mil milhões de meticais) na instalação de uma central solar de 60 Megawatts (MW) na província de Maputo, junto à barragem de Corumana, no distrito de Moamba. O projecto resulta de uma colaboração entre a EDM e a empresa pri-
Finanças
vada VBC, através da operadora Central Solar de Corumana. O investimento enquadra-se no plano estratégico do Governo para o sector energético, que tem como objectivo atingir a electrificação universal até 2030, além de criar empregos directos e indirectos, contribuindo para o crescimento económico.
A nova central será instalada numa área de 142 hectares ao longo da estrada R802, que liga Sabie a Massingir, a aproximadamente 6,5 quilómetros da barragem de Corumana. A localização permitirá aproveitar as condições meteorológicas favoráveis da região para a produção de energia solar.
Access Bank lança glossário nanceiro em seis línguas locais
OAccessBanklançouumGlossárioFinanceiro, denominado “Mundo das Finanças”, com os termos bancários mais utilizados no sector, para reforçar a inclusão e promover a literacia financeira. O documento foi concebido para ser acessível para todos, independentemente do seu nível de conhecimentos sobre finanças e banca. O glossário está disponível no site do banco nas seis línguas locais mais faladas em Moçambique: Changana (Ma-
Actualmente, Moçambique conta com projectos de centrais solares com uma capacidade instalada de 125 MW, dos quais 80 MW já estão ligados à rede nacional. puto e Gaza), Emakhuwa (Nampula), Cindau (Sofala), Cinyungwa (Tete), Cithhswa (Inhambane) e Ciwutee (Manica). A iniciativa do Access Bank explica o significado de termos técnicos como inflação, crédito, débito, amortização, património, confisco e IVA, entre outros.
“Este glossário é uma ferramenta educacional que visa capacitar os nossos clientes com conhecimentos financeiros sólidos e acessíveis, permitindolhes tomar decisões informadas e conscientes”, disse Marco Abalroado, administrador-delegado do Access Bank Mozambique. “Não se trata apenas de um recurso, é também uma ponte para a inclusão financeira.
Ao ser traduzido para as principais línguas locais, garantimos que o conhecimento financeiro está ao alcance de todos, independentemente da sua origem ou nível de educação”, afirmou o responsável.
Branqueamento de capitais Moçambique entra na fase crítica da avaliação do GAFI
Uma equipa técnica do Grupo de Acção Financeira Internacional (GAFI) deverá visitar Moçambique ainda este ano, para aferir o grau de cumprimento das recomendações do grupo para a saída do País da “lista cinzenta”. A vinda dos técnicos é vista como crucial para Moçambique poder mostrar os progressos alcançados durante este período, visando a retirada da classificação negativa de prevenção e combate ao branqueamento de capitais e financiamento ao terrorismo, em que
Segurança Digital
se encontra desde Outubro de 2022. A este propósito, realizou-se, há dias, a reunião do Comité de Alto Nível, presidido pelo primeiro-ministro, integrando, igualmente, o ministro da Economia e Finanças, a Procuradora-Geral da República, o presidente do Tribunal Supremo, o governador do Banco de Moçambique, entre outras figuras intervenientes no processo de prevenção e combate ao branqueamento de capitais e financiamento ao terrorismo.
Banco Central atento ao armazenamento ‘online’ de dados nanceiros
O País ainda não dispõe de legislação específica que regule o uso de serviços de armazenamento de dados acessíveis pela Internet, através de ‘data centers’ (em ‘cloud’) pelas instituições do sistema financeiro nacional. A observação foi feita pelo Banco de Moçambique (BdM) em resposta a um pedido de esclarecimento da Confederação das Associações Económicas (CTA) sobre a soberania dos dados e o uso desta nova modalidade de armazenamento.
O regulador financeiro esclareceu que, apesar da ausência de uma legislação específica, as instituições de crédi-
to e sociedades financeiras devem continuar a cumprir as disposições na Lei das Instituições de Crédito e Sociedades Financeiras (LICSF), assim como da Lei das Transacções Electrónicas, com o objectivo de proteger os dados sob a sua responsabilidade.
O BdM destacou ainda o regulamento sobre os centros de processamento de dados das instituições de crédito e sociedades financeiras, que exige que estas mantenham os seus centros de processamento de dados em território nacional.
“O n.º 1 do artigo 5.º do referido aviso estipula que os centros de replicação das ICSF devem possuir os mesmos recursos que os centros de processamento de dados primários. Podem estar localizados dentro ou fora do território nacional, desde que não haja conflitos legais e que a diferença de fusos horários não comprometa o funcionamento das ICSF”, salientou o Banco Central, reiterando a sua atenção ao processo de digitalização do sector financeiro para assegurar o cumprimento das regulamentações.
Aviação LAM enfrenta suspensão pela IATA e perde parceria com Emirates
A companhia Linhas Aéreas de Moçambique (LAM) foi novamente suspensa pela Associação Internacional de Transporte Aéreo (IATA), desde o dia 17 de Outubro, por não pagar as suas obrigações junto daquela entidade. Esta é a segunda vez, em poucos meses, que a companhia de bandeira enfrenta tal situação, tendo já sido suspensa em Julho, causando transtornos aos passageiros que pretendiam fazer ligações a voos internacionais.
De acordo com o jornal Evidências, a suspensão imposta pela IATA retira a LAM dos sistemas globais de pagamento e de compensação entre transportadoras aéreas, comprometendo a venda de bilhetes e as operações de transporte aéreo internacional. Na primeira suspensão, a situação foi resolvida ao fim de 23 dias, após a companhia regularizar a dívida.
A nova suspensão tem agora consequências mais graves: a célebre companhia aérea Emirates anunciou o fim da sua parceria com a LAM. Em comunicado, a transportadora do Dubai refere que a decisão foi tomada para garantir que os seus passageiros não sejam prejudicados pelas dificuldades financeiras da LAM.
Supervisão bancária
Standard Bank e BCI têm novos inspectores do banco central
O Banco de Moçambique anunciou a nomeação de dois inspectores residentes no Standard Bank e no Banco Comercial e de Investimentos (BCI). A medida permite assegurar a estabilidade do sistema financeiro, assim como preservar os interesses dos clientes destes bancos.
Em termos específicos e com efeitos imediatos, o Banco de Moçambique indicou Adelina José Chilaúle e Cláudio Júlio Mangue, quadros séniores do Banco Central, para as funções de inspectores no BCI e Standard Bank, respectivamente.
“Os novos inspectores residentes darão continuidade à abordagem de supervisão baseada no risco e participarão em reuniões relevantes dos órgãos colegiais dos bancos supracitados”, sublinhou o comunicado do Banco de Moçambique.
A instituição financeira reafirmou que, apesar desta acção de supervisão, o Banco Comercial e de Investimentos e o Standard Bank permanecem sólidos e estáveis.
Quanto é Que o Dólar Perdeu Face às Principais Moedas em 2024?
Em 2024, o dólar norte-americano sofreu uma depreciação significativa face a muitas das moedas mais importantes do mundo, essencialmente devido à expectativa do primeiro corte de taxas de juro por parte da Reserva Federal desde o
início da pandemia da covid-19 (as taxas foram reduzidas em 0,5% em Setembro de 2024). Taxas de juro mais baixas podem reduzir o apelo do dólar em comparação com outras moedas, especialmente aquelas de economias com taxas de juro mais elevadas, e esse é o caso de Moçambique onde, ainda assim, no último ano, a moeda nacional se manteve relativamente estável face ao dólar, na casa dos 63 meticais por unidade de moeda norte-americana.
Desempenho do dólar dos EUA face às principais moedas (até 10 de Outubro de 2024):
Tailândia | THB
Polónia | PLN
Malásia | MYR
África do Sul | ZAR
Reino Unido | GBP
Suíça | CHF
Austrália | AUD
Suécia | SEK
Singapura | SGD
Nova Zelândia | NZD
Dinamarca | DKK
Zona Euro | EUR
Japão | JPY
China | CNY
Rússia | RUB
Hungria | HUF
Coreia do Sul | KRW
Indonésia | IDR
Israel | ILS
República Checa | CZK
Taiwan | TWD
Índia | INR
Colômbia | COP
Brasil | BRL
México | MXN
Turquia | TRY
Explicação adicional:
• O Baht Tailandês está a ganhar força devido ao aumento do investimento estrangeiro, embora isso também tenha prejudicado as exportações e o turismo. Há pressão sobre o BOT (Banco da Tailândia) para cortar as taxas de juro.
doDesempenho
Dólar dos EUA
Face às Principais Moedas
O dólar enfraqueceu no início deste ano devido à expectativa do primeiro corte da taxa de juro pela Reserva Federal em 2024. Taxas de juro mais baixas podem reduzir o apelo do dólar em relação a outras moedas.
Moedas que se valorizaram face ao dólar:
Yara Soto • Global Markets Analyst do Banco BIG Moçambique
Relação Entre a In ação e o Mercado de Capitais
Ainflação é um dos indicadores macroeconómicos mais analisados e discutidos no mundo financeiro. Compreender a inflação é essencial não apenas para investidores, mas também para economistas e formuladores de políticas. O seu impacto no mercado de capitais é profundo e multifacetado, afectando directamente a dinâmica económica e as decisões de investimento.
Um dos efeitos mais imediatos da inflação é a sua influência sobre o poder de compra do consumidor. Quando os preços sobem, a capacidade dos consumidores de adquirir bens e serviços diminui, o que pode levar a uma desaceleração da procura. Isto, por sua vez, afecta as expectativas de crescimento económico, criando um ciclo que pode impactar o desempenho de várias indústrias.
Diantedeumcenáriodeaumentoda inflação, os bancos centrais aumentam frequentemente as taxas de juros como forma de controlar a situação económica. O aumento das taxas pode elevar o custo do crédito, tornando os empréstimos mais caros, tanto para consumidores quanto para empresas.
teza pode aumentar. Isso leva a uma reconsideração das estratégias de investimento, exigindo que os investidores estejam sempre atentos às mudanças nas condições económicas.
Quanto à expectativa de retorno, a inflação pode afectar negativamente as expectativas dos investidores sobre o desempenho futuro das empresas, em consequência da redução do poder de compra dos consumidores, o que faz com que os mesmos, para compensar o risco, exijam retornos mais elevados como forma de proteger o seu capital ou investimento, resultando na reavaliação dos activos transaccionados no mercado de capitais.
Quanto aos custos de capital e taxas de juros, em resposta a aumentos nas taxas de inflação, os bancos centrais frequentemente aumentam as taxas de juro para controlar este indicador macroeconómico, tornando assim os empréstimos mais caros, o que pode resultar numa desaceleração do crescimento económico.
Para investidores que não pretendam estar expostos ao risco da inflação, existem instrumentos para esse efeito, como as obrigações indexadas
Esta mudança nas condições financeiras não apenas afecta a rentabilidade de diversos activos, mas também provoca uma reavaliação constante nas estratégias de investimento. Cada sector e empresa pode reagir de maneira diferente às alterações nas taxas de juros e nos custos operacionais, criando um cenário complexo para os investidores.
A inflação é uma fonte significativa de volatilidade no mercado de capitais, podendo afectar o mercado de capitais de diversas formas. À medida que os investidores reavaliam as expectativas económicas e os riscos associados a diferentes classes de activos, entre os instrumentos financeiros, o imobiliário ou as matérias-primas, a incer-
Isto tem um impacto directo no mercado de capitais, pois o custo de capital aumenta, desvalorizando assim o preço dos principais activos. Num cenário deflacionário, os bancos centrais tendem a baixar as taxas de juro, tornando o custo de capital mais atractivo e estimulando assim a economia a contrair empréstimos e a investir, o que permite valorizar os preços dos activos.
Para investidores que não pretendam estar expostos ao risco da inflação, existem instrumentos para esse efeito, como as obrigações indexadas à inflação. A Reserva Federal Norte-Americana (Fed) emite títulos desta natureza, denominados por TIPS (Treasury Inflation-Protected Securities), que ajustam os pagamentos com base nas alterações do valor da inflação.
A título de exemplo, as recentes reduções das taxas de juro em 50 pontos base pelo Fed e 25 p. b. pelo Banco Central Europeu (BCE) em Setembro constituem um reflexo de como a inflação
O relaxamento das taxas de juro pelo Banco Central pode estimular a valorização dos mercados accionistas
Taxa de referência vs. In ação
açãp Homólogo
Yield Curve da Dívida Pública Moçambicana
afecta os mercados financeiros, tendo as curvas de rendimento (yield curves) destas economias reduzido, em contrapartida de um aumento nas valorizações dos mercados accionistas.
Em Moçambique, a inflação tem apresentado uma desaceleração contínua nos últimos meses, fixando-se, em Setembro, em 2,45% em termos homólogos, atingindo o valor mais baixo desde Outubro de 2019, o que motivou o Banco de Moçambique a continuar o relaxamento da política monetária, e voltar a reduzir a taxa de juro de política monetária (taxa MIMO) para 13,50%, que compara com 17,25% em Janeiro.
Estas reduções das taxas de juro têm levado a uma deslocação da curva de rendimento para baixo em todas as maturidades, em linha com a redução da inflação, reflectindo-se em menores rentabilidades para os investidores em títulos de rendimento fixo, bem como em menores custos para aqueles que contraem empréstimos.
Moçambique Volta à COP em Busca de Financiamento
Moçambique, um dos países mais vulneráveis às mudanças climáticas, pede assistência nanceira para as mitigar há vários anos. Perante uma resposta aquém das necessidades, a estratégia será insistir, entre 11 e 22 de Novembro, em Baku
Texto Filomena Bande •Fotogra a D.R.
AConferência das Partes (COP), a mais importante reunião anual de especialistas e líderes mundiais sobre alterações climáticas, tem sido o principal fórum para Moçambique expor o seu posicionamento e as suas fragilidades decorrentes da emissão de gases com efeito de estufa. Estes intensi caram-se nos últimos anos, com consequências signi cativas no crescimento e desenvolvimento socioeconómico. O País participa mais uma vez no encontro, este mês, e leva na agenda a busca por tecnologia e dinheiro que ajudem a lidar com os problemas.
O que Moçambique leva à COP29?
Segundo a secretária permanente do Ministério da Terra e Ambiente (MTA), Emília Fumo, o Governo pretende desenvolver indicadores ligados ao nanciamento, que lhe permitam reclamar o direito à promessa assumida pelos países desenvolvidos: apoiar os mais pobres e vulneráveis. Tais indicadores devem ser capazes de medir o uxo real dos fundos, diferenciar subvenções de empréstimos e avaliar o impacto do apoio nanceiro. “Relativamente à adaptação, é nossa expectativa que a COP29 inste as partes a intensi carem os seus esforços para se alcançar o objectivo do Acordo de Paris”. Estão em causa vários factores, como, por exemplo, a gestão dos uxos migratórias no contexto das mudanças climáticas.
“Ao rati carmos a Convenção Quadro das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas e o Acordo de Paris, rearmamos a nossa determinação no cumprimento dos compromissos assumidos
e esperamos que em Baku as partes ultrapassem as diferenças e o impasse para assegurar que todos alcancem a mais alta ambição climática, re ectindo equidade e responsabilidade comum, de acordo com a capacidade e as circunstâncias de cada país”, acrescentou Emília Fumo.
Finanças na agenda, de facto! Segundo a ONU, na COP29, os governos devem estabelecer um novo objectivo de nanciamento do clima. Pretende-se que os países ricos forneçam recursos, de modo que as nações mais pobres suportem as alterações climáticas. Esta meta anual de nanciamento deverá reectir a escala e a urgência do problema. “Temos de avançar com a tarefa de pôr o Acordo de Paris a funcionar em pleno”, a rmou o secretário executivo das Nações Unidas para as Alterações Climáticas, Simon Stiell. Assim, no início de 2025, os países devem apresentar novas contribuições determinadas a nível nacional. Cada um dos compromissos em matéria de nanciamento, adaptação e atenuação deve estar alinhado com uma meta de aquecimento estabelecida em 1,5 graus centígrados.
Simon Stiell também apelou à COP29 para entregar “resultados concretos, para começar a traduzir os compromissos assumidos no ano passado em resultados, no mundo e na economia real”.
As heranças da COP28
A Conferência anterior (COP28) foi marcada pela decisão de dar “início ao m” dos combustíveis fósseis. Foi feito um apelo para se triplicar a capacidade de produção de energia renovável e duplicar a e ciência energética até 2030. Além disso, foi pedido a todos para se
“É nossa expectativa que a COP29 inste as partes a intensificarem os seus esforços de adaptação em linha com as necessidades para alcançar o objectivo do Acordo de Paris”
MARCOS IMPORTANTES
Em 2015, os líderes mundiais assinaram um acordo importante para a luta contra as alterações climáticas, no qual foi concebido um plano de acção para limitar o aquecimento global. Nesse acordo, os países comprometeram-se a manter o aumento da temperatura média mundial abaixo dos dois graus centígrados em relação aos níveis pré-industriais e a envidar esforços para limitar o aumento a 1,5 graus, o que entrou em vigor a 4 de Novembro de 2016.
Na edição passada, no Dubai, participaram cerca de 85 mil pessoas, incluindo mais de 150 chefes de Estado e de Governo. Esta conferência foi particularmente importante porque marcou a conclusão do primeiro balanço global dos esforços mundiais para enfrentar as alterações climáticas no âmbito do Acordo de Paris. Nesta reunião, constatou-se que “os progressos acerca dos compromissos assumidos em 2015 são demasiado lentos”.
acelerar a eliminação gradual da electricidade a partir do carvão e dos subsídios ine cientes aos combustíveis fósseis, promovendo uma transição justa e equitativa. Foi acordado ainda que, a curto prazo, todos devem apresentar objectivos ambiciosos de redução de emissões em toda a economia, alinhados com o limite de 1,5 graus centígrados até 2025. As acções práticas acordadas incluíam ajudar os países a reforçar a sua capacidade de resistência aos efeitos das alterações climáticas, aumentar o nanciamento da luta contra as alterações climáticas (oito governos doadores anunciaram novos compromissos para o Fundo dos Países Menos Desenvolvidos e para o Fundo Especial para as Alterações Climáticas, num total de quase 188 milhões de dólares até à data), entre outros aspectos.
