Julho agosto

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Revista da Igreja Metodista no Estado do Rio de Janeiro Nº 31 • julho/setembro 2011

Evangelho da verdade Artigos abordam como comunicar as Boas Novas mantendo-se fiel ao propósito de Deus para a salvação

Meio ambiente: tempo de reconstruir

Creia no sucesso de seu casamento


Cara ao leitor

Jesus nos passou uma importante missão: anunciar o Evangelho. Certamente, naquela época, seus discípulos não dispunham de qualquer recurso tecnológico. No entanto, eles foram eficientes ao cumprir o Ide de Jesus. Prova disso são os crentes que hoje, em diferentes lugares no mundo, reúnem-se em suas igrejas para cultuar aquele que é personagem central da Palavra de Deus: Jesus. Agora cabe a nós a tarefa de comunicar a mensagem de salvação que Ele nos deixou. Contudo, quando se trata da divulgação do evangelho, alguns questionamentos se fazem necessários. Como temos comunicado a mensagem de Cristo? Que tipo de evangelho tem sido pregado? Temos sido fiéis ao propósito de Deus explícito nas Escrituras? Um artigo escrito por mim e outro pelo pastor Pablo Massolar levantam essas questões. Algumas respostas são bem evidentes. No entanto, às

vezes, na tentativa de sermos diferentes, acabamos perdendo o foco. Esquecemos que Jesus é nosso maior modelo de comunicação. Basta nos mirarmos nEle. Em seus sermões, Ele sempre usava uma linguagem específica para cada grupo. O recurso das parábolas, por exemplo, é bem recorrente nos evangelhos. Não há o que inventar. E quando profissionais da área de comunicação se colocam a serviço do Reino, esse trabalho tende a dar bons frutos. Entretanto, não basta ser eficiente na utilização dos meios de comunicação. Precisamos primar pela qualidade da mensagem propagada. Pablo Massolar faz uma observação interessante em seu artigo intitulado Por favor, voltem ao Evangelho! O texto faz uma abordagem sobre a descaracterização da mensagem pregada por alguns que se dizem servos de Deus. “Denuncio esses lobos enganadores,

BOAS DICAS

Evangelho com forma e conteúdo

Alda Filgueiras lança livro sobre Salmos

raça de víboras, envenenadores do Evangelho que, não se contentando em mudar apenas uma vírgula ou til da revelação, perverteram todo o sentido da Palavra”, declara. Esse tipo de mensagem o articulista chama de “envenenangelho”. Dessa forma, concluímos que na propagação do Evangelho, devemos preocupar-nos, sobretudo, com o conteúdo da mensagem. Sabemos que existem profissionais competentes atuando no segmento evangélico. No entanto, não podemos abrir mão da autenticidade das Escrituras. De olho no exemplo de Jesus e usando as ferramentas apropriadas com competência, iremos, a exemplo dos discípulos, colher os frutos de nosso trabalho: milhões de vidas alcançadas pela Palavra de Deus. Nádia Mello Editora

Em junho, foi lançado Salmos & Vida, o livro de autoria de Alda Filgueiras. A obra, escrita ao longo dos anos, traz meditações sobre os Salmos da Bíblia. Durante o lançamento, a autora, de 84 anos, esteve ao lado de amigos, parentes e membros da igreja da qual é membro, a Metodista de Botafogo, para presentear a todos com este belo trabalho. “Quando passo por algum problema, a leitura e reflexão do livro de Salmos me ajuda a perseverar em minha caminhada e levanta meu ânimo. Por isso, acho muito bom lê-lo e aconselho a todos que o façam. É uma leitura muito prazerosa”, diz Alda. Vale a pena conferir! Contatos pelo (21) 2226-0845. fonte: Redação


04 Por uma Igreja Missionária e Apostólica

Nº 32 • julho / agosto 2011 Bispo da Primeira Região Eclesiástica Paulo Lockmann Conselho Editorial Ronan Boechat de Amorim – coordenador, Selma Antunes da Costa, Deise Marques, Marcelo Carneiro, Nádia Mello, Paula Damas Vieira. Editora Nádia Mello (MT 19.333) Assistente de redação Camila Alves Revisão Evandro Costa Projeto gráfico Pablo Massolar Circulação: 11.000 exemplares Esta publicação circula como suplemento do Jornal Avante, não sendo, portanto, distribuída separadamente.

06 A Comunicação das Boas Novas 1 08 Por favor, voltem ao Evangelho! 09 Por uma família segundo o coração de Deus

10 É tempo de reconstruir 12 Na torcida por um casamento feliz 14 O nascimento de nossa Região Eclesiástica

15 A graça consumatória

Capa

O título da capa reflete a preocupação na seleção de textos que resgatam o valor do Evangelho pleno, muitas vezes deixado de lado em função das tendências e modismos que vêm influenciando o “Ide e Pregai” ordenado por Jesus. Os artigos revelam a essência do Evangelho verdadeiro, passando passando por temas como Pentecostes, comunicação ou meio ambiente. Alertam também para os riscos de descaracterização da mensagem cristã.

Calendário litúrgico

Rua Marquês de Abrantes, 55, Flamengo, Rio de Janeiro – RJ – CEP 22230-061 Tel: (21) 2557-7999 / 3509-1074 / 2556-9441 Site: www.metodista-rio.org.br Twitter: @metodista1re Facebook: www.facebook.com/metodista1re

Tempo Comum (2ª Parte): Vivência do Reino (Após Pentecostes) A segunda parte do Tempo Comum, que também é o período mais longo, começa na segunda-feira após Pentecostes e dura até a véspera do Primeiro Domingo do Advento, quando tem início o Ciclo do Natal. Sua espiritualidade comemora o próprio ministério de Cristo em sua plenitude, principalmente aos domingos, e enfatiza a vivência do Reino de Deus e a compreensão de que os cristãos são o sinal desse Reino. Se na primeira parte do Tempo Comum a ênfase é o anúncio, na segunda é a concretização do Reino de Deus. Símbolos para o Segundo Tempo Comum: Flores (sinalizando a Criação e a Nova Criação – consciência ecológica); feixe de trigo (sinalizando a colheita e os frutos da terra); a pesca / rede com peixes (sinalizando a missão do Reino); a mesa (representando a fartura e a comunhão); o triângulo (representando o equilíbrio e a constância necessários ao cotidiano cristão); a coroa (sinalizando a consumação plena do Reino de Deus. Cor: verde Em ambos os períodos do Tempo Comum, usa-se o verde como cor litúrgica – sinalizando a Criação, a perseverança e a constância —, que pode ser combinado com o dourado (cor da realeza), indicando a combinação da Nova Criação com o Senhorio de Cristo (principalmente na celebração do último Domingo do Tempo Comum, chamado de Domingo de Cristo, Senhor do Universo).


