3190214 | Estudo acerca do Movimento Tropicalista

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atelier design grรกfico II mestrado design grรกfico


MANIFESTOS Pau-Brasil o Brasil deixaria de apenas importar e consumir passivamente a cultura dos países dominantes e passaria a produzi-la e exportá-la, de forma a causar impacto internacional

pop art pretendia demonstrar com suas obras a massificação da cultura popular capitalista. O movimento no Brasil é conhecido como Nova Figuração e há a exposição Opinião 65, com artistas influenciados pelo movimento, como Rubens Gerchman e Antonio Dias

Antropofágico a intenção do movimento foi “deglutir” a informação vinda de fora e misturar com as características do país, criando um produto novo, o brasileiro

psicodelismo composição sensação de vibração visual, forma caleidoscópia

Oswald de Andrade Mário de Andrade

Tarsila do Amaral

Anita Malfatti

20

semana de Arte Moderna 1922

renovação de linguagem, na busca de experimentação, na liberdade criadora da ruptura com o passado

revista Klaxon

3. expressionismo compreende a deformação da realidade para expressar de forma subjectiva a natureza e o ser humano, dando primazia à expressão de sentimentos em relação à simples descrição objetiva da realidade 2. cubismo tratava as formas da natureza por meio de figuras geométricas, representando as partes de um objeto no mesmo plano. A representação do mundo passava a não ter nenhum compromisso com a aparência real das coisas 1. futurismo rejeitavam o moralismo e o passado, e suas obras baseavam-se fortemente na velocidade e nos desenvolvimentos tecnológicos do final do século XIX VANGUARDAS EUROPÉIAS modernismo no Brasil novas linguagens modernas trazidas pelos movimentos artísticos e literários europeus foram sendo aos poucos assimiladas pelo contexto artístico brasileiro, mas colocando em enfoque elementos da cultura do país, pois havia uma necessidade de valorização do que era nacional

op art construído com certo rigor, remete a um mundo instavél, que se modifica constantemente. Conceito de que a arte está vulneravél a variações de seus elementos com possibilidades de diferentes arranjos, proporcionan do sensação de movimento 4. surrealismo influenciado pelas teorias psicanalíticas de Freud, enfatiza o papel do inconsciente na atividade criativa. Combinação do representativo, do abstrato, do irreal e do inconsciente

mov trop

4. dadaísmo arte de protesto de choque e provocação à sociedade burguesa da época. Obras visuais e literárias baseavam-se no acaso, no caos, na desordem e em objetos e elementos de pouco valor, desconstruindo conceitos da arte tradicional

Rogério Duarte 1939 - 2016 multi-artista que foi designer gráfico, tipógrafo, músico, poeta e um dos criadores do movimento é o criador da capa do principal disco do movimento, o “Tropicália ou Panis et Circense” foi quem criou também inúmeros álbuns de Caetano e Gilberto Gil, além de posters de inúmeros filmes da época 1 FASE Heróica 22 - 30 destruidor e renovador / irreverências e escândalos 2 FASE Geração de 30 30 - 45 preocupação social e política e regionalismo 3 FASE Pós-Modernista 45 - 60 híbrida. preocupação estética e poesia

2

NO MU contex Guerra Constr Revolu Ditadu

formada Veloso, o gr Lee, Arna contava t Leão, G

a ino lingua

poesia concreta chamado de poema-objeto por causa dos recursos estilísticos adotados: a eliminação de verso incorporação de figuras geomét

os poemas concretos possuem ca semântica, mas diferenciam-se enfatizar o conteúdo visual e son das palavras déc. 50 CONCRETIS


vimento pical ist a movimento cultural brasileiro que surgiu sob a influência das correntes artísticas da vanguarda e da cultura pop nacional e estrangeira, misturando manifestações tradicionais da cultura brasileira à inovações estéticas radicais

UNDO xto histórico a Fria rução do muro de Berlim ução Cubana ura Argentina

1967 surgiu da união de uma série de artistas brasileiros, no contexto do Festival de Música Popular Brasileira e que formaram o movimento musical mais influente e original do país após a bossa nova

explosão musical Beatles Rolling Stones Pink Floid Festival de Woodstock

6

Hélio Oiticica o nome do movimento surge a partir da obra do artista exposta no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro em 67 que se chamava Tropicália. Era um labirinto construído com uma arquitetura improvisada, semelhante às favelas, um cenário tropical com plantas nativas e araras. O público caminhava descalço, pisando em areia, brita, água, experimentando sensações e no fim do percurso, se defronta com um aparelho de TV ligado, um símbolo moderno. A nova imagem do Brasil, os meios de comunicação de massa contrastando com a Michael Wellen miséria nacional curador do Tate Modern

as letras das canções eram ovadoras, criando jogos de agem e se aproximando da poesia dos concretistas

arga por noro SMO

Haroldo de Campos, Augusto de Campos e Décio Pignatari

Ai5 medidade de prisão preventiva sem o direito de Habeas-Corpus, sendo que o principal objetivo era desarticular as manifestações populares e estudantis

movimentos sociais protestos feministas direito civis dos negros

MÚSICA a por Gilberto Gil, Caetano rupo Os Mutantes, com Rita aldo Antunes e Sérgio Dias, também com Tom Zé, Nara Gal Costa, Torquato Neto e Rogério Duprat

os e a tricas

NO BRASIL ditadura militar abril 64 - março 85 drásticas medidas governamentais e o poder concentrado na presidência

as mensagens das letras eram codificadas, que exigiam uma certa bagagem cultural para que fossem compreendidas. "Alegria, Alegria" de Caetano Veloso não tem sentido óbvio, mas carrega em sua letra preocupações típicas da juventude da década de 60, um tormento com a violência da ditadura e um desejo de inovar e romper barreiras