Apesar de bem delineados, os planos traçados na COP28 não têm sido integralmente cumpridos, pelo que a edição de Novembro também deverá re ectir sobre isso.
Industrialização em Moçambique: o Caminho para Uma Transformação Sustentável
Aindustrialização é um dospilaresfundamentais para o desenvolvimento sustentável de qualquer país, e em Moçambique essa realidade não poderia ser diferente. O País possui vastos recursos naturais – desde minerais, como carvão e gás natural, até matérias-primas agrícolas e florestais. No entanto, ao longo dos anos, temos estado perante um cenário onde cerca de 90% da exportação das nossas riquezas ocorre em estado bruto, o que demonstra a nossa limitada capacidade de transformar o potencial nacional em benefícios duradouros para a economia e a sociedade. Para que Moçambique possa realmente crescer e prosperar, é imperativo investir de maneira estratégica na industrialização, promovendo a transformação das nossas matérias-primas localmente, agregando valor e gerando mais empregos e rendimento.
A questão crucial que se coloca é: como iniciar este processo? Como transformar Moçambique de um país exportador de matérias-primas num centro transformador e industrializado?
Investimento e infra-estrutura
Um modelo que poderia ser adoptado com sucesso é o de parcerias públicoprivadas para a construção de escolas técnicas especializadas em sectores-chave, como a transformação de produtos agrícolas, minerais e energéticos
A primeira resposta que salta à vista é o investimento. No entanto, não qualquer tipo de investimento. O que Moçambique necessita é de um investimento estratégico, que olhe para o longo prazo e considere a infra-estrutura necessária para suportar uma indústria robusta. Actualmente, a nossa infra-estrutura ainda é um desafio, com estradas, portos e redes eléctricas que não atendem de forma satisfatória às demandas de um sector industrial crescente. A modernização de estradas e a construção de novas vias de transporte interno são essenciais para conectar centros de produção com pontos de exportação e, acima de tudo, facilitar o transporte dentro do País para o consumo interno.
O fornecimento de energia é outro ponto crucial. Embora Moçambique possua uma das maiores barragens hidroeléctricas de África, ainda enfrentamos problemas com a distribuição efi-
ciente de energia, especialmente em áreas rurais onde, de acordo com dados do Banco Mundial, a cobertura está limitada a cerca de 34% de população, e muitas indústrias poderiam surgir. A criação de um sistema energético robusto e acessível, que atenda tanto às grandes indústrias quanto às pequenas e médias empresas, será determinante para impulsionar a industrialização. Note que, a nível da região, de acordo com uma comparação feita pelo regulador de energia do Maláui, o nosso custo de electricidade é o mais caro
Capacitação da mão-de-obra Outro elemento fundamental para o sucesso da industrialização é o capital humano. Moçambique conta com uma população jovem (cerca de 45% da população), o que, por si só, é um trunfo importante. Todavia, de acordo com dados da UNICEF, apenas 30% dos jovens em idade escolar estão matriculados em instituições de ensino. É necessário que esse potencial seja desenvolvido por meio de capacitação e formação técnica. O investimento em educação, especialmente em áreas como a engenharia, tecnologia e gestão industrial, será decisivo para garantir que tenhamos profissionais capacitados para operar e gerenciar indústrias complexas. A criação de instituições de formação técnica e a expansão dos programas de ensino vocacional serão acções de grande impacto a médio e longo prazo.
Um modelo que poderia ser adoptado com sucesso é o de parcerias público-privadas para a construção de escolas técnicas especializadas em sectores-chave, como a transformação de produtos agrícolas, minerais e energéticos. Isto permitirá que, em vez de apenas exportarmos matérias-primas, possamos agregar valor a esses produtos, processando-os localmente e criando uma cadeia de valor mais ampla.
Políticas governamentais de incentivo Além do investimento em infra-estrutura e na capacitação da mão-de-obra, as políticas governamentais desempenham um papel central nesse processo.
Marcelo Tertuliano & Bruno
Chicalia • Partners na CTJ Consultoria
Industrializar o País não é algo tão distante se se considerar a disponibilidade de mão-de-obra, recursos e localização estratégica
Preço de Electricidade (US$/KWh)
$14,000
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$10,000
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$6,000
$4,000
O infame ranking de Doing Business do Banco Mundial, que colocava o País na 138.ª posição (de entre 190 países), ilustra as principais áreas de atenção onde o Governo de Moçambique pode implementar reformas que atraiam investidores, tanto nacionais quanto estrangeiros, para sectores estratégicos da indústria. Um bom exemplo seria a criação de zonas económicas especiais, onde empresas pudessem instalar-se com condições fiscais favoráveis e acesso facilitado a infra-estrutura de qualidade. Outro incentivo importante seria a redução da burocracia para a criação de empresas e a facilitação do acesso ao crédito, especialmente para empreendedores locais, a taxas de juros compatíveis com a realidade económica des-
tes empreendimentos. Moçambique tem um grande potencial em termos de empreendedorismo, mas esse potencial muitas vezes é sufocado pelas barreiras burocráticas e pela falta de apoio financeiro. Uma reforma nesse sentido teria um impacto profundo na capacidade do País de desenvolver as suas próprias indústrias, sem depender exclusivamente de investidores estrangeiros.
Foco em indústrias estratégicas
Ao olharmos para o panorama internacional, fica evidente que os países que mais prosperaram industrialmente foram aqueles que se concentraram em indústrias estratégicas, escolhendo sectores onde pudessem destacar-se globalmente. Moçambique tem a oportu-
nidade de seguir esse caminho, focando-se inicialmente em sectores onde já possuímos uma vantagem comparativa. A indústria de transformação agrícola é um exemplo claro, dado que temos um vasto território arável e um potencial considerável na produção de alimentos e produtos agrícolas para exportação. Outro sector promissor é o de mineração e energia. Em vez de simplesmente exportar carvão, gás e outros minerais em estado bruto, poderíamos investir em indústrias de transformação desses recursos, criando produtos de maior valor agregado. A produção de fertilizantes, a refinação de combustíveis e o processamento de minerais são áreas que, com o devido investimento, poderiam posicionar Moçambique como um líder industrial na região da África Austral. Como exemplo mais recente, temos a proposta de introdução da mistura do biodiesel ao diesel o que abre espaço para a implantação de uma indústria de produção, processamento, mistura e distribuição, gerando empregos e investimentos. Nesta iniciativa, no último mês de Junho, acompanhámos uma delegação do Ministério de Finanças ao Brasil para participar num fórum específico sobre biocombustível, o que contribuiu para um melhor entendimento sobre o tema.
Conclusão
A industrialização de Moçambique não é apenas um sonho distante, é algo possível. O País tem os recursos, a mão-de-obra e a localização estratégica para se tornar um centro de transformação de matérias-primas. Com investimentos bem direccionados em infra-estrutura, capacitação da mão-de-obra e consolidação de um ambiente favorável para o desenvolvimento industrial, Moçambique tem tudo para perseverar.
Entendo que não compete ao Governo criar indústria ou empregos. Este deve apenas criar os instrumentos e remover os entraves que promovem ou restringem, respectivamente, a iniciativa do capital privado, que é cada vez mais móvel e global.
Cabe-nos a nós, como moçambicanos, seja de raiz ou de coração, abraçar esta visão de desenvolvimento e trabalharmos juntos para transformar as nossas riquezas naturais em oportunidades duradouras para as gerações futuras. A hora de agir é agora para que, no futuro, possamos olhar para trás e ver Moçambique como uma nação não apenas rica em recursos, mas rica em capacidade industrial, inovação e prosperidade.
FONTE Autoridade Reguladora de Energia de Malawi (MERA), Novembro 2023
Access Bank Quer Expandir Apoio às Pequenas e Médias Empresas
A Associação de Conteúdo Local de Moçambique dispõe de 50 milhões de dólares em garantias do Access Bank para apoiar iniciativas de integração das PME nos grandes projectos. E haverá mais benefícios nos próximos tempos
Oacordo está formalizado: o Access Bank vai apoiar as Pequenas e Médias Empresas (PME) numa parceria com a Associação de Conteúdo Local local de Moçambique (ACLM), uma organização sem ns lucrativos que integra entidades privadas. À luz deste acordo, já estão disponíveis 50 milhões de dólares, destinados a fortalecer as PME e a desenvolver capacidades para entrarem na cadeia de valor gerada por diversos projectos, particularmente na indústria de petróleo e gás. Para o presidente da ACLM, Elthon Tchemane, a instituição pretende servir de ponte entre as PME e o Access Bank, garantindo maior exibilidade no acesso ao nanciamento. Mas o que signi ca efectivamente este apoio, quer para o banco, quer para as empresas? Em que domínios da actividade empresarial se pretende actuar e até onde poderão estender-se as relações entre o banco e a ACLM? Conheça os detalhes com o director de ‘wholesale banking’ no Access Bank Moçambique, Tarcísio Mahanhe.
O que está na base do interesse do Access Bank em apoiar o desenvolvimento do conteúdo local a favor das PME?
O Access Bank está profundamente comprometido com o crescimento económico sustentável das comunidades moçambicanas. Ao abraçarmos o conteúdo local, reconhecemos a importância de promover o desenvolvimento in-
terno, capacitando as PME e os novos empreendimentos. Vemos o potencial latente no empreendedorismo e na industrialização e queremos proporcionar os recursos nanceiros e de capacitação institucional necessários para que essas empresas prosperem. Acreditamos que, ao investir no conteúdo local, podemos criar uma base sólida para um futuro económico mais equitativo e próspero para todos os moçambicanos.
A estratégia do banco será apenas através de desembolsos nanceiros ou prevê outras modalidades? Temos estado a desenvolver instrumentos nanceiros inovadores que facilitam o acesso a empréstimos com redução de risco, permitindo que os empreendedores locais possam investir nos seus negócios, sem obstáculos nanceiros tradicionais (que incluem altas taxas de juro). Além disso, estamos a implementar programas de literacia nanceira e capacitação institucional que visam melhorar a gestão nanceira das PME. Isto inclui iniciativas de capacitação e ligação aos grandes projectos, que tornarão os nossos serviços mais acessíveis e o retorno sobre os investimentos mais efectivo. Em colaboração com a ACLM, garantiremos que todas as nossas acções estejam alinhadas com os padrões da indústria.
Que ganhos o banco prevê alcançar com esta iniciativa?
Esperamos que esta iniciativa resulte num crescimento económico tangível para as comunidades locais. Ao reduzir
“A ACLM fornecerá dados e contributos sobre os beneficiários elegíveis, os requisitos das cadeias de valor, bem como a ligação com os diversos intervenientes interessados”
assimetrias e criar um ambiente mais favorável para as PME, acreditamos que podemos impulsionar um círculo virtuoso de desenvolvimento. O sucesso das PME traduz-se em mais empregos, inovação e num aumento na qualidade de vida, o que, por sua vez, bene cia o banco através de um mercado mais dinâmico, resiliente e sustentável.
Mas esta não é uma acção com um prazo limite?
É um compromisso a médio e longo prazo. Não se trata de uma solução momentânea, mas sim de um investimento sustentado no futuro de Moçambique. Queremos ser parte integrante do desenvolvimento económico do País, promovendo uma transformação real e duradoura que bene cie as próximas gerações.
Em que assenta, especi camente, o acordo com a Associação de Conteúdo Local de Moçambique?
O acordo com a ACLM baseia-se numa colaboração estreita para garantir que todas as iniciativas neste domínio sejam e cazes. A ACLM fornecerá dados valiosos e contributos sobre bene ciários elegíveis, requisitos das cadeias de valor, bem como sobre a ligação com os diversos intervenientes, ajudando-nos a desenhar programas que realmente atendam às necessidades das comunidades. Esta parceria é fundamental para assegurar que os nossos esforços tenham impacto.
Como é que as empresas poderão aceder ao fundo?
Numa primeira fase, as PME localizadas na província de Cabo Delgado poderão aceder ao fundo inscrevendo-se junto ao Conselho Executivo Provincial ou da ACLM. Esperamos, em breve, expandir o projecto para as outras províncias, alargando o número de parceiros e, por conseguinte, os pontos de acesso para os bene ciários.
Texto Nário Sixpene •Fotogra a D.R
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É o valor disponibilizado pelo Access Bank através de garantias para apoiar as PME milhões USD
COMO FUNCIONAM AS GARANTIAS?
• As garantias fornecem uma segurança adicional a terceiros, sem envolver a transferência directa de dinheiro do banco para a PME, e são usadas para facilitar a confiança e o acesso ao crédito.
• Através de uma garantia, o banco assume o risco de pagamento, dando mais segurança a terceiros e facilitando a operação financeira para a empresa.
• As garantias são frequentemente utilizadas para assegurar contratos comerciais, concursos públicos, ou para facilitar o acesso a crédito junto de outros credores.
A História de Ramiro Zeca Simbe – Liderança Sindical em Moçambique e na CPLP
Ramiro Zeca Simbe, quadro do Absa Bank Moçambique há mais 34 anos, hoje com a posição de Coordenador do Desporto, tem liderado uma transformação no sindicalismo bancário, não apenas em Moçambique, mas também no espaço da Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP), como secretário-geral honorário do Sindicato Nacional dos Empregados Bancários (SNEB) e presidente da Comunidade Sindical dos Bancários da CPLP. Com uma visão moderna e internacional do sindicalismo, tem-se mostrado preparado para enfrentar os desafios digitais e capacitar uma nova geração de líderes.
Como vê o papel do sindicalismo actualmente, especialmente no sector bancário?
O sindicalismo, sobretudo no sector bancário, continua a ser essencial para equilibrar os interesses dos trabalhadores e dos empregadores. Apesar dos avanços tecnológicos e da transformação nas relações laborais, o sindicato mantém-se vital para garantir que os direitos dos trabalhadores não sejam negligenciados face à digitalização. A nossa função é clara: mediar, formar e protegerostrabalhadores,sempreajustandoas nossas estratégias às novas realidades.
Quais são os maiores desafios que o sindicalismo enfrenta no contexto actual da digitalização do sector bancário?
Como é que o sindicato tem apoiado os trabalhadores nesse processo de transição digital?
Temos investido em iniciativas de formação contínua e qualificação profissional. Promovemos também o diálogo com os empregadores para que os trabalhadores sejam incluídos nos planos de transformação digital das empresas. Queremos evitar que a digitalizaçãoleveàprecarizaçãodospostosdetrabalho, e sim que abra novas oportunidades para os profissionais se adaptarem e crescerem dentro do sector.
A juventude desempenha um papel fundamental no futuro do sindicalismo. Como é que o SNEB tem trabalhado com as novas gerações?
A juventude traz uma nova perspectiva e energia ao sindicalismo. No SNEB, promo-
"As parcerias com sindicatos de outros países da CPLP permitem-nos trocar boas práticas"
vemos programas de capacitação e mentoria para integrar os jovens, demonstrando que o sindicato é um aliado na construção de carreiras sustentáveis e que a sua participação activa fortalece o movimento sindical.
Existe um esforço específico do SNEB para engajar os jovens trabalhadores? Com certeza. A nova geração tem uma visão diferente e quer resultados rápidos, mas é preciso paciência e preparação. Incentivamosajuventudeaentenderqueosindicalismoéumalutacontínuaequeparticiparnela garante um futuro mais sólido para todos. É importante que os jovens vejam o sindicato nãocomoumcusto,mascomoumaestrutura de apoio e defesa.
No que diz respeito às suas experiências internacionais, como Presidente da Comunidade Sindical dos Bancários da CPLP, que tipo de parcerias têm sido estabelecidas e quais os seus benefícios?
A internacionalização é um pilar fundamentaldonossotrabalho.Asparceriascom sindicatos de outros países da CPLP permitem-nos trocar boas práticas e fortalecer a luta sindical numa escala mais ampla. Através destas colaborações, conseguimos encontrar soluções inovadoras para desafios comuns e amplificar a nossa voz em negociações internacionais.
Além disso, estas parcerias trazem benefícios concretos aos nossos membros. Oferecem oportunidades exclusivas de formação e de partilha de experiências no estrangeiro, o que eleva a qualificação dos nossos sindicalistas. Contamos também com vantagens práticas, como programas de saúde e de turismo. Por exemplo, atravésdeumacordocomosindicatodosbancários em Portugal, conseguimos oferecer assistência médica aos nossos filiados quando estão nesse país.. Estas parcerias não só reforçam a protecção dos trabalhadores locais, como também elevam a qualidadedosbenefíciosqueproporcionamos aos nossos membros.
Pessoalmente, quais as suas expectativas para o futuro e qual diria que é o seu legado enquanto líder sindical?
Eu tenho esperança no futuro. Apesar dos desafios, acredito que, com a juventude, as
Ramiro Simbe com Victor Gomes, novo PCA do Absa Bank Moçambique
Mercado de divisas
Estamos Mesmo Sem Moeda Estrangeira?
Desde os primeiros meses deste ano, alguns sectores da economia queixam-se de uma escassez de divisas, especialmente as empresas importadoras, que precisam de pagar facturas em moeda estrangeira. Aponta-se o dedo à queda das exportações de matérias-primas, à desaceleração económica global e à redução do Investimento Directo Estrangeiro. Mas há quem responsabilize, sobretudo, as altas reservas em moeda externa que o Banco de Moçambique obriga a manter, mas este não vê motivos de alarme. Onde está a verdade?
Há poucos dólares no mercado moçambicano, lamentam diversos intervenientes no mesmo. Do sector dos combustíveis ao da aviação, incluindo agentes económicos singulares ou empresas que realizam importação e exportação de bens e serviços, vários sectores queixam-se e dizem estar a ressentir-se da situação. O que se passa?
Um cenário de escassez de divisas afecta signi cativamente a economia, ao limitar a capacidade de o País poder importar serviços e bens essenciais como alimentos, combustíveis, medicamentos e fornecimentos à produção. Com menos divisas disponíveis, as empresas enfrentam di culdades para adquirir matérias-primas e equipamentos, o que leva a uma redução na produção, aumento dos custos operacionais e menor competitividade no mercado internacional.
