Metal Warriors, #6 - agosto de 2013
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Metal Warriors, #6 - agosto de 2013
EDITORIAL:
Olá leitores! Essa edição aqui deu bastante trabalho para concluir, pois os obstáculos foram gigantescos, mas tínhamos um propósito, e conseguimos chegar à conclusão do #6. SOULFLY é hoje na atualidade a banda de maior expressão musical, com uma sonoridade muito agressiva e suja, deixando todos boquiabertos, então, porque não entrevistá-los e aproveitar essa oportunidade deles estarem bem mais perto da gente? Ainda mais se tratando de um dos responsáveis por expandir a música pesada brasileira no exterior. A última parte da matéria GERAÇÂO GROUPIE, um assunto polêmico e sempre atual. PAUL SPECKMANN do MASTER é um cara singular, guerreiro de longas batallhas, e que aqui fala um pouco sobre a turnê brasileira, o livro e o próximo disco. Paul é um cara que conheci quando ainda tinha a banda Abomination, e sempre acreditou em seu potencial como músico e como ser humano. Temos ainda uma matéria sobre um dos maiores e definitivos festivais brasileiros, que foi o FESTIVAL DA MORTE em agosto de 89 em BH, relatado por quem esteve lá. Conseguimos ainda entrevistar através do Ivanei Salgado, que nos contactou interessado em ajudar. Coisa boa hein? Fez a matéria com os caras do CHAKAL, Korg & CIA, que tão com um som muito bacana. Esperamos vê-los em terras infernais!
Reencontrei o amigo Júlio Neto, de longas datas, que fez entrevista com o Zênite, que está lançando novo disco e fazendo muitos shows. E o que dizer daquele que fica atrás da mesa, ajustando o som para que o show saia perfeito? TREKK MAGALHÃES fala de como começou e dá dicas de como ser um profissional de responsa. Obrigado a todos pela grande força que nos tem dado na confecção do Metal Warriors Magazine.
NESTA EDIÇÃO: GERAÇÃO GROUPIE: Glamour ou decadência (Última Parte) Mara Vanessa................ 06 MASTER Lúcio Oliveira.................. 08 FESTIVAL DA MORTE: História contada por quem esteva lá André LzPaino................. 08 SOULFLY Frans Dourado Erivaldo Gryllum............. 14
COLABRADORES: Mara Vanessa,
Jornalista Freelancer
e adoradora do metal autêntico.
Lúcio Oliveira,
heabanger e arte-finalista em Imperatriz / MA.
Andre LzPaino Metal Maniac, Web Designer responsável pelo site www. vulcanometal.com Frans Dourado, Headbanger e Redator da Roadie Crew
Erivaldo Silva, Headbanger, Filósofo e colaborador da cena de
Parnaíba,PI
Ivanei Salgado Jornalista, Produtor Cultural, Apresentador do Programa Combate e Fanzineiro do Século Passado (Lamentation Zine) Júlio Neto, dono da Retch Zine & Distro
Fawster Teles,
headbanger, arte-finalista e editor do Metal Warriors Mag.
CRÉDITOS
Fotos: Divulgação e de domínio público (internet)
EXPEDIENTE
METAL WARRIORS MAGAZINE é uma revista de conteúdo direcionado aos apreciadores da música pesada. Sua tiragem é de 500 cópias, periodicidade bimestral.
CHAKAL Ivanei Salgado................ 18
Diagramação: Fawster Teles
ZÊNITE Júlio Neto........................ 20
CONTATO:
TREKK MAGALHÃES Fawster Teles................. 22 REVIEWS CDS Júlio Neto........................ 24
Impressão: Gráfica Livramento R. MIGUEL ARCOVERDE, 555 COND. JARDIM JÓQUEI FIGUEIRAS / 203 - NOIVOS 64045-330 - Teresina - PI - Brasil metalwarriorsmag@gmail.com Fones: (86) 9493-6208 (claro) ou (86) 9801-8205 (tim)
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Mara Vanessa, Jornalista Freelancer e adoradora do metal autêntico.