Por uma Igreja

Missionária e Apostólica (Atos 1 e 2)

Para não dizer que A história literária não falei de Apóstolos de Atos dos Apóstolos Virou moda em nosso meio o surgimento do conceito Apóstolo. E num uso totalmente anti-bíblico e equivocado na premissa e no conteúdo. Por quê? Porque o ministério apostólico não se caracteriza notoriamente como exercício de poder ou mesmo como conceito hierárquico. Hoje, nenhum dos que se consideram Apóstolos correspondem ao que se exigia de um Apóstolo. Lembremos que eles não ficaram em Jerusalém governando a Igreja, mas foram espalhados pelo mundo para pregarem de cidade em cidade sem casa, sem ter onde reclinar a cabeça, constituídos como ministério missionário. Por favor, examine com cuidado Mateus 10, onde Jesus dá conteúdo ao que deveria ser a natureza do ministério dos “Apóstolos-Enviados”. Não é isto que vemos hoje Apóstolos são na maioria presidentes e donos de Igrejas e Ministérios, não correspondem o perfil estabelecido por Jesus em Mateus 10. Voltarei ao assunto mais adiante no estudo do texto.

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a. Do Evangelho a Atos Quem se depara com a obra de Lucas, o Evangelho e o livro de Atos dos Apóstolos, se dá conta de estar diante de um mestre que levava sua fé e ministério com seriedade. Ao começar a escrever, ele já nos aponta isso: “Visto que houve muitos que empreenderam uma narração coordenada dos fatos que entre nós se realizaram [...] igualmente a mim me pareceu bem, depois de acurada investigação de tudo desde sua origem, dar-te por escrito, excelentíssimo Teófilo, uma exposição em ordem, para que tenhas plena certeza das verdades em que foste instruído.” (Lc 1. 1-4). Na sua disposição de falar do Evangelho, ele respeita o trabalho dos que o antecederam, e enfatiza que a revelação é para ser pesquisada, refletida e ordenada, para que os cristãos cheguem à certeza das verdades. Na continuação em Atos, ele reforça isso, dizendo o porquê de estar escrevendo de novo, pois escrevera o primeiro livro acerca do que Jesus

fizera e ensinara, “até ao dia em que, depois de haver dado mandamentos por intermédio do Espírito Santo aos apóstolos que escolhera, foi elevado às alturas” (At 1. 2). Na verdade, Lucas descreve o período que vai da revelação do nascimento de Jesus ao nascimento da Igreja, da missão de Jesus à missão da Igreja; ele mistura, em doses sábias, revelação e história, promessa e cumprimento.

b. Os Atos do Espírito Santo O nome Atos dos Apóstolos não foi posto neste livro bíblico por Lucas. Alguns autores afirmam que Atos foi visto perante a Igreja primitiva como continuação do evangelho, e lido em sequência, como aliás a introdução nos dá a entender. A verdade é que, mesmo sem ter recebido o nome do seu autor, praxeis apostolon = atos dos apóstolos foi o nome consagrado pela Igreja a partir do século II. Isso possivelmente por comparação com os grandes generais do mundo greco-romano, como Alexandre, o qual teve suas praxeis escritas por Colíste-


nes. Atos eram crônicas bibliográficas, o que não é bem o caso de Atos dos Apóstolos, pois não está preso a uma só pessoa, a não ser que esta seja o Espírito Santo. Hoje, há quem chame de Atos de Pedro e Atos de Paulo, ou ainda Atos do Espírito Santo, enfatizando que o sujeito histórico que move o livro é o próprio Espírito de Deus, e isso após o Pentecostes, pois é o Espírito, o poder dado à Igreja, para a missão, e anunciado por Jesus no início do livro. (cf. At 1. 8).

A Eclesiologia Missionária O primeiro capítulo do livro de Atos dos Apóstolos, na verdade, é uma introdução ao livro, que sublinha a relação promessa (a vinda do Espírito Santo) com cumprimento (o dia de Pentecostes). Isso pode ser comprovado pelas expressões: “... determinou-lhes que não se ausentassem de Jerusalém, mas esperassem a promessa do Pai, a qual, disse ele, de mim ouvistes” (At 1.4) e “Pois para vós outros é a promessa, para vossos filhos, e para todos os que ainda estão longe...” (At 2. 39). Neste capítulo, há uma clara estrutura eclesiológica, que podemos perceber nos seguintes detalhes:

a. A Igreja tem um único Senhor

(= Kirios), e isso em confronto com o outro Kirios, ou seja o imperador romano. Trata-se de um conceito base, o fundamental da religião e comunidade cristã nascente: “Senhor, será este o tempo em que restaures o reino a Israel?” (At 1. 6) Afirmar que a Igreja tem Jesus Cristo como único Senhor é dar à cristologia um lugar decisivo na forma de ser da Igreja e em sua missão.

