E&M_Edição 79_Dezembro 2024 • Manifestações Gerais - O Preço da Incerteza

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SUSTENTABILIDADE

COMO A ASSOCIACAO NATURA SE TORNOU NUM DOS GRANDES INVESTIMENTOS EM ESG

ECONOMIAS AFRICANAS

FMI E BM SUGEREM MEDIDAS CONTRA DESEQUILÍBRIOS MACROECONÓMICOS

CEO TALKS

“QUEREMOS FAZER CRESCER AINDA

MAIS A NOSSA GRELHA”, HÉLDER TEMBE, ZAP

INOVAÇÕES DAQUI

A HISTÓRIA DO COMPUTADOR ‘ALL-IN-ONE’ PENSADO EM MOÇAMBIQUE

MANIFESTAÇÕES GERAIS

O PREÇO DA INCERTEZA

O Povo saiu à rua para contestar os resultados eleitorais. Protestos e paralisações deram vida à incerteza que faz estremecer as bases da actividade económica. Vive-se, agora, um dia de cada vez, durante semanas de contestação inédita na História do País. A que custo e o que esperar? Eis a questão.

Dezembro

Quando a Política Trava o Progresso!

Os protestos pós-eleitorais que têm varrido Moçambique não só expõem divisões políticas profundas como também têm imposto um pesado fardo sobre a economia nacional. À medida que diversas actividades económicas são interrompidas, o impacto no tecido económico e social torna-se mais evidente, levantando preocupações sobre a sustentabilidade do País a curto, médio e longo prazo. A interrupção das actividades comerciais, agrícolas, industriais e de serviços, em particular nas zonas urbanas, já começa a afectar os indicadores económicos. Os pequenos e médios empresários, que compõem a espinha dorsal da economia, enfrentam dias sem receitas enquanto custos xos, como rendas e salários, continuam a acumular-se. Nos mercados informais, essenciais para a subsistência da maioria da população, a ausência de compradores e vendedores ameaça o sustento diário de milhões. No resto dos setores, as paralisações afectam cadeias de abastecimento e operações logísticas, resultando em atrasos na produção e na distribuição de bens. Estas disrupções não só reduzem a produtividade como enfraquecem a con ança de investidores, já abalados pela instabilidade política.Os protestos também têm pressionado o sistema nanceiro. O metical, moeda nacional, enfrenta riscos de desvalorização se a instabilidade se prolongar, o que agravará a in ação e encarecerá as importações, desde combustíveis até bens essenciais.

Quais os potenciais riscos?

A curto prazo, o crescimento económico projectado poderá ser revisto em baixa e o emprego poderá sofrer cortes signi cativos. Para o Estado, uma economia fragilizada implica menores receitas scais, reduzindo a capacidade de pagar salários, saldar a dívida e fazer investimento público; no médio prazo, o prolongamento das paralisações pode alienar parceiros internacionais, que desempenham um papel crucial na assistência nanceira e ao desenvolvimento; a longo prazo, a persistência de protestos e de instabilidade económica comprometerá o potencial de Moçambique para alcançar o desenvolvimento sustentável.

Os pequenos e médios empresários, que compõem a espinha dorsal da economia, enfrentam dias sem receitas

E como evitar o colapso?

A resolução desta crise exige liderança política responsável e diálogo inclusivo, onde todas as partes envolvidas reconheçam os impactos devastadores de uma economia paralisada. Medidas imediatas para garantir a segurança pública, desbloquear actividades económicas e restaurar a con ança dos cidadãos e investidores são cruciais.

Entretanto, esta edição é a última de 2024, ocasião oportuna para endereçar profundos agradecimentos a todos os leitores e parceiros da E&M, do portal Diário Económico e do 360 Mozambique, por nos terem acompanhado ao longo do ano. Endereçamos a todos votos sinceros de que as festas que se aproximam sejam um momento de união e renovação, trazendo esperança e força para superar desa os. Boas festas e próspero 2025!

DEZEMBRO 2024 • N.º 79

DIRECTOR EXECUTIVO Pedro Cativelos

EDITOR EXECUTIVO Celso Chambisso

JORNALISTAS Ana Mangana, Filomena Bande, Jaime Fidalgo, João Tamura, Luís Patraquim, Nário Sixpene

PAGINAÇÃO José Mundundo

FOTOGRAFIA Mariano Silva

REVISÃO Manuela Rodrigues dos Santos DEPARTAMENTO COMERCIAL comercial@media4development.com CONSELHO CONSULTIVO

Alda Salomão, Andreia Narigão, António Souto; Bernardo Aparício, Denise Branco, Fabrícia de Almeida Henriques, Frederico Silva, Hermano Juvane, Iacumba Ali Aiuba, João Gomes, Rogério Samo Gudo, Salim Cripton Valá, Sérgio Nicolini

ADMINISTRAÇÃO, REDACÇÃO E PUBLICIDADE Media4Development

Rua Ângelo Azarias Chichava nº 311 A — Sommerschield, Maputo – Moçambique; marketing@media4development.com IMPRESSÃO E ACABAMENTO

RPO Produção Grá ca

TIRAGEM 4 500 exemplares

EXPLORAÇÃO EDITORIAL E COMERCIAL EM MOÇAMBIQUE Media4Development NÚMERO DE REGISTO 01/GABINFODEPC/2018

22 Instabilidade pós-eleitoral. Em que medida a economia moçambicana é afectada pela paralisação de actividades e que consequências o fenómeno acarreta a curto, médio e longo prazo?

34 Os cenários prováveis. Economistas prevêem a suspensão da descida das taxas directoras, a queda da actividade do sector informal, a subida de in ação e uma recessão económica caso a situação prevaleça

37 O impacto social da crise. Michael Sambo, investigador do Instituto de Estudos Sociais e Económicos, alerta para a possibilidade de a tensão pós-eleitoral aumentar ainda mais os índices de pobreza

14 ESG

Sustentabilidade. Conheça o impacto das actividades da Associação Natura ao nível da Reserva do Niassa e o exemplo que representa noutras iniciativas de domínio Ambiental, Social e Governança – ESG

44

OS MAIORES DE ÁFRICA

Desempenho da banca. Saiba quais são os maiores bancos do continente, numa lista onde o TOP 100 inclui três instituições nacionais: o Standard Bank, o Millennium bim e o BCI

48

SHAPERS

Daniel Kahneman. O economista israelita destaca-se por ter introduzido um pensamento pouco explorado nos estudos e na prática diária: a racionalidade das decisões dos agentes económicos

52

MERCADO & FINANÇAS

48 Desequilíbrios macroeconómicos. Banco Mundial e FMI sugerem três medidas estruturais e “difíceis” para evitar o agravamento das “vulnerabilidades” nas economias africanas. Conheça-as

63 ESPECIAL INOVAÇÕES DAQUI

64 Robótica. Jovem cria a primeira marca de computadores ‘All-in-one’ idealizados em Moçambique, com componentes compradas no exterior 68 Tecnologia sustentável. Estudantes moçambicanos criam robô capaz de maximizar a captação de energia solar

POWERED BY

46 FNB

56 ZAP

OPINIÃO

12 Patrícia Bettencourt, Sustainability Consultant

16 Bruno Dias, EY Consulting Partner

20 Wilson Tomás, Research Analyst do Banco

BIG Moçambique

32 Marcelo Tertuliano & Bruno Chicalia, Partners na CTJ Consultoria

40 Luiz E. Buccos Silveira, Director de Programas de Desenvolvimento de Executivos da Fundação Dom Cabral

50 João Gomes, Partner @BlueBiz

60 Bernardo Mahoro, Responsável pelo Departamento de Assessoria de Compliance do Standard Bank

SECÇÕES

4 Sumário

5 Editorial

6 Observação

10 Números em Conta

44 Radar África

70 Panorama

73

ÓCIO

74 Escape. Conheça os seis destinos mais interessantes de África 76 Gourmet Dicas da Chef Lourência Elsa para bolos e sobremesas 77 Adega Uma boa ocasião para provar um dos melhores vinhos das Américas 78 Empreendedor O talento e o percurso do jovem retratista Fredy Uamusse 80 Agenda Tudo o que não pode perder neste mês de Dezembro 82 Ao volante SU7 Ultra, a nova atracção da chinesa Xiaomi na lista dos veículos mais velozes do mundo

Reeleição de Trump, 2024

Novo Recuo na África-EUA?Cooperação

O regresso de Donald Trump à Casa Branca após as presidenciais de 5 de Novembro está a gerar alguma preocupação em África, pelo receio de uma menor cooperação com o continente e com políticas de migração prejudiciais. É que durante a Presidência de Donald Trump, entre 2017 e 2021, as relações entre os EUA e África foram, em grande parte, marcadas por um distanciamento em relação às parcerias tradicionais. Sob o slogan “America First”, a administração Trump reduziu o financiamento a programas de assistência, como em saúde e desenvolvimento, que tinham sido fundamentais para vários países africanos. Além disso, houve menos investimentos em novas parcerias comerciais com África e o continente foi, em grande parte, deixado à margem da política externa americana, enquanto a China expandia a sua presença económica e diplomática na região.

Com o seu regresso, vaticina-se que os progressos alcançados na administração Joe Biden registem novos recuos. Ou seja, os EUA podem vir a focar-se em interesses estratégicos específicos, como o combate ao terrorismo e priorização de relações bilaterais com países africanos que tenham recursos naturais ou um posicionamento geopolítico importante. Mas questões como a ajuda humanitária e o apoio ao desenvolvimento podem, novamente, sofrer cortes.

Finanças

Gestão de riscos climáticos no sector nanceiro

O País deverá integrar mecanismos de gestão de riscos climáticos nos processos de avaliação de riscos financeiros e não financeiros. A informação consta de um aviso publicado a 11 de Novembro, no qual o Banco de Moçambique (BdM) sublinha a urgência de adaptação ao contexto para mitigar os impactos económicos e operacionais dos eventos climáticos extremos que ciclicamente afectam Moçambique, sobretudo no primeiro semestre de cada ano. No documento, o BdM justifica a nova regulamentação com a “necessidade de monitorização contínua dos riscos associados” a eventos climáticos de grande magnitude, que têm vindo a afectar severamente o País e o sector financeiro. Entre as novas exigências, as instituições de crédito e as sociedades financeiras deverão identificar e avaliar riscos físicos e de transição, que prejudicam as suas posições de capital e liquidez, incorporando esses riscos como parte essencial do seu programa organizacional de gestão de riscos.

O aviso define ainda que as instituições devem implementar indicadores específicos para monitorizar o impacto dos riscos climáticos, incluindo testes de esforço e análises de cenários, que permitam simular a sua resiliência financeira perante crises ambientais de diferentes escalas e intensidades.

De acordo com o BdM, a estrutura para mensuração e monitorização deve abranger tanto os sectores económicos como as localizações geográficas mais vulneráveis, integrando métricas qualitativas e quantitativas para avaliar o risco climático em diversas frentes, incluindo crédito, liquidez e operações.

Sustentabilidade

Presidente da República propõe conversão da dívida

O Presidente da República, Filipe Nyusi, defendeu que a dívida dos países que menos poluem, entre os quais Moçambique, devia ser convertida em financiamento climático, no sentido de auxiliar a capacidade de gestão e redução do risco de desastres.

Intervindo virtualmente na cerimónia de lançamento do terceiro relatório bienal sobre a “Redução do Risco de De-

sastres em África”, o governante explicou que o continente africano sofreu grandes prejuízos em 2021-22 devido a fenómenos meteorológicos extremos. Nyusi lamentou o cenário de destruição influenciado pelas mudanças climáticas, enfatizando que, apesar dos esforços, o continente continua em desvantagem, pedindo, por isso, mais união e disponibilização de financiamento.

Mudanças climáticas Moçambique poderá bene ciar de fundos chineses

O director-geral do Instituto Nacional de Meteorologia (INAM), Adérito Aramuge, informou que o País poderá beneficiar, nos próximos anos, de fundos provenientes da China para materializar o Roteiro Nacional sobre Sistemas de Aviso Prévio. A iniciativa foi lançada em Agosto pelo Presidente da República, Filipe Nyusi, e surge no âmbito do projecto “Aviso Prévio para Todos”, promovido

Extractivas

pelo secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres. Adérito Aramuge deu esta garantia na reunião mundial das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP29), que decorreu de 12 a 22 de Novembro em Baku, Azerbaijão. A janela de financiamento é a resposta da China para o Plano Estratégico de Aviso Prévio para Todos 2025-2027, que, na sua abordagem, projecta apoiar os países em vias de desenvolvimento para a materialização dos seus roteiros nacionais.

Moçambique está na lista dos 30 países elegíveis para acederem aos fundos ligados aos sistemas de aviso prévio. “O Instituto Nacional de Meteorologia (INAM) deve aproximar-se da China e colher mais detalhes sobre como proceder para beneficiar de alguma ajuda, no quadro das actividades já delineadas”, explicou o responsável.

Governo quer auditar Conteúdo Local nas empresas petrolíferas

As operações das companhias que exploram hidrocarbonetos em Moçambique serão submetidas a uma auditoria independente, nos próximos tempos, para se aferir a sua contribuição para o desenvolvimento das empresas locais.

Estas inspecções visam, igualmente, avaliar o grau de conformidade das empresas com as políticas e regulamentos estabelecidos, bem como a eficácia das medidas adoptadas pelo Governo para pro-

mover o Conteúdo Local. Para a materialização deste objectivo, o Instituto Nacional de Petróleos (INP) lançou, recentemente, um concurso público internacional com vista à selecção de uma empresa especializada que vai desencadear a inspecção.

Segundo o INP, a empresa a ser contratada irá auxiliar a instituição no desenvolvimento dos processos de auditoria e análise, com o objectivo de verificar o grau de cumprimento da legislação e do Plano de Desenvolvimento Aprovado na contratação do fornecimento de bens e prestação de serviços, mão-de-obra, formação, sucessão e transferência de conhecimento. A selecção e todo o procedimento de contratação da empresa especializada serão em conformidade com o Regulamento de Contratação de Empreitada de Obras Públicas, Fornecimento de Bens e Prestação de Serviços ao Estado, aprovado pelo Decreto n.º 79/2022 de 30 de Dezembro.

Quais São os Maiores Importadores do Mundo?

Desde 1995, o valor do comércio global aumentou quase cinco vezes, ficando ligeiramente abaixo do pico registado em 2022. Actualmente, 10 países representam importações no valor de 12,4 biliões de dólares, mais de metade do total global.

Dos EUA à Índia, os principais importadores mundiais são caracterizados por economias robustas e mercados de consumo significativos. Factores como investimento empresarial, rendimento disponível e taxas de câmbio também

3,17 B USD

desempenham um papel importante na dinâmica das importações.

Em 2023, os EUA importaram 3,2 biliões de dólares em bens, tornando-se o maior importador globalmente.

Devido à sua vasta base de consumidores e economia avançada, os EUA são o maior importador mundial de muitas categorias de produtos, incluindo automóveis, produtos electrónicos, maquinaria industrial e produtos farmacêuticos.

O México, principal parceiro comercial dos EUA, fornece muitos des-

tes produtos, enquanto o Canadá é um fornecedor-chave de petróleo bruto, gás natural e outros recursos.

Recentemente, Donald Trump, Presidente eleito, anunciou planos para impor uma tarifa de 25% sobre as importações do México e do Canadá através de uma acção executiva no seu primeiro dia no cargo.

Se implementada, esta política poderá aumentar significativamente os custos para empresas e consumidores em ambos os lados da fronteira.

Este grá co mostra os 30 maiores importadores de bens do mundo, com base em dados da Organização Mundial do Comércio.

B USD

1,46 B USD Total dos 30 maiores: 19,9 biliões de

Mundial: 24,2 biliões de USD

A Magia da Nidi cação das Tartarugas no PNAM

AA história das tartarugas não é apenas uma jornada de sobrevivência; é também uma oportunidade para nós, humanos, reavaliarmos o nosso papel na preservação deste ecossistema

nidificação das tartarugas marinhas no Parque Nacional de Maputo (PNAM) é um dos espectáculos naturais mais emocionantes e inspiradores que se podem testemunhar em Moçambique. Entre Outubro e Fevereiro, as praias intocadas do PNAM transformam-se num refúgio único de biodiversidade, onde duas espécies de tartarugas – a cabeçuda e a de couro – fazem uma jornada de regresso às suas origens, para desovar onde elas próprias nasceram. É um ciclo ancestral que liga o oceano e a areia, renovando uma história de vida e resiliência.

Estes répteis enfrentam uma viagem longa e desafiante para chegarem a estas praias, cumprindo um ritual de sobrevivência. Em cada época, estima-se que entre 290 e 648 fêmeas cabeçudas escolham a costa protegida do Parque Nacional de Maputo para nidificar. Cada fêmea escava entre três a cinco ninhos na areia, depositando entre 60 a 100 ovos em cada um, num esforço notável pa-

ra garantir a continuidade da espécie. Contudo, o caminho destas jovens tartarugas está repleto de obstáculos. Dos milhares de ovos postos a cada temporada, apenas cerca de 10% chegam à idade adulta. A maioria é vítima de predadores nos primeiros dias de vida e, mais tarde, muitas enfrentam a ameaça da poluição oceânica. A natureza, contudo, mostra a sua persistência: as tartarugas regressam sempre à costa onde nasceram, com intervalos de nidificação que variam entre 1 e 11 anos.

No entanto, a história das tartarugas não é apenas uma jornada de sobrevivência; é também uma oportunidade para nós, humanos, reavaliarmos o nosso papel na preservação deste ecossistema. O Clube de Amigos do Parque Nacional de Maputo desempenha um papel crucial, envolvendo indivíduos e instituições, como o Absa Bank Moçambique, no esforço conjunto de proteger esta preciosa região. Estes Amigos do Parque têm a oportunidade de participar em acções de monitoria das tartarugas, limpeza das praias e campanhas educativas que aproximam as comunidades locais desta missão de conservação.

Para Miguel Gonçalves, Administrador do PNAM, “a nidificação das tartarugas é um momento de grande valor ecológico e cultural para Moçambique. O apoio de membros como o Absa Bank Moçambique é fundamental para assegurar a protecção deste fenómeno único e promover uma coexistência harmoniosa entre as comunidades locais e a vida selvagem.”

O Absa Bank Moçambique orgulha-se de fazer parte desta missão. O seu compromisso com o Parque Nacional de Maputo reflecte a determinação em construir um futuro mais sustentável para todos. O convite está aberto: seja também um Amigo do PNAM e participe neste esforço colectivo para proteger um dos tesouros naturais mais preciosos de Moçambique, assegurando que este espectáculo de vida continue a ser uma herança para as gerações futuras.

Visite o PNAM e assista a este ciclo de vida extraordinário, sabendo que o seu apoio ajuda a preservar um dos mais valiosos legados naturais do nosso país.

Sustentabilidade e Inovação na Gestão de Projectos

NInovação, sustentabilidade e gestão de projectos podem parecer campos separados, mas, quando combinados, têm o potencial de criar um impacto duradouro e positivo

um mundo cada vez mais complexo e desafiador, como podemos garantir que os nossos projectos não geram apenas lucro, mas também contribuem para um futuro sustentável? A resposta pode estar na intersecção entre gestão de projectos, sustentabilidade e inovação. Neste artigo, quero explorar caminhos para criar projectos com propósito, que vão além dos resultados financeiros e deixam um legado positivo para as próximas gerações. Antes de avançar, sinto que é importante fazer um pequeno disclaimer: apesar de trabalhar nesta área de sustentabilidade há cerca de 20 anos, os meus pais ainda não percebem muito bem o que eu faço. Ou não me explico muito bem, possibilidade forte, ou a área que escolhi realmente não é fácil de explicar e, menos ainda, de entender. Também pode ser porque o tema realmente não é linear e é transversal a várias áreas, sendo complicado fechá-lo numa caixinha. Então, o que me mantém nesta jornada? Apesar dos desafios (e das ocasionais confusões dos meus pais — e que bom que fosse só deles!), o que realmente me inspira são os meus filhos, a geração que me segue. Para eles, a percepção dos conceitos da sustentabilidade e a importância é algo óbvio, e o papel da inovação nessa jornada, um dado adquirido. Isso não quer dizer que saibam explicar exactamente o que eu faço (confirmando a teoria de que quem não se explica bem sou eu), mas entendem que a inclusão de conceitos sustentáveis no nosso dia-a-dia é necessário.

Já faz parte do seu léxico e, por consequência, das suas acções e escolhas de vida. Para a geração que nos segue, este conceito não é apenas um chavão, mas sim a chave para um futuro melhor. No seu dia-a-dia, o leite pode também ser de aveia, amêndoa, arroz ou coco. A proteína não vem só da carne e os sacos de plástico não fazem sentido, sendo o saco de compras na mochila uma cons-

tante. O shampoo é em barra ou compra-se em recargas, o plástico e o vidro reciclam-se e, na compra de vários produtos, perceber se a embalagem é reciclável e se a marca está na lista das marcas com centros de produção em países sem legislação de protecção infantil vem antes da comparação do preço.

É por essa razão que continuarei a aceitar qualquer oportunidade de conversar sobre a inclusão desses princípios nas nossas práticas de gestão de projectos. Temos a responsabilidade de deixar aos que nos seguem um mundo que, se não for perfeito, seja pelo menos um pouco melhor do que aquele que herdámos. E ensiná-los a que lutem por ele e o exijam.

Vivemos num mundo que está a mudar a um ritmo mais rápido do que nunca. Desde os impactos crescentes das alterações climáticas, a velocidade a que se multiplica o número de habitantes no planeta, todos a precisar de comer e satisfazer outras necessidades de consumo, até ao ritmo acelerado da inovação tecnológica, e enfrentamos desafios e oportunidades sem precedentes.

E se eu dissesse que as soluções para estes desafios podem estar na forma como abordamos a gestão de projectos? Ao integrar a sustentabilidade e a inovação nas nossas práticas de gestão de projectos, e eu iria mais longe e diria mesmo de design de projectos e produtos, podemos criar um futuro mais resiliente e próspero para nós próprios e para o nosso planeta.

Inovação, sustentabilidade e gestão de projectos podem parecer campos separados, mas, quando combinados, têm o potencial de criar um impacto duradouro e positivo. Ao incorporarmos estes princípios em todas as etapas do processo de gestão de projectos, podemos criar um futuro mais sustentável.

Deixo-vos dois mandamentos que guiam, para mim, este caminho da sustentabilidade:

1. Serresponsávelousustentávelestádirectamente relacionado com a forma

Incorporar a sustentabilidade na gestão de projectos é, hoje, um imperativo

como se faz o dinheiro e não com a forma como se gasta. De pouco me satisfaz saber que uma marca faz donativos de parte dos seus resultados para acções de promoção de cultura, desporto ou mesmo acções humanitárias, se, para atingir esses resultados, são ultrapassados limites éticos, não são cumpridos direitos humanos ou mesmo causados sérios impactos ambientais.

2. A importância de analisar a cadeia de valor e o ciclo de vida do projecto. Mais uma vez, perceber, por exemplo, a proveniência das matérias-primas e as formas de recolha ou exploração das mesmas, e perceber como é feito o descarte do produto que estamos a projectar e o impacto associado do mesmo, é essencial nesta lógica de intregração de sustentabilidade no ciclo de gestão do projecto. Um projecto sustentável vai além de gerar lucro; ele cria valor social e ambiental. É um projecto que considera o ciclo de vida completo, desde a aquisi-

ção de matérias-primas até ao descarte do produto. É um projecto que respeita os direitos humanos, as comunidades locais e o meio ambiente.