“a estrutura da obra mudou, não é mais pintura ou escultura e sim, ordens ambientais”

“a ideia era criar uma arte que pudesse ser participativa, imersiva e que desse ao público a liberdade para se movimentar e interargir em um mundo novo e de uma forma nova. com o passar do tempo, isso o levou a uma das rupturas mais radicais do que poderia ser Arte”



Foi um movimento cultural brasileiro que surgiu sob a influência das correntes artísticas da vanguarda e da cultura pop nacional e estrangeira, como o rock ‘n’ roll e o concretismo, misturando manifestações tradicionais da cultura brasileira à inovações estéticas radicais. Tinha objetivos comportamentais, que encontraram eco em boa parte da sociedade, sob a ditadura militar, no final da década de 1960. O movimento manifestou-se principalmente na música, cujos maiores representantes foram Torquato Neto, Caetano Veloso, Gal Costa, Gilberto Gil, Os Mutantes e Tom Zé; manifestações artísticas diversas, como as artes plásticas, destaque para a figura de Hélio Oiticica, o cinema, que sofreu influências e influenciou o Cinema novo de Gláuber Rocha e o teatro brasileiro, sobretudo nas peças anárquicas de José Celso Martinez Corrêa. Um dos maiores exemplos do movimento tropicalista foi uma das canções de Caetano Veloso, denominada exatamente de “Tropicália”. Foi uma forma de se expressar sobre a Ditadura Militar.

O MOVIMENTO VINHA ASSUMIR COMPLETAMENTE TUDO O QUE A VIDA DOS TRÓPICOS PODE DAR, SEM PRECONCEITOS DE ORDEM ESTÁTICA, SEM COGITAR CAFONICE OU MAU GOSTO o crítico Nelson Motta define o Tropicalismo pela primeira vez no Jornal do Amanhã, 1968


Em 31 de março de 1964, militares contrários ao governo de João Goulart (PTB) destituíram o então presidente e assumiram o poder por meio de um golpe. O governo comandado pelas Forças Armadas durou 21 anos e implantou um regime ditatorial. A ditadura restringiu o direito do voto, a participação popular e reprimiu com violência todos os movimentos de oposição. Na economia, o governo colocou em prática um projeto desenvolvimentista que produziu resultados bastante contraditórios, já que o país ingressou numa fase de industrialização e crescimento econômico acelerados, sem beneficiar a maioria da população, em particular a classe trabalhadora. Em 1964, a sociedade brasileira se polarizou. As classes médias, as elites agrárias e os industriais se voltaram contra o governo e abriram caminho para o movimento golpista. A promulgação do Ato Institucional nº 5 (AI-5), em dezembro de 1968, representou o fechamento completo do sistema político e a implantação da ditadura. O AI-5 restringiu drasticamente a cidadania e permitiu a ampliação da repressão policial-militar. Um ato institucional era um decreto utilizado pelos militares para legitimarem suas decisões. Exílios, prisões, torturas e desaparecimentos de cidadãos fizeram parte do cotidiano de violência repressiva imposta à sociedade. bit.ly/30nVemN


No dia 26 de Junho de 1968, o Rio de JaNenhuma das reivindicações foi aceineiro parou. No início do auge da repres- ta. Por isso, na semana seguinte 60 mil são durante o Regime Militar, uma mul- estudantes voltariam a realizar uma tidão composta por estudantes e artistas passeata no centro do Rio, mas o auge protestou contra a ditadura e os abusos do movimento já havia passado. de poder do Estado: o ato A Passeata dos Cem Mil ficou conhecido como “A DAS LUTAS DE RUA marcou o ápice da reação Passeata dos Cem Mil”. da sociedade contra o reNO RIO Durante a marcha, foi gime, as censuras, vioeleita uma comissão de EM 1968, QUE NOS lências e as repressões RESTA representantes da socieàs liberdades. Mais uma dade civil, que seria revez, o regime ditatorial MAIS POSITIVO, cebida pelo general Cosiria reagir endurecendo MAIS QUEIMANTE ta e Silva dias depois. No o regime, como se veria encontro, o grupo pediu a DO QUE AS FOTOS no final de 1968. bit.ly/3cOb5gU libertação de estudantes ACUSADORAS, presos, mais verbas para TÃO VIVAS HOJE as universidades e mais COMO ESTÃO, vagas, o fim da censura e a reabertura do restauA LEMBRAR COMO rante Calabouço.

