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/ Abrantes / Constância / Mação / Sardoal / Vila Nova da Barquinha / Vila de Rei / Diretora Patrícia Seixas / MARÇO 2020 / Edição n.º 5589 Mensal / ANO 119 / DISTRIBUIÇÃO GRATUITA
A Feira fica no Rossio Págs. 16 e 17
// INCÊNDIO 2019
REPORTAGEM
Relatório arrasa ANEPC
A (in)tolerância da violência Págs. 20 e 21
BARQUINHA E MAÇÃO
SARDOAL
CONSTÂNCIA
EPDRA: há 30 anos a desbravar caminho
Sável e lampreia são os reis da mesa
Loja do Cidadão atendeu 74 mil em quatro anos
Lar de S. João aumenta capacidade
Págs. 25
Págs. 13 e 15
Pág. 9
Pág. 10 PUBLICIDADE
EDUCAÇÃO
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O relatório de avaliação do incêndio que ocorreu em julho de 2019 em Vila de Rei e se alastrou a Mação e também à Sertã considera que, na fase mais crítica de combate, foi “francamente notada” a falta de meios aéreos. Pág. 19
A ABRIR / FOTO OBSERVADOR /
EDITORIAL /
Estão sem funcionar desde o início do ano. E se a avaria até ajuda à fluidez do trânsito em horas mais “mortas”, o caos instala-se nas ditas horas de ponta. Com a agravante de ser mais propício a acidentes e alguns até com alguma gravidade. Qual a dificuldade de se colocar os semáforos a funcionar? Até que estiveram... um único dia apenas, até alguém se “espetar” novamente e os deixar desligados. São dois meses, senhores da Câmara Municipal de Abrantes!
Patrícia Seixas DIRETORA
/ A EPDRA faz 30 anos. Em 1989 foi criada a Escola Profissional de Agricultura de Abrantes e foi a primeira escola profissional agrícola de natureza pública a ser criada em Portugal. A 21 de março de 1990, dois ministros fizeram a inauguração oficial da escola. Na altura, Roberto Carneiro, ministro da Educação, e Arlindo Cunha, ministro da Agricultura. Conto-vos esta história porque ela também faz parte da minha. Comecei no jornalismo ainda no ensino secundário. Tinha 14 anos e o programa Hora Dois ia para o ar pela primeira vez em outubro de 1989, na Rádio Tágide. A inauguração da EPDRA foi o meu primeiro trabalho de exteriores e a minha primeira experiência “no terreno”. Portanto, a EPDRA terá sempre um pedacinho de mim. Parabéns à Escola e que venham muitos mais 30’s para festejar!
O 1.º Curso de Formação Geral Comum de Praças do Exército 2020, constituído por 43 soldados recrutas do Regimento de Apoio Militar de Emergência, fizeram o Juramento de Bandeira no dia 20 de fevereiro, em Sardoal.
/ O mundo vive em expetativa e Portugal não é exceção. O COVID-19 ameaça parar a atividade do planeta e as consequências já se fazem sentir, principalmente as económicas. À hora que vos escrevo, Portugal ainda não tem nenhum caso confirmado mas é mais que certo que, mais dia menos dia, vai acontecer. A preocupação maior é que o pânico se instale. Não há razões para isso mas, pelo que temos visto, parece ser missão quase impossível fazer com que a população continue a fazer a sua vida normalmente tendo apenas em atenção as recomendações das entidades de saúde. É que vimos o que aconteceu numa “simples” greve de motoristas de matérias perigosas. Não foi um bom exemplo. Aos que pedem para que se fechem fronteiras, lembrem-se que estamos numa ponta da Europa e que os produtos que consumimos têm que conseguir cá chegar. / Festas de Abrantes 2020. Estão anunciadas, o cartaz já é conhecido mas, até aí, tudo normal. A mim, pessoalmente, agradam-me os cabeças de cartaz mas, o melhor mesmo, é que os concertos vão sair da acanhada, exígua e apertada Praça Barão da Batalha. Obrigada por isso. Obrigada pela coragem de mudar o que, pelos vistos, era apenas um ato de teimosia. / Aeroporto em Tancos? Porque não? O debate está lançado e a Comunidade Intermunicipal do Médio Tejo já deu os primeiros passos. E com a polémica a minar o aeroporto do Montijo, porque não olhar em volta e perceber que aqui temos condições para um aeroporto, mais pequeno, é certo, mas que pode ser um apoio a Lisboa?! Acessibilidades tem, tanto rodoviárias como ferroviárias, e estamos a uma hora da capital do país, bem como a proximidade com um dos maiores polos turísticos: Fátima. Levaria a que outros investimentos se instalassem na região e, aí sim, talvez conseguissem medidas concretas para o desenvolvimento deste “interior” do país. Desejo-lhe, caro leitor, um excelente mês de março, boas leituras e, por favor, lembre-se de seguir as recomendações da Direção-Geral da Saúde e não entrar em pânico com o dito coronavírus. Como se diz por cá, “com calma, tudo se há-de resolver”.
ja / JORNAL DE ABRANTES
PERFIL /
Idade? 41
Um disco? Back to ZerØ - Lika
Naturalidade/Residência? Abrantes mas, actualmente, vivo em Alfornelos
Um filme? Fight Club
Profissão? Gestor Uma povoação? Tramagal
/ Bruno Neto
Um café? Del Rey Prato preferido? Bacalhau à Gomes de Sá, no Forno. Um recanto para descobrir? Ribeira de Alcolobre
Uma viagem? Mongólia
Um provérbio? Nunca sirvas a quem serviu, nunca peças a quem pediu. Um sonho? Um mundo com liberdades e responsabilidades assumidas por toda a gente, com Justiça e equidade, na construção de um planeta mais sustentável.
Uma figura da História? Nelson Mandela, pela Resistência e Resiliência na luta por um mundo Uma proposta para um dia mais justo e equitativo. diferente na região? Criar as Jornadas de ReflexãoUm momento marcante? Acção para o Concelho de Abrantes Conhecer a Lika e a Muxima. Por enquanto motor de economia da razões diferentes. A Muxima deu-me região Centro. Juntar os 3 sectores alento à vida no momento certo e a à mesa e construir planos de Lika é uma descoberta todos os dias desenvolvimento social, cultural e e faz-me acreditar no amor. económico sustentáveis.
FICHA TÉCNICA Direção Geral/Departamento Financeiro Luís Nuno Ablú Dias, 241 360 170, luisabludias@mediaon.com.pt. Diretora Patrícia Seixas (CP.4089 A), patriciaseixas@mediaon.com.pt Telem: 962 109 924 Redação Jerónimo Belo Jorge (CP.7524 A), jeronimobelojorge@mediaon.com.pt, Telem: 962 108 759, Ana Rita Cristóvão (CP7675 A), anaritacristovao@mediaon.com.pt. Colaboradores José Martinho Gaspar, Paulo Delgado, Teresa Aparício, Paula Gil. Cronistas Alves Jana e Nuno Alves. Departamento Comercial. comercial@mediaon.com.pt. Design gráfico e paginação João Pereira. Sede do Impressor Unipress Centro Gráfico, Lda. Travessa Anselmo Braancamp 220, 4410-359 Arcozelo Vila Nova de Gaia. Contactos 241 360 170 | 962 108 759 | 962 109 924. geral@mediaon.com.pt. Sede do editor e sede da redação Av. General Humberto Delgado Edf. Mira Rio, Apartado 65, 2204-909 Abrantes. Editora e proprietária Media On Comunicação Social, Lda., Capital Social: 50.000 euros, Nº Contribuinte: 505 500 094. Av. General Humberto Delgado Edf. Mira Rio, Apartado 65, 2204-909 Abrantes. Detentores do capital social Luís Nuno Ablú Dias 70% e Susana Leonor Rodrigues André Ablú Dias 30%. Gerência Luís Nuno Ablú Dias. Tiragem 15.000 exemplares. Distribuição gratuita Dep. Legal 219397/04 Nº Registo ERC 100783. Estatuto do Jornal de Abrantes disponível em www.jornaldeabrantes.pt. RECEBA COMODAMENTE O JORNAL DE ABRANTES EM SUA CASA POR APENAS 10 EUROS (CUSTOS DE ENVIO) IBAN: PT50003600599910009326567. Membro de:
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JORNAL DE ABRANTES / Março 2020
ENTREVISTA /
Manuel Jorge Valamatos: 365 dias a liderar Abrantes
… sente que a descredibilização corrente dos políticos prejudica todos os eleitos, incluindo os presidentes de câmara?
Sim, é inquestionável. É um dos assuntos que mais me entristece porque generaliza-se tudo e às vezes há um bocadinho de falta de consideração por aqueles que são honestos e que tentam fazer o melhor que sabem nas diversas situações. Tento dar as respostas adequadas e no tempo certo, mas não podemos responder a tudo a todo o tempo. Somos um bocadinho maior que a ilha da Madeira e haverá sempre muita coisa para fazer.
Ser presidente de Câmara e dos Serviços Municipalizados não é mais desgastante? Vai assumir a presidência dos SMAS até ao final do mandato?
// A 19 de fevereiro, Manuel Jorge Valamatos assinalou um ano como presidente da Câmara de Abrantes. Assumiu os destinos do município quando Maria do Céu Albuquerque foi convidada por António Costa para assumir o cargo de secretária de estado do desenvolvimento regional. É licenciado em Educação Física e foi adjunto e depois vereador do presidente Nelson Carvalho. Em 2013, já no executivo liderado por Maria do Céu Albuquerque, assumiu também o Conselho de Administração dos Serviços Municipalizados de Abrantes. A 19 de fevereiro de 2019 tomou posse como presidente da Câmara Municipal de Abrantes. Um ano depois da posse qual o balanço?
Tem sido muito intenso. Não podia ter sido de outra forma. Tomei posse numa terça-feira, 19 de fevereiro, e três dias depois na Assembleia Municipal tive vários desafios com a tristeza de habitantes de S. Miguel do Rio Torto, de Vale das Mós e S. Facundo pela falta de médicos de família e enfermeiros. Foi logo um assunto muito pertinente e oito dias depois conseguimos resolver o assunto com o ACES e com o Ministério da Saúde. E desde essa altura até hoje todos os dias temos novos desafios, problemas para resolver. Todos os dias temos de tomar decisões. Mas tem sido gratificante. As pessoas conhecem-me e todos os dias tento tomar as decisões corretas e de forma honesta. Não conseguimos resolver tudo em todo o lado, mas todos dias fazemos mais e melhor pelas nossas pessoas. E é com orgulho (…) e muita determinação que cumprimos as nossas funções.
Pessoas. É a palavra que mais se pode ouvir nos seus discursos. É a sua estratégia “focar” nas pessoas?
Não é uma questão de estratégia, é feitio. É jeito. O exercício destas funções tem de ser focado nas pessoas. É evidente que as infraestruturas são importantes, mas são importantes com pessoas. Faço-o de forma natural, não é estratégia.
É uma coisa que parte de nós. Procuro fazer o melhor pelas nossas pessoas. O centro da nossa ação tem de ser as pessoas. Não é política ou captação de votos (…) temos de acreditar naquilo que fazemos e, naturalmente, nas nossas pessoas.
Recorda-se do momento que, há um ano atrás, a sua antecessora lhe comunicou que tinha aceitado um cargo no governo e que por isso, como número dois das listas do PS, tinha de ser presidente?
Sim, recordo. E o primeiro pensamento foi a responsabilidade, a dimensão do trabalho. Já há uns anos que faço parte dos executivos. Fui vereador na área do desporto no tempo do presidente Nelson Carvalho e depois noutras áreas com a presidente Maria do Céu Albuquerque. Sabíamos que isto poderia acontecer. Não era algo que estivesse definido, mas poderia acontecer. Senti o peso desta responsabilidade e que pesa sobre as nossas ações, as nossas decisões. Faço todos os dias o melhor que sei, o melhor que posso para dar as melhores respostas no concelho, na região e até a nível nacional.
Herdou vários processos complicados. Caso Jorge Ferreira Dias, Museu Ibérico de Arqueologia, Cineteatro S. Pedro, antigo mercado diário... este tipo de dossiers tiram-lhe horas de sono?
Claro que sim. É inevitável. Já perdi a noção do tempo. E eu que gosto de estar em todo o lado, de estar perto das pessoas, paras as
Naturalmente. Há cinco anos que estamos a desenvolver um trabalho enorme de levar a água ao sul do concelho. De acordo com os restantes vereadores e com o Conselho de Administração dos SMAS temos procurado manter esta situação até ao final do mandato. Depois das eleições outro enquadramento poderá vir a acontecer.
Qual a decisão mais difícil deste ano como presidente da Câmara?
São inúmeras. Olhe, dizer que não a um cidadão. Dizer que não às nossas pessoas.
// PERFIL Manuel Jorge Valamatos é licenciado em Educação Física e faz parte dos quadros do agrupamento escolar Manuel Fernandes, antiga escola Secundária N.º 2 de Abrantes. Na política, de 2000 a 2004, foi adjunto do presidente da Câmara de Abrantes, Nelson Carvalho, na área do desporto. Entre 2004 e 2013 foi vereador da Câmara de Abrantes e teve responsabilidade, ao longo destes anos, pelo Deporto, Juventude e Tempos Livres, passando pela Manutenção, Transportes e Serviços Urbanos. Em 2013, já no executivo liderado por Maria do Céu Albuquerque, foi vereador e presidente do Conselho de Administração dos Serviços Municipalizados de Abrantes, cargo que acumula desde 19 de fevereiro do ano passado com a presidência do Município. E diz que vai ser assim até ao final deste mandato.
“O exercício destas funções tem de ser focado nas pessoas.” “Aquilo que temos para resolver tiranos o sono, sim. Preocupa-nos.” ouvir, por vezes torna-se difícil desligar o botão. Os problemas que resolvemos estão resolvidos. Aquilo que temos para resolver tira-nos o sono, sim. Preocupa-nos. E tanto eu como os meus colegas do executivo temos a noção de que não conseguimos fazer tudo em todo o lado. Confiamos muito no trabalho que estamos a fazer.
Como é que se diz a um munícipe que se dirige a si com um pedido qualquer que não é possível aceder ao pedido?
Sou sincero e não minto. Às vezes é preciso ter alguma capacidade de maturidade nas respostas. É importante que confiem no seu presidente da Câmara, no seu executivo...
E a decisão que teve mas gosto em tomar?
Também são muitas. Olhe, temos feito muitas coisas. Um exemplo, termos colocado os quadros interativos nas escolas do primeiro ciclo e nos jardins de infância. Fico muito sensibilizado em ir visitar as escolas e ver as crianças a interagir com os equipamentos. Mas há outras questões, os campos de futebol, o apoio à Cruz Vermelha, a estrada do Maxial, das Bicas-Tramagal ou da Barca do Pego. A resolução do cineteatro, o olhar para o multiusos no antigo mercado diário. A unidade de saúde familiar do Rossio. Satisfaz-me resolver os problemas das nossas pessoas.
Qual a decisão que gostava de tomar/assumir neste segundo ano de mandato?
Há várias coisas na saúde, na educação. A reestruturação do cineteatro S. Pedro é fundamental para a cultura, para o concelho. Mas acho que o lançamento da Escola Superior de Tecnologia é um aspeto determinante no nosso sucesso. O Parque de Ciência e Tecnologia é captar massa crítica para o nosso concelho. É o que pode derrotar aquilo que são os sinais da demografia com o ter mais gente no nosso concelho. Jerónimo Belo Jorge
Março 2020 / JORNAL DE ABRANTES
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ATUALIDADE / Abrantes
Demolição de chaminé em Alferrarede agitou redes sociais Nos dias 19 e 20 de fevereiro as redes sociais foram inundadas com fotografias e vídeos de uma alegada intervenção de demolição de uma de duas chaminés nos terrenos junto ao Intermarché, em Alferrarede. Como a chaminé tinha um ninho de cegonhas, rapidamente a situação ganhou dimensão na internet e choveram críticas sobre aquela intervenção, até com pedidos de intervenção das autoridades locais e ambientais. O facto é que uma das duas chaminés existentes foi demolida no local onde estão a decorrer trabalhos de movimentação de terras pela empresa Superabrantes (Intermarché). O movimento independente ALTERNATIVAcom emitiu um comunicado em que revela que “tomou conhecimento a 19 de fevereiro, da tentativa de demolição de uma chaminé de grandes dimensões em Alferrarede. Apesar da demolição já se encontrar em avançado estado à presente data, as movimentações em torno desta situação levam-nos a refletir sobre um conjunto de questões e preocupações para situações semelhantes”. E depois segue com informação legal sobre a proteção a cegonhas e levanta várias questões sobre a salvaguarda do património no
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concelho de Abrantes. E no comunicado do Facebook o movimento escreve que “importa apenas utilizar a situação como mote para o estímulo ao debate e reflexão, de forma mais abrangente, acerca do estado atual e do futuro do espólio e património industrial do concelho de Abrantes”. Na mesma linha, o Jornal de Abrantes teve acesso a um email enviado por um cidadão ao presidente da Câmara de Abrantes em protesto pela demolição. O cidadão José Oliveira escreveu no email: “Estou estarrecido com a notícia divulgada da tentativa de derrubar as duas torres em Alferrarede, que além de serem um património da municipalidade são habitadas há anos por cegonhas que fazem lá os seus ninhos. Sendo que as torres identificam o Bairro de Telheiros. Todos sabemos da proteção que deve ser dada às cegonhas por isso peço a sua ação para suspensão das atividades na área, assim como as ações aos responsáveis, conforme legislação em vigor”.
Intervenção com licenciamento local e ambiental
O Jornal de Abrantes contactou a Câmara Municipal de Abrantes
JORNAL DE ABRANTES / Março 2020
para saber que obras são as que estão em curso. As movimentações de terras estão devidamente legalizadas pelo proprietário do terreno e, consequentemente, das duas chaminés. Ao que foi confirmado pelo vice-presidente da Câmara Municipal de Abrantes, João Gomes, a chaminé em causa apresentava problemas estruturais e de segurança pelo que foi demolida. Já quanto à presença de cegonhas, animal protegido por lei, a mudança do ninho para a chaminé que fica mais próxima da urbanização dos Telheiros foi autorizada pelo ICNF – Instituto de Conservação da Natureza e Florestas. A Antena Livre contactou o gerente da Superabrantes (Intermarché de Alferrarede) que facultou todo o processo e explicou o enquadramento. Miguel Alves explicou que está a proceder à movimentação de terras, devidamente licenciadas, para alargamento do espaço comercial. Miguel Alves facultou os emails em que INCF autoriza a operação de demolição. O gerente do espaço comercial explicou ainda que adquiriu uma rede própria para a mudança e estabilização do ninho da outra chaminé e acrescentou que esta chaminé foi demolida por apre-
sentar riscos estruturais, apresentando-se muito degradada. Miguel Alves garantiu que a outra chaminé, mais próxima da urbanização dos Telheiros, não vão ser demolida, ao contrário das informações que correm nas redes sociais. Já lá está o ninho e as cegonhas já o “adotaram” e, afirma o gerente, que podem vê-las lá de manhã e à tarde. E no processo que envolveu os Bombeiros Municipais de Abrantes, todas as despesas inerentes à operação vão ser suportadas pela empresa Superabrantes. Também a chaminé que vai ficar enquadrada no espaço comercial necessita de uma intervenção de segurança uma vez que apresenta igualmente algumas debilidades, embora não tão graves como a que foi demolida. Miguel Alves salienta que está em Abrantes há cerca de 20 anos e quando avançou para este processo de alargamento da zona comercial de Alferrarede cumpriu todos os procedimentos legais necessários e que desde o início do processo a salvaguarda das cegonhas nunca foi colocada em causa. Já sobre a alegada tentativa de derrubar a chaminé com uma máquina e com correntes, como
circulou nas redes sociais, diz que não é verdade, que tentaram “avaliar” a estabilidade da estrutura para a intervenção no dia seguinte. E sobre a presença da PSP no local informou que foram os bombeiros que solicitaram a sua presença devido a algumas pessoas que tentaram impedir os trabalhos que estavam em curso. Já nas redes socais as versões são diferentes, pois os cidadãos que partilharam os vídeos e fotos garantem que houve uma tentativa de derrube da chaminé e chegaram, alguns, a questionar a falta de segurança desse trabalho. Sobre a intervenção que está em curso Miguel Alves não quis adiantar pormenores. Indicou ao nosso jornal que apenas vai divulgar o formato do empreendimento e as marcas que ali se vão instalar quando for a altura certa. Embora haja muitas conversas sobre algumas possibilidades o empresário não quis adiantar pormenores, sendo certo, segundo afirmou, que está em contactos avançados com os responsáveis de diversas empresas. De recordar que ali próximo, em breve, vai abrir um restaurante McDonald’s, que, não fazendo parte do complexo em construção, ficará nas suas imediações. Jerónimo Belo Jorge
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Marรงo 2020 / JORNAL DE ABRANTES
ATUALIDADE / Abrantes
“Um sinal de esperança”
montes significativos”, acrescentou, evidenciando o problema de “perda de pedra” dos altares.