Mas como podemos tornar os nossos projectos mais sustentáveis? A inovação é a chave. Ao adoptarmos novas tecnologias e metodologias, podemos optimizar processos, reduzir custos e criar soluções mais eficientes. Por exemplo, a utilização de materiais reciclados, a energia renovável e a economia circular são algumas das práticas que podem ser implementadas em projectos.

Os benefícios da sustentabilidade vão além do impacto ambiental. Empresas que priorizam a sustentabilidade tendem a ser mais atractivas para talentos, investidores e clientes. Além disso, a redução de custos e a optimização de processos podem gerar um retorno financeiro significativo.

Por fim, se levarem algo prático desta reflexão, além de que pode demorar mais uns anos para que os vossos pais,

e amigos mais distraídos, entendam o que é isso de trabalhar com sustentabilidade, que seja o seguinte:

• Sustentabilidade é mais do que filantropia: É sobre integrar práticas sustentáveis em todos os aspectos do negócio, desde a captação das matérias primas até à gestão de pessoas.

• O ciclo de vida de um projecto é fundamental: É preciso analisar todas as etapas do projecto para identificar e mitigar os impactos ambientais e sociais.

Em resumo, a gestão de projectos sustentáveis é uma jornada que exige compromisso, inovação e colaboração. Ao integrar a sustentabilidade nos ciclos dos nossos projectos, estamos a contribuir para um futuro melhor para todos. Termino com uma frase de Sócrates: “Se o desonesto conhecesse as vantagens da honestidade, ele seria honesto mesmo que apenas por desonestidade.” Tema para um próximo artigo.

E você, está pronto para fazer a diferença? Eu, continuarei insistindo.

Exemplo de Sustentabilidade: Como a Natura Protege o Ambiente

Após a adesão de novos parceiros e associados, a Associação Natura expande a sua actuação em Moçambique com iniciativas voltadas à conservação ambiental e sustentabilidade. A organização fortaleceu o seu compromisso em proteger o meio ambiente e impulsiona novas metas para os próximos anos

Filomena Bande •Fotogra a D.R.

AAssociação Natura, fundada em 2008 em Moçambique com o propósito de contribuir para a conservação de ecossistemas, preservação de espécies e biodiversidade, através da promoção de práticas para o uso sustentável de nosso património natural, consolidou-se ao longo dos anos como um dos pilares de conservação da natureza no País. Recentemente, a organização deu um passo estratégico, ao agregar novos parceiros e associados, que não só aumentaram o seu potencial de acção, mas também diversicaram a sua capacidade de intervenção. Com essa expansão, a Associação Natura pretende aumentar o alcance e o impacto dos seus projectos, consolidando-se como uma força activa na conservação ambiental aliada ao engajamento das comunidades locais.

A missão da Associação Natura é ampla e intersectorial, englobando a conservação de ecossistemas naturais, a preservação de espécies ameaçadas e a implementação de práticas sustentáveis que beneciem directamente as comunidades locais. Além disso, a NATURA actua sob os princípios de ESG (Governança Ambiental, Social e Corporativa), garantindo que suas acções ambientais estejam alinhadas aos melhores padrões de responsabilidade e transparência. A Associação opera em várias frentes, desenvolvendo projectos que vão desde a gestão de áreas de conservação até programas de sensibilização ambiental e reabilitação de ecossistemas.

Gestão da Reserva do Niassa Um dos projectos de maior envergadura e complexidade da Associação Natura é a gestão da Reserva do Niassa, um vasto território de aproximadamente 42 000 quilómetros quadrados que abriga uma diversidade signi cativa de fauna e ora. É considerada uma das últimas grandes zonas selvagens de África, com espécies emblemáticas como elefantes, leões, leopardos e diversos tipos de aves e plantas. A Associação Natura tem assumido um papel crucial na conservação desta área, implementando políticas de gestão sustentável que visam proteger a biodiversidade e combater actividades ilegais, como a caça furtiva. Com a adesão de novos associados, a Associação Natura reforçou a sua capacidade de monitorização e scalização da Reserva do Niassa. A organização investe em tecnologia de ponta, como drones e sistemas de monitorização por satélite, que permitem rastrear o movimento de animais e identi car ameaças em tempo real. Além disso, trabalha em estreita colaboração com comunidades locais, promovendo programas de educação e sensibilização ambiental que ajudam a criar uma cultura de preservação.

Gestão da reserva do Niassa

A Associação NATURA Moçambique, fundada em 2008, é uma ONG focada na promoção de programas e projetos de conservação. Foi essencial na gestão da Reserva Nacional do Niassa até 2012, contribuindo signi cativamente para seus resultados. Atualmente, diversi cou suas atividades,

A Associação Natura trabalha em estreita colaboração com comunidades locais, promovendo programas de educação e sensibilização ambiental que ajudam a criar uma cultura de preservação

Texto

abrangendo conservação, ciência, educação ambiental e desenvolvimento humano. A associação também estabeleceu parcerias nacionais e internacionais com universidades, parques nacionais, instituições de pesquisa, outras ONGs e empresas para fortalecer suas ações.

Macossa – Tambarra Landscape: um horizonte na conservação e desenvolvimento sustentável Após mais de um ano e meio de consultas e negociações com a ANAC e o Ministério da Terra e Ambiente, na sequência do concurso lançado pela ANAC para a cessão dos direitos de gestão da Coutada 13 adjudicado justamente à Associação NATURA Moçambique, foi nalmente assinado no mês de Outubro o contrato para o efeito entre a ANAC e o Consórcio NATURA/Azul sob a liderança da NATURA. Seguem-se agora os procedimentos junto do Tribunal Administrativo mas a NATURA já foi autorizada a avançar para o terreno, encontrando-se neste momento a equipa liderada por Rui Branco, Gildo Espada e Paola Bouley e três outros membros, a realizar contactos, reuniões e encontros com as lideranças locais e outros representan-

tes das comunidades, com as autoridades administrativas locais, distritais e provinciais, bem como a realizar cerimónias tradicionais com o envolvimento de numerosos membros das comunidades.

Simultâneamente, a NATURA rmou também um acordo de parceria com o titular da vizinha Coutada 9 que pode evoluir para formas de colaboração e participação mais aprofundadas num futuro próximo, na perspectiva da gestão conjunta daquele vasto ecossistema, em particular no âmbito da conservação e desenvolvimento comunitário. Decorrem também neste momento encontros com os operadores da Coutada 9 com vista a articular as atividades que se irão desenvolver mais intensamente a partir de 2025.

Este programa de restauração da Coutada 13 e de maneio e gestão desta vasta região designada por MACOSSA/TAMBARRA LANDSCAPE constituirá o maior programa de conservação a realizar pela NATURA nesta e na próxima década.

Envolvimento das comunidades

A Associação acredita que o envolvimento das comunidades é fundamental para o sucesso de seus projetos. Por isso, promove programas de capacitação e educação ambiental que abordam não apenas a preservação ambiental, mas também os direitos das comunidades locais em relação ao uso sustentável dos recursos naturais. Essas iniciativas incluem técnicas de agricultura sustentável, gestão de resíduos sólidos, produção de mel, produção de sabão e uso racional da água. Além de melhorar as condições de vida das populações, esses programas fortalecem a autonomia comunitária e fomentam a criação de uma economia verde que bene cia a todos.

Ambições

para o futuro

A Associação NATURA Moçambique projecta para os próximos anos realizar expedições e investigações marinhas com a participação de cientistas nacionais e internacionais, visando gerar resultados que subsidiem decisões estratégicas para a conservação da biodiversidade e o desenvolvimento sustentável. Pretendemos ampliar nossa atuação nas escolas e comunidades, promovendo a troca de experiências e conhecimentos com os mais jovens, incentivando-os a “conhecer para conservar”. Também buscamos fortalecer a capacidade das comunidades locais engajadas nas áreas de abrangência dos nossos projetos, enquanto investimos no desenvolvimento contínuo das competências dos nossos colaboradores. Além disso, estamos abertos a estabelecer novas parcerias que contribuam para ampliar o impacto de nossas iniciativas e programas.

A New Hope, Uma Nova Esperança

Devia ter uns 7 ou 8 anos quando vi, pela primeira vez, algures no princípio dos anos 80, o Episódio IV da saga da Guerra das Estrelas, que, de facto, é o primeiro dos filmes da sequela.

O suporte utilizado foi uma cassete VHS que desaparecia automaticamente no nosso gravador e que começava a rolar depois de carregar na tecla “Play” –uma sofisticação à altura. Devo ter visto aquela cassete dezenas de vezes a ponto de, nas últimas visualizações, já ter “chuva” em algumas partes do filme.

O título era sugestivo “A New Hope | Uma Nova Esperança” e o filme transportou-me para além do universo de sabres de luz e da ética jedi, para um futuro de viagens no hiperespaço, caças galácticos, clones, touch screens, computadores com quem se falava em linguagem natural e com acesso a fontes de informação inesgotável.

apresentação pronta com aspectos desde os primeiros habitantes e civilizações antigas, até a aspectos mais contemporâneos. Ah, e já enriquecida com imagens, paginada e estruturada. Enfim, uma boa base para não começar do zero, quer a pesquisa, quer a edição da apresentação.

E continuámos a conversar… “Foca a apresentação no período contemporâneo” e “melhora a qualidade das imagens”. Novamente o rolo compressor, e novas versões da apresentação. Como com qualquer pessoa, temos de aprender a falar e a dar instruções - os resultados melhoram com melhores prompts.

A experiência com as outras ferramentas de Office tem sido igualmente muito interessante. Desde extrair mensagens-chave de encadeamentos intermináveis de e-mails, a sumarizar documentos de grande dimensão que dificilmente teria tempo para ler.

Uma tendência que se tem visto é a criação de laboratórios de transformação onde são testadas e refinadas soluções e casos de uso baseados em Inteligência

Artificial, para abordar questões específicas como a optimização operacional...

Hoje dei por mim a pensar no avanço que houve desde estes idos anos 80. Para além de ser muito mais cómodo vermos filmes on-demand, temos clonagem animal, este meu PC é touch, o Elon Musk iniciou a era espacial privada e… falamos em linguagem natural com máquinas no dia-a-dia.

Sobre este último aspecto devo dizer que as minhas últimas semanas têm sido especialmente divertidas, desde que nos instalaram, a nível de firma, o Microsoft Copilot de forma generalizada.

Funciona como um plug-in de Inteligência Artificial nas várias aplicações do Office e, tal como no ChatGPT, trocamos mensagens e instruções via prompt e geramos, com este assistente ou co-piloto, apresentações, documentos ou análises em Excel.

Numa primeira experiência teclei no prompt do Powerpoint “Cria uma apresentação sobre a história de Moçambique”. Ele lá ligou um rolo compressor e, passados segundos, tinha uma

A utilização massiva de ferramentas como esta dão realmente “Uma Nova Esperança” às organizações, quer ao nível de ganhos de eficiência e de acesso a conhecimento anteriormente disperso, quer até a catalisar mudanças fundamentais, não só no negócio, como nos modelos operacionais.

Este tipo de transformação da IA (Inteligência Artificial) terá impacto em todas as áreas das organizações. Por isso, ter uma visão sobre este assunto e envolver os líderes certos é fundamental para obter a adesão e a adopção durante as implementações.

Uma tendência que se tem visto é a criação de laboratórios de transformação onde são testadas e refinadas soluções e casos de uso baseados em Inteligência Artificial, para abordar (por exemplo) questões específicas como a optimização operacional, eficiência energética, experiência do cliente, sustentabilidade, monitorização e controlo e gestão de risco.

Este ambiente permite a implementação de protótipos e a realização de

provas de conceito, assegurando que as soluções propostas sejam adaptadas às necessidades das organizações e que podem ser escaladas com sucesso.

Adicionalmente, estes laboratórios facilitam a colaboração entre diferentes departamentos da organização, promovendo uma abordagem integrada e holística para a inovação e a melhoria contínua.

A selecção dos casos de uso a “prototipar” requer uma análise detalhada, centrada em custo, impacto e valor, com o objectivo de evidenciar a viabilidade e o retorno.

Mas não nos esqueçamos que a adopção acelerada de IA exige que as organizações adoptem práticas de IA

responsável. Isto inclui controlos para avaliar o risco potencial dos casos de uso da IA e um meio para incorporar abordagens de IA responsável em toda a organização. Apesar de a maioria das organizações reconhecer a importância da IA responsável, muitas ainda não implementaram as directrizes necessárias.

Estas são questões essenciais: onde estará a IA integrada na organização? Quais os dados que alimentam a IA? Como tornar a IA segura e confiável? Estamos em conformidade com a regulamentação de IA? Como é que os princípios éticos são incorporados na IA?

Em vez de perguntar “como garantir que o risco é gerido e a regulamentação

cumprida ao implementar uma solução de IA”, as organizações devem perguntar “como deve evoluir o nosso quadro de governação para garantir o sucesso num mundo impulsionado pela IA.”

Não obstante estes temas de Governação, os riscos e os aspectos éticos subjacentes, a IA e estas ferramentas já disponíveis nos softwares que mais utilizamos a nível empresarial abrem, de facto, uma “Nova Esperança”.

Quem sabe, um miúdo moçambicano de 7 ou 8 anos esteja hoje a ver um filme que o faça sonhar com um futuro e um outro novo normal que, afinal, tal como aconteceu comigo, não será assim tão longínquo… mas, desta vez, com certeza, numa galáxia muito, muito distante.

A adopção da Inteligência Artificial exige a implementação de determinadas directrizes

Que Desa os Enfrenta a Cadeia de Valor

Mineira?

Muito se tem discutido sobre o Conteúdo Local na cadeia de valor da exploração de gás, enquanto a indústria mineira (carvão, gra te, ouro e pedras preciosas) permanece menos analisada.

A nal, que desa os enfrenta e como pode ser mais bem aproveitada?

Texto Nário Sixpene •Fotogra a D.R

Em Moçambique, o progresso do Conteúdo Local no sector extractivo enfrenta desa os complexos, apesar do seu contributo potencial para o crescimento económico. Enquanto o gás natural tem atraído signi cativa atenção e investimentos, outras áreas da indústria extractiva, como a mineração, têm sido relegadas para segundo plano. As di culdades incluem a frágil capacidade produtiva local, a escassez de pro ssionais quali cados e a inexistência de políticas especí cas que estimulem a inclusão de empresas e fornecedores moçambicanos na cadeia de valor. Estas lacunas limitam as oportunidades de emprego e o crescimento da economia local.

Falta de Recursos e Infra-estruturas

A E&M ouviu o presidente da Câmara de Minas de Moçambique (CMM), Geert Klock, que contextualizou os desa os do sector mineiro. “Em primeiro lugar, a indústria mineira em Moçambique é jovem, com menos de 20 anos, e está ainda em crescimento. Progressivamente, está a substituir importações por compras locais, à medida que estas se tornam disponíveis”, a rmou. “É importante notar que muitas empresas mineiras estão em áreas

rurais, onde a actividade comercial ou industrial é praticamente inexistente e faltam recursos básicos, incluindo capacidade técnica, para operar minas de grande escala”, acrescentou Geert Klock, sublinhando o grande potencial por explorar. Para agravar a situação, segundo o mesmo, a actividade empresarial no país é maioritariamente informal, comprometendo a competitividade do sector privado. “Muitas Pequenas e Médias Empresas (PME) precisam de se formalizar para integrarem a cadeia de valor das multinacionais mineiras. A maioria das empresas com experiência em transações com este sector faz operações informais, sem registo, sem pagamento de impostos nem emissão de facturas, o que di culta o acesso ao mercado ineiro”, explicou.

Di culdades de Acesso ao Crédito Outro obstáculo amplamente reconhecido é o custo elevado do crédito no País, que impede muitas PME de fornecer produtos e serviços adequados às multinacionais. “É comum que estas empresas não tenham stock do que vendem. Apenas após receberem a encomenda e o pagamento é que buscam o produto fora do País, comprometendo os prazos e a competitividade. Além

“Na sua maioria, as empresas que têm histórico de transacções com sociedades mineiras operam informalmente, sem registo, sem pagar impostos, sem emissão de facturas”

disso, o custo elevado de empréstimos internos limita gravemente a capacidade de investimento e expansão”, lamentou Geert Klock.

Perspectiva das Mineradoras

A E&M também recolheu testemunhos de mineradoras sobre a sua experiência com fornecedores locais. No caso da canadiana Fura Gems, que explora rubis em Montepuez, Cabo Delgado, cerca de 75% das aquisições são feitas localmente. “Apenas importamos peças sobresselentes e componentes indisponíveis no mercado interno. Temos cerca de 600 trabalhadores e, contando com empreiteiros, atingimos os mil”, a rmou Chandra Shekhar Singh, representante da empresa.

Singh reconheceu, contudo, que é necessário contratar pro ssionais estrangeiros devido à falta de especialistas locais. “Gostaríamos de recrutar mais moçambicanos quali cados, mas não encontramos, o que nos obriga a trazer mão-de-obra da África do Sul, Zimbabué e Índia. É uma solução dispendiosa,

mas inevitável. Para mitigar esta situação, assinámos recentemente um acordo com um instituto de formação, prevendo um investimento de um milhão de dólares nos próximos cinco anos”, explicou. Por outro lado, a Montepuez Ruby Mining, que também opera em Cabo Delgado, tem cerca de mil empresas nacionais registadas na sua base de dados. “As PME locais representam cerca de 30% do nosso caderno de encargos, fornecendo materiais industriais, construção civil, equipamento de protecção individual, componentes electrónicos e de TI, além de serviços de manutenção e segurança”, revelou a empresa.

Sobre os planos futuros, a Montepuez Ruby Mining garantiu: “Manteremos o nosso compromisso de incluir fornecedores nacionais. Pretendemos aumentar a contratação de trabalhadores locais em cerca de 300 para apoiar a expansão da planta de processamento, que triplicará a capacidade actual de 200 para 600 toneladas por hora”.

Uma Iniciativa Promissora

Geert Klock destacou soluções diferenciadas para desa os distintos. “A indústria mineira em Moçambique abrange desde grandes empresas, como a Vulcan e a Kenmare, até mineradoras de menor escala. Em Cabo Delgado, a iniciativa MozaUp oferece formações sobre gestão nanceira, procurement, enquadramento scal e conformidade legal, ajudando as PME a tornarem-se fornecedores mais competitivos”, referiu Klock.

Tensão Pós-Eleições em Moçambique. O Que Esperar?

BRealizaram-se a 9 de Outubro, em Moçambique, as sétimas eleições gerais, que incluíram as eleições ao cargo de Presidente da República e assentos parlamentares. Embora o processo eleitoral tenha decorrido sem grandes sobressaltos, os dias que se seguiram, e sobretudo após a comunicação dos resultados pela Comissão Nacional de Eleições, foram marcados porváriasmanifestações,umpoucoportodo o País, por alegada fraude eleitoral. Estas manifestações, impulsionadas inicialmente por figuras da oposição, têm apelado à paralisação de parte significativa das actividades quotidianas e gerado confrontos violentos com as autoridades policiais. Esta situação, algo inédita desde o fim da guerra civil em Moçambique, caso se prolongue, para além dos desafios a nível político, pode trazer consigo algumas consequências económicas negativas no curto e médio prazo.

agentes económicos, que vêm reportando impactos significativos. Por outro lado, existe também um crescimento da percepção do risco de insegurança em Moçambique, o que irá certamente condicionar os afluxos associados ao turismo e a consequente perda de receita.

Ainda no curto prazo, do lado da gestão da política monetária, apesar de o actual contexto poder motivar a escassez de alguns bens, sobretudo produtos alimentares e eventualmente combustíveis, com impacto nos preços desses bens, estima-se que o Banco de Moçambique mantenha a postura de redução progressiva das taxas de juro, uma vez que, apesar dos riscos de um ligeiro crescimento da inflação, a mesma continua em níveis confortáveis (2,7% em termos homólogos, em Outubro de 2024), e muito abaixo do limite superior de referência de 10,0%.

A médio prazo, caso a situação de instabilidade política se mantenha, poderá ter impacto nas decisões dos investidores

No curto prazo, antevê-se uma pressão a nível das finanças públicas e do crescimento económico. Do lado das contas públicas, a pressão pode ser justificada pela necessidade de realização de gastos acrescidos para além dos previstos no Orçamento do Estado para o actual exercício, com o financiamento das forças de segurança e das operações de repressão às manifestações, e a reparação de infra-estruturas públicas danificadas. Adicionalmente, a paralisação das actividades pode comprometer a cobrança de receitas tributárias pelo Governo, pela diminuição do volume de actividade, e a diminuição dos lucros das empresas.

Quanto ao crescimento económico, já se esperava que 2024 fosse um ano de maior arrefecimento, em particular, devido à redução do efeito positivo sobre o PIB relacionado com a exploração de gás natural no projecto FLNG, o qual já atingiu a velocidade de cruzeiro. No contexto actual, a instabilidade pós-eleitoral começa a ganhar proporções que afectam a actividade produtiva e comercial dos

A médio prazo, caso a situação de instabilidade política se mantenha, poderá ter impactos nas decisões dos investidores, sendo de maior relevância os projectos de gás da bacia do Rovuma. Relembramos o projecto da TotalEnergies para exploração de LNG cuja Decisão Final de Investimento se esperava que acontecesse no presente ano e foi adiada para 2025. Antes das eleições, o CEO desta petrolífera afirmou que se deslocaria a Maputo no final de Outubro, para dialogar com o novo futuro chefe do Estado moçambicano, entre outros aspectos, para discutir a situação de segurança em Cabo Delgado e a retoma dos trabalhos no projecto. Esta incerteza traz riscos para os projectos de investimento, os quais têm estruturas, compreendendo vários parceiros, fornecedores, financiadores, etc., e que necessitam de um alinhamento de todas as partes para poderem avançar. Numa altura em que o Governo enfrenta desafios significativos de gestão de liquidez, é crucial a retoma destes projectos, para que se seja restabelecida a credibilidade financeira do Estado, para continuar a cumprir com as suas obrigações financeiras.

PÓS-ELEITORAL

O Preço das Manifestações

Os protestos pós-eleitorais em Moçambique estão a afectar profundamente a economia do País. Projecções optimistas de crescimento económico, inicialmente estabelecidas em 5,5% para este ano, enfrentam agora um cenário incerto. A continuidade das paralisações ameaça sectores-chave como a agricultura, infra-estruturas, turismo, logística e serviços. A situação compromete o desempenho dos indicadores macroeconómicos vitais como o investimento estrangeiro, o comércio interno e externo, a in ação e a estabilidade cambial. O que esperar?

Texto Celso Chambisso •Fotografia iStock Photo & D.R.

Oclima de instabilidade que se seguiu às recentes eleições gerais em Moçambique vai muito além das ruas e já começa a ter impactos visíveis na economia do País. Os protestos, que incluem a paralisação de actividades económicas, manifestações e interrupções nos serviços básicos, afectam directamente os principais indicadores macroeconómicos e lançam incertezas sobre a sustentabilidade das metas de crescimento.

