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Assaré
Prédios que resistem ao tempo
Já parou para pensar como era sua cidade há 50 anos? Existem mecanismos que nos fazem ativar ou reativar essa memória, como observar prédios e construções antigas. Qual a construção mais antiga do município que você mora? Ela está preservada? Será que continuará de pé para as próximas gerações? O que se pode fazer para preservar esses prédios e/ou as memórias que eles representam? Fiz essas e outras indagações ao observar os prédios de Assaré, sejam eles do século XIX: Igreja Matriz, Casa da Várzea, Girafinha, Memorial, ou do século XX: Câmara Municipal, antiga Prefeitura e Mercado Público. Veja a seguir um pouco da história de cada prédio.
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Igreja Matriz
A Igreja de Nossa Senhora Das Dores está localizada na praça da matriz, no centro de Assaré. É uma construção datada de 1842, embora a paróquia exista desde 1838. A capela foi erguida no topo de uma colina, a fim de que fosse vista por todo o povoado, no ano de 1838, sob administração do Padre José Tavares (1801-1889). Em 1842, a capela já não atendia às demandas do povoado, uma vez que a população havia crescido. Foi então demolida e reconstruída como Igreja Matriz, poucos metros acima da capela original. Ao longo dos anos a Igreja passou por modificações e guarda traços históricos preservados.
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As casas que compõem os arredores da Igreja Matriz (o chamado “Quadro da Igreja”) foram simetricamente projetadas pelo Coronel Antônio Mendes Bezerra, assim como as do “Quadro do Comércio”. As construções ao redor da Igreja são datadas do final do século XIX e as próximas ao comércio, datadas do início do século XX. A simetria foi calculada de tal maneira que a distância da ponta da calçada das casas para a praça é a mesma, independentemente de qual lado seja.
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Alexandre da Silva Pereira (1749-1843), fundador de Assaré e doador das terras para construção da paróquia, escolheu Nossa Senhora Das Dores como padroeira, pois sua família residia em Portugal numa paróquia de mesmo nome. A devoção e fé à Nossa Senhora das Dores permanece até os dias atuais, sendo a festa da padroeira uma das mais importantes do município. São nove noites de celebração, acompanhadas por bingos, shows, sorteios e comemorações realizadas entre os dias 7 e 15 de setembro, encerrando com uma grande procissão.
Outra tradicional procissão é a de 13 de maio, em alusão à Nossa Senhora de Fátima. A procissão iniciou-se em 1955, a pedido de José Ferreira do Nascimento (1920-2018), um jovem de família humilde e que desejava casar-se com Margarida Arrais do Nascimento (1918-2016), de família rica e influente politicamente no município. A família de Margarida era totalmente contra a união dos dois, mas Zé Ferreira, como era conhecido, fez uma promessa a Nossa Senhora de Fátima e quando foi alcançada, pediu a permissão do Padre Agamenon (1912-1980), pároco da época, para realizar a procissão, realizada até os dias de hoje. Muitos fiéis, sejam crianças, jovens ou idosos, vestem-se de branco, acendem suas velas e saem em caminhada, alguns até descalços, pelas ruas da cidade. As festas de Nossa Senhora Das Dores e Nossa Senhora de Fátima tem um toque identitário e único do município.
Casarão da Várzea
O Casarão da Várzea foi construído em estilo colonial por um mestre de obras da cidade de Olinda-PE, a mando do Coronel Francisco Gomes Braga, chefe político durante a primeira república (intendente de 1890 a 1892). A construção é datada aproximadamente de 1884, mesmo período da construção de outro famoso casarão, o Memorial Patativa do Assaré. Situado na travessa paros para não ruir e é utilizado como armazém da família Paiva.
Memorial Patativa do Assaré
O casarão colonial que hoje abriga os pertences do grande poeta Patativa do Assaré, localizado na Rua Coronel Francisco Gomes, n 80, foi construído em 1884, pelo Major Camapum para sua residência. Depois foi sede do sindicato dos trabalhadores rurais, cadeia pública, intendência (ou prefeitura), escola, hotel e até casa de prostituição.
É curioso ressaltar que nesse casarão ocorreu em 25 de outubro de 1966 o suicídio do delegado José Cartaxo Rolim. Por conta desse fato, há
A família de Margarida era totalmente contra a união dos dois, mas Zé Ferreira, como era conhecido, fez uma promessa a Nossa Senhora de Fátima e quando foi alcançada, pediu a permissão do Padre Agamenon (1912-1980), pároco da época, para realizar a procissão, realizada até os dias de hoje
João Pinto, S/N, próximo ao centro da cidade, em uma região alagadiça com muitos aspectos rurais. Mesmo quando há enchentes, a água não chega a subir no imóvel, uma vez que a calçada foi projetada como barreira. Sua arquitetura é um típico casarão sertanejo, estilo colonial, que possui sótão e o caimento do telhado vai diminuindo até chegar à cozinha (último cômodo), a configuração do telhado é de duas águas.
Na época, a autoridade do coronel era soberana. Quando havia alguma confusão na cidade, as pessoas protegidas dele iam para a sua fazenda e ao atravessar a porteira, ninguém ousaria mexer, devido o respeito ao poder do coronel. Há também relatos de que existiam escravos no casarão. Atualmente, o imóvel necessita de re- quem diga que nesse casarão existem assombrações. Hoje, o espaço se tornou um memorial da vida e obra do poeta Patativa do Assaré. No entanto, quem visita esse espaço duplamente histórico aprende sobre o poeta e também sobre a história do município e a memória que o casarão carrega.
No memorial, encontram-se os pertences de Patativa, aspectos da sua biografia desde o nascimento, além de curiosidades sobre sua vida como poeta, repentista e escritor. Ainda no memorial, encontram-se expostos os troféus, honrarias, homenagens e medalhas. No andar superior, encontra-se um espaço de estudos gratuito para todos que desejem acessar a internet e também uma sala dedicada à religiosidade do poeta, contendo oratórios, terços, rosários e imagens de santos.
Prédio Girafinha
O prédio “Girafinha”, carinhosamente assim apelidado devido ao seu formato comprido e estreito, é um sobrado localizado na mesma rua do Memorial Patativa do Assaré (Coronel Francisco Gomes, n 14). Foi construído em 1877 e pertenceu a Cândida Tavares da Glória, filha do Padre José Tavares Teixeira, primeiro vigário de Assaré. Mas, como assim filha de um padre? É uma longa história. José Tavares Teixeira era estudante de medicina na Bahia, mas a sua mãe decidiu que deveria ser padre, ele obedeceu e mudou-se para Olinda, apesar de estar noivo de uma moça chamada Esmeralda Delfina da Glória. Ordenou-se padre, morava na casa paroquial, a noiva em