REQUALIFICAÇÃO DE “UMA JÓIA” É “MOMENTO DE GRANDE ALEGRIA PARA TODA A IGREJA”
// Igreja de São Vicente alvo de obras de restauro em altares e teto A Igreja de São Vicente, em Abrantes, vai ser alvo de obras de restauro no interior do edifício, numa intervenção de cerca de 120 mil euros que vai incidir sobretudo no restauro de dois altares de uma das naves laterais - altar de Nossa Senhora da Conceição e altar de Nossa Senhora de Fátima – bem como em toda a zona envolvente aos mesmos. Está ainda prevista a recuperação “de uma parte da cobertura do teto. O que iremos tentar é a recuperação do teto todo”, conforme explicou o vice-presidente da autarquia, João Gomes, ao JA. O auto de consignação da empreitada foi assinado no dia 14 de fevereiro, entre o Município e a empresa Nova Conservação-Restauro e Conservação do Património Artístico-Cultural, S.A., a quem a obra foi adjudicada e cujo prazo de execução ronda os seis meses. No momento da assinatura, o presidente da autarquia, Manuel Jorge Valamatos, explicou que esta intervenção acontece no âmbito de uma candidatura ao programa Portugal 2020: “O projeto foi encetado com o apoio da Câmara Municipal mas pela Direção Geral de Património Cultural (DGPC). A candidatura apresentada (…) foi aceite e 85% da obra é apoiada por fundos comunitários, sendo 15% repartido entre a DGPC e a Câmara Municipal”.
/ Padre António Castanheira, presidente do Município de Abrantes e técnico responsável pela empreitada na assinatura do auto de consignação da obra Valamatos realçou que esta intervenção é “um bom sinal, é um sinal de esperança, (...) mobilização, atitude, proatividade. (…) É um investimento considerável para continuar aquilo que foi a requalificação externa”, diz. Este projeto de execução refere-se a uma segunda ação da candidatura feita em 2017 para toda a intervenção da igreja. Na primeira ação foi realizada a empreitada de beneficiação exterior, uma obra “muito arrojada do ponto de vista
técnico” com obras de cobertura, consolidação da abóbada, restauro de vitrais, janelas, pinturas exteriores e trabalhos relacionados com a humidade. Como “houve uma poupança na primeira fase de intervenção, a obra ficou abaixo daquilo que era o previsto e deu-nos um suporte para iniciar esta segunda fase, deu robustez a esta segunda fase”, conforme explicou Manuel Jorge Valamatos. Assim, feita a reformulação financeira da candidatura, pode agora ser iniciado
o trabalho de “requalificação destes dois altares”. Já o técnico empreiteiro responsável pela obra, Nuno Proença de Almeida, explicou que “foram escolhidos dois dos altares que apresentam maiores problemas de conservação: madeira em processos muito avançados de degradação e que urge desenvolver um percurso inverso”. “O nosso trabalho vai iniciar por compreender melhor, documentar e perceber exatamente a constituição das partes, que vai obrigar a des-
No momento protocolar esteve também o padre António Castanheira, das Paróquias de São João e São Vicente, que considerou este momento como “de grande alegria para toda a Igreja, para esta comunidade que vive na cidade de Abrantes, porque este templo é um lugar de memória, de vida espiritual, cultural, e nós precisamos também de ser cuidadores destes dois aspetos”. “Ter um monumento destes cuidado, restaurado - a nível dos altares e também ao nível dos tetos - é esperança para todos e alegria (...) um momento de esperança grande”, acrescenta o padre que disse ser necessário pensar como vai ser possível conciliar as obras com as celebrações religiosas - que vão continuar a decorrer. Assim, “todos os condicionalismos que houver são por um bem maior”, assume, referindo que “tudo acontecerá na mesma”. O pároco referiu também a importância de “um monumento destes, uma jóia, e sendo uma jóia precisa de ser cuidado, restaurado, purificado, voltando umas coisas mais ao original e outras adaptando às necessidades litúrgicas”. “Enquanto estiver com alguma responsabilidade nesta paróquia, quererei ajudar com outras entidades (...) mais e em conjunto faremos melhor e iremos mais longe”, concluiu. Ana Rita Cristóvão
Igreja da Misericórdia sobe a Património de interesse público A Direção-Geral do Património Cultural (DGPC) aprovou a reclassificação da Igreja da Misericórdia de Abrantes. A publicação da decisão foi feita em Diário da República, a 7 de fevereiro, e altera a classificação de património com valor de interesse concelhio para património de interesse público. O anúncio dá conta que o mesmo diz respeito ao "projeto de decisão relativo à fusão e ampliação das anteriores classificações na Igreja da Misericórdia de Abrantes, à redenominação para ‘Igreja da Misericórdia de Abrantes, pátio de Definitório, Casa do Despacho e claustro anexo, incluindo o património móvel integrado’, em Abrantes, e à alteração da categoria de classificação para monumento de interesse público". O vereador Luís Dias acrescentou que este processo de reclassificação desta igreja é “ a consagração
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/ A igreja de Sta Maria do Castelo vai ser o panteão dos Almeidas e reflexo de um trabalho continuado de valorização do património e que renova oportunidades de visitação" e que acrescenta ainda mais valor ao ter englobado outras áreas da Misericórdia que, só por
JORNAL DE ABRANTES / Março 2020
elas, apresentam também muito valor histórico, como seja a Sala do Definitório ou a Casa do Despacho. O vereador revelou a satisfação por esta reclassificação que vem valorizar o património religioso
da cidade, tendo acrescentado que também a Igreja de S. João necessita de uma intervenção estrutural e financeiramente muito pesada. Trata-se de uma intervenção necessária, disse o vereador, que só poderá ser efetuada a coberto de financiamentos de fundos comunitários. Mas é uma intervenção que é necessária pois o monumento nacional apresenta várias situações urgentes, algumas delas na cobertura. Na mesma linha, Manuel Jorge Valamatos deu conta de que esteve recentemente reunido com a Direção Geral de Património Cultural (DGPC) e que daí ficou "muito esperançado que venhamos a ter candidaturas". Há, segundo o autarca, o compromisso da DGPC, da parte que é da componente nacional, ser repartida entre a Câmara Municipal e a DGPC. Ou os 30% desta componente seriam divididos 15% por parte
de cada uma destas entidades. Já a Igreja de Santa Maria do Castelo deverá passar a ser o Panteão dos Almeidas ainda no primeiro semestre do ano. Com a construção do Museu Ibérico de Arqueologia e Arte (MIAA) no Convento de S. Domingos, a Igreja do Castelo – que não pode ter a realização de cerimónias religiosas – vai passar a ser o Panteão dos Almeidas. É uma decisão que já não é nova, mas que ganhará agora nova identidade. Manuel Jorge Valamatos indicou que as obras já se iniciaram e que gostariam de ter a intervenção concluída em maio. “Será difícil, mas vamos tentar”, vincou o autarca. Todo o espólio museológico vai ser transferido do local que na última década tem acolhido as exposições de arqueologia e estátuas religiosas no concelho. Jerónimo Belo Jorge
ATUALIDADE / Abrantes
Festas da Cidade 2020 com espetáculo único no mundo e regresso ao Largo 1º de Maio
/ Vereadores Luís Filipe Dias, Ana Paula Grijó, presidente Manuel Jorge Valamatos e vice-presidente João Gomes na conferencia de imprensa de apresentação das Festas da Cidade 2020 das festas, a 21 de fevereiro, que este ano as novidades não se ficam pelo cartaz musical. A primeira novidade marca também um regresso: os concertos principais do dia vão acontecer no Largo 1º de Maio, junto ao tri-
bunal. Uma mudança que vai dar às festas “outra respiração”, e que foi tomada com a consciência de “termos aqui ao lado uma bolsa de estacionamento, que aí sim as pessoas vão perceber verdadeiramente o potencial do Vale da Fontinha”.
Assim, a Praça Barão da Batalha ganha o estatuto de “Praça Tradições”, com artesanato, projetos etnográficos, grupos de cantares, folclore e também com outra novidade: o regresso das marchas populares, um elemento que pretende “reforçar esta dinâmica local” e que vai acontecer por várias praças da cidade. Já a Praça Raimundo Soares continua a ser a “Praça Jovem”, com bandas e DJ’s, enquanto o Largo João de Deus vai ser o espaço família, com espetáculos dedicados às crianças. E porque festa sem comida não é a mesma coisa, o Jardim da República vai albergar as várias associações do concelho com tasquinhas de comes e bebes, onde vai também estar um palco para música e arraiais populares. A autarquia vai ainda manter a aposta forte nas atividades desportivas, com o Campeonato Nacional Jovem de Triatlo, o Festival da Canoagem e o Encontro Nacional do Jovem Jogador de Pólo Aquático,
no sentido de “voltar a afirmar os desportos náuticos”. As Festas da Cidade vão ter ainda o tradicional fogo de artifício “à dimensão e ao jeito daquilo que aconteceu o ano passado, sem ser de grandes dimensões” mas que satisfaça o “apetite das pessoas”. De notar que ao longo do evento, o Município vai “manter a mesma abordagem com os nossos autocarros” em termos de transportes para os locais festivos e irá desenvolver com a VALNOR e os Serviços Municipalizados um conjunto de ações para “tornar as festas o mais amigas do ambiente possível”. Apresentado o programa, fica o convite do presidente: “As festas são sempre um marco importante para o nosso concelho e queremos a todo o tempo reforçar esta dinâmica para colocar Abrantes no mapa. (…) Os abrantinos são o melhor cartaz.(…) Estão todos convidados e vamos desejar que estas sejam as melhores festas de sempre”. Ana Rita Cristóvão PUBLICIDADE
Foi oficialmente apresentado o programa das Festas da Cidade 2020, que vão decorrer de 9 a 14 de junho. Naquelas que prometem ser, diz o presidente do Município, Manuel Jorge Valamatos, as “melhores festas de sempre”, Mickael Carreira (no dia 9), Bárbara Bandeira (10), Os Quatro e Meia (11), José Cid (12) e os HotPlay (14) vão ser os artistas a subir a palco, num programa escolhido “a pensar em todos os públicos” e com o “cartaz mais integrador de todos os tempos”. O concerto “de referência”, comemorativo do dia da cidade, vai acontecer na noite de dia 13 de junho – uma vez que dia 14 é um domingo – e vai juntar no hipódromo dos Mourões, em Aquapolis Sul, Rita Guerra, Héber Marques (dos HMB), a solista Anin Rose e o Coro Internacional de Gospel de Londres, acompanhados pela Orquestra Ibérica, num “espetáculo único no mundo”. Manuel Jorge Valamatos revelou na conferência de apresentação
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Março 2020 / JORNAL DE ABRANTES
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ATUALIDADE / Sardoal
Posto de Atendimento do IEFP já funciona. Protocolo já foi assinado A Loja do Cidadão de Sardoal, situada no centro da vila (na rua 5 de outubro), já tem serviço de atendimento do Instituto do Emprego e Formação Profissional. O serviço teve início no dia 20 de fevereiro. O Protocolo entre o Município de Sardoal e o Instituto de Emprego e Formação Profissional (IEFP) foi aprovado por unanimidade em reunião de Câmara no dia 12 de fevereiro e assinado no dia 18, na Loja do Cidadão em Sardoal. O Protocolo assegura a instalação e o funcionamento de um Posto de Atendimento do IEFP na Loja do Cidadão de Sardoal. O serviço é prestado por um técnico, todas as quintas-feiras de manhã, no Balcão Multisserviços, evitando, deste modo, que a população do Concelho se tenha que deslocar para ter acesso aos serviços do IEFP. Na cerimónia de assinatura, o presidente da Câmara de Sardoal falou de “um dia especialmente muito importante parta nós”. “Manter uma oferta de qualidade e de proximidade para todos os sardoalenses” é o objetivo, começou por dizer Miguel Borges que explicou que, hoje em dia, “pensamos muito em global e em regional mas não podemos deixar
de oferecer os serviços àqueles que têm menores possibilidades de se deslocarem a outras zonas do país, ou mesmo aqui na nossa região”. O presidente acrescentou que este modelo já foi encontrado há alguns anos, “um modelo partilhado num espaço multisserviços e é por aqui que vamos querer continuar”. Miguel Borges deu ainda conta que “a possibilidade de oferta do nosso Espaço Multisserviços e da nossa Loja do Cidadão está quase esgotada. A quantidade de serviços que aqui temos é realmente muito boa, comparada com o que tínhamos”. A questão do interior continua a fazer parte do discurso do autarca que voltou a reafirmar que “não podemos, de forma nenhuma, abandonar o chamado interior. Nem queremos”. Miguel Borges defendeu que “o nosso interior tem qualidade. Temos trabalho todos – Câmaras Municipais e sucessivos Governos – o melhor que podemos para valorizar o interior, sendo certo que há muito mais para fazer. E hoje temos no nosso interior um conjunto de equipamentos, por exemplo, culturais, sociais e desportivos com a mesma qualidade que há nos grandes centros. Só que nós temos que valorizar aquilo que
/ Miguel Borges e Isabel Henriques na assinatura do Protocolo
“Temos que valorizar aquilo que há no interior e não há nos grandes centros”
há no interior e não há nos grandes centros: a disponibilidade para usufruir de todos esses equipamentos e um atendimento com qualidade ímpar que não tem nada a ver com aquilo que existe nos grandes centros”, enumerou. “Temos tudo o que têm os grandes centros mas temos uma coisa muito boa que os grandes centros não têm: qualidade de vida. E é essa qualidade de vida que queremos oferecer”, concluiu Miguel Borges. Por parte do Instituto de Emprego e Formação Profissional esteve a delegada regional de Lisboa e Vale
do Tejo do Instituto de Emprego e Formação Profissional, Isabel Henriques. “O Instituto de Emprego tem uma estrutura descentralizada. Nós tentamos, através dos Centros de Emprego e dos Centros de Formação, chegar o mais perto possível das populações”, disse. Isabel Henriques comentou que, “na região de Lisboa e Vale do Tejo temos 22 serviços de emprego e nove serviços de formação. Mas acontece que nos sítios que estão mais longínquos, as pessoas ainda têm muitas dificuldades para chegar a alguns serviços. O instituto de Emprego sempre esteve disponível para, junto dos autarcas, conseguirmos estar mais próximos das populações”. Quanto ao tipo de atendimento que vai ser prestado em Sardoal, “é um serviço que consideramos de proximidade e que dá respostas às pessoas que, de outro modo, poderiam não conseguir sequer chegar aos nossos serviços”. Quanto aos números no con-
celho, a delegada regional revelou que existem 139 inscritos. Um número que poderá ser bastante inferior ao de outros concelhos mas, segundo Isabel Henriques, “quando existe um desempregado, já é demasiado. E destas 139 pessoas, 60% são mulheres. Também no universo das 139 pessoas, 57% têm o 9º ano ou menos, o que lhes dificulta muito a reintegração no mercado de trabalho. Também é curioso saber que neste grupo de pessoas, 90% estão à procura de novo emprego”. “É este o universo que teremos, em conjunto, de trabalhar e encontrar novas respostas e nós descansaremos quando eu um dia puder vir aqui e dizer que temos que acabar com esta nossa parceria porque não temos aqui cidadãos desempregados”, concluiu Isabel Henriques. O serviço do IEFP começou então a funcionar na manhã de dia 18 de fevereiro na Loja do Cidadão, em Sardoal.
Executivo aprova Moção para aeroporto de Tancos A Câmara Municipal de Sardoal aprovou, por unanimidade, a Moção da Comunidade Intermunicipal do Médio Tejo sobre o aeródromo de Tancos. O presidente da Câmara Municipal deu conhecimento da Moção e leu-a na sessão do Executivo. Miguel Borges, presidente da Câmara Municipal, explicou a posição dos autarcas da Comunidade Intermunicipal e pediu para que a Moção fosse aprovada pela Câmara
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Municipal para que todos falem no mesmo sentido. Questionado pelo vereador Carlos Duarte, do PS, sobre a possibilidade de tal vir a acontecer, pelo pouco peso que a região possa ter junto do Governo, Miguel Borges não discordou mas disse ainda acreditar no bom senso dos governantes. Pedro Duque, vereador socialista, também concorda que o tema seja colocado na ordem do dia e
JORNAL DE ABRANTES / Março 2020
relembrou que a primeira pessoa a defender esta solução foi Fernando Moleirinho, antigo presidente da Câmara Municipal de Sardoal. Miguel Borges até disse que, na sua opinião, este processo de Tancos já vai com mais de um ano de atraso. No final, o presidente da Câmara deu conta dos contras apontados às outras soluções e afirmou que o país anda a perder oportunidades de criar centralidades. Patrícia Seixas
/ Reunião do Executivo da Câmara do Sardoal
Patrícia Seixas
ATUALIDADE / Sardoal
Em quatro anos, Loja do Cidadão já atendeu mais de 74 mil utentes // A Loja do Cidadão em Sardoal comemorou no dia 18 de fevereiro quatro anos de existência
Sardoal criou “uma nova centralidade, não só para o Sardoal mas também para a região
/ Miguel Borges lembrou que o edifício era uma antiga panificadora abandonada
// OS NÚMEROS O presidente da Câmara de Sardoal referiu os números de atendimento na Loja do Cidadão: “no primeiro ano, tivemos 18.242 utilizadores. E estes números são apenas os contabilizados pelo SIGA porque temos outras entidades que não estão no SIGA e, como tal, não é possível saber o número”. Já no segundo ano, o número de atendimentos subiu para 18.350 e, no terceiro ano, continuou a subir para os 18.582. “Do terceiro para o quarto ano, aumentámos de cerca de mil, cifrando-se em 19.519”, disse. Os serviços permanentes da Loja do Cidadão de Sardoal fizeram assim, nos primeiros quatro anos de atividade, 74.842 atendimentos.