GERAÇÃO GROUPIE:
Glamour ou decadência? (Última parte) No dia do evento, Cíntia se insinuou diversas vezes para os músicos, ficando claro que o status de transar com alguém famoso, um sujeito que tenha o seu rosto estampado em camisetas e nas capas de revistas, é uma ótima motivação para alcançar a fama na roda de pessoas do grupo que frequenta. Mas, nem todos compartilham da idéia de que as groupies são “fundamentais” para a história da música. Alguns artistas
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acreditam que elas chegam a desvalorizar a imagem da banda com sua busca por alguém que lhes proporcione uma relativa fama. O baixista de uma banda mineira - que preferiu não ser identificado - sugeriu que elas “estão apenas atrás de coisas banais, não gostam e nem querem saber do que o músico, como pessoa, tem para oferecer”. Ele diz também que no Brasil, “não existem groupies glamourosas, e sim
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meia dúzia de adolescentes loucas para estarem do outro lado do palco, para colocarem em seus facebooks a foto premiada com fulano de tal, de banda tal”. Em outros relatos concedidos em off, músicos afirmaram que música é alma, vida, filosofia, sensações e não dá pra respeitar alguém que só esteja afim de dar uma “trepada” em troca de umas fotos e comentários em páginas na Internet.
O vocalista da banda alemã CODE ORANGE, Diego de Calazans, acredita que os “fãs dedicados têm uma função importante na história do Rock, mas já as groupies são uma coisa a parte, e elas podem ser ou não verdadeiras fãs de uma banda”. Já o guitarrista de uma banda de Thrash Metal piauiense compartilha da opi-nião de que “as bandas devem ter suas groupies e que elas devem estar presentes para a alegria e distra-
ção geral do pessoal.” Segundo ele, “elas são importantes por cresce-rem junto com toda a evolução musical”. Fundamentais ou não, é inegável que muitos momentos marcantes dentro da história do Rock ‘n’ Roll e do Heavy Metal foram presenciados e tiveram colaboração direta dessas personalidades que, usando as pernas e o que têm no meio delas, conseguiram fazer o Kiss dar um depoimen-
to pessoal a respeito da atuação delas na música “Plaster Caster” ou os músicos do Led Zeppelin se esbofetearem para ver quem seria o escolhido da menina-mulher (de apenas 14 anos) da noite. Atualmente, fãs da famosa groupie Pámela Des Barres inspiram-se no seu livro “Confissões de uma groupie: I’m with the band” para continuar catalisando o público-alvo. Afinal, a resposta é quase unânime quando indagadas sobre o porquê de correrem atrás de astros da música: “O som agudo de uma guitarra e a sexy pancada de um denso e profundo baixo me abriram e instalaram o caos em meus hormônios adolescentes. Queremos estar perto dos homens que nos fazem sentir tão bem, e nada vai nos impedir”.
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Lúcio Oliveira, Heabanger e Arte-Finalista em Imperatriz / MA.
São pioneiros do Death Metal ao lado de Possessed, Necrophagia, Death e Morbid Angel. o MASTER continua com todo gás. sempre fiel ao Death Metal ‘old school’ e, com praticamente trinta anos de atividade, sem deixar suas origens, agradando os antigos bangers e atraindo novos fãs com seu mais recente album “The New Elite”, lançado pela “Pulverised Records” em 14 de agosto 2012. A banda atualmente conta com: Paul Speckmann (baixo, vocal), Alex Nejezchleba (guitarra) e Zdeneck Pradlovsk (bateria). Como quase toda banda, já passaram por mudanças em sua formação, mas Paul Speckmann toma a frente da banda até hoje, que mantém a mesma formação a onze anos e talvez seja isso um dos motivos que os ajudam na luta para se manterem ativos, viajando no tempo e chegando na era do uso da tecnologia e de novas mídias, como MP3, cd virtual, vídeos no youtube... No final, todos esses meios, segundo Paul, ajudam a expor a banda para um público mais amplo. Antigamente a cena era menor, hoje o Master con8
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Sobrevivente Underground
segue ser conhecido em vários lugares ao redor do mundo. “Você não pode voltar atrás e perder seu tempo pensando no passado, era um tempo e espaço diferentes. Nós trabalhamos duro em cada registro e esperaramos sempre o melhor. Eu não me incomodo com comparações com registros passados, mas eu vivo para o futuro.” diz Paul Speckmann. Recentemente a banda lançou um DVD e um livro chamado Speckmann, Survivor Underground, The Pictorial, e acabam de gravar o próximo album, que se chamará “Witch Hunter”, e será lançado pela FDA Rekotz 27 de setembro 2013. Album que secede o ótimo “The New Elite”, que
foi muito bem recebido pela crítica e público, chegando a ser apontado como clássico, e comparado até com os dois primeiros albuns da banda. Em
2010 a banda passou pelo Brasil durante a “Masters of hate tour”, fazendo mais de 20 shows por aqui. “Fui a uma viagem ao inferno e voltei e eu amei cada minuto dela. Vamos voltar o mais cedo possível. As viagens eram longas mas conheci
muitos fãs e pessoas interessantes, a comida é incrível, assim como a cachaça.”, essas foram as lembranças de Paul, que se mostra ansioso para pegar estrada e retornar ao Brasil em 2014.