Inicialmente, o Governo e instituições multilaterais, como o Fundo Monetário Internacional (FMI) e o Banco Mundial, estimaram o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) em 5,5% para 2024, sustentado, sobretudo, pela exploração de gás natural e pela recuperaçãoemsectores-chavecomoodaagricultura, turismo e infra-estuturas. Contudo, este panorama pode deteriorar-se signi cativamente. A Confederação das Associações Económicas de Moçambique (CTA), uma das mais importantes organizações do sector privado, estima que o crescimento económico venha a ser de apenas 3,3%.

Impacto no PIB e no Crescimento

O facto é que as manifestações têm o potencial de desacelerar o crescimento económico. Os bloqueios de estradas e interrupções nas cadeias de fornecimento afectam directamente a produtividade em sectores estratégicos. A instabilidade política desincentiva o Investimento Directo Estrangeiro (IDE), essencial para nanciar grandes projectos de infra-estruturas e energia. Por isso, caso a situação não seja resolvida rapidamente, as projecções de crescimento podem ser revistas em baixa, comprometendo os planos de desenvolvimento nacional. Mas como é que este fenómeno se re ecte em cada um dos sectores e como é que o mercado está a reagir?

Logística: efeitos em cadeia

O estudo da CTA, feito através de um inquérito a 260 empresas de diversos ramos de actividade, revela que diversas ligações têm sido adiadas ou canceladas. Só em 10 dias de manifestações foram canceladas 127 viagens nos transportes rodoviários, em média diária, correspondendo a perdas de receita estimadas na ordem dos 417 milhões de meticais.

A posição geográ ca estratégica de Moçambique, enquanto corredor logístico para países do interior, como o Zimbabué, Maláui e Zâmbia, torna o sector

3,3%

É a estimativa da classe empresarial para o crescimento do PIB no presente ano, bem abaixo dos 5,5% projectados pelo Governo, devido aos efeitos da tensão pós-eleições

dos transportes vital para a economia. As manifestações já afectaram, nalguns dias, as operações transfronteiriças, gerando prejuízos para os operadores logísticos e reduzindo a arrecadação de receitas em tarifas e taxas alfandegárias.

A terceira fase das manifestações foi convocada justamente para incidir sobre portos e fronteiras. O estudo da CTA indica que os navios, que normalmente levam dois a três dias para atracar no porto de Maputo, passaram a levar mais tempo, entre sete e 10 dias, e alerta que, mesmo que não se tenham quanti cado os danos, “as linhas de navegação pretendem aumentar os custos associados aos seguros, devido à percepção de risco com as manifestações”, lê-se no estudo.

A E&M contactou o porto de Maputo para apurar o grau de eventuais danos na actividade. Em resposta, as autoridades não con rmam as paralisações e dizem que levarão tempo a rea-

Caso se prolonguem, as manifestações podem interromper as operações em portos e ferrovias, gerando avultados prejuízos para os operadores logísticos e reduzindo a arrecadação de receitas em tarifas e taxas alfandegárias

lizar o levantamento dos efeitos destas manifestações na actividade e nas contas do porto.

Prejuízos no Porto da Beira

A principal porta para o movimento de carga entre os países do ‘hinterland’ e o resto do mundo não ca alheio ao efeito das manifestações. Há dias, o administrador delegado da Cornelder Moçambique, empresa que opera o terminal do porto da Beira, revelou que, em média, são movimentados 700 camiões por dia, mas as manifestações vieram reduzir este número para menos de metade.

“Está difícil, agora, estimar o grau de prejuízo, mas os navios estão mais lentos por causa do congestionamento dos camiões. Os navios que dependem deste transporte cam parados e isso provoca muitos problemas na uidez da logística”. Ou seja, o prolongamento desta crise pode pôr em causa a competitividade deste porto.

Comércio em crise

A interrupção das actividades económicas afecta directamente o comércio interno e externo. As empresas enfrentam di culdades para manter stocks e atender à procura, enquanto as exportações, especialmente de recursos naturais como o carvão e gás natural liquefeito, podem atrasar-se, reduzindo as receitas cambiais. Isto aumenta a pressão sobre as reservas internacionais, com potencial para desestabilizar o metical.

Na prática, o comércio externo em Moçambique está baseado nos corredores de desenvolvimento de Maputo, da Beira e de Nacala, sendo que é no corredor da capital que se concentra a maior parte das manifestações, através de barricadas nas estradas - especialmente na N4, que liga a África do Sul (maior parceiro comercial de Moçambique) – e com ameaças aos camionistas.

ESTIMATIVAS DE PERDAS FINANCEIRAS

388 milhões de dólares

"Com estas manifestações acompanhadas pelas paralisações da actividade económica, constatamos que os sectores de comércio, logística e transportes foram os mais afectados. As perdas totais e o impacto no Produto Interno Bruto (PIB) totalizaram 24,8 mil milhões de meticais (388 milhões de dólares), que são cerca de 2,2% do nosso PIB", declarou o presidente da Confederação das Associações Económicas de Moçambique (CTA).

383 milhões de dólares

"A perda total estimada para a economia em 10 dias de manifestação é de 24,5 mil milhões de meticais (383 milhões de dólares), o que representa 2% do Produto Interno Bruto total estimado para 2024", lê-se num artigo do CIP sobre o "Impacto económico da fraude eleitoral em Moçambique", divulgado a 11 de Novembro.

Estas perturbações, aliadas ao bloqueio temporário da fronteira de Ressano Garcia, interromperam o uxo normal de camiões, maioritariamente destinado ao porto de Maputo. “No geral, existe uma avaliação permanente por parte dos sul-africanos sobre a situação, pelo que um prolongar da paralisação pode prejudicar a carga em trânsito para o porto de Maputo”, avisa a CTA.

Turismo: recuperação ameaçada Depois de anos de retracção devido à pandemia da covid-19, o sector do turismo vinha mostrando sinais de recuperação, com um aumento gradual de visitantes e investimentos em infra-estruturas. As manifestações, no entanto, criam uma percepção de insegurança, afastando visitantes estrangeiros e reduzindo a receita do sector. As perspectivas para a época festiva que se aproxima agravaram-se. Outros serviços associados também são directamente

afectados, levando a uma cascata de perdas económicas.

A CTA refere que turistas estrangeiros estão a cancelar reservas nos hotéis moçambicanos, com incidência na cidade de Maputo (local de estadia de cerca de 43% dos visitantes estrangeiros, segundo dados do INE).

O levantamento avança ainda que, tendo em conta as estimativas de receita por turista em Moçambique, na casa dos 135 dólares por dia (segundo a Organização Mundial do Turismo), estão em risco importantes parcelas de uma receita de 1,3 mil milhões de meticais.

Os restaurantes também registam limitações de funcionamento e muitos reportaram que, mesmo em dias mais calmos, não conseguiram funcionar devido à ausência de trabalhadores, que enfrentam di culdades de transporte. Grandes restaurantes optaram por providenciar transportes, mas alguns também foram impedidos de circular. A CTA teme que o sector da restauração possa acumular perdas na ordem de 1,5 mil milhões de meticais nos 10 dias de paralisação, durante as manifestações.

Instabilidade nos combustíveis

Segundo a Autoridade Reguladora de Energia (ARENE), citada pela CTA, existe um total de 848 postos de abastecimento de combustíveis em todo o País, 25% dos quais concentrados em Maputo. Estimando uma receita média diária de cerca de 456,1 milhões de meticais, e considerando que, durante os 10 dias de manifestações, os postos estiveram, pelo menos, dois dias sem operar e outros quatro dias em que trabalharam metade do dia, as estimativas de perdas atingem cerca de 1,8 mil milhões de meticais.

Por outro lado, alguns postos enfrentam problemas de abastecimento, devido aos bloqueios à circulação de camiões-cisterna. Por esta razão, “nalguns regista-se escassez de combustível, particularmente gasolina”, argumentou a CTA.

Agricultura: o pilar em risco

A agricultura, que emprega mais de 70% da população e é responsável por cerca de 25% do PIB, é altamente sensível a choques. As paralisações podem di cultar o transporte de produtos agrícolas para os mercados, gerando desperdício de colheitas e queda nos rendimentos dos agricultores. Adicionalmente, a interrupção no fornecimento de insumos, como fertilizantes e sementes, pode comprometer as próximas colheitas, aumentando a insegu-

As cíclicas crises pós-eleitorais em Moçambique afastam investimento estrangeiro. Este ano, o descontentamento e agitação atingiram o auge, já com efeitos visíveis no turismo.

rança alimentar e reduzindo as (poucas) exportações agrícolas de castanha de caju, algodão e outras culturas de rendimento.

Sector nanceiro foi afectado Nos primeiros dias das manifestações, os bancos e instituições nanceiras não abriram ao público. “Dados do mercado cambial são prova do quanto a paralisação das actividades terá afectado a economia. Estas paralisações resultaram na redução do turnover das transacções no mercado cambial (compras e vendas) em 75,3% onde, de uma média de cerca de 60 milhões de dólares, caiu para cerca de 14 milhões nos dias 24 e 25 de Outubro”, refere o relatório da CTA. Por causa desta situação, muitas salas de mercados adaptaram-se à situação, passando a privilegiar trabalho remoto e assegurar a continuidade dos negócios. Uma avaliação às contas de cinco bancos comerciais (Millennium bim, BCI, Standard Bank, MozaBanco e Nedbank) conclui que a perda de receitas

Devido às manifestações, turistas estrangeiros estão a cancelar reservas nos hotéis, com incidência na cidade de Maputo, local de estadia de 43% dos visitantes

foi superior a 1,2 mil milhões de meticais nos 10 dias em que os bancos não estiveram a operar.

Menos IDE e arrecadação scal

A instabilidade política e social afasta investidores estrangeiros. Grandes projectos, como os de gás natural na bacia do Rovuma, podem enfrentar mais adiamentos, com impactos signi cativos no emprego e receitas scais.

A desaceleração económica reduz a arrecadação scal, agravando ainda mais o peso da dívida pública, que já é uma das mais altas da região. Com menos receitas, o Governo enfrenta diculdades para cumprir compromissos nanceiros, incluindo o pagamento da dívida externa.

A continuidade da instabilidade pode comprometer a imagem de Moçambique como um destino atractivo para negócios. Sectores-chave como o da energia e mineração, que dependem da estabilidade social para operar em larga escala, podem ser particularmente

afectados, reduzindo a competitividade do País na região.

In ação começou a subir?

É o que reporta a classe empresarial. “Diversos custos de transacção aumentaram em Moçambique. Os operadores comerciais falam do aumento do custo de transporte de alimentos, derivado do aumento do risco”, lê-se no relatório da CTA. Dos dados levantados, em média, os custos aumentaram 11% até à quarta fase das manifestações (estes dados não têm suporte nos relatórios do INE, instituição responsável por fazer a actualização periódica dos índices de preços). “Caso os operadores repassem este aumento para os preços, poder-se-á registar um aumento no custo da cesta básica” na ordem dos 964 meticais, segundo a organização patronal.

Juros e câmbio: impactos directos As paralisações podem pressionar ainda mais o metical, especialmente se as exportações forem reduzidas e o IDE di-

EMPRESÁRIOS

Nos primeiros 10 dias de manifestações, o sector empresarial estima (contas próprias, sem veri cação externa) ter perdido mais de 8,4 mil milhões de meticais.

BANCOS FALAM EM PERDA DE RECEITAS

A paralisação da economia e a limitação na circulação de pessoas pode ter resultado na queda de receitas em cerca de 1,2 mil milhões de meticais, segundo os próprios bancos

minuir. A desvalorização da moeda, por sua vez, aumenta os custos de importação e alimenta a in ação. Em resposta, o Banco de Moçambique pode ser forçado a elevar as taxas de juro, encarecendo o crédito para empresas e famílias e limitando ainda mais o crescimento económico.

Para agravar... as vandalizações!

Um aspecto a não ignorar é o impacto das vandalizações a unidades empresariais durante as manifestações. As estimativas apontam para perdas de até 2,9 mil milhões de meticais até agora, por parte de 151 empresas de diversos ramos, com destaque para o comércio, em todo o País, pondo em causa cerca de 1200 postos de trabalho. Quais os potenciais riscos deste fenómeno?

Assaltos às unidades empresariais têm um impacto signi cativo no ambiente de negócios. Criam insegurança para os investidores e empresários, aumentam os custos operacionais das empresas, que passam a precisar de in-

vestir em medidas adicionais de segurança, como sistemas de vigilância, seguros e reforço de infra-estrutura. Além disso, os prejuízos materiais e a interrupção das actividades produtivas comprometem a competitividade e a capacidade de crescimento das empresas, especialmente as de pequeno e médio porte, que têm menos recursos para lidar com essas adversidades.

Do ponto de vista macroeconómico, estes crimes desincentivam novos investimentos e enfraquecem a con ança no mercado local, levando a uma redução na geração de emprego e no desenvolvimento económico. Quando recorrentes, criam uma percepção de instabilidade que pode afastar investidores externos e desmotivar iniciativas empreendedoras. Em última instância, as vandalizações e assaltos não apenas impactam directamente os negócios afectados, como também enfraquecem o tecido económico da região, prejudicando toda a comunidade.

Diversos custos de

transacção aumentaram em Moçambique, refere a CTA. Os operadores comerciais falam do aumento do custo de transporte de alimentos, derivado do aumento do risco da actividade

CUIDADO COM AS ESTIMATIVAS!

O Centro de Integridade Pública (CIP) recomenda transparência na análise dos impactos económicos das paralisações e protestos que agitam o País. "Recomenda-se que o Governo e a CTA adoptem uma abordagem mais fundamentada e transparente na análise e na divulgação dos dados económicos", defendeu a organização da sociedade civil, a meio de Novembro. Ou seja, os números divulgados não podem ser meras opiniões de quem trabalha nos respectivos sectores. O CIP defende que os cálculos devem ser tornados públicos e que até devem ser avaliados externamente.

O Centro de Integridade Pública sugere que o Tribunal Administrativo conduza uma auditoria independente das estimativas de perdas económicas e scais para que haja dados que re ictam "com precisão a realidade económica e scal do País".

"Em tempos de crise torna-se essencial não apenas relatar perdas, mas comunicar de forma equilibrada e embasada de modo a manter a con ança pública e dos investidores", indicou o Centro de Integridade Pública.

Há ou não riscos graves?

Entretanto, e ao contrário da previsão feita pelos economistas e pelos empresários, o governador do Banco de Moçambique (BdM), Rogério Zandamela, veio assegurar que a economia deve manter as taxas de crescimento inicialmente previstas, na ordem de 5,5%, já que os riscos resultantes deste fenómenos tinham sido já equacionados. “Por enquanto, com base nas informações actuais e na expectativa de que esta fase de instabilidade seja breve, as perspectivas para a economia mantêm-se positivas,” revelou Zandamela.

Este entendimento é similar ao da consultora britânica Capital Economics, que considera que os protestos em Moçambique não terão um impacto no crescimento a curto prazo. A diferença, porém, é que a consultora alerta para a possibilidade de aumento dos riscos de incumprimento das obrigações nanceiras. “Quaisquer tentativas do Governo para afrouxar a política orçamen-

A logística está a sofrer grandes prejuízos, cuja dimensão ainda está a ser calculada

COMO AS PARALISAÇÕES PODEM AFECTAR A ECONOMIA

A paralisação de actividades económicas devido a manifestações populares ou outras razões pode ter impactos profundos em múltiplos sectores da economia. Veja como cada sector é afectado, numa análise baseada em estudos e exemplos práticos

AGRICULTURA

Interrupções no transporte de insumos e produtos agrícolas, levando à deterioração de alimentos; atrasos na colheita e no plantio afectam os ciclos produtivos e reduzem a produtividade; perda de acesso a mercados internos e externos.

Exemplo: Durante a pandemia da covid-19, bloqueios e limitações de transporte resultaram na perda de toneladas de alimentos perecíveis em diversos países africanos.

TURISMO

Cancelamentos em massa de reservas devido a preocupações com a segurança; perda de receitas por parte dos hotéis, operadores turísticos, restaurantes e guias; danos à reputação do destino turístico, di cultando a recuperação pós-crise.

Exemplo: A instabilidade política no Egipto durante a Primavera Árabe levou a uma queda drástica de 80% nas receitas do turismo.

LOGÍSTICA, PORTOS E FRONTEIRAS

Bloqueio de rodovias e fronteiras impede o transporte de mercadorias; congestionamento em portos devido à interrupção de operações com efeitos negativos na competitividade; aumento nos custos logísticos devido a atrasos e desvios.

Exemplo: Greves nos portos brasileiros em 2018 interromperam o uxo de exportações agrícolas, causando prejuízos bilionários.

TRANSPORTES

Paralisação de transportes públicos e privados afecta a deslocação de trabalhadores e mercadorias, o que di culta a produtividade da economia; danos aos veículos e infra-estruturas em protestos violentos agravam o problema.

Exemplo: Greves gerais na França resultam frequentemente em prejuízos bilionários com o cancelamentos de voos, interrupções ferroviárias e bloqueio de estradas.

INVESTIMENTO DIRECTO ESTRANGEIRO (IDE)

A incerteza desencoraja novos investimentos, o que no caso de Moçambique desencadeia outro problema que, por coincidência, está na ordem do dia: a insu ciência de divisas; risco de transferência de investimentos para países mais estáveis.

Exemplo: A crise económica na Venezuela, iniciada em 2013, resultou na saída de várias multinacionais do país.

EMPREGO

Desemprego temporário devido à paralisação de actividades produtivas, com efeitos sociais que podem exacerbar a instabilidade, como o aumento da criminalidade; empresas menores, sem reservas nanceiras, podem fechar permanentemente.

Exemplo: No Brasil, a greve dos camionistas em 2018 deixou milhares de trabalhadores temporariamente sem emprego.

SECTOR FINANCEIRO

Redução da arrecadação scal, podendo piorar a já limitada liquidez do Governo, resultando no aumento do dé ce orçamental e maior necessidade de endividamento público; aumento do risco-país, levando a maiores taxas de juro para empréstimos.

Exemplo: Durante crises políticas na Argentina, a fuga de capitais elevou a in ação e desvalorizou o peso, moeda daquele país.

OUTROS SERVIÇOS (EDUCAÇÃO E SAÚDE)

Interrupções nos serviços essenciais, como saúde, causam aumento de mortalidade e morbilidade; suspensão de aulas prejudica a aprendizagem, especialmente nas áreas rurais. Em Moçambique, estas áreas carecem de especial atenção.

Exemplo: Greves em sectores públicos em Moçambique têm historicamente impactado os serviços básicos, como saúde e educação.

COMÉRCIO INTERNO E EXTERNO

Redução do consumo devido à incerteza económica e falta de acesso a bens; interrupção das exportações e importações devido ao encerramento de portos e fronteiras, com prejuízos consideráveis em termos de receitas de Estado e de ligação com o hinterland.

Exemplo: Protestos na África do Sul em 2021 causaram perdas de 3 mil milhões de dólares no sector do comércio.

tal para compensar os efeitos dos protestos ou perturbações nos grandes projectos de gás vão fazer com que os riscos de incumprimento nanceiro aumentem novamente”, lê-se numa nota sobre as manifestações no País.

Para a Capital Economics, o mais preocupante será um eventual momento em que o Governo resolver abrandar a disciplina orçamental para fazer concessões aos manifestantes ou colmatar o abrandamento da actividade económica, que resulta do fecho de lojas, comércio e indústrias.

“O Governo pode tentar compensar o choque económico através de uma política orçamental mais folgada, o que levantaria preocupações sobre o enquadramento orçamental e o empenho no cumprimento do programa acordado com o Fundo Monetário Internacional”, lembrando que os investidores reagiram mal à instabilidade, com os ju-

AS ELEIÇÕES MAIS CARAS DA HISTÓRIA DE MOÇAMBIQUE?

> 3% do Produto Interno Bruto (PIB)

Para o Centro de Integridade Pública (CIP), somados os 24,5 mil milhões de meticais de perdas estimadas ao custo do escrutínio deste ano, 19 mil milhões de meticais, este ciclo eleitoral pode representar um impacto acumulado "superior a 3% do PIB", tornando-se nas eleições "mais caras da história de Moçambique".

ros da dívida a subirem desde meados de Outubro.

O que pode acontecer?

Se as manifestações e as paralisações económicas persistirem, Moçambique enfrentará uma encruzilhada crítica: ou se resolve a crise e se resgata o potencial de crescimento, ou se mergulha num ciclo de retracção e instabilidade prolongada. A economia, como uma roda viva, depende do movimento. E cada dia de inércia é um passo atrás na corrida pelo desenvolvimento. A continuidade deste cenário pode cristalizar uma realidade de perda de empregos, fuga de investimentos e desvalorização do metical. Contudo, a história mostra que, mesmo em tempos difíceis, resiliência e diálogo podem reverter cenários adversos. A questão agora é se o País terá a liderança e a coesão necessárias para transformar as adversidades em oportunidades.

A in ação já se faz sentir e os alimentos são os primeiros produtos a carem mais caros

Escrevendo no Olho do Furacão: Re exão Sobre o Momento Actual

Talvez nunca tenha sido tão difícil escrever sobre um tema como neste momento. Num mundo que se fragmenta em opiniões cada vez mais extremadas, chegou agora a nossa vez de vivermos este fenómeno, com eco em várias partes do globo. Quando se é confrontado com esta tensão, corre-se sempre o risco de se alienarem visões contrárias ou até mesmo de se soar desactualizado.

Volatilidade e Incerteza: As Marcas de Uma Democracia Jovem

A instabilidade actual, se não for contida, poderá causar danos significativos à reputação e competitividade do País, manchando a imagem de Moçambique

A situação é delicada. Estamos no epicentro deste temporal e, ao chegar às bancas, esta publicação poderá já estar ultrapassada pelos acontecimentos. Como projectar um discurso relevante, intemporal e resiliente a quaisquer eventos que venham a ocorrer nas próximas semanas? Sem uma bola de cristal, o desafio torna-se quase hercúleo, especialmente num contexto em que novos precedentes se criam quase semanalmente. Podemos, então, tentar deixar de lado os dados económicos ainda em compasso de espera e focar-nos em reflectir sobre o que este momento pode significar para o futuro, assumindo desde já que nada será como antes. Para tal, torna-se essencial recorrer a ferramentas analíticas como o VUCA – acrónimo inglês para Volatilidade, Incerteza, Complexidade e Ambiguidade. É com esta estrutura que podemos orientar melhor a nossa análise e lançar um olhar objectivo sobre o panorama nacional.

Estávamos preparados para, pela primeira vez na nossa jovem democracia, realizar eleições sem o peso de partidos armados, o que oferecia uma base de estabilidade e previsibilidade. Prova disso foi o anúncio do CEO da TotalEnergies, Patrick Pouyanne, a 2 de Outubro, uma semana antes das eleições, de que visitaria Moçambique no final do mês para discutir com o novo Presidente eleito os planos do projecto de gás. No entanto, tal como para esta multinacional, o cenário rapidamente se tornou imprevisível.

Se até a 23.ª maior empresa do mundo em termos de receita foi apanhada desprevenida, o que dizer das demais empresas que aguardavam um 2025 repleto de optimismo, impulsionado pela expectativa de um novo Governo e pela promessa de reformas estruturais? Todas estas previsões, até então consideradas seguras, precisarão de ser recalibradas, numa adaptação ao inesperado.