Além disso, a escassez pode pressionar a taxa de câmbio e levar à depreciação da moeda local (neste caso o metical), caso a procura por divisas aumente de forma assinalável. Uma depreciação tornaria as importações mais caras, contribuindo para a in ação, que, por sua vez, reduziria o poder de compra dos consumidores.
É uma faca de dois gumes. É que para o banco central, o aumento das reservas obrigatórias em moeda estrangeira pode ser uma medida para controlar a in ação e evitar uma excessiva desvalorização da moeda local. Então, em que camos? Chegámos ao ponto de equilíbrio desejado?
Porque faltam divisas?
Geralmente, grandes volumes de moeda externa entram através do Investimento Directo Estrangeiro (IDE): há movimento de capital de um país estrangeiro para o país que recebe o investimento, porque os investidores enviam divisas estrangeiras para nanciar novos projectos, aumentando as reservas de moeda estrangeira no País.
Outra grande fonte de entrada de divisas é a exportação, que, no caso de Moçambique, é assegurada pela venda de minérios, principalmente carvão, mas também alumínio, entre outros – vendas pagas em moeda estrangeira.
A partir daqui, seria fácil deduzir que a queda do IDE e das exportações poderia estar a provocar a falta de divisas. Só que outros factores entram em jogo, segundo actores económicos ouvidos pela E&M. Quais?
Papel do Comércio
Externo
A classe empresarial, representada por uma das mais importantes organizações patronais do País, a Confederação das Associações Económicas de Moçambique (CTA), aponta duas grandes razões para o fenómeno. A primeira está relacionada com o desacelerar do desempenho do comércio externo e a baixa cobertura das exportações sobre as importações. Por exemplo, no primeiro semestre, a cobertura de exportações sobre as importações estava estimada em cerca de 25%, sem contar com os grandes projectos: mega-investimentos no gás e minerais. Mas incluindo os grandes projectos, as exportações já cobrem 90% das importações.
Segundo a CTA, se os grandes projectos canalizassem a maioria das suas receitas de exportação para o mercado in-
terno, o dé ce de divisas estaria estimado em 10%, em vez de 75%. Ou seja, perde-se um potencial que poderia ajudar a adicionar liquidez ao mercado.
Impacto das medidas do BdM
A segunda razão apontada pelos empresários para a escassez de divisas está associada às medidas do Banco de Moçambique (BdM). Em 2022 e 2023, o banco central aumentou, sucessivamente, a taxa de reserva obrigatória em moeda estrangeira de 11,50% para 39,5%. É a percentagem dos depósitos de clientes que deve, obrigatoriamente, ser depositada junto do BdM e que não pode ser movimentada. Isto é, em cada 100 dólares de depósitos em moeda externa, os bancos são obrigados a ‘congelar’ 39,5 dólares, que se tornam indisponíveis para servir a economia.
A redução dos investimentos na área do gás é determinante para a redução de divisas no mercado
CTA VS BDM: DIVERGÊNCIAS OU GESTÃO DE EXPECTATIVAS?
O Governador do Banco de Moçambique, Rogério Zandamela, veio a público contrariar as queixas sobre falta de divisas, considerando não haver escassez. As declarações não agradaram à classe empresarial, mas o Governador justi cou o que disse: “Temos reservas internacionais líquidas que cobrem mais de cinco meses de importações. Isto é muito, se comparado com o recomendado, que são três meses".
RESERVAS EXTERNAS EM CRESCIMENTO
Desde o início do ano, as Reservas Internacionais asseguram entre três a cinco meses de importações. É o argumento apresentado pelo BdM para “negar” que o mercado enfrente insu ciência de divisas
Em pouco tempo, as taxas sofreram dois agravamentos, numa medida que visa proteger a estabilidade cambial, mas que é apontada pelo sector privado como uma das causas da escassez de divisas
TAXAS DE CÂMBIO MANTÊMSE ESTÁVEIS
É, em parte, resultado das limitações introduzidas pelo Banco de Moçambique. O metical estabilizou desde 2016, em relação ao dólar e ao rand (da África do Sul)
Em milhares de milhões de
dólares
FONTE Banco de Moçambique
O QUE SÃO DIVISAS?
O conceito 'divisa' refere-se a uma moeda utilizada numa região fora da sua origem. É uma moeda estrangeira. Assim, a libra esterlina britânica constitui uma divisa fora das fronteiras do Reino Unido e o dólar norte-americano é uma divisa fora dos Estados Unidos.
O mercado de divisas constitui o maior mercado do mundo e com mais liquidez. Ao contrário de outros mercados, este não tem uma localização física nem uma bolsa para centralizar as operações nanceiras. A compra e venda de divisas é realizada através da rede cambial global à qual estão ligadas corporações, bancos e indivíduos que compram ou vendem divisas.
As divisas acabam por ser o meio que determina as relações comerciais e nanceiras entre um país e o resto do mundo.
A sugestão apresentada pela CTA é que o banco central reduza esta taxa para libertar liquidez para o mercado. Além do mais, acrescenta a CTA, em 2023, o Banco de Moçambique tomou a decisão de reduzir, sucessivamente, o aprovisionamento das divisas para suportar a importação de combustíveis (de 100% para nada). No entender da organização, este posicionamento pode ter in uenciado a mudança de comportamento do mercado, obrigando os bancos comerciais a procurarem mais divisas para suportar as importações de combustíveis e, com isso, provocarem o aumento das conversões líquidas.
Fim do subsídio aos combustíveis
Num artigo de opinião publicado no portal "Diário Económico", a 4 de Setembro, o economista Paulo Matavela também colocava a postura do Banco de Moçambique na origem da escas-
Os bancos comerciais indicam ter um atraso de 500 milhões de dólares em facturas de importação, expatriamento de capitais e outras operações com o exterior
sez de divisas, numa linha de análise com algumas semelhanças em relação ao posicionamento da CTA. Intitulado “Problemática da Escassez de Divisas em Moçambique: Potenciais Causas e Soluções”, o artigo revelava que “um dos factores que pode estar na origem deste problema está relacionado com a retirada, em Junho de 2023, do subsídio aos bancos comerciais para disponibilização de moeda estrangeira para pagamento das facturas de importação de combustíveis”. No artigo, o eco-
nomista argumenta ainda que, sendo o principal papel do Banco de Moçambique garantir a estabilidade dos preços no mercado e face a um contexto de in ação instável, a instituição decidiu adoptar medidas para reduzir a procura, diminuindo a liquidez no mercado através do aumento da taxa de reservas obrigatórias.
Tomando em consideração que uma das formas de medir a disponibilidade de divisas é saber quantos meses de importações estão garantidos com o ‘sto-
ck’ de reservas internacionais, ca-se com a ideia de que o mercado não enfrenta qualquer problema, tal como defende, aliás, o governador do Banco de Moçambique, Rogério Zandamela. Os dados e argumentos apresentados pelo economista Paulo Matavela con rmam isso mesmo: entre Junho e Julho de 2024, as Reservas Internacionais Líquidas aumentaram de 3 milhões de dólares para 3,6 milhões de dólares, o que equivale a cerca de cinco meses de cobertura de importação de bens e serviços, excluindo os grandes projectos.
Contenção da in ação Já do lado da in ação, apesar de estar controlada (2,75% de taxa homóloga em Agosto de 2024), “as medidas tomadas para contê-la têm afectado a disponibilidade de divisas no mercado”, defende. E justi ca que os bancos comerciais indicam ter um atra-
INVESTIMENTO EXTERNO EM QUEDA
Após o pico de 2021, Moçambique volta a registar redução do IDE, o que contribui para a insu ciência de moeda externa
Não há sinais de que haja di culdade em realizar importações e que isso esteja a provocar um aumento de preços de bens e serviços.
ação média anual em 2024 em %
IMPORTAÇÕES PODEM RECUAR
As importações têm crescido nos últimos anos. É possível que venham a reduzir-se devido à insu ciência de moeda externa
Em milhares de milhões de dólares Em milhares de milhões de dólares
E porque a in ação está controlada, o Banco de Moçambique tem vindo a descer a taxa de juro de política monetária, a taxa MIMO, para estimular o investimento
so de 500 milhões de dólares (32 mil milhões de meticais) em facturas de importação, expatriamento de capitais e outras operações com o exterior. “Esta escassez de divisas acarreta vários constrangimentos, como a queda da produção e do volume de facturação, falhas nos cronogramas de conclusão de projectos, aumento dos custos de implementação e redução do nível de investimento”, conclui.
Queda do IDE
A par de todos os factores já mencionados, está também a redução do uxo de investimento estrangeiro. No primeiro trimestre deste ano, o volume do IDE caiu 3% para 894,6 milhões de dólares, contra 926,7 milhões de dólares em igual período do ano passado. A indústria extractiva manteve a sua posição dominante na entrada de uxos de investimento, ao encaixar um total de 489,2
milhões de dólares, o que corresponde a 75,2% do total do IDE. Dos investimentos realizados no período, o destaque vai para as operações de exploração de gás natural.
Mas a queda do IDE já se arrasta há vários anos. Por exemplo, em 2022, caiu 61,3% para 1,9 mil milhões de dólares contra 5,1 mil milhões de dólares em 2021. O movimento contraria a recuperação registada de 2018 a 2021, na altura in uenciada pelo aumento da entrada de capitais para exploração de gás (na bacia do Rovuma), carvão e areias pesadas.
Um dos riscos relevantes da insuciência de divisas nos próximos tempos é o facto de já estar a ameaçar as empresas petrolíferas que importam e distribuem combustíveis. O facto pode provocar uma crise na normal distribuição de produtos petrolíferos, com repercussões na estabilidade económica.
FONTE Banco de Moçambique
*Os últimos dois são dados trimestrais
Um Golpe (Pesado) Sobre os Importadores
Empresas cuja actividade depende de bens e serviços importados já consideram a possibilidade de perder clientes. Alguns recorrem ao mercado informal de divisas. O futuro é incerto
Texto Nário Sixpence e Celso Chambisso • Fotografia D.R.
Augusto Martilho Álvaro, chairman da empresa AMA Equipamentos, baseada na cidade da Beira, tem um contrato de importação de fertilizantes da Zâmbia avaliado em 50 mil dólares. Neste momento, precisa de trazer 600 toneladas daquelas substâncias para Moçambique, mas o sistema financeiro nacional não consegue garantir a disponibilidade de divisas.
“Os bancos não têm divisas, e tive de recorrer ao mercado informal, onde o dólar custa 75 meticais [contra cercade 63,5 nos bancos comerciais]”. Este aumento nos custos de produção, devido às taxas de câmbio, inevitavelmente elevará o preço final para o consumidor. “Estou a tentar encontrar uma solução há duas semanas”, lamenta o empresário.
A solução encontrada foi enviar cartas aos clientes, pedindo-lhes paciência até que consiga obter as divisas necessárias para a aquisição na Zâmbia. No entanto, isso acarreta o risco de perder clientes para fornecedores que não enfrentam estas dificuldades.
Fornecendo também equipamentos para sectores como o da saúde e o ferroportuário, o empresário criticou os bancos, acusando-os de captar depósitos em moeda externa sem garantir resposta em períodos de alta procura. “Moçambique não tem um sistema bancário comprometido em apoiar os empresários”, sentenciou.
Crise na área de medicamentos?
Evaristo Madime, chairman da Sociedade Moçambicana de Medicamentos, acrescenta: “Para nós, fabricantes, e para os importadores, o problema é o mesmo: sem acesso a divisas, a saúde da população está em risco”. O responsável explica que as dificuldades na importação de matérias-primas prejudicam o ritmo de produção. “Há atrasos sistemáticos no pagamento de facturas no exterior, e isto afecta a nossa produção”, confirma Madime.
As causas, segundo economistas e empresários, incluem a taxa de reservas obrigatórias, fixada pelo Banco de Moçambique em 39,5%. “Este nível é incomum na região; muitos países têm taxas de um dígito. Considerando os nossos indicadores macroeconómicos, o Banco Central deveria ajustar esta taxa”, sugeriu.
Stock no limite
Devido a estas dificuldades, a Sociedade Moçambicana de Medicamentos opera no limite. “Estamos a laborar in extremis, sem stock para muito mais tempo. Temos processos de importação parados nos bancos à espera de divisas. Na indústria farmacêutica, as encomendas de matérias-primas são feitas com antecedência e demoram meses para chegar, considerando o tempo de produção e logística”, esclareceu.
Retomar subsídios
Para Evaristo Madime, outras medidas estruturais que poderiam estabilizar
“Estamos a trabalhar in extremis porque não temos stocks para muito mais tempo de laboração. Temos processos de importação paralisados nos bancos à espera de divisas”
AS SUGESTÕES DOS EMPRESÁRIOS
No seu último relatório, a Confederação das Associações de Moçambique, CTA (uma das mais importantes entidades patronais do País), deixa um parecer sobre como ultrapassar a actual insu ciência de divisas no mercado.
No curto prazo
“As medidas para aliviarem a situação de liquidez do mercado passarão pela mudança da postura do Banco de Moçambique. Não tem fundamento teórico, nem empírico para a manutenção de taxa de reservas obrigatórias em 39,5% para moeda estrangeira. Por isso, propomos que o Banco Central reavalie a sua posição e reduza esta taxa.” a sua posição e reduza esta taxa. Adicionalmente, a CTA propõe que a instituição, em vez de manter as Reservas Internacionais Líquidas altas, comece a sinalizar o mercado, injectando parte destas para que os bancos comerciais ganhem con ança e usem a sua posição cambial positiva para apoiar as empresas.
No médio e longos prazo As exportações, incluindo os grandes projectos, cobrem cerca de 90% das necessidades de importações. Mas, infelizmente, as receitas de exportações dos grandes projectos, maioritariamente, não uem para o mercado devido ao tipo de contrato celebrado com o Governo moçambicano e os actores no mercado internacional. Torna-se evidente que a negociação dos contratos volta a claudicar ao não canalizar benefícios diversos para a economia nacional.
“Este exercício não é uma confrontação, mas um diálogo aberto e transmissão do sentimento da classe empresarial, que se sente sufocada com a situação que se vive no mercado de divisas”, lê-se no relatório da CTA, que aponta como sectores mais afectados o da indústria transformadora, de bebidas, transporte aéreo e turismo.
“Esta é uma situação que nunca experimentámos anteriormente, pelo menos nos últimos 20 a 30 anos. Mesmo na altura das dívidas ocultas, não havia falta de divisas a este nível”
omercadodedivisasincluemaretoma do apoio às transacções para importação de combustíveis, anteriormente suportado pelo Banco Central, e a resolução dos sequestros de empresários. “A factura de combustíveis pesa na nossa economia, e a suspensão do subsídio obrigou os bancos comerciais a arcar com esses custos”, indicou.
Medidas de combate ao branqueamento de capitais também reduziram a liquidez de divisas. A crise dos sequestros contribui para desinvestimentos e perda de capital. “Estes factores combinados reduzem a disponibilidade de divisas, algo que não experimentámos nos últimos 20 a 30 anos”, lamentou.
Especulação no câmbio informal Augusto Álvaro relata que, recorrendo ao câmbio informal, paga cerca de 75 meticais por dólar na Beira – 11 me-
ticais acima da média bancária. A E&M visitou o Mercado Central em Maputo, onde o valor está a 70 meticais por dólar, um aumento face aos habituais 65-66 meticais, devido à dificuldade de acesso nos bancos.
Já Evaristo Madime explica que o mercado informal não é solução para os industriais, que movimentam grandes volumes. “A produção seria muito mais cara, tornando o preço final incomportável para os consumidores. Este mercado só serve para pequenos importadores”, disse, destacando a incompatibilidade com normas de conformidade financeira.
Preocupação generalizada
O tema da escassez de divisas foi amplamente discutido na 15.ª edição do Economic Briefing da Confederação das Associações Económicas de Mo-
çambique (CTA). “Este assunto parece pequeno, mas não é! Muitas vezes, temos uma factura de 50 mil dólares para pagar fora do País e não conseguimos –não estamos a falar de milhões, mas de 50 mil dólares”, enfatizou Almir Eduardo, responsável da CTA com o pelouro da Construção Civil.
Crise na aviação
O sector da aviação é um dos mais sensíveis à falta de divisas. A Ethiopian Airlines já deu conta das dificuldades em repatriar capitais obtidos com vendas de bilhetes. “A situação é preocupante e, se persistir, podemos suspender voos para Moçambique, prejudicando a economia local”. A Air France e a Cathay Pacific desistiram de operar no País, temendo não conseguir expatriar divisas para cobrir custos operacionais.
Problemas no sector dos combustíveis
A Puma e a Vivo Energy, empresas do setor de combustíveis, enfrentam dificuldades no pagamento de facturas e ponderam reduzir as operações se a situação persistir. Ambas as empresas apelam ao Banco de Moçambique para baixar a taxa de reservas externas e adoptar medidas que facilitem a circulação de dólares na economia nacional.
Economistas Defendem Mudança de Postura do Banco de Moçambique
Três economistas entendem que além de prejudicar as operações comerciais internacionais, a insu ciência de moeda estrangeira prejudica a qualidade de vida das famílias.
Texto Felisberto Ruco • Fotografia D.R.
Aperspectiva dos economistas ouvidos pela E&M sobre a escassez de divisas não difere muito da que é apresentada pelo sector privado. Associam o fenómeno às políticas cambiais restritivas implementadas pelo Banco de Moçambique e acrescentam outros argumentos ao debate, pedindo atenção ao assunto, para evitar que a situação se agrave e desencadeie uma crise ainda mais aguda.
Impacto sobre os investimentos
A economista Naima Nurein considera que a escassez de divisas, apesar de resultar, em parte, da queda do investimento externo, também está a ser determinante para uma queda ainda mais acentuada deste indicador. Como? É que, para os investidores, a dificuldade em repatriar lucros ou realizar transacções internacionais é um obstáculo que os torna mais avessos ao risco. “Este fenómeno pode afectar projectos de grande escala, especialmente nos sectores de recursos naturais e infra-estruturas, que são essenciais para o desenvolvimento económico do País”, alerta a economista, chamando a atenção para o ris-
co de redução do potencial de aumento de postos de trabalho.