Contato: brunomortos@hotmail.com (99) 9164 4383 www.facebook.com/mortosdeathmetal www.myspace.com/mortosdeath
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Andre LzPaino Metal Maniac, Web Designer responsável pelo site www.vulcanometal.com
FESTIVAL DA MORTE História contada por quem esteve lá
Show realizado em agosto de 1986 reunindo as bandas Mutilator, Chakal, Guerrilha e Vulcano, produzido por Silvio SDN. “O ano de 1986 , shows estavam começando a pipocar em BH e já havia uma necessidade de intercâmbio entre as bandas, do Rio de Janeiro o DORSAL já havia tocado em BH com o SEPULTURA e o OVERDOSE, precisávamos trazer alguma banda de Sampa, era difícil bandas de SP toparem tocar por aqui sem cache e então o VULCANO se interessou em tocar por aqui com um esquema de camaradagem e porcentagem de bilheteria. Eu assumi a produção, mesmo sem quase nenhuma experiência e sem patrocínio, consegui um “empréstimo” com o João da Cogumelo e fui em frente com o evento. O line up foi VULCANO, CHAKAL, MUTILATOR e GUERRILHA , que era um projeto paralelo do SEPULTURA comigo no vocal , mas por estar envolvido na produção e já com o MUTILATOR, o Gentil, um amigo nosso, assumiu os vocais no GUERRILHA. O show foi em uma quadra de futebol society no Centro da ci10
Esta é uma tentativa de recriação do cartaz original, baseado na imagem dele em uma foto.
dade chamado CAMISA 10. Espaço horroroso e sem nenhum conforto, tive de alugar, som, luz, palco e etc...
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Claro a bilheteria não cobriu os custos , e durante 6 meses trabalhei de graça pra Cogumelo em um novo projeto chamado
CREPÚSCULO DOS DEUSES, todos 0s fins de semana para cobrir o prejuízo do evento. No restante não me lembro muito pois estava muito chapado pra lembrar a hora dos shows, existe registro desse festival em vídeo..., me lembro que no dia seguinte SEPULTURA e VULCANO seguiram viagem para SP pois na próxima semana o SEPULTURA iniciou as gravações do disco Morbid
de Heavy Metal em Belo Horizonte e no Brasil começava a mostrar a sua cara,o Rock in Rio 1 havia deixado um legado e o movimento metal crescia em todo brasil. O MUTILATOR estava em crescimento e a gente como banda dedicava horas diarias aos ensaios e estavamos bastante entrosados para esse show. O Silvio nosso vocalista assumiu também a produção do evento com muita raça e
tercâmbio entre bandas BH/SP. Me lembro que a galera estava nervosa e fizemos um ótimo show, afinal, o MUTILATOR estava em amplo crescimento. Tirando as adversidades com relação aos prejuizos, creio que esse festival foi um divisor de águas no metal mineiro. Eu sei que existe registro desse show, creio que as imagens pertencem a Cogumelo, e o sonho que um dia seja lançado em DVD, para
Alexander “Magoo”, Ricardo Neves, Silvio SDN, Kleber, Rodrigo Neves
Visions em SP nos estúdios Vice-versa , hoje chamado estudios Trama.” (Silvio SDN - Mutilator). “FESTIVAL DA MORTE, o ano era 1986, o movimento
coragem, afinal não tínhamos recursos financeiros e também nos faltava experiência suficiente para coordenar e produzir um evento. Tivemos a ilustre presença do VULCANO tocando com a gente e fazendo um in-
que os Bangers mais novos sintam como era o movimento naquela época, vendo e sentindo a importância de bandas como MUTILATOR, VULCANO, GUERRILHA, CHAKAL etc, etc, etc para o metal nacional e
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Mark, Willian Wiz, Vladimir Korg, Destroyer, Necromancer
mundial. Queria deixar um abraço aos ex-membros do MUTILATOR e à todos os Bangers do Brasil !!!!!!! (RICARDO NEVES COSTA, ex - Mutilator – Bass).