A EXORCIZAR?

poema de Carlos Drummond de Andrade bit.ly/2AVjnpX


OITICICA

Na exposição nova objetividade brasileira, idealizada e apresentada pelo artista Hélio Oiticica, no Museu de arte Moderna do Rio de Janeiro, em 1967, ele instalou nos jardins do museu um penetrável ou ambiente chamado Tropicália. Ócio e criatividade se misturavam na obra e era também uma resposta ou uma provocação contra as condições de vida dentro de uma sociedade determinada por um trabalho autoritário e com uma parcela significativa da população vivendo na pobreza à margem da modernidade industrial. A Tropicália era um labirinto construído com uma arquitetura improvisada, semelhante às favelas, um cenário tropical com plantas características e araras. O público caminhava descalço, pisando em areia, brita, água, experimentando sensações e no fim do percurso, se defronta com um aparelho de TV ligado, um símbolo moderno. A nova imagem do Brasil, os meios de comunicação de massa contrastando com a miséria nacional. A obviedade, intencionalmente inscrita no trabalho, se associa à idéia de participação pelo processo de penetrá-lo. Um ambiente que “ruidosamente apresenta imagens”, segundo o seu criador, que invade os sentidos (visão, tato, audição, olfato), convidando ao jogo e à brincadeira. O uso de signos e imagens convencionalmente associados ao Brasil não tem como objetivo figurar uma dada realidade nacional tarefa que mobilizou parte de nossa tradição artística, mas, nos termos do artista, objetivar uma imagem brasileira pela “devoração” dos


símbolos da cultura brasileira. A idéia da “devoração”, nada casual, remete diretamente à retomada da antropofagia e ao modernismo em sua vertente oswaldiana, da qual se beneficia a obra de Hélio Oiticica. Cara de Cavalo, acusado de matar um policial, foi bit.ly/37efKaV uma das primeiras vítimas do esquadrão da morte carioca, em1964. Esta obra é marcante no movimento chamado de marginália, que passou a fazer parte do debate cultural brasileiro.

Hélio Oiticica nasceu no Rio de Janeiro em 1937. Multiartista, pintor e escultor. Inicia, com o irmão César Oiticica, estudos de pintura e desenho com Ivan Serpa no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (MAM/ RJ), em 1954. Nesse ano, escreve seu primeiro texto sobre artes plásticas; a partir daí o registro escrito de reflexões sobre arte e sua produção torna-se um hábito. Participa do Grupo Frente em 1955 e 1956 e, em 1959, passa a integrar o Grupo Neoconcreto. Abandona os trabalhos bidimensionais e cria relevos espaciais, bólides, capas, estandartes, tendas e penetráveis. bit.ly/2XMLyRe

A TROPICÁLIA ERA UMA POSIÇÃO ÉTICA DIANTE DA SOCIEDADE Hélio Oiticia bit.ly/2N5etcZ


Um momento importante para a definição e consolidação do tropicalismo foi um dos Festivais de Música Popular Brasileira promovido pela Rede Record, em São Paulo, no ano de 1967. Nesse festival, Caetano Veloso cantou a música Alegria, alegria - e Gilberto Gil, juntamente com os Mutantes, Domingo no parque. No ano seguinte, o festival foi considerado totalmente tropicalista, com Tom Zé apresentando a canção São Paulo. O movimento foi influenciado por correntes artísticas internacionais da época (como o rock e o concretismo), às quais se adicionaram elementos tradicionais da cultura brasileira. A utilização EU ORGANIZO de elementos estrangeiO MOVIMENTO, ros na sonoridade, como as guitarras, despertou a crítica dos adeptos de EU ORIENTO outro movimento musiO CARNAVAL cal, a bossa nova. Nascidos sob o regime militar brasileiro, os tropicalistas tinham, inclusive, objetivos políticos e sociais, mas acreditavam que a experiência estética era um instrumento social revolucionário independente de uma prática que promovesse mudanças políticas. Isso provocava críticas de outros artistas, abertamente engajados, que consideravam os tropicalistas muito vagos em suas manifestações contra a ditadura existente no Brasil naquela época. O movimento tropicalista marcou pela irreverência e pela ironia de suas obras, e provocou transformações não só na música, mas também na moral e no comportamento. Por meio dele, a contracultura hippie foi assimilada, com a adoção da moda dos cabelos longos encaracolados e das roupas escandalosamente coloridas. O tropicalismo, libertário por excelência, durou pouco mais de um ano e acabou reprimido pela ditadura militar. Seu fim começou com a prisão de Gil e Caetano, em dezembro de 1968. Mas, depois deles, a cultura brasileira nunca mais seria a mesma. bit.ly/37jQct9


Tom Zé

Sérgio Dias Caetano Veloso

Rogério Duprat

Rita Lee

Gal Costa Nara Leão

Gilberto Gil

Capinam

Arnaldo Baptista

Torquato Neto


SOBRE A CABEÇA OS AVIÕES SOB OS MEUS PÉS OS CAMINHÕES APONTA CONTRA OS CHAPADÕES MEU NARIZ EU ORGANIZO O MOVIMENTO EU ORIENTO O CARNAVAL EU INAUGURO O MONUMENTO NO PLANALTO CENTRAL DO PAÍS

VIVA

B BA VIVA A BOSSA, BAT BAT M SA, SA BAT MA A PALHOÇA, BAT MAC ÇA, ÇA, ÇA, ÇA BAT MACU BAT MACUM letra da música “Tropicália” BAT MACUM 1967 bit.ly/3hInAyp BAT MACUMBA BAT MACUMBA Ê BAT MACUMBA Ê BAT MACUMBA Ê Ê,


Por meio de letras poéticas, eram abordados temas relacionados ao cotidiano ou à realidade nacional, de forma crítica e inovadora, tanto em relação aos aspectos compositivos e sonoros, quanto em relação à linguagem e poética utilizada. Mesmo não utilizando a música de protesto como linguagem, o grupo muitas vezes trabalhava a política e estética da época mostrando o subdesenvolvimento dos anos de 1960. Um exemplo é a música “Tropicália”, de Caetano Veloso, na qual se cria uma combinação de elementos contrastantes, colocados em alguns momentos de forma bem humorada e irônica e em outros, de forma crítica e realista. A utilização de contrastes e o uso da metáfora e do humor crítico foi uma das maiores contribuições do Tropicalismo na música brasileira. Em uma entrevista ao Jornal do Brasil, Caetano comenta que o movimento buscava superar o “subdesenvolvimento, partindo exatamente do elemento cafona [o Kitsch] da cultura brasileira, difundindo e fundindo ao que houvesse de mais avançado industrialmente, como as guitarras e roupas de plástico.