O economista Yuran Nhancale acrescenta que a queda do Investimento Directo Estrangeiro (IDE) pode agravar ainda mais a situação económica do País. “Se os investidores continuarem a perder confiança na capacidade de Moçambique gerir a sua economia de forma eficaz, veremos uma diminuição ainda maior no fluxo de capitais estrangeiros, o que será prejudicial para o crescimento económico”, referiu.
Já o economista Egas Daniel adicionou outro factor do contexto nacional que pode influenciar a redução do potencial de captação do investimento estrangeiro. “Estamos num ano eleitoral e isso traz incertezas para os investidores. Muitos preferem manter os seus depósitos em moeda estrangeira, evitando convertê-los para meticais, até que haja mais clareza sobre o futuro político do País. Esta relutância em converter divisas limita ainda mais a sua disponibilidade no mercado, o que agrava a crise”, explicou.
Impactos na economia
Os economistas alertam ainda para a possibilidade de impactos profundos na
Para os investidores, a dificuldade em repatriar lucros ou realizar transacções internacionais é um obstáculo que os torna mais avessos ao risco. Grandes projectos podem ser afectados
EGAS DANIEL Economista
“O Banco Central deve reavaliar a sua política de reservas obrigatórias, que é demasiado alta para uma economia em di culdades”
NAIMA NUREIN Economista
“Uma medida imediata seria exibilizar as restrições cambiais, permitindo que mais divisas fossem disponibilizadas ao sector privado”
YURAN NHANCALE Economista
“Retomar o subsídio aos bancos comerciais para a importação de combustíveis pode ser uma solução e caz a curto prazo”
economia como um todo. Naima Nurein destaca as dificuldades que as empresas enfrentam para pagar aos fornecedores internacionais, o que ocasiona rupturas de stock e atrasos na produção. E quando isto ocorre, abre-se espaço para, pelo menos, uma de duas situações indesejáveis: ou se corta na capacidade de importação de mercadorias, ou, se se conseguir importar, será a um custo mais elevado. “O aumento do custo das importações é inevitavelmente transferido para os consumidores, resultando num aumento de preços de produtos básicos, como alimentos e combustíveis, pressionando severamente o orçamento das famílias”, alertouaeconomista.Oseconomistassublinham que o fardo deverá recair sobre o sector familiar, também pela eventual desvalorização do metical, decorrenteda insuficiência de divisas. “A desvalorização do metical encarece os produ-
O economista Oldemiro Belchior referiu que a insuficiência de divisas não é comum a todos os bancos comerciais, sem especificar quais as que registam constrangimentos
tos importados, especialmente os bens essenciais”, afirmou Nurein. “Este fenómeno tem um impacto desproporcional sobre as famílias, sendo mais severo nas de baixos rendimentos, que são as mais vulneráveis às oscilações de preços”, acrescentou Egas Daniel.
Yuran Nhancale sublinha os riscos para grandes projectos que dependem de importações, particularmente no sector energético. “A acumulação de facturas de importação de combustíveis é um problema real. Se esta situação persistir, alguns grandes projectos poderão sofrer atrasos significativos, o que pode comprometer a credibilidade do País junto dos seus parceiros internacionais”, afirmou.
Faltam ou não divisas?
Durante o ‘economic briefing’ realizado pelo sector privado, em Agosto, o economista-chefe do Millennium bim, Ol-
demiro Belchior, fez referência a um aspecto que vale a pena explorar. Começou por assumir um posicionamento que parece contrariar as constatações do sector privado no terreno. “Não existe escassez de divisas, mas sim insuficiência de divisas. É bom não confundir. Escassez é falta. Isto significaria que o mercado está seco de liquidez, o que não é possível. O que se verifica é a insuficiência de divisas. Ou seja, o stock de moeda externa disponível no mercado não é suficiente para responder às necessidades de importação de bens e serviços”, explicou.
A seguir, e mais importante, esclareceu que “esta insuficiência [de divisas] depende do balanço de cada banco, uma realidade que não pode ser atribuída a todo o sistema bancário, uma vez que os bancos têm estruturas de balanço diferentes: uns têm mais liquidez em moeda externa e outros não, porque
têm uma menor carteira de clientes exportadores. Por isso,também uma menor capacidade de captar divisas e responder às necessidades de importação”. Ou seja, há bancos que de facto têm divisas e outros que não têm. Apesar disso, o sector privado continua com dificuldadesemidentificarosquerealmente apresentam a estabilidade referida por Oldemiro Belchior.
Que saídas?
Deve haver um conjunto de acções a serem coordenadas entre o Governo e o Banco Central, defendem os economistas. Quais, em concreto? “Uma medida imediata seria flexibilizar as actuais restrições cambiais, permitindo que mais divisas sejam disponibilizadas para o sector privado”, sugere Naima Nurein. A longo prazo, a economista acredita que a diversificação da economia também é essencial para reduzir a dependência das importações. “Precisamos de promover políticas que incentivem as exportações e atraiam mais investimento estrangeiro. O desenvolvimento de sectores como o turismo e a agro-indústria pode ajudar a gerar novas fontes de divisas”, acrescentou.
Egas Daniel concorda, mas avisa que a mudança só será eficaz quando for gradualmente introduzida. “O Banco de Moçambique tem de ser mais sensível às condições de mercado e ajustar as suas políticas de forma gradual. A suspensão do apoio à importação de combustíveis, por exemplo, foi uma medida que teve um impacto profundo [na escassez de divisas] e precisa de ser revista”, afirmou. O economista também sugere que o Banco de Moçambique reavalie a sua política de reservas obrigatórias, actualmente demasiado elevada para uma economia em dificuldades e sedenta de investimentos como a moçambicana.
Yuran Nhancale defende que o Banco de Moçambique deveria retomar os subsídios aos bancos comerciais para a importação de combustíveis. “Retomar esta medida, ainda que de forma moderada, pode ser uma solução eficaz a curto prazo”, defende.
Apesar de reconhecer o impacto positivo das reformas feitas no quadro do Pacote de Medidas de Aceleração Económica (PAE) tomadas pelo Governo em 2022, o economista sugere que o Governo adopte medidas adicionais, nomeadamente ao nível das políticas fiscal e monetária, que favoreçam a atracção de investimento estrangeiro para garantir um fluxo contínuo de divisas e aliviar a pressão sobre o mercado cambial.
Gana
“Abaixo a mineração ilegal!”, protestam os ganeses
Centenas de ganeses estão a organizar protestos para pressionar o Governo a reprimir a mineração ilegal no país, que é o maior produtor de ouro de África.
Os manifestantes acusam os mineiros de poluir rios e terras, só que o ouro é um pilar da economia, represen-
tando quase metade das exportações no ano passado. Mineradores de grande escala, como a Newmont e a Gold Fields, têm obrigações ambientais, mas o problema radica na mineração artesanal e de pequena escala, menos regulamentada.
O banco JPMorgan Chase abriu escritórios de representação no Quénia e na Costa do Mar m como parte de um processo de expansão em África (tanto na costa Oriental, como Ocidental). O maior banco dos Estados Unidos da América contratou Sailepu Montet, um ex-banqueiro central no Quénia, para
administrar as operações, enquanto Michael Ahonzo Avou vai estar à frente das operações na Costa do Mar m. Os anúncios foram feitos a par da visita a África do CEO do JPMorgan Chase, Jamie Dimon – a primeira viagem ao continente em sete anos –, por um percurso que incluiu a Nigéria, África do Sul e Quénia.
Nigéria
A exploração de gás natural continua a dinamizar projectos no continente africano. A Nigéria espera atrair até 10 mil milhões de dólares de investimento na exploração de gás em águas profundas, graças a incentivos scais e outras medidas propostas por uma nova estrutura política para o sector. O novo plano procura acelerar o desenvolvimento no sector de gás ‘o shore’ da Nigéria, onde cerca de 67% dos recursos permanecem subdesenvolvidos. A ideia é mudar o cenário, fornecendo créditos scais para novos investimentos. Estima-se que o investimento global no sector ascenda a 90 mil milhões nos próximos anos e os projectos de Moçambique para a bacia do Rovuma estão na la.
Angola
Visita de Joe Biden adiada para
Dezembro
O Presidente dos Estados Unidos da América, Joe Biden, vai visitar Angola na primeira semana de Dezembro, honrando a promessa de viajar até África durante o seu mandato presidencial – e fazendo-o poucas semanas antes de deixar o cargo. Biden tinha inicialmente planeado visitar Angola no início de Outubro, mas essa viagem – e uma à Alemanha –foi adiada porque decidiu permanecer nos EUA, para supervisionar a resposta ao furacão Milton. Os EUA estão a apostar no Corredor de Lobito, que vai escoar minerais pela costa angolana e Joe Biden tem procurado aprofundar o compromisso norte-americano com o continente, numa tentativa de repelir a crescente in uência chinesa e russa.
Sudão Guerra civil arrasta previsões do Banco Mundial
O Banco Mundial reduziu para 3% a previsão de crescimento económico para 2024. O recuo em relação à estimativa de Abril, que apontava para 3,4%, foi atribuído em grande parte à guerra civil no Sudão, que eclodiu há 18 meses e conti-
Camarões
nuou a agravar-se. As Nações Unidas estimam que os combates tenham deslocado cerca de um quinto dos 48 milhões de habitantes do país do Norte de África. O Banco Mundial espera que a economia do Sudão se contraia 15,1% este ano.
O que se passa com Paul Biya, o Presidente dos Camarões?
Ninguém pode falar sobre o estado de saúde do Presidente – que não se sabe onde está! Parece uma paródia, mas é mesmo realidade. Nos Camarões, o Governo proibiu que os meios de comunicação social falem sobre a saúde do Presidente Paul Biya, 91 anos, cuja ausência desde o mês passado está a alimentar especulações. Com receio de que se
criem focos de instabilidade, as autoridades pegaram no assunto com mão de ferro: qualquer pessoa que discuta a saúde do líder em público “enfrentará toda a força da lei”, disse o ministro da Administração do Território, Paul Atanga Nji. Em comunicado, o Governo reforçou a posição de que Biya está saudável e a caminho do país.
Ruanda Marburg: um vírus tão mortal como o Ébola África do Sul
Reservas de água estão no mínimo
Joanesburgo e Pretória albergam 12 milhões de pessoas e podem car sem reservas de água. O cenário não é uma miragem: é antes uma possibilidade para os próximos meses. O alerta não é novo e já foi feito noutros anos de seca na África do Sul, mas parece que nada mudou. A rede de água continua a sofrer com falta de investimento público e má gestão – a que se juntou, desde 2023, uma seca devastadora causada pelo fenómeno climático El Niño.
Um dos últimos alertas foi lançado pela companhia Rand Water: o sistema está nos níveis mínimos e os analistas apontam o dedo, principalmente, a duas causas: a população ignora os avisos para poupar e a rede deixa escapar 44% da água devido a fugas e roubos.
A resposta do Ruanda ao primeiro surto no país do vírus de Marburg, altamente virulento (é um vírus semelhante ao Ébola), parece estar a controlar a doença e a travar o risco de propagação internacional para quase zero. Até meio de Outubro, houve pelo menos 13 mortes e 58 casos con rmados no Ruanda. O surto foi classi cado
RD Congo
pela OMS como de risco elevado a nível nacional e regional, devido à complexidade do per l epidemiológico e às potenciais rotas de transmissão transfronteiriça. Ainda não existe uma vacina ou tratamento aprovado, mas algumas vacinas experimentais vão protegendo, principalmente, os pro ssionais de saúde
Em busca de outros investidores, além da China
A China domina o sector dos minérios na República Democrática do Congo, mas as autoridades querem mudar o cenário.
O Governo está a cortejar novos investidores para os seus depósitos de metais preciosos, numa tentativa de diversi car os países de origem dos parceiros privados. O plano para atrair novos ‘só-
cios’ inclui a simpli cação de processos nas alfândegas e junto das autoridades tributárias, além de uma parceria com os Emirados Árabes Unidos, anunciou o ministro de Minas, Kizito Pakabomba. O país prevê ainda renovar a rede ferroviária para facilitar o transporte de minerais para os mercados dos EUA e da Europa.
Zimbabué Grandes cidades obrigadas a racionar abastecimento
Bulawayo, a segunda maior cidade do Zimbabué, vive sujeita a 130 horas de cortes de água por semana. É o equivalente a cinco dias e meio. Na zona de Harare, capital, duas barragens já secaram. Nos arredores, as autoridades de Chitungwiza tiveram de encerrar o terceiro de seis reservatórios devido aos baixos níveis de água. São áreas densamente povoadas que agora têm de lidar
com uma crise que tem múltiplas causas. É certo que há uma seca a afectar parte da África Austral, mas a falta de investimento público é uma falha impossível de esconder, sobretudo após anos de alertas. Os sistemas urbanos de água do Zimbabué estão em colapso há muito. Agora, resta esperar que as chuvas regressem em força, a partir de Dezembro.
Quais São as Marcas Mais Valiosas de África?
A consultora especializada Brand Finance actualizou a classi cação. MTN, Vodacom e Standard Bank ocupam o pódio. Segue-se a Nando´s, marca de frango de churrasco picante. A lista é dominada pela África do Sul. Moçambique aparece no top 200, com a Movitel no 97.º lugar e a Tmcel em 172.º
Texto Jaime Fidalgo • Fotografia D.R.
As dez marcas mais valiosas do continente, segundo o ranking da consultora especializada Brand Finance, são todas da África do Sul, num domínio claro em toda a lista. No ranking das 200 maiores, cerca de 70% também são do país vizinho, ao qual se seguem, a larga distância, as marcas do Egipto (8%), Nigéria e Marrocos (ambos com 7%) e Quénia (4%).
Na edição deste ano, Moçambique coloca duas representantes no top 200: a Movitel, no 97.º lugar (era 85.º em 2023) e a Tmcel, na 172.ª posição (era 162.º no ano anterior). Por sectores, a banca é o mais representativo com 27% de marcas entre as 200 mais valiosas, seguido do das telecomunicações (18%), retalho (11%), seguros (5%) e bebidas (4%).
Origens remontam a Moçambique
O destaque individual vai para a sul-africana MTN que, mais uma vez, lidera o ranking no continente, com um valor de marca de 3,6 mil milhões de dólares. Apesar de estar 18% abaixo do registado em 2023, a gigante das telecomunicações teve um bom ano ao expandir as operações para mais de 21 países. A novidade é que o maior mercado passou a ser o da Nigéria, que destronou a África do Sul em receitas e em base de clientes.
Com
O segundo lugar pertence à rival Vodacom, cujo valor da marca aumentou em rands, apesar de ter sofrido um declínio de 2% em dólares, totalizando 2,3 mil milhões de dólares em 2024. Os analistas referem que apesar da sua autonomia operacional e da sua cotação na Bolsa de Joanesburgo, a ligação à britânica Vodafone tem um impacto positivo na reputação.
A terceira mais valiosa e a primeira do sector bancário é o Standard Bank cuja marca registou um crescimento signicativo de 12%, este ano, obtendo uma avaliação de dois mil milhões de dólares. Os analistas da Brand Finance atribuem este aumento à forte presença do banco no mercado (acessibilidade da rede de balcões) e à forte aposta na comunicação e publicidade.
O quarto lugar é ocupado, de forma surpreendente (dado que se estreou pela primeira vez neste ranking), pela cadeia de restauração sul-africana Nando´s, cujas origens remontam a Moçambique e ao famoso “frango piri-piri”. Com um valor de marca de 1,5 mil milhões de dólares, a Nando´s é uma das marcas globais mais emblemáticas de África, apesar de a maior parte das receitas serem geradas noutros mercados, casos do Reino Unido e da Austrália.
No quinto lugar surge outro banco sul-africano que os moçambicanos conhecem, o First National Bank (FNB). Os
analistas elogiam a sua estratégia de posicionamento, que é mais orientada para o aconselhamento do que para o produto, assim como o elevado nível de conança e lealdade à marca. O FNB é o banco sul-africano com melhor avaliação noutro ranking, o da reputação de marca, com uma pontuação de 92,3 (a escala vai desde o zero aos 100).
Equity Bank lidera na reputação
A nível do continente, o ranking da reputação é liderado pelo banco queniano Equity Bank, com uma pontuação de 92,5, a mesma que já havia obtido no ano anterior, não obstante o ano difícil em que o valor da marca caiu 15% para 450 milhões de dólares. Em segundo lugar está o FNB, seguido de outros três grupos nanceiros quenianos: o banco KCB e as seguradoras Old Mutual e Britam (que também actua em Moçambique).
O ranking do crescimento é liderado pelo grupo egípcio Egyptalum, cujo valor de marca mais do que duplicou, para 33 milhões de dólares, graças ao regresso à produção de ouro no Sudão do Sul, aos planos de expansão para o Senegal e ao aumento da exploração da prata em Marrocos. Seguem-se o colosso egípcio dos fertilizantes Misr e o banco MCB das ilhas Maurícias. Por m, no ranking especí co da sustentabilidade ponti cam o National Bank, do Egipto, o líder da banca móvel M-Pesa, do Quénia, e a cadeia retalhista sul-africana Checkers.
Cláudia Chirindza • Directora de Marketing e Comunicação, FNB Moçambique
Da Satisfação à Lealdade: O Impacto de um Bom Serviço ao Cliente
No mês em que celebramos o Serviço ao Cliente, é fundamental reflectir sobre o papel crítico que desempenha na indústria bancária. O cliente confia num banco para guardar dinheiro quando uma série de factores importantes estão presentes, relacionados com segurança, estabilidade, transparência e qualidade do serviço. Num sector onde a diferenciação de produtos é frequentemente limitada, o atendimento ao cliente emerge como o verdadeiro diferenciador.