Isso nos ajuda a equilibrar eclesiologia (doutrina da Igreja) e missiologia (doutrina da missão), garantindo que a base da Igreja e de sua missão está no Senhor Jesus Cristo, e anunciar a Ele e seu reino é o objetivo da missão e a razão de ser da unção do Espírito. (cf. At 1. 8).

b. A Igreja se apoia na autoridade

do Messias e Filho de Deus, Jesus, o qual constituiu um colégio de apóstolos. Isso está evidente quando no verso 1.13 se declara que o grupo ante o qual foi Jesus elevado aos céus e aos quais entregou a grande comissão e mandado missionário, eram exatamente os onze que restaram após a traição de Judas. Esse grupo escolhido por Jesus é recomposto em doze componentes, com a escolha de Matias. Desse modo, somos herdeiros do ministério dos Apóstolos; nosso ministério se apoia em Jesus, o Senhor, e na fé dos apóstolos. É bom sublinhar que não existe mais biblicamente apóstolo como função-colegiado, título, na Igreja; digo isso porque alguns andam se arvorando no direito de serem apóstolos. Lembram como Paulo reivindicou esse título? (1 Co 9 1-2; 1 Co 15.7-9; 2 Co 12.12). Título que era dado somente aos que haviam visto Jesus em carne, e recebido dele o mandado missionário: “... não sou apóstolo? Não vi a Jesus, nosso Senhor?...” (1 Co 9.1). Noutro sentido, mais geral, toda a Igreja é composta de apóstolos e apóstolas, pois apóstolo no sentido não organizacional, ou de princípio de autoridade, mas no sentido ministerial, significa “enviado”, A Igreja é apostólica, porque é herdeira da fé dos Apóstolos, mas também porque, como eles, fomos enviados ao mundo. Sendo assim, a Igreja só é Igreja se for missionária, estiver no envio ao

mundo, indo ao encontro do povo e de suas necessidades. Aqui pode-se afirmar também que toda a Igreja é discípula de Jesus. Somos enviados (apóstolos), para anunciar o que de Jesus aprendemos (discípulos). Assim, a Igreja é discípula e discipuladora. Por isso, como Igreja Metodista no Brasil, estamos enfatizando o discipulado, para, por meio de grupos familiares (grupos pequenos), refletirmos sobre a fé herdada dos Apóstolos, e sobre o compromisso missionário que daí nos vem. Esta eclesiologia missionária é inclusiva e comunitária, a Koinonia (= comunhão), que é a marca da vivência de Jesus com os apóstolos, como a marca da Igreja após a ressurreição e o Pentecostes; a fé é da comunidade, e o dom do Espírito e seus carismas, dons espirituais, são dados à Igreja. Assim, a missão também é de todos, pois ela acontece na vivência dos dons e ministérios de toda a Igreja. (cf. Atos 2. 42-47 e 4. 32-35).

Paulo Tarso de Oliveira Lockmann Bispo da Igreja Metodista na Primeira Região Eclesiástica

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A comunicação das

Boas Novas l

Jesus Cristo foi o nosso maior modelo de comunicação. Usava uma linguagem específica para cada um. Quando isso não acontecia, falava por parábolas, certamente a fim de alcançar individualmente as pessoas. Embora falasse para multidões, suas mensagens pretendiam tocar os corações de cada um. Hoje, muitas vezes, sonhamos com uma multiplicação de fiéis, com conversões maciças, mas esquecemos que o Evangelho precisa falar ao indivíduo, até que alcance o mundo. É de grão em grão mesmo, de um a um, até chegar a um milhão, dois milhões ou bilhões de pessoas. Para levarmos o Evangelho a toda criatura, precisamos usar a linguagem certa. Jesus era especialista em eliminar “ruídos” de comunicação para atingir o receptor de sua mensagem. Não tenho dúvidas de que o homem como ser único, individual, possuidor de características pessoais e personalidade própria era o alvo de Jesus, e não as multidões. Dentre os “ruídos” que Ele eliminava, estavam o preconceito, a falta de solidariedade e de caridade, de visão do outro, o egocentrismo. Portanto, se nossa intenção é uma comunicação plena do Evangelho às pessoas e à sociedade, com o propó6

sito de redimir e libertar, o caminho é um só: Jesus. E também o de seus seguidores, como o apóstolo Paulo. Lembro isso porque quando pensamos em alcance de novos cristãos em larga escala, sempre corremos o risco de nos perder do rumo que Cristo percorria e cujo alvo, a meu ver, era bem oposto ao dos grandes veículos de comunicação hoje. Além de passar a mensagem, levando as Boas Novas às pessoas, Cristo era também um formador de opinião, fazia com que as pessoas olhassem para dentro de si e modificasse o que estava ruim. A comunicação do Evangelho sempre foi uma oportunidade para mudança de vida. Diferentemente de processos que envolvem a mídia hoje, que informam alcançando massas e algumas vezes sem o menor compromisso com o ser humano, Jesus, em sua forma de comunicar, expressava o tempo todo a sua preocupação com o homem. Ele acreditava que a humanidade era boa e tinha jeito, e usava a sua Palavra para isso. Mas Cristo usaria hoje, assim como Paulo e seus discípulos, todos os recursos disponíveis para levar o Evangelho às pessoas? Defendo que sim. No entanto, com responsa-

bilidade, verdade e uma visão de excelência que certamente transcenderia qualquer tipo de interesse pessoal ou institucional. Aqueles que defendem ideias tão contrárias às convicções cristãs há muito já investem em estratégias de comunicação que visam ao retorno rápido do público que pretendem atingir. Há muitos que tamb´´m fazem isso utilizando o discurso da fé cristã, mas descaracterizando a mensagem do Evangelho. Nesse sentido, é claro que a Igreja, como corpo de Cristo, deve lançar mão de tudo que pode em matéria de comunicação para divulgar aquilo em que mais acredita, e que é a base da sua própria comunidade de fé: a mensagem salvífica de Jesus Cristo. É necessário buscar uma comunicação que acompanhe a visão de transformação dada à Igreja para o mundo; ter foco direcionado ao outro, em todos os veículos de que a Igreja dispõe. A comunicação precisa ser usada como ferramenta para missões, da mesma forma que a Ação Social, a Ação Docente para Administração e a Expansão Missionária. É preciso distanciar-se do centro, deixar de olhar para dentro e voltar-


-se para fora também na hora de comunicar. Só assim levaremos a todos o Evangelho transformador, que, mesmo por intermédio dos mecanismos de meios de massa, é capaz de tocar um por um, expandir-se e projetar-se.