Miguel Borges afirmou que “aqueles que estão no interior, aqueles que pagam os mesmos impostos que pagam os portugueses de Cascais, Lisboa ou Porto, têm os mesmos direitos de acesso aos serviços públicos de proximidade. (…) E é nesta lógica que temos conseguido enriquecer este espaço”. Miguel Borges voltou a referir que o Sardoal criou “uma nova centralidade, não só para o Sardoal mas também para a região. Temos neste espaço a Autoridade Tributária, Segurança Social, Espaço do Cidadão, o Ponto JA do Instituto da Juventude, o Gabinete de Apoio ao Emigrante, a Associação Comercial, a Associação de Agricultores, a Direção Regional de Agricultura, o Espaço Empreende, o Arquivo Histórico, brevemente vamos ter a Tejo Ambiente” e agora o Instituto do Emprego e Formação Profissional. “É algo que não existia há cinco anos atrás. Por isso, reforçámos os serviços públicos nesta lógica da proximidade”, concluiu Miguel Borges que ainda avançou que “a possibilidade de oferta do nosso Espaço Multisserviços e da nossa Loja do Cidadão está quase esgotada”. Patrícia Seixas
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Inaugurada a 18 de fevereiro de 2016, “foi uma luta” na altura entre a Autarquia e o Governo pois pairava a possibilidade de alguns serviços públicos saírem do território, nomeadamente as Finanças. Passados quatro anos de atividade, o presidente da Câmara Municipal de Sardoal falou de “quatro anos de uma história interessante e de algum risco mas que, passados estes quatro anos, conseguimos fazer uma retrospetiva de tudo o que foi este processo”. Miguel Borges lembrou que o edifício onde está implementada a Loja do Cidadão era uma antiga panificadora abandonada e, ainda como vice-presidente, tentou saber o preço do imóvel mas “era muito caro”. “Passados uns anos, já como presidente, aparece uma proposta de venda deste edifício com um valor oito vezes inferior ao que inicialmente tinha sido pedido. Pensámos logo que este era um bom espaço para o Município”, conta o presidente. A oportunidade de criar ali uma Loja do Cidadão surgiu “passado pouco tempo, numa proposta do senhor ministro Poiares Maduro e que nós agarrámos com toda a nossa força. E assim, criámos aqui uma nova centralidade”. O autarca referiu ainda que, na altura, com a ameaça da saída de alguns serviços públicos do concelho, “não só não deixámos de ter esses serviços como passámos a ter muitos mais serviços públicos”. A lógica do espaço é a de uma gestão partilhada, “ganhando escala e conseguindo que o investimento público possa ter uma racionalidade também de acordo com aquilo que é a nossa tendência demográfica”.
Março 2020 / JORNAL DE ABRANTES
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ATUALIDADE / Constância
Estrada militar já reabriu
Santa Casa da Misericórdia pretende ampliar lar de São João Santa Casa da Misericórdia de Constância
A Santa Casa da Misericórdia de Constância, entidade detentora do lar de São João, no centro histórico da vila, pretende levar a cabo obras de ampliação no mesmo, no sentido de tornar economicamente mais viável esta infraestrutura de resposta social. Para isso, foi levada a reunião de Câmara Municipal uma proposta de suspensão parcial do Plano de Pormenor bem como uma relativa ao Plano Diretor Municipal, as quais foram aprovadas por unanimidade. O presidente da autarquia, Sérgio Oliveira, explica que aquilo que se pretende com esta ampliação é que o lar passe das atuais 16 camas para “uma capacidade de 40 camas” o que o tornará “economicamente viável (…) tornará efetivamente a resposta social rentável”. Isto porque, deu conta o autarca em reunião do executivo, “o senhor provedor transmitiu-me que o lar aqui em Constância está a dar um prejuízo anual de cerca de 100 mil euros e que é fundamental realizar a ampliação e a conservação do lar”. Sérgio Oliveira refere que esta intervenção que a Santa Casa da Misericórdia de Constância perspetiva realizar “não seria possível sem fazer a suspensão quer do
Plano de Pormenor quer do PDM” e que tal ação é necessária uma vez que “a questão que se coloca é o aumento da altura dos pisos de acesso”. Sublinha também que a suspensão destes dois instrumentos de gestão do território vai acontecer apenas na zona do lar e não no centro histórico todo: “Quero que as pessoas entendam que não estamos a suspender o Plano no centro histórico todo da vila, é só no sítio onde se encontra atualmente o lar, para tentarmos junto da CCDR viabilizar a construção”. Esta medida surge depois de o autarca e do responsável da Santa Casa da Misericórdia de Constância terem tido uma reunião preliminar na CCDR na qual foi apresentado o projeto e em que “na altura, a CDDR disse que a forma de viabilizar esta questão era nós procedermos à suspensão dos planos” [Plano Diretor Municipal e Plano de Pormenor]. Depois de aprovado em reunião de Câmara, o autarca explicou ao JA que há ainda dois passos “fundamentais para que seja possível a obra que se quer”: a palavra final da CCDR, isto é, o parecer sobre a suspensão parcial dos planos, e um ofício ser levado a cabo pela Santa Casa da Misericórdia sobre a “declaração
Num concelho em que existe uma “população envelhecida e a precisar cada vez mais de respostas sociais”, além da mais-valia que constituiria o aumento do número de camas, o autarca refere ainda que, com esta obra, a vila ficaria com “mais uma parte do centro histórico reabilitado (…) aquele recanto junto à Misericórdia, aqueles edifícios requalificados”.
A estrada que serve o Campo Militar de Santa Margarida, que esteve condicionada cerca de um ano devido a problemas no terreno e entrou em obras no início de dezembro passado, reabriu ao trânsito no dia 27 de fevereiro. O presidente da Câmara Municipal de Constância, Sérgio Oliveira, tinha anteriormente dito ao Jornal de Abrantes que “quando [a estrada] reabrir estará em condições de segurança quer para as pessoas e bens que atravessam aquela infraestrutura”, que, relembra, é gerida pela instituição militar e “sobre a qual a Câmara Municipal não tem qualquer jurisdição”. Aquando do anúncio da intervenção, em novembro passado, o presidente do Município anunciara que o papel da Câmara ao longo do caminho foi o de “moderar as partes e encontrar sempre uma solução”. Recorde-se que este foi um processo moroso, uma vez que algumas zonas da estrada, que se encontravam sem delimitação do terreno, pertenciam a privados, que levantaram questões sobre a intervenção que a Engenharia Militar queria levar a cabo na respetiva propriedade.
Ana Rita Cristóvão
Ana Rita Cristóvão
/ A acontecer, as obras de ampliação do lar de São João permitirão aumentar o número de camas de 16 para 40 do relevante interesse público da intervenção”. Sérgio Oliveira destacou a necessidade de celeridade neste processo, uma vez que existe a “perspetiva de que o aviso dos fundos que permitirão à Santa Casa candidatar-se irão abrir entre março e abril, portanto é um processo que tem de decorrer com celeridade para que isto seja uma realidade, acho que ganhamos todos com isto”.
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Município mantém tarifário de água, saneamento e resíduos sem mexidas em 2020
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Dois pratos diários (Corrente e vegan) Almoços de segunda feira a sábado das 8h00 às17h00 Jantares por marcação de segunda a sábado Venha às horas que quiser. O nosso lema é: "Se a porta estiver aberta, a cozinha serve"
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JORNAL DE ABRANTES / Março 2020
O Município de Constância pretende manter este ano o valor dos tarifários no que diz respeito à água, saneamento e resíduos tal qual como no ano passado. A proposta de manter o tarifário que está atualmente em vigor foi aprovada por unanimidade pelo executivo municipal em reunião de Câmara. O presidente da autarquia justificou esta manutenção de tarifários com a recente atualização dos preços “há tão pouco tempo”, afirmando que “devemos ter pelo menos um ano de aplicação do tarifário para verificar se há ajustamentos ou alterações que sejam necessários fazer”. Sérgio Oliveira contextualizou que antes da atualização o ano passado dos tarifários, a última tinha sido feita em 2009, ou seja, “há 10 anos que o tarifário não era alterado”. Assim, o autarca explica que a mexida em 2019 foi necessária uma vez que
/ O Município assegura que continua a subsidiar o serviço de águas e de saneamento aos munícipes a autarquia estava com “um défice considerável. Informámos as populações, toda a gente foi informada e esse tarifário entrou em vigor em setembro/outubro”. Sérgio Oliveira assegura que a Câmara “continua a subsidiar o serviço de águas e de saneamento, ou seja, aquilo que nós cobramos aos munícipes não é suficiente para pagar o custo que temos com o serviço, mas
também não é essa a nossa intenção”. “Achamos que são serviços essenciais e que não devem ser encarados na lógica do lucro”, admite. O presidente do Município constanciense refere ainda que atualizações nos tarifários são “essenciais ao cumprimento da lei das finanças locais, que exige que os tarifários sejam equilibrados. (…) Isto é uma questão: cumprimento das recomendações da ERSAR e cumprimento da lei das finanças locais que estabelece que os proveitos devem cobrir pelo menos 90% dos custos”. Outro ponto, diz o autarca, é que para a Câmara poder candidatar-se a fundos comunitários no âmbito de reabilitação de ETAR's, condutas e estações elevatórias é “essencial termos um tarifário equilibrado, porque se não o tivermos não podemos recorrer a esses fundos comunitários para a reabilitação da rede”. Ana Rita Cristóvão
SOCIEDADE / Alunos da Escola António Torrado em visita solidária à Neonatologia do hospital de Abrantes
Apesar da curiosidade para ver como são os bebés, a visita destas crianças foi com o intuito solidário: este grupo de 20 crianças, entre os 5 e os 7 anos, fizeram um mealheiro e foram juntando o dinheiro ganho nas vendas nas feiras da escola para comprar uma balança para pesar os bebés que vão ao serviço de Pediatria - cuidados neonatais do CHMT. Mas como é que tudo isto surgiu? A ideia foi implementada numa das salas da escola António Torrado, quando a professora Fátima Silva constatou que a “educação financeira está muito esquecida” e que na idade do pré-escolar “ninguém fala em poupar”.
/ A visita foi acompanhada por responsáveis do CHMT, que agradeceram o gesto e reiteraram a disponibilidade para iniciativas idênticas no futuro
Com esta premissa em mente, a escola candidatou-se a um projeto do Ministério da Educação e do Banco de Portugal sobre educação financeira. A sala da professora Fátima foi uma das seis selecionadas a nível nacional, onde foram definidos objetivos a cumprir ao longo do ano letivo. Para tornar menos vaga esta ideia de “poupar”, decidiram na
escola António Torrado criar três mealheiros nesta sala: “um mealheiro só para poupar para atingir um objetivo, que juntos decidiram e foi ir passar o dia à Kidzania”; um mealheiro do investir, em que “comprámos material para a sala, material de desgaste”; e um mealheiro “para doar”. Assim, com a venda de produtos “que produzíamos na nossa horta, com uma plantação de flores”, e com a venda de “bolos, agendas e calendários” ao longo do ano letivo em feiras da escola, os alunos foram juntando o dinheiro que “era igualmente distribuído por esses três mealheiros”. E foi assim, com o dinheiro que ficou arrecadado no mealheiro do doar que surgiu o material doado ao hospital. “Como eles todos de vez em quando vêm ao hospital, foi decidido por eles dar aos meninos do hospital. E entrámos em contacto para saber o que comprar, algo que fizesse falta”, contou a professora ao JA. E foi assim que se falou na neces-
sidade de uma balança para pesar os bebés. Mas além disto, com o dinheiro que sobrou, os alunos entregaram mais uns presentes: lápis de cor, livros para colorir e outros materiais de desgaste, para encher a sala de convívio do serviço de cuidados neonatais. Neste momento de solidariedade marcou presença o diretor do Agrupamento de Escolas Nº2 de Abrantes, Alcino Hermínio, que ao JA explicou que “uma das principais preocupações do Agrupamento é trabalhar com a comunidade, fazer coisas com e para a comunidade” e que, por isso, “esta foi mais uma forma muito simples mas surpreendente que surgiu de meninos do pré-escolar de reforçar esta ligação à comunidade, que é muito importante para a formação dos nossos alunos”. Em jeito de retribuição, as enfermeiras do serviço ofereceram às crianças a oportunidade de se pesarem e levarem um papelinho com o peso escrito, acompanhado por um balão. Ana Rita Cristóvão PUBLICIDADE
// Os alunos do pré-escolar e do básico da Escola António Torrado realizaram uma visita especial ao serviço de Neonatologia do Centro Hospitalar do Médio Tejo, na Unidade Hospitalar de Abrantes.
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MÉDIO TEJO /
Aeroporto regional em Tancos é uma “solução” que tem “tudo para dar certo” Localizada na secção da Brigada de Reação Rápida do Exército Português, em Tancos, a antiga base aérea n.º3 tem 2440 metros e a porta aberta para servir os interesses regionais e nacionais. Para isso, em cima da mesa está o debate das suas potencialidades, como a possível conversão para um aeródromo de voos civis. Com o mote dado, o auditório do Centro Cultural de Vila Nova da Barquinha encheu-se de autarcas, militares, empresários e cidadãos, para o primeiro de uma série de debates promovidos pela Comunidade Intermunicipal do Médio Tejo, no intuito de discutir um assunto que é “de extrema importância para a região e não para Vila Nova da Barquinha”, conforme disse o autarca Fernando Freire.
O contexto nacional e a necessidade de uma política de transportes
O piloto de linha aérea João Roque foi um oradores deste debate, no qual contextualizou o atual crescimento do tráfego aéreo internacional como um cenário que potencia a emergência de novas alternativas aos sobrelotados aeroportos das grandes cidades. Com o crescimento da aviação e com os avanços tecnológicos, “mudou a forma de fabricar aviões – mais leves, que levam mais passageiros mas ao custo de milha igual”, o que, diz o piloto, levou a uma mudança de paradigma em que se passa a “ligar cidades e aeroportos secundários com aeronaves mais pequenas”, abrindo “novos conceitos na forma como podemos organizar o transporte aéreo (…) também a nível regional”. Admitindo que os “erros consecutivos continuam a perdurar” em casos como o possível aeroporto do Montijo, João Roque admite que “chegámos a um impasse que não permite aos governantes tomar uma decisão” que seja a acertada. A prioridade, diz, é “definir uma estratégia nacional” e uma “política integrada”, ao invés de haver somente “uns aeródromos por aí”. Posição que foi vincada por outros especialistas no debate, como o antigo piloto de linha aérea e atual académico Paulo Soares, que explicita que “precisamos de uma política de transportes nacional” e de um “aeroporto para Portugal, que sirva os portugueses”. Paulo Soares admite que gostava que “se perdesse um mês ou dois a pensar no que é que queremos.
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/ O primeiro debate sobre o tema aconteceu em fevereiro em Vila Nova da Barquinha e foi aberto à população, que também interveio com sugestões e críticas Tem de ser um compromisso (…) e é este compromisso que nos vai levar a dizer se queremos mais um aeroporto para servir Lisboa e o resto é paisagem ou se queremos efetivamente uma política de transportes que vai ter aeródromos no interior, para servir o ponto a ponto da nossa diáspora”. O consenso fortaleceu-se com o presidente executivo da Associação dos Transitários de Portugal, António Martins, a acrescentar que a intermodalidade é o quinto meio de transporte: “nós não precisamos de uma política de transportes aéreo, nós precisamos de uma política de transportes estratégica para o país”.
As mais-valias de Tancos
Aqui entra Tancos. Entre as possibilidades, João Roque deixou a questão no ar: pode o aeródromo tornar-se no terminal 3 do aeroporto de Lisboa? O responsável destacou a “centralidade única” e o “potencial muito elevado” deste aeródromo: “Para já, a solução que é necessária e imediata é uma complementaridade a Lisboa - está sobrelotada e é preciso rapidamente fazer algo. E Tancos é a solução para se fazer algo rápido e bem”. “Complementa Lisboa, temos a A23 ligada a Tancos”, acrescenta, deixando ainda outra ideia: replicar
JORNAL DE ABRANTES / Março 2020
O piloto e também dirigente do aeródromo de Viseu diz mesmo que “Tancos é uma possibilidade muito forte daquilo que nós queremos numa política de transportes (…) precisamos de uma rede”. Fala ainda sobre a possibilidade de um hub intercontinental que sirva passageiros e carga, que teria o aeródromo de Tancos como local para essa plataforma, devido à sua “geoestratégia”, uma vez que se localiza no interior: “Façamos onde precisamos de desenvolvimento – no interior. Tancos tem tudo para dar certo”, diz. Além destas mais-valias, António Martins responde à questão: Porquê Tancos? “Por causa do Entroncamento”. Isto porque “se entroncam aqui principais nós rodoviários como a A23 e a A13”. Os especialistas destacam ainda a distância de Tancos a Fátima e assumem que “Tancos se afigura como a alternativa correta”, isto porque “os aviões trazem para Lisboa, em média, por ano, cerca de 3 milhões de passageiros que demandam a Fátima”, sendo este o “único tráfego de turismo na Europa que continua a crescer a dois dígitos”. Mas para que tudo isto se concretize, João Roque diz que é necessário haver “coragem política”: “aquilo que eu sugiro aos senhores autarcas é que se parta para além do aeroporto regional”. Diz ainda que isto não é “um projeto para amanhã”, mas que é preciso olhar o país em 50/60 anos, “em termos estratégicos, que é aquilo a que não estamos habituados”.
CIM do Médio Tejo assume que Tancos “tem melhores condições”
/ Na iniciativa estiveram presentes autarcas da região do Médio Tejo, bem como empresários, militares e cidadãos
“Façamos onde precisamos de desenvolvimento – no interior. Tancos tem tudo para dar certo”
o terminal 2 em Lisboa dedicado ao tráfego low cost. João Roque assume que a distância a Lisboa “não é uma tragédia” e dá como exemplo a “maioria dos aeroportos low cost da Europa, que estão a mais de uma hora de distância dos centros das grandes cidades”. Já Paulo Soares admite que “no mínimo, Tancos devia ser equacionado” e dá o exemplo do custo da deslocalização da força aérea do Montijo – 100 milhões – comparando com a de uma unidade militar em Tancos: “zero”.
