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Cidades Criativas. Criação de um cluster criativo na região Norte de Portugal1 Marta Margarida Correia Crise urbana, globalização e criatividade Richard Florida, talento, tecnologia e tolerância (modelo dos 3 T´s ) são os pilares da competitividade das cidades (2004); só assim as cidades serão capazes de atrair, reter e desenvolver pessoas criativas e assim conseguir responder aos desafios futuros. O desenvolvimento das cidades, depois da globalização, começa a deixar de se basear apenas numa lógica economicista para começar a ser planeado sob o conceito da criatividade, ligando a economia à cultura, combinando aspectos económicos, culturais, sociais e tecnológicos. Os produtos e serviços criativos constituem parcelas bastante consideráveis na economia europeia, tendo já ultrapassado o volume de negócio do ramo automóvel e mostrando tendência para crescer no comércio internacional. A sociedade de informação e do conhecimento desenvolve-se paralelamente à valorização da criatividade como factor de sucesso e competitividade. Mas, se informação é um recurso abundante, o verdadeiro talento reside na capacidade de valorização económica das ideias e do conhecimento: pedaços de significado desenhados, que as pessoas identificam, adoptam e valorizam são o produto das indústrias criativas. Charles Landry as cidades bem sucedidas aparentam seguir um padrão, dando importância ao Genius Locci, e não criam barreiras à criatividade. O incremento da cidadania passa pela actividade cultural, produzida em parcerias público-privadas e dirigidas ao desenvolvimento da confiança e da identidade; Sharon Zukin (em Loft Living), defende que numa nova dinâmica urbana, a cultura gerará e revitalizará a economia, dando como exemplo a recuperação do Soho de Nova Iorque pela frequência e actividade artística e cultural que o tornaram no local da moda, vibrante, extremamente popular e atractivo. Unidade de Coordenação do Plano Tecnológico, declara que em Portugal, o crescimento económico da nova Idade Criativa, está a sobrepor-se a uma antiga Idade Industrial. As suas matérias-primas, são a informação, a propriedade industrial, o capital criativo e intelectual humano, necessários à sobrevivência e crescimento económico na era da concorrência global. Landry e Florida, as indústrias criativas e as cidades criativas relacionam-se de forma simbiótica, alimentando-se mutuamente. As indústrias criativas definem, à partida, um ambiente de abertura, estimulante, atractivo para outras actividades intensivas em conhecimento e exigentes ao nível da qualidade de vida.

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http://quintacidade.com/2009/11/19/cidades-criativas-criacao-de-um-cluster-criativo-na-regiao-norte-deportugal/


Reino Unido. A criação de bairros e quarteirões culturais como política urbana O Reino Unido é, provavelmente, a nível internacional, o melhor exemplo de uma aposta assumida na adopção de estratégias de regeneração e desenvolvimento das cidades através das indústrias criativas, tendo o próprio conceito sido originalmente desenvolvido pelo Department of Culture, Media and Sports (UK DCMS). Neste país, as indústrias criativas criam cerca de 1.9 milhões de postos de trabalho em 121 000 empreendimentos, gerando 8% do valor nacional bruto. Norte de Portugal: «A Manchester Portuguesa»? e «o Soho do Porto» O norte de Portugal e, em particular, o Porto convive com a duplicidade de uma imagem tradicional e conservadora (orientada para o trabalho, onde se concentra a indústria), e por outro lado, uma imagem de vanguarda e inovação (onde floresce uma classe criativa, crítica, consciente e interventiva, e instituições de referência internacional como a Casa da Música e a Fundação de Serralves. Não obstante os principais activos e recursos criativos se encontrarem concentrados na área metropolitana do Porto, também Braga e Guimarões apresentam dinâmicas criativas, hoje conhecidas pela sua actividade universitária e cultural potenciadora de uma imagem criativa, de inovação e modernidade. Constata-se também uma distribuição sectorial, no actual panorama criativo da região, liderados pela Arte e pela Música, seguidos da Moda e do Design, sendo considerada Música como o sector com maior potencial de desenvolvimento. Marca e marketing – o vector estratégico na afirmação do território criativo Entre outras características, os negócios criativos estão entre os sectores mais dinâmicos, flexíveis e inovadores, influenciando a procurara de novos métodos de comunicação, além de que os valores culturais e empresariais destes negócios têm um impacto directo no reforço da identidade territorial. Uma marca forte é um instrumento de agregação de projectos que, sob uma mesma designação, podem influenciar o mercado de forma eficaz. Simultaneamente, funciona como factor de valorização comercial e de reforço da imagem de todos os que se acolherem sob a sua alçada. Tendo em conta a experiência da Porto 2001, poder-se-á considerar que a região norte têm agora uma segunda oportunidade (Guimarães 2012) para se projectar na região, no país e até na Europa, mas também, perceber que o grande desafio virá posteriormente. De que precisa, afinal, uma cidade ou região para ser criativa e se afirmar como tal? No Porto, o desenvolvimento criativo premeditadamente pouco regulado, resultou em projectos vivos e espontâneos (Tom Fleming). As cidades devem, antes de tudo, procurar e reconhecer o potencial criativo e o talento das suas pessoas, mas igualmente criar uma estrutura de organização e administração com capacidade de gestão e de liderança. Um processo de branding deve ser construído como quem constrói uma narrativa, mas a narrativa deve estar em consonância com a realidade, e sem atropelos ou ambiguidades com outros conceitos de comunicação pretendidas para a região.


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