Complexidade e Ambiguidade:

O Crescimento Como Desafio

Multissectorial

Durante a campanha eleitoral, os principais candidatos abordaram com intensidade a complexidade do crescimento de Moçambique. Este crescimento é condicionado por múltiplos factores, incluindo as infra-estruturas, o sector energético, políticas agrícolas robustas, parcerias externas estratégicas e um conjunto de desafios ambientais. Estes elementos, longe de serem independentes, estão profundamente interligados e exigem soluções assertivas, multissectoriais e, sobretudo, colaborativas. Já éramos pressionados a melhorar nestes aspectos; agora, essa urgência é reforçada pela necessidade de um caminho mais estável e coeso.

Impacto no Curto Prazo:

Uma Sazonalidade Sobressaltada Para o curto prazo, há pouca esperança de um Verão e uma época festiva particularmente favoráveis para os sectores de retalho, viagens, hotelaria e turismo. Mesmo sem dados concretos à mão, o cenário já parece prenunciar uma onda de cancelamentos, e os prejuízos acumulados até ao momento podem vir a comprometer bónus anuais e outros benefícios que são

Crescimento do PIB (anual) - Moçambique

Dados das contas nacionais do Banco Mundial e cheiros de dados das contas nacionais da OCDE

População Total em Moçambique

Estatísticas demográ cas da divisão de estatística das Nações Unidas e o Relatório de Estatísticas Populacionais e Vitais

importantes para criar optimismo junto dos consumidores.

Além disso, é de esperar que, assim como a Total optará agora pelo silêncio, investimentos estratégicos em sectores comoinfra-estrutura, construção civil e energia enfrentem pausas ou adiamentos, até que o panorama político se torne mais claro. Num cenário ainda mais pessimista, o medo de uma possível desvalorização do metical poderá motivar uma fuga de capital, à medida que investidores optem por suspender novos aportes ou retirar fundos. Essa retracção associada aos constrangimentos logísticos, que já estão a afectar a economia, pode pressionar ainda mais a inflação, dificultando o cenário para empresas e consumidores.

O Médio Prazo: Um Equilíbrio

Delicado Entre Ideais e Pragmatismo

A médio prazo, o cenário torna-se ainda mais complexo, pois o que enfrentamos nãoéummeroconfrontodeideologiasentre esquerda e direita, entre liberais e conservadores. Independentemente da solução que se encontre para a actual situação, é quase certo que os manifestos eleitorais iniciais terão de ser revistos. Sem uma base estável, podemos prever uma retracção do Investimento Directo Estrangeiro

(IDE), especialmente em direcção a países vizinhos como a Namíbia e o Botsuana, que são igualmente ricos em recursos, e têm sido capazes de atrair capital devido à sua imagem de estabilidade.

O investimento nacional também poderá sofrer abalos, na medida em que os nossos próprios empresários comecem a perder a confiança e o optimismo quanto ao futuro. Este cepticismo, inevitavelmente, poderá impactar o consumo interno, conduzindo a uma retracção da procura por bens e serviços e dificultando ainda mais as previsões de crescimento

Uma Visão a Longo Prazo: O Risco de Uma Década Perdida É difícil ignorar que os efeitos deste momento poderão ressoar muito além de 2028 e 2029, anos das próximas eleições municipais e gerais. A instabilidade actual, se não for contida, poderá causar danos significativos à reputação e competitividade do País, manchando a imagem de Moçambique como destino de investimento seguro. Além disso, para os países vizinhos da SADC, que dependem de um Moçambique próspero e estável, a actual situação deve ser uma fonte de preocupação crescente.

Um impacto adicional, que pode ser menos visível mas não menos relevante, é a provável intensificação da “fuga de cérebros”. Momentos de incerteza tendem a empurrar os talentos para fora das fronteiras, em busca de maior estabilidade e melhores oportunidades. Assim, perde-se capital humano valioso, agravando uma economia que já enfrenta desafios na capacitação dos seus recursos humanos e, a longo prazo, colocando em risco o potencial de inovação e competitividade do País.

A Realidade Demográfica e Económica: Um Roteiro para 2034 Os dados históricos do Banco Mundial são inequívocos em dois pontos fundamentais: primeiro, há uma queda previsível no crescimento do PIB no primeiro ano de um novo Governo; segundo, o crescimento populacional continua a acentuar-se. Todos os anos, temos mais um milhão de moçambicanos que precisam de alimentação, educação e emprego. Projecções indicam que em 2034 seremos cerca de 46 milhões. Com o crescimento actual, corremos o risco de olhar para trás e ver uma década perdida. Se quisermos ser ousados e reduzir a pobreza absoluta pela metade, precisaríamos de um crescimento económico próximo de 6% ao ano. E, mesmo assim, ainda teríamos cerca de 17 milhões de pessoas na pobreza.

Este não é um problema exclusivo de Moçambique. No ano de 2024, líderes incumbentes em várias partes do mundo foram confrontados por um eleitorado cada vez mais exigente: Índia, África do Sul, Botsuana, Japão, Portugal, França e, mais recentemente, os EUA, são alguns exemplos. A mensagem é clara: não há nada de novo neste mundo, e quer no nosso país, quer além-fronteiras, algo precisa de mudar. O que se exige é um sistema mais austero, robusto, previsível e que seja atractivo ao investimento, capaz de criar as condições necessárias para a geração de desenvolvimento e riqueza colectiva.

Reflexão Final: Um Convite à Acção

O que nos resta, então, diante deste cenário desafiador? Resta-nos a responsabilidadedenãopermitirqueahistórianosdefina pelas dificuldades, mas pela forma como lhes respondemos. É urgente que se dê início a um novo ciclo de confiança, no qual a previsibilidade e a estabilidade se convertam em catalisadores de uma economia pujante e mais justa. Que possamos, com pragmatismo e uma visão de longo prazo, moldar as bases de um Moçambique forte, um país que, embora marcado pela incerteza deste momento, encontre na diversidade das suas vozes e na resiliênciadoseupovoachave paraumfuturo mais promissor.

MOÇAMBIQUE

3,6%

É a taxa de crescimento económico estimada pelo Standard Bank para este ano, abaixo dos 5,4% do ano passado, e em que já pesa o efeito da instabilidade associada ao processo eleitoral – agitação que tem sempre acompanhado as eleições em Moçambique, mas que este ano atingiu uma mobilização inédita.

“Há Duas Hipóteses: Cedência ou Relutância”

O con ito transcende a justiça eleitoral. Revela “insatisfação e reivindicações” que se arrastam há anos, em grande parte, ligadas à economia. Eis o alerta do investigador do Instituto de Estudos Sociais e Económicos (IESE), Michael Sambo

Há uma “necessidade urgente de estabilidade sociopolítica para garantir um ambiente propício rumo ao crescimento e ao desenvolvimento sustentável”, refere à E&M o investigador do Instituto de Estudos Sociais e Económicos (IESE), Michael Sambo. Caso contrário, não há recursos naturais nem diversificação que valham a uma economia encostada às cordas. O investigador do IESE alerta para a possibilidade de um problema mais profundo do que se possa pensar.

Se a onda de manifestações se prolongar, que influência pode ter na economia?

A situação actual tem implicações económicas profundas e multifacetadas. A continuidade das manifestações poderá levar a uma contracção significativa do Produto Interno Bruto (PIB), se as paralisações e a instabilidade afectarem directamente sectores-chave como o da indústria, comércio, turismo, logística, transportes e financeiro. A classe empresarial, representada pela Confederação das Associações Económicas (CTA), estimou que as perdas directas já tenham alcançado cerca de 2,2% do PIB, correspondente a 24,8 mil milhões de meticais

(perto de 390 milhões de dólares). Certamente que, se as paralisações persistirem, essa percentagem poderá aumentar, agravando ainda mais a situação económica do País.

Haverá impacto no investimento?

A instabilidade política e social é um factor de risco significativo para os investidores nacionais e internacionais. A confiança pode ser severamente abalada, resultando numa redução drástica dos investimentos. Aliás, em períodos eleitorais, tendem a aguardar por um ambiente mais estável. Entretanto, o tecido social e empresarial é diverso. Porém, olhando sob o ponto de vista da objectividade económica, qualquer paralisação – quer de projectos estruturantes, como é o caso da construção do empreendimento de gás natural liquefeito (GNL) pela TotalEnergies, quer de outros projectos em curso – tem impactos económicos severos de curto e médio prazo. Comprometem a produção total anual, os lucros das empresas, as receitas do Estado e a disponibilidade financeira das famílias. No longo prazo, os impactos são menos previsíveis. Contudo, se se mantiver uma tendência de manifestações pacíficas, favorecendo a continuidade do trabalho e da produção na economia, podem espe-

“A redução drástica de transacções no mercado cambial e a queda nas reservas turísticas são indicadores claros da instabilidade gerada e da perda de receitas”.

rar-se efeitos negativos mínimos, a médio prazo.

Que efeitos sociais se devem esperar numa sociedade predominantemente pobre?

Sabe-se que a pobreza tem aumentado nos últimos dez anos, tendo a incidência passado de 46,1%, em 2015, para 65% da população, em 2022. A instabilidade pode exacerbar ainda mais a pobreza no País, caso se estenda por mais tempo. As consequências seriam muito nefastas. Por um lado, o recuo na produção, com redução de emprego, que já é escasso. Adicionando a isto, a escassez de produtos, o aumento dos preços e a redução do poder de compra das famílias moçambicanas são consequências directas que poderão advir da instabilidade e paralisações por longos períodos. Além disso, a perda de emprego ou oportunidades no sector informal pode

agravar ainda mais a situação de pobreza, minando a possibilidade de os desempregados se acomodarem temporariamente no sector informal.

É possível medir o grau de risco que esta situação representa para a economia?

A economia moçambicana já é frágil por diversos factores. Com as manifestações, enfrenta um risco elevado de deterioração. Note-se que, depois da recessão entre 2020 e 2021 devido à pandemia da covid-19, a economia tem tentado retomar o crescimento, embora de forma tímida. Entretanto, a interrupção das actividades comerciais e de logística pode levar a uma escassez de produtos essenciais e ao aumento dos custos reflectindo-se nos preços de produtos essenciais. A reabertura da economia pode permitir que os preços voltem a estabilizar, enquanto uma nova paralisação pode ace-

lerar a tendência inflacionária. Além disso, a redução drástica de transacções no mercado cambial e a queda nas reservas turísticas são indicadores claros da instabilidade gerada e da perda de receitas por parte dos agentes económicos, da redução da procura por mão-de-obra (e consequente aumento do desemprego) e da queda das receitas de Estado.

Que cenários considera possíveis para os próximos tempos?

Existem duas possibilidades: a cedência ou a relutância. Ambas podem resultar num retorno à paz e normalidade. De um lado, a cedência à declaração do candidato contestatário [Venâncio Mondlane] como vencedor - ou a repetição do processo eleitoral, privilegiando-se a transparência. Do outro, a relutância [do poder], que pode degenerar em caos na governação, com focos de manifestações e violência em escala ou um confli-

to à semelhança da guerra dos 16 anos, com consequências negativas a nível nacional e regional. Sem pôr fim a esta situação de conflito, que transcende a justiça eleitoral (visto que a tendência de voto em si e as manifestações revelam insatisfação e reivindicações relativas a uma extensa lista de reclamações), a instabilidade contínua pode comprometer seriamente as expectativas de desenvolvimento económico e social de Moçambique, alavancadas com o ‘boom’ dos recursos naturais. Igualmente, a confiança dos parceiros comerciais e investidores pode ser abalada, agravando o abrandamento económico e fazendo regredir, tanto a exploração dos recursos naturais, como a implementação de projectos de desenvolvimento. A necessidade urgente de estabilidade sociopolítica é crucial para garantir um ambiente propício rumo ao crescimento e ao desenvolvimento sustentável.

capítulos (3) “Estado Inclusivo”, (4) “Estado Extractivo” e (6) “Armadilha da Pobreza”. Analisando o perfil do IDE dos últimos 10 anos na África do Sul, Moçambique e Namíbia, observa-se que os países têm em comum a atracção de capital em sectores como energia (gás), mineração e agricultura, portanto, uma releitura do Estado Extractivo mencionado por Acemoglu e Robinson. O IDE, como todo o investimento, analisa aspectos como risco-retorno frente ao prazo e, apesar de os países terem realizado mudanças nas suas legislações para atrair este tipo de capital, as nações permanecem na Armadilha da Pobreza perpetuada por Acemoglu e Robinson, pois as suas instituições (governos) não conseguem direccionar o capital para o crescimento económico por meio da inovação, resultando na sociedade estagnada revelada pelos autores. Aqui, justiça seja feita para a África do Sul, que atraiu investimentos para projectos de infra-estrutura – inclusive, em 2021, o IDE sul-africano teve como destino novas infra-estruturas de dados, abrindo o seu portefólio para incluir tecnologia, além da tradicional mineração.

O Estado Extractivo é amplamente conhecido pela expressão “país de dono”, comum em análises políticas e económicas para a América Latina e África, onde o poder e os recursos são concentrados nas mãos de uma restrita elite que perpetua a situação pelo controlo das riquezas disponíveis ou através da corrupção, perpetuando a pobreza e a contínua desigualdade social que previnem o progresso.

A ausência de um Estado Inclusivo de Acemoglu e Robinson pode ser pista e solução. Se, por um lado, a falta de instituições políticas e económicas sólidas para moldar as economias da África Austral são uma pista, por outro, a solução é pavimentar o sucesso rumo a um Estado Inclusivo, ao construir instituições com uma governança corporativa robusta. O leitor certamente conhece pessoas ro-

mânticas que acreditam que o Estado Inclusivo de Acemoglu e Robinson pode surgir automaticamente: basta promover a participação de todos os cidadãos na vida económica e política com campanhas publicitárias de mobilização, o fortalecimento da protecção dos direitos de propriedade com legislações mais modernas e um sistema judiciário mais transparente, promover a igualdade de oportunidades e incentivar a inovação ao criar um ambiente onde indivíduos e empresas possam prosperar. Por favor, avise o iludido que os exemplos históricos rumo a um Estado Inclusivo são uma colectânea de movimentos sangrentos ou conturbados, como a Revolução Francesa (1789-1799), Guerra Civil Americana (1861-1865), Revolução Industrial/ Conflitos Laborais no Reino Unido (século XIX), Unificação Italiana (Risorgimento)/ Guerras de Independência (1848-1870), Revolução Meiji no Japão (1868-1912) e a Guerra Civil Espanhola (1936-1939). Se o leitor se questiona: o Estado Inclusivo é somente alcançado através de conflitos violentos? Não necessariamente. A Revolução Gloriosa (1688), a colonização-formação da Austrália (1850) e a Queda do Muro de Berlim (1989) demonstram que é possível uma transição suave quando o ‘zeitgeist’ [espírito da época] da sociedade se apresenta.

Moçambique precisa de lembrar-se diariamente que alcançar o Estado Inclusivo, ao adoptar o IDE como meio, requer vigilância, pois estes recursos são bastante sensíveis a aspectos como infra-estrutura deficiente, falta de mão-de-obra qualificada, condições de mercado restritivas, corrupção, governança e instabilidade política e conflitos internos.

E ao avançar neste campo, as notícias não são encorajadoras. O Índice Global de Competitividade (2020) do Fórum Económico Mundial, ao avaliar a prontidão para a transformação dos países, não lista Moçambique e, no ranking 2023 do Infrastruc-

ture Index, Moçambique figura no final da lista, reflectindo os desafios contínuos da sua infra-estrutura deficiente em transporte, energia e comunicações. A falta de mão-de-obra qualificada está relatada na International Trade Administration e também numa recente reportagem da Africa Press. As condições de mercado restritivas impostas pelo Banco de Moçambique (BdM) para remessa de valores para o exterior desestimulam a entrada de IDE sem que se dedique tempo e recursos para assegurar acordos com o Governo que garantam em contratos a sua fluidez de retorno – recentemente, em Junho de 2024, o BdM realizou avanços, porém, nada que mude o actual patamar de IDE no País. Em corrupção, Moçambique ocupa actualmente a posição 145 entre 180 países no Índice de Percepção da Corrupção (CPI, em inglês), com uma pontuação de 25/100, segundo o relatório da Transparência Internacional de 2023. A maturidade de governança de um país envolve uma análise multifactorial, como seja do CPI, do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH, no qual Moçambique reporta 0,456 em 2020), a qualidade das instituições, como a liberdade de imprensa (nota: 52,42), onde o país figura como 105.º de 180 países, o desempenho económico-crescimento do PIB (+5% em 2023) e a análise comparativa com países similares.

Por fim, ao analisar a instabilidade política e os conflitos internos, as recentes notícias das manifestações ao resultado das eleições em Moçambique, ou o aviso para viagens para Moçambique do Departamento de Estado dos EUA, que coloca o País no “Nível 2: Exercite Cuidado”, com notas especiais para a província de Cabo Delgado e Pemba, são típicos exemplos daquilo que afasta o IDE.

Não fique com a impressão de que há um campo minado à frente e que o artigo apresenta somente más notícias. Saiba que toda a transformação de sucesso rumo ao ‘eldorado’ começa com um sólido diagnóstico e, para evitar a perpetuação da pobreza e contínua desigualdade social que previnem o progresso desejado, é fundamental construir análises – algo que o artigo já proporcionou. Evitar “reinventar a roda” também. O Índice de Capacidades Institucionais (ICI®), na sua versão de análise de países, concebido e desenvolvido pelo Think Action Tank de Gestão Pública da Fundação Dom Cabral é exemplo do caminho para ajudar governos e IDE a promoverem acções que sejam capazes de promover desenvolvimento rumo a um Estado Inclusivo. Afinal, somente quem pode determinar se “todos os caminhos levam a Moçambique” como potencial ‘eldorado’ ou campo minado é o seu ‘zeitgeist’.

Como transformar uxos limitados de IDE em desenvolvimento?

O Presidente do Senegal, Bassirou Diomaye Faye, deverá garantir a maioria parlamentar necessária para implementar reformas económicas. Quando a contagem de votos ainda estava em cur-

so, opositores já felicitavam o seu partido, Pastef, pela vitória. Segundo projecções, o partido obteve 84 assentos, ultrapassando o limiar necessário para controlar a legislatura.

John Dramani Mahama, líder da oposição no Gana, promete renegociar o programa do FMI se vencer as eleições de 7 de Dezembro, reduzindo impostos e aliviando os pagamentos da dívida. O país garantiu um resgate de 3 mil milhões de dólares após incumprimentos nanceiros. Paralelamente, o Parlamento submeteu novamente ao Presidente um polémico projecto de lei anti-LGBTQ, desa ando uma ordem para aguardar a decisão do Supremo Tribunal sobre a sua constitucionalidade. África Aumentam riscos sobre a Mpox em África e no mundo

A variação do vírus Mpox continua a sofrer mutações, aumentando o risco de propagação em África e no mundo, alertou Jean Kaseya, director-geral do África CDC. A estirpe comum na África Oci-

dental e Central poderá agora transmitir-se mais facilmente entre humanos. Mais de 50 mil casos foram registados este ano, sinalizando uma vigilância sanitária urgente.

O Governo militar do Mali deteve o CEO da Resolute Mining, empresa australiana de exploração de ouro, para forçar o pagamento de uma alegada dívida scal de 160 milhões de dólares. A empresa já desembolsou 80 milhões e promete mais, mas o CEO Terry Holohan permanece detido. A medida re ecte a necessidade urgente de receitas num país em con ito, mas assusta potenciais investidores estrangeiros.

África do Sul

Alerta para possível risco de optimismo a mais

A Fitch Ratings poderá melhorar a perspectiva de crédito da África do Sul se o Governo mantiver o plano de estabilização da dívida. Contudo, a agência alerta para previsões orçamentais demasiado optimistas, prevendo que a dívida pública atinja 75,5% do PIB no próximo ano scal. Transferências adicionais para empresas estatais em di culdades, como a Transnet (ferrovia), continuam a ser uma preocupação.

Marrocos França reforça laços

O Presidente francês Emmanuel Macron visitou Marrocos, reforçando laços históricos com a assinatura de acordos no valor de até 10 mil milhões de euros. Macron destacou o papel singular de Marrocos como “porta de entrada para África” num discurso entusiástico ao Parlamento.

Esta foi a sua terceira visita ao país desde 2017, re ectindo o interesse estratégico francês na região.

Nigéria Access Bank abre sucursal em Hong Kong

O maior banco da Nigéria, Access Bank, abriu uma sucursal em Hong Kong, marcando o início da sua expansão asiática. A decisão surge num contexto de tensões entre os EUA e a China, com Pequim a reforçar o

apoio a África. Simultaneamente, o regulador petrolífero nigeriano identi cou problemas na venda de activos onshore da Shell, mas espera resolvê-los em breve, segundo um assessor energético presidencial.

Ilhas Maurícias Ordenada uma auditoria às contas públicas

Navinchandra Ramgoolam, novo primeiro-ministro das Maurícias, ordenou uma auditoria aos dados económicos o ciais, alegando manipulação para ocultar di culdades nanceiras.

A equipa de revisão já começou

a avaliar as contas públicas, após a vitória esmagadora da sua coligação nas eleições de 10 de Novembro. “Enganaram o povo, fazendo-o acreditar que tudo estava bem”, a rmou Ramgoolam num comício público.

Botsuana

Surpreendente vitória de Duma Boko nas legislativas

Duma Boko assumiu a Presidência do Botsuana após a surpreendente vitória da coligação Umbrella for Democratic Change nas eleições legislativas.

O Botswana Democratic Party, que governava desde a independência em 1966, obteve apenas quatro assentos

parlamentares, contra os 38 de há cinco anos. A crise económica e o desemprego elevado castigaram o partido no poder. Boko prometeu criar 400 mil empregos e reduzir tarifas de água e electricidade, mas enfrenta desa os num país dependente das exportações de diamantes.

África e Turquia Novos negócios reforçam comércio electrónico

A Jumia Technologies, retalhista online focada em África, uniu-se à Hepsiburada, gigante do comércio electrónico turco, para expandir a oferta de marcas turcas no continente. Além disso, a Moniepoint, startup nigeriana de transferências de dinheiro, captou 110 milhões de dólares para se expandir no mercado interno e noutros países africanos.

Três Bancos Moçambicanos nos 100 Maiores de África

O Top 100 African Banks 2024 incluiu três bancos moçambicanos. O Standard Bank ocupa o 54.º lugar, seguido do Millennium Bim (56.º) e do BCI (63.º).

O topo da lista continua a ser dominado pelos bancos sul-africanos

Na edição deste ano do Top 100 African Banks, publicado pela revista e Banker, os analistas concluíram que a depreciação das principais moedas africanas face ao dólar foi a variável que mais afectou os activos e os fundos próprios dos maiores bancos, em particular na África do Sul (que vale 40% dos activos totais) e na Nigéria (o terceiro maior mercado).

Entre os 100 maiores bancos do continente, houve 52 instituições que registaram um declínio no valor dos seus activos expressos em dólares e 41 sofreram uma queda no indicador Tier 1 Capital, que mede o grau de solvabilidade. O desempenho melhorou substancialmente no critério dos lucros, com 71 bancos a alcançarem resultados positivos e com a taxa média de rentabilidade antes de impostos a ascender a 18,2%.