A presidente da CIM do Médio Tejo, Anabela Freitas, deixou a mensagem de que “não há cores nesta matéria” entre os 13 autarcas da região, que estão de acordo num conjunto de princípios [aprovando em Conselho Intermunicipal a adjudicação de um estudo preliminar para o aproveitamento do aeródromo]. Anabela Freitas destacou que “a presença militar no território é importante e tem de ser preservada” e disse que “este caminho que estamos a iniciar não é contra Monte Real nem o Montijo. Entendemos é que temos melhores condições”. A responsável reiterou que a centralidade da região não se esgota em Portugal, mas que é “ibérica”. “Esta questão da centralidade é aquilo que nos diferencia (...) o caminho não é fácil e a argumentação junto do poder político tem de ser muito precisa, pragmática, concisa”. “Vamos conseguir porque, efetivamente, não é a região que ganha, é o país, e é isso que nós precisamos”, terminou. Ana Rita Cristóvão
ATUALIDADE / Vila Nova da Barquinha
Na edição deste ano, os visitantes podem ainda ganhar um bónus: quem provar estes pratos ganha bilhetes para visitas ao Castelo de Almourol e ao novo Centro de Interpretação Templário. Esta promoção é válida somente ao fim de semana, sendo atribuído um bilhete por dose. Os restaurantes aderentes a este Festival do Sável e da Lampreia são o Almourol, Chico, Loreto, Soltejo, Stop, Tasquinha da Adélia e Trindade. O objetivo é “difundir a cozinha típica e tradicional de um concelho banhado por três rios - Tejo, Zêzere e Nabão - e cuja história está intimamente ligada à atividade piscatória”. Patrícia Seixas
/ A lampreia arrasta multidões a Vila Nova da Barquinha
/ Praça de Touros é a segunda mais antiga do país
Executivo contra aumento do IVA nas touradas Na reunião do Executivo da Câmara Municipal de Vila Nova da Barquinha, de dia 12 de fevereiro, o presidente Fernando Freire deu conhecimento de uma carta enviada ao primeiro-ministro, no âmbito da secção de Municípios com atividade taurina, onde Vila Nova da Barquinha está inserido. A carta, assinada pelo presidente da Câmara Municipal de Coruche, diz respeito ao aumento do IVA
para 23% nos espetáculos tauromáquicos. Fernando Freire deu conta que “a Câmara Municipal de Vila Nova da Barquinha faz parte da Associação da Defesa da Tauromaquia no Ribatejo. Entendemos como projeto cultural que existe e, aliás, temos a segunda Praça mais antiga de Portugal, que o IVA devia ser de 6% e não de 23%”. O presidente defendeu “o proje-
to do Ribatejo, que tem a ver com as tradições, com as pessoas, e pensamos que, de facto, [o IVA] devia ser reduzido”. “O governo não foi nesse sentido e embora sejamos um Executivo de maioria socialista, não estamos de acordo quanto a isso. Uma coisa é aquilo que o Governo entende, outra coisa é a posição da Câmara Municipal”, afirmou o autarca. Fernando Freire reiterou que “a Câmara Municipal defende as touradas, defende a redução do respetivo IVA em bilhetes para touradas e não faz sentido que tenhamos IVA reduzido em algumas atividades que eu não gostaria de desconsiderar mas que não tenham na promoção de um espetáculo que está na nossa simbiose, que está na nossa génese e que está naquilo que é a alma ribatejana”. Em Vila Nova da Barquinha, a corrida de touros em setembro de 2019 teve casa cheia e Fernando Freire lembrou que, à volta do espetáculo, “há muito comércio que vive desta área, desde o cavalo, o touro, e outros tipos de criação de riqueza. E quem é autarca tem que estar atento a estas realidades. Por isso, continuo a defender [as touradas] com muito gosto, enquanto estiver neste cargo”. Patrícia Seixas PUBLICIDADE
Pelo 26.º ano consecutivo, a mostra gastronómica “Mês do Sável e da Lampreia” está a animar a restauração do concelho de Vila Nova da Barquinha. Até dia 29 de março é possível degustar os sabores do peixe do rio à mesa dos sete restaurantes aderentes este ano à iniciativa. E, segundo Fernando Freire, presidente da Câmara Municipal, o evento começou “com grande afluência”. “Felizmente, o caudal de água do Tejo tem sido significativo”, disse o presidente, sendo esta uma das maiores preocupações para a realização deste tipo de eventos mas, podendo as duas espécies em causa subir o rio para fazer a desova, “é sempre uma animação para o nosso concelho, em termos gastronómicos”. São 26 anos a comemorar este evento e até 29 de março, desde a açorda de sável ao arroz de lampreia, são várias as iguarias que vão estar disponíveis neste festival da gastronomia ribeirinha promovido pelo Município de Vila Nova da Barquinha.
Pérsio Basso
26 anos a promover o sável e a lampreia
Março 2020 / JORNAL DE ABRANTES
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ATUALIDADE / Mação
Rotas de Mação com plano de segurança e socorro “Não há planos infalíveis, mas queremos garantir que fizemos tudo bem feito em Mação”, foi assim que Leonel Mourato apresentou o plano de segurança e socorro das Rotas de Mação. O plano está no papel, nas placas e balizas de sinalização e vai começar a ser implementado no terreno, devendo as primeiras rotas estar preparadas para homologação por alturas da Páscoa. Aliás, esse é um dos objetivos, que por essa altura as Rotas do Brejo (onde se inclui o miradouro e o baloiço da Serra do Bando), do Carvoeiro, de Ortiga e da Queixoperra possam estar concluídas. Mas o que é que está neste plano que mereceu a apresentação pública a 22 de fevereiro? Leonel Mourato explicou que terá umas balizas (postes de madeira) devidamente identificados e numerados colocados nas rotas. Serão cinco por cada uma das rotas. Estas balizas de segurança permitirão, no caso de haver algum acidente ou incidente, às forças de segurança a localização exata dos caminhantes ou pedestrianistas. Dando o exemplo da Rota do Brejo, serão colocadas cinco balizas de segurança e a rota tem identificados todos os pontos de acesso de socorro normal, 4 X 4, socorro apeado e até um ponto de socorro
/ Já são conhecidas as balizas de socorro a instalar, para já, em quantro das 16 Rotas de Mação
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De forma simples, se for feita aéreo. Estas balizas de segurança ficam em locais com rede móvel, o uma chamada de socorro para o que permite com algumas certezas o 112, bastará ao caminhante dizer contacto com as forças de segurança. ao operador do CODU (INEM) o número da baliza onde está e ao serem acionados os meios locais, de Mação, estará disponível um mapa da rota com os acessos exatos ao local sinalizado. A triangulação de segurança aponta aos Bombeiros e GNR de à T R SE Mação e ao Hospital de Abrantes. E com base no Google aponta as distâncias e a previsão de tempo médio que será inferior porquanto quando os meios saem em socorro circulam a outras velocidades. Pegando no exemplo da Rota do ABERTOS TAMBÉM SÁBADOS, DOMINGOS E FERIADOS DAS 9H ÀS 19H Brejo, e na segunda baliza de segu274 800 100 | 917 211 258 ZONA INDUSTRIAL DA SERTà rança desta rota, ficamos a saber que se situa a 13,1 KM da GNR de Mação, a 13,8 KM dos Bombeiros Voluntários de Mação e a 40,1 KM do Hospital de Abrantes. Leonel Mourato diz que nas forças de segurança existem a legenda do mapa que indica até os caminhos para chegar ao ponto de socorro. Mesmo assim o grande impulsionador das Rotas e do Geo-Parque de Mação aponta a necessidade de haver simulacros com as forças de segurança por forma a poder Empresa Certificada testar os meios em tempo real. E deixa a sugestão aos Bombeiros de Mação de criarem um grupo de socorro com formação em es-
calada, necessário para alguma eventualidade. Uma situação que foi de imediato respondida pelo comandante Pedro Jana que revela ser uma equação difícil, no imediato, face às necessidades financeiras de criar um grupo nesta área concreta. Pedro Jana reforça
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JORNAL DE ABRANTES / Março 2020
/ Leonel Mourato explicou os protocolos de segurança a aplicar nas Rotas do concelho de Mação
“Bastará ao caminhante dizer ao operador do INEM o número da baliza onde está”
a sua primeira explicação com a informação que o equipamento para este nível de socorro é muito dispendioso. Leonel Mourato diz que é um sistema muito simples, já existente em Espanha, e muito semelhante ao que temos nas autoestradas, ou seja, os postos de SOS localizados nas vias rápidas. Depois há ainda uma segunda fase que tem a ver com uma aplicação informática que está agora a dar os primeiros passos. Neste caso, quando estiver operacional, os caminhantes descarregam a aplicação para o GPS e depois, como num jogo de geocaching, terão de fazer o check-in na rota, assinalar a passagem em cada uma das balizas. No final terão de fazer o check-out. E se não fizer o check-out? “Simples. Se não assinalarem o Posto de Turismo recebe essa notificação e 30 minutos depois é enviado um SMS. Se mesmo assim não fecharem a rota então temos um problema. Ou seja, teremos de acionar os meios de socorro”. Leonel Mourato afirma não querer criticar outras rotas ou outros projetos, mas afirma que em Mação quer ter todas as condições de segurança para garantir aos visitantes as viagens com grau de segurança elevado. Recorde-se que a 11 de outubro, na apresentação das Rotas de Mação, Leonel Mourato afirmou: “vamos fazer da nossa maior fraqueza a nossa maior oportunidade”. Leonel Mourato disse ainda nessa cerimónia que “vamos pegar num concelho ardido e vamos dizer que temos aqui pessoas que querem fazer o concelho renascer. E daquilo que sei e conheço, acredito sinceramente que isso será muito bem acolhido”. E já em outubro assumiu também a vontade de, um dia, em 2025, conseguir constituir um Geoparque em Mação. “O Geoparque é para andar, não tenho a mínima dúvida”, afirmou, convicto. “Neste momento, para nos podermos candidatar ao Geoparque, falta-nos uma vertente que é o conhecimento. E o Instituto Terra e Memória (ITM), tem uma rede de contactos suficientes para lá chegar”, lembrou. O dinamizador das Rotas de Mação disse ainda que “temos um sonho e enquanto não nos derem com a parede na porta, vamos andando”. No futuro imediato, os primeiros passeios nas rotas alvo destas primeiras intervenções poderão avançar já na Páscoa. Serão as rotas do Brejo, Carvoeiro, Ortiga e Queixoperra. Jerónimo Belo Jorge
SOCIEDADE / Festival da Lampreia. A rainha do Tejo está de volta Festival passa por todas as freguesias
Ela está aí novamente para deleite de todos os apreciadores. Falamos, claro, da lampreia. Para os amantes desta iguaria, o Festival da Lampreia de Mação surge como a época alta dos festejos. Teve início a 28 de fevereiro e termina a 12 de abril. A edição deste ano conta com os habituais oito restaurantes aderentes que estão prontos para receber os muitos apreciadores
que procuram o concelho nesta altura do ano. A apresentação oficial do Festival da Lampreia teve lugar no dia 14 de fevereiro, no Salão Nobre dos Paços do Concelho. Vasco Estrela, presidente da Câmara Municipal, afirmou que o evento de 2019 foi um sucesso e que “pensamos que estão reunidas as condições para que este ano se repita”.
Divulgar os produtos de Mação
A exemplo do que aconteceu nas edições anteriores, o Município vai proporcionar a todos os visitantes
/ Edição de 2020 do Festival da Lampreia foi apresentada pelo presidente Vasco Estrela e elementos do Executivo a prova gratuita dos produtos mais típicos do concelho, em concreto o presunto da Marca Mação e este ano, também as azeitonas, o mel e o azeite. Um investimento de cerca de 10 mil euros que representa “um esforço por parte da Câmara na divulgação desta iniciativa que se traduzirá na promoção do concelho e dos próprios restaurantes. Iremos também aproveitar esta oportunidade para mais uma vez divulgarmos outro tipo de produtos da nossa terra”, explicou Vasco Estrela, adiantando que, este ano, ao abrigo de um protocolo com a AmarMação, “iremos ter expositores em todos os oito restaurantes com estes produtos e outros para que quem estiver interessado os
possa adquirir, ajudando assim os nossos agentes económicos e os nossos produtores”. O que o Município pretende com a aposta no Festival da Lampreia é “chamar pessoas ao nosso território e ao nosso concelho para que elas possam conhecer, possam gostar do que veem e do que vão, evidentemente, provar. É também uma forma que entendemos adequada de promover o nosso concelho”. O arroz da famosa lampreia volta assim a ser a rainha na mesa de oito restaurantes do concelho de Mação no âmbito do Festival da Lampreia, numa iniciativa da Câmara Municipal de Mação, com o apoio da Pinhal Maior. Patrícia Seixas PUBLICIDADE
/ O arroz de lampreia é das iguarias mais apreciadas pelos visitantes
Distribuídos pelas freguesias de Mação, Ortiga e Envendos, os oito restaurantes cozinham a lampreia com algumas “particularidades, sobretudo na forma como ela é confecionada” tal como o arroz que a acompanha. Participam no Festival da Lampreia de Mação os restaurantes A Lena (Ortiga), A Recta Café Restaurante (Mação), Avenida “Pica – Fino” (Mação), Café Cristo (Envendos), Churrasqueira Norberto (Mação), O Bigodes (Ortiga), O Godinho (Mação) e o Solar do Moinho (Cardigos). “Todas as freguesias do concelho de Mação participam neste Festival, o que também é um motivo de satisfação por parte da Câmara. Mesmo aqueles que têm menos tradição neste prato, por razões óbvias (…) mas que representa, por parte dos empresários, um empenho na dinamização do seu negócio”, disse o autarca.
Março 2020 / JORNAL DE ABRANTES
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REPORTAGEM /
Feira em definitivo no Rossio A Feira de S. Matias, em Abrantes, é centenária. Ou melhor, muito mais do que centenária. Há registos que datam do século XIV. Em 2010, a autarquia assinalou um data redonda da Feira: 500 anos. A feira foi mudando de sítio. Começou pelo largo 1.º de Maio que, entretanto entrou em obras no final da década de 80, e mudou-se para as várias plataformas do Convento de S. Domingos. Depois foi ali construído o parque de estacionamento e a Feira rumou ao espaço envolvente ao terminal rodoviário de Abrantes, paredes meias com o antigo campo de Futebol do Barro Vermelho, local do mercado semanal de Abrantes. Depois muda de novo e ruma a Alferrarede. E a localização passou a ser o parque de estacionamento da Quimigal, em Alferrarede, uma parte ainda em terra batida. Mas com as obras do Tecnopolo, 2014 foi o último ano dos feirantes naquele espaço. Rumou então a Feira ao Aquapolis Sul com a promessa de voltar ao centro de Abrantes, ao espaço conhecido, já naquela altura, como Tapada do Fontinha. Só que os projetos demoraram mais tempo e só este ano, 2020, é que foi
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possível equacionar a mudança da Feira para Abrantes. O parque de estacionamento da Tapada do Fontinha abriu em junho do ano passado. Só que, nas reuniões preparatórias para a mudança, que esteve equacionada para este ano, os feirantes não gostaram do local. E como tal, a Câmara de Abrantes resolveu apontar o Aquapolis Sul como local definitivo para a Feira de S. Matias. “O Rossio ao Sul do Tejo será o local definitivo da Feira, se a comunidade quiser”, disse o presidente da Câmara de Abrantes no dia da inauguração da edição deste ano. Mas para que as coisas fiquem assentes em definitivo, a autarquia “prometeu melhorar as condições a dar aos feirantes” e a enquadrar o espaço. Quer isto dizer que há a promessa de 2021 poder haver mais espaço para alargar a feira a mais vendedores e haver melhores condições para os feirantes. É que a maior parte vem de fora e tem de viver durante praticamente um mês nas imediações dos espaços, para não dizer atrás das próprias barracas de venda ao público.
JORNAL DE ABRANTES / Março 2020
E um dos principais problemas é a alimentação de eletricidade. No Rossio não há essa capacidade instalada pelo que o fornecimento assenta em geradores contratados pelo Município e isso causa constrangimentos, porque só “há” eletricidade das 16 às 23 horas. Vários feirantes contactados pelo Jornal de Abrantes disseram que preferem pagar e ter as condições a não fazer pagamentos à Câmara e depois terem estes constrangimentos. Em quase todas as abordagens os feirantes dizem preferir Alferrarede ao Rossio, embora estejam expectantes por 2021, pelas “promessas feitas pelo presidente da Câmara”. E quando questionados sobre a relocalização na Tapada do Fontinha, local onde já se realiza o mercado semanal [retalhista e o grossista], revelam que “não tem condições estruturais para os fazer aguentar um mês a viver ali. É um local inclinado e com muito vento.” Óscar Moreira vende torrão de Alicante há muitos anos em Abrantes e recordou o melhor local da Feira de Abrantes: o Largo do Tribunal. E tam-
REPORTAGEM /
bém confirma: Alferrarede era melhor que o Rossio. O presidente da junta de S. Miguel e Rossio está, naturalmente, satisfeito com o evento na sua terra. Luís Alves aplaude a aposta da Câmara e espera que a comunidade adira a este evento que, este ano, terá mais alguma animação de fim de semana e ganhou iluminação decorativa nas entradas por forma a promovê-la na Estrada Nacional N.º 2. Este ano apostou-se em animação aos fins de semana e o presidente da Câmara diz, que a ficar no Rossio, pode haver muito mais atividades, até paralelas à própria Feira. “Temos o rio Tejo, o ringue, o relvado do Hipódromo (…)”, salienta o autarca passando a mensagem de que o evento pode ganhar mais atrações no futuro.
Aqui encontra-se quase de tudo
Há coisas que encontramos na Feira. E há coisas que quase só encontramos se formos à feira. Entre marroquinarias, alguns brinquedos, sapatos, móveis, tachos e panelas ou artigos de decoração. Temos os comes e bebes com pão com chouriço [sabe sempre bem com as noites mais frescas] ou o queijo da serra. E depois as delícias dos mais novos e dos mais gulosos: farturas, pipocas, algodão-doce ou torrão de Alicante. E a Feira tem ainda numa das pontas as maiores atrações: uma mão-cheia de carrosséis, os carrinhos de choque e a casa dos piratas, ou casa dos sustos. Entre barraquinhas de jogos para ganhar um peluche pode ainda encontrar uma que vende cd's e cassetes. A Feira acaba também por ser o ponto de encontro entre famílias, vizinhos ou amigos que já não se vêm há semanas ou meses. É a Feira de S. Matias, em Abrantes, é a primeira do ano em Portugal e está de portas abertas até dia 8 de março.
A Feira do antigamente “Abrantes, a fresca Abrantes no dizer de Camões. Abrantes que também da fonte fria do Tejo logra as águas abundantes, é a primeira terra portuguesa a levantar uma grande feira em cada ano: a Feira de S. Matias. Feira de gado e de toda a sorte de quinquilharias, de alfaias e de trastes que se prolonga durante duas semanas largas. Mas são os bois ribatejanos que oferecem as imagens mais fotogénicas. Não estão lá muito gordos estes bois. Nem outra coisa era de esperar em feira tão temporã ainda na orla do inverno. Mas em compensação são mais baratos. Os
chibos e os carneiros têm boa pinta. Os arreios são do melhor fabrico e as lanternas funcionam na perfeição. Também não falta um grande parque de atrações com nada menos do que três carroceis”. Era assim a locução de um filme de 1953 numa reportagem que pode ser vista na página de internet da Cinemateca Portuguesa. Esta Feira poderá ter tido o início no Século XIV ou XVII, ou até em 1510, de forma mais precisa. Foi esta a data assinalada na edição de 2010. Nada mais nada menos do que 500 anos.
Mas ao longo dos anos a feira foi mudando. Mudou de locais. Mudou de produtos. Mudou de pessoas. Mudou e continua a mudar. Antigamente, e não é preciso recuar a 1953, basta ir aos anos 70 e 80, era na feira que as famílias iam encontrar quase tudo o que precisavam. Desde as panelas, aos móveis, aos lençóis e colchas, passando pelas peças de barro ou de madeira, ou plantas e animais. Não faltavam os brinquedos nem as coisas doces, farturas e algodão-doce a que se juntava o torrão de Alicante e que faziam [e fazem] as delícias de miúdos e graúdos.