A experiência do cliente é um factor estratégico central, influenciando cada interacção e cada decisão
Os clientes valorizam não só a eficácia na realização das suas operações bancárias recorrentes, mas também a empatia e a atenção que recebem. Um atendimento personalizado pode transformar uma interacção rotineira numa oportunidade para surpreender e encantar. Imaginemos um cliente que enfrenta dificuldades na sua gestão financeira e contacta o banco para obter apoio. Ao ser recebido por um gestor que não só escuta as suas preocupações, mas que também sugere soluções adaptadas às suas circunstâncias, a experiência transforma-se num momento positivo. Este tipo de abordagem resolve o problema imediato e também demonstra um compromisso genuíno do banco para com o sucesso do cliente, criando relações a longo prazo e estabelecendo uma base de
confiança que se traduz em lealdade. Para os clientes empresa, essa relação é ainda mais crítica. Um bom serviço ao cliente pode significar a diferença entre fechar um negócio ou perder uma oportunidade valiosa. As empresas precisam de soluções rápidas e eficientes para fazer crescer os seus negócios. Quando têm ao seu lado um banco que realmente compreende o seu contexto e que se adapta às suas necessidades, a relação fortalece-se e impulsiona o crescimento mútuo.
No segmento de clientes privados, a excelência do serviço ao cliente é igualmente relevante. Os clientes procuram tanto produtos financeiros, como aconselhamento e orientações que os ajudem a navegar por entre complexidades financeiras. Um serviço ao cliente eficaz pode aliviar a ansiedade associada a decisões financeiras, oferecendo um suporte que vai além do meramente transaccional.
A experiência do cliente é um factor estratégico central, influenciando cada interacção e cada decisão. Investir na formação das equipas de atendimento, na implementação de processos e tecnologias que melhorem a comunicação e na criação de canais de opinião é essencial para garantir que as vozes dos clientes sejam ouvidas e valorizadas. Cada interacção é significativa e cada oportunidade de atendimento é uma ocasião para transformar um cliente num embaixador da marca.
Celebrar o Serviço ao Cliente não deve ser apenas um evento anual, mas sim um compromisso diário. O serviço ao cliente não é apenas uma função, é uma filosofia que, ao ser adoptada por toda a organização, é a chave para a fidelização, a diferenciação e, em última análise, para o sucesso sustentável das empresas prestadoras de serviços, com destaque para o sector dos serviços financeiros.
Ao colocarmos a experiência do cliente no centro da nossa estratégia, não só elevamos a sua satisfação, mas também cultivamos um ecossistema de empatia e confiança em todas as interacções.
Porque é Que há Países
Ricos e Pobres?
O Prémio Nobel da Economia de 2024 foi concedido a Daron Acemoglu, Simon Johnson e James Robinson por explicarem a essência das desigualdades económicas globais. Os trabalhos que realizaram fornecem directrizes para que países em desenvolvimento possam trilhar caminhos de crescimento sustentável
Texto Celso Chambisso • Fotografia D.R
Adistinção de 2024 destacou a in uência de instituições económicas e políticas na prosperidade de cada nação. A pesquisa dos laureados demonstrou que a presença de instituições inclusivas – aquelas que promovem a participação e protecção dos direitos económicos e sociais – é um factor crucial para o desenvolvimento. Eles identicaram que, historicamente, muitas nações que foram colonizadas (como Moçambique e quase todos os países africanos, por exemplo) herdaram estruturas institucionais extractivas, que limitaram o crescimento e a prosperidade, enquanto os países com instituições mais inclusivas alcançaram maior desenvolvimento económico a longo prazo. Por outro lado, a obra conjunta de Acemoglu, Johnson e Robinson explora como instituições políticas, que permitem maior participação e inclusão, ajudam a libertar o potencial económico das populações, enquanto aquelas que restringem direitos e centralizam o poder promovem desigualdade e estagnação. Este trabalho acabou por ser considerado fundamental para entender porque é que algumas nações prosperam enquanto outras permanecem num ciclo de pobreza.
A demogra a foi determinante
Os estudos de Daron Acemoglu, Simon Johnson e James Robinson revelaram que, quanto maior a população originária das regiões colonizadas, piores as instituições impostas pelos colonizadores. Os países com as maiores populações de indígenas, geralmente, eram também aqueles que ofereciam maior resistência à colonização. No entanto, uma vez derrotados, os povos originários eram obrigados a trabalhar para os colonizadores. Essa dinâmica fazia com que poucos migrantes europeus se interessassem em construir uma comunidade. Assim, as instituições criadas nessas regiões “concentravam-se em bene ciar uma elite local às custas da população em geral. Não havia eleições e os direitos políticos eram extremamente limitados", explicou a Academia Real das Ciências da Suécia, instituição responsável pelo prémio Nobel. Em contrapartida, as colónias com uma população originária menor, embora oferecessem menos resistência à colonização, não davam conta de toda a procura por mão-de-obra. Isso fazia com que os países colonizadores criassem "instituições económicas inclusivas e que incentivassem os colonos a trabalhar duro e a investir na sua nova terra natal", mais numa lógica dexação do que de exploração.
A obra conjunta de Acemoglu, Johnson e Robinson explora como instituições políticas, que permitem maior inclusão, ajudam a libertar o potencial económico das populações
A evidência que legitima o prémio Um exemplo analisado pelos investigadores é o de Nogales, uma cidade dividida ao meio, com uma parte nos Estados Unidos da América e outra no México. A parte norte-americana, colonizada por ingleses numa lógica de xação de migrantes, é mais próspera.
A região mexicana, colonizada pela Espanha numa lógica extractivista, e que hoje convive com o crime organizado, é mais repleta de incertezas e tem menos riqueza.
Este não é o primeiro estudo que procura explicar a essência das desigualdades entre as nações, nem é a primeira abordagem que coloca a colonização dos povos como pivô dessas desigualdades.
Nasceu na Turquia em 1967. É um professor célebre no Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), um dos economistas mais in uentes da actualidade, com contribuições signi cativas em teoria económica e política. As suas obras, incluindo o livro "Por que as Nações Fracassam", escrito em co-autoria com Robinson, tornaram-se referências no estudo do desenvolvimento económico.
Natural de She eld, Reino Unido, nascido em 1963, Johnson também é professor no MIT. A sua pesquisa abrange temas da macroeconomia, nanças e história económica. É conhecido pela defesa de reformas económicas e políticas que visem a construção de democracias inclusivas essenciais para o crescimento económico sustentável.
Nascido em 1960, Robinson é professor na Universidade de Chicago. A sua pesquisa concentra-se nas interacções entre economia e política, com um foco particular em como as instituições in uenciam o desenvolvimento económico e político. Trabalhou em diversos países, analisando as estruturas políticas e as suas relações com o crescimento económico.
DARON ACEMOGLU
SIMON JOHNSON
JAMES ROBINSON
João Gomes • Partner @BlueBiz
Vem este artigo a propósito de duas missões comerciais em que participei, organizadas pelo United States of America Department of Commerce - Mozambique, à GASTECH (Houston), e à MINExpo International 2024 (Las Vegas), e nas quais apoiei um grupo empresarial moçambicano na escolha e engajamento de investidores, para um projecto muito relevante na área da logística de mineração.
Neste contexto, desafio os meus leitores/as a responderem à seguinte questão: qual o perfil de um Parceiro-Investidor Ideal (PII)?
Com a i) Zona de Livre-Comércio Continental Africana (ZCLCA) transformando o panorama económico do continente; ii) a abundância de recursos naturais; iii) o compromisso político com o crescimento e desenvolvimento, Moçambique encontra-se numa posição privilegiada para se ligar a um mercado de 1 bilião de almas, atrair investimento directo estrangeiro (IDE) e expandir as suas exportações.
No entanto, para garantir que essa oportunidade seja aproveitada ao máximo, a escolha do(s) Parceiro-Investidor Ideal (PII) é fundamental: muito mais do que um financiador, o PII deverá trazer expertise, ligações estratégicas e uma visão de longo prazo, elementos essenciais para o sucesso de qualquer empreendimento.
Mas como identificar esse Parceiro-Investidor Ideal (PII) e quais são os riscos de escolher um parceiro errado?
Exploremos juntos as principais dimensões práticas que, na minha opinião, têm de fazer parte do check-list para a escolha do(s) seu PII.
Complementarmente, sugiro a leitura de um artigo que escrevi nesta coluna: “Parcerias Nascidas no CEO” .
1. Capacidade de Investimento: Garantir o Fôlego Financeiro
O PII deve ter uma capacidade financeira sólida e estar apto a realizar
Existe um Per l de Parceiro-Investidor Ideal?
aportes iniciais e futuros. Analise as demonstrações financeiras, avalie a liquidez e solvência, o histórico de pagamentos, o rating de crédito, a capacidade de geração de caixa, o nível de endividamento e a performance de investimentos anteriores. Tais actividades são absolutamente mandatórias na escolha de um PII. Participar em conferências e exposições internacionais como a GASTECH, a MINExpo International ou o Africa In-
Participar em Câmaras de Comércio e em missões comerciais são grandes oportunidades para encontrar investidores com ligações internacionais
vestment Forum são óptimas maneiras de se ligar a investidores que têm esse perfil. Por outro lado, um parceiro com baixa capacidade financeira pode paralisar o projecto, antes mesmo deste começar. No agro-negócio, por exemplo, a falta de recursos pode comprometer colheitas, exportações e a competitividade internacional.
2. Perfil de Risco: Ousadia Calculada Investir em Moçambique, um mercado emergente, requer um PII que tenha apetite por risco. Analise os investimentos feitos pelo potencial parceiro em startups, tecnologias emergentes ou como se comportou duran-
te períodos de volatilidade do mercado, se utiliza opções, futuros e outros derivativos e os objectivos de investimento: metas de alto retorno geralmente vêm acompanhadas de maior risco.
Bancos de Desenvolvimento e redes de capital de risco, como o African Venture Capital Association (AVCA), são excelentes fontes de investidores com essa tolerância.
Por outro lado, um parceiro com aversão ao risco pode deixar de tomar decisões ousadas, minando a capacidade de expansão do negócio.
3. Experiência em Sectores-Chave: Know-How Pronto para Uso A experiência do investidor no sector em questão é um activo inestimável. Participar em eventos como o Africa Energy Forum (energia), GASTECH (gás natural), MINExpo International (mineração) ou a Africa Agri Investment Indaba (agro-negócio) é fundamental para encontrar parceiros com o know-how necessário.
No entanto, investidores sem esse conhecimento correm o risco de tomar decisões equivocadas que podem prejudicar operações logísticas, como, por exemplo, no turismo, ou comprometer a cadeia de suprimentos, como no agro-negócio.
4. Ligações Internacionais: Abrindo Portas para o Mundo
A capacidade de abrir portas em mercados internacionais é uma vantagem competitiva essencial. Câmaras de Comércio, e participar em missões comerciais (como foi o meu caso recente na GASTECH e na MINExpo Internacional) são grandes oportunidades para encontrar investidores com essas ligações globais.
No entanto, um investidor sem uma rede internacional pode limitar o crescimento do negócio e reduziropotencial de exportação, especialmente em sectores como o dos combustíveis minerais (carvão e gás natural).
Identificar o parceiro ideal é uma ferramenta fundamental para o sucesso dos negócios
5. Sustentabilidade e Responsabilidade Social: Valorizando o Futuro Hoje, a sustentabilidade é uma prioridade global. Investidores comprometidos com práticas ambientalmente responsáveis podem ser encontrados em redes de impacto, como a Global Impact Investing Network (GIIN), ou em conferências de Environmental, Social, and Governance (ESG). Por outro lado, a falta desse compromisso pode prejudicar a reputação do projecto e atrair resistência de comunidades locais, grupos ambientalistas e regulador ambiental.
6. Inovação e Tecnologia: Mantendo-se à Frente
Num mundo cada vez mais digital, a inovação é chave para manter a competitividade. Eventos como a Web Summit ou a Africa Tech Summit são ideais para encontrar investidores focados em tecnologia. Por outro lado, um parceiro que não prioriza a inovação pode deixar o negócio tecnologicamente obsoleto, comprometendo o crescimento.
7. Governança Corporativa: Transparência e Confiança
A governança sólida é essencial para garantir a confiança dos stakeholders e o cumprimento das regulamentações. Investidores com histórico de boas práticas podem ser encontrados em fóruns de Compliance ou em organizações como a International Finance Corporation (IFC).
Por outro lado, a falta de boa governança pode comprometer a imagem do projecto, resultando em perda de credibilidade e dificuldades em operar de maneira ética.
8. Visão de Longo Prazo: Crescimento Sustentável
A visão de longo prazo, comprovada através do histórico dos investimentos anteriores do potencial parceiro, da análise da estratégia de investimentos (observe-se a prevalência de objectivos de longo prazo) e dos investimentos em sectores emergentes são essenciais, especialmente em sectores como energia renovável, agro-negócio e turismo. Investidores com esse perfil costumam ser encontrados em fundos de pensões e bancos de desenvolvimento.
Por outro lado, já um parceiro que procuralucrosrápidos pode sacrificar a sustentabilidade do projecto, comprometendo a sua expansão futura.
9. Financiamento Externo: Mobilizando Capital
Projectos de grande escala, como os de infra-estrutura, exigem grandes volumes de financiamento. Investidores que podem atrair capital externo são encontrados em bancos multilaterais, tais como o Banco Mundial, Banco Asiático de Desenvolvimento e Banco Europeu para a Reconstrução e Desenvolvimento. Por outro lado, a falta dessa capacidade limita definitivamente o arran-
que e/ou crescimento do projecto. 10. Reputação e Credibilidade: Confiança é Tudo
A reputação de um investidor é uma ferramenta poderosa. Neste contexto, analise o histórico de investimentos do investidor, peça referências e testemunhos de clientes anteriores, participe em conferências de negócios globais e em fóruns de investidores, de modo que se ligue a parceiros com alta credibilidade.
Por outro lado, um investidor com má reputação pode prejudicar acordos futuros e limitar o acesso a mercados essenciais.
Conclusão: O Parceiro-Investidor Ideal em Moçambique
Uma boa parceria vai muito além do dinheiro.
O perfil do Parceiro-Investidor Ideal (PII) é aquele que combina capital, expertise, ligações internacionais e uma visão alinhada com o crescimento sustentável. Ele compreende as complexidades dos mercados emergentes, valoriza a sustentabilidade e tem a capacidade de colaborar com outros stakeholders. Acima de tudo, esse parceiro traz uma visão de longo prazo, apoiando o crescimento contínuo, crucial em sectores como o agro-negócio, energia, turismo e tecnologia.
Com o parceiro certo, os empreendedores moçambicanos podem transformar as suas ideias em negócios de sucesso, ampliando a sua presença internacional e garantindo que Moçambique se torne uma força competitiva no cenário global e, particularmente, na nova Zona de Livre-Comércio Continental Africana (ZCLCA) .
Encontrar esse Parceiro-Investidor Ideal exige estratégia e preparação prática (veja as dez dimensões do check-list que proponho neste artigo), mas os benefícios de uma boa escolha reverberam por anos, impulsionando o desenvolvimento económico e social do País.
1 Moçambique é membro da Zona de Comércio Livre Continental Africana. O Conselho de Ministros aprovou a Resolução sobre a Oferta Tarifária de Moçambique e a Estratégia Nacional para a Implementação do Acordo que cria a Zona de Comércio Livre Continental Africana. As deliberações foram anunciadas em comunicado, no nal da 24.ª sessão do Conselho de Ministros, realizada no dia 6 de Agosto de 2024, em Maputo.
2 Conferir em https://www.diarioeconomico.co.mz/2020/12/ 30/opiniao/parcerias-nascidas-no-ceo/
3 Exemplos de Bancos de Desenvolvimento com muito apetite por projectos em África: Banco Africano de Desenvolvimento (BAD); Banco Mundial; Banco Europeu de Investimento (BEI); Banco Islâmico de Desenvolvimento; Agência Francesa de Desenvolvimento (AFD).
Transparência
Fiscal: Moçambique Ainda Não Cumpre os Mínimos
O País chumbou, mais uma vez, no exame anual à transparência scal elaborado pelo Departamento de Estado dos EUA. A boa notícia é que o relatório assinala progressos signi cativos, algo que só havia acontecido por duas vezes, nos últimos oito anos
Texto Jaime Fidalgo • Fotografia D.R.
O“Relatório de Transparência Fiscal”, elaborado pelo Departamento de Estado dos Estados Unidos (EUA), faz uma revisão anual da transparência scal de cada governo, de forma que determine a elegibilidade para receber assistência nanceira. A análise incide sobre a informação orçamental, que inclui a proposta de Orçamento do Estado (OE), a versão aprovada e o relatório de execução, bem como, quando relevante, os contratos de exploração de recursos naturais.
Os analistas utilizam três critérios de avaliação principais: a acessibilidade da informação orçamental (quando é publicada e como pode ser consultada), a qualidade dos dados (por exemplo, se existe informação detalhada sobre as receitas - por fonte e tipo - e das despesas por Ministério) e a abilidade das demonstrações nanceiras (se respeitam normas internacionalmente e se são auditadas por entidades independentes). Por m, existe um quarto critério, muito relevante para Moçambique, relativo à transparência da contratação e licenciamento da extracção de recursos naturais.
África do Sul ascendeu ao grupo dos cumpridores
Em função da análise destes quatro critérios, o relatório classi ca os países entre os que cumprem ou não os requisitos mínimos de transparência scal. Dentro do grupo dos não cumpridores, é ainda indicado quais é que zeram progressos signi cativos face ao ano anterior. Na edição de 2024, o relatório conclui que, dos 140 países analisados, mais de metade dos governos (72) cumprem as exigências mínimas de transparência, ao passo que 68 não atendem a tais requisitos. Nestes que não superaram a fasquia, apenas um terço dos países (24, entre os quais Moçambique) progrediram. São números quase similares aos do relatório de 2023.
No que se refere aos países africanos, dos 51 avaliados (a Guiné Equatorial não faz parte desta listagem), há 14 que respeitam os critérios mínimos de transparência. A novidade, face ao ano passado, é a entrada da África do Sul neste grupo de que fazem parte o Botsuana, Burquina Faso, Cabo Verde, Costa do Mar m, Gana, Quénia, Marrocos, Namíbia, Nigéria, Seicheles, Togo, Tunísia e Uganda. Entre os 37 países incumpridores, existem apenas 12 que melho-
Na qualidade e fiabilidade dos dados, o relatório elogia o Governo por ter eliminado as contas extra orçamentais, que foram submetidas a uma auditoria e supervisão adequadas
raram a qualidade dos procedimentos: Angola, Burundi, República Centro Africana, RDC, Congo, Djibouti, Egipto, Essuatíni, Libéria, Mauritânia, Moçambique e Tanzânia.