Comunicação na Igreja

A Igreja, apesar de todos os esforços realizados até hoje, na prática, ainda não tem clara a forma de trabalhar suas diversas instâncias de comunicação. A comunicação interna facilmente confunde-se com a externa, para a sociedade. Recentemente estive numa reunião com comunicadores de diversas regiões com a área nacional e pude observar que há interesse em acertar, o que me deixou bastante feliz. Ouvir o outro é sempre uma forma de nos esvaziarmos de parte de nós mesmos, ganharmos em parte e avançarmos. Hoje a Igreja precisa, por intermédio de uma boa comunicação, promover uma informação de qualidade a leigos e clérigos, a capacitação de lideranças, a interação entre todas as suas áreas de ação, projetar-se na sociedade, responder a grandes preocupações do mundo em que vivemos e prosseguir levando a Palavra de Deus a toda criatura. Mas quais os mecanismos certos para obtermos eficácias em todas essas necessidades? É preciso que tenhamos bem claro o público que almejamos com nossa comunicação e o lugar/prioridade de cada um. A existência de públicos diferentes, com os quais a Igreja como um todo se relaciona, exige o uso de técnicas e recursos adequados ao receptor e à mensagem a ser veiculada. Isso seria assunto para um outro artigo.

O importante é desenvolver esforços para criar um sistema de comunicação interna compatível com as nossas necessidades, fortalecendo nossas ações e unidade. Mas é preciso também ter a visão de uma comunicação que garanta a nossa influência na sociedade. É fundamental que a nossa comunicação seja entendida como Missão e haja investimentos. Isso porque para que sejamos ouvidos na sociedade é necessário que a obra de Deus, por intermédio da Igreja, seja efetivamente conhecida, fazendo ecoar o

Evangelho num mundo dominado pela mídia. O nosso grande desafio é utilizar os meios de comunicação à luz do nosso comprometimento com Deus; com Jesus Cristo, que é o verbo encarnado e a boa nova da salvação; com o Espírito Santo, que convence o homem do pecado; e com a pessoa humana, com a qual Deus se comunica pela Palavra. Que o Senhor nos abençoe! Nádia Mello Assessora de Comunicação da Primeira Região Eclesiástica

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Por favor, voltem ao Evangelho!

Cansei de ser “evangélico”! Sei que está em moda dizer isso, mas não digo por causa da moda, como quem vai sendo usado como massa de manobra, mas, sim, por causa do nó na garganta mesmo, do aperto no peito e da triste constatação do imenso engano que cegou a igreja evangélica espalhada por todos os lados. Graças a Deus, nunca fui “gospel”, mas ser “evangélico” não diz mais o que deveria dizer nem representa tudo o que o Senhor me chamou para ser nEle em amor e graça. E isso está muito além das portas das igrejas (com “i” minúsculo). Meu lugar, e o convite que recebi, é para ser do Reino. E desse privilégio não abro mão. O que digo certamente será combatido pelos “santos”, pelos “homens de ‘deus’”, por “pastores” e “gente da visão”. Serei chamado de “perturbador da fé”, “insubordinado”, “sem-fé”, “sem-aliança”, “sem-cobertura”. Dirão que estou causando escândalo ou coisas semelhantes a essas. Contudo, assumo o que digo com a convicção de quem não vai pular do barco naufragando, mas que tem a vontade firme na rocha de ganhar quantos conseguir, dentro e fora do barco, com minha pregação simples, sem arranjos ou perversão, sendo o mais sincero e verdadeiro possível. 8

Estou enojado e farto de Atos (feiticeiramente) Proféticos, “Teoloteria” da Prosperidade, declarações esquizofrênicas de autoridade, coberturas espirituais e recados dados por um “deus” que nunca cumpre o que promete e muda de ideia e direção como quem troca de sapato. Apóstolos, pastores e bispos que subiram no pináculo do templo e se fazem mediadores entre “deus” e os homens tentando fazer-se iguais ao Criador, dizendo o que seu rebanho pode ou não fazer, julgando o servo alheio, sob a pena de não ordenar mais a bênção de “deus” aos seus discípulos por meio de sua autoridade. Campanhas de promoção baratas e tentativas algemadas de lotar templos com gente que vem enganada e enganando-se, tentando frustradamente, de todos os jeitos, alcançar a inalcançável oração para a qual Deus não disse “amém”, mas que o “profeta” declarou que aconteceria. É gente que lê e ouve o Evangelho, mas leva para a casa e para o coração o “envenenangelho”. Há lugar firme na rocha! Mas esses loucos teimam em construir suas casas/templos na areia. Negaram a cruz, afirmando não haver nela salvação suficiente, inventando quebras humanas de maldições hereditárias e uma santidade apenas moral/ sexual/farisaica, sem ética e sem cará-

ter, sem verdade de vida no Evangelho. Não creem que a armadura de Deus, o capacete da salvação, o escudo da fé, a couraça da justiça, o cinturão da verdade e o calçado do evangelho da paz são equipamentos dados gratuitamente a todos os que acreditam, até mesmo aos mais pequeninos na fé, e não somente a uma “elite sacerdotal” detentora de uma “revelação nova”. Denuncio esses lobos enganadores, raça de víboras, envenenadores do Evangelho que, não se contentando em mudar apenas uma vírgula ou til da revelação, perverteram todo o sentido da Palavra, ensinando doutrinas perversas que nada têm a ver com as Boas Novas anunciadas em Jesus, o Filho de Deus. Não creio, de modo algum, em um “deus” que só age ou me livra do mau/mal se eu orar/verbalizar/declarar/profetizar meu pedido. Eu creio num Deus que ouve minhas orações, sim! Todas elas. Muito antes de elas me virem aos lábios. Ele me livra de vales da sombra da morte que eu nem imagino que se levantaram contra mim e vou andando em fé. Meu Deus não se apresenta em “shows da fé”, não faz politicagem, não dá “jeitinho”, não me abençoa só porque sou fiel, mas em graça e amor me reconciliou com Ele, sem merecimento algum, sem justiça própria, mas justificado mediante