Texto e fotos: Jerónimo Belo Jorge
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ECONOMIA /
Ministro da Economia visitou Mitsubishi O Ministro de Estado, da Economia e da Transição Digital, Pedro Siza Vieira, e o secretário de Estado Adjunto e da Economia, João Neves, visitaram a Mitsubishi Fuso Truck Europe, em Tramagal. Esta visita aconteceu na manhã do dia 21 de fevereiro. A visita apontou às quatro unidades de produção automóvel em Portugal uma vez que os números das exportações de 2019 colocaram o nosso país no top 10 dos países exportadores de automóveis. Ao mesmo tempo, Portugal atingiu no último ano o valor máximo da última década no que à produção automóvel diz respeito, mais de 300 mil unidades. Deste modo os governantes começaram a visita no dia 20 na Volkswagen Autoeuropa, em Palmela, e no dia 21 as visitas completaram-se com a passagem pela Mitsubishi Fuso Truck Europe (Tramagal), PSA Peugeot Citroen (Mangualde) e Caetano Bus (Vila Nova de Gaia). Os governantes assim que chegaram a Tramagal tiveram de imediato uma reunião, à porta fechada, com o conselho de administração da empresa e na qual esteve também o presidente da Câmara de Abrantes, Manuel Jorge Valamatos. Depois da reunião, a adminis-
/ O ministro da Economia (à direita) levou os pedidos de novas acessibilidades à fábrica do Tramagal tração da Mitsubishi Fuso Truck Europe, liderada por Jorge Rosa, guiou os convidados pela fábrica, onde o ministro teve a oportunidade de observar todo o processo de fabrico das unidades Canter, ou
Orçamento participativo regressa este ano Na reunião do Executivo Municipal de Abrantes, realizada a 18 de fevereiro, foi aprovada por unanimidade a proposta de alteração ao regulamento do Orçamento Participativo (OP). Deste modo, o projeto do OP vai ser entrar em período de consulta pública, durante 30 dias, para recolha de sugestões, em cumprimento de dispositivos legais do Código do Procedimento Administrativo. O Orçamento Participativo teve três edições (2016, 2017 e 2018) e a Câmara Municipal entendeu que havia necessidade de fazer um interregno de um ano para conclusão dos projetos aprovados nas edições já realizadas. Da mesma forma, esta suspensão permitiu promover a reflexão sobre este instrumento de participação dos cidadãos e que pode também aumentar a cívica na vida da comunidade. Nas alterações ao OP a proposta é que o mesmo se realize de dois em dois anos, ou seja, com mais tempo para a resolução de questões técnicas associadas. Outra das alterações tem a ver
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com a dimensão dos projetos. Na proposta, o valor máximo para cada projeto a financiar será de 50 mil euros, sendo que a verba total será de 300 mil euros. Manuel Jorge Valamatos acrescentou que, após o processo de consulta pública às alterações propostas, avança o período de candidaturas. Explicou ainda que está a ser equacionada a realização de um programa municipal de incentivo ao movimento associativo para reabilitação de equipamentos que,
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seja, os camiões ligeiros (dos 3,5 às 9 toneladas). Após a visita, Pedro Siza Vieira foi questionado sobre as acessibilidades a esta fábrica, para a receção de componentes ou escoamento
a concretizar-se, ocorrerá no ano de intervalo do OP. Quer isto dizer que se num ano há orçamento participativo, no outro haverá um programa de apoio às associações, para recuperar património. Trata-se de usar a mesma verba (300 mil euros) numa outra forma de apoiar projetos da comunidade. Ainda segundo o presidente da Câmara neste momento ainda há projetos aprovados em 2017 e 2018 que estão pendurados pelos mais variados motivos. A realização do OP de dois em dois anos também vem ajudar estes processos que podem mais complicações. Ou seja, permite aos serviços do Município um melhor e mais efetivo acompanhamento das ideias aprovadas.
das viaturas. Há muitos anos que a ponte sobre o rio Tejo é uma das grandes “lutas” da administração da empresa e da autarquia, porquanto a empresa tem a necessidade de fazer chegar o produto aos
portos de Setúbal e Sines para os colocar no mercado. E a Mitsubishi Fuso Truck Europe tem uma produção anual de 11 mil viaturas, das quais cerca de 90% são destinadas à exportação para a Europa, Estados Unidos, Israel, Turquia e Marrocos. O ministro disse que “foram manifestados os constrangimentos ao melhor desempenho da fábrica e a possibilidade que podemos equacionar de avaliar que forma podemos contribuir para a melhoria disse e contribuir para a sustentabilidade da unidade”. Pedro Siza Vieira não adiantou de que forma pode haver uma ajuda, quando questionado sobre a possibilidade da utilização da ferrovia, já que a linha da Beira Baixa/Leste passa quase “dentro” da fábrica. “Vamos avaliar. São projetos antigos”, atirou o ministro, não querendo vincar uma eventual solução ao Ministério das Infraestruturas. “Isto depende de todos. Quando falamos de uma unidade com estas características (Mitsubishi Fuso Truck Europe) depende de todos. Aquilo que estamos a assegurar é emprego, são exportações, é desenvolvimento regional e as nossas unidades industriais precisam de um contexto de funcionamento favorável”. Jerónimo Belo Jorge
Vidas Cruzadas apresenta Centro de Recursos Pedagógicos No mês em que se assinala o 13º aniversário da Associação Vidas Cruzadas, esta Instituição decidiu promover um workshop para apresentar o seu Centro de Recursos Pedagógicos. Este novo projeto pretende rentabilizar o investimento que se faz em kits pedagógicos para trabalhar competências emocionais, sociais e pessoais com as crianças, e ainda para prevenir situações de perigo, nomeadamente o abuso sexual. Ao longo dos anos, a Associação tem adquirido alguns instrumentos e decidiu agora formalizar este Centro de Recursos, de modo a poder ter uma estrutura mais organizada de aplicação destes instrumentos no território abrantino. A ideia é que numa primeira fase possa ser a equipa do Centro de Apoio Familiar e Aconselhamento Parental (CAFAP) a aplicar estes jogos em contexto escolar, a pedido das escolas ou das Associações de Pais e, numa segunda fase, os profissionais das entidades da comunidade poderem requisitar estes instrumentos para utilização nas
suas instituições com as crianças. Ainda neste âmbito, a Associação convidou a psicóloga forense Rute Agulhas para apresentar um destes kits de sua autoria. “Direitos em Jogo”, é um kit pedagógico em que, de forma divertida e descontraída, crianças e adultos aprendem estratégias para promover os direitos das crianças. Os direitos das crianças nem sempre são assegurados, sendo que, muitas vezes, as próprias crianças, bem como os seus pais e cuidadores, os desconhecem. Frequentemente, identificam apenas os direitos relacionados com a satisfação das necessidades mais básicas das crianças.
SOCIEDADE /
Incêndios: Avaliação ao maior fogo de 2019 aponta falha na mobilização de meios aéreos O relatório de avaliação do incêndio que ocorreu em julho de 2019 em Vila de Rei e se alastrou a Mação e também à Sertã considera que, na fase mais crítica de combate, foi “francamente notada” a falta de meios aéreos. O documento do Observatório Técnico Independente conclui que “a mobilização de meios aéreos acabou por não corresponder à fase de maior necessidade”, estimando-se que “nas primeiras 16 horas do incêndio, a área afetada foi cerca de 65% do total da área ardida”. O combate ao incêndio envolveu 1.946 operacionais e 703 meios, mas “a alocação de meios aéreos poderá ter comprometido a obtenção de resultados mais favoráveis”. Diz mesmo que a estratégia aplicada “não teve o resultado pretendido”, havendo “largos períodos em que não houve meios aéreos disponíveis para empenhar no teatro de operações”. Por outro lado, o relatório refere que o uso de fogo tático e contra-fogo “foram muito reduzidos”, recomendando “uma melhor consideração da possibilidade de utilização destas técnicas”. “Não é aceitável que possam ocorrer falhas na transmissão da informação e da estratégia quando o incêndio percorre territórios diferentes por serem utilizados sistemas diferentes”, salienta-se ainda, sendo recomendado à Proteção Civil que “assegure que haja apenas um sistema único a operar a nível nacional que poderá, e deverá, incorporar todos os bons desenvolvimentos de sistemas produzidos a outros níveis, como o ‘MacFire’” (desenvolvido em Mação).
AUTARQUIAS REAGEM
/ Vila de Rei espera “uma reação por parte do Governo” O JA falou com o vice-presidente da autarquia vilarregense, Paulo César Luís, que afirma que “o relatório apresenta um conjunto de conclusões que já eram um pouco aquilo que eram as nossas conclusões à vista desarmada e de quem andou no terreno”. Nomeadamente, “a dificuldade acrescida pelo facto do ataque inicial através de meios aéreos não ter sido tão profícuo e tão incisivo como na nossa opinião deveria ter sido, derivado a um conjunto de fatores”, bem como “o problema que se constitui de cada vez que se muda uma equipa no comando e os diferentes meios tecnológicos, e um conjunto enorme de situações que ocorreram
que proferiu, de que “o Estado falhou”, o vice-presidente de Vila de Rei refere que “o senhor primeiro-ministro decidiu culpar os autarcas por tudo aquilo que estava a acontecer” e que o Município espera “uma reação por parte do Governo acerca daquilo que consta no relatório”. “Eu gostaria de ver como é que o Governo justifica aquilo que aconteceu” , conclui.
/ O incêndio de Vila de Rei e Mação teve uma área ardida estimada em 9.249 hectares
Houve “largos períodos em que não houve meios aéreos disponíveis”, conclui o relatório que não ser aceitável “as falhas na transmissão de informação”.
durante o incêndio e que nós fomos apontando e que estão explanados no relatório”. Paulo César Luís revela ainda apreensão devido ao facto de “ao fim de estes anos todos e após tantas tragédias que aconteceram no nosso país continuamos a cair nos mesmos erros do passado”. “O Município tomará uma iniciativa e vamos estudar a forma de melhor estarmos concertados, também com outros municípios afetados, de forma a vermos melhorias naquilo que é a forma como lidamos com estas situações”, diz. Já relativamente à polémica que se gerou associada às declarações
“Ao fim de estes anos todos e após tantas tragédias que aconteceram no nosso país continuamos a cair nos mesmos erros do passado” – Paulo César Luís
“Há uma mudança de discurso que terá de ser feita. Este discurso de que os meios são sempre suficientes é algo que depois não é comprovado no terreno pelas pessoas” - Vasco Estrela
/ Mação defende “reflexão profunda” sobre “chamada de atenção” que é o relatório Já o autarca de Mação pede uma “reflexão profunda” sobre os dados do relatório. Vasco Estrela admite não sentir surpresa acerca dos dados divulgados e assume que “o relatório retrata aquilo que foi a nossa perceção, retrata aquilo que eu fui dizendo e, desse ponto de vista, o relatório é cristalino”. “Uma vez mais se constata que há aqui uma mudança de discurso que terá de ser feita. Este discurso de que os meios são sempre suficientes e os necessários é algo que depois não é comprovado no terreno pelas pessoas, pelos responsáveis, pelos bombeiros, pelos políticos e que depois traduz-se em contradições entre aquilo que é o discurso e a prática, em querelas que são facilmente evitáveis se se falar de outro modo”, diz o autarca que salienta que este relatório é uma “chamada de atenção para aquilo que deve ser feito no futuro e, portanto, faço votos para que a Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil possa refletir cabalmente sobre aquilo que o relatório refere”. Vasco Estrela admite que “temos de ter consciência, como é evidente, de que nunca há meios suficientes para grandes tragédias” mas que “de acordo com aquilo que são cada um dos momentos, temos [de ter] a consciência de que estamos a tomar as melhores decisões, penso que é importante e não sei se isso acontece sempre”. “Agora estamos focados no futuro, em tentar resolver os enormes problemas que temos, a tentar revitalizar o território, mas não esquecemos nunca aquilo que nos aconteceu e aquilo que nos foi sendo feito”, conclui o autarca que diz que agora “não valerá muito a pena e não haverá muito que fazer e, portanto, neste momento não ponderamos nenhuma diligência”. Ana Rita Cristóvão e Patrícia Seixas
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REPORTAGEM /
A (in)tolerância da violência // Ana (nome fictício) foi vítima de violência doméstica. Manipulada por um companheiro que a fazia sentir-se presa e sofrer em silêncio, foi agredida física e psicologicamente durante três anos. Sentiu vergonha e medo, até ao dia em que ganhou a coragem de acreditar na justiça.
“O
último ato de violência foi em setembro de 2019. Não foi fácil esta última situação, fiquei com o nariz partido e fui trabalhar com a cara em mau estado... custou-me um bocado porque acabava por sentir vergonha”. A respiração de Ana enquanto recorda tais momentos é de um ofegar exausto que transparece a aflição que ainda hoje teima em não a libertar. Esteve numa relação abusiva durante cinco anos. Mas só há três anos deu conta disso. Envolvida no amor que tinha para dar e na segurança de ter alguém, ao início quase tudo parecia ser cor de rosa e dar-lhe a força de que precisava para sarar a ferida de uma anterior relação falhada. Mas na vida real existe sempre um “mas”. Neste caso, era o álcool, que começou a ganhar força. E se “até uma certa altura a pessoa conseguia ir-se controlando”, o fim da linha chegava com o extremo da agressividade. “Não só com as palavras, como depois passou à ação. Agarrou-me pelos cabelos, atirou-me ao chão, ...” e o resto do episódio foi igual a tantos outros. Tantos outros que fizeram perceber a Ana quem tinha ao seu lado e ficar atenta, mas... “não fiz queixa”. “Fiquei em alerta... mas foi o desculpar no sentido de a pessoa estar extremamente alcoolizada, vi como uma consequência”, explica com a certeza de quem, ao fim ao cabo, só tinha uma certeza: a de que iria acabar por ser sempre ela a pagar a conta. Os episódios foram tão vastos como as lágrimas que lhe caíam do rosto. “Vaca, cabra, p***” foram algumas das palavras que teve de ouvir vezes sem conta. Porque além da violência
- “Cheguei ao ponto de não me conhecer. Era o sentir que era manipulada”
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física, a violência verbal e psicológica também magoa. “Ele é uma pessoa muito manipuladora. Tanto que as situações que aconteceram em questão de violência física foram sempre com álcool envolvido mas em questão de violência verbal já não. O facto de a pessoa também ser confrontada com certas situações que foram acontecendo, tudo isso foi piorando”, explica-nos Ana, que recorda que tais atitudes só aconteciam “quando estávamos sozinhos ou por telefone. Em frente à família não”. O medo, a vergonha e a dor são razões para ter aguentado em silêncio. “A minha mãe sabia de algumas coisas mas nunca quis expor demasiado a situação, o falar abertamente sobre aquilo que eu sentia era muito difícil. A gente guarda muito”, conta, acabando por assumir que tinha vergonha. “É aquela coisa, não sei explicar. É vergonha pela situação em si e por não querer falar de algo que dói. Porque é quase como estar a expor a ferida em que tu estás a viver. É como se ficasses de repente despida e há ali constrangimento”. Feridas que se abriam um pouco mais de cada vez que as colegas de trabalho viam as marcas e lhe perguntavam o que se passara. “Caiu-me uma coisa em cima”, era o que dizia para “disfarçar a coisa”. Mas... “as pessoas não são parvas, apercebem-se”. Sobretudo na área onde trabalha, a da saúde, onde lida diariamente com profissionais que conseguem diferenciar uma queda de uma agressão. A situação ainda conseguiu agravar-se mais: Ana entrou em depressão. “Já não andava bem psicologicamente, a pessoa teve comportamentos inaceitáveis, o lado verbal estava a afetar-me muito. Cheguei ao ponto de não me conhecer. Era o sentir realmente que era manipulada emocionalmente e dar comigo a pensar ‘ eu não sou assim’ ”. Ana estava perdida de si mesma, ao ponto de “tolerar uma série de coisas
que eu nunca toleraria a ninguém. Era o querer sair da situação mas, ao mesmo tempo, sentir que estava presa”. Uma prisão da qual só tomou consciência quando lhe ‘caiu a ficha’ e percebeu que poderia passar a ser “apenas mais um número” na lista de mulheres mortas em contexto de violência doméstica. Foi num dia ao acaso, depois de mais um dia de trabalho, que chegou a casa e ligou a televisão. Estava a dar um programa de debate sobre o tema. “Isto está a acontecer comigo”, pensou. “Não se calem”, dizia a apresentadora. E, por alguma razão que nem a própria sabe explicar, aquelas três palavras começaram “a martelar na cabeça e deram-me força”. E Ana não se calou. “Fiz queixa [à polícia] e mantenho a minha queixa, está a caminho do tribunal. Ele já foi constituído arguido e agora é uma questão de esperar”, conta-nos, com a esperança na voz e a determinação no olhar, assumindo que quer levar a situação “até ao fim”. E o medo? “Tenho e não tenho. Tento não pensar nisso porque, por muito que ache que as pessoas são boas ou que não têm coragem de fazer o que quer que seja, hoje em dia vê-se tanta coisa que uma pessoa acaba sempre por, inconscientemente, pôr em dúvida”, desabafa Ana que admite ainda ter hesitado no momento de agir e diz compreender o facto de haver pessoas que desistem das
queixas: “O medo toma conta da pessoa. E quanto mais pensas mais desenvolves o medo e é uma bola de neve que vai crescendo ao ponto de te bloquear. A pessoa começa mesmo a sentir, é complicado”. Contudo, no seu caso, insistia em aparecer o pensamento de “eu não quero desistir, eu não posso deixar que o medo me impeça de andar para a frente”. E hoje mantém-se firme na decisão que tomou, contando com o apoio “de quem é devido e de pessoas amigas”, tendo ainda ponderado recorrer a instituições de apoio relacionadas com a violência doméstica. “Não” é a resposta que automaticamente lhe sai quando lhe perguntamos se já sentiu vontade de voltar para o homem que a agrediu. Homem esse que, apesar de ter sido bloqueado por Ana da sua vida das formas que conseguiu, ainda hoje arranja maneira de lhe enviar mensagens. “Desculpa”, diz uma das mensagens enviadas pelo indivíduo no dia a seguir a ter desfigurado o nariz de Ana. “Sai completamente da minha vida, não quero mais ver-te”, respondeu ela. Tempo depois, chegou uma nova mensagem, à qual a resposta de Ana foi ignorar. Com a esperança depositada na justiça portuguesa, numa luta diária contra a sombra do medo e numa tentativa de encontrar o caminho para a felicidade,
REPORTAGEM /
/ Esta foi uma das diversas agressões físicas de que Ana foi alvo por parte do ex-companheiro. Foi a brutalidade do ato que a levou a dizer “chega” e a denunciar o sofrimento pelo qual passava, fazendo queixa nas autoridades policiais Ana agarra-se ao amor maior que existe entre mãe e filho e passa a mensagem que também ela recebeu quando sofria em silêncio: “Que não se deixem dominar pelo medo. Que não deixem arrastar a situação, sobretudo se têm a consciência de que estão numa relação abusiva. O primeiro pensamento que tenham em sentido de fazer alguma coisa, que façam. Falem, divulguem, porque quanto mais a gente se cala mais perdemos o nosso tempo, perdemos vida, deixamos de ser nós e chegamos a uma altura em que deixamos de ter forças. Peçam ajuda, peçam a alguém de confiança que vá convosco fazer queixa. E se tiverem
filhos, principalmente. Os filhos sofrem com o sofrimento das mães e isso é uma marca que fica para a vida toda. Se têm amor aos filhos, pensem neles principalmente. Não se calem.”.
REIVA – Uma rede de ajuda
A Rede Especializada de Intervenção na Violência de Abrantes (REIVA) existe no concelho desde 2011. Coordenada pelo Município, partiu da necessidade de “dar resposta à problemática da violência doméstica, em particular à violência de género”, conforme explica a vereadora do Município responsável pela área da ação social, Celeste Simão.