A bit.ly/37P6gDe AT MA MACUM É um poema concreto ACUMBA musicado, com uma frase que vai perdendo uma síCUMBA Ê laba de cada vez, até cheUMBA Ê Ê gar ao mínimo de uma sílaba, para então voltar a MBA Ê Ê, BA ser reconstruída, de forma simétrica. A MBA Ê Ê, BAT canção traz um elemento da cultura pop, o Batman, e relaciona-o A Ê Ê, BATMAN com um elemento típico do sincretismo religioso Ê Ê, BAT MACUM brasileiro, a macumba. Ê, BAT MACUMBA BAT MACUMBA OH

Mas a própria frase não é bem uma frase, no sentido de construir uma ideia sintaticamente organizada e com um sentido evidente: fica flutuando entre uma música-tema de seriado de TV e um refrão de culto religioso. É modernidade à brasileira, macumba pop e tecnológica. bit.ly/2NjPym8


Por vezes, a expressão “concretismo”, utilizada como sinônimo de “arte concreta”, pode gerar uma confusão a respeito de movimentos artísticos distintos, ainda que um esteja historicamente filiado um ao outro. Por arte concreta entende-se um ramo das vanguardas artísticas europeias das primeiras décadas do século XX que teve sua expressão principal na pintura e na escultura. Já o concretismo desenvolveu-se nas décadas de 1950 e 1960, no Brasil, especificamente na cidade de São Paulo, abrangendo a poesia e as artes plásticas. Nas décadas de 1950 e 1960, houve um avanço industrial no país, e a cidade de São Paulo foi a grande receptora dessa explosão da indústria, principalmente dos setores automobilístico e de eletrodomésticos. A modernização industrial paulistana trouxe ao Brasil com mais veemência as tendências da arte moderna e contemporânea. A criação do MAM (Museu de Arte Moderna de São Paulo), em 1948, contribuiu muito para a recepção desse tipo de arte entre o público não especializado. bit.ly/37jQct9

Augusto de Campos


série Bichos de Lygia Clark, 1961

O concretismo brasileiro teve como principais representantes, na poesia, Décio Pignatari e os irmãos Augusto e Haroldo de Campos. No campo das artes plásticas, os principais representantes do concretismo no Brasil foram Lygia Clark e Hélio Oiticica. Em termos poéticos, o concretismo levou a cabo o projeto “verbivocovisual”, isto é, uma integração radical entre a palavra (verbi), o som (voco) e a visualidade gráfica das letras (visual). O uso do computador foi decisivo para esse projeto, pois oferecia possibilidades infinitas de composições gráficas dos poemas. A linguagem de propaganda, desde a sua estrutura sintética até o tipo de letras utilizado, também foi absorvida pelos poetas concretistas. Em termos de artes plásticas, a escultura predominou. A maioria dos projetos de Hélio Oiticica e Lygia Clark experimentava a combinação de formas geométricas, esculpidas em metal ou madeira e disRonaldo Azeredo, 1957 postas em um cenário temático. Um dos exemplos mais bem acabados desde tipo de escultura são os móbiles de Lygia: estruturas em metal que podem ser manipuladas e modificadas pelo próprio espectador. bit.ly/37jQct9


Com o estabelecimento de uma nova política visual, a produção gráfica tropicalista trabalha com um leque maior de referências de produção e conceitos, como a psicodelia, pop art e op art , tendo como um dos principais idealizadores o escritor, designer gráfico, compositor, poeta e tradutor Rogério Duarte, o qual produziu capas de CD’s e filmes.

A forma criativa de misturar diferentes estilos, típica do Tropicalismo, é apresentada também no design. Os discos materializam as imagens tropicalistas em suas capas, que passam a ser continuação dos conceitos estéticos do movimento. Contrapondo as características da Bossa Nova, a Tropicália traz uma inovação significativa ao design gráfico da época.

Gal Costa 1974


Caetano Veloso 1968

Gil 1967

COMO ALTERNATIVA AO ESTILO MODERNISTA, O TROPICALISMO CRIA E CONSOLIDA UMA NOVA ESTÉTICA, REALIZANDO UMA “ANTROPOFAGIA VISUAL” Rafael Cardoso, no livro Uma Introdução à História do Design bit.ly/2NbZ0b0