O ano correu particularmente mal aos bancos nigerianos devido ao aumento da in ação e à desvalorização da moeda local (naira) em mais de 50% face ao dólar. Em consequência, oito bancos deste país (dos nove presentes no top) perderam mais de 15% do valor Tier 1 Capital. Pelas mesmas razões, o ano também não foi favorável para os bancos quenianos (dos 11 analisados, oito

registaram reduções de dois dígitos na taxa de rentabilidade) e angolanos (cujo valor dos seus activos diminuiu, devido à descida abrupta da cotação do kwanza). Sorte diferente tiveram os bancos marroquinos e egípcios, com melhorias signi cativas em todos os indicadores e com subidas generalizadas de posições na lista dos maiores bancos.

Bancos nacionais perdem posições No que se refere a Moçambique, o Standard Bank Moçambique (do grupo sul-africano Standard Bank) é o mais bem classi cado do País, segundo a ordenação pelo critério Tier 1 Capital. O banco ocupa o 54.º lugar entre os 100 maiores de África, embora perdendo quatro posições em relaçãoàlistagemdoanopassado.Emsentido contrário, o Millennium bim ascendeu ao 56.º lugar (era 61.º) e o BCI - Banco Comercial e de Investimentos também subiu para a 63.ª posição (era 69.º em 2023 e, no ano anterior, não fazia parte da listagem).

No ranking ordenado por activos, todos os bancos moçambicanos melhoraram, mas as posições invertem-se. O BCI lidera com 3,3 mil milhões de dólares, sendo o 62.º maior de África (subiu quatro lugares). O segundo é o Millennium bim com 3 mil milhões de dólares (está em 67.º, melhorou oito posições) e o terceiroéoStandardBankMoçambiquecom

No ranking ordenado por activos, todos os bancos moçambicanos melhoraram, mas as posições mudam. O BCI lidera, o segundo é o Millennium bim e o terceiro é o Standard Bank Moçambique

2,5 mil milhões (82.º, um lugar acima).

No ranking por rentabilidade, as diferenças são ainda mais ténues. O Millennium bim teve lucros antes de impostos de 160 milhões de dólares (acima dos 142 milhões registados no ano passado), o BCI lucrou 157 milhões (abaixo dos 172 milhões em 2023) e o Standard Bank também aumentou de 143 para 154 milhões de dólares este ano.

Standard Bank lidera continente O topo da lista deste ano continua a ser ocupado pelo sul-africano Standard Bank, o único do país vizinho que registou uma melhoria no valor da Tier 1 Capital face ao ano passado, apesar da quebra de 2,5% nos activos, compensada pelo crescimento de 23% nos lucros, em moeda local. Nas posições seguintes estão os também sul-africanos FirstRand e Absa Group.

A novidade é que, no quarto lugar, passa a surgir o Afreximbank, do Egipto, que destronou o Nedbank Group, da África do Sul. Seguem-se três bancos marroquinos

MELHOR DESEMPENHO

CIB do Egipto vence pela primeira vez

Ranking Banco País Pontuação (***)

1 Commercial International Bank

2 Guaranty Trust Bank

Egipto6.87

Gana6.79

3 United Bank for Africa Nigéria6.73

(***) Soma ponderada dos seguintes critérios: crescimento, rentabilidade, e ciência operacional, qualidade dos activos, retorno do risco, liquidez, solvabilidade e leverage

Fonte: Top 100 African Banks 2024, revista e Banker

O QUE É O RÁCIO ‘TIER 1 CAPITAL’?

Os bancos têm a obrigatoriedade de manter determinados níveis de capital, de modo a que tenham recursos su cientes para suster perdas operacionais e honrar os capitais dos depositantes, funcionando como uma margem de segurança para fazer face a prejuízos inesperados. Os “Tiers” foram a fórmula encontrada pelo Comité de Basileia para categorizar os elementos de capital próprio das entidades nanceiras.

TOP 100 DOS MAIORES BANCOS DE ÁFRICA

Três bancos sul-africanos ocupam os três primeiros lugares do ranking do continente

Afreximbank Egipto6,11033,4699756

(Attijariwafa Bank, Groupe Banques Populaire e Bank of Africa), um egípcio (CIB Egypt) e, por m, outro sul-africano (Investec), que ascendeu ao top 10 por troca com o nigeriano Zenith Bank. Por países, o Egipto é o que tem mais bancos presentes no top 100 africano (com 16, mais um do que no ano passado). Seguem-se o Quénia (com 11, aumentou dois) que suplantou a Nigéria (com nove, perdeu dois). A Tunísia (nove) e Marrocos (oito) mantiveram o número de bancos, assim como a África do Sul (que tem apenas sete bancos entre os 100 maiores, sinal da tendência de concentração do sector bancário patente neste país) e as ilhas Maurícias.

Angola com cinco bancos no Top 100

Destaque também para Angola que conseguiu posicionar cinco bancos entre os 100 maiores de África. O líder nacional é o BAI (Banco Angolano de Investimento) que ocupa a invejável 30.ª posição do continente, o BFA (Banco de Fomento Angola) está em 42.º lugar, o banco BIC em 43.º, o Millennium Atlântico em 82.º e, por m, o BPC (Banco Poupança e Crédito), que se estreou no top com a entrada para o 99.º lugar, sendo o único que aumentou os activos.

No ranking dos bancos africanos com melhor desempenho, os mais bem classicados são o CIB (Commercial International Bank) do Egipto, o GTBank (Guaranty Trust Bank), do Gana e o United Bank for Africa, da Nigéria.

RANKING POR PAÍSES

Egipto e Nigéria em destaque

Gana 4

Botsuana 3

Moçambique3

Namíbia3

Outros (*)9

*Tier 1 Capital é o indicador mais utilizado para a análise da solvabilidade do sector bancário, correspondendo aos fundos próprios de base, isto é, ao capital social e às reservas acumuladas (soma dos lucros não distribuídos). ** Lucros antes de impostos Fonte: Top 100 African Banks 2024 , revista e Banker

FNB Moçambique e Fundação MozYouth Criam Oportunidades de Estágio Para Jovens Graduados

Em Outubro de 2024, o Banco FNB Moçambique, uma das principais instituições bancárias do País, e a Fundação MozYouth, que se dedica à capacitação de jovens e à sua inserção no mercado de trabalho, formalizaram uma parceria estratégica através da assinatura de um Memorando de Entendimento (MoU) com o principal objectivo de criar oportunidades de estágio profissional, no FNB, para 15 jovens recém-graduados, proporcionando-lhes experiência prática no sector bancário. O programa de estágios distribuirá os jovens em várias agências do FNB, localizadas em oito províncias: Maputo, Matola, Beira, Chimoio, Nampula, Nacala, Xai-Xai Maxixe e Tete.

“A principal missão é, desta forma, darmos o nosso contributo para formar uma nova geração de profissionais para o sector bancário, proporcionando aos estagiários uma vivência prática, além de toda a base teórica”, explica Melba Jorge, Head of Human Capital do FNB Moçambique.

“O objectivo não é apenas fortalecer as competências dos jovens, mas também melhorar as suas chances de inserção no mercado de trabalho”, complementa.

Já Pedro Santos, director-geral da Fundação MozYouth, destaca a relevância da parceria com o banco, que é, desde a génese, membro fundador da iniciativa a par da Hollard Moçambique e da MozParks. "O FNB abriu as suas portas para 15 esta-

giários e o retorno tem sido extraordinário. A ideia é proporcionar uma experiência real, para que, no final do estágio, os jovens possam ser integrados ao mercado de trabalho", avança. “O programa combina a formação diária com módulos de desenvolvimento profissional, ampliando as redes de contactos dos estagiários e melhorando as suas perspectivas de empregabilidade.”

Formação abrangente com foco no atendimento ao cliente e operações bancárias

Os 15 estagiários foram alocados em diversas áreas dentro das agências do FNB, com foco inicial no trabalho de balcão. Cada estagiário será supervisionado pelo gerente da unidade, que tem a responsabilidade de monitorar o progresso e oferecer coaching e mentoring contínuos. "Os estagiários não ocupam posições fixas. O objectivo é que aprendam todas as etapas do atendimento ao cliente, das operações bancárias ao suporte administrativo", assinala a directora de Capital Humano do Banco FNB Moçambique. “Este formato de estágio permite que os

"O FNB tem uma estratégia sólida que garante a gestão eficiente do programa de estágios"

jovens adquiram uma compreensão prática das funções bancárias essenciais. Após esta experiência, os estagiários poderão candidatar-seàsvagasdisponíveisnobanco, caso surjam oportunidades. Mas, mesmo que não sejam contratados, a experiência adquirida será um diferencial significativo para as suas futuras carreiras", destaca a mesma responsável.

Estruturação do FNB para Receber Estagiários: Desafios e Superações

A implementação deste programa de estágios representa um marco importante para o FNB. De acordo com Melba Jorge, “é uma grande responsabilidade acolher da melhor forma estes jovens e a nossa estrutura de RH está hoje pronta para dar conta deste grande desafio.”

Comacriaçãodeumaequipadedicada à gestão de talentos e ao desenvolvimento de competências (Learning and Development - L&D), o banco tem, actualmente, uma estratégia sólida que garante uma gestão eficiente do programa de estágios. "Estamos preparados. A equipa está formada e temos a capacidade de proporcionar uma experiência autêntica de formação a todos os jovens que venham a fazer partedasnossasequipasedafamíliaFNB", complementou Nhamitambo.

O programa de estágios não beneficia apenasosjovensestagiários,mastambém representa um passo importante para o fortalecimento dos RH em Moçambique. Investindo na formação de novos profissionais, o FNB contribui para a construção de uma base de talentos qualificados. "Ver jovens moçambicanos a prepararem-se para posições de liderança no sector bancário é extremamente gratificante, seja no FNB ou noutras instituições", referiu Nhamitambo.

A colaboração entre o FNB Moçambique e a Fundação MozYouth é, assim, um “exemplo claro de como o sector privado pode colaborar com organizações sociais para promover o desenvolvimento económico e social em Moçambique”

Ao investir na formação de jovens profissionais, o FNB pretende contribuir activamente para o fortalecimento de competências no sector bancário, bem como para o desenvolvimento económico sustentável de Moçambique.

Como Funciona a Racionalidade das Decisões Económicas?

Daniel Kahneman é um dos economistas mais in uentes da actualidade, reconhecido pela sua contribuição para a economia comportamental — uma área que integra a psicologia

Oeconomista israelita Daniel Kahneman formou-se inicialmente em psicologia e, mesmo assim, rede niu conceitos económicos tradicionais ao introduzir elementos de irracionalidade e vieses cognitivos (tendências que podem levar a desvios sistemáticos de lógica e a decisões irracionais) nos estudos económicos. Em 2002, foi agraciado com o Prémio Nobel de Economia, um feito notável para alguém sem formação formal em economia, merecido pelas suas descobertas inovadoras na área. São quatro as contribuições principais do pensamento económico de Kahneman: a Teoria da Perspectiva, os Sistemas de Pensamento, os Vieses Cognitivos e a Busca pela Felicidade.

Teoria da perspectiva

Uma das contribuições mais notáveis de Kahneman, desenvolvida em conjunto com o prestigiado psicólogo Amos Tversky, em 1979, foi a Teoria da Perspectiva. Este modelo oferece uma visão alternativa à Teoria da Utilidade Esperada, predominante na economia clássica, que pressupunha a racionalidade das decisões dos indivíduos. A Teoria da Perspectiva demonstra que as pessoas tendem a valorizar ganhos e perdas de forma diferente, e que o medo da perda é um factor mais poderoso do que a bus-

A

ca por ganhos. Este comportamento, conhecido como aversão à perda, é um dos alicerces da economia comportamental, explicando, por exemplo, porque é que investidores evitam vender acções com perdas ou mantêm activos com desempenho abaixo do esperado.

Sistemas de pensamento

No seu livro de 2011, inking, Fast and Slow (Rápido e Devagar, Duas Formas de Pensar), Kahneman explora dois sistemas de pensamento humanos. O ‘sistema 1’ é rápido, automático e muitas vezes impulsivo, enquanto o ‘sistema 2’ é mais lento, deliberado e lógico. Kahneman argumenta que grande parte das nossas decisões é tomada pelo ‘sistema 1’, susceptível a vieses cognitivos e erros de julgamento. Este conceito é fundamental para a economia comportamental, pois destaca a in uência dos processos automáticos e inconscientes nas decisões económicas, contradizendo a visão racional tradicional.

Vieses cognitivos

Kahneman e Tversky identi caram vários vieses cognitivos, incluindo o viés de con rmação (a tendência de procurar informações que con rmem crenças preexistentes) e o viés de ancoragem (a in uência de valores de referência em julgamentos subsequentes). A descoberta desses vieses forneceu aos eco-

Teoria da Perspectiva demonstra que as pessoas tendem a valorizar ganhos e perdas de forma diferente, e que o medo da perda é um factor mais poderoso do que a busca por ganhos

nomistas ferramentas para entenderem porque é que as decisões nanceiras e económicas muitas vezes se desviam da racionalidade pura.

Busca pela felicidade

Kahneman também contribuiu para a "economia da felicidade", estudando como as pessoas avaliam o seu bem-estar. Destacou a diferença entre "experiência de vida" e "memória", ou seja, entre o que realmente vivenciamos e como recordamos essas experiências. As suas pesquisas revelaram que o conceito de felicidade é complexo, e que as pessoas tendem a recordar picos de experiência (positivos ou negativos) e momentosnais, ignorando o contexto completo. Esta compreensão do bem-estar tem ajudado formuladores de políticas e economistas a pensarem em políticas públicas que considerem o impacto na felicidade e no bem-estar geral da população.

Visão e loso a de Kahneman

A loso a de Kahneman baseia-se na ideia de que os seres humanos são irracionais e frequentemente tomam deci-

DANIEL KAHNEMAN

Nasceu a 5 de Março de 1934, em Tel Aviv, Israel, e cresceu na França ocupada pelos nazis durante a Segunda Guerra Mundial. Após a guerra, emigrou para Israel, onde mais tarde estudou psicologia na Universidade Hebraica de Jerusalém, formando-se em 1954. Continuou os estudos nos EUA, onde obteve o grau de Ph.D. em psicologia pela Universidade da Califórnia, Berkeley, em 1961.

Ao longo da sua carreira, Kahneman desenvolveu parcerias importantes, especialmente com o psicólogo Amos Tversky, culminando na formulação da Teoria da Perspectiva, que viria a contribuir para a sua distinção com o Prémio Nobel de Economia em 2002.

sões com base em factores emocionais, heurísticas e preconceitos inconscientes, em vez de uma análise lógica dos dados. Em oposição ao "homo economicus" racional das teorias clássicas, Kahneman apresenta um modelo de ser humano mais complexo, vulnerável a erros e in uenciado por contextos e emoções. O psicólogo acredita que, ao entender os vieses e o "ruído", é possível melhorar a tomada de decisões em áreas diversas, desde investimentos e políticas públicas até decisões pessoais quotidianas. A sua visão de um ser humano irracional e imperfeito serve como alerta para os limites do comportamento humano, incentivando economistas e psicólogos a repensarem teorias e políticas.

Críticas ao seu pensamento Apesar do reconhecimento, as teorias de Kahneman e o campo da economia comportamental também enfrentam críticas. Alguns economistas argumentam que as suas teorias não são universalmente aplicáveis e que o modelo é excessivamente pessimista, subestimando

a capacidade humana de aprender com os erros. Críticos questionam se os vieses e heurísticas observados em estudos de laboratório realmente se aplicam a mercados mais amplos, onde factores como informação e experiência podem atenuar a irracionalidade.

Outra crítica é que a economia comportamental, embora descreva o comportamento humano, nem sempre oferece soluções práticas para problemas económicos. Em vez de fornecer modelos previsíveis, os vieses cognitivos limitam-se, por vezes, a listar as falhas humanas. Existem também debates sobre a aplicabilidade do conceito de "ruído" em decisões práticas e sobre a forma de quanti car e reduzir esse ruído de modo e caz.

A in uência de Kahneman ultrapassou as fronteiras académicas, penetrando em campos tão diversos quanto os da gestão, marketing, saúde e design de políticas públicas e privadas.

Governos e organizações internacionais adoptaram princípios da economia comportamental para criar intervenções mais e cientes.

Abaixa taxa de reinvestimento dos lucros (investir pouco) e, bem assim, a baixa eficiência do reinvestimento (investir mal) são, quando combinados, um dos grandes entraves ao crescimento das PME.

Neste artigo, convido os meus leitores/as a responderem à seguinte questão: que barreiras impedem (em quantidade e qualidade) o (Re)investimento dos lucros nas PME, em Moçambique?

Complementarmente, sugiro a leitura de dois artigos que escrevi nesta coluna: “Empresas Zombie, Negócios em Ponto-Morto”1; “AfroEmpreendedores? Entre a Necessidade e a Escala”2 .

1. O Que é o (Re)investimento dos Lucros?

Na minha opinião, uma PME possui boas políticas e práticas de (Re) investimento dos Lucros sempre e quando:

- Apresente, de forma consistente, resultados líquidos positivos;

- E tenha no seu portefólio projectos que estão alinhados com o seu core business (v.g. financiar a P&D e Inovação, expandir operações, melhorar a eficiência e capacitar colaboradores);

- E que tais [Projectos] apresentem um potencial claro de retorno económico;

- E [o Retorno esperado] seja superior ao custo de capital;

- E [o Retorno esperado] supere o custo de oportunidade (v.g. como pagar dividendos aos accionistas ou amortizar dívidas);

- E haja decisão formal, de direccionar parte dos ganhos obtidos, de volta para o crescimento da própria empresa (v.g. criação de uma reserva para (Re)ivestimentos);

- E que [tal Decisão] ocorra de forma repetida (i.e. não é um acto isolado, mas sistemático);

- E garantindo sempre que, apesar dos

EGOeconomia e (Re)Investimento Nas

PME: Pouco e Mal!

(Re)investimentos, a empresa mantém liquidez suficiente para enfrentar os chamados “dias de tempestade” e sustentar as suas operações.

Neste contexto, diremos que a empresa (Re)investe os seus lucros em quantidade, e em qualidade.

2. EGOeconomia: um entrave ao (Re) investimento

Contudo, vigora em Moçambique uma realidade amplamente alimentada por uma cultura e mentalidade económica:

- Com foco na acumulação de riquezas e bens para uso individual ou de um grupo específico;

O (Re)investimento dos lucros pelas PME é um instrumento poderoso para a consolidação das empresas e da economia

- De consumo imediato;

- De alta informalidade;

- Que combinadas com variáveis macroeconómicas desfavoráveis como a alta inflação e as altas taxas de juro, todas combinadas afectam directamente o ciclo de capital das PME, reduzindo3 ou mesmo impedindo-as de (Re)investir os lucros, e retardando o respectivo desenvolvimento e a competitividade.

Tal realidade, que designo por EGOeconomia4, funciona à semelhança de coágulos que impedem a livre circulação do sangue (i.e. do capital) nas PME e caracteriza-se por:

2.1. Muito Baixa Poupança

A taxa de poupança bruta em Moçambique foi de 4,8%5 em 2023, uma diminuição em relação aos 7,6% registados em 2022. Este valor é significativamente inferior ao de países como o Ruanda (22%), Marrocos (26%) e Botsuana (32%). A baixa taxa de poupança limita drasticamente a capacidade das PME acumularem capital para (Re)investimento, tornando-as dependentes de fontes externas de financiamento, como créditos bancários, que podem ser onerosos e difíceis de obter.

2.1. Alta Informalidade

A economia informal desempenha um papel significativo nos países da SADC, representando, em média, cerca de 40% do Produto Interno Bruto (PIB) da região. Em Moçambique, a informalidade é ainda mais pronunciada. Estima-se que aproximadamente 80% da força de trabalho moçambicana esteja empregada no sector informal, contribuindo com cerca de 44,7% do PIB nacional. Este ambiente informal restringe o acesso das PME a linhas de crédito formais e a benefícios fiscais essenciais para o (Re)investimento e, bem assim, torna-as menos atractivas para investidores institucionais.

2.2. Alta Fuga ao Fisco

Estima-se que Moçambique perca o equivalente a 12%7 do PIB em receitas fiscais potenciais devido à evasão fiscal (fuga + contrabando), em linha com países como as Maurícias e o Botsuana onde essa fuga ronda entre 10% a 12%.

2.3. Elevada Cultura de Consumismo e Ostentação

Uma dimensão desta EGOeconomia é a tendência para o consumismo desenfreado, a competição exacerbada e o consumo imediato e visível, frequentemente associada ao desejo de ostentar bens de luxo.

Reinvestir no negócio é condição necessária para o crescimento

Estes comportamentos, motivados pela necessidade de status, levam muitos empresários de PME, particularmente em África, a priorizarem o consumo pessoal e imediato, em detrimento do (Re)investimento no negócio.

Embora esta prática não seja universal, ela influencia a mentalidade do empresário moçambicano, levando-o a colocar o lucro como um meio para a ostentação, ao invés de uma ferramenta para a expansão do negócio, através do (Re)investimento. Para as PME, essa mentalidade impede uma visão de longo prazo e dificulta a adopção de boas políticas e práticas de (Re)investimento dos lucros.

3. Estratégias para Superar a EGOeconomia e acelerar o (Re)investimento dos Lucros Cometendo o pecado da generalização excessiva, pois que cada sector de actividade e cada PME terá as suas especificidades em termos de necessidades de (Re)investimento, sempre adiantarei as seguintes estratégias de aceleração do (Re)investimento:

- Reforço da Educação Financeira: instituições financeiras, microfinanceiras, associações empresariais e universidades podem colaborar na criação de programas de educação financeira para empresários, com foco na importância do (Re)investimento dos lucros e gestão financeira de longo prazo. Esta educação poderá ajudarosempresáriosi)adistinguirema esfera pessoal da esfera empresarial; ii) a promover o uso dos dividendos como forma de retirada de recursos da empresa; iii) e a compreenderem

que o lucro do negócio deve ser utilizado, pelo menos parcialmente, para sustentar e expandir o negócio.

- Advocacia do (Re)investimento e Promoção de Casos de Sucesso: mostrar exemplos de PME moçambicanas que prosperaram com práticas de (Re)investimento dos lucros pode inspirar outros empresários a adoptarem uma mentalidade de crescimento sustentável. Essas histórias poderão servir i) como modelos de comportamento empresarial; ii) e ajudarão a promover uma cultura de inovação e resiliência no contexto local.

- Promoção do uso dos Incentivos Financeiros e Fiscais ao (Re)investimento: divulgar os mecanismos existentes de incentivo ao (Re)investimento previstos na Lei n.º 8/2023, de 9 de Junho (Lei de Investimento Privado de Moçambique, em vigor desde 8 de Setembro de 2023). Alocar uma percentagem dos lucros em tecnologia, inovação e capacitação do pessoal é uma forma de promover uma economia mais formal e estruturada. Estes incentivos podem incluir créditos fiscais específicos ou isenções para sectores prioritários, atraindo empresas para práticas de (Re)investimento.

- Facilitação de Crédito para PME Formalizadas: oferecer linhas de crédito adaptadas às necessidades das PME formalizadas que comprovem práticas de (Re)investimento. Bancos e instituições financeiras e microfinanceiras, ao disponibilizarem produtos específicos para empresas comprometidas com o (Re) investimento, contribuem para que

mais empresas ingressem no mercado formal.

Em conclusão

O (Re)investimento dos lucros pelas PME, quando realizado de acordo com as melhores práticas, é um instrumento poderoso para a consolidação e expansão das empresas e da economia.