A presença de Moçambique no lote dos países “menos transparentes” não é uma novidade: o País recebe esta classicação desde o primeiro relatório, em 2017. A boa notícia é que esta foi a terceira vez que o Departamento de Estado dos EUA reconheceu a existência de progressos signi cativos (as outras foram em 2021 e 2022).
Onde Moçambique é mais (e menos) transparente
Os analistas consideram que o Governo cumpriu no critério da acessibilidade da informação, uma vez que publicou a proposta de Orçamento do Estado, o orçamento promulgado e o relatório de m de ano online, num prazo razoável. Paralelamente, também disponibilizou informações sobre as obrigações de dívida pública (incluindo as principais dí-
TRANSPARÊNCIA FISCAL EM ÁFRICA
Segundo o Relatório de Transparência Fiscal de 2024, existem apenas 14 países africanos, entre os 41 (*) analisados, que cumprem os requisitos mínimos de transparência. Moçambique está no grupo dos incumpridores, embora tenha feito progressos signi cativos no último ano
Países que cumprem os requisitos mínimos de transparência scal
África do Sul, Botsuana, Burquina Faso, Cabo Verde, Costa do Mar m, Gana, Quénia, Maurícias, Marrocos, Namíbia, Nigéria, Togo, Tonga, Tunísia
Países que não cumprem os requisitos mínimos de transparência scal, mas zeram progressos signi cativos no último ano
Angola, Burundi, República Centro Africana, RDC, Congo, Djibouti, Egipto, Essuatíni, Libéria, Mauritânia, Moçambique, Tanzânia
Países que não cumprem os requisitos mínimos de transparência scal e não zeram progressos signi cativos no último ano
vidas do sector empresarial do Estado) e sobre a adjudicação de contratos de exploração de recursos naturais.
Na qualidade e abilidade dos dados, o relatório elogia o Governo por ter eliminado as contas extra orçamentais (que foram submetidas a uma auditoria e supervisão adequadas), e por ter fornecido um quadro jurídico sólido para o novo fundo soberano do País. Além disso, no que se refere às partes do orçamento que estavam razoavelmente completas, o relatório considera que as informações tinham um nível de abilidade satisfatório.
No capítulo da supervisão, os analistas consideram que as instituições superiores de controlo cumpriram as normas internacionais de independência e não só auditaram a totalidade do orçamento anual executado, como incluíram considerações substanciais nos seus relatórios. Acrescentam que o Governo parece ter seguido os procedimentos recomendados para a adjudicação de contratos e licenças de exploração de recursos naturais, designadamente ao especi cá-los, por lei ou regulamento.
Pela negativa, os especialistas salientam sobretudo dois pontos. Por um lado, os documentos orçamentais pecam por não detalhar todas as dotações e receitas das empresas públicas e por não discri-
CINCO RECOMENDAÇÕES PARA MELHORAR OS ORÇAMENTOS
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Assegurar que incluem informação detalhada sobre as receitas e despesas das empresas públicas;
Publicar os gastos de apoio aos gabinetes executivos;
Garantir que as receitas e despesas efectivas correspondem às do orçamento promulgado;
Sujeitar os orçamentos militares e/ou dos serviços de informação ao controlo parlamentar ou civil;
Preparar os documentos orçamentais de acordo com princípios internacionalmente aceites.
minarem as despesas de apoio aos gabinetes executivos. Por outro, por não terem sido elaborados de acordo com os princípios internacionalmente aceites, o que impede obter demonstrações nanceiras coerentes e comparáveis com outros países.
O relatório acrescenta ainda que, no ano passado, Moçambique foi um dos países africanos bene ciários (além de Argélia, Angola, RDC, Libéria, Líbia, Mauritânia e Serra Leoa) do Fiscal Transparency Innovation Fund, no valor de 7 milhões de dólares, que visa auxiliar governos a elaborar documentos orçamentais mais áveis, participados e transparentes.
A nível dos Países Africanos de Língua O cial Portuguesa (PALOP), verica-se uma variação de desempenho quanto à transparência scal. Por exemplo, São Tomé e Príncipe foi o que mais críticas recebeu no relatório que acusa o Governo de não publicar a sua proposta orçamental online.
Em relação à Angola, o Departamento de Estado disse que o país tinha efectuado progressos signi cativos ao publicar rendimentos e gastos em documentos orçamentais tornados públicos, embora não tivesse incluído em detalhe alocações, rendimentos e informação de dívidas das empresas públicas.
Obranqueamento de capitais é uma preocupação global que afecta os países em todo o mundo, incluindo Moçambique. Na sociedade moçambicana, o branqueamento de capitais é um desafio particularmente relevante devido a vários factores, como o desenvolvimento económico, a presença de recursos naturais valiosos e a sua posição estratégica na costa do oceano Índico, que pode facilitar o comércio internacional e, consequentemente, as actividades de lavagem de dinheiro.
Várias correntes teóricas têm sido veiculadas sobre o tema e sobre o seu conceito, cada uma delas com os seus próprios autores e perspectivas. Embora não exista uma classificação universalmente esgotada das "correntes" que definem o branqueamento de capitais, podem identificar-se algumas abordagens ou nuances principais que influenciam a compreensão e a legislação sobre o tema no mundo moderno: abordagem Económica, abordagem Jurídica, abordagem Criminológica, abordagem Sociológica, abordagem de Políticas Públicas, abordagem Interdisciplinar a abordagem Pragmática.
Cada uma dessas correntes contribui para uma compreensão mais rica do branqueamento de capitais, destacando diferentes aspectos do problema e sugerindo diversas estratégias para combatê-lo. A combinação destas perspectivas é crucial para desenvolver políticas eficazes e sistemas de prevenção robustos contra o branqueamento de capitais.
Apesar da diversidade dos prismas em que se aborda o tema, há uma convergência no sentido de olhar o branqueamento de capitais como um problema global que afecta não apenas o sector financeiro, mas também diversas outras áreas da economia. No caso de Moçambique, o branqueamento de capitais representa um desafio ainda mais significativo, afectando negativamente a economia e a sociedade. Ao nível da economia, causa distorções no
Branqueamento de Capitais, Sua Manifestação e Metamorfoses: Desa os Para o seu Combate
mercado, inflacciona o custo de activos e propriedades e mina a estabilidade do sistema financeiro, o que, por sua vez, pode prejudicar a confiança dos investidores e impedir o crescimento económico. Socialmente, este fenómeno está frequentemente associado a actividades criminosas como os raptos, o crescente tráfico de drogas, o terrorismo em Cabo Delgado e a galopante corrupção, comprometendo a segurança e o bem-estar dos cidadãos do país.
O que é , afinal, o branqueamento de capitais?
Uma definição usualmente aceite do branqueamento de capitais refere-se a este fe-
O branqueamento de capitais manifesta-se de diversas formas para explorar vulnerabilidades
nómeno social como sendo o processo pelo qual criminosos disfarçam a origem ilícita de fundos, fazendo-os parecer legítimos. Este processo geralmente envolve três etapas: colocação, estratificação e integração, onde a colocação se refere à introdução de fundos ilícitos no sistema financeiro, a estratificação é o processo de ocultar a origem dos fundos através de uma série de transacções complexas e, por fim, a integração que é a etapa onde os fundos são reintroduzidos na economia como se fossem de origem lícita.
Formas de manifestação
do branqueamento de capitais O branqueamento de capitais é um desafio complexo e multifacetado que requer uma resposta coordenada e sofisticada das autoridades, instituições financeiras e ou-
tros actores do sector privado. A identificação e o combate a estas formas de manifestação são essenciais para manter a integridade dos sistemas financeiros e económicos globais.
O branqueamento de capitais pode manifestar-se de diversas formas, adaptandose constantemente para explorar vulnerabilidades nos sistemas financeiros e regulatórios, como debatemos mais abaixo quando abordamos as suas metamorfoses. Algumas das formas mais comuns de manifestação do branqueamento de capitais incluem:
• Criação de empresas de fachada e empresas; de prateleira
• Estruturação ou "smurfing";
• Compra de activos de alto valor;
• Transferências electrónicas e bancárias;
• Casas de câmbio e serviços de remessa;
• Jogos de sorte ou azar;
• Comércio internacional;
• Investimentos em fundos e produtos financeiros;
• Criptomoedas e moedas virtuais;
• Uso de profissionais intermediários;
• Empréstimos de retorno ou "back-to-back loans";
• Troca de dinheiro e 'hawala'.
As metamorfoses do branqueamento de capitais
As "metamorfoses" do branqueamento de capitais referem-se às diversas maneiras pelas quais os métodos de lavagem de dinheiro evoluem e se adaptam em resposta às mudanças no ambiente regulatório, avanços tecnológicos e medidas de aplicação da lei para o seu combate ou prevenção.
Essas mudanças são impulsionadas pela necessidade dos criminosos de encontrarem novas formas de ocultar a origem ilícita de seus fundos e de integrá-los na economia formal sem serem detectados.
As metamorfoses do branqueamento de capitais exigem uma resposta dinâmica e proactiva das autoridades e institui-
Lucio Guente • Senior Manager | Forensics
ções financeiras, que devem constantemente actualizar as suas estratégias, ferramentas e tecnologias de detecção e prevenção para acompanhar as tácticas usadas pelos criminosos, que estão em evolução contínua à medida que evoluem as técnicas do seu combate.
Algumas das formas de metamorfoses do branqueamento de capitais incluem a adaptação às novas regulamentações, o uso de novas tecnologias, a exploração de sectores não financeiros, a diversificação de métodos, a globalização das operações, o uso de intermediários profissionais, a integração com outros crimes, o uso de moedas virtuais e privadas, a adaptação a crises globais, entre outras.
Como a EY tem contribuído na prevenção e combate
O combate ao branqueamento de capitais é uma preocupação global que exige transparência, regulamentação adequada e cooperação internacional. A falta de transparência nos sistemas financeiros e corporativos facilita a ocultação da origem de fundos ilícitos, enquanto as discrepâncias regulatórias entre diferentes jurisdições criam lacunas que podem ser exploradas. Além disso, a cooperação internacional insuficiente entre países e instituições dificulta o rastreamento e a recuperação de activos ilícitos, sublinhando a necessidade de uma abordagem coordenada para combater eficazmente a lavagem de dinheiro. A tecnologia, embora ofereça novas ferramentas para combater esse crime, como a análise de 'big data' e a inteligência artificial, também apresenta desafios, incluindo o uso de criptomoedas para movimentar fundos de maneira ilícita. Além dis-
so, a corrupção e outros crimes económicos frequentemente estão na raiz do branqueamento de capitais, exigindo esforços para combater esses crimes na sua origem.
A EY, com a sua especialização global em consultoria, auditoria, impostos e transacções, desempenha um papel crucial ao ajudar organizações a enfrentar esses desafios, promovendo conformidade regulatória, de risco e governação eficazes, implementação de tecnologias para monitorização de transacções, 'due diligence' aprimorada de clientes e treino de funcionários em práticas de prevenção do branqueamento de capitais. A EY também trabalha com as empresas para o desenvolvimento de políticas e procedimentos, definição de modelos de classificação de risco, realização de testes de eficácia de transacções, detecção de transacções suspeitas suportadas por inteligência artificial, integridade, 'due diligence', etc., medidas que ajudam a detectar e prevenir actividades suspeitas, auxiliando na manutenção da integridade do sistema financeiro global.
Em jeito de conclusão, o branqueamento de capitais é um fenómeno complexo que se manifesta de diversas formas e continua a evoluir em resposta às mudanças no ambiente regulatório, avanços tecnológicos e estratégias de aplicação da lei. A compreensão desse fenómeno é enriquecida por diversas correntes teóricas que oferecem perspectivas variadas sobre as motivações, métodos e impactos do branqueamento de capitais.
As abordagens económica, jurídica, criminológica, sociológica, de políticas públicas e interdisciplinar destacam diferentes facetas do branqueamento de capitais, desde as suas implicações económicas e até o
seu enraizamento em redes de crime organizado e a sua relação com questões de desigualdade social e governação global. A abordagem pragmática, por sua vez, fornece conhecimentos valiosos para a implementação de medidas de detecção e prevenção no dia-a-dia das instituições financeiras e outros sectores vulneráveis.
A luta contra o branqueamento de capitais exige uma resposta coordenada que integre conhecimentos e estratégias de todas essas correntes. Políticas públicas eficazes, regulamentações rigorosas, cooperação internacional e constante actualização das práticas de conformidade são essenciais para mitigar os riscos associados ao branqueamento de capitais. Além disso, a educação e a formação contínuas de profissionais envolvidos na detecção de actividades suspeitas são fundamentais para manter as organizações um passo à frente dos métodos cada vez mais sofisticados dos criminosos.
O sucesso na prevenção e combate ao branqueamento de capitais depende da capacidade das sociedades e dos governos de se adaptarem rapidamente às suas metamorfoses e de trabalharem juntos para proteger a integridade e a estabilidade dos sistemas financeiros e económicos mundiais.
Para o caso de Moçambique, o branqueamento de capitais é um problema multifacetado que tem exigido uma abordagem multifacetada para combatê-lo. A colaboração entre o Governo, o sector financeiro, a sociedade civil e a comunidade internacional têm sido essenciais para fortalecer o sistema de prevenção e garantir que Moçambique não seja visto como um local seguro para criminosos que procuram lavar dinheiro ilícito. Através de esforços contínuos e cooperação, Moçambique tem avançado na protecção da sua economia e sociedade contra as influências prejudiciais do branqueamento de capitais.
Estes esforços consubstanciam-se nas medidas que o País tem estado a tomar para se desvincular da lista cinzenta do Grupo de Acção Financeira Internacional (GAFI) e fortalecer as suas defesas contra o branqueamento de capitais. Moçambique tem vindo a tomar medidas proactivas, incluindo a actualização da legislação relevante, o reforço dos sistemas de supervisão financeira e a melhoria da cooperação entre instituições. O País está empenhado em aprimorar a capacidade das entidades financeiras para detectar e reportar actividades suspeitas, promovendo a transparência nas transacções e na propriedade corporativa. Essas acções visam atender a padrões internacionais, mas também estabelecer um ambiente económico mais seguro e confiável para o futuro de Moçambique.
A luta contra o branqueamento de capitais está entre as prioridades do Governo
especial inovações daqui
56 INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL
Jovens moçambicanos criam protótipos que prometem facilitar a vida a pessoas cegas. Conheça as invenções que tiram partido de novas tecnologias.
MALACHI PLANT IDENTIFIER PANORAMA
Uma ferramenta para identi car e orientar utilizadores sobre a preservação da biodiversidade vegetal
As notícias da inovação em Moçambique, África e no Mundo
INTELIGÊNCIA
Moçambicanos Testam Tecnologia Para Apoiar Pessoas Cegas
Pelo mundo, novas tecnologias conferem maior inclusão e autonomia. Em Moçambique, dois jovens criaram protótipos com potencial para melhorar a qualidade de vida de quem perdeu a visão
Texto Ana Mangana • Fotogra a D.R.
U
ma série de inovações, como leitores de ecrã, aplicações de reconhecimento de voz e navegação, tem sido desenvolvida em todo o mundo para melhorar a qualidade de vida de pessoas cegas ou amblíopes (com visão reduzida) e proporcionar maior independência e mobilidade. Os moçambicanos acabam de se juntar ao grupo de inovadores. Dois jovens decidiram aproveitar as suas competências para desenvolver protótipos de dispositivos que ajudam a detectar obstáculos que estejam próximos do utilizador.
João Rêgo Júnior, estudante de engenharia electrónica na Universidade Eduardo Mondlane e especialista em robótica, criou uns óculos inteligentes, designados Vision Hope. Yone Saranga, estudante de engenharia informática no Instituto Superior de Ciências e Tecnologia de Moçambique (ISCTEM), desenvolveu uma bracelete sensorial. Ambas as soluções tecnológicas ajudam na detecção de obstáculos através de sensores que alertam o utilizador de maneira discreta e eficiente, oferecendo uma nova perspectiva de independência e mobilidade para milhares de pessoas com cegueira em todo o País.
Vision Hope
Com capacidade de identificar e detectar obstáculos num ângulo de 100 graus, os óculos Vision Hope cobrem, segundo João Rêgo, uma boa parte da visão humana. Cinco sensores na posição de cada olho são responsáveis por analisar o ambiente em redor, perceber a distância e a velocidade do obstáculo, dando uma indicação rápida através de vibrações. Quando houver um objecto por perto, o lado correspondente dos óculos começa a mexer. Se estiver ao centro, ambos os lados vibram. De acordo com João Rêgo, a vibração não ocorre instantaneamente - varia conforme o ambiente. “Se houver plantas ou lençóis em movimento, o sistema verifica se o objecto representa perigo ou não. Por exemplo, caso o sensor identifique um lençol que aparece e desaparece do seu raio de detecção, realiza cálculos rápidos para determinar se há necessidade de avisar o utilizador. Além disso, a intensidade da vibração aumenta conforme o objecto se aproxima”, esclareceu. Os óculos Vision Hope contam com uma bateria externa e portátil com cinco horas de autonomia.
Melhorias em perspectiva João Rêgo revelou à E&M que pretende desenvolver integrar um sistema GPS,
O inventor anseia por ter acesso a uma impressora 3D, para “fazer modelagem e encaixar tudo perfeitamente”
nos óculos, controlado por telemóvel, permitindo saber a localização dos óculos e o nível de bateria. “Um familiar poderá monitorizar o utilizador”, referiu. Também será possível “evitar que a bateria seja gasta desnecessariamente, desligando os sensores automaticamente quando não houver necessidade de uso”. Outra melhoria prevista consiste em revestir a bolsa dos óculos com painéis solares flexíveis para aumentar a autonomia da bateria.