O Festival da Morte ocorrido em Belo Horizonte no ano de 1986 foi um evento muito especial tanto para nós do CHAKAL como também para confirmar o titulo de BH como a capital do metal. Pode parecer simples nos dias de hoje, mas foi um grande passo para o que seria consolidado nos anos seguintes, primeiro porque era uma dificuldade conseguir fazer um show por causa dos custos com equipamentos com a falta de experiência em 12
fazer shows e até em achar um lugar decente. Pra aumentar a expectativa ainda tinha o show do VULCANO, que era uma das bandas que estavam despontando para o cenário do metal realmente pesado do fim dos anos 80. O VULCANO, talvez por ser do interior, era muito parecido com as bandas de BH, enquanto as bandas de São Paulo capital eram em sua maioria uma espécie de clone do NWOBHM, nós tentávamos fazer parte de um movimento bem mais recente, em decorrência dessa tentativa de sermos mais rápidos, técnicos, barulhentos e criativos surgiram nesse período excelentes bandas em Belo Horizonte e no Brasil.
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O CHAKAL estava gravando sua participação na coletânea Warfare Noise I e fomos direto do estúdio para o local do show, vale salientar que foi o nosso segundo show e o primeiro com o Korg no vocal, acredito que a receptividade do público juntamente com o posterior lançamento da WN I os principais motivos que nos credenciaram para gravar nosso álbum Abominable Anno Domini. O VULCANO foi um show a parte, depois da galera presenciar CHAKAL, MUTILATOR e GUERRILHA, finalmente os portais do inferno se abriram e o Vulcano fechou com chave de ouro um show que creio eu, ficou marcado na memória e em vídeo para toda a eternidade.
Vale salientar que pela dificuldade financeira e até em conseguir encontrar instrumentos decentes, todos os músicos compartilharam seus instrumentos para que todos tocassem em igualdade de condições. (WIZ - Chakal - 2013). “Lembro pouco deste show, estava todo mundo da cena do metal da época, o som estava
“Me lembro de ter chegado na rodoviária de BH e não sei como cheguei na Rua São Paulo onde se localizava a quadra do Camisa 10. Realmente estavam todos da cena Metal de 86 por lá. O show foi intenso e dá para ver pelo DVD lançado pela Cogumelo muito tempo depois. Após o show do VULCANO, aquelas coisas de fotos e tal teve uma brincadeira do
fechou e fui procurar um hotel com minha esposa, e quem conhece a região sabe que tipo de hotel eu consegui, não é? Na semana seguinte fui pegar as 2 VHS com o Max, acho que em Alphaville SP. Eu e o Toninho Pirani da Brigade, com a ajuda de um amigo dele, fizemos a edição das duas câmaras, mas nunca foi lançado oficialmente. Muito tempo depois a Cogu-
Jairo muito interessante imitando um repórter da TV que dizia algo como “vem comigo...” e com isso ele conseguiu registrar momentos de descontração de todos que fizeram a cena nos anos 80. A casa
melo achou os tapes originais e lançou em DVD.” (Zhema – Vulcano)
Zhema and Angel”Uruka”
bem alto, e tinha muita fumaça das “smoke mary”, tinha duas no palco, quase que não se via a platéia, foi o melhor show da formação clássica, Zhema, Eu, Soto Júnior, Zé Flavio e Laudir Piloni.” (Angel Uruka - ex-Vulcano).