Este “fórum de trabalho” inclui a Associação Vidas Cruzadas, as autoridades policiais, o Centro de Respostas Integradas do Médio Tejo, o Hospital de Abrantes (CHMT), a Comissão de Proteção de Crianças e Jovens, a Cruz Vermelha, a Direção Geral de Reinserção e Serviços Prisionais, a Escola Superior de Tecnologia de Abrantes, a Santa Casa da Misericórdia, a Segurança Social, o serviço de emprego de Abrantes e a Ordem dos Advogados. Com reuniões trimestrais, esta rede visa o “encaminhamento, prevenção e tratamento” dos casos de violência. Celeste Simão diz que em “em cada uma destas entidades existem pessoas que têm formação com quem depois todos nós articulamos”. A porta de entrada é maioritariamente a Câmara de Abrantes, que tem o serviço específico de atendimento à vítima, seguida depois pela PSP e GNR. “Em cada uma das outras entidades da REIVA, por exemplo, no hospital, no caso de uma vítima que é lá sinalizada, é depois encaminhada para o serviço da Câmara, ou para a PSP ou GNR. É assim que funciona”, explica-nos a responsável. Atualmente, “são mais as pessoas que nos procuram ”, revela Celeste Simão, dando conta de que há “situações que são detetadas no tribunal, e mais no hospital - pessoas que supostamente deram uma queda”. A responsável diz mesmo que “há muita gente já a procurar o serviço”, facto que justifica com a maior sensibilização existente. “O número de vítimas aumentou mas isto não quer dizer que haja mais vítimas agora do que nos anos anteriores. Aliás, aparecem-nos pessoas que são vítimas de violência já há alguns anos. São situações reiteradas que se prolongavam e agora é que sentiram coragem porque começaram a ouvir falar, porque sentiram que realmente estão a ser vitimizadas e isso não é normal”, conta-nos a vereadora. Atualmente, em Abrantes existem “novos processos em acompanhamento” pelo Município, sendo que em 2019 se abriram 14 – 13 mulheres e um homem. Sendo que “o tabu começa a ser desmistificado”, Celeste Simão explica que as vítimas “não são provenientes só da classe baixa. Isso não é verdade. Isto é um fenómeno que é transversal a todas as classes sociais, e isso tem vindo a acontecer”. Para estes casos de violência, a Câmara tem mecanismos que podem ser ativados. Apoios de emergência em situações como a “necessidade de retirar a pessoa do ambiente onde está, apoio na renda de casa, uma viagem para o local para onde vai”. Confessando que “o feedback depois de as pessoas serem acompanhadas é o de que resultou numa diferença nas suas vidas”, Celeste Simão faz um balanço positivo do trabalho da REIVA e reitera que o Município tem a porta aberta para ajudar as vítimas: “não tenham vergonha e que se dirijam ao serviço de atendimento à vítima”.
// VIOLÊNCIA DOMÉSTICA DÁ PRISÃO As detenções por violência doméstica aumentaram 17,5% em 2019 relativamente a 2018. O artigo 152.º do Código Penal Português explicita que “quem, de modo reiterado ou não, infligir maus tratos físicos ou psíquicos” a pessoa com quem mantenha ou tenha tido uma relação é “punido com pena de prisão de dois a oito anos”. No caso da morte da vítima, a prisão vai de três a dez anos. Atente que violência doméstica não é só física. Ameaças, injúrias, difamação, abusos sexuais ou atos como o controlo de conversas telefónicas e emails são também formas de violência.
// COMO FAZER QUEIXA Em Portugal, o crime de violência doméstica tem natureza pública – pode não ser a vítima a apresentar queixa. Além do mais, a denúncia é obrigatória para polícias e funcionários públicos que tomem conhecimento no exercício das suas funções. Os dados de 2019 avançados pelo Governo dão conta de que PSP e GNR registaram 29.400 denúncias por violência doméstica, um aumento face a 2018 e que foi mais significativo nas áreas rurais e nas ilhas. Postos da GNR, esquadras da PSP e da PJ e serviços do Ministério Público do tribunal da sua Comarca são os sítios indicados para apresentar queixa. Pode ainda fazê-lo através do Sistema de Queixa Eletrónica: queixaselectronicas.mai.gov.pt
// ONDE PEDIR AJUDA Se é vítima de violência doméstica, saiba que existem mecanismos na região aos quais pode recorrer para pedir ajuda. No âmbito da Comunidade Intermunicipal do Médio Tejo foi desenvolvido o “Projeto Maria”, que permitiu implementar estruturas de apoio e atendimento nos concelhos, capacitando técnicos para responder e atuar nestas situações.
// CONTACTOS ÚTEIS:
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ABRANTES Serviço de Atendimento à Vítima do Município 964 914 416 / 241 330 100; Associação Vidas Cruzadas 960 471 890 / 241 264 572 CONSTÂNCIA: Serviço de Ação Social (SAS) do Município 249 730 050 MAÇÃO: SAS - 241 571 541 SARDOAL: SAS - 926 513 181 / 241 850 000 VILA DE REI: SAS - 919 636 872 / 274 890 010 VILA NOVA DA BARQUINHA: SAS - 919 269 357/ 249 720 350 Linha Nacional APAV 116 006 (chamada gratuita)
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Ana Rita Cristóvão
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ATUALIDADE / Vila de Rei
Executivo aprova 1.ª Revisão Orçamental para reconstrução das praias fluviais // O Executivo da Câmara Municipal de Vila de Rei aprovou por maioria a 1.ª Revisão do Orçamento e Grandes Opções do Plano do ano de 2020. Os prejuízos da passagem da tempestade Elsa no mês de dezembro são a razão principal desta revisão orçamental porque o Município tem que fazer face às despesas que vai efetuar nas praias fluviais do Bostelim e do Penedo Furado, bem como parte dos passadiços, de forma a ter tudo a funcionar aquando da abertura da época balnear. Neste ponto da Revisão Orçamental, o vereador socialista, Luís Santos, optou pela abstenção. Questionado se o Município tem que alienar património, Ricardo Aires, presidente da Câmara Municipal, explicou que há vendas em curso que espera serem suficientes. “Com o furacão Elsa tivemos um prejuízo de, sensivelmente, cerca de 650 mil euros. E duas das infraestruturas que viemos a criar ao longo dos anos e que foram bastante afetadas, são parte da sustentação do nosso turismo. Falo do Penedo Furado e da Praia Fluvial do Bostelim”, disse o presidente. Ricardo Aires assumiu que a Autarquia “não pode assumir o risco de, em junho, aquelas duas praias fluviais e as suas envolventes, estarem como estão hoje. Não podemos correr esse risco porque o turismo de Vila de Rei e da região necessita daqueles dois espaços como deve ser e conforme estavam”, frisou. O autarca falou das “expetativas que tínhamos de ver se o Governo central nos ia ajudar porque foram muitos prejuízos em certos municípios mas, pelo que sabemos através da Associação de Municípios Por-
/ A Praia Fluvial do Bostelim é uma das praias do concelho que tem que ser reconstruida tugueses, o Orçamento de Estado não tem verba cabimentada para esta situação”. Como ainda se estão a proceder ao pagamento dos apoios aos prejuízos da passagem do furacão Leslie, há dois anos, Ricardo Aires receia que mesmo que os apoios do Estado cheguem , não venham a tempo. “O Governo de Portugal diz que vai ajudar mas não sabemos é quando”. A preocupação principal são estas duas infraestruturas “prioritá-
rias mas há mais coisas para fazer”. Relativamente às duas praias fluviais, o investimento andará na ordem dos 400 mil euros, “fora equipamentos e o resto que tem que se comprar à parte. Só estamos a falar de obra”. “Esta Revisão tem a ver com estas obras, que não estavam orçamentadas em dezembro e temos que ter dinheiro para elas. Não havendo a ajuda do Estado Português, temos que ir buscar dinheiro algures”, afirmou o
O investimento andará na ordem dos 400 mil euros, “fora equipamentos e o resto”
Patrícia Seixas
Hotel Vila de Rei vai novamente a hasta pública O concurso para venda em hasta pública do Hotel Vila de Rei ficou deserto. Ou seja, a única proposta que deu entrada foi num valor inferior ao da avaliação. A avaliação do imóvel por parte de técnicos tinha o valor base de 493 mil euros. Agora, segue-se nova hasta pública mas o Executivo votou por unanimidade uma redução de 9% do valor base, o que significa que o valor está agora em 449 mil euros. A situação foi explicada pelo presidente da Câmara Municipal de Vila de Rei, Ricardo Aires, que
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disse que houve “só uma proposta mas foi abaixo do valor da licitação e por isso ficou deserto”. “Neste momento, decidimos baixar o valor em 9%, vai haver outra hasta pública e vamos ver se os concorrentes que foram ver o hotel, que foram vários, se agora vão decidir ou não pela compra do hotel e para que a entidade privada faça o seu trabalho, porque eu tenho a certeza absoluta que vai fazer um melhor trabalho do que nós caso ficássemos com o Hotel”, adiantou o autarca.
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/ Executivo aprova redução de 9% no valor base de licitação Se o próximo concurso voltar a não ter propostas, agora no valor de 449 mil euros, “temos um parecer do nosso advogado que, caso
presidente que explicou depois que “o algures” poderá ser “diminuição de despesa ou algumas obras que estavam previstas que poderão agora ficar para trás ou serem feitas em duas fases”. No entanto, acrescentou Ricardo Aires, “também andamos a ver se conseguimos novas receitas como é o caso da venda de património do Hotel e da casa em S. João do Peso pela qual tivemos uma proposta para vender”. Se o valor destas vendas será suficiente para cobrir o montante que o Município irá gastar, Ricardo Aires assume não saber mas espera que “pelo menos, seja o suficiente”. Segundo informação do Município, “devido à utilização do saldo da Gerência da Prestação de Contas de 2019, à reposição da receita da venda de património da 1ª Alteração no valor de 65.631,00 euros e ao requerimento para a venda de um apartamento dos 36 fogos, entre outras, que permitiram um aumento líquido da receita de 191.800,00 euros, é possível proceder ao reforço das seguintes rubricas principais da despesa: Aquisição de terrenos; Reparação das praias fluviais existentes; Construção do Centro de Instalação de Empresas de Serviços na Zona Industrial do Souto, incluindo projeto; Amortização parcial do empréstimo dos 36 fogos do IHRU”. A 1.ª Revisão ao Orçamento e Grandes Opções do Plano de 2020 seguiu para deliberação em Assembleia Municipal que a aprovou a 27 de fevereiro.
fique deserto, podemos depois falar diretamente com as pessoas que nós sabemos que estão interessadas”, explicou.
No entanto, avançou Ricardo Aires, “mesmo assim, após essas negociações, iremos expor o caso publicamente para toda a gente saber que têm até determinada data para dizerem de sua justiça”. Questionado se o Hotel será então vendido à melhor proposta, o presidente assumiu que “vencerá a melhor proposta em termos financeiros mas... também o melhor modelo de negócio”. Propriedade da Autarquia vilarregense, a antiga Albergaria D. Dinis Hotel***, agora “Hotel Vila de Rei *** ”, encontra-se em funcionamento desde 2001, sendo o maior espaço hoteleiro do concelho, com 33 camas, divididas por 16 quartos duplos e um quarto individual. Patrícia Seixas
POLÍTICA /
Paulo de Morais “apadrinhou” primeiros 100 dias de ALTERNATIVAcom O movimento ALTERNATIVAcom celebrou no dia 21 de fevereiro os seus primeiros 100 dias de existência. “102, para ser mais rigoroso”, afirmou Vasco Damas, candidato do Movimento Independente à Câmara Municipal de Abrantes. Numa sala que acolheu cerca de 90 pessoas que quiseram juntar-se ao Movimento e ouvir o que tinham a dizer, Vasco Damas começou por dizer que “em 100 dias, fizemos tão pouco... mas já obrigámos a que tanto fosse feito”. E enumerou algumas das decisões a que o Executivo Municipal deu andamento: “de lá para cá, já se avançou para a compra do Cineteatro S. Pedro (…), já se anunciou que o mercado diário de frescos, que ia ser demolido, já não o será e que afinal há-de entretanto renascer como multiusos (…), foi contratada uma empresa para gerir a comunicação do Município que nos custará 60 mil euros por ano com os resultados que começámos a acompanhar no decorrer desta semana e que deixa uma linha muito ténue a separar aquilo que é divulgação daquilo que é propaganda (…), o Tejo e a ESTA (…) e até se acrescentaram 3 dias de férias aos trabalhadores da CMA”. “Podem afirmar que terá sido coincidência, mas confesso-vos que há muitos anos deixei de acreditar em coincidências”, referiu Vasco Damas.
/ Paulo de Morais foi o convidado do jantar-debate que assinalou os 100 dias do Movimento ALTERNATIVAcom O candidato disse também que, “nos primeiros 100 dias do movimento ALTERNATIVAcom fizemos muito pouco, mas talvez tivéssemos feito mais do que seria suposto e até mais do que alguns que talvez tenham mais responsabilidades que nós”. Vasco Damas contou depois o percurso efetuado. O Movimento pediu a colaboração dos presentes para deixarem numa folha de papel “duas ou três
medidas que implementariam se cada um de vós tivesse a oportunidade de ser presidente da Câmara de Abrantes”. Vasco Damas pediu aos presentes para ajudarem a construir o programa do ALTERNATIVAcom “com as soluções que efetivamente fazem falta ao território e às pessoas”. O jantar-debate contou com um convidado especial. Paulo de Morais, ex-candidato à Presidência da Re-
Rui Santos e Moreno Vaz na luta pela concelhia do PSD de Abrantes Rui Santos, atual vereador eleito pelo PSD para a Câmara de Abrantes, é candidato às eleições da Comissão Política de Secção do partido em Abrantes. As eleições estão agendadas para o dia 7 de março e a lista liderada por Rui Santos conta como vice-presidentes João Fernandes e Paula Ramos. Tânia Branco e João Cravo são igualmente candidatos a tesoureira e secretário-geral desta lista que junta outros nomes como João Paulo Bioucas, Fernanda Aparício, Paulo Duarte, Liliana Matos, Filomena Vieira, Cristina Coxinho, Liliana Rufo, Bernardo Fernandes, Fernando Teimão, Paulo Corga e Marina Alagoa. Já para a mesa do plenário o candidato a presidente é José Eduardo Marçal e tem a seu lado Carlos Ferreira, Paula Reis e André Antunes. Rui Santos explica que este é um
pública, co-fundador do movimento Transparência e Integridade - TI-PT Associação Cívica (TIAC) e presidente da Frente Cívica, que fundou em 2016, partilhou um pouco da sua experiência e deixou alguns conselhos. Começou por afirmar que a missão do ALTERNATIVAcom “é possível tanto quanto é necessária” e deu os parabéns “pela coragem” dos candidatos. A reflexão de Paulo de Morais vela que “obviamente que eu e a equipa já discutimos o tema autárquicas. Mas ainda é prematuro anunciar candidatos ou objetivos. No entanto, há uma coisa que garanto, se for presidente da concelhia, é querer concorrer em todas as freguesias”. Rui Santos deixou ainda a “porta aberta” a eventuais entendimentos com outros partidos ou movimentos de cidadãos: “estaremos abertos a discutir com grupos de independentes ou com outras forças à nossa direita possíveis entendimentos”. Rui Santos diz que ao fim destes anos o concelho de Abrantes precisa de um abanão e retirar o poder aos socialistas.
José Moreno Vaz também vai a votos
/ José Moreno Vaz trabalho que ficou interrompido há dois anos e que foi interrompido após as eleições autárquicas. Na altura, Rui Santos não apresentou uma recandidatura à liderança lo-
/ Rui Santos cal do PSD e entrou outra comissão política, liderada por Diogo Valentim, ex-presidente da extinta Junta de Freguesia do Souto. O candidato a líder do PSD re-
José Moreno Vaz também é candidato à liderança da concelhia. Tem 62 anos, residente na freguesia de Aldeia do Mato, já tem experiência política anterior visto já ter sido vereador e também membro da Assembleia Municipal de Abrantes, entre outros cargos em Juntas de Freguesia.
incidiu sobre a importância do Poder Local e “pensarmos para que serve”. O ex-candidato à Presidência da República afirmou que, “em Portugal, os autarcas que deviam tratar em primeira instância do espaço coletivo e dos serviços aos cidadãos, preocupam-se com dois tipos de atividades completamente diferentes, que é dar empregos aos amigos e negócios a outros amigos. Estas têm sido as principais atividades do Poder Local em Portugal. E são estas atividades (…) que têm destruído não só o Poder Local, como a própria democracia”. As críticas ao Poder Local foram-se sucedendo e Paulo Morais disse mesmo que o maior defeito das Autarquias em termos sociais é aquele fenómeno que é designado habitualmente de “jobs for the boys”, que é a capacidade que os autarcas têm de dar empregos a filhos, afilhados, sobrinhos, compadres mas, o que é muito mais grave, aos apaniguados do partido que normalmente garantem a eternização deste tipo de situação através da lógica partidária”. No final, Paulo de Morais desejou o aparecimento de mais movimentos independentes no país para que, “em 2021, hajam muitos concelhos em Portugal que se libertem dos partidos”. Os presentes foram depois convidados a deixar a sua opinião ou a colocar questões a que, tanto Paulo de Morais como Vasco Damas foram respondendo. Estão assim cumpridos os primeiros 102 dias de ALTERNATIVAcom, com promessas de muito trabalho em prol das pessoas do concelho de Abrantes. Patrícia Seixas
Moreno Vaz diz que a candidatura tem como fundamento “proporcionar aos militantes a existência de opção de escolha entre projetos alternativos”. Fala da importância desta eleição para a Comissão Política de Secção por ser um “período que abrangerá a preparação das próximas eleições autárquicas (…) as quais terão de ser preparadas com tempo, ponderação e planeamento” para que possam atingir os “objetivos pretendidos”. No entanto, o candidato afirma que o PSD de Abrantes “carece urgentemente de uma atuação no domínio da organização, credibilização, mobilização e principalmente de revitalização”, lembrando para a “necessidade urgente de ultrapassar as denominadas divisões internas”. Sem avançar com outros nomes, José Moreno Vaz diz que a sua lista é composta por “um misto de maturidade, experiência (…) e de juventude”. José Moreno Vaz terá como vice-presidentes João Mendes e Sónia Frade, como secretário João Morgado e como tesoureiro José Rocha.