Os óculos têm um peso de cerca de 300 gramas, o que representa uma evolução comparativamente à primeira geração, que pesava cerca de 500 gramas. “Ainda estão um pouco pesados, mas já a um nível aceitável. Com os óculos da primeira geração, eu só os aguentava, no máximo, durante uma hora. Depois, começava a sentir incómodo. Era um peso muito grande. Com estes, sinto-me mais confortável”, afirma.
Bracelete sensorial
A pulseira sensorial desenvolvida por Yone Saranga foi inspirada por um caso real que diz ter presenciado quando ia a caminho da escola. “Criei uma bracelete sensorial como forma de integrar as pessoas com deficiência visual e permitir que estejam seguras, sobretudo ao
ção do equipamento. “A bateria é recarregável” com um carregador de telemóvel em duas horas”, explicou Yone Saranga. Já os Vision Hope foram desenvolvidos com base em óculos de protecção solar antigos, algumas peças para fixação de sensores, fios e cola. “Usei basicamente material reciclado”, referiu João Rêgo. Os óculos têm um aspecto “pouco profissional”. O inventor anseia por ter acesso a uma impressora 3D, para “fazer modelagem e encaixar tudo perfeitamente”.
“Existem impressoras 3D que permitem a utilização de filamentos, mas o grande desafio, aqui em Moçambique, é encontrar esses filamentos. Uma alternativa que eu estou a considerar é a conversão de garrafas de plástico em filamentos para impressão. O processo envolve um método específico de corte, em que a garrafa é dividida em argolas, semelhantes a fatias de laranja”. Esses elementos serão aquecidos e transformados em filamentos, que podem ser utilizados nas impressoras 3D.
Inclusão social
Ambas as inovações foram desenvolvidas com o objectivo de promover a inclusão através do uso de tecnologias. “Nalguns países, há cirurgias que envol-
Ao identificar obstáculos, a pulseira emite alertas vibratórios ou sonoros, dando informação imediata ao utilizador
caminhar, sabendo o que está à frente delas”, explicou Yone Saranga à E&M. Ao identificar um obstáculo, a pulseira emite alertas vibratórios ou sonoros, de intensidade variável, dando informação imediata ao utilizador. São alertas intuitivos, fáceis de memorizar e entender, ou seja, o dispositivo apita ou vibra, dependendodaproximidadedoobstáculo,oque permite que os utilizadores ajustem a sua rota com mais confiança e independência durante as suas actividades diárias. Yone pretende ainda desenvolver funcionalidades de voz, em que é possível o dispositivo descrever o ambiente envolvente.
Inovação e sustentabilidade
Um dos aspectos a destacar sobre ambos os dispositivos é o facto de serem produzidos com base em materiais reciclados, o que os torna amigos do ambiente. A bracelete sensorial foi desenvolvida com base num relógio antigo, sensores e uma pequena bateria, que é a fonte de alimenta-
vem a inserção de um microchip no cérebro, especificamente na área responsável pela visão”, referiu João Rêgo. “Esse processador recolhe informação do ambiente em redor. Ou seja, os utilizadores têm os seus olhos substituídos por dispositivos electrónicos que transmitem dados directamente para o cérebro”. A tecnologia é promissora, mas invasiva, acrescentou, para destacar uma das vantagens dos óculos: a sua versatilidade de utilização. “Imagine-se, por exemplo, óculos de realidade virtual adaptados para pessoas cegas. Além de serem mais sofisticados, podem melhorar significativamente a qualidade de vida dos utilizadores” explicou João Rêgo. O inventor destacou o exemplo dos Estados Unidos, onde já existem óculos inteligentes que integram tecnologias como o ChatGPT. “A ideia é que possamos adaptar essas tecnologias para a realidade moçambicana, tornando-as acessíveis”, concluiu.
MALACHI PLANT IDENTIFIER
Que Planta é Esta? Eis a ‘App’ Que Responde e Aconselha
Conhecer o nome popular, o nome cientí co e outras informações de plantas pode ser de uma grande utilidade - além de estimular a preservação de espécies
Com o avanço de tecnologias capazes de se alinhar com a conservação ambiental, surge a primeira aplicação móvel de identificação de plantas desenvolvida em Moçambique, país com enorme biodiversidade vegetal. Chama-se Malachi Plant Identifier e é uma ‘app’ desenvolvida por uma equipa de engenheiros informáticos em conjunto com uma profissional de jardinagem. É uma ferramenta que esclarece dúvidas do dia-a-dia, quando nos cruzamos com a natureza, mas que também facilita o estudo da botânica e aproxima qualquer pessoa do meio natural em redor. Através de simples fotografias, o programa identifica espécies, fornecendo informações detalhadas sobre a sua origem, habitat, características e usos tradicionais. Como é que tudo isto se processa?
Funcionalidades
O utilizador pode ‘puxar’ uma fotografia da Internet, gravá-la na galeria de imagens (para usar mais tarde) ou tirar uma fotografia em tempo real. Ao colocá-la no Malachi Plant Identifier, a ‘app’ mostra o nome científico da planta, o nome comum e dá uma descrição sobre a origem e as características. Indica também de que cuidados a planta precisa para estar saudável. Com recurso a Inteligência Artificial, o programa reconhe-
Texto Ana Mangana • Fotogra a D.R.
ce imagens de plantas e pode fazer diagnósticos, detectar doenças e fungos e sugerir métodos de tratamento.
“Este aplicativo veio ajudar pessoas apaixonadas por plantas e profissionais de jardinagem. Notei que há muita dificuldade em identificar nomes de plantas e suas necessidades, como luminosidade, por exemplo, entre outros aspectos”, explicou Ana Belmonte, jardineira e uma das integrantes da equipa que criou o Malachi Plant Identifier. A empreendedora revelou à E&M que a sua paixão pela natureza a levou a abandonar a carreira de Recursos Humanos, seguindo o sonho de trabalhar com plantas. Hoje, Ana Belmonte é proprietária da empresa de jardinagem Malachi Garden.
Vander Mohamed, engenheiro de software e membro do projecto, explica que a ideia surgiu num momento em que a sua equipa já se encontrava a desenvolver trabalhos ligados à IA. “A primeira ideia era desenvolver algo que não tivesse qualquer relação com plantas, mas a Ana perguntou se era possível criar algo que as reconhecesse assim como a sua origem. Foi aí que nasceu este aplicativo”.
Condições de acesso
A ‘app’ está em versão beta para IOS –disponível através do serviço Test Flight – e o acesso prevê um custo para o utilizador. “Para aqueles que real-
Com recurso a Inteligência Artificial, o programa reconhece imagens de plantas e pode fazer diagnósticos, detectar doenças e fungos e sugerir métodos de tratamento
mente amam plantas e trabalham com as mesmas, acredito que este será um grande presente. Vai facilitar o seu trabalho e garantir que há plantas saudáveis neste mercado. Acreditamos que este aplicativo poderá vir a ser reconhecido internacionalmente pelo valor que representa para a natureza”, afirmou Ana Belmonte.
O lançamento mostra como pode haver ideias no sentido da integração de tecnologia com a preservação ambiental no País. Experiências similares já foram desenvolvidasnoutrasgeografias.Porexemplo, no Brasil, em 2023, uma equipa de seis investigadores da Universidade de São Paulo publicou um guia que apresenta imagens e orientações de campo para o reconhecimento de 162 espécies de plantas nativas de 50 famílias botânicas diferentes. As características e atributos descritos no guia podem ser observados a olho nu ou com o auxílio de uma lupa.
Proprietária da Malachi Garden
Empresa Malachi
Garden
App: Malachi
Criação 2024
Sector Natureza, conservação vegetal
ANA BELMONTE
Tecnologia
HealthTech Moçambicano projecta pulseira para detectar AVC
Chama-se Daudo António Costa, é estudante do curso de Engenharia Electrónica da Universidade Pedagógica de Maputo, e projecta construir uma pulseira inteligente capaz de detectar um acidente vascular cerebral (AVC).
A emergência médica atinge pelo menos 17 milhões de pessoas no mundo, por ano, sendo crescente na cidade de Maputo, onde os hospitais chegam a registar dez ocorrências por dia.
Daudo avança que a pulseira está desenhada para, através dos sinais vitais, alertar para a probabilida-
Moçambique está entre os países com fraca informatização dos serviços públicos
Moçambique está fora da lista global dos 100 países com boa governação electrónica, que conta com apenas cinco países africanos. Trata-se de uma classificação que avalia a capacidade de os governos adoptarem tecnologias de informação e comunicação com vista à melhoria dos serviços públicos, um levantamento realizado pelo Departamento de Assuntos Económicos e Sociais do Secretariado-Geral da ONU.
O relatório destaca avanços significativos em governação digital, a nível glo-
bal, impulsionados por investimentos em infra-estruturas resilientes e tecnologias de ponta, como a Inteligência Artificial e a computação em nuvem. Em África, a vizinha África do Sul aparece como líder, ocupando o 40.º lugar. Além deste, mais quatro países africanos integram o ‘top 100’: Ilhas Maurícias, na 76.ª posição, Tunísia (87.ª), Marrocos (90.ª) e Egipto, em 95.º lugar. Noutros cantos do mundo, entre os líderes estão os Estados Unidos da América, Singapura, Dinamarca e Austrália.
Sustentabilidade Investigadores americanos criam tijolos de vidro reciclado
Uma equipa de investigadores do Massachusetts Institute of Technology (MIT) anunciou a criação de tijolos feitos de vidro reciclado, destinados a combater a poluição da construção, responsável por 37% das emissões globais de carbono. A inovação, que utiliza garrafas de vidro
trituradas e derretidas, oferece uma alternativa sustentável aos materiais tradicionais. São tijolos de vidro impressos em 3D, fortes como o betão e que se encaixam como peças de lego. São feitos através da fusão de garrafas de vidro, esmagadas num forno, transformando-as num material fundido que pode ser moldado.
Os tijolos têm pinos redondos nas extremidades, que permitem que sejam ligados e empilhados facilmente.
A utilização do vidro como material de construção pode parecer contra-intuitiva, uma vez que o vidro racha, tipicamente, sob pressão, mas os investigadores acreditam que estes tijolos podem ser um factor de mudança. Uma das principais vantagens é a de servirem os princípios da economia circular, que se centra na reutilização e reaproveitamento de materiais para minimizar a emissão de gases com efeito de estufa.
de de um AVC. “Geralmente, as pessoas com essa doença [hipertensão] ficam à mercê da sua sorte, e a lotação nos hospitais não ajuda”. Ou seja, ter um alerta precoce para si próprio ou familiares “ajudaria bastante”, uma ideia que diz ter sido reforçada por especialistas médicos.
O projecto está orçado em 500 mil meticais para a construção do primeiro protótipo. “Precisamos de pequenos componentes que, associados, vão fazer a monitorização e diagnóstico”, explica.
Inteligência Arti cial Adobe cria solução para veri car a autenticidade de conteúdos digitais
A multinacional norte-americana de software informático Adobe lançou uma nova aplicação ‘web’ denominada “Autenticidade de Conteúdo”, concebida para dar aos criadores uma ferramenta gratuita para anexar credenciais de conteúdo às suas obras digitais.
Esta inovação tem como objectivo proteger os conteúdos criativos face à utilização não autorizada, e garantir que os criadores são devidamente creditados pelo seu trabalho.
As credenciais de conteúdo funcionam como um “rótulo nutricional” digital para o conteúdo online, incorporando metadados seguros que detalham informações sobre o criador e as origens do trabalho.
A empresa sublinhou que esta iniciativa não se destina apenas a proteger o trabalho dos criadores, mas também a aumentar a transparência. Permite ao público aprofundar os conteúdos que encontra na Internet e estabelecer contactos com os criadores através das suas plataformas digitais.
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ESCAPE
Matobo
Uma visita às cúpulas de granito de Matobo
GOURMET
“Xibutxana”
A nova tendência do churrasco em Maputo
ADEGA
Vinho de banana
Uma estratéga artesanal que resultou em boa bebida
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EMPREENDEDORA
Joni Swalbach
Quando a música se torna o centro da vida de alguém
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AGENDA
Novembro 2024
Todos os eventos globais que não pode perder
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VOLANTE
AMG GT 63O
A nova versão da Mercedes com um design de Fórmula 1
A cratera de Ngorongoro, Tanzânia
O Parque Nacional de Matobo fica 35 quilómetros a sul de Bulawayo e é paisagem de interesse geológico.
De viagem por Matobo:
MATOBO”, que significa “terra dos carecas”, é o nome atribuído a um parque no Zimbabué, numa alusão aos topos de granito abobadados que emergem do solo. Mais do que um destino turístico de eleição, Matobo é um local de história cultural e geológica contada através da sua beleza natural. A paisagem foi formada há cerca de dois mil milhões de anos, a sul do local onde hoje está a segunda maior cidade do Zimbabué, Bulawayo. O parque é pontuado por ‘kopjes’ (pequenas colinas isoladas), vales cobertos de árvores e rochedos abobadados de granito. É como um mar de colinas, recheado com estes elementos.
As colinas de Matobo têm um grande significado religioso e cultural para os povos Mwali e Lozwi, que sempre ali viveram. Segundo o portal ‘See Africa Today’, tra-
à Descoberta do
Coração Granítico do Zimbabué
ta-se de uma região sagrada onde sempre se realizaram cerimónias religiosas tradicionais, em adoração às formações rochosas.
A topografia granítica é uma enorme atracção turística, para além da diversidade de vida selvagem que se avista no parque. Os ‘kopjes’ intercalados resistiram à erosão, abrigando um ecossistema diversificado. Nestas rochas encontra-se ainda uma colecção de arte rupestre que dá pistas sobre os primórdios da humanidade e o desenvolvimento da nossa espécie.
Os animais de Matobo Os rinocerontes brancos e pretos, em vias de extinção, são uma das atracções da vi-
da selvagem no Parque Nacional de Matobo. Este é um dos poucos locais em África onde a espécie se reproduz com sucesso e prospera. Outros animais selvagens incluem leopardos, hienas, macacos, hipopótamos, crocodilos, chitas, palancas negras e elefantes.
Integrado na lista de Património Mundial da Unesco, a biodiversidade do parque suporta ainda uma rica população de aves. As águias negras, em particular, dominam este ecossistema e impressionam os turistas com as suas capacidades de caça e força.
Nascimento das rochas As formações rochosas de Matobo surgiram há cerca de dois mil milhões de anos, quando o magma subterrâneo se solidificou, formando granito. Ao longo de milénios, a erosão desgastou as camadas superiores da crosta terrestre, expondo esse granito.
A acção de ventos, chuvas e movimentos tectónicos contribuiu para a abrasão e para o levantamento das rochas, criando as colinas e rochedos de formas dramáticas que hoje conhecemos. A química também desempenhou um papel importante, esculpindo as rochas e criando as superfícies arredondadas.
Como chegar?
O transporte rodoviário é a única forma de chegar ao Parque Nacional de Matobo a partir de Bulawayo: uma viagem de carro demora 30 a 40 minutos.
Se quer fazer um safari, há pacotes disponíveis junto de operadores turísticos na cidade.
Texto Ana Mangana
Vista do “Kopje da Mãe e do Filho”, um a oramento rochoso nas colinas de Matobo
A topogra a granítica é uma enorme atracção turística, além da diversidade de vida selvagem que se avista no parque. Os ‘kopjes’ intercalados resistiram à erosão, abrigando um ecossistema diversi cado
Dois grandes rinocerontes a pastar a erva no Zimbabué no Parque Nacional de Matobo
Big Cave Camp no Parque Nacional de Matobo, Zimbabué
Aves aquáticas no Parque Nacional de Matobo
Os clientes chegam ao lugar, pedem a quantidade de carne que desejam, que é cortada com a “catanita”. Posteriormente, é temperada a gosto e assada na hora, sobre brasas.
O local mais famoso na preparação de “xibutxanas” é o Bairro de Inhagoia, arredores da cidade capital
UMA NOVA TENDÊNCIA DE CHURRASCO está a popularizar-se em Maputo, sobretudo entre os jovens: é a “xibutxana”. O nome vem da língua xichangana, falada no sul do País, e numa tradução literal signi caria “pequena catana”. O nome inusitado para a área da restauração deriva do instrumento usado para cortar a carne: a “catanita”.
É difícil de nir quando é que esta moda começou, mas a xibutxana já ganhou tantos simpatizantes que se tornou num estilo de referência para quem deseja comer carne de porco. Talvez pela simplicidade que caracteriza estes lugares ou pela maneira prática como se faz.
O guião é comum: os clientes pedem a quantidade de carne que desejam, que é cortada e pesada no
Xibutxana, Uma Nova Tendência de Churrasco em Maputo
local. É temperada de acordo com o gosto do cliente e assada na hora, sobre brasas. Os clientes têm o privilégio de acompanhar cada uma destas etapas, visto que tudo é feito à sua frente, em espaços abertos.
O ambiente nos locais onde se vende e come xibutxana é outro componente característico. Ao ar livre, com a possibilidade de dispor as mesas como convier, o espaço pode ser adaptado para estar com amigos ou família. Precaução: tente controlar o apetite!
A carne de porco predomina e, a acompanhar, é frequente encontrar xima (farinha de milho), batata frita ou saladas de diferentes tipos.
Moçambique não é o primeiro país a seguir esta tendência. Em 2019, alguns jornais e revistas retrataram um cenário igual no Brasil, concretamente na cidade de São Paulo, onde restaurantes integram a brasa, no exterior, em vez de cozinhas mais elegantes, porque “sentiam falta da potência do fogo nas receitas”.
“Xibutxanas” pelo mundo
Em Moçambique e no Brasil, coloca-se a carne numa grelha, sobre as brasas, mas existem outras formas de integrar o calor e o fogo em receitas de carne. Nos Estados Unidos é comum o “pit
smoker”, uma mistura entre churrasqueira e fumeiro.
A lenha é colocada numa caixa lateral, sem contacto com as carnes, com uma entrada de ar que leva o fumo para dentro do compartimento onde a carne está colocada e onde vai defumando, lentamente, a uma temperatura de cerca de 120°C.