Terra em transe, 1967 Glauber Rocha

A Idade da Terra, 1980 Glauber Rocha

Deus e o diabo na terra do Sol, 1980 Glauber Rocha

Meteorango Kid, 1969 André Luis Oliveira


O crítico de cinema Ismail Xavier (1947) chama a multiplicidade de linguagens e estilos presentes na obra de Rogério Duarte de JOGO DE CONTAMINAÇÕES. De fato, a polifonia dos trabalhos do artista e os campos diversos nos quais ele atua não permitem classificação de sua obra em apenas um movimento. Sua obra engloba cartazes do Cinema Novo, Capas de LPs do movimento Tropicália, letras de rock, poemas, traduções, textos teóricos etc. O primeiro trabalho que tira Rogério Duarte do anonimato é o cartaz do filme Deus e o Diabo na Terra do Sol, feito em 1964. Segundo o designer Chico Homem de Melo, se por um lado o cartaz tem PREOCUPAÇÃO MODERNISTA COM CLAREZA DIAGRAMÁTICA, por outro há camadas cromáticas que parecem um sol em torno da cabeça do Corisco e acabam por ofuscar a nitidez do retrato. Nas palavras do crítico Jorge Caê Rodrigues, ROGÉRIO MANTÉM O RIGOR E O CONHECIMENTO TÉCNICO, MAS FAZ UMA SÍNTESE ENTRE O RACIONALISMO E A EXUBERÂNCIA TROPICAL. A ida de Rogério Duarte ao Rio de Janeiro, em 1959, permite que ele trave conhecimento com Alexandre Wollner, Max Bense, Tomás Maldonado, Otl Aicher, entre outros herdeiros da Escola de Ulm. Em 1963, é inaugurada a Escola Superior de Desenho Industrial, que segue as diretrizes ulmianas de simplicidade, racionalidade e funcionalidade. Conhecedor desses preceitos, Rogério Duarte escreve, em abril de 1965, as Notas Sobre o Desenho Industrial, nas quais define o desenho industrial como A IDEAÇÃO DE FORMAS PARA A PRODUÇÃO EM SÉRIE. O texto apresenta o movimento Art Nouveau, a Bauhaus e a Escola de Ulm. Sobretudo contra essas duas últimas escolas, afirma o perigo da transformação do designer em técnico e insiste na relação entre arte e desenho industrial. A capa do disco Qualquer Coisa, de Para Rogério Duarte, 1975, de Caetano Veloso, por exemplo, TUDO AQUILO QUE NÃO tem influências da Arte Pop e da capa TINHA STATUS DE “BOM do disco Let it Be, de 1970, do grupo de DESENHO”, PARA USAR O TERMO rock inglês Beatles. MANIQUEÍSTA QUE ULM USAVA, INTERESSAVA À TROPICÁLIA.


Se por um lado, Rogério Duarte rompe com os ulmianos, por outro, há nos seus projetos esforço de afirmação do Design Gráfico no Brasil. No documentário Rogério Caos e os experimentalismos tropicais, de Claudio César Gonçalves, o artista situa seu trabalho da década de 1960 em novo espaço. O design brasileiro significa, até essa época, a criação de logomarcas no mundo corporativo ou o design funcionalista proposto pela Esdi. Ao utilizar o design gráfico em capas e Mesmo recluso na Bahia cartazes, Rogério Duarte transforma-o e em hospitais psiquiátriem veículo de comunicação de massas. cos no final da década de Além disso, insere o design em campo 1960 e no início de 1970, antes ocupado pela pintura e pelo desenho. As- Rogério Duarte permanesim, surge a figura do capista conhecedor da ti- ce ligado à Tropicália. Na pografia e da maquinaria das gráficas. década de 1980, seu trabalho é recuperado e transbit.ly/2YdXwna formado em ícone nacional do pós-modernismo. A POP ART é uma das manifestações estéticas responsáveis pela quebra da gestualidade do expressionismo abstrato, na medida em que se apresenta sob forma de figuração; o uso de materiais não tidos como nobres, e diversas vezes diretamente oriundos da indústria como tintas tipográficas e procedimentos serigráficos, por exemplo, quebram com uma visualidade essencial e elitista da arte, além da aproximação com a cultura popular. Marilyn Monroe Andy Warhol 1967

Entre suas características há o uso de imagens familiares à maior parte da população, estabelecendo relações com o cotidiano, com a publicidade, o consumo, os meios de comunicação e as histórias em quadrinhos. Por meio de uma visão que trazia, ao mesmo tempo, humor, cinismo e crítica ao consumo e ao modo de vida vigente, a pop reviu e trabalhou com aspectos do indivíduo dentro da sociedade pós-industrial.