Contudo - e não apenas justificado pelo comportamento menos favorável das variáveis macro económicas - uma série de factores sociais e culturais contribuem para que, em Moçambique, o nível de (Re)investimento dos lucros nas PME seja mais baixo do que noutros países da região: (Re)investe-se pouco e mal.

Sugiro, neste artigo, o conceito novo de “EGOeconomia”, o qual, centrado nas necessidades do indivíduo, e afastando as da Comunidade, encapsula uma série de realidades explicativas da baixa taxa de (Re)investimento = muito baixa poupança + alta informalidade + muito alta fuga ao fisco + elevada cultura de consumismo e ostentação.

Transformar a EGOeconomia numa cultura de (Re)investimento sustentável é crucial para o crescimento das PME em Moçambique.

Com medidas como educação financeira; advocacia para o (Re)investimento dos lucros; promoção de casos de sucesso; e dos mecanismos de incentivo fiscal de (Re)investimento, as PME poderão tornar-se mais competitivas e, bem assim, transformar Moçambique e acelerar a sua integração na Zona de Comércio Livre Continental Africana.

(Re)investir não é apenas uma decisão económica: reflecte uma mentalidade de preocupação com a Comunidade (ALTEReconomia), é um investimento no futuro de Moçambique.

1 https://www.diarioeconomico.co.mz/2023/05/12/opiniao/ empresas-zombie-negocios-em-ponto-morto/

2 https://www.diarioeconomico.co.mz/2022/10/17/opiniao/ afroempreendedores-entre-a-necessidade-e-a-escala/

3 À data da elaboração deste artigo não encontrei estatísticas sobre reinvestimento de lucros pelas PME moçambicanas.

4 EGOeconomia, por oposição à ALTEReconomia: Uma abordagem económica centrada no EGO e nos interesses individuais. Aqui, a maximização dos lucros, das vantagens pessoais ou de um grupo restrito prevalecem sobre o bem-estar colectivo. Arrisco a assumir a paternidade da expressão EGOeconomia, porquanto o Google devolve…zero resultados para a pesquisa deste termo!

5 https://www.ceicdata.com/pt/indicator/mozambique/gross-savings-rate?utm_source=chatgpt.com

6 INE, Inquérito ao Sector Informal – INFOR 2021.

7 Fonte: Director-geral-adjunto Fernando Alage, em conferência de imprensa de 13 de Julho de 2022, referido por Diário Económico em https://tinyurl.com/mvbzye2m

Vêm aí “Escolhas Difíceis”?

A maioria dos países da África Subsaariana “precisa de reduzir os desequilíbrios macroeconómicos” e há três opções políticas: “São escolhas difíceis, mas a inacção não é uma opção”, diz o Fundo Monetário Internacional (FMI).

Texto Redacção • Fotografia D.R.

OFundo Monetário Internacional (FMI) elencou o baixo crescimento, as difíceis condições denanciamento, a fragilidade política e a agitação social como os principais obstáculos ao desenvolvimento na África Subsaariana. O relatório sobre as Perspectivas Económicas Regionais, com o título “Reformas num contexto de grandes expectativas”, foi divulgado no nal de Outubro, no âmbito dos Encontros Anuais do FMI e do Banco Mundial. Segundo as estimativas, a África Subsaariana deverá manter o crescimento de 3,6% registado no ano passado, acelerando depois para 4,2% em 2025, num contexto de grandes desigualdades entre os países.

A maioria dos países da África Subsaariana “precisa de reduzir os desequilíbrios macroeconómicos”, caso contrário, as vulnerabilidades irão agravar-se. Neste ponto, as escolhas são “difíceis”, reconhece o FMI, mas o organismo argumenta que “a inacção não é uma opção”.

As três escolhas difíceis

Relativamente à política monetária, “a principal decisão, actualmente, prende-se com a necessidade de determinar se se devem reduzir as taxas de juro directoras e quando, dado que as pressões in acionárias estão a abrandar

em muitos países, lê-se no documento. No que diz respeito à política orçamental, “o desa o de muitos países é encontrar medidas para combater as vulnerabilidades da dívida e assegurar a sustentabilidade, satisfazendo ao mesmo tempo pressões elevadas para gastar nos serviços públicos, enfrentando a resistência política ao aumento de impostos”.

A terceira das opções políticas difíceis que os ministros das Finanças africanos têm de tomar tem origem externa e revela-se na decisão sobre a política cambial: “Permitir uma desvalorização cambial é muitas vezes inevitável, devido às baixas reservas cambiais, e justicável, para promover a competitividade e reduzir os custos do ajustamento, mas pode gerar subidas repentinas da in ação (incluindo para bens essenciais importados), e representar riscos para a estabilidade nanceira”.

As contas dos países pobres

De acordo com dados do Banco Mundial, a dívida dos países de baixo rendimento subiu quase 9 pontos percentuais do PIB no ano passado, o valor maisaltoemmaisdeduasdécadas,para uma média de 72% do PIB, e quase metade destes países estão ou em sobreendividamento ou em risco de estarem nesta categoria.

Por outro lado, a capacidade de angariarem nanciamento externo redu-

“O desafio de muitos países” é encontrar um equilíbrio entre a dívida, “as pressões elevadas para gastar nos serviços públicos e enfrentar a resistência política ao aumento de impostos”, diz o FMI

CONSELHO EXECUTIVO DO FMI: MAIS LUGARES PARA ÁFRICA

O conselho executivo do Fundo Monetário Internacional (FMI) iniciou, em Novembro, um novo mandato, com mais um lugar para a África Subsaariana, reorganizando a representação do continente. Os Estadosmembros “elegeram com sucesso um conselho executivo alargado com 25 directores executivos, incluindo três representantes da África Subsaariana”, anunciou a organização.

Cabo-verdianos em destaque

O vice-primeiro-ministro e ministro das Finanças de Cabo Verde, Olavo Correia, foi designado presidente do conselho de governadores do Fundo Monetário Internacional e do Banco Mundial para 2025, prometendo colocar na agenda “os temas que interessam” a África.

“Vamos colocar na agenda os temas que interessam a Cabo Verde e ao continente africano, dando prioridade à acção climática, aos empregos para os jovens e para as mulheres, à transição digital, à diversi cação da economia, ao acesso à energia para todos e ao nanciamento concessional para desenvolver as nossas economias”, disse Olavo Correia, em entrevista à Lusa.

Noutra nomeação, o caboverdiano Harold Tavares - até agora director executivo suplente para o grupo de África II no Banco Mundial – foi escolhido para administrador executivo do Grupo Banco Mundial.

Quais as prioridades?

Para o ministro das Finanças de Cabo Verde, entre as áreas prioritárias para África estão a acção climática, o aumento da participação do sector privado e a formação do capital humano, para garantir uma transformação estrutural do continente. “Se não zermos isto, atiramos 20 milhões de pessoas para o desemprego todos os anos, perpetuando e ampli cando a pobreza extrema”, a rmou, alertando que um continente albergará um quarto da população mundial em 2050.

O FMI aprovou medidas para aliviar os custos nanceiros dos países em desenvolvimento

ziu-se muito signi cativamente nos últimos anos, com a ajuda o cial ao desenvolvimento em percentagem do PIB a cair para 7% em 2022, o valor mais baixo dos últimos 20 anos, tornando a Associação para o Desenvolvimento Internacional o braço concessional do Banco Mundial, a maior fonte de ajuda externa para estes países, que incluem os lusófonos Guiné-Bissau e Moçambique.

Neste contexto, nos últimos encontros, em Washington, o FMI anunciou um conjunto de medidas que visam aumentar o montante disponível para empréstimos aos países mais pobres e, ao mesmo tempo, alterações nas taxas que são cobradas aos países bene ciários.

Em causa está o aumento da dotação do Fundo de Redução da Pobreza e Crescimento (PRGT), criado a seguir à pandemia de covid-19 para ajudar os países mais endividados, entre os quais, estão muitas nações da África Subsaariana, a relançar as suas economias.

As alterações anunciadas

Entre as alterações está a utilização das reservas do FMI para gerar cerca de 8 mil milhões de dólares em recursos adicionais para o PRGT nos próximos cinco anos, o que, em conjunto com outras medidas, “aumentará o envelope anual disponível para cerca de 3,6 mil milhões de dólares, mais do dobro

AS PREVISÕES PARA OS PAÍSESA LUSÓFONOS

ANO

2024 PIB INFLAÇÃO

Angola 2,4 28,4

Cabo Verde 4,7 2,0

Guiné-Bissau 5,0 4,2

G. Equatorial 5,8 4,0

Moçambique 4,3 3,5

S.T. e Príncipe 1,1 17,1

ANO 2025 PIB INFLAÇÃO

Angola 2,8 21,3

Cabo Verde 4,7 2,0

Guiné-Bissau 5,0 2,0

G. Equatorial -4,8 2,8

Moçambique 4,3 4,3

S.T. e Príncipe 3,3 10,8

FONTE World Economic Outlook do FMI, Outubro de 2024

NO MUNDO: CRESCIMENTO LENTO E DÍVIDA ELEVADA

A directora do FMI, Kristalina Georgieva, alertou nos encontros de Washington que a economia mundial corre o risco de entrar numa espiral de crescimento lento e de dívida elevada, perante con itos e rivalidades geopolíticas. A responsável apelidou de “anémica” a previsão de que a economia mundial cresça 3,2%.

Um elevado número de países continua a enfrentar dívidas que contraiu para combater a covid-19. O FMI acredita que a dívida global atinja 100 biliões de dólares este ano, o equivalente a 93% do PIB mundial. “A economia mundial corre o risco de car presa numa trajectória de baixo crescimento e dívida elevada”, apontou”.

do nível antes da pandemia, ajudando a congregar uxos adicionais signi cativos de fontes públicas e privadas”. Para além do aumento da capacidade nanceira deste fundo, o FMI anunciou também uma revisão da política de sobretaxas que se aplicam aos pagamentos dos empréstimos feitos, respondendo à crítica feita há meses por várias instituições, que a rmavam que os países mais necessitados eram os que estavam a ser mais prejudicados porque pagavam mais.

As medidas aprovadas vão descer os custos em 36%, no valor de 1,2 mil milhões de dólares (1,1 mil milhões de euros) por ano, com o número de países que têm de pagar esta sobretaxa a cair de 20 para 13 no ano scal de 2026.

O panorama de África

As perspectivas económicas para África em 2024 e 2025 mostram uma recuperação moderada após um crescimento mais lento em 2023, afectado por choques externos, mudanças climáticas e instabilidades políticas. Segundo o Banco Africano de Desenvolvimento (BAD), o crescimento médio do continente deve alcançar 3,7% em 2024 e 4,3% em 2025, re ectindo melhorias nas condições globais e políticas domésticas mais e cazes. Mas a África do Norte e Austral apresentam taxas de crescimento abaixo da média.

“O Desempenho Deste Ano é Positivo, Mas, em 2025, Queremos Crescer Ainda Mais”

Sendo um dos principais players do mercado de TV por satélite no País, onde opera desde 2011, a Mstar-ZAP Moçambique tem vindo a consolidar a sua posição no mercado enquanto empresa líder na distribuição, promoção e criação de mais e melhor conteúdo nacional em língua portuguesa

Em 2024, a Mstar-ZAP lançou novos canais, cresceu e reforçou, ainda mais, a proximidade com os seus clientes, através do aumento da rede de agentes e lojas em todas as províncias do País. Para 2025, o plano passa por expandir a oferta de conteúdo nacional e continuar a apostar nas novas tecnologias, para enfrentar os desafios do mercado, acelerando, ainda, a transição para IPTV. Hélder Tembe, administrador da empresa em Moçambique, realça, nesta entrevista à E&M, o facto de a empresa ter alcançado, em 2024, o seu maior número de clientes, e dá algumas pistas sobre a estratégia para 2025.

Como é que a ZAP se tem adaptado às mudanças e desafios no sector das telecomunicações, particularmente a distribuição de produtos televisivos?

Os desafios, para a ZAP, não são, a esse nível, diferentes dos das outras provedoras de televisão por satélite. Temos estado a acompanhar o desenvolvimento da indústria a nível global, e em Moçambique em particular, ou seja, temos estado atentos às novas tecnologias e formas de transmitir conteúdos. Não queremos estar aquém do desenvolvimento da indústria. Obviamente que, no País, estamos ainda com um caminho a percor-

rer quando em comparação com o resto do mundo, mas, apesar disso, somos o maior distribuidor de canais televisivos em língua portuguesa, e até diria que quase 70% ou 80% dos nossos canais já são transmitidos em alta definição. Ou seja, temos vindo a desenvolver um esforço enorme para transmitir melhores conteúdos com maior qualidade. Diria que esse é um factor diferenciador da ZAP. Temos várias metas por alcançar e não estamos ainda onde gostaríamos de estar, não por falta de vontade, mas porque estamos também inseridos num mercado que apresenta desafios que, com trabalho e perseverança de toda a nossa equipa, vamos ultrapassando dia após dia.

Neste sentido, que serviços ou produtos foram mais procurados pelos clientes neste ano de 2024? Temos um conjunto de vários pacotes televisivos, casos do mini, mini+, max e premium. O nosso produto mais procurado, neste caso, é o mini, que é o de valor mais económico. Este é o pacote que tem mais procura e mais adesão, por isso mesmo. Entendemos que apesar de ser um pacote mini, na nossa óptica, é uma oferta muito bem constituída, pois temos mais de 45 canais disponíveis, alguns canais nacionais, desporto, filmes e conteúdos infantis. Está muito bem estruturado e é o mais vendido

“A nossa rede de distribuição já está muito bem estruturada. Temos 14 lojas próprias distribuídas por todo o território nacional, de Maputo até Lichinga, no Niassa"

na nossa plataforma. Obviamente, como disse, temos outros pacotes com outro tipo de valores. Mas o mini está enquadrado num ponto que encontra o ponto de equilíbrio entre qualidade da oferta de serviço e as possibilidades da maior parte das famílias moçambicanas, ou seja, é o mais acessível, mas, ao mesmo tempo, oferece um número de canais e de conteúdos que são apelativos.

Quais foram os principais investimentos no âmbito da expansão inclusiva e distribuição de conteúdos em 2024?

A nossa rede de distribuição já está muito bem estruturada. Ao longo do País temos 14 lojas próprias, de Maputo até Lichinga, no Niassa. E temos cerca de 350 agentes activos em todo o País. Ao longo deste ano, o que fizemos, em termos de oferta, foi acrescentar ou introduzir alguns novos canais na grelha, caso dos Z-Sports, que foram introduzidos há alguns meses. É uma novidade que estamos a trazer para o mercado e não vamos parar por aqui! Haverá outras que poderemos anunciar nos próximos meses. De certeza que, em 2025, teremos, não só, novos investimentos ao nível da infraestrutura, como também, sem entrar em grandes detalhes porque, como sabe, 'o segredo é a alma do negócio', a entrada de novos canais na grelha.

Percebo que, para a ZAP, inovação e proximidade com o cliente são muito importantes. É assim?

A forma de melhorarmos constantemente a nossa oferta, a vários níveis, passa, em primeiro lugar, pela constante interacção com o cliente e em tentarmos estar cada vez mais próximos.

Formado em Economia pela University of South Africa, é AdministradorDelegado da Mstar-ZAP desde 2022. Foi membro do comité de auditoria e remunerações da Vodacom Moçambique e Director Não-executivo da Baobab Steel Mozambique.

Para ter uma ideia, a nossa linha de atendimento ao cliente, o call center, é premiado quase todos os anos como um dos melhores neste ramo de actividade. Isto não acontece por acaso, são os próprios clientes que dão este feedback. Quando ligam para a nossa linha de apoio, com qualquer que seja a sua preocupação, são bem atendidos e os seus problemas são resolvidos. Ou seja, procuramos estar próximos dos nossos clientes a esse nível, e no serviço que é o core da ZAP, disponibilizar conteúdos e produtos de qualidade indiscutível.

E que outras novidades estão planificadas para 2025 nas áreas de conteúdos e do posicionamento do mercado?

Como dizia, não podemos revelar todos os segredos porque estaria a dar informação privilegiada a um mercado competitivo e atento, mas, de forma geral, para 2025, temos a intenção de intro-

duzir mais conteúdo nacional, ou seja, termos na nossa plataforma e na nossa oferta mais canais nacionais. Também lhe posso adiantar que vão ser conteúdos que abrangem todas as faixas etárias. Logo, e isso posso afiançar, 2025 será um ano promissor!

Como é que a Mstar-ZAP tem contribuído para o desenvolvimento do sector audiovisual e produção de conteúdo no País? Há planos de fortalecer esta posição em 2025? Não temos um canal próprio nacional. Quando se fala em desenvolvimento de conteúdo a nível local, seria mais eficaz se o tivéssemos, mas, não tendo, trabalhamos com canais nacionais que são nossos parceiros, casos da STV, TV Sucesso ou TVM. Através destes parceiros, promovemos e incentivamos a produção de conteúdos nacionais através de patrocínios, ofertas e várias promo-

ções que fazemos. Estamos muito activos como patrocinadores na área do desporto nacional, nas modalidades de basquetebol, futebol, natação e ténis. É a nossa forma de contribuir, não só para o desenvolvimento das várias modalidades desportivas, mas também para o fomento do conteúdo nacional. O que seria mais cómodo para nós, porventura, era apenas introduzir as ligas portuguesa e espanhola, e ficar por aí. Mas temos o posicionamento estratégico de estar presentes como impulsionadores do crescimento e desenvolvimento da produção de conteúdo nacional, a vários níveis.

Quais são as estratégias da empresa para promover a inclusão digital?

Nós, através do próprio regulador, o Instituto Nacional das Comunicações de Moçambique (INCM), contribuímos para um fundo que é o Fundo de Serviço de Acesso Universal (FSAU).

HÉLDER TEMBE
“A forma de melhorarmos a nossa interacção com o cliente é tentarmos estar cada vez mais próximos dele. Para ter uma ideia, a nossa linha de apoio ao cliente é premiada todos os anos"

Este fundo preconiza a divulgação e distribuição de conteúdos televisivos nas praças públicas, nos distritos, ou seja, às pessoasquetêmmenosacessoàtelevisão. Através da nossa contribuição junto do regulador, permitimos que pessoas que estejam num distrito longínquo, onde se calhar não existe um agente da ZAP ou uma loja, obviamente tenha, numa praça ou num estabelecimento público, um sinal da ZAP para poder assistir aos nossos conteúdos. Claro que, para além desta questão do FSAU, como disse no início, temos agentes espalhados pelo País inteiro e, através deles, também queremos massificar a distribuição dos nossos serviços e produtos. À medida que o País se vai desenvolvendo, a rede eléctrica vai-se expandindo e a ZAP vai acompanhando este movimento ao nível dos distritos. Se a pessoa já tem energia em sua casa, vai comprar o rádio, depois vai adquirir uma televisão... E o que queremos é que, quando decidir comprar esses aparelhos, possa optar por um descodificador da ZAP. Então, é desta forma que estamos a procurar expandir a nossa rede de clientes, seguindo, obviamente, o ritmo do desenvolvimento do próprio País e dando, desta forma, o nosso humilde contributo para a inclu-

são digital em Moçambique que, como se sabe, é um dos desígnios sociais, a médio e longo prazo, da nossa sociedade.

Como vê o futuro do sector audiovisual, especialmente considerando o crescimento das IPTV ilegais?

Vejoqueesteéumcaminhosemretorno. Em Moçambique também já começámos a ir por esta via. Infelizmente, temos a proliferação de descodificadores pirateados, um tema que afecta directamente o nosso negócio. Esta é uma actividade que não está, ainda, a ser regulada, e entendemos que será esse o caminho que o sector está a seguir. Pela dimensão e posição que a ZAP ocupa neste, e noutros mercados, não podemos nem queremos estar alheios a esta tendência que a indústria, a nível global, estáaseguir.Estamos,obviamente,atentos, e a equacionar várias hipóteses para minimizar o impacto dessa actividade.

Há alguma preocupação que a ZAP já tenha remetido às autoridades sobre este assunto?

Como é que estão a lidar com isto? Como dizia, não é só a ZAP que está preocupada com este tema, mas to-

dos os operadores, em conjunto. Temos estado em conversações com o próprio regulador, que também está atento e preocupado com este tema, e acredito que quer resolver ou, pelo menos, mitigar esta proliferação de boxes piratas que está a afectar o sector. Esta não é, portanto, uma iniciativa da ZAP por si só, não estamos nesta causa de forma isolada, é uma preocupação de todos, incluindo do próprio regulador. O INCM tem demonstrado que está atento a esta questão, e acredito que a breve trecho teremos todos uma plataforma de entendimento comum, onde possamos mitigar este fenómeno. Eliminar por completo, diria que vai ser difícil, mas, pelo menos, mitigar esta preocupação com a pirataria, que tem um impacto enorme no nosso negócio e que prejudica, em última análise, o próprio cliente.

Qual é o balanço final de 2024?

Foi, até agora, um ano positivo para a operação, num contexto desafiante, por vários motivos sabidos de todos. Foi um ano de algumas dificuldades, porque percebemos que a vida está difícil para todos. De uma forma geral, as famílias moçambicanas, infelizmente, têm menos recursos e o seu poder de compra, por motivos macroeconómicos, alguns deles externos, é limitado. E sabemos, por experiência neste, e noutros mercados, que quando há necessidade de ajustar o orçamento familiar, muitas vezes o mais fácil de cortar é a televisão, e nós percebemos isso porque compreendemos as dificuldades das pessoas. Mas, ainda assim, tenho de agradecer, em meu nome e de toda a equipa da ZAP, a confiança e lealdade que os nossos clientes têm para connosco. E de tal forma assim é que, este ano, atingimos o maior número de clientes activos na nossa plataforma! Para devolver algum desse carinho que nos deram, escolhendo a ZAP como seu provedor de serviço, temos vindo a premiar alguns dos nossos clientes. No ano passado oferecemos viagens à Turquia e ao Dubai e uma viatura 'zero quilómetros', através de um sorteio. Este ano, voltámos a fazê-lo, oferecendo viagens à Turquia. Depois, incrementámos o nosso papel de responsabilidade social, porque temos, enquanto empresa, uma obrigação social na qual nós e toda a nossa equipa se envolvem, num conjunto de acções alinhadas através do Projecto Vidas ZAP, em que financiamos, entre outras, doações de material a lares de idosos, formações em saúde materno-infantil e a oferta de kits de auto-emprego e outros materiais educativos a diversas instituições. E continuaremos a fazê-lo.

• Responsável pelo Departamento de Assessoria de Compliance do Standard Bank

Odever de actualização períodica dos dados dos clientes (KYC-sigla em inglês, que em português significa Conheça o Seu Cliente) junto aos bancos onde possuem contas, vigora desde os primórdios da civilização e início das relações comerciais.

A forma de realização do KYC tem variado ao longo dos anos, desde o conhecimento pessoal, testemunho abonatório de testemunhas até ao actual modelo, mais ou menos global, baseado em auto-declarações (formulários), acompanhadas de prova documental para, com assertividade, determinar a identidade do cliente, incluindo dos representantes e beneficiários efectivos quando se trate de entidades, a sua residência e/ ou sede social, a fonte/origem e o montante dos seus rendimentos/riqueza, bem como a sua identidade tributária.

A origem do modelo actual de KYC é comummente atribuída à Lei de Sigilo Bancário de 1970 dos Estados Unidos da América (BSA), que introduziu requisitos de reporte de transacções suspeitas, com vista a prevenir fraude e branqueamento de capitais.