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SOCIEDADE /
Central do Pego avança para carvão vegetal Está definida a matéria-prima parta a Central do Pego laborar a partir de 2021: carvão vegetal. Não é a biomassa pura, mas sim a biomassa depois de ter passado por um processo de torrefação, o que vai fazer com que se aproxime mais a uma espécie de carvão vegetal. Os processos de licenciamento já estão em curso junto das diversas entidades, incluindo a Agência Portuguesa do Ambiente (APA). Com esta locução de curto prazo não haverá grandes alterações estruturais ou físicas, uma vez que, como a matéria-prima é semelhante, haverá lugar a ajustes de equipamento. Ao mesmo tempo, se esta solução for aprovada não haverá necessidade de despedimentos ou despedimentos em massa porque a laboração vai continuar, praticamente do mesmo modo, avançada que está a possibilidade de trabalho dos dois grupos a esta biomassa transformada. A informação foi avançada na reunião do executivo municipal de Abrantes, a 18 de fevereiro, pelo presidente Manuel Jorge Valamatos, que apresentou ainda a proposta para emissão de parecer de localização favorável para o projeto de conversão da Central do Pego. Manuel Jorge Valamatos infor-
mou a Câmara que esteve no dia anterior, dia 17 de fevereiro, numa reunião na Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional de Lisboa e Vale do Tejo (CCDRLVT) onde explicaram os pormenores desta alteração. “Olhamos com muito interesse o não desmantelamento desta Central no concelho, na região e no país”, disse o autarca e salienta que não tem nada contra a descarbonização da economia e do país. O presidente da Câmara de Abrantes vincou a ideia de uma importância que a Central do Pego tem atualmente no sistema elétrico nacional e que tem a ver com a despachabilidade, que é, numa explicação simples, a possibilidade de, num curto espaço de tempo, entrar em funcionamento e fornecer a energia à rede quando as outras fontes não funcionarem, como sejam a hídrica, solar ou eólica. Manuel Jorge Valamatos explicou, mais do que uma vez, que a Central não quer madeira, pinheiros ou eucaliptos. Querem aquilo que são os resíduos retirados da floresta, depois das limpezas. Armindo Silveira, vereador do Bloco de Esquerda, votou favoravelmente o parecer, embora ressalve que o documento que acompanha o projeto da Central não
/ A solução para a Central do Pego passa pelo carvão vegetal e no futuro pelo hidrogéneo explica as dúvidas que o partido tem sobre este processo. Armindo Silveira diz que quer ter um papel construtivo no processo, mas diz que não existe nenhum documento oficial que declare que seja essencial para a estabilidade da rede elétrica nacional. Avança ainda que não há indicação do número de funcionários que vão continuar a trabalhar e não há indicação dos locais onde vai ser recolhida a biomassa, assim como se não haverá importação ou se poderá vir a recorrer a plantações próprias. Por outro lado, revela que os documentos não revelam as quantidades de biomassa necessários para
o funcionamento ou não esteja definido, embora subjacente, o conceito de despachabilidade ou a taxa de disponibilidade. E depois avançou com as ideias do BE do combate às alterações climáticas e na defesa das energias renováveis. Rui Santos, vereador eleito pelo PSD, registou o agrado de ver a proposta na reunião de Câmara e que fica satisfeito por perceber que não haverá despedimentos neste processo da Central do Pego. Recorde-se que a 6 de janeiro deste ano o jornal diário Público apontava uma eventual solução para o final da produção a carvão em Portugal e no Pego, mais concretamente.
Europa dá 80 milhões para fecho do Pego e Sines A Comissão Europeia propôs a 26 de fevereiro que Portugal feche as centrais termoelétricas de Sines e Pego e os pólos petroquímicos de Matosinhos e Sines, por serem poluentes, dando quase 80 milhões de euros ao país para fazer esta transição. Em causa está a proposta relativa ao Fundo de Transição Justa, criado pela Comissão Europeia para apoiar o desmantelamento de indústrias poluentes e a descarbonização de regiões dependentes de combustíveis fósseis, no âmbito do qual deverão ser alocados 79,2 milhões de euros a Portugal. Na proposta divulgada, no âmbito do pacote de inverno do semestre europeu, Bruxelas assinala que, “em Portugal, ainda existem duas centrais termoelétricas a
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carvão: nas regiões do Alentejo Litoral (município de Sines) e do Médio Tejo (no Pego, município de Abrantes)”. De acordo com o executivo comunitário, estas centrais termoelétricas “são as maiores emissoras de gases com efeito de estufa em Portugal”, juntando-se a estas “as indústrias altamente poluentes da produção de derivados de petróleo e plásticos, também localizadas em Sines e Matosinhos”. O Governo português já tinha anunciado, em outubro passado, estar preparado para encerrar a central termoelétrica do Pego no final de 2021 e fazer cessar a produção da central de Sines em setembro de 2023. Estimando que o fecho destas centrais termoelétricas e petroquímicas possa implicar a perda
Em relação à Central do Pego, o Público revelava que os acionistas da Endesa, Trustenergy e EDP, avaliavam a minimização de impactos negativos na região ao mesmo tempo que estavam a tentar abordar os aproveitamentos das estruturas que existem. O presidente da Endesa revelou, na altura, que a haver produção de hidrogénio no Pego teria de ser para consumo interno, uma vez que não existe aqui [no interior do país] um porto de águas profundas, como em Sines, que permita a exportação deste produto. Jerónimo Belo Jorge
de 650 empregos (350 em Sines, 200 em Pego e 100 no porto de Sines), a Comissão propõe ao país que “concentre a sua intervenção nestas regiões, no âmbito do Fundo de Transição Justa”. Falando num encontro com jornalistas, em Bruxelas, a comissária europeia da Coesão e Reformas, a portuguesa Elisa Ferreira, observou que “Portugal não tem grandes problemas em termos de utilização de minas de carvão, como muitos dos países [da UE] têm, mas tem outros problemas cuja solução pode ser facilitada através deste mecanismo”. A responsável precisou que o fundo visa, assim, apoio técnico e financeiro para criação e investimento em pequenas e médias empresas, formação de recursos humanos, transferência de trabalhadores e introdução de tecnologia para fontes de energias mais ‘limpas’. Prevê-se que a Portugal seja alocado 1,1% do montante total do Fundo de Transição Justa, que é de 7,5 mil milhões de euros.
EDUCAÇÃO /
Abrantes: EPDRA comemora 30 anos em Mouriscas e prepara outros tantos // A EPDRA – Escola Profissional de Desenvolvimento Rural de Abrantes está a comemorar 30 anos de existência.
“Estamos atentos” - Manuel Jorge Valamatos
“O Internato já melhorou a cobertura, os balneários estão arranjados, houve aqui compromissos e isso foi feito”, adiantou o autarca, lembrando que o edifício é pertença do Ministério da Educação, “domínio que muitas vezes se sobrepõe ao domínio da gestão autárquica”. Mas recentemente a Autarquia concretizou a compra de um conjunto de terrenos “que ligam toda a propriedade e a deixa mais ordenada e organizada”, sendo que a Herdade da Murteira é pertença municipal. “Estamos atentos. Traremos todos aqueles que têm responsabilidades na área da educação para fazermos uma escola mais forte, não apenas para 30 anos mas para muito mais”, garantiu Manuel Jorge Valamatos.
“Os jovens não se sentem muito
Passados 30 anos, é hora de olhar para o atraídos pelo mundo rural” - João futuro, nas palavras do presidente da Câmara Quinas Perceber o percurso destes 30 anos, de Abrantes, Manuel Jorge Valamatos. “O que é verdade é que as coisas foram “como se construiu” para poder projetar os andando ao longo destes 30 anos, com mo- próximos 30 é “o momento de olharmos um mentos melhores e outros mais difíceis, conjunto de contextos e realidades”, disse mas quem está por dentro percebe o tra- João Quinas, o diretor da EPDRA. “A nossa escola, a nível estratégico, está balho que aqui foi feito. Aliás, todo este património, toda esta gestão e organização bem localizada. Estamos numa região de do próprio espaço, não era possível sem charneira que consegue reunir influências muita dedicação e sem muito trabalho”, do Ribatejo, Alentejo e Beira Baixa e isso dá-nos possibilidade de fazer algo de forma disse o autarca. No entanto, o presidente afirmou que “há larga e abrangente. Ou seja, continuarmos esta história toda mas há um futuro à nossa a dar formação de banda larga, capaz de frente e hoje, mais do que nunca, é nisso ir ao encontro das necessidades do munque temos que estar focados. Com respeito do rural porque o mundo rural não é só pelo passado e valorizando o que foi feito”. E agricultura nem animais nem só cavalos. quanto ao futuro, Manuel Jorge Valamatos adiantou ser “evidente que esta escola tem que sofrer algumas novas dinâmicas estruturais, fundamentalmente, para que consigamos ser mais competitivos num conceito regional e até / Vinho tinto EPDRA mesmo no âmbito nacional”. 2017 distinguido Disse ainda que a captação na revista Grandes de alunos é muito importanEscolhas no ano em te pois é com “a presença de que a escola prepara alunos que fortalecemos” a as comemorações escola. dos 30 anos de Quanto ao que há a faexistência com um zer, o presidente da Câmara mega piquenique na afirmou que “este tipo de orHerdade da Murteira ganização merece um olhar no dia 21 de março. mais cirúrgico. É ir fazendo as coisas porque a dimensão de um espaço destes enquanto escola, tem que ser pensado de forma mais paulatina”, referindo-se essencialmente ao antigo Colégio de Mouriscas onde funcionam atualmente os dormitórios masculinos dos alunos.
Há muita coisa que o mundo rural tem e onde devemos fazer algum investimento, nomeadamente em áreas como a floresta e os recursos associados a ela”, explicou o diretor que destacou ainda a importância da água neste setor e adiantou que o mundo está a mudar e a agricultura está a mudar com ele. Mas a EPDRA é uma escola e, como qualquer estabelecimento de ensino em Portugal, enfrenta dificuldades. E o número cada vez menor de alunos é o principal, como disse João Quinas. “A escola não se faz se não tiver alunos. Neste momento temos 187 alunos e uma
escola profissional não é para ter muitos alunos. É uma escola com características muito específicas pois fazer formação numa escola profissional é em autenticidade. Aprender as coisas de uma forma continuada e para aprender fazendo, só com um número reduzido de alunos”, explicou João Quinas. No entanto, “o problema maior da escola é a falta de atratividade para os jovens. Os jovens não se sentem muito atraídos pelo mundo rural e há que criar fatores de atratividade nestes espaços rurais para que eles procurem estas escolas e gostem de as frequentar”. Patrícia Seixas PUBLICIDADE
Em 1989 foi criada a Escola Profissional de Agricultura de Abrantes e foi a primeira escola profissional agrícola de natureza pública a ser criada em Portugal. A Escola iniciou a sua atividade no ano letivo 1989/1990 com uma turma de 20 alunos do ensino profissional do curso Técnico de Gestão Agrícola que “chegaram à Herdade num autocarro da Câmara e perguntaram onde era a escola. A escola é aqui!”, recordou João Quinas, o diretor da EPDRA. Mas foi a 21 de março de 1990 que dois ministros fizeram a inauguração oficial da escola. Na altura, Roberto Carneiro, ministro da Educação, e Arlindo Cunha, ministro da Agricultura.
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CULTURA / António Damas Mora - um médico português entre os trópicos António Damas Mora (1879-1949) nasceu em Rio de Moinhos, concelho de Abrantes em 2 de Maio de 1879. Filho de Augusto Mora, lavrador, e Gertrudes Damas, e toda a sua vida foi dedicada ao combate das doenças tropicais, tendo desempenhado os mais importantes lugares de chefia dos serviços de saúde de S. Tomé e Príncipe, Timor, Angola e Macau , terminando a sua longa carreira como director do Instituto de Medicina Tropical de Lisboa. Num livro assinado por Luís Damas Mora, ex-chefe do Serviço de Cirurgia dos Hospitais Civis de Lisboa e sobrinho-neto de António Damas Mora, é retratada a vida deste Abrantino que desempenhou diversos cargos importantes no século passado. António Damas Mora é descendente de uma família onde eram conhecidos médicos desse 1690. Licenciou-se, de forma natural, em medicina na velha Escola Médico-Cirúrgica de Lisboa, em 1901. Oferecendo-se, voluntariamente, para o Exército, em 1902 foi, com o posto de Alferes-Médico, colocado como delegado de saúde, na Ilha do Príncipe, onde, ao longo de oito anos, participou ativamente no combate à doença do sono, causa da morte de milhares de pessoas, e que foi, definitivamente, erradicada em 1914, já sob a orientação de Bernardo Bruto da Costa. Nunca a doença do sono tinha sido eliminada num território e este feito teve repercussão internacional. O trabalho foi ciclópico e feito no sentido de extinguir a mosca tsé-tsé, vector do parasita causador da doença. Para isso procedeu-se a extensas desmatizações, desarborizações e secagem de pântanos e a abate de animais selvagens portadores da doença, especialmente o porco. (…) Regressou, em 1910, a Lisboa e quatro anos depois ofereceu-se como voluntário pata Timor onde chegou em Fevereiro de 1914. Em Timor organizou, imediatamen-
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te, um programa de visitas médicas ao interior da ilha, até então abandonado, criou uma Escola de Enfermagem no Hospital de Díli de que era director, lançou a publicação do Boletim Sanitário de Timor, combateu as endemias (paludismo, béri-béri, tuberculose) e fundou as Termas do Marôbo, a 100 quilómetros de Díli, ainda hoje existentes. (…) Regressado em 1919 a Lisboa, numa viagem que demorou 110, dias foi ocupar o lugar de director da Direcção da Saúde do Ministério das Colónias onde fez publicar importante legislação, cujas normas viria a aplicar, em Angola, ao longo dos treze anos em que permaneceu nesta antiga colónia. Em 1921, o general Norton de Matos, então Alto-Comissário da República em Angola, chama-o para chefiar os Serviços de Saúde. Criou, logo em 1921, a Revista Médica de Angola que levava a cultura médica aos “médicos do mato”, até então isolados, revista que constitui hoje um importante repositório das medidas de Higiene Pública aplicadas no território. Pela primeira vez estas medidas abrangiam toda a população sem distinção étnica ou social.
JORNAL DE ABRANTES / Março 2020
Em 1923 organizou, em Luanda, o 1º Congresso de Medicina Tropical da África Ocidental partindo do princípio de que todos os países que tinham colónias se debatiam com os mesmos problemas de Higiene Pública, que era necessário combater discutindo-os entre si, o que ele chamava “a osmose científica”. O congresso em que compareceram médicos de França, Bélgica, Inglaterra, África Equatorial Francesa, Nigéria, Camarões e África d o S ul , a l é m d o s portugueses como Ayres Kopke e Carlos França, num total de 76 congressistas, foi um êxito, não só científico, mas também social, e decorreu entre os dias 16 e 23 de Julho de 1923. Em 1934, o governo nomeia-o Director dos Serviços de Saúde de Macau, onde a sua acção de higienista se voltou a manifestar lutando com o mesmo entusiasmo contra o paludismo, o béri-béri das prisões, a lepra e outras endemias. Em 1936 regressa definitivamente à Metrópole e vai ocupar o lugar de Director do Instituto de Medicina Tropical, onde conseguiu criar a cadeira de Assistência Médica aos Indígenas e instituir uma carreira baseada em exigentes concursos. Em 1939 reformou-se e viveu dez anos de uma vida em que, sem ser modesta, não havia lugar para luxos. Ao longo da sua carreira foram-lhe atribuídos numerosos louvores e condecorações distinguindo-se entre estas as de Cavaleiro da Ordem de Leopoldo (1925) (atribuída pelo Rei Alberto da Bélgica, que muito o estimava), Grande Oficial da Ordem do Congo Belga (1932), Militar de Ouro de Comportamento Exemplar (1932) e a do Nechan-El-Anouar (1934) (governo francês). António Damas Mora – Um médico entre os trópicos é um livro que dá a conhecer ao pormenor a vida deste médico, nascido em Rio de Moinhos em 1879, e tem a chancela da editora “By The Book”.
OPINIÃO /
Construir 3 José Alves Jana FILÓSOFO
D
epois de 45 anos de trabalho voluntário na vida da nossa comunidade, tenho direito a perguntar o que ganhei eu com isso. - Mas fizeste o que fizeste para ganhar o quê? Prometeram-te alguma coisa? Fizeste algum contrato que não te foi pago? Não. Ninguém me ficou a dever nada, nada me foi prometido ou contratualizado. Mas não é essa a questão. Quando eu fazia formação de dirigentes associativos, havia um momento em que lhes perguntava: “E como é que pagam às pessoas que trabalham (como voluntários) na associação?” A resposta era sempre: “Mas se eles são voluntários, como é que lhes posso pagar?” Mas “pagar” não é só em dinheiro. Há mil formas de pagar. E um dos exercícios era perceber como é que se paga aos elementos de um grupo folclórico. “Julgam que eles andam lá, semana após semana, se não ganharem nada com isso?” E o mesmo para cada uma das pessoas que dá de si na associação. E passávamos a refletir sobre o tema. Aqui, o problema é o mesmo, mas ao nível da cidade (ou polis) que formamos. É bom que as pessoas invistam na vida coletiva, que contribuam com o melhor de si para o bem de todos. Sim, e como é que a cidade lhes retribui? Pela minha parte, nunca reivindiquei nada, nem sequer o que, por vezes, me era devido mas negado. Não é agora que vou (ou estou a) pedir. Mas sei que muito do que pude dar a Abrantes foi resultado de um investimento que fez em Mim a então Secretaria de Estado da Cultura, não pelos meus olhos azuis, mas para o que nós fazíamos no Pego pudesse ir mais longe. E, mais tarde, o FAOJ investiu em mim para que eu fosse melhor formador dos dirigentes associativos. Posso, por isso, perguntar: o que é que Abrantes investiu em mim nestes 45 anos de trabalho para que o meu trabalho fosse melhor? Nada, atrevo-me a dizer. Fui eu que tive de investir, e muito, para poder fazer o que eu e outros viemos fazendo. Não peço nada para mim. Estou
velho (felizmente) e a reformar-me da reforma, seria má política a cidade investir agora em mim. Mas reivindico para os que aí vão estar, a dar de si o muito que a cidade precisa. Se a cidade quer ir em frente, tem de investir naqueles que estão a trabalhar nisso. E isso compete às organizações. É curioso que tenho recebido múltiplas formas de apoio de pessoas singulares, mas não das nossas organizações. É, portanto, uma questão de cultura organizacional, pois que a título pessoal recebido sinais positivos de muitos dos seus dirigentes. Não é, mais uma vez, esse o problema. É uma questão, repita-se, de cultura organizacional. Com este cimento não se faz uma construção sólida. Porque o número de parvos dispostos a trabalhar de graça não é ilimitado. Repito, o que está em causa não sou eu e o meu caso, mas a estrutura de relação que a cidade tem com aqueles que trabalham na sua construção. Talvez valha a pena considerar que “todo o trabalhador é digno do seu salário” e há múltiplas formas de pagar. Nem só o dinheiro é valor. P.S. – Após esta série de três crónicas esboçadas a grosso, é imperioso dizer que esta casa da AL e do JA foge ao esboço: nunca me dispensaram e, embora não pague aos voluntários, mostra-se de diversos modos reconhecida.
Com este cimento não se faz uma construção sólida. Porque o número de parvos dispostos a trabalhar de graça não é ilimitado.