Fonte: http://www.vulcanometal.com/fdmrte.htm
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Frans Dourado, Headbanger e Redator da Roadie Crew
Existe a máxima de que algumas pessoas nascem com uma estrela na testa. Outras traçam um árduo caminho e, alheio às dificuldades, buscam seu lugar ao sol. Max Cavalera enquadra-se entre aqueles 14
Erivaldo Silva, Headbanger, Filósofo e colaborador da cena de Parnaíba,PI
que adotam uma filosofia de vida e com autêntica personalidade fazem história. Sem precisar detalhar demais a longa carreira e importância para o cenário mundial da musica pesada, eis que com
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a iminente turnê sul-americana, o calor da gravação de um novo lançamento, com o Soulfly, Max vêm deixando um legado para a posteridade. Tendo o próprio filho Zyon gravando, fala: ele tá com 21
anos, ta tocando pra caralho e estou muito orgulhoso. Sempre focado e atento, levando isso direto, ou indiretamente, para o som praticado por sua banda cita, Eu continuo escutando Death Metal, eu adoro estilo e adoro novas bandas como Wretched, Bloodbath, Belphegor, Behemot, Abysal Dawn, influencias que se escutam nos cds do Soulfly e Cavalera. A explosão dos protestos que se alastrou por todo o
Brasil fez com que os fãs se lembrassem imediatamente de Refuse/ Resist, o que fez com que ele gravasse um vídeo de apoio ao povo brasileiro. Sua opinião sobre tudo o que aconteceu e vem acontecendo no Brasil diz: Eu acompanhei os protestos pela internet, e decidi fazer a minha parte mandando uma mensagem para os protestantes e fiquei orgulhoso que se lembraram de musicas tipo Refiuse/Resist para os protestos.
Porém Max também já sofreu resistência, durante sua história com o Sepultura, foi um dos responsáveis por difundir algumas das melhores bandas punk/ crust/HC do Brasil e de outras partes do mundo, fosse através das camisetas que usava ou dos depoimentos que dava. Vencer a barreira do preconceito entre os headbangers. Pra mim a energia do Hardcore e Metal sempre estão juntas e eu
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curto os dois estilos numa boa. Adoro bandas novas de Hard/Grind Core tipo Nails, Pulling Teeth e foi muito legal fazer o primeiro show de Metal e Hardcore no Brasil, que foi Sepultura com
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Ratos de Porão no Teatro Mambembe em São Paulo. Dentre as inúmeras parcerias, uma das que remete a tempos históricos é David Vincent (ou Evil D) quando a galera do Morbid Angel
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mencionava o Sepultura, em recente parceria, Blood Fire War Hate pro album Conquer do Soulfly, Max fala: O Evil D é um cara muito do caralho, ele me conhece das antigas, da época do Morbid Visions, trocamos camisetas e discos de vinil nessa era de ouro do Metal. Sobre o que achou do novo disco do Morbid Angel, Illud Divinum Insanus; acho que algumas musicas não mereciam entrar no disco, principalmente as mais experimentais, talvez seria melhor ter feito um projeto paralelo
para essas musicas, mas no geral eu até que gostei, tem muita musica legal que parece Morbid Angel antigo. Impossível se livrar da questão reunião, se diz de saco cheio dessa história: Pra mim não me importa se a reunião vai ou não acontecer. Talvez será melhor que não aconteça. Outra resistência sofrida por parte dos antigos fãs, Soulfly em início de carreira. Demorou um pouco
pro pessoal entender o que é o Soulfly, mas eu nunca desisti da ideia inicial, um Metal diferente para o mundo. acerca do lançamento de Savages, diz ainda, espero que seja um grande album para o Soulfly, eu gostei do produto final. Terry Date (Produtor) detonou e acho um dos melhores cd’s da carreira do Soulfly. Official Soulfly Website http://www.soulfly.com
Gloria, empresária do Soulfy, esposa de Max, tem grande contribuição pelo sucesso de uma das mais loucas bandas de metal que o mundo já concebeu. Foi ela quem viabilizou o contato do Metal Warriors Magazine diretamente com Max, de quem sou fã desde moleque. Palavras são poucas demais para agradecer. (Fawster Teles)
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Ivanei Salgado - Jornalista, Produtor Cultural, Apresentador do Programa Combate e Fanzineiro do Século Passado (Lamentation Zine)
Com dentes a mostra e pronto para morder!