A decáda de 1980 foi marcada pela luta contra o tráfico de drogas e legislação mais restritiva em matérias de KYC e Combate ao Branqueamento de Capitais (AML, sigla em inglês). Após o ataque terrorista de 11 de Setembro de 2001, o Combate ao Financiamento ao Terrorismo (CFT, sigla em inglês) tornou-se elemento crucial do pacote legislativo combinado com obrigações de KYC, AML & CFT.

Em Moçambique, a Lei 03/96 de 04 de Janeiro (primeira Lei Cambial) foi a primeira tentativa prática de estabelecer controlos de operações cambiais de capitais exigindo a autorização prévia pelo Banco de Moçambique, o que implicava a recolha de documentos associados à

Dever de Actualização Periódica de Dados do Cliente nos Bancos

transacção e aos intervenientes (ordenador e beneficiário), consubstanciado uma espécie de requisitos de KYC e Conheça a Transacção (KYT, sigla em inglês).

A Lei 07/2022 de 05 de Fevereiro foi a primeira lei especializada de Combate ao Branqueamento de Capitais. Entretanto, a primeira lei moçambicana a estabelecer o dever de KYC como actualmente o conhecemos foi a Lei 14/2013 de 28 de Agosto (lei que estabelece o Regime Jurídico e as Medidas de Prevenção e Combate ao Branqueamento de

Os bancos e as ICSF´s devem manter actualizados os dados do cliente durante todo período em que as suas contas estejam activas

Capitais e Financiamento do Terrorismo – revogada), contemplando igualmente o dever de actualização períodica de KYC.

Actualmente, o pacote legislativo em vigor para matérias de KYC/AML & CFT é composto por:

• Lei n.º 14/2023 de 28 de Agosto, que estabelece o Regime Jurídico e as Medidas de Prevenção e Combate ao Branqueamento de Capitais e Financiamento do Terrorismo;

• Lei n.º 15/2023 de 28 de Agosto, que estabelece o Regime Jurídico de prevenção, repressão e combate ao terrorismo e proliferação de armas de destruição em massa;

• Decreto n.º 53/2023 de 31 de Agosto: Aprova o Regulamento da Lei n.º 14/2023, de 28 de Agosto;

• Lei n.º 3/2024 de 22 de Março: Altera os artigos 7, 8, 9, 13, 15, 23, 50, 52, 79 e 80 da Lei n.º 14/2023, de 28 de Agosto;

• Lei n.º 4/2024 de 22 de Março: Altera os artigos 23, 26, 28, 29, 30, 33, 35, e 36 da Lei n.º 15/2023, de 28 de Agosto;

• Aviso n.º 10/GBM/2024 de 30 de Agosto: Aprova as Directrizes sobre Prevenção e Combate ao Branqueamento de Capitais, Financiamento do Terrorismo e Financiamento da Proliferação de Armas de Destruição em Massa.

Obrigações legais dos bancos comerciais na identificação de clientes

Da conjugação de diversos artigos do pacote legislativo de KYC/AML&CFT resulta que:

• Os bancos e todas outras Instituições de Crédito e Sociedades Financeiras ICSF devem identificar e verificar a identidade e o endereço actual dos seus clientes e perceber a natureza dos seus negócios, as suas fontes de rendimento, a situação financeira e a qualidade com que pretendem estabelecer a relação de negócio com a instituição. (Art. 32 do Aviso n.º 10/GBM/2024 de 30 de Agosto);

• Os bancos e as ICSF devem exigir que os clientes forneçam, por escrito, a identidade e informações da(s) pessoa(s) física(s) beneficiária(s) efectiva(s) da relação de negócio ou transacção, como parte de medidas de vigilância para identificar e verificar a identidade do(s) mesmo(s). (Art. 34 do Aviso n.º 10/GBM/2024 de 30 de Agosto);

• Os bancos e as ICSF devem obter todas as informações necessárias para confirmar a identidade do cliente e para verificar a informação por este prestada. Para o efeito, podem usar informações públicas nacionais e internacionais disponíveis, cruzar informações com outros elementos de prova, nomeadamente factura de fornecimento de serviços de água, energia, telefone, listas telefónicas, centrais de registo de crédito, registos criminais, e manter nos seus arquivos. (Art. 35 do Aviso n.º 10/GBM/2024 de 30 de Agosto).

Mais: no âmbito do dever de KYC, estabelecido no artigo 15 da Lei 14/2023, os bancos e as ICSF devem manter actualizados os dados do cliente durante todo o período em que as suas contas estejam activas.

Responsabilidades dos clientes dos bancos

O dever de KYC é, por natureza, um dever contínuo e permanente, na medida em que praticamente todos os elementos que compõem esta obrigação são sujeitos a alterações. Por exemplo:

• O nome de um cliente e o seu estado civil podem ser alterados em virtude de um casamento e/ ou divórcio.

• A residência das pessoas pode alterar diversas vezes no decurso de uma vida.

• A fonte de rendimento e/ou riqueza pode sofrer alterações constantes com mudanças de emprego, novas iniciativas comerciais, expansão dos negócios de uma sociedade, realização de investimentos diversos, entre outros.

• Os representantes de uma sociedade e os beneficiários efectivos podem alterar mediante decisões tomadas no curso normal de actividades de uma entidade.

Neste contexto, os clientes dos bancos e usuários do sistema financeiro, no geral, têm a obrigação de notificarem os bancos comerciais sempre que algum dos elementos de identificação se altere. Para assegurar o cumprimento destas obrigações pelos seus clientes, o artigo 41 do Decreto 53/2023 (Regulamento da Lei que Estabelece o Regime Jurídico e as Medidas de Prevenção e Combate ao Branqueamento de Capitais e Financiamento do Terrorismo) estabelece que:

1. As instituições financeiras e entidades não financeiras de baixo risco devem efectuar diligências e procedimentos periódicos, com o objectivo de assegurar a actualidade, exactidão e a completa informação de que já disponham, ou devam dispor, relativamente a:

a) elementos identificativos de clientes, representantes e beneficiários efectivos e todos os outros documentos, dados e informações obtidos no exercício do dever de identificação e diligência; e

b) outros elementos de informação previstos no presente Regulamento.

2. A periodicidade da actualização da informação referida no número anterior é definida em função do grau de risco associado a cada cliente pela entidade obrigada, sendo os intervalos temporais, não superior a três anos para o baixo risco e um ano para o alto risco.

Face ao acima descrito, diferentes bancos adoptam práticas distintas para assegurar o cumprimento da obrigação legal de actualizar os dados de KYC dos seus clientes, podendo variar o período de actualização entre 1 e 3 anos para clientes distintos e de acordo com a sua classificação de risco baseada igualmente em critérios estabelecidos em legislação.

Porsuavez,oartigo41daLei14/2023, confere aos bancos a prerrogativa de recusar o estabelecimento da relação comercial e/ou cessar a relação de negócio já estabelecida, caso não consiga identificar o seu cliente e/ou obter informação actualizada sobre esta identificação.

Importância da actualização dos dados dos clientes no funcionamento do sistema financeiro e potenciais consequências de não cooperação Moçambique encontra-se, neste momento, na lista cinzenta do Grupo de Acção Financeira Internacional (GAFI), o que sinaliza que precisa, urgentemente, de melhorar os seus controlos no âmbito da prevenção ao branqueamento de capitais e financiamento ao terrorismo. O KYC é a pedra angular de um programa efectivo de AML/CFT, devendo os bancos comerciais obter os dados de KYC para o estabelecimento da relação comercial e mantê-los actualizados numa periodicidade mínima anual e máxima trianual de acordo com o risco do cliente.

Cabe aos clientes cooperar com os esforços dos bancos no cumprimento da legislação de AML/CFT e com isso ajudar o País a sair da lista cinzenta do GAFI por forma a recuperar a confiança dos mercados internacionais e dinamizar a economia do País.

Numa perspectiva mais palpável para os clientes, a cooperação nos esforços de KYC dos bancos é crucial para a manutenção da capacidade de transaccionar sem restrições junto a estes mesmos bancos, bem como evitar a cessação de relações comerciais com os mesmos por impositivos legais.

A atualização das informações varia conforme o risco do cliente

especial inovações daqui

64 ELECTRÓNICA

Jovem moçambicano concebeu uma marca de computadores e garante que são tão e cazes quanto os produzidos por empresas de prestígio no mercado mundial. Conheça a história do ‘All-inOne’ Celeste, uma ideia de António Mondlane.

ROBÓTICA

PANORAMA

As notícias da inovação em Moçambique, África e no Mundo 6870

Jovens moçambicanos criam robô que permite maximizar a captação de energia solar. Saiba o que faz

“All-in-One Celeste”, um Computador Concebido em Moçambique

Um jovem moçambicano concebeu uma marca de computadores que tenta responder a necessidades, tal como observadas pelo seu criador. António Mondlane promete um desempenho a par de marcas de renome

Ana Mangana • Fotogra a D.R.

Tudo começa num pequeno espaço escolhido por António Mondlane para o seu negócio de venda de componentes para computadores: placas-mãe (motherboards), memórias, discos, caixas e acessórios. No entanto, a curiosidade e ambição levaram-no a aprofundar o negócio, apostando numa marca própria. Após contactos, o sonho viria a concretizar-se em Abril deste ano, quando António Mondlane lançou o primeiro computador concebido por si - o, All-in-One Celeste -, planeado pela sua empresa, a Menor Electronics. O termo ‘all-in-one’ (‘tudo num só’) refere-se a computadores de mesa com todos os elementos incorporados numa só caixa, geralmente o monitor. Já o nome Celeste é uma homenagem à mãe, pelo apoio prestado na concepção do projecto.

As funcionalidades

Mas o que diferencia a máquina criada por António Mondlane? “É um produto que chega a superar outros que existem no mercado e que já tive a oportunidade de comercializar”, explica. Logo à partida, oferece uma garantia de dois anos. Entre as características base, há um som envolvente com dois altifalantes estéreo, uma

câmara frontal de cinco megapíxeis e autenticação por impressão digital. O ecrã é totalmente ajustável e pode ser usado sem teclado porque é sensível ao toque. Tudo sobumsistemaoperativoWindows11Pro, processadores Intel i5 de 13.ª geração, 16 GB de RAM, armazenamento de 4 TB, ligações Wi-Fi e Bluetooth.

No que diz respeito às entradas, o dispositivo suporta USB tipo C, USB 3.2, HDMI, microfone e saída de áudio, leitor de cartão de memória e DVD. O teclado e rato funcionam sem fios. O computador pesa 7,5 quilos e pode ser usado em vários sectores, pois suporta todo o tipo de programas. António Mondlane descreve-o como um PC com design “inovador e atractivo”, prometendo materiais de alta qualidade. A estrutura é composta por alumínio, oferecendo durabilidade, revestida em plástico ABS, resistente a arranhões. O criador diz játervendido“váriasunidades”emMaputo e para outras províncias do País. Apesar de ter sido lançado recentemente, “já há utilizadores a darem um retorno positivo”.

A Menor Electronics colabora com firmas de outros países que fornecem os componentes. A produção final do computador, por exemplo, é feita em Taiwan pela Foxconn, um dos maiores fabricantes de componentes electrónicos a nível global.

“É um produto que chega a superar outros que existem no mercado e que já tive a oportunidade de comercializar”, explica António Mondlane
Texto

ANTÓNIO MONDLANE

Criador do computador

All-in-One

Celeste

DO ÁBACO AO CIRCUITO INTEGRADO

HÁ MAIS DE 5 MIL ANOS

A história dos computadores está associada aos primeiros ábacos, há mais de cinco mil anos, para realizar cálculos de forma manual.

SÉCULO XVII

No século XVII, o matemático francês Blaise Pascal inventou uma máquina de calcular com engrenagens, seguida por outra de Gottfried Wilhelm von Leibniz, que desenvolveu uma máquina capaz de realizar as quatro operações básicas.

Joseph Marie Jacquard, um inventor francês, criou o tear com cartões perfurados. Já Charles Babbage, cientista inglês, projectou o “Di erence Engine” e o “Analytical Engine”, as primeiras ideias de um computador mecânico.

FINAL DO SÉCULO XIX

Herman Hollerith, um empresário norte-americano, introduziu a tabulação estatística automatizada com cartões perfurados, no nal do século XIX, para os censos populacionais, criando a International Business Machines, a IBM dos dias de hoje.

SÉCULO XX

No século XX, o desenvolvimento de computadores electrónicos começou com o Atanaso -Berry Computer (ABC) em 1939, projectado para resolver equações lineares. O ABC foi o primeiro computador digital electrónico do mundo.

1944: MARK I

A partir do rápido desenvolvimento da electrónica, um grupo de cientistas da Universidade de Harvard e da IBM conceberam o Mark I, que levava levava seis segundos para multiplicar dois factores de dez algarismos.

1946: ENIAC

Surgiu o primeiro computador digital electrónico de propósito geral e totalmente operacional, o ENIAC. Foi encomendado pelas forças armadas norte-americanas para fazer cálculos durante a Segunda Guerra Mundial e era um gigante: dois metros de altura.

1947: O TRANSÍSTOR

Em 1947, foi inventado o transístor, substituindo progressivamente as válvulas, tornando os computadores menores e mais rápidos. Mais tarde, em 1958, os circuitos integrados ou chips facilitaram um processamento mais e ciente e compacto.

1974: INTEL 4004

A Intel lançou o seu primeiro microprocessador, o 4004, em 1974, possibilitando a criação de computadores pessoais, como o Altair 8800. Em 1975, Bill Gates e Paul Allen desenvolveram um software para o Altair, fundando a Microsoft.

SÉCULO XIX

O criador diz já ter vendido “várias unidades” em Maputo e para outras províncias do País. Apesar de ter sido lançado recentemente, “já há utilizadores a darem um retorno positivo”

Tecnologia Sustentável: Jovens Criam Robô Solar

Três jovens estudantes moçambicanos desenvolveram um projecto que visa explorar ao máximo o potencial de produção de energia solar, apresentando-se como uma proposta sustentável, alinhada com a ciência e as crescentes necessidades energéticas do País

anuel Costa Neto, António Chicano e Kléber Minzo, finalistas do curso de Engenharia Electrónica no Instituto Superior de Transportes e Comunicações (ISUTC), criaram um robô capaz de captar energia solar mesmo em condições desfavoráveis para painéis tradicionais. A tecnologia utiliza sensores que permitem ao robô acompanhar o movimento do sol ao longo do dia, aumentando significativamente a eficiência energética.

Os futuros engenheiros explicam que o projecto nasceu como forma de transmitir conhecimento e sensibilizar os jovens para a robótica e automação, através de iniciativas pedagógicas para crianças e adolescentes com interesse em electrónica. “Discutimos várias ideias e, no final, optámos por desenvolver um painel solar com um Robô Seguidor de Luz”, relata António Chicano.

Como funciona?

“A maioria dos painéis solares são estáticos, ou seja, mantêm-se numa posição fixa. Assim, se o sol não incidir directamente sobre o painel, este perde eficiência. Criámos um painel que se movimenta, tanto no eixo vertical, como no horizontal, ajustando-se automaticamente à posição do sol para maximi-

zar a captação de energia”, explica Kléber Minzo. A estrutura do Robô Rastreador Solar é composta por madeira compensada, cortada a laser, formando um braço robótico no qual o painel se movimenta.

Segundo Manuel Neto, os componentes principais incluem um microcontrolador – o “cérebro” do robô, responsável pelo processamento de dados. “Usámos a plataforma Arduino Uno, acessível no mercado, e sensores LDR (Resistências Dependentes de Luz), que alteram o seu valor consoante a intensidade da luz solar. O microcontrolador processa essas alterações e ajusta a posição do painel”, detalha.

O projecto recorre também a servomotores para movimentar a estrutura física. “Os sensores captam a luz e, com base num algoritmo, calculam uma média entre os quadrantes – superior, inferior, esquerdo e direito. Se, por exemplo, a média superior for maior, significa que há mais sol acima e o servomotor ajusta o painel para essa posição”, acrescenta.

Evolução do projecto

Os criadores planeiam integrar Inteligência Artificial (IA) no dispositivo. “Estamos a trabalhar para implementar IA, no sentido de solucionar problemas como dias nublados, em que os sensores têm dificuldade em detectar a posição do sol. A IA, através de API e liga-

“Se, por exemplo, a média superior for maior que a inferior, significa que há mais sol acima. Assim, o servomotor ajusta-se automaticamente para a posição com maior incidência solar”

ção à Internet, poderá fornecer os dados necessários para ajustar o robô”, explica António Chicano.

Além disso, a equipa desenvolve o projecto Kinesis, focado na formação em engenharia básica. “Queremos capacitar jovens para o desenvolvimento tecnológico do País. O mundo está cada vez mais orientado para a tecnologia e, no futuro, quem não dominar noções básicas de programação ou montagem de componentes electrónicos poderá enfrentar dificuldades”, alerta Kléber.

O Robô Rastreador Solar foi desenvolvido em dois meses e apresentado nas jornadas científicas da empresa estatal Electricidade de Moçambique (EDM), conquistando o primeiro lugar na categoria de soluções energéticas.

Texto Ana Mangana • Fotogra a D.R.

Área: Energia Inovação: Robótica Ano: 2024

Criadores: Manuel Neto, António Chicano e Kléber Minzo

Tecnologia

HealthTech Moçambicano projecta pulseira para detectar AVC

Chama-se Daudo António Costa, é estudante do curso de Engenharia Electrónica da Universidade Pedagógica de Maputo, e projecta construir uma pulseira inteligente capaz de detectar um acidente vascular cerebral (AVC).

A emergência médica atinge pelo menos 17 milhões de pessoas no mundo, por ano, sendo crescente na cidade de Maputo, onde os hospitais chegam a registar dez ocorrências por dia.

Daudo avança que a pulseira está desenhada para, através dos sinais vitais, alertar para a probabilida-

Moçambique está entre os países com fraca informatização dos serviços públicos

Moçambique está fora da lista global dos 100 países com boa governação electrónica, que conta com apenas cinco países africanos. Trata-se de uma classificação que avalia a capacidade de os governos adoptarem tecnologias de informação e comunicação com vista à melhoria dos serviços públicos, um levantamento realizado pelo Departamento de Assuntos Económicos e Sociais do Secretariado-Geral da ONU.

O relatório destaca avanços significativos em governação digital, a nível glo-

bal, impulsionados por investimentos em infra-estruturas resilientes e tecnologias de ponta, como a Inteligência Artificial e a computação em nuvem. Em África, a vizinha África do Sul aparece como líder, ocupando o 40.º lugar. Além deste, mais quatro países africanos integram o ‘top 100’: Ilhas Maurícias, na 76.ª posição, Tunísia (87.ª), Marrocos (90.ª) e Egipto, em 95.º lugar. Noutros cantos do mundo, entre os líderes estão os Estados Unidos da América, Singapura, Dinamarca e Austrália.

Sustentabilidade Investigadores americanos criam tijolos de vidro reciclado

Uma equipa de investigadores do Massachusetts Institute of Technology (MIT) anunciou a criação de tijolos feitos de vidro reciclado, destinados a combater a poluição da construção, responsável por 37% das emissões globais de carbono. A inovação, que utiliza garrafas de vidro

trituradas e derretidas, oferece uma alternativa sustentável aos materiais tradicionais. São tijolos de vidro impressos em 3D, fortes como o betão e que se encaixam como peças de lego. São feitos através da fusão de garrafas de vidro, esmagadas num forno, transformando-as num material fundido que pode ser moldado.

Os tijolos têm pinos redondos nas extremidades, que permitem que sejam ligados e empilhados facilmente.

A utilização do vidro como material de construção pode parecer contra-intuitiva, uma vez que o vidro racha, tipicamente, sob pressão, mas os investigadores acreditam que estes tijolos podem ser um factor de mudança. Uma das principais vantagens é a de servirem os princípios da economia circular, que se centra na reutilização e reaproveitamento de materiais para minimizar a emissão de gases com efeito de estufa.

de de um AVC. “Geralmente, as pessoas com essa doença [hipertensão] ficam à mercê da sua sorte, e a lotação nos hospitais não ajuda”. Ou seja, ter um alerta precoce para si próprio ou familiares “ajudaria bastante”, uma ideia que diz ter sido reforçada por especialistas médicos.

O projecto está orçado em 500 mil meticais para a construção do primeiro protótipo. “Precisamos de pequenos componentes que, associados, vão fazer a monitorização e diagnóstico”, explica.

Inteligência Arti cial Adobe cria solução para veri car a autenticidade de conteúdos digitais

A multinacional norte-americana de software informático Adobe lançou uma nova aplicação ‘web’ denominada “Autenticidade de Conteúdo”, concebida para dar aos criadores uma ferramenta gratuita para anexar credenciais de conteúdo às suas obras digitais.

Esta inovação tem como objectivo proteger os conteúdos criativos face à utilização não autorizada, e garantir que os criadores são devidamente creditados pelo seu trabalho.

As credenciais de conteúdo funcionam como um “rótulo nutricional” digital para o conteúdo online, incorporando metadados seguros que detalham informações sobre o criador e as origens do trabalho.

A empresa sublinhou que esta iniciativa não se destina apenas a proteger o trabalho dos criadores, mas também a aumentar a transparência. Permite ao público aprofundar os conteúdos que encontra na Internet e estabelecer contactos com os criadores através das suas plataformas digitais.

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Preparese para uma experiência inesquecível! Nesta época de transição de ano, estes seis destinos africanos são ideais.

Passagem de Ano?

A RIQUEZA CULTURAL

e

a beleza natural preservada que caracterizam África

têm-se revelado uma atracção irresistível para diversos turistas, tanto do continente como do estrangeiro. Se procura um destino tranquilo, onde possa reconectar-se com a natureza, explorar paisagens diversificadas, fauna exuberante e uma vasta diversidade cultural nesta época de transição do ano, estes seis destinos africanos são ideais.

África do Sul

Este país vizinho destaca-se por quase três mil quilómetros de litoral deslumbrante. A África do Sul é um destino essencial para aqueles que procuram uma vasta diversidade de fauna e flora africanas. O safari é uma das ex-

Seis Destinos Africanos

periências mais icónicas do país, conhecido pela organização e pela oportunidade de observar de perto alguns dos animais selvagens mais impressionantes do planeta. Para os que procuram aventura e ligação à natureza, a África do Sul revela-se um destino verdadeiramente inesquecível.

Quénia

Situado na região leste do continente, o Quénia é um destino imperdível, com paisagens deslumbrantes, aventuras emocionantes e uma capital vibrante, repleta de lojas e restaurantes. A cidade de Nairóbi destaca-se como um centro gastronómico, famoso pelos seus prestigiados ‘chefs’, que ce-

lebram a rica arte culinária africana. Os visitantes têm a oportunidade de saborear pratos que atraem apreciadores de todo o mundo, tornando o Quénia num ponto-chave em qualquer roteiro de viagem.

Marrocos

No Norte de África, Marrocos é o lar do icónico deserto do Saara e é reconhecido pela sua vasta riqueza cultural e histórica. A diversidade de atracções turísticas é impressionante, oferecendo uma infinidade de experiências que reflectem a rica herança do povo africano. Explorar Marrocos é uma jornada fascinante, e a esco-

Parque Nacional Kruger, África do Sul que o Vão Fascinar

lha de pacotes de viagem bem planeados pode facilitar a descoberta dos destinos mais emblemáticos.