CULTURA / Casa cheia na apresentação do primeiro romance de José Martinho Gaspar
OPINIÃO /
Efeito ricochete Nuno Alves MESTRE EM RELAÇÕES INTERNACIONAIS nmalves@sapo.pt
/ Apresentação do livro na biblioteca da Escola Dr. Manuel Fernandes José Martinho Gaspar lançou em Abrantes o livro “Vidas por Fios” com o qual concorreu e venceu em 2019 o Prémio Nacional de Literatura Lions de Portugal. O lançamento do romance teve lugar no dia 13 de fevereiro, na Biblioteca da Escola Secundária Dr. Manuel Fernandes, em Abrantes, que se tornou pequena para acolher todos os que quiseram juntar-se ao autor. A noite começou com uma atuação do quarteto de cordas “Pontos nos i’s”, com alunas do Curso Básico de Música do 8º ano, coordenadas pelo professor Gonçalo Sousa. A apresentação da obra foi feita por Carla Dias, atriz e mediadora cultural, docente na Escola Secundária Dr. Manuel Fernandes, no Curso Profissional de Artes do Espetáculo. Carla Dias contou a história de um menino que nasceu numa aldeia mas que cresceu e se fez homem na cidade. Depois foi a vez de ouvir o autor que explicou que a obra se “divide em duas partes: uma no mundo rural e outra no mundo urbano”. José Martinho Gaspar disse ser uma história que conta as transformações ao mundo rural e que “faz algumas críticas ao nosso sistema político e a forma como ele está organizado”. Depois dos contos, José Marti-
/ Carla Dias e José Martinho Gaspar nho Gaspar aventurou-se num tipo de escrita diferente e surgiu este romance. “É um texto um pouco diferente dos que eu fiz. Os outros livros que tenho são livros de contos mas desta vez tive a ousadia de escrever um livro um pouco maior com uma história que tem a ver com o nosso mundo rural mas também com as transformações que o mesmo tem vivido”, explicou o escritor. José Martinho Gaspar con-
fessou que “nunca tinha escrito nenhum texto desta dimensão e precisava de ter este feedback e acabei por tê-lo através da participação neste concurso e com a vitória deste prémio”. Disse ainda que este livro é “completamente ficcionado” mas que “naturalmente, algumas das memórias que temos acabamos inevitavelmente por colocá-las naquelas vidas”. “Vidas por Fios” teve uma primeira apresentação a 11 de fevereiro, na Bertrand Picoas, em Lisboa, num evento co-organizado pela livraria, pela Editora Guerra & Paz e pelo Lions de Portugal. José Martinho Gaspar é professor, escritor e historiador a que acrescenta colaborações na comunicação social regional, nomeadamente na Rádio Antena Livre e do Jornal de Abrantes. Recorde-se que este é o primeiro romance de José Martinho Gaspar com o qual ganhou o Prémio do Lions Portugal de 2.500 euros. Na altura em que recebeu a distinção, o autor não sabia ainda se o livro iria ser editado, o que acabou por acontecer cerca de meio ano depois de divulgados os resultados do prémio. Em Abrantes, a noite terminou em convívio e, como não podia deixar de ser, em sessão de autógrafos.
na crise do Sudeste Asiático no final do anos 90 e, mais recentemente, na crise do Subprime, em 2008. Contudo, não deixa de ser paradoxal que as estratégias concebidas para superar as crises sejam exactamente as mesmas que irão provocar a próxima crise. Tradicionalmente, as preocupações recaem sobre os países em desenvolvimento. Estes países tendem a aproveitar as baixas taxas de juros para conseguirem financiamento externo para as suas políticas de desevolvimento económico. Contudo, quando se verifica a subida das taxas de juro, os investimentos feitos ainda não geram a riqueza suficiente para suportar ao aumento do custo da dívida e os países acabam por não conseguir pagá-la, regredindo novamente para uma situação de pobreza e graves carências económicas. É um ciclo absurdo que se repete frequentemente sem que a aprendizagem dos erros anteriores permita evitar problemas futuros. Contudo, o cenário actual é diferente. O risco está em países, ricos ou pobres, que se encontrem numa situação de vulnerabilidade, quer pelo contexto económico-político quer pelo elevado endividamento externo. Países como o Reino Unido, a Índia, a Turquia ou a Argentina são as lanternas vermelhas que poderão vir a fazer soar os alarmes internacionais.
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O
Banco mundial publicou recentemente um relatório, no qual lança o alerta para a existência de uma grande bolha de dívida a crescer sem controlo na economia internacional. O relatório alerta ainda que, a rebentar, esta bolha poderá provocar uma crise financeira e económica mundial cujos efeitos poderão superar as anteriores em larga escala. Curiosamente, o mecanismo que está por trás deste aumento da dívida externa é, também, o mesmo que está a ser usado há já vários anos como instrumento de reanimação das economias dos países mais desenvolvidos: as taxas de juros, ou melhor, as baixas taxas de juro. Desde a crise de 2008, os grandes Bancos Centrais têm apostado na injecção massiva de dinheiro na economia e na manutenção das taxas de juro em níveis historicamente baixos. A intenção é providenciar crédito barato para estimular a economia através do consumo e do investimento. Aparentemente, essa estratégia resultou durante alguns anos, mas agora, com a recessão no horizonte próximo das grandes economias, os efeitos destes estímulos estão esgotados e corre-se o risco de provocarem mais malefícios do que benefícios. Curiosamente, nas últimas três crises financeiras, o factor que conduziu ao crescimento do endividamento foi o mesmo: a existência de um período prologado de taxas de juro baixas nos países mais desenvolvidos. Foi assim na crise das dívidas na América Latina no início dos anos 80,
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DESPORTO /
Preparar o atleta do futuro em Abrantes
/ Já são 17 edições de uma iniciativa destinada a dirigentes e treinadores nos escalões mais baixos é raro aquele que chega a campeão em sénior”, disse o técnico garantindo que “temos todos de mudar a nossa forma de pensar o desporto. Numa competição em que não fizemos as classificações, publicamos apenas os tempos, como fazem nos países nórdicos, tivemos os papás a fazer as contas e a dizer quem é que ficou nos primeiros lugares. É a nossa cultura”. É por isso que o dirigente diz que é preciso educar a paciência no desporto nacional para preparar os jovens para vitórias na alta competição e não apenas nos campeonatos escolares. Até porque a natação é uma modalidade muito exigente e na qual os atletas têm de ter muitas horas de treino. E depois revelou que falta haver um campeão português para que se possa dar o exemplo aos mais novos em vez de
se estar sempre a apontar os “Phelps” do mundo. Já Vasco Rodrigues começou por assinalar a necessidade que todas as modalidades de andarem à “caça” de atletas por forma a aumentar as possibilidades de fazer crescer as modalidades. E depois afirmou à plateia que “precisamos de ter mais pessoas a praticar desporto do que apenas os 13% que o fazem” e reforçou a ideia do outro orador de apontar os países nórdicos como exemplo sobre os comportamentos sociais. E o desporto tem muito a ver com comportamentos das sociedades. Sobre alguns comportamentos de pais vincou também uma das coisas que devia acabar e que é, por exemplo, ouvir no final de uma prova um progenitor dizer ao atleta “se soubesse que vinhas cá fazer este resultado nem tínhamos vindo”. Isto re-
vela bem como andamos por cá, disse o presidente da Federação de Triatlo, explicando que esta modalidade “europeia [tem a sua incidência neste continente]” começa agora a ter em competição dos filhos dos primeiros praticantes. E tem a possibilidade de ter um exemplo para os mais novos que é o facto de a campeã Vanessa Fernandes estar “ali perto e a treinar com eles”. Vasco Rodrigues virou-se depois para os treinadores ao deixar um pedido: “não prendam os jovens se eles não quiserem seguir as modalidades onde andam. Deixem-nos seguir os sonhos”. Em outubro haverá mais uma edição deste worshop, seguramente com outros oradores e com outras modalidades em destaque, mas com o mesmo objetivo que é ajudar a preparar o atleta do futuro. Jerónimo Belo Jorge
Está aprovado o texto do protocolo a celebrar entre o Município de Abrantes, a Federação Portuguesa de Canoagem e o Clube Desportivo “Os Patos” tendo em vista o relançamento da canoagem em Abrantes. O texto foi aprovado em reunião do executivo municipal, a 18 de fevereiro, depois do adiamento da reunião de dia 4 do mesmo mês solicitado pelos partidos da oposição, nomeadamente o Bloco de Esquerda, com o argumento que não teriam tido tempo suficiente para analisar o documento. Assim, o executivo aprovou, por unanimidade, a minuta do protocolo que tem por objeto a cooperação financeira e logística entre as três entidades envolvidas. Os objetivos da parceria, segundo a autarquia, passam por “impulsionar a formação e competição da canoagem; fomentar a igualdade do género, promover a atividade física; aumentar o número de praticantes e complementar a oferta desportiva existente e fortalecer as parcerias entre clubes, federação, escolas e autarquia.” Com este protocolo, o Município de Abrantes assume a atribuição do apoio financeiro de 10 mil euros ao Clube Desportivo “Os Patos”, através de um contrato-programa. E o clube terá de fomentar e dinamizar a prática da canoagem, através da revitalização da “Escola de Canoagem”, para iniciação à modalidade e preparar o relançamento da competição. Já a Federação compromete-se a disponibilizar recursos humanos para a formação técnica da modalidade e a capacitação dos agentes desportivos associados, em estreita articulação com o Clube Desportivo “Os Patos”.
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JORNAL DE ABRANTES / Março 2020
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Vai já na 17.ª edição o worshop desenvolvido pela Câmara Municipal de Abrantes e destinado a dirigentes e técnicos das associações do concelho. A edição deste ano aconteceu a 22 de fevereiro e trouxe a Abrantes José Machado, diretor técnico da Federação Portuguesa de Natação, e Vasco Rodrigues, presidente da Federação de Triatlo Portuguesa. J o s é M a c h a d o p re p a ro u uma intervenção focada naquilo que é o trabalho desenvolvido por uma das federações com mais atletas no país e que está a trabalhar para conseguir aumentar os resultados nas competições. Porque, como afirmou, quando se fala em Jogos Olímpicos ou em europeus ou mundiais fala-se de medalhas. Na natação não é assim, ainda. Disse que fala de conseguir chegar às finais numa modalidade muito exigente do ponto de vista dos atletas e que “não tem fatores externos que venham influenciar os resultados”. Na conversa direcionada para uma plateia de dirigentes e treinadores, mostrou a forma como se organiza no trabalho na sua modalidade, sendo que há uma definição clara das ações a aplicar nas idades dos competidores. Aos cadetes aplica-se o “aprender a fazer” para quando passarem a infantis consigam “perceber a fazer”. Depois, nos juvenis, “treinam para fazer” e quando sobem aos juniores entram na fase do “fazer para competir”. Depois quando chegam à categoria de sénior poderem “fazer para ganhar”. É com este espírito que avançam no trabalho de conseguirem criar atletas que possam vir a dar medalhas a Portugal. E José Machado revelou que estão a tentar fugir às classificações nos escalões mais baixos. “Dos campeões
Canoagem regressa ao Tejo
CULTURA / UM POUCO DE HISTÓRIA / Grupo
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algum benemérito particular. No primeiro andar, encontra-se a Sala do Definitório, onde se reuniam os Irmãos para tratar dos assuntos respeitantes à vida da Casa. A parte inferior das paredes laterais está completamente revestida por interessantes painéis de azulejos, do século XVIII, representando as sete Obras de Misericórdia Corporais, para que os definidores não se esquecessem dos verdadeiros objectivos da Casa que estavam a gerir. No centro, está uma sólida mesa redonda, de madeira, rodeada pelo cadeiral, fazendo lembrar a famosa Távola do rei Artur, em cuja simbologia mítica certamente esta foi inspirada. Era ali que se sentavam os membros da Irmandade, estando o sítio do provedor assinalado por um espaldar mais destacado. Atrás deste, vê-se um oratório envidraçado, com um Cristo crucificado lembrando que devia ser Ele o verdadeiro inspirador da Vida daquela instituição.
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Alguns autores, como Costa Godolfim, situam a sua fundação no ano de 1504, mas a verdade é que ainda não apareceu, até agora, qualquer documento em que esta data apareça referida. A primeira data documentada é a de 1516, que aparece no “Compromisso do Regimento dos Oficiais da Santa Confraria da Misericórdia” e em 1528 o seu compromisso é confirmado por uma carta régia, assinada pelo rei D. João III. Em Março de 1532, por alvará do Infante D. Fernando, filho de D. Manuel I, foi-lhe anexado o hospital do Salvador. Este foi mandado erigir pelo primeiro conde de Abrantes, D. Lopo de Almeida e por sua mulher D. Brites da Silva, no local onde a Coroa tinha um celeiro “no qual se recolhia o pão dos reguengos de Abrantes e que se situava no cabo da rua da feira,” hoje denominada rua Dr. José Joaquim de Oliveira. Efectivamente, o rei D. João II autorizou a sua construção em 1483 e, em 1488, já estava construído o hospital do Salvador, denominação que o acompanhou durante a sua longa existência, de perto de quinhentos anos, pois funcionou até 1985, embora, nos últimos anos, já não estivesse ligado a esta instituição. Uma vez desactivado, o espaço foi restituído novamente à Misericórdia e foi reconvertido, para lá instalar o Lar D. Leonor Paller Carreras Viegas, inaugurado em 25 de Abril de 1992. Na altura das obras, foram encontradas várias talhas de barro, em muito bom estado de conservação, vestígios do antigo celeiro do rei D. João II e que, ainda hoje, podem ser vistas sob o chão envidraçado do refeitório do Lar. Anexa à Casa da Misericórdia e ao hospital, foi construída uma igreja, em data incerta, sabendo-se apenas que, no seu belo portal renascença, virado a norte, se encontra inscrita a data de 1548. A igreja pode, no entanto, ser anterior e só posteriormente ter sido embelezada com este portal. Além da data, também o nome do mestre responsável pela obra, Gaspar Diniz, está inscrito dentro de uma cartela, num dos pináculos laterais. A forte porta de madeira é enquadrada por duas pilastras de pedra e por um arco de volta inteira. A parte superior deste está ladeada por dois bustos bastante salientes, representando militares com capacete à maneira romana, um mais velho e com barba, o outro mais jovem, ainda sem barba e o seu olhar converge para o centro do
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Consultas: ASSIS, José Luis, Pórtico Renascentista da Igreja da Misericórdia de Abrantes, Jornal de Alferrarede, Janeiro, Fevereiro, Março Abril, Maio de 1995 CANDEIAS SILVA, Joaquim, Santa Casa da Misericórdia de Abrantes, revista Zahara nº7, Junho de 2006 MORATO, Manuel António e MOTA, João V. da Fonseca, Memória Histórica da Notável Vila de Abrantes, edição da Câmara Municipal de Abrantes, 1981
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SAÚDE / CA do CHMT reconduzido pelo Governo
O que é o novo coronavírus detetado na China? “2019-nCoV” é o nome dado a um novo coronavírus que causa doença respiratória potencialmente grave, como a pneumonia. Este vírus foi identificado pela primeira vez em humanos na cidade chinesa de Wuhan, província de Hubei, tendo sido confirmados casos em outros países. Estamos perante uma situação de propagação da infeção pelo novo Coronavírus (2019-nCoV). Segundo o comunicado da DGS de 30/01/2020, apenas 10 casos tinham sido confirmados na Europa. De acordo com a atualização da informação disponível, nos primeiros 10 dias de fevereiro os casos já triplicaram. O coronavírus causa sinais e sintomas semelhantes ao da síndrome gripal, febre, tosse e dificuldade respiratória, podendo evoluir para uma situação de pneumonia ou outras condições mais graves. As vias de transmissão ainda não são totalmente identificadas, contudo a transmissão via aérea e pessoa a pessoa são as conhecidas. Qual é o período de contágio? Ainda é desconhecido o período de contágio. Sabe-se que o período de incubação (até ao aparecimento de sintomas) da doença é de 14 dias. Qual é o tratamento? O tratamento para a infeção por este novo coronavírus é dirigido aos sinais e sintomas que os doentes apresentam. Existe vacina para este novo vírus? Não. Atualmente não existe nenhuma vacina que proteja contra o novo coronavírus (2019-nCoV). As medidas de higiene, etiqueta respiratória e de segurança alimentar são as principais medidas de prevenção para minimizar os riscos de transmissão e exposição à doença, tais como: •Lavar frequentemente as mãos, especialmente após contato direto com pessoas doentes; •Evitar contato próximo com doentes com infeções respiratórias; •Evitar contato desprotegido com animais selvagens ou de quinta; •Adotar medidas de etiqueta respiratória: tapar o nariz e boca quando espirrar ou tossir (com lenço de papel ou com o braço, nunca com as mãos; deitar o lenço de papel no lixo); •Lavar as mãos sempre que se assoar, espirrar ou tossir. Portugal está preparado para responder a uma situação de doença pelo
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Coronavírus, o que precisamos saber!
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/ Nuno Barreta, Enfermeiro Especialista Enfermagem Comunitária Unidade Saúde Publica do Médio Tejo
Foi publicado em Diário da República a designação dos membros do Conselho de Administração (CA) para um novo mandato no Centro Hospitalar do Médio Tejo, EPE. Foram designados para exercer funções no conselho de administração do CHMT, E. P. E., Carlos Manuel Pereira Andrade Costa para o cargo de presidente do conselho de administração; Ana Maria dos Reis Vila Lobos para o cargo de vogal executiva com funções de diretora clínica; Ana Paula Ventura Eusébio para o cargo de vogal executiva com funções de enfermeira diretora; Bruno Miguel Santos Ferreira para o cargo de vogal executivo e Carlos Alberto Coelho Gil para o cargo de vogal executivo. Com esta designação, a direção clínica passa a ser exercida por Ana Maria dos Reis Vila Lobos, mantendo-se a restante equipa do conselho de administração, que transita do mandato anterior (sendo o general Luís Valença Pinto o presidente do Conselho Consultivo). Em mensagem enviada aos profissionais do CHMT, EPE, Carlos Andrade Costa, presidente do conselho de Administração, agora reconduzido, deixou “um público agradecimento à Senhora Dra. Cristina Gonçalves. Estes anos de trabalho intenso e quotidiano receberam um forte contributo da sua parte, procurando fazer o melhor pelo nosso CHMT. Nem sempre foi fácil. Nem sempre se conseguiu, como equipa, ultrapassar os obstáculos com a rapidez desejável, mas sempre foi notório a sua vontade em dar o melhor de si própria ao nosso CHMT”. À nova diretora Clínica, Ana Vila Lobos, o presidente do conselho de administração deu, “em nome de todos, as boas-vindas às suas novas funções de Diretora Clínica desta casa”, garantindo que “terá nos seus colegas de conselho de administração os mais fortes apoiantes para o desenvolvimento de um projeto ganhador que reforce, modernize e desenvolva todo o enorme potencial clínico do CHMT”. Carlos Andrade Costa terminou a sua mensagem aos profissionais do centro hospitalar referindo que “o passado honra-se, o futuro conquista-se apenas e só por respeito a todos os profissionais e doentes desta extraordinária casa, que é o CHMT”.
novo coronavírus? Sim. São várias as medidas que estão implementas e/ou a ser desenvolvidas: •Divulgação de comunicados diários no site da Direção-Geral da Saúde; •O SNS 24 (808 24 24 24) está disponível 24 horas por dia, 7 dias por semana para o esclarecimento de dúvidas e/ou triagem. Em caso de necessidade encaminhará para a unidade de saúde mais adequada; •O Laboratório Nacional de Referência do Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge está preparado para o diagnóstico laboratorial da infeção; •O Instituto Português do Sangue e Transplantação adotou medidas para garantir a segurança do sangue e de-
JORNAL DE ABRANTES / Março 2020
rivados; •Os Hospitais de Referência, assim como o INEM, estão preparados para responder a eventuais casos da doença; •As autoridades de saúde estão preparadas para fazer a vigilância dos contactos articulação permanente com instituições/organizações internacionais para adoção de outras medidas, em consonância com as recomendações que forem sendo emitidas pela Organização Mundial da Saúde e pelo Centro Europeu de Prevenção e Controlo de Doenças (ECDC). Em caso de dúvida ou suspeita contacte a linha SNS 24 - 808 24 24 24 antes de se dirigir a uma unidade de saúde.
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Março 2020 / JORNAL DE ABRANTES
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