Enquanto algumas bandas da cena mineira dos anos 80 paralisaram suas atividades e foram erigidas ao status de mito, outras foram persistentes e retornaram ativamente ao mundo metálico. Felizmente, a banda Chakal se enquadra na segunda categoria. 18
Depois de um interlúdio na década de 90, após o lançamento do álbum “Death Is A Lonely Busines” (1991), a banda retornou às portas do novo milênio e, como bons mineiros, “conspiraram por dois anos” para o lançamento do impactante “Deadland” em 2002. Dois anos depois,
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o disco “Demon King” reafirma a poderio e a integridade do grupo entre as maiores bandas de Metal Brasileiro. Após o lançamento desse quinto álbum da carreira, o grupo belo-horizontino entra em um interlúdio de nove anos, mas apenas dos estúdios. “O Chakal
não se preocupa em ter uma discografia extensa e sim álbuns relevantes para a cena metal. Não tivemos nenhum problema nesse período, tocamos bastantes e fizemos bastantes amigos”, ressalta o vocalista Wladimir Korg. O novíssimo “Destroy! Destroy! Destroy!” está em fase de produção. Segundo o vocalista, ainda não fecharam com nenhuma gravadora o lançamento do álbum. “Acho que a palavra apropriada seria distribuição. Estamos mais ansiosos de como os fãs do Chakal reagirão. O som está grande e para os colecionadores de CDs preparamos um material gráfico muito caprichado”, completa. O quinteto formado por Korg (vocal), Mark e Andrevil (guitarras), Cássio Corsino (baixo) e Wiz (bateria) está empolgado com o novo álbum. O processo de composição surge naturalmente e pelas prévias disponibilizadas na Internet, o resultado é supremo. As letras das músicas já estavam escritas desde 2008, no entanto, foram reescritas pelo letrista Wladimir Korg e inspiradas em personagens de terror.
“No Chakal é interessante para mim fincar o pé no mundo sobrenatural. Acho que me aproximo mais das origens do Heavy Metal. Eu tenho torcido um pouco o nariz para trabalhos conceituais pesadões meio intelectualizados. Acho que quanto mais velho eu fico, mais eu acredito no Metal como uma válvula de escape para o ódio. Quando estamos no palco queremos ver sangue e foda-se! Estou cuspindo meus pulmões para fora e com gosto de sangue na boca, não dá pra ficar com mimimi”, diz Korg. Com essa postura agressiva, a banda viveu a efervescência metálica da cena mineira dos anos 80. Mas o grupo não vive na inércia de “representantes da cena mineira dos anos 80”, estão focados no agora. O
vocalista do grupo confessa “detestar” a ideia de “guerreiros do Metal”, pois considera essa analogia ultrapassada. “As pessoas têm que ouvir metal sem esses bobagens de se foi feito há trinta anos ou hoje. Os anos 80 foram bons porque todos nós éramos jovens e a configuração política e social do país trouxe um pouco mais de sangue nos olhos, mas para aqueles que ainda não perceberam isso foi há trinta anos atrás. Se vocês querem um conselho de um velho lobo: vivam o agora! O Chakal não é uma banda da década de 80, nós somos do presente. Estamos vivos e mordendo forte!”, finaliza Wladimir Korg. CONTATO www.facebook.com/chakal.bhmg myspace.com/chakalbr
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Júlio Neto, dono da Retch Zine & Distro Itabuna, BA
Batemos um papo com o Sandro Maués, batera da banda de Thrash Metal formada em Belém do Pará, mas que há quase uma década está radicada em São Paulo. Eles acabaram de lançar seu novo CD, intitulado Following 20
The Funeral. Fundada no já distante ano de 1987, inicialmente seu som era um Hard Rock que devido à estrada e as constantes mudanças de formação foi evoluindo até chegar ao Thrash Metal de hoje em dia. Lançou três
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demos tapes e participou de duas coletâneas (Açaí Pirão e Rock Soldiers) até chegar ao tão aguardado debut, Brutal Enigmatic Prophecies no ano de 1999. Em 2002 entram em estúdio para gravar o seu segundo álbum