a fé naquele que por mim se entregou mesmo sendo eu um pecador. Os cantores de Deus não estão nos palcos das TVs, não lotam auditórios ou ginásios nem são performáticos, mas cantam e louvam a Deus dentro das prisões, no silêncio do seu quarto louvam somente a Deus. Não buscam seu próprio interesse de vender mais CDs, não são idólatras de sua própria imagem. É triste ver tantos amigos, colegas de ministério, gente querida e de Deus, mas que estão fascinados e tentados pela possibilidade de transformar as pedras em pães, de jogar-se do pináculo do templo e venderem suas almas ao principado deste século de sucesso, holofotes e aplausos. Minha oração é para que estes se arrependam e creiam no Evangelho. Abandonem o “envenenangelho” pregado por interesses pessoais, medidos em números e não na verdade de Deus produzida em amor. Por favor, voltem ao Evangelho! Há um lugar de liberdade e vida pacificada, plena e renovada todos os dias. Sem trocas, sem barganha, sem modificar ou acrescentar nada à Palavra revelada em Jesus, nem mesmo as novas interpretações e revelações exclusivíssimas que alguns falsos mestres e apóstolos dizem ter recebido. O caminho antigo ainda é o Novo e Vivo Caminho em Deus. O Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo é nossa garantia irrevogável de que (todas) as nossas maldições e dores foram levadas sobre Ele. Está dito! Está escrito! Quem ouvirá? Quem vai crer em nossa pregação? O Deus que disse “arrependam-se e creiam no Evangelho” abençoe rica, poderosa e sobrenaturalmente sua vida! Pablo Massolar Pastor e publicitário

Por uma família segundo o coração de Deus

Qualquer marido injusto, infiel, ímpio domina, oprime e manda na sua esposa. Mas só quem entregou sua vida a Jesus, recebeu um novo coração do Pai (Ez 36:26) e tem a unção do Espírito Santo pode superar a maldição de Gn 3: 16 e criar uma verdadeira relação de amor com a esposa, baseada no companheirismo de Gn 2:18. Qualquer um pode viver uma relação hierarquizada, sem generosidade e sem o companheirismo que gera cuidados e serviços mútuos. Mas só uma pessoa redimida (salva do poder daquele veio para matar, roubar e destruir) pode viver em novidade de vida e andar pelo caminho sobremodo excelente, o caminho do amor (1Co12:31). Se no contexto Gn 3:16 o pecado faz com que o desejo da mulher seja para o marido e ele a governará, Gl 313 nos diz que Cristo nos resgatou da maldição. Dt 11:26 e Dt 30:15, por exemplo, nos dizem que temos a opção (livre arbítrio) de viver debaixo da maldição ou debaixo da bênção. Ou como mais tarde diriam o apóstolo Paulo e o próprio Senhor Jesus, temos a escolha de viver debaixo da maldição ou viver debaixo da Graça e da vida abundante. Nossa cultura ocidental e brasileira, herdeira de muitos valores da cultura grega, precisa livrar-se da ideia dessa última onde “as mulheres eram

vistas como castigos impostos aos homens por deuses raivosos”(1). “A palavra grega para casamento significava empréstimo”(2): as mulheres eram um bem (uma propriedade, uma “moeda de troca” ou para alianças políticas) passado do pai para o marido. Mulheres eram, dessa forma, usadas e abusadas e muito pouco amadas e respeitadas. Eram alvo de violência e tratadas como traiçoeiras e incapazes. Peça fundamental na reprodução humana, a mulher nas classes pobres era “mão de obra barata” e nas classes ricas tinha um papel sobretudo ornamental; um troféu a ser exibido. Nós cristãos, portanto, não devemos viver como “todo mundo vive”. Devemos viver em amor, buscando a excelência do afeto, da lealdade, do companheirismo, do respeito, da bondade, da generosidade e da justiça em nossos relacionamentos inter-pessoais e papéis familiares. Devemos viver uns com os outros e criar nossos filhos e filhas em família que é altar de honra ao Senhor nosso Deus. Bem longe da maldição do pecado que destrói, oprime e mata. (1) STEARNS, Peter N. – História das Relações de Gênero – Editora Contexto – São Paulo – 2007 – página 49 (2) Ibdem – página 50.

Ronan Boechat de Amorim Coordenador editorial do Jornal Avante e pastor da Igreja Metodista de Vila Isabel

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É tempo de

reconstruir! Não há quem negue a realidade preocupante em que vivemos no que diz respeito ao meio ambiente. É lugar-comum a máxima de que habitamos um mundo que sofre cada dia mais para nos fornecer os recursos de que julgamos carecer. Tendo como modelo a forma de progresso e consumo do mundo dito desenvolvido, os recursos naturais que o planeta provê são insuficientes para manter a vida de boa parte dos habitantes da Terra. Em outras palavras, é fato que a forma de vida que queremos ter não é a que podemos ter. Diante disso, há duas situações preocupantes: uma tem a ver com o modo de vida que construímos e outro com o que podemos fazer para reverter o rumo das coisas. Não é razoável que mantenhamos o rumo desenvolvimentista que tomamos, tampouco é plausível que persigamos a todo custo o progresso e o crescimento econômico como alvos indispensáveis das civilizações contemporâneas. No entanto, há que se ponderar sobre a disposição de cada um de nós em abrir mão do conforto e do bem-estar que os avanços tecnológicos do mundo de hoje fornecem a cada indivíduo. Não há como fazer um discurso cínico e, simplesmente, culpar o progresso 10

civilizatório sem se levar em conta como éramos há cinco ou cinquenta séculos e como estamos hoje e como estaremos amanhã. Talvez o que esteja em jogo, então, seja algo mais profundo do que a sedução dos computadores. Talvez haja um sentido mais radical na vida que ainda não conseguimos verdadeiramente captar. Mas que sentido é esse? Onde encontrá-lo? Como alcançá-lo? De outro lado, estão as muitas iniciativas de reversão do quadro das coisas. De forma mais direta, as muitas campanhas de conscientização que invadiram os discursos sociais nas últimas décadas. Não faltam também ONGs e “filosofias” de proteção ao meio ambiente e de preservação dos recursos naturais. Entretanto, de modo geral (e correndo o risco de ser simplista), ou se peca pelo romantismo ingênuo ou pelo pragmatismo desencantado. Em alguns casos, chega a ser risível a postura de determinados grupos preocupados com a salvação dos ursos panda nas florestas da China! Não que os pobres animais não tenham que ser alvo da preocupação, mas o problema mora num discurso despolitizado e alheio às reais conexões que levaram a tal situação. Não basta levantar uma bandeira que ape-