Egipto

Banhado pelo Mar Vermelho e pelo Mediterrâneo, o Egipto atrai turistas pela sua grandiosa história e pelas célebres Grandes Pirâmides da Necrópole de Gizé, uma das sete maravilhas do mundo antigo. Este vasto património cultural torna o Egipto num destino incontornável para quem deseja explorar séculos de história e mistério.

Ilhas Maurícias

Para quem deseja mergulhar em águas cristalinas e explorar a rica vida marinha africana, as Ilhas Maurícias são o destino ideal. Localizado a sul de África, este arquipélago oferece spas e hotéis de luxo, atraindo visitantes de todo o mundo em busca de conforto e belezas naturais. Este refúgio tropical promete uma experiência única de relaxamento e aventura por entre paisagens deslumbrantes.

Etiópia

Para finalizar esta lista, para aqueles que desejam explorar patrimónios culturais que narram a história da humanidade, a Etiópia é um destino essencial. Com museus e igrejas que guardam marcos históricos significativos, o país oferece ainda paisagens exuberantes, trilhos e visitas a santuários esculpidos em rochas com histórias milenares. A Etiópia proporciona uma experiência rica em história e natureza, atraindo turistas em busca de vivências culturais autênticas.

Cada um destes países tem exigências de visto e vacinação variadas, por isso é importante verificar todas as informações antes de viajar, especialmente numa época movimentada como a quadra festiva de Dezembro e a passagem de ano.

Texto Ana Mangana

Nairóbi destaca-se como um centro gastronómico, famoso pelos seus prestigiados chefs, que celebram a rica culinária africana. Os turistas têm a oportunidade de saborear pratos que atraem apreciadores de todo o mundo.

Uma praia luxuosa encostada às montanhas, nas ilhas Maurícias
Um prato tradicional do Quénia, Nyama Choma

Para o Natal, sugerimos deliciosas opções de sobremesa que combinam com o clima festivo e trazem um toque especial à celebração, desde receitas tradicionais às mais criativas e tropicais

LOURENCIA

Com o aproximar das festas, que a conhecer algumas sugestões de doces e sobremesas

DEZEMBRO É O MÊS DO NATAL e da passagem de ano, a festa associada a um novo ciclo que está prestes a começar. O dia 25 de Dezembro, especialmente em Moçambique, é data de dupla celebração: é Natal e é também Dia da Família. Uma ocasião perfeita, por isso, para renovar os afectos pelas pessoas que mais amamos.

Nestas ocasiões, gostamos de comer bem e muito, ter uma diversidade de opções, das carnes aos doces, passando pelos salgados e sobremesas. Procuramos fazer as receitas mais especiais que temos “na manga”, porque, a nal, a família sempre merece o melhor. Como tal, trazemos sugestões para “caprichar” no menu, trazidas por uma chef especializada em doces para esta ocasião.

Moçambique não é o primeiro país a seguir esta tendência. Em 2019, alguns jornais e revistas retrataram um cenário igual no Brasil, concretamente na cidade de São Paulo, onde restaurantes integram a brasa no exterior, em vez de cozinhas mais elegantes, porque “sentiam falta da potência do fogo nas receitas”.

Dicas de bolos

A confeiteira e ‘cake designer’ da Lola Cakes, Lourencia Elsa, promete alegrar a família.

Receitas e Dicas para a Época Festiva

1. Bolo Rei

Tradicionalmente preparado com frutas cristalizadas e nozes, este bolo é uma verdadeira celebração do Natal. Perfeito para servir como sobremesa após a ceia ou no café da manhã do dia 25.

2. Bolo Inglês

Uma mistura aromática de especiarias e frutas secas, este bolo denso e saboroso é sinónimo de abundância e alegria. Ideal para a sobremesa ou para acompanhar o café da manhã de Natal.

3. Tronco de Natal

Com um formato que faz lembrar o tronco de uma árvore, este bolo é feito com uma massa leve de pão-de-ló. Uma sobremesa encantadora para a ceia de Natal.

Com uma cor vermelha vibrante e o delicado sabor de cacau, este bolo é uma obra de arte, perfeita para colocar cores natalícias à mesa. Pode ser decorado com frutas vermelhas, adicionando um toque festivo e encantador.

Dica de sobremesa

Para o Natal, sugerimos esta opção de sobremesa que combina com o clima festivo e traz um toque especial à celebração: salada de frutas tropicais. Mistura de cores vibrantes e um sabor refrescante, é uma opção que traz equilíbrio à mesa e uma escolha perfeita para dias quentes de Verão.

Salada de frutas tropicais

Ingredientes:

1 chávena de ananás em cubos

1 chávenademangaemcubos

1 chávena de melancia em cubos

1 chávena de kiwi em rodelas

1 chávena de morangos fatiados

1 banana em rodelas 1/2 xícara de uvas sem sementes, cortadas ao meio Sumo de uma laranja Folhasdehortelãparadecorar Mel ou açúcar a gosto (opcional)

Modo de preparar:

1. Numa tigela grande, misture todas as frutas picadas.

2. Regue com o sumo de laranja para um toque cítrico e refrescante. Se desejar, adoce com mel ou açúcar, conforme o gosto.

3. Misture delicadamente, tomando cuidado para não amassar as frutas.

4. Trans ra para uma travessa e decore com folhas de hortelã.

5. Sirva bem gelada para um sabor ainda mais refrescante.

Dica da chef: para dar um toque especial, nalize a salada com coco ralado.

Receitas deliciosas garantem celebrações memoráveis, com todos os membros da família. Boas festas!

Texto Filomena Bande

4. Bolo Red Velvet

A Otronia foi recentemente eleita uma das melhores vinícolas do continente americano pela revista Wine Enthusiast. É também conhecida como a vinha mais austral do planeta

Otronia, um (bom) Vinho Argentino do Frio Árctico

A COMPANHIA OTRONIA produz “vinhos extremos”, elaborados sob condições adversas de clima e relevo, como desertos, regiões vulcânicas, montanhas ou outras características que exigem grande esforço por parte do homem para cultivar.

Localizada na Patagónia, uma das regiões mais frias da América do Sul, entre a Argentina e o Chile, a Otronia foi recentemente eleita uma das melhores vinhas do continente americano pela revista Wine Enthusiast. No Inverno, as temperaturas podem descer até aos 20 graus negativos.

No entanto, no Verão, os dias são longos, com cerca de 16 horas de luz, o que favorece a maturação das uvas. Além das temperaturas extremas, os ventos podem atingir cerca de 100 quilómetros por hora. Apesar destas condições, plantar uvas nesta região oferece vantagens: “o resultado são vinhos com carácter e texturas exclusivas, que permitem visualizar este cenário a cada gole”, explica Juan Pablo Murgia, o enólogo responsável pela Otronia.

Produção Sustentável e Inteligente

Para proteger a vinha das temperaturas negativas, aplicam-se jactos de água que formam uma camada de gelo, evitando que a planta ou o fruto sejam dani cados. Quando o clima aquece, a vinha retoma o seu crescimento de forma natural, sem a necessidade de outros produtos, permitindo que o processo de produção seja totalmente orgânico e sem químicos, bene ciando a saúde dos consumidores e respeitando a natureza.

Apesar de estar numa das zonas mais frias do mundo, as vinhas de Otronia são férteis, produzindo entre 500 gramas a um quilo de uvas por planta, com um total de 7500 plantas por hectare. Otronia dedica-se principalmente às castas Malbec, Chardonnay, Merlot e Pinot Noir. Esta última, segundo a revista inglesa Decanter (conhecida por reportagens sobre regiões vitivinícolas e os seus produtores e enólogos mais importantes), é considerada a melhor Pinot Noir da América.

As Diversas Faces da Resiliência

Entre vinhos rosés, tintos e brancos, com uma grande variedade de uvas, os vinhos argentinos da Otronia exibem diversidade e obtêm pontuações elevadas. Os seus rótulos pretendem contar histórias de superação num país que está entre os grandes produtores de vinho do mundo. São várias as variedades oferecidas pela Otronia, entre as quais estas três:

Texto Filomena Bande

OTRONIA 45 RUGIENTES PINOT NOIR

Equilibrado, delicado e fresco, com um carácter de frutas vermelhas frescas e especiarias. De cor vermelho-rubi, apresenta aroma de frutas vermelhas (cereja, framboesa, morango), especiarias, canela, pimenta e baunilha.

ESPUMANTE OTRONIA EXTRA BRUT

Com notas defumadas de pão e frutas cítricas. De cor amarela-palha com re exos esverdeados, oferece ao olfacto notas de frutas brancas, pêra, maçã, limão, brioche e pão. É um espumante para servir com entradas, peixes, frutos do mar, culinária japonesa, queijos e massas.

OTRONIA BLOCK 3&6 CHARDONNAY

De per l marcante, apresenta ricos aromas de frutas cítricas e brancas, com nuances de camomila e baunilha. Ideal para acompanhar entradas, massas, frutos do mar, peixes e queijos. No olfacto, revela notas de frutas cítricas, lima, pêra, pêssego, camomila e baunilha.

País: Argentina OTRONIA

Com muita criatividade e de olho na sustentabilidade, Fredy cria desenhos usando pó de carvão sobre o solo ou uma tela. E utiliza plástico reciclado, que, num jogo de cores, dá forma a sombras e contornos.

RETRATOS DO FREDY

Fredy vive no bairro Guava, é lá que habitualmente apresenta as suas obras realizadas com diferentes técnicas

FREDY UAMUSSE

Artista Moçambicano

NOS ARREDORES DA VIBRANTECIDADE de Maputo, onde as ruas contam histórias em cores e texturas, desabrocha a jornada de Alfredo Agostinho Uamusse. Este jovem de 24 anos, estudante do Instituto Superior de Artes e Cultura, é carinhosamente conhecido como Fredy Uamusse, um talento cuja arte transforma vidas através de retratos criados com lápis, papel ou pincel.

Desde a infância, Fredy foi cativado pelas expressões humanas, descobrindo na arte um meio de eternizar emoções e momentos. “Posso dizer que desenhar é um dom. Não aprendi com ninguém; simplesmente comecei e fui aperfeiçoando”, partilha o jovem retratista.

Em 2020, Fredy, que já realizava desenhos por encomenda, sobretudo retratos realistas, decidiu ampliar a sua projecção, divulgando os seus trabalhos nas redes sociais. Desde então, ganhou visibilidade e reconhecimento, atraindo um crescente número de admiradores e clientes.

Hoje, os seus retratos transcendem fronteiras, sen-

Traços de Genialidade:

do conhecidos e apreciados em Angola, Portugal e Brasil.

“Com as redes sociais, não há barreiras para o meu trabalho. As pessoas encomendam retratos de qualquer parte do mundo, e eu entrego em formato digital ou físico”, revelou Fredy.

Determinado a transformar a sua paixão num negócio sustentável, Fredy Uamusse enfrenta os desa os de empreender num mercado competitivo e em desenvolvimento. O jovem artista acredita no poder da arte para ligar pessoas, preservar memórias e promover impacto social.

Entre feiras de rua, exposições modestas e plataformas digitais, procura a rmar a sua visão: tornar a arte acessível e reconhecida como um meio de transformação.

o Talento de Fredy Uamusse

Caminho para o Sucesso Actualmente, ser retratista é a pro ssão de Fredy Uamusse, que colecciona conquistas através deste ofício. O seu talento já retratou diversas guras públicas e personalidades nacionais e internacionais. “Sou estudante e nancio os meus estudos com o dinheiro dos retratos. Consegui obter a minha carta de condução e avançar com vários projectos pessoais graças à minha arte”, comentou Fredy.

Apesar do sucesso, o jovem enfrenta desa os signi cativos. “Um dos maiores obstáculos é a escassez de materiais especí cos para este tipo de trabalho. De norte a sul do País, conheço apenas duas empresas

que fornecem o equipamento adequado, e muitas vezes tenho de recorrer à importação, o que não é fácil”, lamentou.

Para contornar estas diculdades, Fredy desenvolveu técnicas criativas e sustentáveis para a sua arte. Utilizando pó de carvão sobre o solo ou sobre telas e aproveitando plásticos reciclados para criar sombras e contornos, dá forma a rostos, muitas vezes de guras icónicas. Com estas técnicas, retratou personalidades como Nelson Mandela, Cristiano Ronaldo e Malangatana, entre outras guras de renome.

Diversidade e Ambição Embora Fredy Uamusse se destaque pelos retratos rea-

listas, o seu talento vai além. As suas mãos criam paisagens, pinturas deslumbrantes e murais impressionantes. O artista incentiva os jovens a explorarem alternativas para expressar a sua arte. “Devemos sempre buscar soluções e alternativas criativas”, aconselhou.

Actualmente, Fredy trabalha com outros retratistas como colaboradores, ambicionando consolidar o seu negócio, aperfeiçoar as técnicas, melhorar os seus desenhos e ampliar a visibilidade internacional da arte moçambicana.

Com cada traço, Fredy Uamusse não desenha apenas rostos, mas também escreve a sua própria história – uma história de criatividade, resiliência e a esperança de inspirar uma nova geração de artistas moçambicanos.

Texto Filomena Bande

Todos os eventos globais que não pode perder, desde a sustentabilidade ao desporto, incluindo as artes

ENTRE (LITERALMENTE)

a correr no Ano Novo e junte-se à emblemática Corrida de São Silvestre, em São Paulo, no Brasil. Uma experiência única e um Réveillon diferente, onde é garantida uma atmosfera festiva, partilhada por atletas de todo o mundo, para dar as boas-vindas a 2025.

Paris acolhe o “International Economic Forum on Africa”, centrado no futuro da educação e competências académicas no continente africano. O evento abordará estratégias para melhorar a qualidade, inclusão e nan-

ATLETISMO

São Silvestre

São Paulo / Brasil 31 de Dezembro saosilvestre.com.br

A Corrida de São Silvestre é um evento icónico no Brasil. Exportada um pouco por todo o planeta, celebra este ano a sua 99.ª edição, a 31 de Dezembro. Este evento tradicional, que ocorre nas ruas de São Paulo, é conhecido pela sua atmosfera festiva e por reunir corredores de diversas partes do mundo. Com um percurso de 15 quilómetros passa por pontos mais emblemáticos da cidade, oferecendo uma experiência única de m do ano.

FÓRUM / EDUCAÇÃO

International Economic Forum on Africa 2024 Paris / França 9 de Dezembro o oecd.org

Este evento concentra-se no futuro da educação e competências académicas no continente africano. Com uma população em idade activa que deverá duplicar até 2050, África está no limiar de uma transformação signi cativa. O fórum, organizado conjuntamente pelo Centro de Desenvolvimento da OCDE e pela Comissão da União Africana, reunirá decisores do sector público, investidores privados e actores lantrópicos, para discutir oportunidades para o desenvolvimento da educação em África. Abordará também estratégias para melhorar a qualidade, inclusão e nanciamento da educação.

O que não pode

(mesmo) perder em Dezembro

ciamento da educação, visando aumentar a produtividade do continente, com a agenda a incluir painéis e entrevistas a líderes africanos e da OCDE. A situação da educação vai estar em foco, assim como novas competências para um mercado em mudança e a redução da disparidade de competências digitais de género. Por sua vez, a cidade de Rabat, em Marrocos, será palco do “Afri-

FÓRUM / INVESTIMENTO

2024 Africa Investment Forum Market Days Rabat / Marrocos De 4 a 6 de Dezembro afdb.org

O Fórum destaca-se no calendário de investimentos internacionais e é uma plataforma multidisciplinar que promove projectos até à fase de apresentação à banca, angaria capital e acelera acordos para a conclusão nanceira. Com o objectivo de direccionar capital para sectores críticos, o Fórum já mobilizou quase 180 mil milhões de dólares desde o seu início em 2018.

ca Investment Forum Market Days”. Com o objectivo de direccionar capital para sectores críticos, o evento alinha-se com os Objectivos de Desenvolvimento Sustentável, as “High 5” do Banco Africano de Desenvolvimento e a Agenda 2063 da União Africana. Esta é apenas uma parte dos inúmeros eventos que terão lugar em Dezembro.

Texto Luís Patraquim

STREAMING

Squid Game 2T / Net ix 26 de Dezembro

A estreia da 2.ª temporada de Squid Game vai acontecer no dia 26 de Dezembro, na Net ix. Protagonizada por Lee Jung-jae, a série sul-coreana aterrou em Setembro de 2021 e tornou-se num fenómeno global, atingindo 1,65 mil milhões de horas vistas na plataforma nos primeiros 28 dias após a estreia. Repleta de violência, a trama centra-se num macabro jogo de sobrevivência em que 456 pessoas endividadas participam por um prémio milionário. No entanto, os quecam pelo caminho morrem e só um pode ganhar o cobiçado prémio. Alianças forjam-se entre vários dos participantes, outros não tão leais, mas, no meio de tanto sangue, há histórias que nos tocam e pessoas boas.

Flores de Iroko e o Baobá, um Festival de Arte Para o Público Infanto-Juvenil

O projecto artístico Flores de Iroko e o Baobá participa no Instituto Guimarães Rosa, em Maputo, de uma série de actividades para o público infanto-juvenil, entre os dias 29 de Novembro a 30 de Janeiro de 2024. Serão realizadas o cinas educativas de ilustração para o formato Games e uma exposição de uma série composta por duas animações 2D, nove ilustrações digitais impressas de telas orais em recorte, que representam e ressigni cam as diferenças e as semelhanças das biodiversidades entre Brasil-África.

O projecto conta com a presença dos artistas brasileiros Daniel Neiva e Juliendrios Caetano.

Daniel Neiva sempre se inspirou nas manifestações criativas das experiências urbanas, tanto ancestrais como contemporâneas, que se manifestam nas cores, sabores, sons e cheiros da cidade de Salvador. Possui habilidades em criação e desenvolvimento de personagens em 2D, ilustrações digitais, desenho, pintura, animação digital 2D, gra ti e pintura em acrílico sob paredes e telas.

Juliendrios Caetano é um artista visual com habilidades avançadas em diversas técnicas e softwares grá cos, focando-se em modelagem 3D. Trabalha como artista 3D no Long Hat House e na Mantra Filmes. Com um Bacharelato em Sistemas de Informação e uma Pós-Graduação em desenvolvimento de games, actuou em diversos segmentos da indústria, combinando produção artística e cientí ca como bolseiro no IFBA e CIMATEC, onde contribuiu para produções em games, animação e artigos cientí cos. O projecto conta com o apoio nanceiro do Governo do Estado da Baía (Brasil) através do Fundo de Cultura, Secretaria da Fazenda, Secretaria de Cultura, pelo edital de Mobilidade Cultural. O patrocínio está a cargo do Edital de Mobilidade FUNARTE 2023 e o apoio cultural da Flotar Plataforma.

LIVROS

Como Fazer Crescer o Seu Dinheiro Sem Esforço

Autor: Sara Antunes e Sérgio Cardoso • Editora: Manuscrito Editor • Género: Economia / Finanças

Investir tem de fazer parte do seu dia-a-dia. Hoje, não há desculpas para que isto não aconteça. Há produtos e serviços para todas as carteiras, assim como diferentes níveis de risco e de conhecimento. A tecnologia facilita imenso o processo e a informação está disponível.

Para dar uma ajuda, o portal português Doutor Finanças escreveu um livro com o “bê-à-bá” dos investimentos, escrito e organizado de forma tão simples que qualquer pessoa vai conseguir compreender este mundo - mesmo que não seja muito bom a matemática. Não se esqueça: rendimentos passados não garantem rendimentos futuros. E dinheiro parado é dinheiro que está a deixá-lo cada vez mais pobre.

STREAMING Outros Lançamentos

Dia 1: Earth Abides (MGM+)

Dia 4: Star Wars: Skeleton Crew (Disney+) e Tomorrow and I (Net ix)

Dia 5: Creature Commandos (Max), Jentry Chau Contra o Submundo (Net ix) e Black Doves (Net ix)

Dia 6: eSticky(PrimeVideo)eEcosdoPassado(Net ix)

Dia 10: Secret Level (Prime Video)

Dia 11: Dream Productions (Disney+) e Cem Anos de Solidão (Net ix)

Dia 12: No Good Deed (Net ix)

Dia 13: Dexter: Original Sin (Paramount+) e 1992 (Net ix)

Dia 19: Virgin River T6 (Net ix) e Laid (Peacock)

Dia 22: What If…? T3 (Disney+)

XIAOMI SU7 ULTRA

Marca: Xiaomi

Modelo: SU7 Ultra

Motorização:

Três motores

eléctricos

Potência: 1770 Nm

Velocidade

máxima: 350 km/h

SU7 Ultra: Entre os Mais Rápidos do Mundo

A XIAOMI, empresa chinesa de tecnologia, conhecida principalmente pela produção de smartphones e electrodomésticos, anunciou uma versão de luxo do seu carro desportivo eléctrico SU7 Ultra. Vem equipado com três motores eléctricos que, em conjunto, alcançam 1128 kW de potência e um torque máximo de 1770 Nm.

Confuso com as letras e números? Acredite que é muita potência… O SU7 Ultra acelera de 0 a 100 km/h em apenas 1,98 segundos e atinge uma velocidade máxima de 350 km/h, superando os rivais Porsche Taycan Turbo e Tesla Model S Plaid.

O SU7 está equipado com uma bateria Qilin, fabricada por outra empresa chinesa, com uma capacidade de 93 kWh e uma potência máxima de descarga de 1330 kW. Esta bateria dispõe de tecnologia de carregamento rápido, em corrente contínua, permitindo car com

70% da carga em apenas 11 minutos.

Design, Potência e Inovação

No interior, o SU7 Ultra promete misturar o design de um carro de luxo com o de um desportivo. Os assentos são revestidos em couro, presente também no volante e nos painéis das portas.

O veículo tem componentes de bra de carbono no tejadilho, travões de cerâmica de alto desempenho e um perl aerodinâmico. Visualmente, o SU7 Ultra assemelha-se ao SU7 padrão, mas com algumas alterações aerodinâmicas: um pára-choques mais desportivo, um spoiler traseiro de 1,56 metros de largura e uma carroçaria mais ampla em comparação ao modelo padrão. De acordo com o presidente executivo da Xiaomi, Lei Jun, esta viatura pretende também competir em desem-

O SU7 está equipado com uma bateria Qilin, com tecnologia de carregamento rápido: em corrente contínua, pode atingir 70% da carga em apenas 11 minutos

penho com fabricantes de automóveis já estabelecidos, como a Tesla e a Porsche. Lei Jun vê no SU7 Ultra a realização de um sonho: “Este é, actualmente, o carro de quatro portas produzido em massa mais rápido do mundo”, a rmou Lei, acrescentando: “Quando as pessoas perguntam porque criámos uma máquina tão potente, a minha resposta é simples: estamos a construir um carro de sonho”.

O desportivo quer atrair entusiastas de carros eléctricos, mas também consolidar a Xiaomi como uma marca importante no sector automóvel, relembrando que a empresa se estreou no mercado só em Março deste ano.

Desde o lançamento do SU7, as vendas da Xiaomi no sector dos carros eléctricos têm crescido continuamente, com mais de 20 mil unidades vendidas, só em Outubro. A empresa ambiciona entregar 120 mil unidades do modelo até ao nal do ano. O SU7 Ultra foi recentemente apresentado e já demonstra sucesso: apenas dez minutos após a apresentação, registava mais de 3600 pré-encomendas.

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