bit.ly/37DDYM2 capa de disco The Velvet Underground & Nico 1967


A NOVA FIGURAÇÃO brasileira, por os novos artistas (como Antônio Dias) vezes chamada de Pop Art brasileira, que figuram destacadafoi um movimento artístico surgido nos mente na mostra Opinião anos 1960 no Brasil. Com influências 65. Em São Paulo, Waldeda Pop Art americana, os artistas des- mar Cordeiro dá o salto te movimento aproveitaram as experi- que o momento pedia, ao ências estadunidenses, mas buscaram fundir concretismo e pop uma expressão de identidade nacional. art, criando os popcreDuas características das artes plás- tos, que ele definiu como ticas nas décadas de 1960 em todo o “arte concreta semântimundo: a extrema velocidade dos is- ca”. Apesar do neologismos, associada à multiplicação dos mo, ele está mais próximeios expressivos e suportes, e a reto- mo do novo realismo, de mada da figura. Essencialmente urba- Pierre Restany, fazendo nas, captam e expressam o conteúdo uso da assemblage, enda sociedade de consuquanto Oimo, apropriando-se de OS PINTORES ticica manlinguagens dos meios de VOLTAM A OPINAR. tém em seus comunicação massiva. E ISTO É FUNDAMENTAL. parangolés O tratamento da figura, Ferreira Gullar a idéia da após o declínio da abstraparticipação geométrica e informal, oscila entre ção do espectador, que é o núcleo defio campo crítico (nova figuração, figura- nidor do neoconcretismo. ção narrativa) e a neutralidade ideolóTanto o parangolé quanto o popcreto gica (na verdade apenas aparente: pop estão presentes na mostra Opinião 65, art, hiper-realismo). que reúne artistas brasileiros e da EsNo Brasil dos anos 60, a figuração é cola de Paris, todos vinculados às noquase sempre crítica (Gerchman, o vas tendências figurativas. A mostra Vergara da fase inicial, Antonio Hen- significa uma tomada de posição dos rique Amaral), isto é, sempre mais hot, artistas brasileiros diante do momento mesmo quando sua aparência é cool político do país ao mesmo tempo que é (Tozzi, Glauco Rodrigues). Esta tempe- a primeira reação consistente às tenratura crítica aumenta na medida em dências abstratas vigentes na década que nos aproximamos de outras capi- anterior, “Os problemas da linguagem tais regionais, como Recife (João Câ- pictórica” - escreve Mário Pedrosa mara), Goiânia (Siron Franco), Cuiabá “são preocupação de uma minoria, (Humberto Espíndola). mas a guerra, o sexo, a moral, a fome e No Rio de Janeiro, Hélio Oiticica ser- a liberdade são problemas de todos os ve de ponte entre o neoconcretismo e seres humanos”.


Dois anos depois, um grupo de críticos e artistas realiza no MAM/RJ, após publicar um manifesto, o primeiro balanço da arte brasileira de vanguarda. Esta vertente crítica e figurativa é apenas uma das tendências vigentes, como se pode ler no verbete sobre a Nova Objetividade Brasileira. Dentro da polaridade habitual da arte brasileira, isto é, de seu caráter pendular, as sucessivas edições da mostra Jovem Arte Contemporânea, especialmente as últimas, buscam aproximar a criatividade plástica brasileira das novas tendências internacionais, enfatizando seu caráter interdisciplinar, enquanto a Bienal da Bahia (1966) pretende descentralizar nossa arte, abrindo espaço para a produção situada fora do eixo Rio-São Paulo, mas, ao Identificados Policiais da Chacina, Gerchman

mesmo tempo, desregionalizando e atualizando a arte local e nordestina. Este esforço, entretanto, é bruscamente interrompido com o fechamento da segunda mostra, em 1968, um dos muitos atos de censura do governo militar, no auge da repressão, que acaba por provocar o boicote internacional à Bienal Internacional de São Paulo, em 1969. Com dificuldades crescentes para expor seus trabalhos em museus e galerias, os jovens artistas vão às ruas, realizando eventos em praças, parques, aterros, jornais, arte como ação.

Os Parangolés, de Hélio Oiticica, 1960, são um conjunto de obras que nasceram,como dito o artista, de UMA NECESSIDADE DE DESINTELECTUALIZAÇÃO, DE DESINIBIÇÃO INTELECTUAL, DA NECESSIDADE DE UMA LIVRE EXPRESSÃO. bit.ly/2BpiQgd


A OP ART, ou arte ótica, apesar de ser construída com certo rigor, remete a um mundo instável, que se modifica constantemente. Essa característica faz com que o espectador perceba imagens diferentes, trazendo um conceito de que a arte está vulnerável a variações de seus elementos com possibilidade de Fall 1963 diferentes arranjos, proporcionando a Bridget Riley sensação de movimento. A razão da Op Art é a representação do movimento através da pintura apenas com a utilização de elementos gráficos. A alteração das cidades modernas e o sofrimento do homem com a alteração constante em seus ritmos de vida também são uma preocupação constante. A vida rápida das cidades contribuiu para a percepção do movimento como elemento constituinte da cultura visual do artista. Outro fator fundamental para a criação da Op Art foi a evolução da ciência, que está presente em praticamente todos os trabalhos, baseando-se principalmente nos estudos psicológicos sobre a vida moderna e da Física sobre a Óptica. bit.ly/2YOXXDw

Sem título, 1938 Ad Reinhardt CD Gal Costa 1967

No momento da contracultura, o PSICODELISMO foi um caminho que grande parte da juventude escolheu como modo de expressão nos anos de 1960. Em contraposição ao modernismo, o psicodelismo tinha inspiração em diferentes épocas, incorporando características variadas, do Egito Antigo, das visualidades orientais, das Arts and Crafts, da Art Nouveau e do Surrealismo. Utilizava também o seu próprio contexto como base para criação, considerando as alucinações provocadas por drogas como o LSD e suas referências visuais. bit.ly/30ZjcFa

Wes Wilson 1967


FUTURISMO Encabeçado pelo poeta italiano Filippo Marinetti em 1909. Suas principais características eram a exaltação da tecnologia, das máquinas, da velocidade e do progresso. Velocidade do Automóvel Giacomo Balla, 1913

CUBISMO Movimento artístico pautado na geometrização das formas e no abstracionismo. Foi iniciado em 1907 pelo pintor espanhol Pablo Picasso. No Brasil, o movimento cubista influenciou alguns artistas, como Tarsila do Amaral. As damas d’Avignon Pablo Picasso, 1907

EXPRESSIONISMO Surgido em Dresden, na Alemanha, em 1905, o expressionismo foi um movimento artístico que teve origem com o grupo Die Brücke. Caráter subjetivo, irracional, pessimista e trágico, justamente por enfatizar as mazelas e os problemas do ser humano.