intitulado Tales of Death que conta com produção do Fabiano Penna (Ex-Rebaellium) e com participações especiais de Victor (Torture Squad) e Hugo e Bodão (Side Effectz). Este disco conta com uma qualidade de produção e de gravação muito superior ao seu debut e mostra toda a força da Zênite. Apesar da longevidade, a discografia da banda ainda é pequena ao que ele analisa: “acho que o problema maior para as bandas underground é “grana”. Temos sempre que negociar os melhores preços e condições de gravação, sem poder deixar de lado a qualidade do trabalho. O Zênite, no entanto, paralelo ao lançamento do Following The Funeral, já está compondo o material do próximo álbum e tentaremos lançá-lo num espaço de tempo mais curto desta vez. E este novo trabalho com certeza manterá a mesma qualidade ou será superior, pois sempre buscaremos a excelência”. Finalizando nosso batepapo, confirmaram a participação em dezembro no Festival Zombie Ritual ao lado de nomes consagrados como
Kreator, DRI, Benediction, Tim Ripper Owens, dentre muitos outros. Aproveitando o espaço aberto, a banda deixou um recado para os nossos leitores e seus fãs: “Obrigado pelo apoio de todos. Sem o público não teríamos grandes motivos para continuar. Aos bangers brasileiros prometemos shows cada vez mais insanos e, de maneira específica, aos bangers par-
aenses prometemos estender esta insanidade em nossas próximas apresentações na terra natal. Os shows do Zênite continuam com a mesma potência de um soco na cara. Porrada seca no ouvido! Aguardem!”
Contato: www.myspace.com/zeniteband zenitemetalbeer@gmail.com Facebook: /zenite.belempa (19) 8208-4584
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Fawster Teles, headbanger, arte-finalista e editor do Metal Warriors Magazine
TREKK MAGALHÃES
Na estrada do Metal, Jazz e Blues
Bem antes de concluir o curso de Técnico de Som pela Sousa Lima, no ano de 2000 na capital paulista, José Vilson Magalhães, mais conhecido como Trekk, 43 anos, natural de Salinas/MG, já tinha bastante contato com estúdios de gravações, e com a fantasia de ter banda, ouvir som, acabou se entregando de vez a esse lado louco do mundo da música pesada. Apai22
xonado pelo trabalho que exerce já há algum tempo, Trekk é determinado na profissão que escolheu – “Não tive complicações, pois é algo que faço com vontade, é gratificante e fazer o que se gosta não tem preço – enfatiza,”. Tem vasta experiência na estrada em território brasileiro e gringo como Técnico de Som (Sound Guy), trabalhando ao
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lado de grandes nomes no metal mundial, como Marduk, Vader, Enthroned, Napalm Death, Incantation, Monstrosity, Candlemass, Krisiun, RDP, Claustrofobia, Alkymenia, Nervochaos, Pandora, Disgrace, Abomination, Torture Squad e outros, trabalhou também com gravações em estúdio e ao vivo (DVD), adquirindo mais bagagem.
Além da música pesada, Trekk também trabalha com jazz e blues, e teve o prazer de trabalhar em certa ocasião com Shyrley King (filha do BB King). Sempre em constantes viagens, adaptou-se facilmente com as diferenças de fuso horário e cardápios culinários de outros países e regiões brasileiras e nunca encontrou dificuldades em relação a isso, chegando a ser considerado um camaleão do metal, adaptando-se sempre às situações ao redor. Quando pedi que desse uma dica para quem está começando nessa profissão agora, ele é bem direto – “tem que gostar de viajar, não ter horário nem para dormir muito menos para acordar, e principalmente estudar bastante e ter um gosto musical muito apurado. O resto é só rotina, diz.” Para Trekk, o público metal nas regiões brasileiras é o mais insano do mundo, e por esse motivo as bandas gringas gostam tanto de excursionar em nosso país, pois se sentem confortáveis e felizes em se apresentar para um público tão sedento de música pesada, porém, ainda há muitas produções precárias, uma falta que deve ser urgentemente corrigida. Fã incondicional de Raul Seixas, José Vilson, é um cara tranquilo, sangue bom, e cheio de amor e sangue pra dar na sua profissão, e considera “Ouro de Tolo” um dos melhores discos da música brasileira de todos os tempos, ao lado de nomes nacionais
com Nervochaos em SP.