le ao sentimentalismo emocionado de crianças e jovens. É preciso mais que isso: talvez seja o tempo de compreender os problemas por suas raízes e combater os males pelas suas essências, sem falsas e descomprometidas pretensões. Noutros casos, assusta o pragmatismo de setores que veem na natureza um arsenal de matéria-prima a serviço da civilização humana. Discursos escondidos sob a alegação de uma economia “sustentável” camuflam a ideia de que tudo deve seguir seu rumo como antes, mas com alguma preocupação ecológica de fundo (afinal os tempos pedem tal comportamento!). Por um lado, há um romantismo ingênuo que encanta a natureza tornando-a num ente sagrado a ser venerado. Por outro, há um pragmatismo demente que não enxerga a realidade finita e frágil do planeta que nos abriga. Há que se reconhecer que existe muita informação útil circulando sobre a questão. E, além disso, aplaudir os muitos pesquisadores sérios que fizeram dessa questão um mote de seu trabalho. Mas deve-se, também, pôr os pés no chão e olhar ao redor, a fim de reconhecer o quão pouco temos caminhado noutra direção, que não a do romantismo ou do pragmatismo.


Intuo que a saída possa estar numa refundação dos valores da civilização contemporânea, uma verdadeira quebra de paradigmas. Para isso, há dois caminhos que julgo imprescindíveis. De um turno, uma releitura filosófica da realidade. Uma redescoberta dos fundamentos de nossa sociedade. Uma reflexão séria que olhe por trás das coisas e julgue com isenção as colunas políticas, éticas, econômicas

qual há que pensar sobre a domesticação promovida pelas muitas instituições dessa força intrínseca. Vivemos um tempo em que uma nova Teologia é requerida. Uma reflexão sincera sobre a fé (e a partir dela), algo que permita ao indivíduo ser ele mesmo, sem os enquadramentos castradores das falsas instituições. Talvez esteja na hora de reconhecer que precisamos menos dos

Talvez seja o tempo de compreender os problemas por suas raízes e combater os males pelas suas essências, sem falsas e descomprometidas pretensões

e culturais de nossa forma de organização familiar, comunitária e social. Se a tarefa da Filosofia é compreender os fundamentos sobre os quais nos edificamos, talvez seja o tempo de abandonar o exercício de mera repetição das lições do passado e ousar refazê-las sob a ótica da transformação. Nada que se constrói se faz sobre o nada; sempre há alicerces. Urge que se refaçam as fundações de nossa civilização. As reformas já cumpriram seu papel: falharam! De outro turno, uma nova experiência existencial (por que não dizer religiosa?). Há em nós algo que nos transcende. Razão pela

velhos saberes de sempre e abrir as portas para novas formas de enxergar o mundo. Basta de ciência desprovida de coração e de política descomprometida com a ética. Basta de religião que não cultiva uma verdadeira espiritualidade e de filosofia que não pensa livremente sobre a vida. É tempo de reconstruir... Desde os fundamentos.

Ricardo Lengruber Lobosco Pastor e professor do Instituto Metodista Bennett

Ricardo Lengruber Lobosco ?????????????????????????

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Na torcida por um casamento

feliz

Na minha atividade pastoral, muitas vezes encontro casais assistindo a seu casamento como pessoas numa arquibancada do estádio. Já foi a um jogo de futebol? Pois vá ao Maracanã em dia de decisão. É uma senhora experiência de vida. Eu já fui. Com meu pai e minha esposa. Era Flamengo e Vasco. Ali, na arquibancada, eu reparava as pessoas torcendo, gritando e xingando. Diziam para o jogador como deveria jogar. Para o juiz, como deveria apitar. Para o técnico, quem deveria ser substituído. Falavam sem parar. Em tudo palpitavam. Mas, de fato, quase nenhuma diferença fazia individualmente. Tirando casos isolados, você acredita que o juiz muda de opinião, porque alguém, lá na geral,

xingou a mãe dele? Ou que o jogador espera uma sugestão sobre o lado do gol que deve chutar antes de bater o pênalti? Ou que o técnico ouve a torcida individualmente? De fato, é uma falar sem fim e quase sem implicação prática. Eles não são os atores da cena. Não estão no campo. São 22 jogando, 4 apitando e 2 dirigindo. E só. Como casais, muitas vezes, colocamo-nos assim. Ficamos na arquibancada olhando o desenrolar das coisas. Gritamos. Xingamos. Comemoramos o gol. Reclamamos da injustiça. Palpitamos sobre o que deveria acontecer. E vamos acompanhando o placar. Porém, lembremo-nos de que, neste jogo, somos jogadores, juiz e técnicos. Ainda que muitas vezes tomemos atitudes típicas de quem está de fora

do jogo, de fato e de verdade, estamos no meio de campo com a bola no pé. Está sempre na nossa escolha para que lado o casamento vai e como vai. Posso deixar que meu casamento seja levado por diversas coisas. Pelo trabalho estafante, que não me permite ter tempo para conversar com o outro; pelos deveres como pai/mãe, que não me deixam ser marido/esposa; pelo aperto financeiro, que me deixa sempre muito tenso. Posso ficar na arquibancada ou estar em campo. Posso ver um gol contra ser marcado e o placar ficar desfavorável, ou posso driblar os problemas, correr em direção ao gol, passar a bola para meu cônjuge e comemorar com ele mais um ponto rumo ao campeonato do casamento feliz.