A Fonte

Marcel Duchamp, 1917 DADAÍSMO Movimento ilógico encabeçado por Tristan Tzara em 1916. As principais características são a espontaneidade da arte pautada na liberdade de expressão, no absurdo e irracionalidade. A Persistência da Memória Salvador Dalí, 1931

A Fonte, 1917 Marcel Duchamp

SURREALISMO Liderado pelo artista André Breton, despontou em Paris em 1924. Pautado no subconsciente, era caracterizado por uma arte impulsiva, fantástica e onírica. bit.ly/2V0eP9j


No Brasil, o movimento modernista surgiu posteriormente às vanguardas europeias. O período decisivo para sua consolidação foi a década de 20, com a Semana de Arte Moderna. A Semana de Arte Moderna foi uma manifestação artístico-cultural que ocorreu no Theatro Municipal de São Paulo entre os dias 11 a 18 de fevereiro de 1922. O evento reuniu diversas apresentações de dança, música, recital de poesias, exposição de obras - pintura e escultura - e palestras. Os artistas envolvidos propunham uma nova visão de arte, a partir de uma estética inovadora inspirada nas vanguardas européias. Juntos, eles visavam uma renovação social e artística no país e que foi deflagrada pela “Semana de 22”. O evento chocou grande parte da população e trouxe à tona uma nova visão sobre os processos artísticos, bem como a apresentação de uma arte “mais brasileira”. Houve um rompimento com a arte acadêmica, inaugurando assim, uma revolução estética e o Movimento Modernista no Brasil. Mário de Andrade foi uma das figuras centrais e principal articulador da Semana de Arte Moderna de 22. Ele esteve ao lado de outros organizadores: o escritor Oswald de Andrade e o artista plástico Di Cavalcanti. bit.ly/3fxoFqN


Uma vez que o intuito principal desses artistas era chocar o público e trazer à tona outras maneiras de sentir, ver e fruir a arte, as características desse momento foram:

- Ausência de formalismo; - Crítica ao modelo parnasiano; - Aproximação da linguagem oral, com utilização da linguagem coloquial e vulgar;

- Influência das vanguardas artísticas europeias; - Valorização da identidade e cultura brasileira; - Fusão de influências externas aos elementos brasileiros; - Experimentações estéticas; - Liberdade de expressão; - Ruptura com academicismo e tradicionalismo; - Aproximação da linguagem oral, com utilização da linguagem coloquial e vulgar; - Temáticas nacionalistas e cotidianas.

SERIA UMA SEMANA DE ESCÂNDALOS LITERÁRIOS E ARTÍSTICOS, DE METER OS ESTRIBOS NA BARRIGA DA BURGUESIAZINHA PAULISTA Di Cavalcanti

bit.ly/2UNiRld

Organizadores da Semana de Arte Moderna de 1922: René Thiollier, Manuel Bandeira, Manoel Villaboin, Francesco Petinatti, Paulo Prado, Afonso Schmidt, Mário de Andrade, Cândido Mota Filho, Graça Aranha, Goffredo da Silva Telles, Couto de Barros, Borba de Morais, Luís Aranha, Tácito de Almeida e Oswald de Andrade

Catálogo

Cartaz


A POESIA EXISTE NOS FATOS. OS CASEBRES DE AÇAFRÃO E DE OCRE NOS VERDES DA FAVELA, SOB O AZUL CABRALINO, SÃO FATOS ESTÉTICOS. ... O LADO DOUTOR. FATALIDADE DO PRIMEIRO BRANCO APORTADO E DOMINANDO POLITICAMENTE AS SELVAS SELVAGENS. O BACHAREL. NÃO PODEMOS DEIXAR DE SER DOUTOR. DOUTORES. PAÍS DE DORES ANÔNIMAS, DE DOUTORES ANÔNIMOS. O IMPÉRIO FOI ASSIM. ERUDITAMOS TUDO. ESQUECEMOS O GAVIÃO DE PENACHO. Trecho do “Manifesto da Poesia Pau-Brasil” bit.ly/2Y9MZcB


Após a Semana de Arte Moderna, considerada um dos marcos mais importantes na história cultural do Brasil, foram criadas inúmeras revistas, movimentos e manifestos. A partir disso, diversos grupos de artistas se reuniam com o intuito de disseminar esse novo modelo. Destacam-se a Revista Klaxon, o Manifesto Pau Brasil e Antropofágico. O Movimento Pau-Brasil é um entre os movimentos modernistas que tomou lugar na Primeira Fase do Modernismo no Brasil, conhecida como a “Fase Heróica”, fase que apresentou diferentes formas de abordagem patriótica. Este movimento teve início em 1924 a partir da publicação do livro “Pau-Brasil”, da autoria de Oswald de Andrade e ilustração da sua esposa, a artista plástica Tarsila do Amaral. O Movimento do Pau -Brasil é um movimento nativista, que defendia a poesia brasileira de exportação. Tal como o pau-brasil foi o primeiro produto brasileiro a ser exportado, Oswald de Andrade desejava que a poesia brasi-

leira se tornasse um produto cultural de exportação; daí a escolha do nome do movimento. O “Manifesto da Poesia Pau-Brasil” é um dos textos mais importantes de Oswald de Andrade, escritor que, como temos visto, destacou-se na literatura modernista brasileira. O primitivismo é a principal característica desse movimento, em que o patriotismo enveredou por caminhos de valorização do passado histórico brasileiro desprovido dos apelos ufanistas do Movimento Verde-Amarelo. Assim, para além do resgate do primitivismo, são características do Movimento do Pau-Brasil: - Revisão crítica do passado histórico - Abandono do academicismo - Valorização da identidade nacional - Originalidade - Linguagem coloquial e humorada bit.ly/30QFSHz Capa do livro Pau Brasil