com Adrismith (Panndora) e Fulano de tal (Da Tribo studio
da música pesada como “The Great Execution” (Krisiun), “Canibalismo” (RDP), “Revolta Repúdio” (Ação Direta) e “Thrasher” (Claustrofobia). E se tratando de música gringa, cita “Black Metal” (Venom), “Hell Awaits” (Slayer), “Darkness Descends” (Death Angel), “Seven Churches” (Possessed) e “Metal Church” (Metal Church) como os me-lhores álbuns da sua vida. Sem dúvida alguma, um bom gosto musical o cara tem de sobra! Trekk finaliza: Não existe vitória sem uma árdua batalha!
com Nephast e Zorates em João Pessoa-PB (2003)
Marco Aurélio Bioface, Trek e Pancho Ação Direta no MR. Som Studio (SP)
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REVIEWS
SKINLEPSY
Condemning the Empty Shinigami Rec, 2013
Banda formada em 2003 da espinha dorsal da extinta Siegrid Ingrid, lançou no mesmo ano a demo Reign of Chaos e agora após um hiato de uma década, nos brinda neste seu novo trabalho fazendo um Thrash Metal absolutamente matador com um pé no Death Metal. O CD abre com a faixa Crucial Words que após uma intro se apresenta com um verdadeiro soco no estômago, rápida e brutal. Na sequência vem à faixa título com um riff de guitarra marcante, uma levada rápida, mesclando com partes cadenciadas e ótimos solos, acaba se tornando um destaque no meio de um álbum nivelado por cima. Crawling as a worm, Perversions of Racial Hatred que conta com participação especial de Luiz Carlos Louzada do Vulcano/Chemical Disaster, letra mesclando inglês e castelhano e uma temática muito forte, Regressing From The End 24
com participação especial de Fernanda Lira da Nervosa nos vocais e solo de Thiago Schulze da Divine Uncertainty também merecem ser citadas. Condemning the empty souls é um CD para ser ouvido na íntegra, batendo cabeça durante as nove faixas. São 34 minutos de pancadaria da mais alta qualidade. Contatos: www.skinlepsy.com www.facebook.com/skinlepsy e-mail: skinlepsy@hotmail.com Júlio Neto, julioneto@hotmail.com
ZÊNITE
Following the funeral Shinigami Rec, 2013
Oriunda de Belém do Pará, esta veterana banda de Thrash Metal vem na luta desde o distante ano de 1987. Sua discografia ainda é pequena, este é o terceiro disco da banda, mas merece ser conferida com atenção, pois tem muita qualidade. Ao todo são onze músicas em cerca de quarenta e dois minutos, que podem virar
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facilmente oitenta e quatro, pois a vontade de dar play novamente quando acaba a última faixa é grande. Thrash muito bem trabalhado, lembrando Testament, nos envolve desde a primeira faixa. Blood abre lenta, cadenciada e se torna muito difícil não banguear no seu ritmo. Em seguida vem Worms of Hate já tem uma levada mais rápida, com passagens também cadenciadas e um ótimo trabalho de Luiz Lobato (Bass) e Sandro Maués (Drums) trazendo muito peso às partes mais lentas. Poderia ficar aqui citando cada faixa e seus pontos altos, mas não é necessário, pois o disco merece ser ouvido na íntegra. Mas, em minha opinião, o carro chefe é a faixa titulo, alternando peso, cadência e violência, é uma aula de Thrash Metal muito bem feito. Este é um disco conceitual e conta a história de Yucan, o velho da capa, que morre e assiste a sua própria decomposição. Conta também com a regravação de Cursed Cemetery da Black Mass, banda que o Luiz Lobato fazia parte nos anos 80. Se é muito bom ouvir um trabalho de uma banda nacional de qualidade vindo do eixo RJ-SP-MG, é bom demais ver que o Brasil como um todo é um celeiro de bandas boas. E a Zênite veio com este novo trabalho colocar de vez seu nome na lista dos expoentes do gênero. Júlio Neto, julioneto@hotmail.com