Podemos ser os influenciadores do nosso sucesso no casamento. Ou ser a torcida que vê o time perder o jogo, gritando e xingando, mas nada obtendo com essa atitude de forma prática e efetiva


Precisamos, sempre, ter a bola sob nosso domínio. Aumentar nossas probabilidades. Tomar atitudes para que nosso casamento chegue à ultima milha. Podemos ser os influenciadores do nosso sucesso no casamento. Ou ser a torcida que vê o time perder o jogo, gritando e xingando, mas nada obtendo com essa atitude de forma prática e efetiva. Posso, por exemplo, ignorar meu estado de saúde. Posso nem ligar para minha condição médica. Posso sequer me pesar para ver se estou dentro do peso considerado adequado. Mesmo assim, apesar de toda ignorância proposital, posso ter problemas de saúde. Ignorar não resolve nem evita. “Se você conhece o inimigo e conhece a si mesmo, não precisa temer o resultado de cem batalhas” (Sun Tzu, em A arte da guerra). Num dos últimos casamentos que vi terminar em separação, a declaração da agora ex-esposa foi enfática: “Nosso casamento acabou, e nós nunca tivemos, em anos, uma única briga. E foi exatamente por isso que acabou.” Tivessem eles brigado – no sentido de discutir as questões, tomar decisões, marcar os gols certos – estariam juntos agora. Hoje vivem cada um para um lado com suas tristezas e solidões. A família separada, os filhos naquele vai e vem chato de fim de semana com um e outro.

Aumentando as possibilidades de êxito

Conheço alguns amigos que se tornaram médicos. Pessoas que têm o dom de curar os outros. Pessoas que querem ajudar os outros a viver com mais qualidade. Pessoas que demonstram interesse em fazer o bem ao próximo. Com tudo isso sobre seus ombros desde o início do curso, somente agora podem real-

O casamento é um campo de futebol onde não devemos jogar como numa pelada de beira de estrada. Precisa-se de técnica, conhecimento, habilidades desenvolvidas

Mas para ser marido ou esposa quase não se exige nada. Parece que se acredita ser uma arte inata, um conhecimento adquirido, vem pelo DNA. Você quer se casar? Ama seu futuro marido? Então tá! Estão casados, diz o pastor, padre ou escrivão. Quase nada se exige. Acredita-se – os de fora e os noivos – que a capacidade para gerir um casamento está lá, em algum lugar dentro deles. Não precisa procurar um botão escrito “aperte aqui se quiser casar”. Como num conto de fadas, o sonho se realizará por completo, e o príncipe e a princesa serão felizes para sempre, pois este é o destino deles. Não deixe seu casamento na direção de duas pessoas sem formação – você e ele (a). Pode ser até que dê certo (muitos casamentos dão). Mas aumente suas probabilidades. Leia, estude e vá assistir àquela palestra que vai acontecer, justamente, num sábado à noite. Tempo investido que dá retorno. Não caia na mesmice dos outros que apenas têm esperança de que vai dar certo. Seja um jogador que atua e faz, conhecendo técnicas e jogadas. O casamento é um campo de futebol onde não devemos jogar como numa pelada de beira de estrada. Precisa-se de técnica, conhecimento, habilidades desenvolvidas. Não fique na arquibancada vendo passar. Compre um livro. Estude. Pergunte a outros. Fale de seus problemas. Ouça os dos outros. Tempo investido que dá retorno. Espero ter levado você a refletir. Torço pelos nossos casamentos. Que tudo dê certo. Mas que, além de esperanças, vivamos direcionamentos calculados.

mente clinicar. A sociedade entendeu que é preciso mais do que vontade. É preciso conhecimento de fato. Um médico para ser médico passa por mais de seis anos de estudo e prática. Não podem, por mais bem-intencionados que sejam, clinicar sem que alguma faculdade lhes dê o diploma, um documento que diz que estão aptos. Para essas e outras profissões, não há caminho fácil. Exige-se Pr. Roberto Rocha conhecimento. Boa vontade, desejo Pastor da Igreja Metodista da Tijuca e uma corrida de olhos num manual (Artigo adaptado para a Revista Fé e Nexo. qualquer não funcionam. Precisa ler e O texto na sua íntegra pode ser lido em estudar muito. http://prrobertorocha.blogspotcom) 13


O nascimento de nossa Região

Eclesiástica

A Igreja Metodista no Brasil teve sua organização territorial denominada Conferência Anual Brasileira, abrangendo todo território nacional ocupado pela Igreja Metodista da época. Mais tarde, ainda antes de sua autonomia, em 2 de setembro de 1930, surgiram duas outras Conferências: a Sul Brasileira e a Central Brasileira. A Conferência Brasileira deu origem à Região Eclesiástica do Norte, abrangendo a cidade do Rio de Janeiro, então Distrito Federal, até abril de 1960 e, posteriormente, Estado da Guanabara, que, mais tarde, após um plebiscito, ligou-se ao território do Estado do Rio de Janeiro, cuja capital era Niterói, tornando-se a capital do Estado. Com Rio de Janeiro acrescido do Estado e mais os Estados de Minas Gerais, Espírito Santo e Bahia, ficou consolidada a área geográfica da região Eclesiástica do Norte, coexistindo com outras duas regiões, a Região Eclesiástica do Centro e a Região Eclesiástica do Sul. A Conferência Anual Brasileira realizou 45 reuniões, encerrando suas atividades com o evento da Autonomia da Igreja Metodista em 2 de setembro de 1930. No ano seguinte, iniciaram as atividades do Concílio Regional do Norte, que se reuniu por 14