Na Coreia do Sul , este tipo de churrasco é feito em mesas que têm um vão, no meio, com uma grelha de ferro e um cesto de brasas, onde o próprio cliente grelha as carnes e vegetais que vai comer.
Texto Filomena Bande
GOURMET
O vinho de banana tem 13% de álcool, semelhante ao que é feito com uvas. Tem um sabor levemente doce e frutado, geralmente acompanhado por um aroma súbtil de limão e banana
Da Sobrevivência Agrícola Nasceu Um Vinho de Banana
AUVAÉUSADAPARAAPRODUÇÃODEVINHO por possuir características ideais para a fermentação, como o alto teor de açúcar, presença de taninos – além da facilidade de se adaptar a diferentes climas. Mas há outras frutas comuns na produção de bebidas alcoólicas, tais como maçã, pêra e frutos vermelhos (morango, framboesa, cereja, mirtilo e amora). E se lhe contássemos que é possível utilizar a banana para produzir um vinho?
Da adversidade à oportunidade
Em qualquer segmento do mercado surge, ao longo do tempo, a necessidade de adaptação. São alturas em que inovar é quase sempre um imperativo para sobreviver e chegar ao sucesso. Numa dessas tentativas de adaptação, no norte de Maláui, Emily Nkhana, agricultora, entrou no mercado vinícola e ganhou destaque.
Emily é produtora de banana e, durante uma onda de calor extremo (temperaturas até aos 42°), enfrentou prejuízos avultados. A banana amadureceu demasiado rápido e grandes quantidades de fruta acabaram por ser descartadas. Para resolver o problema, a agricultora juntou-se a outros produtores da região e descobriram como aproveitar a fruta que estava à beira de ir para o lixo para fazer vinho de banana.
Este grupo está habituado a contornar as adversidades meteorológicas. Por exemplo, inicialmente, cultivavam nas margens do lago Maláui, até que começaram a sofrer com as inundações. Foi então que migraram para a actual região, onde frequentemente enfrentam temperaturas muito altas.
“Na antiga propriedade, o problema eram as cheias. As bananas eram arrastadas e afundavam-se na água. Às vezes, a água era tanta que nem conseguíamos ver onde as tínhamos plantado. Aqui em cima, temos calor a mais. Isso faz com que amadureçam muito rápido “, disse Emily, em entrevista à BBC.
Como é feito o vinho?
A bebida resulta de um processo de produção muito simples: depois de descascadas, as bananas maduras são cortadas em pedaços pequenos, pesadas e misturadas com açúcar, fermento, passas, água e cobertas com limões. A mistura vai repousar durante várias semanas, para fermentar, transformando a polpa num tipo de bebida aro-
mática, contendo 13% de álcool, semelhante ao vinho feito de uvas.
A cor pode variar do amarelo-claro ao âmbar intenso, enquanto o sabor é levemente doce e frutado, geralmente acompanhado por um aroma subtil e um leve gosto de limão e banana.
Vinho muito apreciado
O processo de vini cação da banana acontece num pequeno complexo na vila de Mchenjere, e o negócio é maioritariamente desenvolvido por mulheres que cultivam bananas nos seus quintais. No nal, é vendido em mercados de todo o Maláui, sobretudo na capital, Lilongwe, e em Blantyre, a maior cidade. As produtoras têm-se organizado em cooperativas com grandes ambições: já pediram à autoridade competente do Maláui para aprovar o produto para exportação.
A produção de bebidas alcoólicas a partir da banana é o resultado natural da abundância da fruta. Em 2022, no Burundi, produziam-se cervejas e vinho. Noutros pontos do globo, como Brasil, Índia e algumas ilhas do Caribe, esta vini cação de banana também tem sido testada.
O vinho é vendido nos mercados do Maláui, sobretudo na capital, Lilongwe, e em Blantyre, a maior cidade. As produtoras tem outras ambições: já pediram certi cados para exportação
ADEGA
Texto Filomena Bande
Joni compôs a banda sonora de vários lmes.
“Fiz as trilhas dos grandes lmes de realizadores como Sol de Carvalho e Licínio de Azevedo”
JONI SWALBACH
Multifacetado: é compositor, teclista, designer de som, produtor, etnomusicólogo. Um empresário nascido em Maputo
JONI SCHWALBACH
Músico e Empresário Moçambicano
JONI SWALBACH É UM EMPRESÁRIO moçambicano com a vida enraizada na música. Faz parte de uma das bandas mais antigas e prestigiadas de Moçambique – os Ghorwane – e trabalha noutras áreas do mundo musical. À conversa com a E&M, diz que, para quem trabalha na área, um dos maiores problemas é a falta de espaços para tocar ao vivo.
A jornada no mundo musical
Joni entrou na música muito novo. Com 7 anos de idade, começou a frequentar aulas de piano e, já no ensino médio, pelos 16 anos, formou uma banda de rock com amigos, numa altura em que também passou a estudar piano de forma mais séria. Quando tinha 18 anos, passou a tocar com o então grupo RM, que tinha como integrantes músicos como Mingas, Chico António, Wazimbo, entre outros. “Estas pessoas foram a minha maior in uência musical, naquela altura”, revela Joni. Em 1993, a carreira musical tomou um novo rumo ao integrar a banda Ghorwane, uma das mais tradicionais e respeitadas de Moçambique. Em 1995, conseguiu
Quando a Música
uma bolsa para uma licenciatura em música, no Brasil, onde permaneceu até 1999. Mais tarde, em 2001, mudouse para Londres para realizar um mestrado em Etnomusicologia. Após o curso, voltou a Moçambique e foi professor na Universidade Eduardo Mondlane, mas não permaneceu no lugar por mais de dois anos. Sentiu que a sua vocação estava fora da academia.
Joni compôs as músicas da banda sonora de vários lmes moçambicanos. “Não posso dizer de todos, mas z as trilhas dos grandes lmes de realizadores como Sol de Carvalho e Licínio de Azevedo”, referiu. Na sua carreira, um dos marcos mais signi cativos foi a colaboração com o cantor (recentemente falecido) Chico António. “Levoume de um patamar de ami-
se Torna no Centro da Vida
zade, para um mundo prossional. Esse foi o meu primeiro passo. Ainda era muito novo, não tinha nem 20 anos. O segundo passo foi entrar na banda Ghorwane, uma banda gigante com uma grande projecção internacional. E foi trabalhar na banda sonora do lme ‘Comboio de Sal’ e Açúcar’, talvez o maior lme já produzido em Moçambique”.
Avanços da música moçambicana Como em qualquer área de actuação, o mundo da música apresenta desa os. Actualmente, Joni indica que o principal problema é a escassez de espaços para os artistas tocarem ao vivo. “Entre 1990 e 2000, havia muito mais oportunidades. Para as
centenas de pessoas que vivem disto, deveria haver espaços para se apresentarem diariamente. Um artista não pode viver de um único espectáculo por mês. Aqueles que realmente dependem da música enfrentam grandes di culdades”, a rma.
Apesar dos obstáculos, Joni indica que a quantidade de artistas pro ssionais aumentou muito e a qualidade melhorou drasticamente. “Hoje temos artistas que acompanham estrelas internacionais de outros países: sul-africanos, angolanos, portugueses ou cabo-verdianos. Há muito mais músicos formados e acredito que isso é essencial. Antigamente, quando eu era miúdo, não havia nenhuma escola e as pessoas aprendiam a tocar com amigos”.
Contribuições para o cenário musical
Actualmente, Joni Swalbach ocupa-se com a composição, além de trabalhos na Ekaya Produções, que ele próprio criou. Swalbach é também embaixador da música moçambicana pelo mundo. O músico participa em feiras internacionais carregando diversas produções nacionais.
A Ekaya é organizadora do Mozambique Music Meeting, um festival de música para promoção do que é feito no País, cuja última edição decorreu em 2019. O evento incorpora diversos elementos da cultura moçambicana: dança, artes plásticas, fotogra a, gastronomia e artesanato.
O evento atraiu responsáveis pelo mundo da música de vários países. Em 2018 e 2019 chegou a reunir cerca de 81 agentes musicais.
Texto Filomena Bande
Todos os eventos globais que não pode perder, desde a sustentabilidade ao desporto, incluindo as artes
O CIRCUITO RICARDO
TORMO, em Valência, Espanha, é o último palco para poder assistir ao vivo, ao derradeiro MotoGp de 2024. Entre os reis do motociclismo, estará o actual líder do campeonato, Jorge Martín, que tem demonstrado uma performance consistente ao longo da temporada, e Francesco Bagnaia, o campeão em título, entre outros.
No Cairo, Egipto, vai decorrer a Feira Comercial Intra-Africana (IATF). Com mais de 1600 expositores esperados, a feira promete ser um ponto de encontro vital
COMÉRCIO
Feira Comercial Intra-Africana (IATF) Cairo /Egipto De 9 a 15 de Novembro intrafricantradefair.com
Este evento, que promove o comércio entre os países africanos, é uma oportunidade para empresas e governos de 75 países exibirem produtos e serviços, estabelecerem parcerias comerciais e explorarem novas oportunidades de mercado. Com mais de 1600 expositores esperados, a feira promete ser um ponto de encontro vital para compradores e vendedores do continente africano.
MUNDIAL DE MOTOCICLISMO
Moto GP de Valência / Espanha
Circuito Ricardo Tormo de Cheste
De 15 a 17 de Novembro circuitricardotormo.com
É a última prova do Campeonato Mundial de Motociclismo e, por isso, a derradeira oportunidade de ver os mestres da velocidade em duas rodas. Durante os dois primeiros dias podem ser vistos, tanto os treinos livres, como os classi cativos das diferentes categorias: 125cc, Moto GP e Moto 2, que denem a grelha de partida da corrida que ocorre no domingo (17). O circuito Ricardo Tormo foi concebido seguindo as características dos circuitos americanos. Permite a visibilidade completa do traçado para todos os espectadores.
AfriCom em Cape Town e Mais um Livro de Yuval Noah Harari
para compradores e vendedores do continente, impulsionando assim o comércio intra-africano e fortalecendo as economias locais.
O AfriCom 2024 regressa à Cidade do Cabo, África do Sul. É a maior reunião de líderes e ponto de encontro para as mentes mais brilhantes do universo das telecomunicações, que irão reectir sobre as inovações em
TECH
AfricaCom
Cidade do Cabo / África do Sul
De 12 a 14 de Novembro africatechfestival.com
O AfriCom é o evento âncora do Africa Tech Festival, que regressa à Cidade do Cabo. É a maior reunião de líderes e ponto de encontro das mentes mais brilhantes do universo das telecomunicações. Os principais tópicos do AfricaCom 2024 incluem inovações em conectividade, infra-estrutura de telecomunicações e centros de dados, com um foco especial no impulsionamento de África para a era digital.
conectividade, infra-estrutura de telecomunicações e centros de dados. No mundo do streaming, destaca-se a nova mini-série brasileira da Net ix sobre o piloto de Fórmula 1 Ayrton Senna, que vai retratar a jornada de superação, desencontros, alegrias e tristezas de Ayrton (Gabriel Leone).
Texto Luís Patraquim
Novembro é Mês de MotoGP, STREAMING
Senna / Net ix 29 de Novembro
“Ayrton Senna” vai retratar a jornada de superação, desencontros, alegrias e tristezas de Ayrton (Gabriel Leone), explorando a sua personalidade e os seus relacionamentos pessoais. O ponto de partida é o início da carreira automobilística do tricampeão de Fórmula 1, quando este se muda para Inglaterra para competir na Fórmula Ford, passando pelo momento épico em que conquista a sua primeira vitória no Brasil apenas com a sexta mudança e continua até ao trágico acidente em Ímola, Itália, durante o Grande Prémio de San Marino. As icónicas narrações das corridas feitas por Galvão Bueno (Gabriel Louchard) vão desempenhar um importante papel na narrativa.
ARTES
Entre Cores e Formas, Vozes Que Celebram a Arte Moderna Moçambicana
O Centro Cultural Franco-Moçambicano (CCFM) exibe a primeira edição da exposição colectiva “Entre Cores e Formas: Pluralidade de Vozes”. Trata-se de uma colecção que reúne uma selecção de pinturas de artistas moçambicanos que fazem parte do acervo do Millennium bim.
A exposição conta com a curadoria de Jorge Dias e destaca a riqueza da produção artística de Moçambique, evidenciando a diversidade de estilos, técnicas e narrativas que caracterizam o panorama contemporâneo. Cada obra oferece uma visão única sobre as realidades e histórias que permeiam a sociedade moçambicana, celebrando a criatividade dos artistas e proporcionando uma plataforma para que as suas vozes sejam ouvidas e valorizadas.
São obras de onze artistas nacionais de renome, como Malangatana, Bertina Lopes, Estêvão Mucavele, Shikani, Naguib e Eugénio de Lemos, numa mostra que tem também o objectivo de rearmar o compromisso do banco com a preservação e valorização do património cultural, oferecendo à população uma oportunidade rara de contacto com obras reservadas a um público restrito. Durante a inauguração, Jorge Dias expressou a sua gratidão pela oportunidade de curar a exposição, que está aberta ao público no CCFM, entre 18 de Outubro e 9 de Novembro.
LIVROS
Nexus
Autor: Yuval Noah Harari • Editora: Elsinore • Género: História
Ao contrário das respostas tradicionais - cientí cas, ideológicas ou culturais -, que se concentram em encontrar a raiz do problema na nossa psicologia, Nexus analisa antes o modo como o uxo de informação moldou o ser humano e o mundo.
Começando na Idade da Pedra, passando pela Bíblia, a caça às bruxas do início da Idade Moderna, o Estalinismo e o Nazismo, até ao ressurgimento do Populismo, Yuval Noah Harari convida-nos, neste seu novo livro, original e de grande fôlego, a re ectir sobre a relação complexa entre informação e verdade, burocracia e mitologia, sabedoria e poder. Ao mesmo tempo, escrutina as formas em que as diferentes sociedades e os diferentes sistemas políticos usaram a informação em seu favor, tanto para o bem como para o mal, e aborda as escolhas urgentes que temos pela frente dada a ameaça da inteligência não-humana contra a nossa existência.
STREAMING
Outros Lançamentos
Dia 1: Lioness T2 (SkyShowtime) e e Darkness (SkyShowtime).
Dia 3: Como Água para Chocolate (Max).
Dia 7: e Day of the Jackal (Sky), Citadel: Honey Bunny (Prime Video), Outer Banks T4B (Net ix) e Sob as Luzes da Ribalta (Net ix).
Dia 8: Cada Minuto Cuenta (Prime Video), Asalto al Banco Central (Net ix) e O Ringue (Net ix).
Dia 9: Arcane T2 (Net ix).
Dia 12: St. Denis Medical (NBC).
Dia 13: Bad Sisters T2 (Apple TV+).
Dia 14: Cross (Prime Video), Yellowstone T5B (SkyShowtime), Say Nothing (FX), Depois do Adeus (Net ix) e Holidazed (Hallmark+).
Dia 15: Cobra Kai T6B (Net ix), Silo T2 (Apple TV+) e e Creep Tapes (Shudder).
Dia 19: Night Court T3 (NBC) e Interior Chinatown (Hulu).
Dia 20: Landman (SkyShowtime) e Adoração (Net ix).
Dia 21: Based on a True Story T2 (Peacock).
Dia 22: Outlander T7B (Starz), e Helicopter Heist (Net ix), A Imperatriz T2 (Net ix) e e Sex Lives of College Girls T3 (Max).
AMG
585 cavalos
Velocidade: 315 km/h
Mercedes-AMG: Edição Especial para Celebrar a Fórmula 1
A MERCEDES-AMG revelou a edição especial do AMG GT 63 Pro, orientada para as pistas. O novo modelo está limitado a 200 unidades e comemora a temporada 2024 da Fórmula 1, combinando intensidade e estilo, com o objectivo de celebrar os carros de F1 W14 e F1 W15 das últimas épocas de competição. Com assinatura do engenheiro Rafael Birjac, o superdesportivo tem um motor V8 biturbo de quatro litros, capaz de gerar 585 cavalos de potência, alcançando uma velocidade máxima de 315 km/h e acelerando de 0 a 100 km/h em apenas 3,2 segundos.
O AMG GT 63 Pro destaca-se pelo desempenho e pelo visual, com jantes AMG de 21 polegadas e interior em couro. O carro conta com um sistema de som espacial com 15 altifalantes e potência de fazer inveja a muitas discotecas.Do lado de fora, esta má-
quina é feita em bra de carbono, tem frisos nas soleiras laterais, difusor e asa traseira em destaque, num desenho em que sobressaem ainda os discos de travão de 420 milímetros no eixo dianteiro. A marca promete um sistema de travagem com maior durabilidade (algo importante num automóvel com tamanha capacidade de aceleração) e resistência acrescida ao desgaste.
Ainda quanto ao aspecto exterior, uma característica que melhora o desempenho aerodinâmico do novo carro é o avental dianteiro redesenhado com de ectores de ar adicionais em bra de carbono - tudo conjugado com um per l aerodinâmico activo na parte inferior da carroçaria, um sistema de con-
No apoio à condução, é possível acrescentar uma câmara de 360°, um painel de instrumentos virtual, entre outras funcionalidades dignas de lme de cção cientí ca, que mostram uma série de dados relativos à condução.
trolo activo de ar e o pacote aerodinâmico com uma asa traseira xa. Resultado: uma direcção ainda mais precisa. No apoio à condução, é possível acrescentar uma câmara de 360°, um painel de instrumentos virtual, entre outras funcionalidades dignas de lme de cção cientí ca, que mostram uma série de dados relativos à condução. Há ainda um sistema que permite aumentar a distância da carroçaria ao solo, no eixo dianteiro, como forma de passar por cima de lombas mais altas ou subir passeios.
O Mercedes-AMG GT 63 PRO oferece um desempenho de alto rendimento. Os circuitos de arrefecimento do motor e de transmissão foram reforçados para que o sistema de tracção não sobreaqueça, mesmo com uma carga acrescida – a par de uma a nação aerodinâmica. Não vai descolar, mas o desempenho pode fazer lembrar um avião.