A proposta do movimento era a de assimilar outras culturas, mas não copiar. A marca símbolo do Movimento Antropofágico é o quadro Abaporu (1928) de Tarsila do Amaral, o qual foi dado de presente ao marido, Oswald de Andrade. O nome da obra é de origem tupi-guarani e significa “homem que come gente” (canibal ou antropófago). O título da tela é resultado de uma junção dos termos aba (homem), pora (gente) e ú (comer). A divulgação do movimento era realizado na Revista de Antropofagia, publicada em São Paulo. Já o primeiro número trazia o Manifesto Antropofágico. O termo antropofágico foi utilizado como associação ao ato de ruminar, assimilar e deglutir. A ideia, portanto, era de transfigurar a cultura, principalmente a europeia, conferindo assim, o caráter nacional.

Oswald de Andrade 1922


SÓ A ANTROPOFAGIA NOS UNE. SOCIALMENTE. ECONOMICAMENTE. FILOSOFICAMENTE. EXPRESSÃO MASCARADA DE TODOS OS INDIVIDUALISMOS, DE TODOS OS COLETIVISMO. DE TODAS AS RELIGIÕES. DE TODOS OS TRATADOS DE PAZ. TUPI, OR NOT TUPI THAT IS THE QUESTION. CONTRA TODAS AS CATEQUESES. E CONTRA A MÃE DOS GRACOS. SÓ ME INTERESSA O QUE NÃO É MEU. LEI DO HOMEM. LEI DO ANTROPÓFAGO. Abapuru Tarsila do Amaral

Trecho do Manifesto Antropofágico bit.ly/2Y9MZcB

A reivindicação antropofágica podia ser vista como a metáfora do que deveria ser repudiado, assimilado e superado em favor da independência cultural do País. Dialogando com as vanguardas européias e os inúmeros manifestos da época, Oswald vai assumir uma postura radicalmente crítica frente à cultura brasileira. bit.ly/2YaZtRi



A REVISTA KLAXON, mensário de arte moderna é o primeiro veículo dedicado à propagação das idéias lançadas pelos modernistas paulistas durante a Semana de Arte Moderna em 1922. Sem a tradicional hierarquia dos jornais e revistas da época, a Klaxon tem sua pauta definida em reuniões com seus idealizadores, funcionando como um órgão coletivo. Assim, Guilherme de Almeida, Sérgio Milliet, Oswald de Andrade, Mário de Andrade, Luis Aranha e Rubens Borba de Moraes participam das diversas etapas de produção da publicação, desde a redação dos textos até a concepção do avançado projeto gráfico, coerente com o contestador projeto editorial, o que lhe custa seu único assinante após o primeiro número e os dois patrocinadores após a segunda publicação. Klaxon é pioneira na publicação de crítica cinematográfica no país, em artigos assinados por Mário de Andrade comentando filmes como O Garoto de Charles Chaplin, por exemplo. Além disso, publica artigos sobre cultura, crítica literária, poemas, piadas, anúncios satíricos e gravuras. Além de ter logo na primeira hora acalorado o debate sobre as idéias da Semana de Arte Moderna, a revista ainda é a primeira de muitas publicações importantes que surgem ao longo da década de 1920 em diversos pontos do país como Estética, A Revista, Terra Roxa e Outras Terras, Festa, Verde e Revista de Antropofagia. Ela acaba quando deixa de divertir seus editores. bit.ly/37KyDCt

A Revista também destacou-se por sua Publicidade e Propaganda impactante para sua época, destacando o case da “Lacta” onde o verbo Comer no imperativo foi repetido oito vezes, formando um quadrado, dentro dele um triângulo formando com a palavra

Lacta ousando no uso da tipografia um estilo concretista que só surgiria décadas depois. “Não comam Lacta Porém, os anúncios não nem bebam Guaraná” agradaram às empresas, em uma das edições seguintes, a Revista recomendava não comer Lacbit.ly/2V1TgF7 ta ou Beber Guaraná.


No final de 1968, Caetano Veloso e Gilberto Gil eram presos pela ditadura militar por supostas ofensas à bandeira e ao hino nacional. Fazia 14 dias que fora decretado o AI-5, que ilustrou o recrudescimento do regime e atingiu ao menos 1.390 pessoas em seus primeiros dois anos, causando de demissões a mortes. Era o fim da tropicália e o início de uma perseguição que culminaria no exílio dos baianos por quase três anos.

Gil e Caetano exílio em Londres

O pós-tropicalismo foi caracterizado por canções de caráter “sombrio”, a auto marginalização, a solidão, a tristeza, a escuridão, a temática da morte e o sentimento de derrota. Os músicos surgiram com uma postura do baixo astral, da frustração dos sonhos de resistência e da própria derrota, assumindo posturas hippies ou “alternativas”. Teve como sua maior representante a cantora Gal Costa, que já era considerada a musa do movimento tropicalista e após a prisão e o exílio de Caetano e Gil, permaneceu como a única porta voz do movimento, adotando uma postura mais agressiva no início e posteriormente mais hippie. bit.ly/2Yma1Nx


Gal Costa


MARIA CLARA PALMA BALDONI


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