26 vezes, sendo que a sua 26ª reunião se deu concomitantemente com a primeira reunião do Concílio Regional da Primeira Região Eclesiástica, que teve sua Sessão Constituinte realizada no dia 30 de janeiro de 1956. O 7º Concílio Geral da Igreja Metodista do Brasil, realizado no então Colégio Bennett, atual Instituto Metodista Bennett, em julho de 1955, aprovou essa nova divisão territorial da Igreja e a Região Eclesiástica do Norte foi subdividida em duas Regiões, recebendo agora, nomenclaturas numéricas, de 1ª e 4ª Regiões Eclesiásticas, respectivamente. À Primeira Região Eclesiástica coube a área geográfica de todo o estado do Rio de Janeiro, ficando o Estado de Minas Gerais, exceto a sua região sul e os estados do Espírito Santo e Bahia, como componentes da 4ª Região, com sede em Belo Horizonte (MG). Este ano, a Primeira Região Eclesiástica comemora 56 anos de organização. Naquele primeiro Concílio constituído de clérigos e leigos, num total de 47 legados, poucos ainda se encontram entre nós. Hoje, neste 39º Concílio Regional, somos aproximadamente 800 delegados e delegadas, clérigos e leigos, o que demonstra que o Senhor da igreja abençoou a obra

das nossas mãos, desde a Conferência Anual, passando pelos Concílios Regionais do Norte e chegando, hoje, à Primeira Região Eclesiástica. Hoje vivemos o euforismo do crescimento da igreja, fruto de suas melhores instalações, do melhor preparo teológico da maioria de seus pastores e pastoras, leigos e leigas; dos melhores subsídios e da parafernália tecnológica da comunicação. Contudo, não devemos permitir que tudo isso nos faça esquecer que, principalmente no Reino de Deus, aqui representado por nossa estimada Igreja Metodista, entre outras, há sempre um Paulo que plantou e um Apolo que regou. No entanto, a virtude maior está no Senhor, que dá crescimento, conforme a passagem bíblica em 1 Corintios 3.6, a despeito de nossas fraquezas.

Rev. Manoel Horácio da Silva Pastor aposentado


A Graça

Consumatória Parece estranho ler algo sobre a Graça Consumatória, pois estamos acostumados a ler e ouvir, segundo João Wesley, a respeito da Graça Preveniente, Graça Justificadora e Graça Santificadora. Geralmente ao falar-se em Graça Preveniente, a ligamos ao Pai. Quando nos referimos à Graça Justificadora nos centramos na pessoa de Jesus Cristo. Ao pensamos na Perfeição Cristã ou Santificação, logo vem à nossa mente a pessoa do Espírito Santo.

O que seria Graça Consumatória?

É a Graça, através da Trindade, que faz possível à pessoa, à família e à Igreja levar avante a fé, a vida cristã, consumando-a na vida. É Graça que leva-nos avante à Consumação Final de todas as coisas em Deus. Dependemos totalmente da Graça. Essa é uma mensagem bíblica e um fundamento do movimento Wesleyano. A vida cristã somente é possível pela graça. Não são as leis, a ética e a moral, as doutrinas ou a liturgia, nem mesmo a Igreja, como uma instituição, que faz possível vivenciar-se a fé cristã e sua conseqüente vida plena. Temos tido muitas frustrações em nossa vivência cristã ao confiarmos em nosso ativismo, nos planejamentos e programas das igrejas, em nossas formas litúrgicas ou na ausência delas; em nosso esforço pessoal, familiar e social buscando vivenciar os princípios básicos de nossa fé e esperança. Muitos, hoje, estão buscando uma “nova unção”, nova forma de reve-

lação ou profecia, nova estruturação dinâmica da Igreja visando um crescimento acelerado. Muitas dessas coisas têm o seu lugar na vida cristã; outras são invenções de nossos tempos. Nada disso nos leva a uma vida plena centrada em Cristo. Quem leva à consumação da vida cristã, à missão da Igreja, ao propósito divino na vida da família, aos relacionamentos humanos em todas as suas áreas e níveis é a Graça Divina, que aqui a chamamos de “Consumatória”. Não adianta inventarmos ou reinventarmos a “roda”, “os modismos”, as “prosperidades”, as “dependências em líderes apostólicos modernos”. O centro básico de nossa Fé e Vida Cristã, pessoal e comunitária, é a Graça. Somente ela consuma em nós as “fiéis e verdadeiras promessas bíblicas e divinas”. Vivendo sem a Graça estamos “caindo na des-Graça”, vivendo “sem-Graça”, criando um estado de individualismo na fé, de personalismo na Igreja, de egocentrismo em nossos fundamentos de fé. Podemos usar a Bíblia à nossa maneira, citando-a fartamente, mas sem a Graça, ela se torna um “ídolo”, ”uma filosofia de vida”, “forma de pensar e viver”, um instrumento de apologia cristã sem contudo ser a VIDA PLENA que Deus em Cristo trouxe-nos ao se tornar ser humano, identificando-se conosco, vivendo a nossa fragilidade, tornando-se Servo Sofredor, assumindo a Cruz e a Morte. Contudo, a Graça divina tornou a trazê-Lo à vida, colocando-o acima de todo o nome,

autoridade, poderes, potestades, enfermidade, dor, morte e mal. Não há outro caminho – só há o caminho da Graça, onde Ele, Cristo, nos leva a Deus, o Caminho que traz Deus a nós, vive Deus em nós, entre nós e conosco e, através de nós. O Deus da Graça anseia agir em nosso tempo “consumando em nossa História” a Sua presença Salvadora e Redentora. A Graça Consumatória está ativa através da ação da Trindade visando amar ao ser humano, a sociedade e a natureza, redimindo-os para Si. É claro que a Graça é Graça, cuja natureza e fonte é divina e nós, para entendê-la, a dividimos em fases, ou etapas, como Wesley fez. Na verdade, somos chamados a “pela graça sermos salvos”, através da fé (nossa confiança, acolhimento, entrega a Cristo), santificados, vivendo no presente século de forma justa, sensata e piedosamente e a esperarmos a plenitude da concretização do Reino através da vinda do Senhor Jesus. Tudo o mais... é tentativa humana... é resto...e não provém de Deus, mas de “obras humanas”; não é fruto da fé, pois nos gloriamos naquilo que somos e fazemos. Ainda bem que Deus é tudo em tudo e que dependemos da Graça para que a nossa glória esteja nEle e não em nos mesmos, nem em nenhuma instituição, revelação, profecia, sonho ou estruturação eclesial. É na cruz e ressurreição que eu me glorio. Isso é Graça! Aleluia! Bispo Nelson Luiz Campos Leite

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